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A  CULTURA  MEDIEVAL Trabalho realizado por: Beatriz Dias Nr. 2, Agrupamento 4 10º ano
Apresentação A expansão do ensino elementar A fundação das universidades A cultura leiga e profana nas cortes régias e senhoriais: O ideal de cavalaria A educação cavaleiresca O amor cortês A influência da literatura Culto da memória dos antepassados
A Expansão do Ensino Elementar
Os Factores Que Levaram à sua Expansão Nos séculos XII e XIII verifica-se na Europa um grande aumento das instituições de ensino e cultura. Porquê? De modo a corresponder às novas necessidades da  administração e da economia  – as cidades precisavam de juristas, notários, escrivães...devidamente formados. Para corresponder ao  aumento do volume das trocas e à formação  de  grandes companhias comerciais , que obrigam a registos minuciosos.
As Escolas Até ao século XI, a  leitura  e a  escrita  estavam a cargo dos  eclesiásticos . As escolas destinavam-se à formação dos  futuros clérigos , embora aceitassem também outros alunos –  aulas públicas . Existiam  quatro  tipos de escola: Catedrais ou episcopais  – funcionavam junto das sés, sob a tutela dos bispos e dirigidas por um mestre-escola. Monacais ou conventuais  – funcionavam nos mosteiros. De colegiada  – destinadas a alunos pobres. Paroquiais  – sob a direcção dos párocos locais.
As Escolas Urbanas No século  XI  organizam-se as primeiras  escolas urbanas . A  tutela  da Igreja mantém-se, mas o local e os destinatários destas novas escolas –  escolas catedrais   –  são outros: Localizam-se junto das  sés . Estão no  centro da cidade , participando do seu dinamismo e espírito. Dirigem-se a um público  mais vasto , admitindo, além de clérigos, numerosos  leigos .    A  revitalização das cidades  fez decair as escolas monacais, que se inseriam em  áreas rurais .
A Fundação das Universidades
A SUA FUNDAÇÃO EXPLICA-SE DEVIDO A UM CONJUNTO DE FACTORES: Crescimento  demográfico  e maior afluxo de  alunos  às escolas tradicionais O aumento das  heresias  e a necessidade que a Igreja sentiu de aumentar a  formação   intelectual  dos seus clérigos, de modo a estarem preparados para as  combaterem . Os progressos  técnicos  e  culturais  da época, que tornaram necessário  diversificar  e  aprofundar  as matérias de ensino.
A Fundação das Universidades Ao longo do século  XII , algumas escolas catedralícias obtiveram fama internacional, pela qualidade dos seus mestres. Atraíam numerosos estudantes estrangeiros e especializaram-se em áreas como o  Direito , a  Teologia  ou a  Medicina . À medida que a estrutura da escola se foi complicando, mestres e alunos sentiam necessidade de:
Novas Características Uma organização  mais rígida De tipo  corporativo Que definisse claramente as  matérias  a estudar e a forma de obtenção dos  graus académicos Que  defendesse  os seus membros de pressões externas A esta organização se chamou  universidade ( universitas ). Duas das escolas catedrais que primeiro se organizaram nestes moldes foram a de  Notre-Dame  e a de  Bolonha .
Uma Maneira de Reforçar a Fé Também chamadas de  Estudos Gerais , estavam destinadas a quem desejasse uma formação mais  completa  e  aprofundada . Os  papas  viam nelas um excelente meio de fortalecer a sua  autoridade  e de difundir o ensino de acordo com as  doutrinas da Igreja , apoiando a sua  formação  e reservando para si a autorização da sua  criação . Em algumas universidades, o desejo de  autonomia  lançou professores e estudantes em acesas lutas contra as  autoridades laicas  e  eclesiásticas . Tinham uma língua comum, o  latim . Mestres e alunos agrupavam-se em  nações , consoante o seu local de origem.
O Curso das Artes  Os estudos universitários dividiam-se em  faculdades , termo que designa o grupo de professores e alunos de um  mesmo ramo do saber. Todas as faculdades tinham, no entanto, o curso de  Artes , considerado a  base  dos estudos universitários. Durava  6  anos, iniciava-se entre os  14  e os  16  anos e conferia o grau de  licenciado . Era composto por  7  disciplinas, agrupadas no: Trivium  – Gramática, Retórica e Lógica. Quadrivium  – Aritmética, Geometria, Astronomia e Música.
As Especializações Uma vez licenciado em Artes, o estudante podia especializar-se em  Medicina ,  Direito  ou  Teologia . Enquanto os cursos de Direito e Medicina obrigavam a  mais 6 anos  de estudo, o de Teologia chegava a exigir  15 .  O ensino baseava-se sobretudo na  leitura  e  comentário , pelo  mestre , dos escritos das autoridades no assunto versado. As universidades conferiam os graus de  bacharel ,  licenciado  e  doutor .
Os Burgueses  Os  burgueses  candidatavam-se muito às universidades, pois era uma forma de conseguirem  ascender socialmente . Alguns também pretendiam ser  legistas  (licenciados em leis), o que faria com que desempenhassem um  importante papel  na sociedade: Como  conselheiros  e  embaixadores reais . Como  legisladores  de  negócios .
A Primeira Universidade Portuguesa O rei D. Dinis fundou o  Estudo Geral de Lisboa  em  Março de 1290 , sendo a primeira universidade portuguesa. Esta foi confirmada pela bula do papa  Nicolau IV , em  Agosto  do mesmo ano. O Estudo Geral de Lisboa funcionou com as faculdades de  Artes ,  Direito Canónico ,  Leis  e  Medicina. Em  1308 , foi transferida para  Coimbra , devido aos protestos da população lisboeta contra os  privilégios  dos estudantes. A Universidade de Coimbra era do tipo  bolonhês  –  corporação  de  estudantes  – pois eram os alunos que elegiam as  autoridades escolares . 1348 Lisboa 1354 Coimbra 1377 Lisboa 1537 Coimbra Entre as primeiras universidades figuram as de Paris, Bolonha na Itália, e Oxford na Inglaterra.
Cultura Erudita   Conhecimento  letrado  adquirido por  estudo  e  reflexão  dos  textos , sobretudo dos  autores clássicos  (Platão, Aristóteles...), mas também dos  Árabes  e da  Igreja Cristã . Nas  cortes  do rei e dos grandes senhores desenvolveu-se sob o  espírito cavalheiresco.
Cultura Cortesã Conjunto de  manifestações culturais  que se desenvolviam nas  cortes senhoriais ou régias . Em Portugal, a cultura  laica e profana  começou por se afirmar nas cortes senhoriais, onde circulava a  poesia trovadoresca . Nos reinados de D.  Afonso III  e D.  Dinis , a corte régia era o  principal centro  desta cultura, que atingiu um grande  desenvolvimento .
Cultura Popular Conjunto de  manifestações culturais  desenvolvidas entre as  classes populares . Na época em estudo, os seus centros difusores foram as  festas  e  romarias  e os seus principais  agentes  os  jograis .
A Cultura Leiga e Profana nas Cortes Régias e Senhoriais
Reflectem-se no  domínio cultural , originando: Gosto pela  erudição Uma vida  mais requintada , tanto nos  recintos   urbanos  como nas  cortes   Clima de Paz Prosperidade Económica +
Violência dos sentimentos Rudeza das maneiras Dão lugar à contenção e à delicadeza. O nobre passa a identificar-se com o  cavaleiro ideal :  Bom, corajoso, desinteressado Capaz de defender os  fracos  e a  justiça   Capaz de cortejar a sua dama segundo as regras do “ amor perfeito .”
O Ideal de Cavalaria  Difundiu-se nas cortes da  Europa  por volta de  1300 . Apesar dos tempos continuarem a ser  violentos , o que mudava era o  ideal  com que a  nobreza  se identificava: o do  perfeito cavaleiro. O arcanjo  São Miguel  é considerado o  fundador da cavalaria. A cavalaria   é simultaneamente  um ideal profano e religioso.
Condições Exigidas  O Bom Nascimento –  para aspirar à cavalaria é necessário ser nobre. Virtudes Militares –  herdadas dos séculos anteriores: honra;  coragem;  lealdade;  virtude;  piedade;  o ideal de cruzada.  Seguir os Grandes Exemplos –  os cavaleiros devem seguir S. Miguel e outros modelos, como os grandes vultos da Antiguidade (César, Aníbal, Alexandre) ou o lendário rei da Bretanha, Artur, e os seus cavaleiros da Távola Redonda.
Os Romances de Cavalaria  César Aníbal  Alexandre  Rei Artur Estas e outras figuras foram objecto de  narrativas romanceadas  que os reis e os grandes senhores faziam ler ao  serão , na presença de toda a sua corte. Costumam agrupar-se em  ciclos , isto é,  conjuntos de novelas  que giram à volta do mesmo  assunto  e movimentam as  mesmas personagens.  De carácter  místico  e  simbólico , relatam aventuras penetradas de  espiritualidade cristã  e subordinam-se a um ideal  místico , que diviniza o  amor profano.
As Novelas Arturianas  Foram as mais  difundidas  de todas as sagas cavaleirescas, tendo inspirado muitos outros relatos. A sua acção desenrola-se a partir da corte de  Bretanha , onde  Artur  reúne os seus cavaleiros numa  távola redonda . Estes tomam sobre os seus ombros a mais nobre das tarefas: a procura do  Santo Graal. Os seus  temas , as aventuras  amorosas  e galantes, os feitos  militares , a que acrescia um fundo  místico , eram fortemente apreciados pela  nobreza cortesã .  A Demanda do Santo Graal,  traduzida  para português, é o  mais antigo texto  português em prosa.
Amadis de Gaula Na Península, o interesse por estas narrativas desembocou, no século  XIV , no romance  Amadis de Gaula , que obteve extraordinário sucesso. A sua autoria é incerta, sendo tanto atribuída a  Vasco de Lobeira  quanto ao espanhol  Montalvo . Amadis é o paradigma do  cavaleiro andante , sendo  virtuoso , destemido, profundamente  apaixonado , que percorre o mundo em defesa das  causas nobres. No fim, é recompensado com o  amor  de  Oriana , a  Sem Par . Está na origem do chamado  ciclo dos   Amadises , um dos de  maior sucesso  na literatura peninsular.
A concretização dos ideais cavaleirescos fazia-se, em primeiro lugar, através de uma  educação rigorosa . Só depois de ter transposto todas as  etapas  e de ter dado  provas  da sua  destreza  e  valentia , o jovem tinha a suprema honra de ser “ armado cavaleiro ”. Passava depois a integrar uma das  muitas ordens de cavalaria  que, nesta época, proliferavam pela  Europa . A sua educação estava organizada da seguinte maneira:
Os Primeiros Anos Aos  7  anos, o rapaz deixava os cuidados da  mãe  e era enviado para o  paço  de um senhor de  maior estatuto , onde permanecia até à  idade adulta . Servia primeiro como  pajem , iniciando-se: - Na equitação - No manejo de armas Na adolescência era promovido a  escudeiro . Servia nesta qualidade durante outros  7  anos, um  cavaleiro : - Tratava do seu  cavalo  e  armas - Acompanhava-o nas suas  expedições - Assistia-o em tudo o que respeitasse às  lides da cavalaria
Os Desportos A  destreza  dos cavaleiros e dos escudeiros estava constantemente à  prova , pois boa parte do tempo de que dispunham era ocupado em  desportos  mais ou menos  violentos  que contribuíam para manter o  vigor físico .  Entre estes desportos, cuja prática se considerava  essencial , destacam-se a  caça , os  torneios  e as  justas .
A Caça A caça obrigava a grandes  cavalgadas  pelos bosques. Existiam vários  géneros , por exemplo: Montaria  – perseguição violenta a grandes animais. No nosso país perseguia-se sobretudo o javali. Cetraria  – utilizavam-se aves de rapina domesticadas para a captura de outras aves ou pequenos animais.
Torneios Justa  - realizava-se apenas entre dois cavaleiros. Geralmente, os torneios eram  amigáveis  combates  simulados . Realizavam-se num espaço  vedado , junto do qual se montavam  bancadas . Eram incluídos em todas as  festividades . Nos séculos  XIV  e  XV , transformaram-se em autênticos desfiles  teatralizados , com os participantes vestidos de forma  extravagante  e disputando um  prémio preestabelecido .
Os Manuais “ Livro da Ensinança da Arte de Bem Cavalgar em Toda a Sela” Foi o primeiro tratado de equitação da Europa 1391-1438 Regulava as  normas  a seguir nestas  actividades  e tudo o que dissesse respeito aos  conhecimentos da cavalaria .
Armar o Cavaleiro Depois de  catorze anos  de dura aprendizagem, o jovem  escudeiro  proferia os votos da  cavalaria . Eram voto  sagrados , de significado  espiritual , sendo enquadrados num  ritual solene , que incluía: Uma noite de  vigília  na  Igreja ; A  assistência  à  missa ;  Comunhão Muitas vezes, para além de  purificar  a alma, o cavaleiro purificava também o  corpo  através de um  banho simbólico . Por fim, era investido numa  ordem de cavalaria , recebendo as  esporas  de cavaleiro e a tão desejada  espada .
O Amor Cortês Surgiu nas cortes ducais e principescas das regiões onde hoje se situa a  França meridional , no século  XII .  “ Um amor ao mesmo tempo  ilícito  e moralmente  elevado ,  passional  e  auto-disciplinado ,  humilhante  e  exaltante ,  humano  e  transcendente ”   Conceito  europeu  medieval de  atitudes ,  mitos  e  etiqueta  para enaltecer o  amor , e que gerou vários géneros de  literatura medieval , incluindo o  romance .  O florescimento das  cortes  régias e senhoriais proporcionou um  convívio mais mundano  entre os dois sexos.
A Cavalaria e o Amor Cortês Capaz das maiores proezas guerreiras, o cavaleiro deve mostrar-se  delicado  e  tímido  em frente da sua amada. O código de cavalaria integra, também, um  código de amor , um conjunto de regras que dizem  quem  e  como  se deve amar. Definem o  lugar  que o  amor  ocupa na vida do cavaleiro ideal: o cavaleiro é o  herói que combate por amor . Sem quebrar os laços com a  sensualidade  e o  amor físico , o amor cortês era essencialmente  espiritual , um campo  aberto  a todas as  perfeições   morais .
O Amante Cortês O amante cortês é  altruísta  e  virtuoso . É contido nos gestos e palavras; Paciente; Respeita as mulheres; Tem bom humor; É elegante no vestir; É bravo. Tudo isto o eleva perante  Deus  e perante os  homens .   Torna-se, em suma, exemplo de educação e refinamento.
A Dama A dama deve corresponder ao tipo  idealizado de mulher : -  Bela; -  Serena; -  Bem-falante; -  Pudica; -  Deveria alimentar o amor com gestos comedidos (um sorriso, a dádiva de um lenço, de um anel, mais tarde de um beijo).
O Romance da Rosa Foi iniciado antes de  1240  por Guillaume de Lorris e completado em  1280  por Jean de Meung. A sua popularidade perdurou por  dois séculos . É uma alegoria ao  Amor , em que a  rosa  simboliza a  amada . Só após  duras provas  pode ser “ colhida ” pelo seu  cavaleiro .
Poesia Trovadoresca Na propagação do  ideal de amor   cortês  tiveram importância decisiva os  poetas , que fizeram dele o  tema central  das suas  composições . A poesia trovadoresca nasceu no  Sul de França , nas regiões da  Provença . É escrita, na sua maioria, pelos  trovadores , e divulgada pelos  jograis . Espalhou-se pelas cortes da  Europa , animando os  serões  com os seus  versos . Eram cantados com  acompanhamento musical  (por exemplo, com alaúdes, harpas, saltérios...) É constituída por: Poemas  líricos  Poemas  satíricos
Poemas Líricos Cantigas de Amor O sujeito poético é o  homem  que exprime o seu amor pela  amada , que designa por “ dona ” ou “ senhor ” –  vassalagem amorosa . A mulher amada é  perfeita  e  inacessível  como uma deusa e por isso ele deverá cultivar e desenvolver as suas  próprias virtudes , purificando-se de todo o mal, para  ser digno de a “servir ” sem esperar qualquer  recompensa .  Tiveram a sua origem na Provença.
Poemas Líricos Cantigas de Amigo O sujeito poético é uma  jovem  que exprime o seu amor pelo  amado , que designa por “ amigo ”. É uma rapariga do  meio rural , cheia de juventude e alegria, que confidencia às  amigas , à  mãe  ou à  natureza  as suas mágoas, preocupações, saudades do namorado. As cantigas de amor dão-nos uma imagem da  vida sentimental  da rapariga do  povo  que chora ou celebra os  amores . Este género teve origem na  Península Ibérica .
Poemas Satíricos Cantigas de Escárnio Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma  sátira  a uma pessoa.  Essa sátira era  indirecta , cheia de  duplos sentidos .  As cantigas de escárnio definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer  mal de alguém , por meio de  ambiguidades ,  trocadilhos  e jogos  semânticos , num processo que os trovadores chamavam " equívoco ".
Poemas Satíricos Cantigas de Maldizer Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma  sátira directa  e sem duplos sentidos. É comum a  agressão verbal  à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até  palavrões .  O  nome  da pessoa satirizada  pode  ou  não  ser  revelado .
As cantigas foram depois  manuscritas  em cadernos de apontamentos, que mais tarde foram postos em  colectâneas  de  canções,  chamadas  Cancioneiros  . São conhecidos três Cancioneiros  galaico-portugueses : o " Cancioneiro da Ajuda ", o " Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa " e o " Cancioneiro da Vaticana ".  Além disso, há um  quarto  livro de cantigas dedicadas à  Virgem   Maria  pelo rei  Afonso   X .
Constituía uma  compensação  do que cada um dos seus descendentes tinha  recebido  (vida, património, virtude, glória). Esta memória dos antepassados é característica das  famílias nobres  que assim trazem ao presente os  feitos valorosos  da sua  ascendência . Porque é que se Prestava Culto aos Antepassados?
Como? Um dos filhos da família era o  substituto , que tinha o  mesmo nome  e que deveria possuir as  virtudes  e realizar o  mesmo ofício  que o seu avô, bisavô, trisavô... Aos  serões , quando as famílias se reúnem no  salão , são recitadas as  genealogias  e relembradas as  bravuras  e as  honras  das  linhagens . Estas lembranças eram passadas de  boca  em  boca , de  geração  em  geração . Mas corriam o risco de se  perder , tornando-se necessário registá-las para a  posterioridade . Os  túmulos  e os  epitáfios  cumpriam essa função, mas não bastava...
No século  XII  os senhores fizeram escrever estas  memórias ancestrais  por gente  letrada . Nasce assim uma  literatura genealógica  que se difundiu largamente entre a nobreza europeia dos séculos  XIII  e  XIV . Este tipo de livros não esquecia as  lendas arturianas , sendo também impregnado do  espírito da cavalaria .
Em Portugal este género foi muito cultivado, dando origem aos livros de linhagem (nobiliários). Punham-se em evidência famílias que tivessem desempenhado um papel relevante na reconquista do país aos mouros. “ O Nobilário do Conde D. Pedro” é uma espécie de história universal escrita numa perspectiva genealógica. A mais interessante das obras do género é o “3º Livro de Linhagens”, da autoria de D. Pedro, conde de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis. Embora os primeiros textos datem do tempo de Afonso II, foi no reinado de D. Afonso III que esta cultura genealógica atingiu maior vigor, continuada no reinado de D. Dinis.
FIM
BIBLIOGRAFIA http://pwp.netcabo.pt/0511134301/trovador.htm http://www.filologia.org.br/pub_outras/sliit02/sliit02_93-98.html http://gloriadaidademedia.blogspot.com http://www.hottopos.com/notand7/raul.htm Pinto,  Elisa,  Plural ,   Lisboa   Editora   Carvalho ,  Manuela ,  Cadernos  de  História ,  Porto  Editora Couto , Célia Pinto,  O Tempo da História , Porto Editora

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A Cultura E O Saber Medievais

  • 1. A CULTURA MEDIEVAL Trabalho realizado por: Beatriz Dias Nr. 2, Agrupamento 4 10º ano
  • 2. Apresentação A expansão do ensino elementar A fundação das universidades A cultura leiga e profana nas cortes régias e senhoriais: O ideal de cavalaria A educação cavaleiresca O amor cortês A influência da literatura Culto da memória dos antepassados
  • 3. A Expansão do Ensino Elementar
  • 4. Os Factores Que Levaram à sua Expansão Nos séculos XII e XIII verifica-se na Europa um grande aumento das instituições de ensino e cultura. Porquê? De modo a corresponder às novas necessidades da administração e da economia – as cidades precisavam de juristas, notários, escrivães...devidamente formados. Para corresponder ao aumento do volume das trocas e à formação de grandes companhias comerciais , que obrigam a registos minuciosos.
  • 5. As Escolas Até ao século XI, a leitura e a escrita estavam a cargo dos eclesiásticos . As escolas destinavam-se à formação dos futuros clérigos , embora aceitassem também outros alunos – aulas públicas . Existiam quatro tipos de escola: Catedrais ou episcopais – funcionavam junto das sés, sob a tutela dos bispos e dirigidas por um mestre-escola. Monacais ou conventuais – funcionavam nos mosteiros. De colegiada – destinadas a alunos pobres. Paroquiais – sob a direcção dos párocos locais.
  • 6. As Escolas Urbanas No século XI organizam-se as primeiras escolas urbanas . A tutela da Igreja mantém-se, mas o local e os destinatários destas novas escolas – escolas catedrais – são outros: Localizam-se junto das sés . Estão no centro da cidade , participando do seu dinamismo e espírito. Dirigem-se a um público mais vasto , admitindo, além de clérigos, numerosos leigos .  A revitalização das cidades fez decair as escolas monacais, que se inseriam em áreas rurais .
  • 7. A Fundação das Universidades
  • 8. A SUA FUNDAÇÃO EXPLICA-SE DEVIDO A UM CONJUNTO DE FACTORES: Crescimento demográfico e maior afluxo de alunos às escolas tradicionais O aumento das heresias e a necessidade que a Igreja sentiu de aumentar a formação intelectual dos seus clérigos, de modo a estarem preparados para as combaterem . Os progressos técnicos e culturais da época, que tornaram necessário diversificar e aprofundar as matérias de ensino.
  • 9. A Fundação das Universidades Ao longo do século XII , algumas escolas catedralícias obtiveram fama internacional, pela qualidade dos seus mestres. Atraíam numerosos estudantes estrangeiros e especializaram-se em áreas como o Direito , a Teologia ou a Medicina . À medida que a estrutura da escola se foi complicando, mestres e alunos sentiam necessidade de:
  • 10. Novas Características Uma organização mais rígida De tipo corporativo Que definisse claramente as matérias a estudar e a forma de obtenção dos graus académicos Que defendesse os seus membros de pressões externas A esta organização se chamou universidade ( universitas ). Duas das escolas catedrais que primeiro se organizaram nestes moldes foram a de Notre-Dame e a de Bolonha .
  • 11. Uma Maneira de Reforçar a Fé Também chamadas de Estudos Gerais , estavam destinadas a quem desejasse uma formação mais completa e aprofundada . Os papas viam nelas um excelente meio de fortalecer a sua autoridade e de difundir o ensino de acordo com as doutrinas da Igreja , apoiando a sua formação e reservando para si a autorização da sua criação . Em algumas universidades, o desejo de autonomia lançou professores e estudantes em acesas lutas contra as autoridades laicas e eclesiásticas . Tinham uma língua comum, o latim . Mestres e alunos agrupavam-se em nações , consoante o seu local de origem.
  • 12. O Curso das Artes Os estudos universitários dividiam-se em faculdades , termo que designa o grupo de professores e alunos de um mesmo ramo do saber. Todas as faculdades tinham, no entanto, o curso de Artes , considerado a base dos estudos universitários. Durava 6 anos, iniciava-se entre os 14 e os 16 anos e conferia o grau de licenciado . Era composto por 7 disciplinas, agrupadas no: Trivium – Gramática, Retórica e Lógica. Quadrivium – Aritmética, Geometria, Astronomia e Música.
  • 13. As Especializações Uma vez licenciado em Artes, o estudante podia especializar-se em Medicina , Direito ou Teologia . Enquanto os cursos de Direito e Medicina obrigavam a mais 6 anos de estudo, o de Teologia chegava a exigir 15 . O ensino baseava-se sobretudo na leitura e comentário , pelo mestre , dos escritos das autoridades no assunto versado. As universidades conferiam os graus de bacharel , licenciado e doutor .
  • 14. Os Burgueses Os burgueses candidatavam-se muito às universidades, pois era uma forma de conseguirem ascender socialmente . Alguns também pretendiam ser legistas (licenciados em leis), o que faria com que desempenhassem um importante papel na sociedade: Como conselheiros e embaixadores reais . Como legisladores de negócios .
  • 15. A Primeira Universidade Portuguesa O rei D. Dinis fundou o Estudo Geral de Lisboa em Março de 1290 , sendo a primeira universidade portuguesa. Esta foi confirmada pela bula do papa Nicolau IV , em Agosto do mesmo ano. O Estudo Geral de Lisboa funcionou com as faculdades de Artes , Direito Canónico , Leis e Medicina. Em 1308 , foi transferida para Coimbra , devido aos protestos da população lisboeta contra os privilégios dos estudantes. A Universidade de Coimbra era do tipo bolonhês – corporação de estudantes – pois eram os alunos que elegiam as autoridades escolares . 1348 Lisboa 1354 Coimbra 1377 Lisboa 1537 Coimbra Entre as primeiras universidades figuram as de Paris, Bolonha na Itália, e Oxford na Inglaterra.
  • 16. Cultura Erudita Conhecimento letrado adquirido por estudo e reflexão dos textos , sobretudo dos autores clássicos (Platão, Aristóteles...), mas também dos Árabes e da Igreja Cristã . Nas cortes do rei e dos grandes senhores desenvolveu-se sob o espírito cavalheiresco.
  • 17. Cultura Cortesã Conjunto de manifestações culturais que se desenvolviam nas cortes senhoriais ou régias . Em Portugal, a cultura laica e profana começou por se afirmar nas cortes senhoriais, onde circulava a poesia trovadoresca . Nos reinados de D. Afonso III e D. Dinis , a corte régia era o principal centro desta cultura, que atingiu um grande desenvolvimento .
  • 18. Cultura Popular Conjunto de manifestações culturais desenvolvidas entre as classes populares . Na época em estudo, os seus centros difusores foram as festas e romarias e os seus principais agentes os jograis .
  • 19. A Cultura Leiga e Profana nas Cortes Régias e Senhoriais
  • 20. Reflectem-se no domínio cultural , originando: Gosto pela erudição Uma vida mais requintada , tanto nos recintos urbanos como nas cortes Clima de Paz Prosperidade Económica +
  • 21. Violência dos sentimentos Rudeza das maneiras Dão lugar à contenção e à delicadeza. O nobre passa a identificar-se com o cavaleiro ideal : Bom, corajoso, desinteressado Capaz de defender os fracos e a justiça Capaz de cortejar a sua dama segundo as regras do “ amor perfeito .”
  • 22. O Ideal de Cavalaria Difundiu-se nas cortes da Europa por volta de 1300 . Apesar dos tempos continuarem a ser violentos , o que mudava era o ideal com que a nobreza se identificava: o do perfeito cavaleiro. O arcanjo São Miguel é considerado o fundador da cavalaria. A cavalaria é simultaneamente um ideal profano e religioso.
  • 23. Condições Exigidas O Bom Nascimento – para aspirar à cavalaria é necessário ser nobre. Virtudes Militares – herdadas dos séculos anteriores: honra; coragem; lealdade; virtude; piedade; o ideal de cruzada. Seguir os Grandes Exemplos – os cavaleiros devem seguir S. Miguel e outros modelos, como os grandes vultos da Antiguidade (César, Aníbal, Alexandre) ou o lendário rei da Bretanha, Artur, e os seus cavaleiros da Távola Redonda.
  • 24. Os Romances de Cavalaria César Aníbal Alexandre Rei Artur Estas e outras figuras foram objecto de narrativas romanceadas que os reis e os grandes senhores faziam ler ao serão , na presença de toda a sua corte. Costumam agrupar-se em ciclos , isto é, conjuntos de novelas que giram à volta do mesmo assunto e movimentam as mesmas personagens. De carácter místico e simbólico , relatam aventuras penetradas de espiritualidade cristã e subordinam-se a um ideal místico , que diviniza o amor profano.
  • 25. As Novelas Arturianas Foram as mais difundidas de todas as sagas cavaleirescas, tendo inspirado muitos outros relatos. A sua acção desenrola-se a partir da corte de Bretanha , onde Artur reúne os seus cavaleiros numa távola redonda . Estes tomam sobre os seus ombros a mais nobre das tarefas: a procura do Santo Graal. Os seus temas , as aventuras amorosas e galantes, os feitos militares , a que acrescia um fundo místico , eram fortemente apreciados pela nobreza cortesã . A Demanda do Santo Graal, traduzida para português, é o mais antigo texto português em prosa.
  • 26. Amadis de Gaula Na Península, o interesse por estas narrativas desembocou, no século XIV , no romance Amadis de Gaula , que obteve extraordinário sucesso. A sua autoria é incerta, sendo tanto atribuída a Vasco de Lobeira quanto ao espanhol Montalvo . Amadis é o paradigma do cavaleiro andante , sendo virtuoso , destemido, profundamente apaixonado , que percorre o mundo em defesa das causas nobres. No fim, é recompensado com o amor de Oriana , a Sem Par . Está na origem do chamado ciclo dos Amadises , um dos de maior sucesso na literatura peninsular.
  • 27. A concretização dos ideais cavaleirescos fazia-se, em primeiro lugar, através de uma educação rigorosa . Só depois de ter transposto todas as etapas e de ter dado provas da sua destreza e valentia , o jovem tinha a suprema honra de ser “ armado cavaleiro ”. Passava depois a integrar uma das muitas ordens de cavalaria que, nesta época, proliferavam pela Europa . A sua educação estava organizada da seguinte maneira:
  • 28. Os Primeiros Anos Aos 7 anos, o rapaz deixava os cuidados da mãe e era enviado para o paço de um senhor de maior estatuto , onde permanecia até à idade adulta . Servia primeiro como pajem , iniciando-se: - Na equitação - No manejo de armas Na adolescência era promovido a escudeiro . Servia nesta qualidade durante outros 7 anos, um cavaleiro : - Tratava do seu cavalo e armas - Acompanhava-o nas suas expedições - Assistia-o em tudo o que respeitasse às lides da cavalaria
  • 29. Os Desportos A destreza dos cavaleiros e dos escudeiros estava constantemente à prova , pois boa parte do tempo de que dispunham era ocupado em desportos mais ou menos violentos que contribuíam para manter o vigor físico . Entre estes desportos, cuja prática se considerava essencial , destacam-se a caça , os torneios e as justas .
  • 30. A Caça A caça obrigava a grandes cavalgadas pelos bosques. Existiam vários géneros , por exemplo: Montaria – perseguição violenta a grandes animais. No nosso país perseguia-se sobretudo o javali. Cetraria – utilizavam-se aves de rapina domesticadas para a captura de outras aves ou pequenos animais.
  • 31. Torneios Justa - realizava-se apenas entre dois cavaleiros. Geralmente, os torneios eram amigáveis combates simulados . Realizavam-se num espaço vedado , junto do qual se montavam bancadas . Eram incluídos em todas as festividades . Nos séculos XIV e XV , transformaram-se em autênticos desfiles teatralizados , com os participantes vestidos de forma extravagante e disputando um prémio preestabelecido .
  • 32. Os Manuais “ Livro da Ensinança da Arte de Bem Cavalgar em Toda a Sela” Foi o primeiro tratado de equitação da Europa 1391-1438 Regulava as normas a seguir nestas actividades e tudo o que dissesse respeito aos conhecimentos da cavalaria .
  • 33. Armar o Cavaleiro Depois de catorze anos de dura aprendizagem, o jovem escudeiro proferia os votos da cavalaria . Eram voto sagrados , de significado espiritual , sendo enquadrados num ritual solene , que incluía: Uma noite de vigília na Igreja ; A assistência à missa ; Comunhão Muitas vezes, para além de purificar a alma, o cavaleiro purificava também o corpo através de um banho simbólico . Por fim, era investido numa ordem de cavalaria , recebendo as esporas de cavaleiro e a tão desejada espada .
  • 34. O Amor Cortês Surgiu nas cortes ducais e principescas das regiões onde hoje se situa a França meridional , no século XII . “ Um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado , passional e auto-disciplinado , humilhante e exaltante , humano e transcendente ” Conceito europeu medieval de atitudes , mitos e etiqueta para enaltecer o amor , e que gerou vários géneros de literatura medieval , incluindo o romance . O florescimento das cortes régias e senhoriais proporcionou um convívio mais mundano entre os dois sexos.
  • 35. A Cavalaria e o Amor Cortês Capaz das maiores proezas guerreiras, o cavaleiro deve mostrar-se delicado e tímido em frente da sua amada. O código de cavalaria integra, também, um código de amor , um conjunto de regras que dizem quem e como se deve amar. Definem o lugar que o amor ocupa na vida do cavaleiro ideal: o cavaleiro é o herói que combate por amor . Sem quebrar os laços com a sensualidade e o amor físico , o amor cortês era essencialmente espiritual , um campo aberto a todas as perfeições morais .
  • 36. O Amante Cortês O amante cortês é altruísta e virtuoso . É contido nos gestos e palavras; Paciente; Respeita as mulheres; Tem bom humor; É elegante no vestir; É bravo. Tudo isto o eleva perante Deus e perante os homens . Torna-se, em suma, exemplo de educação e refinamento.
  • 37. A Dama A dama deve corresponder ao tipo idealizado de mulher : - Bela; - Serena; - Bem-falante; - Pudica; - Deveria alimentar o amor com gestos comedidos (um sorriso, a dádiva de um lenço, de um anel, mais tarde de um beijo).
  • 38. O Romance da Rosa Foi iniciado antes de 1240 por Guillaume de Lorris e completado em 1280 por Jean de Meung. A sua popularidade perdurou por dois séculos . É uma alegoria ao Amor , em que a rosa simboliza a amada . Só após duras provas pode ser “ colhida ” pelo seu cavaleiro .
  • 39. Poesia Trovadoresca Na propagação do ideal de amor cortês tiveram importância decisiva os poetas , que fizeram dele o tema central das suas composições . A poesia trovadoresca nasceu no Sul de França , nas regiões da Provença . É escrita, na sua maioria, pelos trovadores , e divulgada pelos jograis . Espalhou-se pelas cortes da Europa , animando os serões com os seus versos . Eram cantados com acompanhamento musical (por exemplo, com alaúdes, harpas, saltérios...) É constituída por: Poemas líricos Poemas satíricos
  • 40. Poemas Líricos Cantigas de Amor O sujeito poético é o homem que exprime o seu amor pela amada , que designa por “ dona ” ou “ senhor ” – vassalagem amorosa . A mulher amada é perfeita e inacessível como uma deusa e por isso ele deverá cultivar e desenvolver as suas próprias virtudes , purificando-se de todo o mal, para ser digno de a “servir ” sem esperar qualquer recompensa . Tiveram a sua origem na Provença.
  • 41. Poemas Líricos Cantigas de Amigo O sujeito poético é uma jovem que exprime o seu amor pelo amado , que designa por “ amigo ”. É uma rapariga do meio rural , cheia de juventude e alegria, que confidencia às amigas , à mãe ou à natureza as suas mágoas, preocupações, saudades do namorado. As cantigas de amor dão-nos uma imagem da vida sentimental da rapariga do povo que chora ou celebra os amores . Este género teve origem na Península Ibérica .
  • 42. Poemas Satíricos Cantigas de Escárnio Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a uma pessoa. Essa sátira era indirecta , cheia de duplos sentidos . As cantigas de escárnio definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém , por meio de ambiguidades , trocadilhos e jogos semânticos , num processo que os trovadores chamavam " equívoco ".
  • 43. Poemas Satíricos Cantigas de Maldizer Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira directa e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões . O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado .
  • 44. As cantigas foram depois manuscritas em cadernos de apontamentos, que mais tarde foram postos em colectâneas de canções, chamadas Cancioneiros . São conhecidos três Cancioneiros galaico-portugueses : o " Cancioneiro da Ajuda ", o " Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa " e o " Cancioneiro da Vaticana ". Além disso, há um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo rei Afonso X .
  • 45. Constituía uma compensação do que cada um dos seus descendentes tinha recebido (vida, património, virtude, glória). Esta memória dos antepassados é característica das famílias nobres que assim trazem ao presente os feitos valorosos da sua ascendência . Porque é que se Prestava Culto aos Antepassados?
  • 46. Como? Um dos filhos da família era o substituto , que tinha o mesmo nome e que deveria possuir as virtudes e realizar o mesmo ofício que o seu avô, bisavô, trisavô... Aos serões , quando as famílias se reúnem no salão , são recitadas as genealogias e relembradas as bravuras e as honras das linhagens . Estas lembranças eram passadas de boca em boca , de geração em geração . Mas corriam o risco de se perder , tornando-se necessário registá-las para a posterioridade . Os túmulos e os epitáfios cumpriam essa função, mas não bastava...
  • 47. No século XII os senhores fizeram escrever estas memórias ancestrais por gente letrada . Nasce assim uma literatura genealógica que se difundiu largamente entre a nobreza europeia dos séculos XIII e XIV . Este tipo de livros não esquecia as lendas arturianas , sendo também impregnado do espírito da cavalaria .
  • 48. Em Portugal este género foi muito cultivado, dando origem aos livros de linhagem (nobiliários). Punham-se em evidência famílias que tivessem desempenhado um papel relevante na reconquista do país aos mouros. “ O Nobilário do Conde D. Pedro” é uma espécie de história universal escrita numa perspectiva genealógica. A mais interessante das obras do género é o “3º Livro de Linhagens”, da autoria de D. Pedro, conde de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis. Embora os primeiros textos datem do tempo de Afonso II, foi no reinado de D. Afonso III que esta cultura genealógica atingiu maior vigor, continuada no reinado de D. Dinis.
  • 49. FIM
  • 50. BIBLIOGRAFIA http://pwp.netcabo.pt/0511134301/trovador.htm http://www.filologia.org.br/pub_outras/sliit02/sliit02_93-98.html http://gloriadaidademedia.blogspot.com http://www.hottopos.com/notand7/raul.htm Pinto, Elisa, Plural , Lisboa Editora Carvalho , Manuela , Cadernos de História , Porto Editora Couto , Célia Pinto, O Tempo da História , Porto Editora

Notas do Editor

  • #40: - Tornou-se a 1