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Aula 1 – Monitorização da Pressão Intracraniana (PIC)
1. Conceito e Indicações
A Pressão Intracraniana (PIC) representa a pressão dentro do crânio, incluindo o
cérebro, sangue e líquor. O valor normal varia entre 5 e 15 mmHg em adultos.
A monitorização da PIC é indicada principalmente em pacientes com:
Traumatismo cranioencefálico (TCE) grave (Glasgow ≤ 8)
Hemorragia subaracnoidea
Acidente vascular cerebral extenso
Hidrocefalia
Meningoencefalite grave
Tumores intracranianos
2. Fisiologia da PIC
O volume intracraniano é composto por:
80% tecido cerebral
10% sangue
10% líquor
O princípio de Monro-Kellie afirma que o volume total intracraniano é fixo. Portanto,
um aumento em qualquer um dos componentes deve ser compensado por uma redução
nos outros para evitar o aumento da PIC.
3. Valores de referência
Normal: 5 a 15 mmHg
Alvo terapêutico: Manter a PIC < 20 mmHg
PIC > 20 mmHg por mais de 5 minutos: situação crítica, exige intervenção imediata
4. Métodos de Monitorização
Intraventricular: mais preciso e permite drenagem do líquor (preferencial)
Intraparenquimatoso: mais utilizado, porém não permite drenagem
Subaracnoideo ou subdural: menos utilizados
5. Conduta Diante da Elevação da PIC
Cabeceira elevada a 30°
Alinhamento da cabeça com o tronco
Hiperventilação temporária (reduz CO₂)
Sedação e analgesia
Manitol ou solução salina hipertônica
Drenagem do líquor (se via intraventricular)
6. Complicações da Monitorização
Infecção (principalmente se uso prolongado do cateter ventricular)
Hemorragia
Mal funcionamento ou obstrução do sistema
---
Resumo Esquemático
Parâmetro: PIC normal
Valor / Conduta: 5 – 15 mmHg
Parâmetro: Alvo terapêutico
Valor / Conduta: < 20 mmHg
Parâmetro: Indicação de monitorização
Valor / Conduta: TCE grave, HSA, AVE extenso, tumores intracranianos, hidrocefalia
Parâmetro: Método mais preciso
Valor / Conduta: Intraventricular (permite drenagem de líquor)
Parâmetro: Condutas principais diante da PIC elevada
Valor / Conduta: Cabeceira a 30°, alinhamento cefálico, sedação, analgesia,
manitol ou solução salina hipertônica, hiperventilação temporária, drenagem de líquor
---
Questões de Concursos
1. (EBSERH - 2018)
Em relação à monitorização da pressão intracraniana (PIC), assinale a alternativa
correta:
A) A PIC normal em adultos varia entre 15 a 25 mmHg.
B) A monitorização intraparenquimatosa permite a drenagem de líquor.
C) O método intraventricular é o mais preciso e permite drenagem de líquor.
D) A PIC não deve ser monitorada em pacientes com TCE grave.
> Resposta: C
---
2. (Residência - 2021)
O valor de PIC considerado normal em adultos é:
A) 0-5 mmHg
B) 5-15 mmHg
C) 10-25 mmHg
D) 20-30 mmHg
> Resposta: B
Aula 2 – Monitorização da Pressão Venosa Central (PVC)
1. Conceito
A Pressão Venosa Central (PVC) reflete a pressão no átrio direito do coração, sendo
um dos principais parâmetros para avaliar o volume intravascular e o retorno venoso.
2. Valores Normais
Normal: 8 a 12 cmH₂O
Em ventilação mecânica ou sepse, o alvo pode ser: 12 a 15 cmH₂O
3. Indicações
Avaliação do estado volêmico
Monitorização de pacientes em choque
Administração de drogas vasoativas
Acesso venoso central prolongado
Administração de soluções hiperosmolares ou quimioterápicos
4. Técnica de Monitorização
Cateter é inserido em uma veia central (subclávia, jugular ou femoral) com a ponta
posicionada no átrio direito
O paciente deve estar em decúbito dorsal horizontal
A linha média axilar ao nível do 4º espaço intercostal é o ponto zero de referência
(flebostático)
Importante:
A leitura deve ser feita no final da expiração, momento em que a pressão torácica
está mais próxima da pressão atmosférica.
5. Interpretação dos Valores
6. Complicações do Cateterismo Venoso Central
Pneumotórax (mais comum na punção subclávia)
Hemotórax
Infecção
Embolia aérea
Trombose venosa
Arritmias (se o cateter tocar a parede cardíaca)
Resumo Esquemático – PVC
Parâmetro: Valor normal
Valor / Conduta: 8 – 12 cmH₂O
Parâmetro: Alvo em VM ou sepse
Valor / Conduta: 12 – 15 cmH₂O
Parâmetro: Ponto zero de referência
Valor / Conduta: Linha média axilar ao nível do 4º espaço intercostal
Parâmetro: Leitura ideal
Valor / Conduta: Final da expiração
Parâmetro: PVC baixo
Valor / Conduta: Hipovolemia
Parâmetro: PVC alto
Valor / Conduta: Hipervolemia, ICFD, tamponamento, PEEP elevada
Questões de Concursos
1. (HU-UFJF/EBSERH – 2016)
Sobre a monitorização da Pressão Venosa Central (PVC), assinale a alternativa
correta:
A) O valor normal da PVC é de 0 a 5 cmH₂O.
B) A monitorização da PVC é realizada para avaliar a função renal.
C) A leitura deve ser realizada durante a inspiração.
D) O ponto de referência anatômico é a linha média axilar ao nível do 4º espaço
intercostal.
➢ Resposta: D
2. (Residência Multiprofissional – 2020)
É esperado um valor de PVC abaixo de 8 cmH₂O em pacientes com:
A) Insuficiência cardíaca descompensada
B) Tamponamento cardíaco
C) Hipovolemia
D) Hipervolemia
➢ Resposta: C
Aula 3 – Monitorização da Pressão Intra-abdominal (PIA)
1. Conceito
A Pressão Intra-abdominal (PIA) é a pressão existente dentro da cavidade
abdominal. A elevação dessa pressão pode comprometer a perfusão dos órgãos
abdominais e levar à Síndrome Compartimental Abdominal (SCA).
---
2. Valores de Referência
PIA normal: 5 a 7 mmHg
Hipertensão intra-abdominal grau I: 12 a 15 mmHg
Hipertensão grau II: 16 a 20 mmHg
Hipertensão grau III: 21 a 25 mmHg
Hipertensão grau IV: maior que 25 mmHg
Síndrome Compartimental Abdominal: PIA maior que 20 mmHg associada à
disfunção orgânica
---
3. Indicações da Monitorização
Politraumatismos
Pacientes cirúrgicos graves
Sepse abdominal
Ascite volumosa
Grandes queimados
Ventilação mecânica com PEEP elevada
---
4. Método de Monitorização (mais utilizado)
O método mais utilizado é o via vesical (bexiga).
Passo a passo:
Introduzir 25 mL de soro fisiológico na bexiga através da sonda vesical
Conectar o sistema de mensuração à sonda vesical
O zero do transdutor deve estar alinhado ao nível da sínfise púbica
O paciente deve estar em decúbito dorsal
A medida deve ser feita no final da expiração
---
5. Condutas Diante de PIA Elevada
Corrigir a hipervolemia
Otimizar a ventilação
Drenar coleções intra-abdominais
Promover analgesia e sedação
Realizar descompressão cirúrgica (em casos graves)
---
Resumo Esquemático – PIA
PIA normal: 5 a 7 mmHg
Hipertensão intra-abdominal grau I: 12 a 15 mmHg
Síndrome Compartimental Abdominal: PIA maior que 20 mmHg com disfunção
orgânica
Método mais usado: via vesical (bexiga)
Volume instilado: 25 mL de soro fisiológico
Referência zero: sínfise púbica
Posição do paciente: decúbito dorsal
Momento da leitura: final da expiração
---
Questões de Concursos
1. (EBSERH - 2022)
Sobre a monitorização da pressão intra-abdominal (PIA), assinale a alternativa
correta:
A) A PIA é considerada normal quando inferior a 12 mmHg.
B) O método mais preciso é o cateter peritoneal.
C) A síndrome compartimental abdominal é definida com PIA > 15 mmHg.
D) A medição da PIA pela via vesical é feita com 100 mL de soro fisiológico.
Resposta correta: Letra A
---
2. (Residência Multiprofissional – 2021)
A monitorização da pressão intra-abdominal, via vesical, é indicada em qual das
situações abaixo?
A) Pacientes ambulatoriais com hipertensão leve
B) Pacientes em ventilação mecânica com alto risco de disfunção orgânica
C) Pacientes com pressão intracraniana elevada
D) Pacientes com trauma encefálico leve
Resposta correta: Letra B
Aula 4 – Pressão Arterial Invasiva (PAI)
1. Conceito
A PAI é uma forma contínua e precisa de monitorar a pressão arterial, usada
principalmente em pacientes criticamente enfermos. O método exige cateter arterial
conectado a um transdutor de pressão.
2. Finalidades da PAI
• Monitorar a pressão arterial minuto a minuto
• Avaliar resposta a drogas vasoativas
• Coletar gasometria arterial
• Detectar precocemente instabilidade hemodinâmica
• Evitar punções frequentes (em casos que requerem várias análises de sangue)
3. Locais de Inserção do Cateter Arterial
• Artéria radial (mais comum)
• Artéria femoral
• Artéria braquial
• Artéria dorsal do pé
• Artéria axilar
Importante: Sempre realizar o teste de Allen antes de puncionar a artéria radial
para garantir circulação colateral adequada pela artéria ulnar.
4. Cuidados de Enfermagem com a PAI
• Manter o sistema fechado, livre de bolhas de ar
• A solução pressurizada deve estar a 300 mmHg
• Trocar o equipo/transdutor conforme protocolo institucional
• Observar sinais de infecção, sangramento e perfusão distal
• Manter o ponto zero do transdutor ao nível do átrio direito (linha média axilar,
4º espaço intercostal)
• Calibrar o sistema periodicamente
• Não utilizar o acesso para infusão de medicamentos
• Atenção com desconexões acidentais → risco de exsanguinação
5. Formas de Leitura da PAI
• Leitura contínua e gráfica em monitores multiparamétricos
• Valores fornecidos: pressão sistólica, diastólica e média (PAM)
Fórmula da Pressão Arterial Média (PAM):
PAM = (PAS + 2PAD) / 3
Onde:
PAS = Pressão Arterial Sistólica
PAD = Pressão Arterial Diastólica
6. Valores de Referência
• Pressão Arterial Sistólica (PAS): 90 – 120 mmHg
• Pressão Arterial Diastólica (PAD): 60 – 80 mmHg
• Pressão Arterial Média (PAM): maior ou igual a 65 mmHg
Em pacientes críticos, a PAM ≥ 65 mmHg é fundamental para adequada perfusão
tecidual.
Resumo Esquemático – PAI
• Finalidade: monitoramento contínuo da pressão arterial
• Local mais comum de punção: artéria radial
• Teste obrigatório antes da punção radial: teste de Allen
• Volume da bolsa pressurizada: 300 mmHg
• Nível zero do transdutor: átrio direito (linha média axilar, 4º espaço)
• Fórmula da PAM: (PAS + 2PAD) ÷ 3
• Valor ideal da PAM: ≥ 65 mmHg
Questões de Concursos
1. (Residência SES-PE – 2021)
Em relação à monitorização da pressão arterial invasiva, assinale a alternativa correta:
A) O acesso arterial pode ser utilizado para infusão de soluções.
B) A artéria femoral é a mais utilizada para punção arterial.
C) O sistema de pressão deve estar pressurizado a 150 mmHg.
D) A leitura do transdutor deve ser referenciada ao nível do átrio direito.
Resposta correta: Letra D
2. (EBSERH – 2022)
Sobre os cuidados de enfermagem na monitorização da pressão arterial invasiva, é
correto afirmar:
A) A pressão arterial média ideal é de 40 mmHg em pacientes críticos.
B) O transdutor deve estar sempre posicionado acima do nível do coração.
C) A presença de bolhas de ar no sistema interfere na acurácia das medidas.
D) O sistema pode ser utilizado para administração de drogas vasoativas.
Resposta correta: Letra C
Aula 5 – Drogas Vasoativas (DVAs)
1. Conceito
As Drogas Vasoativas (DVAs) são medicamentos utilizados principalmente em
unidades de terapia intensiva para manter a perfusão e a pressão arterial em níveis
adequados, agindo sobre o sistema cardiovascular para:
• Aumentar a contractilidade cardíaca (inotrópicos)
• Aumentar a frequência cardíaca (cronotrópicos)
• Promover vasoconstrição ou vasodilatação
2. Principais Classes de DVAs
a) Vasopressores (↑ pressão arterial via vasoconstrição):
• Noradrenalina (norepinefrina): primeira escolha no choque séptico
• Adrenalina (epinefrina): usada em parada cardiorrespiratória e anafilaxia
• Vasopressina: alternativa em choque refratário
• Fenilefrina: vasoconstritor puro, sem efeito cronotrópico
b) Inotrópicos positivos (↑ força de contração cardíaca):
• Dobutamina: aumenta o débito cardíaco (usado na IC descompensada)
• Milrinona: inotrópico e vasodilatador (inodilatador)
c) Cronotrópicos positivos (↑ frequência cardíaca):
• Adrenalina
• Dopamina (em doses médias)
3. Administração Segura de DVA
• Somente por via venosa central (preferencialmente)
• Uso de bomba de infusão contínua
• Monitorização contínua de:
o Pressão arterial
o Frequência cardíaca
o Sinais de perfusão (TEC, temperatura, diurese)
Atenção: Nunca interromper abruptamente uma droga vasoativa. Sempre reduzir
gradualmente!
4. Doses e Efeitos Principais (sem tabela, tudo copiado em texto)
Noradrenalina:
• Dose inicial: 0,05 a 0,5 mcg/kg/min
• Ação: potente vasoconstritor → ↑ PA
• Efeitos adversos: isquemia periférica, taquicardia
Dobutamina:
• Dose: 2 a 20 mcg/kg/min
• Ação: ↑ contratilidade cardíaca (sem vasoconstrição significativa)
• Efeitos adversos: taquiarritmias, ↑ consumo de O₂ pelo miocárdio
Adrenalina:
• Dose em PCR: 1 mg IV a cada 3-5 min
• Em infusão contínua: 0,01 a 0,5 mcg/kg/min
• Ação: vasoconstritora e inotrópica
• Efeitos adversos: arritmias, tremores, hipertensão
Dopamina:
• Dose baixa (1-3 mcg/kg/min): efeito dopaminérgico (diurético)
• Dose média (3-10 mcg/kg/min): ↑ FC e contratilidade
• Dose alta (>10 mcg/kg/min): vasoconstrição (efeito α)
5. Cuidados de Enfermagem
• Confirmar identificação correta do paciente
• Programar bomba de infusão com precisão
• Monitorar sinais vitais minuto a minuto
• Observar extremidades para sinais de isquemia
• Avaliar débito urinário (indicador de perfusão renal)
• Manter acesso venoso permeável e exclusivo
Resumo Esquemático – DVAs
• Vasopressores: noradrenalina, adrenalina, vasopressina
• Inotrópicos: dobutamina, milrinona
• Via preferencial: venosa central
• Administração: bomba de infusão contínua
• Monitorização: PA, FC, perfusão periférica, diurese
• Nunca suspender bruscamente
Questões de Concursos
1. (Residência – 2022)
Assinale a alternativa correta sobre o uso de drogas vasoativas:
A) Noradrenalina deve ser administrada em bolus por via periférica.
B) A dobutamina reduz a contratilidade cardíaca.
C) A dopamina em dose baixa tem efeito diurético.
D) A adrenalina é utilizada exclusivamente em infusão contínua.
Resposta correta: Letra C
2. (EBSERH – 2021)
Sobre os cuidados de enfermagem durante a infusão de drogas vasoativas, é incorreto
afirmar:
A) Deve-se utilizar bomba de infusão para garantir segurança
B) A via central é preferida para administração contínua
C) A interrupção súbita da infusão não traz riscos ao paciente
D) A monitorização hemodinâmica é fundamental durante a infusão
Resposta correta: Letra C
Aula 6 – Gasometria Arterial
1. Conceito
A gasometria arterial é um exame essencial para avaliar:
• O equilíbrio ácido-básico do organismo;
• A oxigenação e ventilação;
• E o funcionamento respiratório e metabólico do corpo.
É indicada em casos como: insuficiência respiratória, choque, acidose ou alcalose
metabólica/respiratória, ventilação mecânica e distúrbios eletrolíticos.
2. Parâmetros e seus Valores de Referência
• pH: 7,35 a 7,45
(define se há acidose ou alcalose)
• PaCO₂ (pressão parcial de CO₂): 35 a 45 mmHg
(indica a função respiratória — se estiver alto, há retenção de CO₂; se baixo, hiperventilação)
• HCO₃⁻ (bicarbonato): 22 a 26 mEq/L
(indica a função metabólica/renal)
• PaO₂: 80 a 100 mmHg
(mostra a oxigenação arterial)
• SaO₂: ≥ 95%
(saturação de oxigênio — quanto da hemoglobina está oxigenada)
• BE (excesso de base): –2 a +2 mEq/L
(indica reserva alcalina ou presença de acidose)
3. Interpretação em 3 Etapas
1. Verifique o pH:
• pH < 7,35: acidose
• pH > 7,45: alcalose
2. Avalie PaCO₂ e HCO₃⁻:
• Se o problema está no PaCO₂ → distúrbio respiratório
• Se o problema está no HCO₃⁻ → distúrbio metabólico
3. Avalie a compensação:
• Sem compensação: apenas um parâmetro alterado e pH fora do normal
• Compensação parcial: dois parâmetros alterados e pH ainda anormal
• Compensação completa: dois parâmetros alterados, mas pH voltou ao normal
4. Distúrbios Ácido-Básicos e Exemplos
Acidose respiratória:
• pH baixo, PaCO₂ elevado
• Ex: DPOC, hipoventilação, parada respiratória
Alcalose respiratória:
• pH alto, PaCO₂ reduzido
• Ex: ansiedade, dor, hiperventilação
Acidose metabólica:
• pH baixo, HCO₃⁻ reduzido
• Ex: diarreia intensa, cetoacidose diabética, insuficiência renal
Alcalose metabólica:
• pH alto, HCO₃⁻ elevado
• Ex: vômitos, uso de diuréticos
5. Cuidados de Enfermagem na Coleta
• Realizar teste de Allen antes da punção (para confirmar circulação colateral da
mão)
• Usar seringa com heparina e sem bolhas de ar
• Coletar preferencialmente da artéria radial
• Enviar rapidamente ao laboratório (em até 15 minutos ou manter refrigerado)
• Comprimir o local por 5 a 10 minutos para prevenir sangramento
• Observar o local para sinais de hematoma ou complicações
6. Resumo Final
• pH define se o distúrbio é acidose ou alcalose
• PaCO₂ → componente respiratório
• HCO₃⁻ → componente metabólico
• Distúrbio respiratório: pH e PaCO₂ se movem em direções opostas
• Distúrbio metabólico: pH e HCO₃⁻ se movem na mesma direção
7. Questões de Concurso
1. (EBSERH – 2020)
Paciente apresenta pH = 7,28, PaCO₂ = 52 mmHg e HCO₃⁻ = 24 mEq/L. Assinale o
distúrbio:
A) Alcalose respiratória
B) Acidose respiratória
C) Alcalose metabólica
D) Acidose metabólica
Gabarito: Letra B
2. (Residência – 2021)
Sobre o preparo e coleta de gasometria arterial, marque a alternativa incorreta:
A) Deve-se realizar o teste de Allen antes da coleta na artéria radial
B) A coleta deve ser feita com seringa heparinizada
C) A amostra pode ser mantida à temperatura ambiente por até 2 horas
D) A gasometria é útil na avaliação do equilíbrio ácido-base
Gabarito: Letra C
Aula 7 – Desequilíbrio Hidroeletrolítico
1. Conceito
O equilíbrio hidroeletrolítico é a manutenção adequada da água corporal e dos íons
(eletrólitos) no organismo. Os principais eletrólitos são:
• Sódio (Na⁺)
• Potássio (K⁺)
• Cálcio (Ca²⁺)
• Magnésio (Mg²⁺)
• Cloreto (Cl⁻)
• Fosfato (PO₄³⁻)
• Bicarbonato (HCO₃⁻)
Alterações nesses componentes podem comprometer funções neurológicas, cardíacas,
musculares e renais.
2. Principais Distúrbios Hidroeletrolíticos
Hiponatremia (Na⁺ < 135 mEq/L)
Causas: excesso de líquidos, SIADH, insuficiência cardíaca
Sinais: náuseas, cefaleia, confusão, convulsões
Tratamento: restrição hídrica, solução salina hipertônica em casos graves
Hipernatremia (Na⁺ > 145 mEq/L)
Causas: desidratação, diabetes insipidus
Sinais: sede intensa, agitação, irritabilidade, coma
Tratamento: hidratação com solução hipotônica (SF 0,45% ou água livre)
Hipocalemia (K⁺ < 3,5 mEq/L)
Causas: uso de diuréticos, vômitos, diarreia
Sinais: fraqueza muscular, constipação, arritmias, ECG com onda U
Tratamento: reposição oral ou EV com cuidado (máx. 20 mEq/h)
Hipercalemia (K⁺ > 5,0 mEq/L)
Causas: insuficiência renal, uso de IECA, lise celular
Sinais: parestesias, fraqueza, arritmias graves (ECG com onda T apiculada)
Tratamento: gluconato de cálcio, insulina com glicose, diuréticos, diálise
Hipocalcemia (Ca²⁺ < 8,5 mg/dL)
Causas: hipoparatireoidismo, pancreatite, deficiência de vitamina D
Sinais: parestesia, cãibras, sinal de Chvostek e Trousseau
Tratamento: reposição oral ou EV de cálcio
Hipercalcemia (Ca²⁺ > 10,5 mg/dL)
Causas: hiperparatireoidismo, neoplasias
Sinais: fraqueza, constipação, confusão, arritmias
Tratamento: hidratação, diuréticos de alça, bisfosfonatos
Hipomagnesemia (Mg²⁺ < 1,5 mEq/L)
Causas: alcoolismo, diarreia, uso de diuréticos
Sinais: tremores, arritmias, convulsões
Tratamento: sulfato de magnésio EV
Hipermagnesemia (Mg²⁺ > 2,5 mEq/L)
Causas: insuficiência renal, uso excessivo de laxantes
Sinais: hipotensão, bradicardia, depressão respiratória
Tratamento: gluconato de cálcio, diálise
3. Cuidados de Enfermagem
• Monitorar sinais neurológicos, cardíacos e musculares
• Controlar balanço hídrico rigorosamente
• Checar valores laboratoriais com frequência
• Observar infusão EV de eletrólitos (em bomba de infusão)
• Avaliar sinais de sobrecarga ou déficit hídrico
4. Resumo Esquemático para Concursos
• Na⁺: regula volume extracelular. Alterações → distúrbios neurológicos
• K⁺: atua no potencial de membrana. Alterações → distúrbios cardíacos
• Ca²⁺: atua na coagulação, músculos e ossos. Alterações → neuromusculares
• Mg²⁺: participa de reações enzimáticas. Alterações → arritmias, convulsões
5. Questões de Concurso
1. (Residência – 2022)
Paciente com fraqueza muscular e ECG com onda U proeminente. Qual o distúrbio mais
provável?
A) Hiponatremia
B) Hipocalemia
C) Hipermagnesemia
D) Hipocalcemia
Gabarito: B
2. (EBSERH – 2020)
Assinale a afirmativa correta sobre o tratamento da hipercalemia:
A) Deve-se iniciar sempre com infusão de soro fisiológico
B) O gluconato de cálcio é usado para estabilizar a membrana cardíaca
C) Diuréticos tiazídicos são preferidos
D) A insulina deve ser evitada
Gabarito: B
Aula 8 – Ventilação Mecânica
1. Conceito
A ventilação mecânica (VM) é um suporte artificial à respiração, indicado quando há
incapacidade de manter trocas gasosas adequadas. Pode ser invasiva (com
intubação orotraqueal ou traqueostomia) ou não invasiva (com máscara).
2. Indicações da Ventilação Mecânica Invasiva
• Insuficiência respiratória aguda (hipoxêmica ou hipercápnica)
• Apneia ou parada respiratória
• Rebaixamento do nível de consciência com risco de aspiração
• Pós-operatório de grandes cirurgias
• Distúrbios neuromusculares (ex: Guillain-Barré, esclerose lateral amiotrófica)
3. Parâmetros Ventilatórios Básicos
• Modo ventilatório: CMV, A/C, SIMV, PSV, CPAP
• FR (frequência respiratória): 12–20 rpm
• FiO₂ (fração inspirada de oxigênio): 21–100%
• PEEP (pressão positiva expiratória): 5–10 cmH₂O
• Vt (volume corrente): 6–8 mL/kg de peso ideal
• Pressão de pico: idealmente < 30 cmH₂O
4. Modos Ventilatórios Mais Comuns
1. Modo Controlado (CMV):
• Totalmente controlado pela máquina
• Indicado para pacientes sedados e sem esforço respiratório
2. Assistido-controlado (A/C):
• Paciente pode iniciar a respiração, mas o ventilador completa com suporte total
• Risco: hiperventilação
3. SIMV (Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada):
• Combina ciclos controlados e espontâneos
• Permite transição para respiração espontânea
4. PSV (Suporte Pressórico):
• Apenas ciclos espontâneos, com auxílio de pressão positiva
• Usado no desmame
5. CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas):
• Sem ciclos mecânicos, apenas mantém vias aéreas abertas
• Utilizado em apneia do sono ou no desmame
5. Complicações da VM
• Pneumotórax
• Barotrauma (por excesso de pressão)
• Volutrauma (excesso de volume)
• Lesões de vias aéreas (laringotraqueais)
• Infecções (ex: pneumonia associada à ventilação – PAV)
• Diminuição do débito cardíaco (por aumento da pressão intratorácica)
• Alcalose ou acidose respiratória
6. Cuidados de Enfermagem
• Monitorar parâmetros respiratórios: FR, SpO₂, pressão de pico
• Manter via aérea pérvia: aspiração traqueal quando necessário
• Higiene oral com clorexidina (previne PAV)
• Manter cabeceira elevada a 30–45° (previne aspiração)
• Acompanhar sinais de desconforto ou assincronia
• Verificar pressão do cuff (20–30 cmH₂O) regularmente
• Trocar circuito ventilatório apenas quando necessário
7. Desmame da VM
O desmame é o processo de retirada gradual da ventilação mecânica.
Critérios importantes para iniciar o desmame:
• Estabilidade hemodinâmica
• PaO₂ ≥ 60 mmHg com FiO₂ ≤ 40%
• FR < 30 rpm
• pH dentro da normalidade
• Ausência de sedação profunda
Teste de respiração espontânea (TRE): paciente respira com CPAP ou T-piece por 30–
120 minutos para avaliar tolerância.
8. Resumo Rápido para Concursos
• VM é indicada em falência respiratória
• Modos: CMV (totalmente controlado), A/C (assistido), SIMV (intermediário), PSV
e CPAP (espontâneos)
• Complicações comuns: PAV, barotrauma, hipotensão
• Enfermagem: cabeceira elevada, higiene oral, aspiração, monitoramento
contínuo
• Desmame: TRE, critérios clínicos, uso de CPAP ou T-piece
9. Questões de Concurso
1. (EBSERH – 2020)
Qual dos modos ventilatórios é mais indicado durante o processo de desmame da
ventilação mecânica?
A) CMV
B) A/C
C) SIMV
D) PSV
Gabarito: D
2. (Residência – 2021)
Assinale o cuidado essencial de enfermagem para prevenir pneumonia associada à
ventilação mecânica (PAV):
A) Aspiração contínua da via aérea
B) Troca diária do circuito do ventilador
C) Manutenção da cabeceira elevada entre 30–45°
D) Administração de antibióticos profiláticos
Gabarito: C
Aula 9 – Sepse
1. Conceito Atual de Sepse (Sepsis-3)
De acordo com a definição atual (Sepsis-3, 2016), sepse é uma disfunção orgânica
potencialmente fatal causada por uma resposta desregulada do hospedeiro a uma
infecção.
• Disfunção orgânica = alteração aguda ≥ 2 pontos no escore SOFA.
• Choque séptico = sepse com hipotensão persistente, necessitando de
vasopressores para manter PAM ≥ 65 mmHg e lactato > 2 mmol/L apesar de
reposição volêmica adequada.
2. Escala SOFA e qSOFA
SOFA (Sequential Organ Failure Assessment):
Avalia disfunção de 6 sistemas: respiratório, cardiovascular, hepático, coagulação, renal
e neurológico.
Cada item pontua de 0 a 4. Uma elevação ≥ 2 pontos indica disfunção significativa.
qSOFA (Quick SOFA) – uso à beira leito:
Critérios (pontua 1 cada):
• FR ≥ 22 rpm
• PAS ≤ 100 mmHg
• Rebaixamento do nível de consciência (Glasgow < 15)
≥ 2 critérios = alto risco de evolução para sepse grave.
3. Principais Agentes Etiológicos
• Bactérias Gram-negativas: E. coli, Klebsiella spp., Pseudomonas aeruginosa
• Bactérias Gram-positivas: Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae
• Fungos: Candida spp. (especialmente em pacientes imunossuprimidos)
4. Manifestações Clínicas
• Febre ou hipotermia
• Taquicardia
• Taquipneia
• Hipotensão
• Alteração do nível de consciência
• Oligúria
• Extremidades frias, má perfusão
• Hiperglicemia mesmo sem diabetes
• Lactato elevado
5. Diagnóstico
• Clínica + exames laboratoriais:
o Hemocultura (idealmente antes dos antibióticos)
o Leucograma (leucocitose/leucopenia)
o PCR e procalcitonina (marcadores inflamatórios)
o Lactato arterial
o Gasometria arterial
o Creatinina, bilirrubina, plaquetas
o Cultura de outros sítios suspeitos (urina, secreções, líquor)
6. Tratamento – Pacote da 1ª Hora (Surviving Sepsis Campaign)
1. Reposição volêmica inicial:
a. Cristaloides (SF 0,9% ou Ringer Lactato) – 30 mL/kg
2. Coleta de culturas antes dos antibióticos
3. Início precoce de antimicrobianos de amplo espectro
4. Mensurar lactato
5. Se hipotensão persistir, iniciar vasopressores (noradrenalina é o de escolha)
7. Cuidados de Enfermagem
• Monitorar sinais vitais frequentemente (a cada 1h ou conforme protocolo)
• Identificar sinais de piora clínica precoce (queda de pressão, oligúria,
rebaixamento de consciência)
• Administrar antibioticoterapia conforme prescrição, com máxima rapidez
• Avaliar débito urinário com sonda vesical (mínimo aceitável: 0,5 mL/kg/h)
• Controlar glicemia, temperatura e perfusão periférica
• Manter acesso venoso calibroso e pérvio
8. Resumo Direto para Concursos
• Sepse é disfunção orgânica causada por infecção.
• Diagnóstico clínico + critérios do SOFA ou qSOFA.
• Tratamento imediato com hidratação, antibiótico e suporte hemodinâmico.
• Noradrenalina é o vasopressor de escolha.
• Enfermagem: monitorar sinais vitais, infundir cristaloides, administrar
antibiótico, avaliar perfusão e diurese.
9. Questões de Concurso
1. (HU-UFPI – 2022)
Assinale a alternativa que apresenta os critérios do qSOFA:
A) FC, FR, nível de consciência
B) FR ≥ 22 rpm, PAS ≤ 100 mmHg, rebaixamento do nível de consciência
C) Lactato, FR e diurese
D) PCR, PA e nível de consciência
Gabarito: B
2. (EBSERH – 2019)
No pacote da 1ª hora no manejo da sepse, qual a medida deve ser feita primeiro?
A) Administração de antibióticos
B) Início da droga vasopressora
C) Coleta de culturas
D) Mensuração do lactato
Gabarito: C

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  • 1. Aula 1 – Monitorização da Pressão Intracraniana (PIC) 1. Conceito e Indicações A Pressão Intracraniana (PIC) representa a pressão dentro do crânio, incluindo o cérebro, sangue e líquor. O valor normal varia entre 5 e 15 mmHg em adultos. A monitorização da PIC é indicada principalmente em pacientes com: Traumatismo cranioencefálico (TCE) grave (Glasgow ≤ 8) Hemorragia subaracnoidea Acidente vascular cerebral extenso Hidrocefalia Meningoencefalite grave Tumores intracranianos 2. Fisiologia da PIC O volume intracraniano é composto por: 80% tecido cerebral 10% sangue 10% líquor
  • 2. O princípio de Monro-Kellie afirma que o volume total intracraniano é fixo. Portanto, um aumento em qualquer um dos componentes deve ser compensado por uma redução nos outros para evitar o aumento da PIC. 3. Valores de referência Normal: 5 a 15 mmHg Alvo terapêutico: Manter a PIC < 20 mmHg PIC > 20 mmHg por mais de 5 minutos: situação crítica, exige intervenção imediata 4. Métodos de Monitorização Intraventricular: mais preciso e permite drenagem do líquor (preferencial) Intraparenquimatoso: mais utilizado, porém não permite drenagem Subaracnoideo ou subdural: menos utilizados 5. Conduta Diante da Elevação da PIC Cabeceira elevada a 30° Alinhamento da cabeça com o tronco Hiperventilação temporária (reduz CO₂)
  • 3. Sedação e analgesia Manitol ou solução salina hipertônica Drenagem do líquor (se via intraventricular) 6. Complicações da Monitorização Infecção (principalmente se uso prolongado do cateter ventricular) Hemorragia Mal funcionamento ou obstrução do sistema --- Resumo Esquemático Parâmetro: PIC normal Valor / Conduta: 5 – 15 mmHg Parâmetro: Alvo terapêutico Valor / Conduta: < 20 mmHg Parâmetro: Indicação de monitorização Valor / Conduta: TCE grave, HSA, AVE extenso, tumores intracranianos, hidrocefalia Parâmetro: Método mais preciso Valor / Conduta: Intraventricular (permite drenagem de líquor)
  • 4. Parâmetro: Condutas principais diante da PIC elevada Valor / Conduta: Cabeceira a 30°, alinhamento cefálico, sedação, analgesia, manitol ou solução salina hipertônica, hiperventilação temporária, drenagem de líquor --- Questões de Concursos 1. (EBSERH - 2018) Em relação à monitorização da pressão intracraniana (PIC), assinale a alternativa correta: A) A PIC normal em adultos varia entre 15 a 25 mmHg. B) A monitorização intraparenquimatosa permite a drenagem de líquor. C) O método intraventricular é o mais preciso e permite drenagem de líquor. D) A PIC não deve ser monitorada em pacientes com TCE grave. > Resposta: C --- 2. (Residência - 2021) O valor de PIC considerado normal em adultos é: A) 0-5 mmHg B) 5-15 mmHg C) 10-25 mmHg D) 20-30 mmHg > Resposta: B
  • 5. Aula 2 – Monitorização da Pressão Venosa Central (PVC) 1. Conceito A Pressão Venosa Central (PVC) reflete a pressão no átrio direito do coração, sendo um dos principais parâmetros para avaliar o volume intravascular e o retorno venoso. 2. Valores Normais Normal: 8 a 12 cmH₂O Em ventilação mecânica ou sepse, o alvo pode ser: 12 a 15 cmH₂O 3. Indicações Avaliação do estado volêmico Monitorização de pacientes em choque Administração de drogas vasoativas Acesso venoso central prolongado Administração de soluções hiperosmolares ou quimioterápicos 4. Técnica de Monitorização
  • 6. Cateter é inserido em uma veia central (subclávia, jugular ou femoral) com a ponta posicionada no átrio direito O paciente deve estar em decúbito dorsal horizontal A linha média axilar ao nível do 4º espaço intercostal é o ponto zero de referência (flebostático) Importante: A leitura deve ser feita no final da expiração, momento em que a pressão torácica está mais próxima da pressão atmosférica. 5. Interpretação dos Valores 6. Complicações do Cateterismo Venoso Central Pneumotórax (mais comum na punção subclávia) Hemotórax Infecção Embolia aérea Trombose venosa Arritmias (se o cateter tocar a parede cardíaca)
  • 7. Resumo Esquemático – PVC Parâmetro: Valor normal Valor / Conduta: 8 – 12 cmH₂O Parâmetro: Alvo em VM ou sepse Valor / Conduta: 12 – 15 cmH₂O Parâmetro: Ponto zero de referência Valor / Conduta: Linha média axilar ao nível do 4º espaço intercostal Parâmetro: Leitura ideal Valor / Conduta: Final da expiração Parâmetro: PVC baixo Valor / Conduta: Hipovolemia Parâmetro: PVC alto Valor / Conduta: Hipervolemia, ICFD, tamponamento, PEEP elevada Questões de Concursos 1. (HU-UFJF/EBSERH – 2016) Sobre a monitorização da Pressão Venosa Central (PVC), assinale a alternativa correta: A) O valor normal da PVC é de 0 a 5 cmH₂O. B) A monitorização da PVC é realizada para avaliar a função renal. C) A leitura deve ser realizada durante a inspiração.
  • 8. D) O ponto de referência anatômico é a linha média axilar ao nível do 4º espaço intercostal. ➢ Resposta: D 2. (Residência Multiprofissional – 2020) É esperado um valor de PVC abaixo de 8 cmH₂O em pacientes com: A) Insuficiência cardíaca descompensada B) Tamponamento cardíaco C) Hipovolemia D) Hipervolemia ➢ Resposta: C Aula 3 – Monitorização da Pressão Intra-abdominal (PIA) 1. Conceito A Pressão Intra-abdominal (PIA) é a pressão existente dentro da cavidade abdominal. A elevação dessa pressão pode comprometer a perfusão dos órgãos abdominais e levar à Síndrome Compartimental Abdominal (SCA). --- 2. Valores de Referência
  • 9. PIA normal: 5 a 7 mmHg Hipertensão intra-abdominal grau I: 12 a 15 mmHg Hipertensão grau II: 16 a 20 mmHg Hipertensão grau III: 21 a 25 mmHg Hipertensão grau IV: maior que 25 mmHg Síndrome Compartimental Abdominal: PIA maior que 20 mmHg associada à disfunção orgânica --- 3. Indicações da Monitorização Politraumatismos Pacientes cirúrgicos graves Sepse abdominal Ascite volumosa Grandes queimados Ventilação mecânica com PEEP elevada
  • 10. --- 4. Método de Monitorização (mais utilizado) O método mais utilizado é o via vesical (bexiga). Passo a passo: Introduzir 25 mL de soro fisiológico na bexiga através da sonda vesical Conectar o sistema de mensuração à sonda vesical O zero do transdutor deve estar alinhado ao nível da sínfise púbica O paciente deve estar em decúbito dorsal A medida deve ser feita no final da expiração --- 5. Condutas Diante de PIA Elevada Corrigir a hipervolemia Otimizar a ventilação Drenar coleções intra-abdominais Promover analgesia e sedação
  • 11. Realizar descompressão cirúrgica (em casos graves) --- Resumo Esquemático – PIA PIA normal: 5 a 7 mmHg Hipertensão intra-abdominal grau I: 12 a 15 mmHg Síndrome Compartimental Abdominal: PIA maior que 20 mmHg com disfunção orgânica Método mais usado: via vesical (bexiga) Volume instilado: 25 mL de soro fisiológico Referência zero: sínfise púbica Posição do paciente: decúbito dorsal Momento da leitura: final da expiração --- Questões de Concursos 1. (EBSERH - 2022)
  • 12. Sobre a monitorização da pressão intra-abdominal (PIA), assinale a alternativa correta: A) A PIA é considerada normal quando inferior a 12 mmHg. B) O método mais preciso é o cateter peritoneal. C) A síndrome compartimental abdominal é definida com PIA > 15 mmHg. D) A medição da PIA pela via vesical é feita com 100 mL de soro fisiológico. Resposta correta: Letra A --- 2. (Residência Multiprofissional – 2021) A monitorização da pressão intra-abdominal, via vesical, é indicada em qual das situações abaixo? A) Pacientes ambulatoriais com hipertensão leve B) Pacientes em ventilação mecânica com alto risco de disfunção orgânica C) Pacientes com pressão intracraniana elevada D) Pacientes com trauma encefálico leve Resposta correta: Letra B Aula 4 – Pressão Arterial Invasiva (PAI) 1. Conceito A PAI é uma forma contínua e precisa de monitorar a pressão arterial, usada principalmente em pacientes criticamente enfermos. O método exige cateter arterial conectado a um transdutor de pressão. 2. Finalidades da PAI • Monitorar a pressão arterial minuto a minuto • Avaliar resposta a drogas vasoativas
  • 13. • Coletar gasometria arterial • Detectar precocemente instabilidade hemodinâmica • Evitar punções frequentes (em casos que requerem várias análises de sangue) 3. Locais de Inserção do Cateter Arterial • Artéria radial (mais comum) • Artéria femoral • Artéria braquial • Artéria dorsal do pé • Artéria axilar Importante: Sempre realizar o teste de Allen antes de puncionar a artéria radial para garantir circulação colateral adequada pela artéria ulnar. 4. Cuidados de Enfermagem com a PAI • Manter o sistema fechado, livre de bolhas de ar • A solução pressurizada deve estar a 300 mmHg • Trocar o equipo/transdutor conforme protocolo institucional • Observar sinais de infecção, sangramento e perfusão distal • Manter o ponto zero do transdutor ao nível do átrio direito (linha média axilar, 4º espaço intercostal) • Calibrar o sistema periodicamente • Não utilizar o acesso para infusão de medicamentos • Atenção com desconexões acidentais → risco de exsanguinação 5. Formas de Leitura da PAI • Leitura contínua e gráfica em monitores multiparamétricos • Valores fornecidos: pressão sistólica, diastólica e média (PAM) Fórmula da Pressão Arterial Média (PAM): PAM = (PAS + 2PAD) / 3
  • 14. Onde: PAS = Pressão Arterial Sistólica PAD = Pressão Arterial Diastólica 6. Valores de Referência • Pressão Arterial Sistólica (PAS): 90 – 120 mmHg • Pressão Arterial Diastólica (PAD): 60 – 80 mmHg • Pressão Arterial Média (PAM): maior ou igual a 65 mmHg Em pacientes críticos, a PAM ≥ 65 mmHg é fundamental para adequada perfusão tecidual. Resumo Esquemático – PAI • Finalidade: monitoramento contínuo da pressão arterial • Local mais comum de punção: artéria radial • Teste obrigatório antes da punção radial: teste de Allen • Volume da bolsa pressurizada: 300 mmHg • Nível zero do transdutor: átrio direito (linha média axilar, 4º espaço) • Fórmula da PAM: (PAS + 2PAD) ÷ 3 • Valor ideal da PAM: ≥ 65 mmHg Questões de Concursos 1. (Residência SES-PE – 2021) Em relação à monitorização da pressão arterial invasiva, assinale a alternativa correta: A) O acesso arterial pode ser utilizado para infusão de soluções. B) A artéria femoral é a mais utilizada para punção arterial. C) O sistema de pressão deve estar pressurizado a 150 mmHg. D) A leitura do transdutor deve ser referenciada ao nível do átrio direito. Resposta correta: Letra D 2. (EBSERH – 2022) Sobre os cuidados de enfermagem na monitorização da pressão arterial invasiva, é
  • 15. correto afirmar: A) A pressão arterial média ideal é de 40 mmHg em pacientes críticos. B) O transdutor deve estar sempre posicionado acima do nível do coração. C) A presença de bolhas de ar no sistema interfere na acurácia das medidas. D) O sistema pode ser utilizado para administração de drogas vasoativas. Resposta correta: Letra C Aula 5 – Drogas Vasoativas (DVAs) 1. Conceito As Drogas Vasoativas (DVAs) são medicamentos utilizados principalmente em unidades de terapia intensiva para manter a perfusão e a pressão arterial em níveis adequados, agindo sobre o sistema cardiovascular para: • Aumentar a contractilidade cardíaca (inotrópicos) • Aumentar a frequência cardíaca (cronotrópicos) • Promover vasoconstrição ou vasodilatação 2. Principais Classes de DVAs a) Vasopressores (↑ pressão arterial via vasoconstrição): • Noradrenalina (norepinefrina): primeira escolha no choque séptico • Adrenalina (epinefrina): usada em parada cardiorrespiratória e anafilaxia • Vasopressina: alternativa em choque refratário • Fenilefrina: vasoconstritor puro, sem efeito cronotrópico b) Inotrópicos positivos (↑ força de contração cardíaca): • Dobutamina: aumenta o débito cardíaco (usado na IC descompensada) • Milrinona: inotrópico e vasodilatador (inodilatador) c) Cronotrópicos positivos (↑ frequência cardíaca): • Adrenalina • Dopamina (em doses médias) 3. Administração Segura de DVA
  • 16. • Somente por via venosa central (preferencialmente) • Uso de bomba de infusão contínua • Monitorização contínua de: o Pressão arterial o Frequência cardíaca o Sinais de perfusão (TEC, temperatura, diurese) Atenção: Nunca interromper abruptamente uma droga vasoativa. Sempre reduzir gradualmente! 4. Doses e Efeitos Principais (sem tabela, tudo copiado em texto) Noradrenalina: • Dose inicial: 0,05 a 0,5 mcg/kg/min • Ação: potente vasoconstritor → ↑ PA • Efeitos adversos: isquemia periférica, taquicardia Dobutamina: • Dose: 2 a 20 mcg/kg/min • Ação: ↑ contratilidade cardíaca (sem vasoconstrição significativa) • Efeitos adversos: taquiarritmias, ↑ consumo de O₂ pelo miocárdio Adrenalina: • Dose em PCR: 1 mg IV a cada 3-5 min • Em infusão contínua: 0,01 a 0,5 mcg/kg/min • Ação: vasoconstritora e inotrópica • Efeitos adversos: arritmias, tremores, hipertensão Dopamina: • Dose baixa (1-3 mcg/kg/min): efeito dopaminérgico (diurético) • Dose média (3-10 mcg/kg/min): ↑ FC e contratilidade • Dose alta (>10 mcg/kg/min): vasoconstrição (efeito α) 5. Cuidados de Enfermagem • Confirmar identificação correta do paciente • Programar bomba de infusão com precisão
  • 17. • Monitorar sinais vitais minuto a minuto • Observar extremidades para sinais de isquemia • Avaliar débito urinário (indicador de perfusão renal) • Manter acesso venoso permeável e exclusivo Resumo Esquemático – DVAs • Vasopressores: noradrenalina, adrenalina, vasopressina • Inotrópicos: dobutamina, milrinona • Via preferencial: venosa central • Administração: bomba de infusão contínua • Monitorização: PA, FC, perfusão periférica, diurese • Nunca suspender bruscamente Questões de Concursos 1. (Residência – 2022) Assinale a alternativa correta sobre o uso de drogas vasoativas: A) Noradrenalina deve ser administrada em bolus por via periférica. B) A dobutamina reduz a contratilidade cardíaca. C) A dopamina em dose baixa tem efeito diurético. D) A adrenalina é utilizada exclusivamente em infusão contínua. Resposta correta: Letra C 2. (EBSERH – 2021) Sobre os cuidados de enfermagem durante a infusão de drogas vasoativas, é incorreto afirmar: A) Deve-se utilizar bomba de infusão para garantir segurança B) A via central é preferida para administração contínua C) A interrupção súbita da infusão não traz riscos ao paciente D) A monitorização hemodinâmica é fundamental durante a infusão Resposta correta: Letra C
  • 18. Aula 6 – Gasometria Arterial 1. Conceito A gasometria arterial é um exame essencial para avaliar: • O equilíbrio ácido-básico do organismo; • A oxigenação e ventilação; • E o funcionamento respiratório e metabólico do corpo. É indicada em casos como: insuficiência respiratória, choque, acidose ou alcalose metabólica/respiratória, ventilação mecânica e distúrbios eletrolíticos. 2. Parâmetros e seus Valores de Referência • pH: 7,35 a 7,45 (define se há acidose ou alcalose) • PaCO₂ (pressão parcial de CO₂): 35 a 45 mmHg (indica a função respiratória — se estiver alto, há retenção de CO₂; se baixo, hiperventilação) • HCO₃⁻ (bicarbonato): 22 a 26 mEq/L (indica a função metabólica/renal) • PaO₂: 80 a 100 mmHg (mostra a oxigenação arterial) • SaO₂: ≥ 95% (saturação de oxigênio — quanto da hemoglobina está oxigenada) • BE (excesso de base): –2 a +2 mEq/L (indica reserva alcalina ou presença de acidose) 3. Interpretação em 3 Etapas 1. Verifique o pH: • pH < 7,35: acidose • pH > 7,45: alcalose 2. Avalie PaCO₂ e HCO₃⁻: • Se o problema está no PaCO₂ → distúrbio respiratório • Se o problema está no HCO₃⁻ → distúrbio metabólico
  • 19. 3. Avalie a compensação: • Sem compensação: apenas um parâmetro alterado e pH fora do normal • Compensação parcial: dois parâmetros alterados e pH ainda anormal • Compensação completa: dois parâmetros alterados, mas pH voltou ao normal 4. Distúrbios Ácido-Básicos e Exemplos Acidose respiratória: • pH baixo, PaCO₂ elevado • Ex: DPOC, hipoventilação, parada respiratória Alcalose respiratória: • pH alto, PaCO₂ reduzido • Ex: ansiedade, dor, hiperventilação Acidose metabólica: • pH baixo, HCO₃⁻ reduzido • Ex: diarreia intensa, cetoacidose diabética, insuficiência renal Alcalose metabólica: • pH alto, HCO₃⁻ elevado • Ex: vômitos, uso de diuréticos 5. Cuidados de Enfermagem na Coleta • Realizar teste de Allen antes da punção (para confirmar circulação colateral da mão) • Usar seringa com heparina e sem bolhas de ar • Coletar preferencialmente da artéria radial • Enviar rapidamente ao laboratório (em até 15 minutos ou manter refrigerado) • Comprimir o local por 5 a 10 minutos para prevenir sangramento • Observar o local para sinais de hematoma ou complicações 6. Resumo Final • pH define se o distúrbio é acidose ou alcalose
  • 20. • PaCO₂ → componente respiratório • HCO₃⁻ → componente metabólico • Distúrbio respiratório: pH e PaCO₂ se movem em direções opostas • Distúrbio metabólico: pH e HCO₃⁻ se movem na mesma direção 7. Questões de Concurso 1. (EBSERH – 2020) Paciente apresenta pH = 7,28, PaCO₂ = 52 mmHg e HCO₃⁻ = 24 mEq/L. Assinale o distúrbio: A) Alcalose respiratória B) Acidose respiratória C) Alcalose metabólica D) Acidose metabólica Gabarito: Letra B 2. (Residência – 2021) Sobre o preparo e coleta de gasometria arterial, marque a alternativa incorreta: A) Deve-se realizar o teste de Allen antes da coleta na artéria radial B) A coleta deve ser feita com seringa heparinizada C) A amostra pode ser mantida à temperatura ambiente por até 2 horas D) A gasometria é útil na avaliação do equilíbrio ácido-base Gabarito: Letra C Aula 7 – Desequilíbrio Hidroeletrolítico 1. Conceito O equilíbrio hidroeletrolítico é a manutenção adequada da água corporal e dos íons (eletrólitos) no organismo. Os principais eletrólitos são:
  • 21. • Sódio (Na⁺) • Potássio (K⁺) • Cálcio (Ca²⁺) • Magnésio (Mg²⁺) • Cloreto (Cl⁻) • Fosfato (PO₄³⁻) • Bicarbonato (HCO₃⁻) Alterações nesses componentes podem comprometer funções neurológicas, cardíacas, musculares e renais. 2. Principais Distúrbios Hidroeletrolíticos Hiponatremia (Na⁺ < 135 mEq/L) Causas: excesso de líquidos, SIADH, insuficiência cardíaca Sinais: náuseas, cefaleia, confusão, convulsões Tratamento: restrição hídrica, solução salina hipertônica em casos graves Hipernatremia (Na⁺ > 145 mEq/L) Causas: desidratação, diabetes insipidus Sinais: sede intensa, agitação, irritabilidade, coma Tratamento: hidratação com solução hipotônica (SF 0,45% ou água livre) Hipocalemia (K⁺ < 3,5 mEq/L) Causas: uso de diuréticos, vômitos, diarreia Sinais: fraqueza muscular, constipação, arritmias, ECG com onda U Tratamento: reposição oral ou EV com cuidado (máx. 20 mEq/h)
  • 22. Hipercalemia (K⁺ > 5,0 mEq/L) Causas: insuficiência renal, uso de IECA, lise celular Sinais: parestesias, fraqueza, arritmias graves (ECG com onda T apiculada) Tratamento: gluconato de cálcio, insulina com glicose, diuréticos, diálise Hipocalcemia (Ca²⁺ < 8,5 mg/dL) Causas: hipoparatireoidismo, pancreatite, deficiência de vitamina D Sinais: parestesia, cãibras, sinal de Chvostek e Trousseau Tratamento: reposição oral ou EV de cálcio Hipercalcemia (Ca²⁺ > 10,5 mg/dL) Causas: hiperparatireoidismo, neoplasias Sinais: fraqueza, constipação, confusão, arritmias Tratamento: hidratação, diuréticos de alça, bisfosfonatos Hipomagnesemia (Mg²⁺ < 1,5 mEq/L) Causas: alcoolismo, diarreia, uso de diuréticos Sinais: tremores, arritmias, convulsões Tratamento: sulfato de magnésio EV Hipermagnesemia (Mg²⁺ > 2,5 mEq/L) Causas: insuficiência renal, uso excessivo de laxantes Sinais: hipotensão, bradicardia, depressão respiratória Tratamento: gluconato de cálcio, diálise 3. Cuidados de Enfermagem • Monitorar sinais neurológicos, cardíacos e musculares
  • 23. • Controlar balanço hídrico rigorosamente • Checar valores laboratoriais com frequência • Observar infusão EV de eletrólitos (em bomba de infusão) • Avaliar sinais de sobrecarga ou déficit hídrico 4. Resumo Esquemático para Concursos • Na⁺: regula volume extracelular. Alterações → distúrbios neurológicos • K⁺: atua no potencial de membrana. Alterações → distúrbios cardíacos • Ca²⁺: atua na coagulação, músculos e ossos. Alterações → neuromusculares • Mg²⁺: participa de reações enzimáticas. Alterações → arritmias, convulsões 5. Questões de Concurso 1. (Residência – 2022) Paciente com fraqueza muscular e ECG com onda U proeminente. Qual o distúrbio mais provável? A) Hiponatremia B) Hipocalemia C) Hipermagnesemia D) Hipocalcemia Gabarito: B 2. (EBSERH – 2020) Assinale a afirmativa correta sobre o tratamento da hipercalemia: A) Deve-se iniciar sempre com infusão de soro fisiológico B) O gluconato de cálcio é usado para estabilizar a membrana cardíaca C) Diuréticos tiazídicos são preferidos D) A insulina deve ser evitada Gabarito: B
  • 24. Aula 8 – Ventilação Mecânica 1. Conceito A ventilação mecânica (VM) é um suporte artificial à respiração, indicado quando há incapacidade de manter trocas gasosas adequadas. Pode ser invasiva (com intubação orotraqueal ou traqueostomia) ou não invasiva (com máscara). 2. Indicações da Ventilação Mecânica Invasiva • Insuficiência respiratória aguda (hipoxêmica ou hipercápnica) • Apneia ou parada respiratória • Rebaixamento do nível de consciência com risco de aspiração • Pós-operatório de grandes cirurgias • Distúrbios neuromusculares (ex: Guillain-Barré, esclerose lateral amiotrófica) 3. Parâmetros Ventilatórios Básicos • Modo ventilatório: CMV, A/C, SIMV, PSV, CPAP • FR (frequência respiratória): 12–20 rpm • FiO₂ (fração inspirada de oxigênio): 21–100% • PEEP (pressão positiva expiratória): 5–10 cmH₂O • Vt (volume corrente): 6–8 mL/kg de peso ideal • Pressão de pico: idealmente < 30 cmH₂O 4. Modos Ventilatórios Mais Comuns 1. Modo Controlado (CMV): • Totalmente controlado pela máquina • Indicado para pacientes sedados e sem esforço respiratório
  • 25. 2. Assistido-controlado (A/C): • Paciente pode iniciar a respiração, mas o ventilador completa com suporte total • Risco: hiperventilação 3. SIMV (Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada): • Combina ciclos controlados e espontâneos • Permite transição para respiração espontânea 4. PSV (Suporte Pressórico): • Apenas ciclos espontâneos, com auxílio de pressão positiva • Usado no desmame 5. CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas): • Sem ciclos mecânicos, apenas mantém vias aéreas abertas • Utilizado em apneia do sono ou no desmame 5. Complicações da VM • Pneumotórax • Barotrauma (por excesso de pressão) • Volutrauma (excesso de volume) • Lesões de vias aéreas (laringotraqueais) • Infecções (ex: pneumonia associada à ventilação – PAV) • Diminuição do débito cardíaco (por aumento da pressão intratorácica) • Alcalose ou acidose respiratória 6. Cuidados de Enfermagem • Monitorar parâmetros respiratórios: FR, SpO₂, pressão de pico • Manter via aérea pérvia: aspiração traqueal quando necessário • Higiene oral com clorexidina (previne PAV) • Manter cabeceira elevada a 30–45° (previne aspiração) • Acompanhar sinais de desconforto ou assincronia
  • 26. • Verificar pressão do cuff (20–30 cmH₂O) regularmente • Trocar circuito ventilatório apenas quando necessário 7. Desmame da VM O desmame é o processo de retirada gradual da ventilação mecânica. Critérios importantes para iniciar o desmame: • Estabilidade hemodinâmica • PaO₂ ≥ 60 mmHg com FiO₂ ≤ 40% • FR < 30 rpm • pH dentro da normalidade • Ausência de sedação profunda Teste de respiração espontânea (TRE): paciente respira com CPAP ou T-piece por 30– 120 minutos para avaliar tolerância. 8. Resumo Rápido para Concursos • VM é indicada em falência respiratória • Modos: CMV (totalmente controlado), A/C (assistido), SIMV (intermediário), PSV e CPAP (espontâneos) • Complicações comuns: PAV, barotrauma, hipotensão • Enfermagem: cabeceira elevada, higiene oral, aspiração, monitoramento contínuo • Desmame: TRE, critérios clínicos, uso de CPAP ou T-piece 9. Questões de Concurso 1. (EBSERH – 2020) Qual dos modos ventilatórios é mais indicado durante o processo de desmame da ventilação mecânica? A) CMV B) A/C C) SIMV D) PSV
  • 27. Gabarito: D 2. (Residência – 2021) Assinale o cuidado essencial de enfermagem para prevenir pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV): A) Aspiração contínua da via aérea B) Troca diária do circuito do ventilador C) Manutenção da cabeceira elevada entre 30–45° D) Administração de antibióticos profiláticos Gabarito: C Aula 9 – Sepse 1. Conceito Atual de Sepse (Sepsis-3) De acordo com a definição atual (Sepsis-3, 2016), sepse é uma disfunção orgânica potencialmente fatal causada por uma resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção. • Disfunção orgânica = alteração aguda ≥ 2 pontos no escore SOFA. • Choque séptico = sepse com hipotensão persistente, necessitando de vasopressores para manter PAM ≥ 65 mmHg e lactato > 2 mmol/L apesar de reposição volêmica adequada. 2. Escala SOFA e qSOFA SOFA (Sequential Organ Failure Assessment): Avalia disfunção de 6 sistemas: respiratório, cardiovascular, hepático, coagulação, renal e neurológico. Cada item pontua de 0 a 4. Uma elevação ≥ 2 pontos indica disfunção significativa.
  • 28. qSOFA (Quick SOFA) – uso à beira leito: Critérios (pontua 1 cada): • FR ≥ 22 rpm • PAS ≤ 100 mmHg • Rebaixamento do nível de consciência (Glasgow < 15) ≥ 2 critérios = alto risco de evolução para sepse grave. 3. Principais Agentes Etiológicos • Bactérias Gram-negativas: E. coli, Klebsiella spp., Pseudomonas aeruginosa • Bactérias Gram-positivas: Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae • Fungos: Candida spp. (especialmente em pacientes imunossuprimidos) 4. Manifestações Clínicas • Febre ou hipotermia • Taquicardia • Taquipneia • Hipotensão • Alteração do nível de consciência • Oligúria • Extremidades frias, má perfusão • Hiperglicemia mesmo sem diabetes • Lactato elevado 5. Diagnóstico • Clínica + exames laboratoriais: o Hemocultura (idealmente antes dos antibióticos) o Leucograma (leucocitose/leucopenia) o PCR e procalcitonina (marcadores inflamatórios) o Lactato arterial o Gasometria arterial
  • 29. o Creatinina, bilirrubina, plaquetas o Cultura de outros sítios suspeitos (urina, secreções, líquor) 6. Tratamento – Pacote da 1ª Hora (Surviving Sepsis Campaign) 1. Reposição volêmica inicial: a. Cristaloides (SF 0,9% ou Ringer Lactato) – 30 mL/kg 2. Coleta de culturas antes dos antibióticos 3. Início precoce de antimicrobianos de amplo espectro 4. Mensurar lactato 5. Se hipotensão persistir, iniciar vasopressores (noradrenalina é o de escolha) 7. Cuidados de Enfermagem • Monitorar sinais vitais frequentemente (a cada 1h ou conforme protocolo) • Identificar sinais de piora clínica precoce (queda de pressão, oligúria, rebaixamento de consciência) • Administrar antibioticoterapia conforme prescrição, com máxima rapidez • Avaliar débito urinário com sonda vesical (mínimo aceitável: 0,5 mL/kg/h) • Controlar glicemia, temperatura e perfusão periférica • Manter acesso venoso calibroso e pérvio 8. Resumo Direto para Concursos • Sepse é disfunção orgânica causada por infecção. • Diagnóstico clínico + critérios do SOFA ou qSOFA. • Tratamento imediato com hidratação, antibiótico e suporte hemodinâmico. • Noradrenalina é o vasopressor de escolha. • Enfermagem: monitorar sinais vitais, infundir cristaloides, administrar antibiótico, avaliar perfusão e diurese.
  • 30. 9. Questões de Concurso 1. (HU-UFPI – 2022) Assinale a alternativa que apresenta os critérios do qSOFA: A) FC, FR, nível de consciência B) FR ≥ 22 rpm, PAS ≤ 100 mmHg, rebaixamento do nível de consciência C) Lactato, FR e diurese D) PCR, PA e nível de consciência Gabarito: B 2. (EBSERH – 2019) No pacote da 1ª hora no manejo da sepse, qual a medida deve ser feita primeiro? A) Administração de antibióticos B) Início da droga vasopressora C) Coleta de culturas D) Mensuração do lactato Gabarito: C