SlideShare uma empresa Scribd logo
O   GUIÃO
O que é um guião? Carlos Ceia e Ana Isabel Morais Texto escrito de um filme, que estabelece critérios que ajudarão o realizador e os actores sobre: os diálogos; a informação sobre os cenários;  os planos das personagens; os ângulos das filmagens;  os movimentos da câmara; e outras  indicações técnicas. 1
O guião distingue-se do argumento porque este é anterior à concepção do guião e constitui apenas a matéria exclusivamente literária do filme.    Quanto à sua elaboração, o guião deverá respeitar 3 qualidades essenciais:
O LOGOS, que corresponde à  estrutura geral  do guião. É a palavra, o discurso. O ETHOS, que corresponde ao  significado moral  da história. O PATHOS, o drama humano,  a acção  ou o conflito do quotidiano.
Para além disso, o guião obedece a uma construção lógica, que passa por 5 etapas: A  ideia , que despertará a motivação para se fazer algo a partir dela; A  palavra , ou enredo; O  argumento , ou o desenvolvimento da ideia, definindo personagens e localizando a história; A  estrutura , ou modo como vamos contar a história O  guião final , contendo emoções e conflitos de cada personagem.
 
O que é um guião  ? João Nunes O Guião,  argumento  ou  registo , passa por muitas mãos e para cada pessoa representa uma coisa completamente diferente. Para o seu autor, o  guionista , o guião é uma obra literária, original ou adaptada, através da qual ele conta uma história, desenvolve personagens e relações, explora situações e conflitos, apresenta ideias, dando livre curso à sua imaginação e criatividade. 2
Para um  produtor de cinema , o guião é um documento de trabalho que lhe vai servir para estimar os custos da produção, para aliciar o realizador e o elenco, enfim a sua qualidade e a capacidade de vir a transformar-se num filme. O  realizador , que pode não ser o guionista, analisa-o sob o ponto de vista  artístico  (o que é que nas páginas do guião me tocou?),  técnico  (que fazer para transformar as páginas em imagens e sons?) e  pessoal  (qual o seu contributo para a minha evolução?)
Afinal, o que é mesmo um guião ? Um documento escrito que  identifica  e  descreve  sequencialmente as cenas que compõem um filme e, dentro de cada cena, as  acções  e  diálogos  dos personagens perfeitamente identificados e os  aspectos visíveis e audíveis  que os condicionam, técnicos ou não. Tem em média entre 80 e 130 minutos páginas, correspondendo cada uma a cerca de  1 minuto  de filme.
  O GUIÃO   um exemplo prático … 3
039 – EXT - RUA DO ARMAZÉM – DIA ALBERTO e FIRMINO, no exterior do armazém, preparam-se para entrar na mata. Ajeitam os apetrechos às costas. O guarda-livros e gerente da propriedade, GUERREIRO, sai do armazém.  É um homem de 50 anos, magro e um pouco encurvado, vestido com sobriedade. Vem acompanhado por D. YáYá, 35 anos, a sua mulher. É a mesma que Alberto viu na janela da casa grande e a sua beleza é realmente admirável. Alberto olha para D. Yáyá. A mulher também repara nele. Com o seu fato, gravata e sapatos de verniz, o português destaca-se no meio dos restantes trabalhadores.
FIRMINO Esse aí é o sr. Guerreiro, o  gerente aqui do seringal.  A mulher é Dona Yáyá. ALBERTO É uma bela mulher, por sinal. FIRMINO É sim, mas não é para o nosso bico… (começando a andar) Vamos andando que a caminhada é longa. FIRMINO Tenha cuidado, moço. Aqui todas as  mulheres têm dono. Alberto continua a acompanhar a senhora com o olhar.
Alberto, que tem um SACO DE SERAPILHEIRA às costas, e a MALA DE COURO numa das mãos, encara o trilho à sua frente: um caminho cujo começo mal se percebe, rasgando uma selva imponente, imenso, perigoso. Os dois homens iniciam a caminhada em direcção ao acampamento.   CORTA PARA:
Você vai ter tudo o que precisa, diz-me uma mulher de olhar triste que não conheço, na fila do autocarro, neste entardecer repentino. Você é um homem bom, a vida vai correr-lhe bem, afirma-me um mendigo a quem dou algumas moedas. Acredite que é possível e mude a sua vida, anuncia-me o horóscopo numa das últimas páginas do jornal diário, dado a conhecer por uma senhora idosa, acabada de chegar à fila do autocarro, que não transparece qualquer emoção. E eu, que gosto de seguir as minhas próprias opiniões, digo bem alto que todos têm razão, que pouco a pouco, com muita paciência e persistência, tenho seguido o meu caminho, este mesmo que construo enquanto avanço, e que só me pode levar onde tenho de ir. Já noite, entro finalmente no autocarro que segue lentamente o caminho de todos os dias, ninguém sabe para onde, só eu acompanhado por todos, nesta cidade de todos os dias, cinzenta só para alguns. (ideia original in MIL E UMA PEQUENAS HISTÓRIAS, http://1000euma.blogspot.com) ARGUMENTO
XX – EXT – PARAGEM DO AUTOCARRO – ENTARDECER Encontro de várias pessoas na fila do autocarro: uma MULHER de olhos tristes e um MENDIGO, dirigindo-se ambos para o personagem principal, EU.  MULHER Você vai ter tudo o que precisa. MENDIGO Você é um homem bom, a vida vai corre-lhe bem. O personagem central dá algumas moedas ao mendigo. Uma IDOSA dá a conhecer o horóscopo numa das últimas páginas do jornal diário: Acredite que é possível e mude a sua vida. .
EU  (falando bem alto) Todos têm razão! Pouco a pouco com muita paciência e persistência tenho seguido o meu caminho, este mesmo que construo enquanto avanço e que só me pode levar onde tenho de ir. Anoitece, e o personagem central entra no autocarro que segue o seu caminho de todos os dias, acompanhado por todos, ninguém sabe para onde. CORTA PARA:
 
Os componentes principais do guião A cena escolhida, que no guião tem o número 39 constitui uma pequena unidade de acção dramática, está organizada segundo uma determinada lógica e contém elementos característicos dos guiões: O CABEÇALHO A DESCRIÇÃO OS PERSONAGENS OS DIÁLOGOS PARÊNTES AS TRANSIÇÕES OUTRAS INDICAÇÕES
O CABEÇALHO -EXT,  trata-se de uma cena de exterior -RUA DO ARMAZÉM que decorre num determinado local -DIA e que se passa-se numa certa altura
A DESCRIÇÃO É a descrição da situação e das acções dos personagens envolvidos na cena. Pode ocupar um ou vários parágrafos e deve ser o mais clara possível, mas também envolvente. Estas descrições devem limitar-se ao que é possível ver e ouvir. Devemos evitar descrições do que vai na cabeça dos personagens.
OS PERSONAGENS São definidos pelo que fazem e dizem, não pelo que pensam, imaginam, sonham ou temem. Quando um personagem aparece pela primeira vez num guião, deve ser acompanhado de uma breve descrição das suas características. O nome dos personagens aparece sempre em maiúsculas e destacado antes das suas falas.
OS DIÁLOGOS Inscrevem-se no guião, destacando o nome do personagem num parágrafo à parte, mais recuado e em maiúsculas, seguido por um bloco de texto com a sua fala . Os diálogos podem suceder-se, intercalando um personagem com outro, ou podem ser interrompidos por novos parágrafos de descrição da acção
PARÊNTESES A fala de um personagem também pode ser antecedida por (ou intercalada com) comentários entre parênteses, por exemplo (começando a andar). Estes devem ser usados com moderação e só quando não haja outra maneira de passar a informação.
TRANSIÇÕES São instruções escritas em maiúsculas, no fim ou no início da cena, onde se indica a forma de passar para a cena seguinte, ou que se vem de outra cena, por exemplo: CORTA PARA, DISSOLVE, FADE OUT ou FADE IN.
OUTRAS INDICAÇÕES No exemplo, algumas palavras aparecem em maiúsculas (SACO DE SERAPILHEIRA e MALA DE COURO), São indicações destinadas a chamar a atenção do leitor e dos técnicos da equipa de produção, para elementos importantes na cena. Hoje considera-se desnecessário dar indicações sobre movimentos de câmara ou zooms, por serem opções do realizador e do director de fotografia.
OUTROS ELEMENTOS Há ainda outros elementos que devem encontrar-se no guião, tais como: FONTE  do texto Courier 12 ou Courier New 12 Não se utilizam  itálicos  nem  negritos . FORMATO  do papel Carta ou letter (27.94 cm x 21.59 cm),  estando vulgarizado fora dos países anglo-saxónicos, o formato normalizado  A4.
MARGENS Vertical  – em cima 2,5 cm e em baixo de 2,5 a 3 cm; Acção/Cabeçalhos  – esquerda 3,5 cm e direita de 3,5 a 4 cm; Nomes  – 9 cm da esquerda; Diálogo  – 6,5 cm da esquerda e 7,5 cm da direita; Instruções  para o actor – 7 cm da esquerda; Justificação  – Diálogo e acção para a esquerda;
CAPA O  título  a 3/8 da página, centrado e em baixo as indicações de  copyright  e data. ÚLTIMA PÁGINA Depois da última linha do guião, inscreve-se o termo FADE OUT, seguido de dois  enters  e a palavra  FIM , ou  O Fim , centrado na página.
FIM

Mais conteúdo relacionado

PDF
Escrita guiao
Teresa Pombo
 
PDF
Pre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e Storyboard
Pedro Almeida
 
PDF
GRIÃO TÉCNICO
Karina Braz
 
PDF
Guião Literário
JoanaRodriguesCM
 
PDF
Produção em TV
Júlio Rocha
 
PDF
Guião literário
fabio_carneiro
 
DOCX
Guião Técnico (1)
claudiowww
 
Escrita guiao
Teresa Pombo
 
Pre-produção AV - Guiões Literários, Técnicos e Storyboard
Pedro Almeida
 
GRIÃO TÉCNICO
Karina Braz
 
Guião Literário
JoanaRodriguesCM
 
Produção em TV
Júlio Rocha
 
Guião literário
fabio_carneiro
 
Guião Técnico (1)
claudiowww
 

Mais procurados (20)

PDF
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Processos de produção audiovisual pdf
UNIP. Universidade Paulista
 
PPTX
Produção e realização Audiovisual
Feliciano Novo
 
PPT
Valor aspetual
Cristina Martins
 
PPSX
Aula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitário
Elizeu Nascimento Silva
 
PDF
Produção e Realização Audiovisual 1 - aula pré-produção
Pedro Almeida
 
PPTX
O artigo de apreciação crítica
Fernanda Monteiro
 
PPS
Aula 6 - O Roteiro
Fernando
 
DOCX
Texto dramático: "Falar Verdade a mentir"
inessalgado
 
PDF
A arte do cinema: Como se faz um filme - Teresa Silva
Teresa Silva
 
PDF
Tipos de Documentários
Luciano Dias
 
PPTX
As cantigas de amigo
Helena Coutinho
 
PDF
INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIRO
Fausto Coimbra
 
PDF
Guião multimédia-narrativa
JooLucas269688
 
PDF
Como fazer uma apresentação oral?
becastanheiradepera
 
PPT
Projecto e Produção Multimédia
Goncalo
 
PPSX
Os Maias - personagens
António Fernandes
 
PPTX
Texto dramático
Ana Arminda Moreira
 
PPT
Oracoes subordinadas
Delfina Vernuccio
 
PPTX
Gil vicente, farsa de inês pereira
David Caçador
 
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Processos de produção audiovisual pdf
UNIP. Universidade Paulista
 
Produção e realização Audiovisual
Feliciano Novo
 
Valor aspetual
Cristina Martins
 
Aula linguagem audiovisual 03 roteiro publicitário
Elizeu Nascimento Silva
 
Produção e Realização Audiovisual 1 - aula pré-produção
Pedro Almeida
 
O artigo de apreciação crítica
Fernanda Monteiro
 
Aula 6 - O Roteiro
Fernando
 
Texto dramático: "Falar Verdade a mentir"
inessalgado
 
A arte do cinema: Como se faz um filme - Teresa Silva
Teresa Silva
 
Tipos de Documentários
Luciano Dias
 
As cantigas de amigo
Helena Coutinho
 
INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ROTEIRO
Fausto Coimbra
 
Guião multimédia-narrativa
JooLucas269688
 
Como fazer uma apresentação oral?
becastanheiradepera
 
Projecto e Produção Multimédia
Goncalo
 
Os Maias - personagens
António Fernandes
 
Texto dramático
Ana Arminda Moreira
 
Oracoes subordinadas
Delfina Vernuccio
 
Gil vicente, farsa de inês pereira
David Caçador
 
Anúncio

Destaque (20)

PDF
How to Write a Screenplay or Tell a Better Story
Victor Pineiro
 
PPT
Guião para a elaboração de trabalho escrito
fbritol10
 
PDF
Guião de video promocional
Nuno Ricardo Oliveira
 
PDF
Guiao Videoclip
Angel Sanchez
 
DOCX
Guião técnico
Agostinho
 
PPTX
Estética, movimentos de câmara e enquadramentos
Clara Ferreira
 
PDF
Guiao final
Karina Braz
 
PPSX
Estética,movimentos de câmara e enquadramentos
Clara Ferreira
 
DOC
2 guião documentário orientações prof ana- feito
jps77
 
PPTX
Estética, movimentos de câmara e enquadramentos
Clara Ferreira
 
PDF
Storyboard
Erico Fileno
 
PPT
Storyboard
Josué Brazil
 
PDF
Curta Metragem - Como fazer o seu !
Bruno G.
 
PPT
Planos e ângulos
Marcio Duarte
 
PDF
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdf
UNIP. Universidade Paulista
 
PPT
Categorias Da Narrativa
Maria Fonseca
 
PDF
Bicicleta cs
José A. Moreno
 
PPTX
Guionismo 01
palacetomax
 
PDF
Guião técnico 2
Karina Braz
 
PPT
Novo Formato abril 2011
Rose Nascimento
 
How to Write a Screenplay or Tell a Better Story
Victor Pineiro
 
Guião para a elaboração de trabalho escrito
fbritol10
 
Guião de video promocional
Nuno Ricardo Oliveira
 
Guiao Videoclip
Angel Sanchez
 
Guião técnico
Agostinho
 
Estética, movimentos de câmara e enquadramentos
Clara Ferreira
 
Guiao final
Karina Braz
 
Estética,movimentos de câmara e enquadramentos
Clara Ferreira
 
2 guião documentário orientações prof ana- feito
jps77
 
Estética, movimentos de câmara e enquadramentos
Clara Ferreira
 
Storyboard
Erico Fileno
 
Storyboard
Josué Brazil
 
Curta Metragem - Como fazer o seu !
Bruno G.
 
Planos e ângulos
Marcio Duarte
 
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL - Etapas da Produção pdf
UNIP. Universidade Paulista
 
Categorias Da Narrativa
Maria Fonseca
 
Bicicleta cs
José A. Moreno
 
Guionismo 01
palacetomax
 
Guião técnico 2
Karina Braz
 
Novo Formato abril 2011
Rose Nascimento
 
Anúncio

Semelhante a O Que é Um GuiãO (20)

PPT
Escrita guiao
Teresa Pombo
 
PPT
Carol Fioratti - Do Roteiro à Viabilização - TIP (13/07/2013)
TIP
 
PDF
2208como_escrever_uma_peca_de_teatro.pdf
NaiaraJohn2
 
PPT
Oficina de roteiro
atovirtual
 
PPT
Roteiro pedro pazelli slide apresentação
Isvaldo Souza
 
PDF
Redação publicitária - criando roteiros vendedores e criativos para TV e w…
VOZ Comunica
 
PPTX
Tudo o que precisa sobre o texto dramático.pptx
ssuser798394
 
PDF
Slides do Módulo 3 sobre Roteiro e Edição de vídeo
Grupo Educação, Mídias e Comunidade Surda
 
PDF
Ação de formação do livro ao palco
anaritamor
 
PDF
Oficina Santa Dica - Módulo III - Aula I
Sharmaine Caixeta
 
PPTX
aula de produção de vídeo para o mercado da publicidade
R.A Gomes
 
PPT
Roteiro 0007
Bruno G.
 
PDF
como-formatar-seu-roteiro-hugo-moss.pdf
LucianoOliveira234869
 
PPTX
Texto dramático e as suas características
Claudia Fernandes Lazarini
 
PPTX
Texto dramático- mMensagens8 características.pptx
SANDRAMARLENEBARBOSA1
 
PDF
Oficina de Introdução ao Roteiro Audiovisual
Paola Giovana
 
PPTX
GÊNERO TEXTUAL CRÔNICA: ARTE DO COTIDIANO.pptx
deborahmac1
 
PDF
Oficina de jornalismo literário 2013
aulasdejornalismo
 
PPTX
Apresentação Teatro_texto dramático.pptx
Eunice Carvalho
 
Escrita guiao
Teresa Pombo
 
Carol Fioratti - Do Roteiro à Viabilização - TIP (13/07/2013)
TIP
 
2208como_escrever_uma_peca_de_teatro.pdf
NaiaraJohn2
 
Oficina de roteiro
atovirtual
 
Roteiro pedro pazelli slide apresentação
Isvaldo Souza
 
Redação publicitária - criando roteiros vendedores e criativos para TV e w…
VOZ Comunica
 
Tudo o que precisa sobre o texto dramático.pptx
ssuser798394
 
Slides do Módulo 3 sobre Roteiro e Edição de vídeo
Grupo Educação, Mídias e Comunidade Surda
 
Ação de formação do livro ao palco
anaritamor
 
Oficina Santa Dica - Módulo III - Aula I
Sharmaine Caixeta
 
aula de produção de vídeo para o mercado da publicidade
R.A Gomes
 
Roteiro 0007
Bruno G.
 
como-formatar-seu-roteiro-hugo-moss.pdf
LucianoOliveira234869
 
Texto dramático e as suas características
Claudia Fernandes Lazarini
 
Texto dramático- mMensagens8 características.pptx
SANDRAMARLENEBARBOSA1
 
Oficina de Introdução ao Roteiro Audiovisual
Paola Giovana
 
GÊNERO TEXTUAL CRÔNICA: ARTE DO COTIDIANO.pptx
deborahmac1
 
Oficina de jornalismo literário 2013
aulasdejornalismo
 
Apresentação Teatro_texto dramático.pptx
Eunice Carvalho
 

Mais de José A. Moreno (20)

PDF
Organizacao formal ana_matos
José A. Moreno
 
PPT
experiencia gil
José A. Moreno
 
PPT
Estudante Digital
José A. Moreno
 
PPT
Pp Luz Cor M5 Cga
José A. Moreno
 
PDF
Freud Ppt
José A. Moreno
 
PDF
Sistema Imunitário
José A. Moreno
 
PDF
Comportamentos Sexuais na Adolescência
José A. Moreno
 
PDF
Qualidade aa água
José A. Moreno
 
PDF
Mulher e Cancro da Mama
José A. Moreno
 
PDF
Montanha Russa Txt
José A. Moreno
 
PDF
Montanha Russa
José A. Moreno
 
PDF
Lançamento de Projécteis
José A. Moreno
 
PDF
Galinhas
José A. Moreno
 
PDF
Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb
José A. Moreno
 
PDF
Freud1
José A. Moreno
 
PDF
Trissomia21
José A. Moreno
 
PDF
Doenças Cromossómicas
José A. Moreno
 
PDF
Consumidor
José A. Moreno
 
PDF
25 de Abril
José A. Moreno
 
PPT
D quixote de la mancha
José A. Moreno
 
Organizacao formal ana_matos
José A. Moreno
 
experiencia gil
José A. Moreno
 
Estudante Digital
José A. Moreno
 
Pp Luz Cor M5 Cga
José A. Moreno
 
Freud Ppt
José A. Moreno
 
Sistema Imunitário
José A. Moreno
 
Comportamentos Sexuais na Adolescência
José A. Moreno
 
Qualidade aa água
José A. Moreno
 
Mulher e Cancro da Mama
José A. Moreno
 
Montanha Russa Txt
José A. Moreno
 
Montanha Russa
José A. Moreno
 
Lançamento de Projécteis
José A. Moreno
 
Galinhas
José A. Moreno
 
Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb
José A. Moreno
 
Trissomia21
José A. Moreno
 
Doenças Cromossómicas
José A. Moreno
 
Consumidor
José A. Moreno
 
25 de Abril
José A. Moreno
 
D quixote de la mancha
José A. Moreno
 

O Que é Um GuiãO

  • 1. O GUIÃO
  • 2. O que é um guião? Carlos Ceia e Ana Isabel Morais Texto escrito de um filme, que estabelece critérios que ajudarão o realizador e os actores sobre: os diálogos; a informação sobre os cenários; os planos das personagens; os ângulos das filmagens; os movimentos da câmara; e outras indicações técnicas. 1
  • 3. O guião distingue-se do argumento porque este é anterior à concepção do guião e constitui apenas a matéria exclusivamente literária do filme. Quanto à sua elaboração, o guião deverá respeitar 3 qualidades essenciais:
  • 4. O LOGOS, que corresponde à estrutura geral do guião. É a palavra, o discurso. O ETHOS, que corresponde ao significado moral da história. O PATHOS, o drama humano, a acção ou o conflito do quotidiano.
  • 5. Para além disso, o guião obedece a uma construção lógica, que passa por 5 etapas: A ideia , que despertará a motivação para se fazer algo a partir dela; A palavra , ou enredo; O argumento , ou o desenvolvimento da ideia, definindo personagens e localizando a história; A estrutura , ou modo como vamos contar a história O guião final , contendo emoções e conflitos de cada personagem.
  • 6.  
  • 7. O que é um guião ? João Nunes O Guião, argumento ou registo , passa por muitas mãos e para cada pessoa representa uma coisa completamente diferente. Para o seu autor, o guionista , o guião é uma obra literária, original ou adaptada, através da qual ele conta uma história, desenvolve personagens e relações, explora situações e conflitos, apresenta ideias, dando livre curso à sua imaginação e criatividade. 2
  • 8. Para um produtor de cinema , o guião é um documento de trabalho que lhe vai servir para estimar os custos da produção, para aliciar o realizador e o elenco, enfim a sua qualidade e a capacidade de vir a transformar-se num filme. O realizador , que pode não ser o guionista, analisa-o sob o ponto de vista artístico (o que é que nas páginas do guião me tocou?), técnico (que fazer para transformar as páginas em imagens e sons?) e pessoal (qual o seu contributo para a minha evolução?)
  • 9. Afinal, o que é mesmo um guião ? Um documento escrito que identifica e descreve sequencialmente as cenas que compõem um filme e, dentro de cada cena, as acções e diálogos dos personagens perfeitamente identificados e os aspectos visíveis e audíveis que os condicionam, técnicos ou não. Tem em média entre 80 e 130 minutos páginas, correspondendo cada uma a cerca de 1 minuto de filme.
  • 10. O GUIÃO um exemplo prático … 3
  • 11. 039 – EXT - RUA DO ARMAZÉM – DIA ALBERTO e FIRMINO, no exterior do armazém, preparam-se para entrar na mata. Ajeitam os apetrechos às costas. O guarda-livros e gerente da propriedade, GUERREIRO, sai do armazém. É um homem de 50 anos, magro e um pouco encurvado, vestido com sobriedade. Vem acompanhado por D. YáYá, 35 anos, a sua mulher. É a mesma que Alberto viu na janela da casa grande e a sua beleza é realmente admirável. Alberto olha para D. Yáyá. A mulher também repara nele. Com o seu fato, gravata e sapatos de verniz, o português destaca-se no meio dos restantes trabalhadores.
  • 12. FIRMINO Esse aí é o sr. Guerreiro, o gerente aqui do seringal. A mulher é Dona Yáyá. ALBERTO É uma bela mulher, por sinal. FIRMINO É sim, mas não é para o nosso bico… (começando a andar) Vamos andando que a caminhada é longa. FIRMINO Tenha cuidado, moço. Aqui todas as mulheres têm dono. Alberto continua a acompanhar a senhora com o olhar.
  • 13. Alberto, que tem um SACO DE SERAPILHEIRA às costas, e a MALA DE COURO numa das mãos, encara o trilho à sua frente: um caminho cujo começo mal se percebe, rasgando uma selva imponente, imenso, perigoso. Os dois homens iniciam a caminhada em direcção ao acampamento. CORTA PARA:
  • 14. Você vai ter tudo o que precisa, diz-me uma mulher de olhar triste que não conheço, na fila do autocarro, neste entardecer repentino. Você é um homem bom, a vida vai correr-lhe bem, afirma-me um mendigo a quem dou algumas moedas. Acredite que é possível e mude a sua vida, anuncia-me o horóscopo numa das últimas páginas do jornal diário, dado a conhecer por uma senhora idosa, acabada de chegar à fila do autocarro, que não transparece qualquer emoção. E eu, que gosto de seguir as minhas próprias opiniões, digo bem alto que todos têm razão, que pouco a pouco, com muita paciência e persistência, tenho seguido o meu caminho, este mesmo que construo enquanto avanço, e que só me pode levar onde tenho de ir. Já noite, entro finalmente no autocarro que segue lentamente o caminho de todos os dias, ninguém sabe para onde, só eu acompanhado por todos, nesta cidade de todos os dias, cinzenta só para alguns. (ideia original in MIL E UMA PEQUENAS HISTÓRIAS, http://1000euma.blogspot.com) ARGUMENTO
  • 15. XX – EXT – PARAGEM DO AUTOCARRO – ENTARDECER Encontro de várias pessoas na fila do autocarro: uma MULHER de olhos tristes e um MENDIGO, dirigindo-se ambos para o personagem principal, EU. MULHER Você vai ter tudo o que precisa. MENDIGO Você é um homem bom, a vida vai corre-lhe bem. O personagem central dá algumas moedas ao mendigo. Uma IDOSA dá a conhecer o horóscopo numa das últimas páginas do jornal diário: Acredite que é possível e mude a sua vida. .
  • 16. EU (falando bem alto) Todos têm razão! Pouco a pouco com muita paciência e persistência tenho seguido o meu caminho, este mesmo que construo enquanto avanço e que só me pode levar onde tenho de ir. Anoitece, e o personagem central entra no autocarro que segue o seu caminho de todos os dias, acompanhado por todos, ninguém sabe para onde. CORTA PARA:
  • 17.  
  • 18. Os componentes principais do guião A cena escolhida, que no guião tem o número 39 constitui uma pequena unidade de acção dramática, está organizada segundo uma determinada lógica e contém elementos característicos dos guiões: O CABEÇALHO A DESCRIÇÃO OS PERSONAGENS OS DIÁLOGOS PARÊNTES AS TRANSIÇÕES OUTRAS INDICAÇÕES
  • 19. O CABEÇALHO -EXT, trata-se de uma cena de exterior -RUA DO ARMAZÉM que decorre num determinado local -DIA e que se passa-se numa certa altura
  • 20. A DESCRIÇÃO É a descrição da situação e das acções dos personagens envolvidos na cena. Pode ocupar um ou vários parágrafos e deve ser o mais clara possível, mas também envolvente. Estas descrições devem limitar-se ao que é possível ver e ouvir. Devemos evitar descrições do que vai na cabeça dos personagens.
  • 21. OS PERSONAGENS São definidos pelo que fazem e dizem, não pelo que pensam, imaginam, sonham ou temem. Quando um personagem aparece pela primeira vez num guião, deve ser acompanhado de uma breve descrição das suas características. O nome dos personagens aparece sempre em maiúsculas e destacado antes das suas falas.
  • 22. OS DIÁLOGOS Inscrevem-se no guião, destacando o nome do personagem num parágrafo à parte, mais recuado e em maiúsculas, seguido por um bloco de texto com a sua fala . Os diálogos podem suceder-se, intercalando um personagem com outro, ou podem ser interrompidos por novos parágrafos de descrição da acção
  • 23. PARÊNTESES A fala de um personagem também pode ser antecedida por (ou intercalada com) comentários entre parênteses, por exemplo (começando a andar). Estes devem ser usados com moderação e só quando não haja outra maneira de passar a informação.
  • 24. TRANSIÇÕES São instruções escritas em maiúsculas, no fim ou no início da cena, onde se indica a forma de passar para a cena seguinte, ou que se vem de outra cena, por exemplo: CORTA PARA, DISSOLVE, FADE OUT ou FADE IN.
  • 25. OUTRAS INDICAÇÕES No exemplo, algumas palavras aparecem em maiúsculas (SACO DE SERAPILHEIRA e MALA DE COURO), São indicações destinadas a chamar a atenção do leitor e dos técnicos da equipa de produção, para elementos importantes na cena. Hoje considera-se desnecessário dar indicações sobre movimentos de câmara ou zooms, por serem opções do realizador e do director de fotografia.
  • 26. OUTROS ELEMENTOS Há ainda outros elementos que devem encontrar-se no guião, tais como: FONTE do texto Courier 12 ou Courier New 12 Não se utilizam itálicos nem negritos . FORMATO do papel Carta ou letter (27.94 cm x 21.59 cm), estando vulgarizado fora dos países anglo-saxónicos, o formato normalizado A4.
  • 27. MARGENS Vertical – em cima 2,5 cm e em baixo de 2,5 a 3 cm; Acção/Cabeçalhos – esquerda 3,5 cm e direita de 3,5 a 4 cm; Nomes – 9 cm da esquerda; Diálogo – 6,5 cm da esquerda e 7,5 cm da direita; Instruções para o actor – 7 cm da esquerda; Justificação – Diálogo e acção para a esquerda;
  • 28. CAPA O título a 3/8 da página, centrado e em baixo as indicações de copyright e data. ÚLTIMA PÁGINA Depois da última linha do guião, inscreve-se o termo FADE OUT, seguido de dois enters e a palavra FIM , ou O Fim , centrado na página.
  • 29. FIM