SlideShare uma empresa Scribd logo
Aspectos da Filosofia Contemporânea 
Profº Altair Aguilar 
Dissemos, em aulas anteriores, que a Filosofia contemporânea vai dos meados 
do século XIX até nossos dias e que, por estar próxima de nós, é mais difícil de 
ser vista em sua generalidade, pois os problemas e as diferentes respostas 
dadas a eles parecem impossibilitar uma visão de conjunto. 
Em outras palavras, não temos distância suficiente para perceber os traços 
mais gerais e marcantes deste período da Filosofia. Apesar disso, é possível 
assinalar quais têm sido as principais questões e os principais temas que 
interessaram à Filosofia neste século e meio.
História e progresso 
O século XIX é, na Filosofia, o grande século da descoberta da História ou da 
historicidade do homem, da sociedade, das ciências e das artes. É 
particularmente com o filósofo alemão Hegel que se afirma que a História é o 
modo de ser da razão e da verdade, o modo de ser dos seres humanos e que, 
portanto, somos seres históricos. 
Hegel
No século passado, essa concepção levou à idéia de progresso, isto é, de que os 
seres humanos, as sociedades, as ciências, as artes e as técnicas melhoram com 
o passar do tempo, acumulam conhecimento e práticas, aperfeiçoando-se cada 
vez mais, de modo que o presente é melhor e superior, se comparado ao passado, 
e o futuro será melhor e superior, se comparado ao presente. 
Essa visão otimista também foi desenvolvida na França pelo filósofo Augusto 
Comte, que atribuía o progresso ao desenvolvimento das ciências positivas. 
Essas ciências permitiriam aos seres humanos “saber para prever, prever para 
prover”, de modo que o desenvolvimento social se faria por aumento do 
conhecimento científico e do controle científico da sociedade. É de Comte a idéia 
de “Ordem e Progresso”, que viria a fazer parte da bandeira do Brasil republicano.
No entanto, no século XX, a mesma afirmação da historicidade dos seres 
humanos, da razão e da sociedade levou à idéia de que a História é descontínua e 
não progressiva, cada sociedade tendo sua História própria em vez de ser apenas 
uma etapa numa História universal das civilizações. 
A idéia de progresso passa a ser criticada porque serve como desculpa para 
legitimar colonialismos e imperialismos (os mais “adiantados” teriam o direito de 
dominar os mais “atrasados”). Passa a ser criticada também a idéia de progresso 
das ciências e das técnicas, mostrando-se que, em cada época histórica e para 
cada sociedade, os conhecimentos e as práticas possuem sentido e valor próprios, 
e que tal sentido e tal valor desaparecem numa época seguinte ou são diferentes 
numa outra sociedade, não havendo, portanto, transformação contínua, acumulativa 
e progressiva. O passado foi o passado, o presente é o presente e o futuro será o 
futuro. 
Tolerância
As Ciências e as Técnicas 
No século XIX, entusiasmada com as ciências e as técnicas, bem como com a 
Segunda Revolução Industrial, a Filosofia afirmava a confiança plena e total no 
saber científico e na tecnologia para dominar e controlar a Natureza, a 
sociedade e os indivíduos. 
Acreditava-se que a sociologia, por exemplo, nos ofereceria um saber seguro e 
definitivo sobre o modo de funcionamento das sociedades e que os seres 
humanos poderiam organizar racionalmente o social, evitando revoluções, 
revoltas e desigualdades.
Acreditava-se, também, que a psicologia ensinaria definitivamente como é e 
como funciona a psique humana, quais as causas dos comportamentos e os 
meios de controlá-los, quais as causas das emoções e os meios de controlá-las, 
de tal modo que seria possível livrar-nos das angústias, do medo, da 
loucura, assim como seria possível uma pedagogia baseada nos 
conhecimentos científicos e que permitiria não só adaptar perfeitamente as 
crianças às exigências da sociedade, como também educá-las segundo suas 
vocações e potencialidades psicológicas.
No entanto, no século XX, a Filosofia passou a desconfiar do otimismo 
científico-tecnológico do século anterior em virtude de vários acontecimentos: 
as duas guerras mundiais, o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, os campos 
de concentração nazistas, as guerras da Coréia, do Vietnã, do Oriente Médio, 
do Afeganistão, as invasões comunistas da Hungria e da Tchecoslováquia, as 
ditaduras sangrentas da América Latina, a devastação de mares, florestas e 
terras, os perigos cancerígenos de alimentos e remédios, o aumento de 
distúrbios e sofrimentos mentais, etc.
Uma escola alemã de Filosofia, a Escola de Frankfurt, elaborou uma concepção 
conhecida como Teoria Crítica, na qual distingue duas formas da razão: a razão 
instrumental e a razão crítica. 
A razão instrumental é a razão técnico-científica, que faz das ciências e das 
técnicas não um meio de liberação dos seres humanos, mas um meio de 
intimidação, medo, terror e desespero. Ao contrário, a razão crítica é aquela que 
analisa e interpreta os limites e os perigos do pensamento instrumental e afirma 
que as mudanças sociais, políticas e culturais só se realizarão verdadeiramente se 
tiverem como finalidade a emancipação do gênero humano e não as idéias de 
controle e domínio técnico-científico sobre a Natureza, a sociedade e a cultura. 
HABERMAS
As Utopias 
Revolucionárias 
No século XIX, em decorrência do otimismo trazido pelas idéias de progresso, 
desenvolvimento técnico-científico, poderio humano para construir uma vida justa 
e feliz, a Filosofia apostou nas utopias revolucionárias – anarquismo, socialismo, 
comunismo -, que criariam, graças à ação política consciente dos explorados e 
oprimidos, uma sociedade nova, justa e feliz. 
No entanto, no século XX, com o surgimento das chamadas sociedades 
totalitárias – fascismo, nazismo, stalinismo – e com o aumento do poder das 
sociedades autoritárias ou ditatoriais, a Filosofia também passou a desconfiar do 
otimismo revolucionário e das utopias e a indagar se os seres humanos, os 
explorados e dominados serão capazes de criar e manter uma sociedade nova, 
justa e feliz.
O crescimento das chamadas burocracias – que dominam as organizações 
estatais, empresariais, político-partidárias, escolares, hospitalares – levou a 
Filosofia a indagar como os seres humanos poderiam derrubar esse imenso 
poderio que os governa secretamente, que eles desconhecem e que determina 
suas vidas cotidianas, desde o nascimento até a morte.
O Fim da Filosofia 
No século XIX, o otimismo positivista ou cientificista levou a Filosofia a supor que, 
no futuro, só haveria ciências, e que todos os conhecimentos e todas as 
explicações seriam dados por elas. Assim, a própria Filosofia poderia desaparecer, 
não tendo motivo para existir. 
No entanto, no século XX, a Filosofia passou a mostrar que as ciências não 
possuem princípios totalmente certos, seguros e rigorosos para as investigações, 
que os resultados podem ser duvidosos e precários, e que, freqüentemente, uma 
ciência desconhece até onde pode ir e quando está entrando no campo de 
investigação de uma outra.
A Maioridade da Razão 
No século XIX, o otimismo filosófico levava a Filosofia a afirmar que, enfim, os 
seres humanos haviam alcançado a maioridade racional, e que a razão se 
desenvolvia plenamente para que o conhecimento completo da realidade e das 
ações humanas fosse atingido. 
No entanto, Marx, no final do século XIX, e Freud, no início do século XX, 
puseram em questão esse otimismo racionalista. Marx e Freud, cada qual em 
seu campo de investigação e cada qual voltado para diferentes aspectos da 
ação humana – Marx, voltado para a economia e a política; Freud, voltado para 
as perturbações e os sofrimentos psíquicos -, fizeram descobertas que, até 
agora, continuam impondo questões filosóficas.
     Filosofia Contemporânea - Prof.Altair Aguilar.
     Filosofia Contemporânea - Prof.Altair Aguilar.
     Filosofia Contemporânea - Prof.Altair Aguilar.
     Filosofia Contemporânea - Prof.Altair Aguilar.
     Filosofia Contemporânea - Prof.Altair Aguilar.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

PPT
Alienação e-trabalho
Edirlene Fraga
 
PPTX
O que é conhecimento - filosofia
Marcelo Avila
 
PPTX
A teoria politica de Aristóteles
Alan
 
PPT
Existencialismo
Portal do Vestibulando
 
PPTX
Clássicos da sociologia
Luciano Carvalho
 
PPTX
Iluminismo
Simone P Baldissera
 
PPTX
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Atitude Filosófica
Turma Olímpica
 
PPTX
Filosofia da arte
Victor França
 
PPT
Senso comum x conhecimento científico
José Antonio Ferreira da Silva
 
PPT
Platão e Aristóteles
Tércio De Santana
 
PPTX
Sociedade feudal
Isabella Neves Silva
 
PPT
Platão e a teoria das ideias
Italo Colares
 
PPTX
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Sujeito e Objeto do Conheciment...
Turma Olímpica
 
PPT
Filosofia política
Edirlene Fraga
 
PPTX
Filosofia Política
José Ferreira Júnior
 
PPTX
Empirismo
Joel Nóbrega
 
PPTX
Descartes
Isabel Oliveira
 
PPTX
Aula - O que é PODER - Michel Foucault
Prof. Noe Assunção
 
PPT
Tecnologia e Sociedade
Luis Borges Gouveia
 
Alienação e-trabalho
Edirlene Fraga
 
O que é conhecimento - filosofia
Marcelo Avila
 
A teoria politica de Aristóteles
Alan
 
Existencialismo
Portal do Vestibulando
 
Clássicos da sociologia
Luciano Carvalho
 
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Atitude Filosófica
Turma Olímpica
 
Filosofia da arte
Victor França
 
Senso comum x conhecimento científico
José Antonio Ferreira da Silva
 
Platão e Aristóteles
Tércio De Santana
 
Sociedade feudal
Isabella Neves Silva
 
Platão e a teoria das ideias
Italo Colares
 
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Sujeito e Objeto do Conheciment...
Turma Olímpica
 
Filosofia política
Edirlene Fraga
 
Filosofia Política
José Ferreira Júnior
 
Empirismo
Joel Nóbrega
 
Descartes
Isabel Oliveira
 
Aula - O que é PODER - Michel Foucault
Prof. Noe Assunção
 
Tecnologia e Sociedade
Luis Borges Gouveia
 

Semelhante a Filosofia Contemporânea - Prof.Altair Aguilar. (20)

PPT
F ilosofia contemporanea
Edirlene Fraga
 
PPTX
2 Slide 1 Ano
Milena Leite
 
PPT
Assunto sobre Aspecto da filosofia contemporâena.ppt
ValdineyRodriguesBez1
 
PPT
08d7343ab004a36eeeee17395eeaf213736a8.ppt
ErivaldoMatos
 
PPT
Sociologia Aspecto da filsofia contemporâena.ppt
ValdineyRodriguesBez1
 
PPT
Filosofia contemporânea história e filos.
rafaelluisf
 
PPTX
Acrisedarazo 130702220619-phpapp021
Felipe Guse
 
PPTX
A crise da razão
Indiens
 
PPTX
Filosofia moderna 3 25
Alexandre Misturini
 
DOCX
Filosfia contemporânea
João Victor de Campos
 
PPTX
Introdução à Filosofia
PriscillaTomazi2015
 
PPTX
Filosofia contemporânea (visão geral).pptx
JooPedroBellas
 
PPTX
Filosofia clássica 2
Douglas Gregorio
 
PPT
Aula 1 __atitude_cient_fica
Cristiano Soares Vieira
 
PPTX
Capítulo 3
Leonardo Marques
 
PPT
Filosofia - do Idealismo Alemão a Marx
Rodrigo Moysés
 
PDF
Café filosofico2 .doc
alemisturini
 
PDF
7322083 ciencias-humanas-e-filosofia-goldmann
Tereza Oliveira Liveira
 
PDF
Café filosofico2 .doc
alemisturini
 
DOCX
Exercícios resolvidos primeiros anos capítulo 1
Adriano Capilupe
 
F ilosofia contemporanea
Edirlene Fraga
 
2 Slide 1 Ano
Milena Leite
 
Assunto sobre Aspecto da filosofia contemporâena.ppt
ValdineyRodriguesBez1
 
08d7343ab004a36eeeee17395eeaf213736a8.ppt
ErivaldoMatos
 
Sociologia Aspecto da filsofia contemporâena.ppt
ValdineyRodriguesBez1
 
Filosofia contemporânea história e filos.
rafaelluisf
 
Acrisedarazo 130702220619-phpapp021
Felipe Guse
 
A crise da razão
Indiens
 
Filosofia moderna 3 25
Alexandre Misturini
 
Filosfia contemporânea
João Victor de Campos
 
Introdução à Filosofia
PriscillaTomazi2015
 
Filosofia contemporânea (visão geral).pptx
JooPedroBellas
 
Filosofia clássica 2
Douglas Gregorio
 
Aula 1 __atitude_cient_fica
Cristiano Soares Vieira
 
Capítulo 3
Leonardo Marques
 
Filosofia - do Idealismo Alemão a Marx
Rodrigo Moysés
 
Café filosofico2 .doc
alemisturini
 
7322083 ciencias-humanas-e-filosofia-goldmann
Tereza Oliveira Liveira
 
Café filosofico2 .doc
alemisturini
 
Exercícios resolvidos primeiros anos capítulo 1
Adriano Capilupe
 
Anúncio

Mais de Altair Moisés Aguilar (20)

PPTX
Martinho Lutero - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Oliver Cromwell - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Os Puritanos - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Dinastia Tudors - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Calvinismo - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
A independência Americana - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Guerra das duas Rosas - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Revolução Inglesa - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Causas da Segunda Guerra - Prof.Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPT
Estados Islâmicos Terroristas - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Os Incas - Prof.Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Revolução Francesa - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Discurso de Adolf Hitler - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Campos Nazista - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Adolf Hitler _ Prof.Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Guerra de Tróia - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Alemanha Muro de Berlim - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Futebol - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPTX
Babilônia a Grande Meretriz - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
PPT
Islamismo - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Martinho Lutero - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Oliver Cromwell - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Os Puritanos - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Dinastia Tudors - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Calvinismo - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
A independência Americana - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Guerra das duas Rosas - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Revolução Inglesa - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Causas da Segunda Guerra - Prof.Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Estados Islâmicos Terroristas - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Os Incas - Prof.Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Revolução Francesa - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Discurso de Adolf Hitler - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Campos Nazista - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Adolf Hitler _ Prof.Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Guerra de Tróia - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Alemanha Muro de Berlim - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Futebol - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Babilônia a Grande Meretriz - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Islamismo - Prof. Altair Aguilar
Altair Moisés Aguilar
 
Anúncio

Último (20)

PDF
Matemática - Explorando os números.
Mary Alvarenga
 
PDF
Indicações na cidade.pdf com mapas e tudo
biblioteca123
 
PPTX
Slides Lição 3, Central Gospel, A Incerteza Dos Projetos, 3Tr25.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
PDF
Probabilidade - Aula 2 - Conceitos Básicos de Probabilidade.pdf
WilsonlinoAnjos
 
PDF
aula3,4,5 com os conteudos lá mencionados.
biblioteca123
 
PPTX
Atualização da NR 33-1' com você.pptx...
gabriellemepaiva
 
PPTX
Educação Física - 6º Ano - Esportes de Marca
MarcosNasinbene1
 
PDF
Regras do jogo: Rumo à Tectónica de Placas 1.0
Casa Ciências
 
PPTX
Slides Lição 4, CPAD, Uma Igreja Cheia do Espírito Santo, 3Tr25.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
PDF
Lei seca PDF no Brasil material completo
sandyromasukita
 
PDF
A Política e a Identidade das Pólis Gregas.pdf
katiasaraiva3
 
DOCX
PLANO DE AULA DIÁRIO PARA TURMAS DE PRE 2
PATRICIASILVACOSTA7
 
PDF
Boletim informativo Contacto - julho 2025
Bibliotecas Escolares AEIDH
 
PDF
Aula. Fraudes nas relações de trabalho.pdf
MariaJosRios3
 
PDF
POP IT - Calculando multiplicação
Mary Alvarenga
 
PDF
Cruzadinha - Leitura e escrita dos números.
Mary Alvarenga
 
PPTX
5. Princípios esquecidos Deus quer restaurar meu coração
TorcidaxTime
 
PDF
A formação da Roma Antiga e seus espaços públicos.pdf
katiasaraiva3
 
PPTX
Slides Lição 4, Betel, O Primeiro Milagre de Jesus, 3Tr25.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
PDF
Rotina diáriaA1-A2.pdf com montes de coisas.
biblioteca123
 
Matemática - Explorando os números.
Mary Alvarenga
 
Indicações na cidade.pdf com mapas e tudo
biblioteca123
 
Slides Lição 3, Central Gospel, A Incerteza Dos Projetos, 3Tr25.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
Probabilidade - Aula 2 - Conceitos Básicos de Probabilidade.pdf
WilsonlinoAnjos
 
aula3,4,5 com os conteudos lá mencionados.
biblioteca123
 
Atualização da NR 33-1' com você.pptx...
gabriellemepaiva
 
Educação Física - 6º Ano - Esportes de Marca
MarcosNasinbene1
 
Regras do jogo: Rumo à Tectónica de Placas 1.0
Casa Ciências
 
Slides Lição 4, CPAD, Uma Igreja Cheia do Espírito Santo, 3Tr25.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
Lei seca PDF no Brasil material completo
sandyromasukita
 
A Política e a Identidade das Pólis Gregas.pdf
katiasaraiva3
 
PLANO DE AULA DIÁRIO PARA TURMAS DE PRE 2
PATRICIASILVACOSTA7
 
Boletim informativo Contacto - julho 2025
Bibliotecas Escolares AEIDH
 
Aula. Fraudes nas relações de trabalho.pdf
MariaJosRios3
 
POP IT - Calculando multiplicação
Mary Alvarenga
 
Cruzadinha - Leitura e escrita dos números.
Mary Alvarenga
 
5. Princípios esquecidos Deus quer restaurar meu coração
TorcidaxTime
 
A formação da Roma Antiga e seus espaços públicos.pdf
katiasaraiva3
 
Slides Lição 4, Betel, O Primeiro Milagre de Jesus, 3Tr25.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
Rotina diáriaA1-A2.pdf com montes de coisas.
biblioteca123
 

Filosofia Contemporânea - Prof.Altair Aguilar.

  • 1. Aspectos da Filosofia Contemporânea Profº Altair Aguilar Dissemos, em aulas anteriores, que a Filosofia contemporânea vai dos meados do século XIX até nossos dias e que, por estar próxima de nós, é mais difícil de ser vista em sua generalidade, pois os problemas e as diferentes respostas dadas a eles parecem impossibilitar uma visão de conjunto. Em outras palavras, não temos distância suficiente para perceber os traços mais gerais e marcantes deste período da Filosofia. Apesar disso, é possível assinalar quais têm sido as principais questões e os principais temas que interessaram à Filosofia neste século e meio.
  • 2. História e progresso O século XIX é, na Filosofia, o grande século da descoberta da História ou da historicidade do homem, da sociedade, das ciências e das artes. É particularmente com o filósofo alemão Hegel que se afirma que a História é o modo de ser da razão e da verdade, o modo de ser dos seres humanos e que, portanto, somos seres históricos. Hegel
  • 3. No século passado, essa concepção levou à idéia de progresso, isto é, de que os seres humanos, as sociedades, as ciências, as artes e as técnicas melhoram com o passar do tempo, acumulam conhecimento e práticas, aperfeiçoando-se cada vez mais, de modo que o presente é melhor e superior, se comparado ao passado, e o futuro será melhor e superior, se comparado ao presente. Essa visão otimista também foi desenvolvida na França pelo filósofo Augusto Comte, que atribuía o progresso ao desenvolvimento das ciências positivas. Essas ciências permitiriam aos seres humanos “saber para prever, prever para prover”, de modo que o desenvolvimento social se faria por aumento do conhecimento científico e do controle científico da sociedade. É de Comte a idéia de “Ordem e Progresso”, que viria a fazer parte da bandeira do Brasil republicano.
  • 4. No entanto, no século XX, a mesma afirmação da historicidade dos seres humanos, da razão e da sociedade levou à idéia de que a História é descontínua e não progressiva, cada sociedade tendo sua História própria em vez de ser apenas uma etapa numa História universal das civilizações. A idéia de progresso passa a ser criticada porque serve como desculpa para legitimar colonialismos e imperialismos (os mais “adiantados” teriam o direito de dominar os mais “atrasados”). Passa a ser criticada também a idéia de progresso das ciências e das técnicas, mostrando-se que, em cada época histórica e para cada sociedade, os conhecimentos e as práticas possuem sentido e valor próprios, e que tal sentido e tal valor desaparecem numa época seguinte ou são diferentes numa outra sociedade, não havendo, portanto, transformação contínua, acumulativa e progressiva. O passado foi o passado, o presente é o presente e o futuro será o futuro. Tolerância
  • 5. As Ciências e as Técnicas No século XIX, entusiasmada com as ciências e as técnicas, bem como com a Segunda Revolução Industrial, a Filosofia afirmava a confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar e controlar a Natureza, a sociedade e os indivíduos. Acreditava-se que a sociologia, por exemplo, nos ofereceria um saber seguro e definitivo sobre o modo de funcionamento das sociedades e que os seres humanos poderiam organizar racionalmente o social, evitando revoluções, revoltas e desigualdades.
  • 6. Acreditava-se, também, que a psicologia ensinaria definitivamente como é e como funciona a psique humana, quais as causas dos comportamentos e os meios de controlá-los, quais as causas das emoções e os meios de controlá-las, de tal modo que seria possível livrar-nos das angústias, do medo, da loucura, assim como seria possível uma pedagogia baseada nos conhecimentos científicos e que permitiria não só adaptar perfeitamente as crianças às exigências da sociedade, como também educá-las segundo suas vocações e potencialidades psicológicas.
  • 7. No entanto, no século XX, a Filosofia passou a desconfiar do otimismo científico-tecnológico do século anterior em virtude de vários acontecimentos: as duas guerras mundiais, o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, os campos de concentração nazistas, as guerras da Coréia, do Vietnã, do Oriente Médio, do Afeganistão, as invasões comunistas da Hungria e da Tchecoslováquia, as ditaduras sangrentas da América Latina, a devastação de mares, florestas e terras, os perigos cancerígenos de alimentos e remédios, o aumento de distúrbios e sofrimentos mentais, etc.
  • 8. Uma escola alemã de Filosofia, a Escola de Frankfurt, elaborou uma concepção conhecida como Teoria Crítica, na qual distingue duas formas da razão: a razão instrumental e a razão crítica. A razão instrumental é a razão técnico-científica, que faz das ciências e das técnicas não um meio de liberação dos seres humanos, mas um meio de intimidação, medo, terror e desespero. Ao contrário, a razão crítica é aquela que analisa e interpreta os limites e os perigos do pensamento instrumental e afirma que as mudanças sociais, políticas e culturais só se realizarão verdadeiramente se tiverem como finalidade a emancipação do gênero humano e não as idéias de controle e domínio técnico-científico sobre a Natureza, a sociedade e a cultura. HABERMAS
  • 9. As Utopias Revolucionárias No século XIX, em decorrência do otimismo trazido pelas idéias de progresso, desenvolvimento técnico-científico, poderio humano para construir uma vida justa e feliz, a Filosofia apostou nas utopias revolucionárias – anarquismo, socialismo, comunismo -, que criariam, graças à ação política consciente dos explorados e oprimidos, uma sociedade nova, justa e feliz. No entanto, no século XX, com o surgimento das chamadas sociedades totalitárias – fascismo, nazismo, stalinismo – e com o aumento do poder das sociedades autoritárias ou ditatoriais, a Filosofia também passou a desconfiar do otimismo revolucionário e das utopias e a indagar se os seres humanos, os explorados e dominados serão capazes de criar e manter uma sociedade nova, justa e feliz.
  • 10. O crescimento das chamadas burocracias – que dominam as organizações estatais, empresariais, político-partidárias, escolares, hospitalares – levou a Filosofia a indagar como os seres humanos poderiam derrubar esse imenso poderio que os governa secretamente, que eles desconhecem e que determina suas vidas cotidianas, desde o nascimento até a morte.
  • 11. O Fim da Filosofia No século XIX, o otimismo positivista ou cientificista levou a Filosofia a supor que, no futuro, só haveria ciências, e que todos os conhecimentos e todas as explicações seriam dados por elas. Assim, a própria Filosofia poderia desaparecer, não tendo motivo para existir. No entanto, no século XX, a Filosofia passou a mostrar que as ciências não possuem princípios totalmente certos, seguros e rigorosos para as investigações, que os resultados podem ser duvidosos e precários, e que, freqüentemente, uma ciência desconhece até onde pode ir e quando está entrando no campo de investigação de uma outra.
  • 12. A Maioridade da Razão No século XIX, o otimismo filosófico levava a Filosofia a afirmar que, enfim, os seres humanos haviam alcançado a maioridade racional, e que a razão se desenvolvia plenamente para que o conhecimento completo da realidade e das ações humanas fosse atingido. No entanto, Marx, no final do século XIX, e Freud, no início do século XX, puseram em questão esse otimismo racionalista. Marx e Freud, cada qual em seu campo de investigação e cada qual voltado para diferentes aspectos da ação humana – Marx, voltado para a economia e a política; Freud, voltado para as perturbações e os sofrimentos psíquicos -, fizeram descobertas que, até agora, continuam impondo questões filosóficas.