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O lugar da escultura e da pintura no Românico
A arquitectura é a base da arte românica. A ela se adaptam a escultura e a pintura.   S. Salvador de Bravães Ponte da Barca A subordinação à arquitetura
A função da escultura e da pintura Escultura e pintura estavam ao  serviço da Igreja : decorar as igrejas transmitir os seus ensinamentos aos fiéis (a grande maioria da população era analfabeta) transmitir uma mensagem de eternidade, solenidade, majestade e distanciamento, persuadindo os fieis a levarem uma vida simples e afastada dos pecados mortais Pormenor do capitel de umas das colunas do tímpano da Catedral de Autun, França
A função da escultura e da pintura Pormenor do capitel de umas das colunas do tímpano da Catedral de Autun, França “ As obras de arte têm pleno direito de existir, pois o seu fim não era ser adoradas pelos fiéis, mas ensinar os ignorantes. O que os doutores podem ler com a sua inteligência nos livros, vêem os ignorantes com os seus olhos nos quadros  e nos relevos” - palavras do Papa Gregório Magno (540-604).
A função da escultura e da pintura Revelou, desde a arte paleocristã, uma  nova expressão formal  assim como uma  regressão técnica , que se justificava pela valorização da mensagem em detrimento da perícia técnica. Relevo decorativo de uma igreja românica
A escultura
Forma de representação A  figura humana  era: pouco modelada sempre de frente possuía pouco realismo anatómico, notado pela desproporção das partes constituintes do corpo humano e uma posição e gestos formais muito rígidos
Forma de representação na  composição,  as personagens eram colocadas em simetria ou em alinhamento rítmico feito pela  isocefalia   (colocação à mesma altura das cabeças das figuras)  as cenas eram tratadas em poucos planos, sem perspectiva;  a temática era essencialmente religiosa, entre o alegórico e o simbólico, relatando histórias bíblicas e cenas da vida do quotidiano.
Duas tipologias da escultura Relevo Estatuária
A escultura ocupava os tímpanos, as arquivoltas e os capitéis das colunas na fachada. Tímpano, Portal Sul, Santiago de Compostela (Galiza , Espanha) O relevo
O portal O meio era ocupado por  Cristo sentado no trono, envolto pela  mandorla  ou  amêndoa mística ; à sua volta estão as outras personagens, decrescendo de importância O  portal , principal elemento do templo românico,  representava o acesso à casa de Deus,  ao Paraíso, à protecção e uma  lição à espiritualidade O tímpano que o encima é o elemento com maior  profusão decorativa e apresenta um carácter  religioso, pedagógico e estético
O tímpano era decorado com motivos narrativos, como o  Pantocrator , a representação de Cristo como divindade suprema, sentado na  cathedra , com a mão direita erguida e as Sagradas Escrituras na esquerda.   Os tímpanos Tímpano do portal da Catedral de Saint-Trophime d'Arles,  França, séc. XII
Tetramorfo : representação simbólica dos quatro evangelistas – o anjo de S. Mateus, leão de S. Marcos, touro de S. Lucas e a águia de S. João.  Os tímpanos
As arquivoltas
No interior, ou nos claustros, os capitéis eram historiados com cenas bíblicas, procurando evangelizar através das imagens. David e Golias Moisés lançado às águas do Nilo Vézelay; Borgonha; França Os capitéis
Monstros terríveis povoavam o imaginário e a escultura românicos, lembrando sempre aos fiéis os horrores do Inferno. Os capitéis
Outros locais Cachorrada da Igreja de Santa Maria, Herefordshire, Inglaterra, séc. XII Relevos do deambulatório da Basílica de Saint-Sernin, França
Outros locais   Relevo de um pilar do claustro inferior do Mosteiro de São Domingos de Silos, Burgos, Espanha, séc. XII, "A Dúvida de S. Tomé" Tímpano e mainel do nártex da Basílica de Santa Madalena de Vézelay, França
Outros locais Gárgulas Cornijas e cachorradas Pias batismais
Escultura funerária Outros locais
A estatuária A estatuária ou  imagens de vulto redondo , nomeadamente as  Virgens românicas , possuíam características semelhantes à dos relevos, mas apresentavam um  cariz mais popular ; eram  objectos de veneração , concebidos em composições simples e esquemáticas.
A estatuária As figuras eram: muito hieráticas, quer na posição quer nos gestos  eram concebidas em função do plano mural onde estavam encostadas;  utilizaram  materiais  como metal precioso, madeira, gesso e pedra estucada e posteriormente policromadas.
A pintura
A pintura Pintura parietal Iluminuras
Suportes e técnicas Suportes: madeira, pedra, pergaminho, metal Técnicas: folha de ouro (fundos bizantinos); pintura a têmpera (usa a clara-de-ovo como aglutinante)
Pintura parietal (ou mural) Decora paredes, frontais de altar e retábulos, abóbadas e tectos. Divide-se em frisos horizontais, como se fosse uma banda desenhada. Tem fins didáticos e catequéticos Pintura a fresco da Abadia de Lavaudieu, França
Temas Bíblicos (antigo e novo testamentos) Vida da Virgem (temas marianos) Vida de Cristo Hagiográficos (vidas de santos, sobretudo mártires)
Aspectos formais As técnicas formais e estilísticas empregues variam de região para região, sendo impossível distinguir autores, mas sim   escolas ou oficinas. O seu trabalho era geralmente colectivo e a aprendizagem era feita nos  scriptoria  dos conventos e catedrais. Não havia criatividade ou inovação A Anunciação", fresco da Igreja de St. John, Áustria
Aspectos formais prevalência do  desenho  sobre a cor;  falta de proporção e rigor anatómico nas figuras, devido à tendência para a  esquematização  e  estilização   das mesmas;  posições  formalizadas  e desarticuladas;  aplicação da  cor a cheio , sem sombreados ou matizados;  bidimensionalidade   (ausência de perspectiva); Pintura a fresco da Abadia de Lavaudieu, França
Aspectos formais composições organizadas segundo esquemas geométricos complexos onde predominam os rectângulos e os círculos, com um grande sentido rítmico dado pela repetição, na horizontal, das figuras; utilização de elementos arquitectónicos, que serviam de enquadramento cénico à obra;  Pintura a fresco da abobada da abside da Igreja de Santa María de Tahull, Espanha
Aspectos formais disposição das cenas em bandas ou faixas, organizadas da esquerda para a direita e de cima para baixo, ajustadas para caberem nos suportes arquitectónicos e separadas por frisos com motivos geométricos ou naturalistas, de influência romana e germânica; Fresco da Igreja de S. Angelo in Formis, em Monte Cassino, séc. XI
Aspectos formais Fundos lisos monocromáticos Contornos grossos Anatomias desproporcionadas Posições rígidas e frontais Rostos e mãos acentuados Emolduramento decorativo
Diferenças regionais Entre outras diferenças de região para região, a que mais se destaca é o tratamento da cor:  no  Oeste francês  foi notória a influência germânica marcada por frescos policromos, com fundos claros e tonalidades brilhantes;  em Itália era evidenciada a infuência bizantina, pelos fundos escuros e cores fortes;  em Espanha foram usadas cores intensas com brilhos metálicos, de influência árabe; Frescos da Igreja de St-Jacques-des-Guérets, França
Diferenças regionais Entre outras diferenças de região para região, a que mais se destaca é o tratamento da cor:  no Oeste francês foi notória a influência germânica marcada por frescos policromos, com fundos claros e tonalidades brilhantes;  em  Itália  era evidenciada a infuência bizantina, pelos fundos escuros e cores fortes;  em Espanha foram usadas cores intensas com brilhos metálicos, de influência árabe; Helena de Constantinopla representada num fresco da basílica de San Lorenzo Naggiore, Itália, séc. XII
Diferenças regionais Entre outras diferenças de região para região, a que mais se destaca é o tratamento da cor:  no Oeste francês foi notória a influência germânica marcada por frescos policromos, com fundos claros e tonalidades brilhantes;  em Itália era evidenciada a infuência bizantina, pelos fundos escuros e cores fortes;  em  Espanha  foram usadas cores intensas com brilhos metálicos, de influência árabe; "Cristo Pantocrator", fresco da abside da Igreja de São Clemente, Barcelona, Espanha
Programas iconográficos complementares Frequentemente a pintura aliava-se ao  mosaico , criando espaços coloridos e luminosos, com uma abundante iconografia sagrada nas igrejas e mausoléus Ex: Stª Maria in Trastevere, Itália
Pintura sobre madeira foi menos frequente mas igualmente significativa  era usada sobretudo para a decoração dos frontais de altar, embora também fosse utilizada para decorar a estatuária em madeira, as armações de tectos e artesoados;  possuía em grande parte a mesma temática e representação formal dos frescos  "Nossa Senhora e o Menino", pormenor central do frontal de altar do altar-mor da Igreja do Mosteiro de Santa Margarida, Espanha, séc. XII
As iluminuras A iluminura ilustrava os livros manuscritos Podia ser simplesmente decorativa (motivos florais, geométricos e animalistas) ou narrativa (cenas) Geralmente, decorava as letras capitais "São João Evangelista" representado numa das páginas do Evangelário do Abade Wedricus
A iluminura como  documento histórico A iluminura pode retratar cenas do quotidiano, ilustrar aspectos da vida e da cultura material das sociedades passadas, com o caso ao lado, onde se observam músicos medievais tocando vários instrumentos.
As iluminuras Estas pinturas primavam pela fantasia dos coloridos e pelo sentido de ritmo e movimento das suas composições, chegando a ser mais  diversificadas e criativas  que as dos frescos e a servir de inspiração aos mesmos.   Iluminura do "Apocalipse do Lorvão"
As iluminuras Ilustração de uma das páginas do livro "As Grandes Crónicas de França"
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As iluminuras Inicial ornamentada de uma das páginas da Bíblia de Winchester
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Escultura e pintura românica

  • 1. O lugar da escultura e da pintura no Românico
  • 2. A arquitectura é a base da arte românica. A ela se adaptam a escultura e a pintura. S. Salvador de Bravães Ponte da Barca A subordinação à arquitetura
  • 3. A função da escultura e da pintura Escultura e pintura estavam ao serviço da Igreja : decorar as igrejas transmitir os seus ensinamentos aos fiéis (a grande maioria da população era analfabeta) transmitir uma mensagem de eternidade, solenidade, majestade e distanciamento, persuadindo os fieis a levarem uma vida simples e afastada dos pecados mortais Pormenor do capitel de umas das colunas do tímpano da Catedral de Autun, França
  • 4. A função da escultura e da pintura Pormenor do capitel de umas das colunas do tímpano da Catedral de Autun, França “ As obras de arte têm pleno direito de existir, pois o seu fim não era ser adoradas pelos fiéis, mas ensinar os ignorantes. O que os doutores podem ler com a sua inteligência nos livros, vêem os ignorantes com os seus olhos nos quadros e nos relevos” - palavras do Papa Gregório Magno (540-604).
  • 5. A função da escultura e da pintura Revelou, desde a arte paleocristã, uma nova expressão formal assim como uma regressão técnica , que se justificava pela valorização da mensagem em detrimento da perícia técnica. Relevo decorativo de uma igreja românica
  • 7. Forma de representação A figura humana era: pouco modelada sempre de frente possuía pouco realismo anatómico, notado pela desproporção das partes constituintes do corpo humano e uma posição e gestos formais muito rígidos
  • 8. Forma de representação na composição, as personagens eram colocadas em simetria ou em alinhamento rítmico feito pela isocefalia (colocação à mesma altura das cabeças das figuras) as cenas eram tratadas em poucos planos, sem perspectiva; a temática era essencialmente religiosa, entre o alegórico e o simbólico, relatando histórias bíblicas e cenas da vida do quotidiano.
  • 9. Duas tipologias da escultura Relevo Estatuária
  • 10. A escultura ocupava os tímpanos, as arquivoltas e os capitéis das colunas na fachada. Tímpano, Portal Sul, Santiago de Compostela (Galiza , Espanha) O relevo
  • 11. O portal O meio era ocupado por Cristo sentado no trono, envolto pela mandorla ou amêndoa mística ; à sua volta estão as outras personagens, decrescendo de importância O portal , principal elemento do templo românico, representava o acesso à casa de Deus, ao Paraíso, à protecção e uma lição à espiritualidade O tímpano que o encima é o elemento com maior profusão decorativa e apresenta um carácter religioso, pedagógico e estético
  • 12. O tímpano era decorado com motivos narrativos, como o Pantocrator , a representação de Cristo como divindade suprema, sentado na cathedra , com a mão direita erguida e as Sagradas Escrituras na esquerda. Os tímpanos Tímpano do portal da Catedral de Saint-Trophime d'Arles, França, séc. XII
  • 13. Tetramorfo : representação simbólica dos quatro evangelistas – o anjo de S. Mateus, leão de S. Marcos, touro de S. Lucas e a águia de S. João. Os tímpanos
  • 15. No interior, ou nos claustros, os capitéis eram historiados com cenas bíblicas, procurando evangelizar através das imagens. David e Golias Moisés lançado às águas do Nilo Vézelay; Borgonha; França Os capitéis
  • 16. Monstros terríveis povoavam o imaginário e a escultura românicos, lembrando sempre aos fiéis os horrores do Inferno. Os capitéis
  • 17. Outros locais Cachorrada da Igreja de Santa Maria, Herefordshire, Inglaterra, séc. XII Relevos do deambulatório da Basílica de Saint-Sernin, França
  • 18. Outros locais   Relevo de um pilar do claustro inferior do Mosteiro de São Domingos de Silos, Burgos, Espanha, séc. XII, "A Dúvida de S. Tomé" Tímpano e mainel do nártex da Basílica de Santa Madalena de Vézelay, França
  • 19. Outros locais Gárgulas Cornijas e cachorradas Pias batismais
  • 21. A estatuária A estatuária ou imagens de vulto redondo , nomeadamente as Virgens românicas , possuíam características semelhantes à dos relevos, mas apresentavam um cariz mais popular ; eram objectos de veneração , concebidos em composições simples e esquemáticas.
  • 22. A estatuária As figuras eram: muito hieráticas, quer na posição quer nos gestos eram concebidas em função do plano mural onde estavam encostadas; utilizaram materiais como metal precioso, madeira, gesso e pedra estucada e posteriormente policromadas.
  • 24. A pintura Pintura parietal Iluminuras
  • 25. Suportes e técnicas Suportes: madeira, pedra, pergaminho, metal Técnicas: folha de ouro (fundos bizantinos); pintura a têmpera (usa a clara-de-ovo como aglutinante)
  • 26. Pintura parietal (ou mural) Decora paredes, frontais de altar e retábulos, abóbadas e tectos. Divide-se em frisos horizontais, como se fosse uma banda desenhada. Tem fins didáticos e catequéticos Pintura a fresco da Abadia de Lavaudieu, França
  • 27. Temas Bíblicos (antigo e novo testamentos) Vida da Virgem (temas marianos) Vida de Cristo Hagiográficos (vidas de santos, sobretudo mártires)
  • 28. Aspectos formais As técnicas formais e estilísticas empregues variam de região para região, sendo impossível distinguir autores, mas sim escolas ou oficinas. O seu trabalho era geralmente colectivo e a aprendizagem era feita nos scriptoria dos conventos e catedrais. Não havia criatividade ou inovação A Anunciação", fresco da Igreja de St. John, Áustria
  • 29. Aspectos formais prevalência do desenho sobre a cor; falta de proporção e rigor anatómico nas figuras, devido à tendência para a esquematização e estilização das mesmas; posições formalizadas e desarticuladas; aplicação da cor a cheio , sem sombreados ou matizados; bidimensionalidade (ausência de perspectiva); Pintura a fresco da Abadia de Lavaudieu, França
  • 30. Aspectos formais composições organizadas segundo esquemas geométricos complexos onde predominam os rectângulos e os círculos, com um grande sentido rítmico dado pela repetição, na horizontal, das figuras; utilização de elementos arquitectónicos, que serviam de enquadramento cénico à obra; Pintura a fresco da abobada da abside da Igreja de Santa María de Tahull, Espanha
  • 31. Aspectos formais disposição das cenas em bandas ou faixas, organizadas da esquerda para a direita e de cima para baixo, ajustadas para caberem nos suportes arquitectónicos e separadas por frisos com motivos geométricos ou naturalistas, de influência romana e germânica; Fresco da Igreja de S. Angelo in Formis, em Monte Cassino, séc. XI
  • 32. Aspectos formais Fundos lisos monocromáticos Contornos grossos Anatomias desproporcionadas Posições rígidas e frontais Rostos e mãos acentuados Emolduramento decorativo
  • 33. Diferenças regionais Entre outras diferenças de região para região, a que mais se destaca é o tratamento da cor: no Oeste francês foi notória a influência germânica marcada por frescos policromos, com fundos claros e tonalidades brilhantes; em Itália era evidenciada a infuência bizantina, pelos fundos escuros e cores fortes; em Espanha foram usadas cores intensas com brilhos metálicos, de influência árabe; Frescos da Igreja de St-Jacques-des-Guérets, França
  • 34. Diferenças regionais Entre outras diferenças de região para região, a que mais se destaca é o tratamento da cor: no Oeste francês foi notória a influência germânica marcada por frescos policromos, com fundos claros e tonalidades brilhantes; em Itália era evidenciada a infuência bizantina, pelos fundos escuros e cores fortes; em Espanha foram usadas cores intensas com brilhos metálicos, de influência árabe; Helena de Constantinopla representada num fresco da basílica de San Lorenzo Naggiore, Itália, séc. XII
  • 35. Diferenças regionais Entre outras diferenças de região para região, a que mais se destaca é o tratamento da cor: no Oeste francês foi notória a influência germânica marcada por frescos policromos, com fundos claros e tonalidades brilhantes; em Itália era evidenciada a infuência bizantina, pelos fundos escuros e cores fortes; em Espanha foram usadas cores intensas com brilhos metálicos, de influência árabe; "Cristo Pantocrator", fresco da abside da Igreja de São Clemente, Barcelona, Espanha
  • 36. Programas iconográficos complementares Frequentemente a pintura aliava-se ao mosaico , criando espaços coloridos e luminosos, com uma abundante iconografia sagrada nas igrejas e mausoléus Ex: Stª Maria in Trastevere, Itália
  • 37. Pintura sobre madeira foi menos frequente mas igualmente significativa era usada sobretudo para a decoração dos frontais de altar, embora também fosse utilizada para decorar a estatuária em madeira, as armações de tectos e artesoados; possuía em grande parte a mesma temática e representação formal dos frescos "Nossa Senhora e o Menino", pormenor central do frontal de altar do altar-mor da Igreja do Mosteiro de Santa Margarida, Espanha, séc. XII
  • 38. As iluminuras A iluminura ilustrava os livros manuscritos Podia ser simplesmente decorativa (motivos florais, geométricos e animalistas) ou narrativa (cenas) Geralmente, decorava as letras capitais "São João Evangelista" representado numa das páginas do Evangelário do Abade Wedricus
  • 39. A iluminura como documento histórico A iluminura pode retratar cenas do quotidiano, ilustrar aspectos da vida e da cultura material das sociedades passadas, com o caso ao lado, onde se observam músicos medievais tocando vários instrumentos.
  • 40. As iluminuras Estas pinturas primavam pela fantasia dos coloridos e pelo sentido de ritmo e movimento das suas composições, chegando a ser mais diversificadas e criativas que as dos frescos e a servir de inspiração aos mesmos. Iluminura do "Apocalipse do Lorvão"
  • 41. As iluminuras Ilustração de uma das páginas do livro "As Grandes Crónicas de França"
  • 42. As iluminuras "Maria Madalena anuncia a ressureição de Jesus aos Apóstolos", iluminura do saltério de São Albano
  • 43. As iluminuras Inicial ornamentada de uma das páginas da Bíblia de Winchester
  • 44. As iluminuras Capitulares de uma das páginas do Livro de Kells, séc XI
  • 45. FIM