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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÕES SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NA
ESCOLA ESTADUAL DOM HELDER CÂMARA
Kedna Karla Ferreira da Silva - UFPB1
Joseane Abílio de Sousa Ferreira - UFPB2
KiaraTatianny Santos da Costa – UFPB3
Emília Cristina Ferreira de Barros - UFPB4
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretender analisar a evasão escolar na EJA da Escola de EnsinoFundamental e
Médio D. Helder Câmara, objetivando analisar as diferentes visões que os professores, alunos e
demais profissionais da educação acerca da referida temática.
Desse modo, investigaremos o processo da evasão escolar de jovens e adultos, a fim deconhecer
que mecanismos estão impedindo que estes sujeitos dêem prosseguimento ao processo
educativo iniciado cujo objetivo primordial é torná-lo um cidadão ativo.
Aliados a esta perspectiva, analisaremos que concepções norteiam o fazer dosprofissionais da
educação, e a dos próprios educandos acerca do processo de ensino e aprendizagem na
Educação de Jovens e Adultos.
Contamos com a colaboração da diretora, supervisora, e professores para arealização da mesma,
considerando como foco de nossa conversa o processo educativo da escola, em particular de
jovens e adultos, demanda escolar do turno da noite.
Realizamos entrevista contendo questões abertas objetivando o levantamento doperfil dos
profissionais da educação que trabalham na EJA e, sobretudo, destacando dados que
esclareçam entre concepção, função e o ser professor/a da EJA.
Para Goldenberg (1999), a utilização da entrevista, possibilita que ospesquisados se sintam mais
livres para exprimirem opiniões que temem ser
1
Pedagoga com Habilitação em Supervisão Educacional e Mestranda do Programa de Pós-
GraduaçãoEducação pela UFPB.
2
Pedagoga e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação pela UFPB.
3
Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Educaçãopela UFPB.
4
Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Educaçãopela UFPB. 2desaprovados ou que poderiam colocá-los em dificuldades; e uma
menor pressão para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com calma, podendo
ser aplicado a um grande número de pessoas ao mesmo tempo, pois, num questionário as
frases padronizadas garantem maior uniformidade para a mensuração. A autora apresenta
como grande vantagem da utilização desta técnica de coleta de dados, o fato de proporcionar
a obtenção imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de
informante e sobre os mais variados tópicos.
Os esforços de reestruturação do ensino e a adoção de novas práticas pedagógicas no trabalho
docente têm se mostrado uma tentativa de promover um processo de mudança educativa. A
maneira como as gerações do futuro estão sendo formadas sempre originou transtornos nos
momentos de crise econômica, especialmente, nos tempos atuais de competitividade global.
Olhar as coisas de outra forma, a fim de considerar novas perspectivas, pode ajudar-nos a
adotar posturas mais abertas e mais compreensivas em relação aos desafios postos no
trabalho docente, sendo que a ação educativa resulta de um conjunto de objetivos que
procedem de opções culturais ideológicas.
Atualmente, a sociedade, caracterizada por uma ideologia de gestão, no sentido de
encaminhar processos e obter resultados, tem exigido qualidades de mobilidade e flexibilidade
e suscitado implacavelmente um processo de inserção social, fazendo que a pobreza caminhe
paralela com a marginalização. Este fenômeno possui tendências e efeitos, numa luta social
para manter estruturas, paradigmas e formas de controle.
Na educação, os currículos decretados são criticados pelos defensores de uma aprendizagem
processual que reconhece a incerteza do conhecimento. Em face dessa considerável oposição,
as estruturas e os processos pós-modernos não se dão naturalmente. Esta luta nos faz pensar
que a condição da pós-modernidade não é algo a ser reconhecido, mas a se construir.
Diante disso, uma forma de superar o ensino como reprodução é proporcionar um ensino que
possibilite a (re)construção de um conhecimento de maneira a compreendê-lo na sua
complexidade e dinamicidade buscando o máximo que se pode obter do real, idealizando
sempre a totalidade, mesmo consciente de que esta é incerta, transitória, inatingível em sua
plenitude.
Contextualizar significa que o processo ensino-aprendizagem deve partir da realidade
concreta, ou seja, prática social, historicamente determinada, o que significa possibilitar a
articulação dos conteúdos com a totalidade. Porém, a realidade é freqüentemente entendida
como algo aparente, palpável e empírico. Compreender o
sentido filosófico de realidade e transpô-lo à prática docente não é uma tarefa simples,
pois exige muita leitura, reflexão e compreensão do contexto.
Por outro lado, a incorporação de significados certamente seria muito mais fácil
se houvesse menos vaidade e mais integração entre os professores das diversas áreas do
conhecimento. Esse também é um problema causado pela excessiva especialização do
conhecimento.
Para compreender mais facilmente os conceitos acerca dos fundamentos que
orientam a prática pedagógica numa perspectiva crítica, é necessário ir muito além dos
estudos desses fundamentos e dos conteúdos específicos de nossas disciplinas, ou seja, é
necessário buscar a compreensão da realidade em sua concretude, uma vez que, isso só
se dá com muita disposição para um permanente estudo das relações que se estabelecem
na prática social. Em síntese, para que o professor possa ser capaz de promover um
ensino fundamentado em um método crítico, primeiramente ele próprio deve ser capaz
de problematizar a prática social.
O objetivo da escola, portanto, não é o repasse total dos conhecimentos
científicos; ou seja, o "saber escolar" resulta de uma atividade complexa que recorta
temas, seleciona conteúdos, propõe e avalia a execução de tarefas, propõe modelos de
raciocínio e investigação, critica proposições existentes, etc. Não se trata da transmissão
pura e simples de saberes científicos, mas da seleção de determinados resultados
científicos adequados à geração de aprendizagem, que não se esgota na aquisição de
dados e informações.
Além disso, o saber escolar tem sua origem num método próprio do professor
que seleciona conteúdos, procedimentos, entre outros. Diante disso, fica evidente o
papel de muita responsabilidade do professor na consecução das disciplinas. O papel de
professor que repassa/reproduz o conhecimento científico para os alunos sem
possibilitar uma aprendizagem contextualizada e inviabilizando que o aluno seja sujeito
da aprendizagem não é só um reflexo dos sistemas educacionais, mas também de uma
postura/decisão pessoal do professor.
A evasão escolar é motivo de grande preocupação para o sistema educacional
brasileiro. Por exemplo, a considerar um problema crônico em todo o Brasil. E pior,
vem sendo passivamente assimilada e tolerada por escolas e sistemas de ensino
(DIGIACOMO, 2007). Muitas escolas de nosso país tenta enfrentar esse problema da
forma mais absurda que se possa imaginar, quando chegam ao cúmulo de admitirem a 4
matrícula de um número bem elevado de alunos, contando com as desistências de
muitos ao longo do ano letivo.
O elevado grau de desistências por parte dos alunos está sendo constatado
majoritariamente no ensino médio, embora os índices também sejam preocupantes no
ensino fundamental. Segundo o Censo Escolar de 2005 do Instituto Nacional de
Pesquisas Educacionais (IMPE/MEC) 16% dos estudantes das escolas públicas que
terminam o ensino obrigatório não chegam a se matricular no ensino médio. E dos que
se matricularam 18% não concluíram os estudos (PNAD, 2004).
Isso exige das escolas juntamente com toda a comunidade educacional e os
órgãos competentes, que reformas sejam promovidas a fim de alterar esse quadro no
qual a evasão escolar impera. A obrigatoriedade de acesso a todos os brasileiros ao
ensino fundamental é garantido pela Lei de Diretrizes de Bases da Educação (LDB) nº.
9.394/96. Sem dúvida, essa obrigatoriedade pode ser vista como um dos fatores cuja
finalidade é diminuir o elevado percentual de evasão escolar nesta fase.
Entendemos que inúmeros podem ser os fatores que contribuem para a
existência e constância da evasão na EJA, dentre eles podemos ressaltar o exercício de
atividades laborativas no período noturno, a baixa remuneração salarial dessa demanda
escolar para se locomover, e o cansaço advindo de uma jornada de trabalho de mais de
doze horas. Somem-se a estes fatores a ineficiência do papel formativa da família e da
própria escola, que muitas vezes não estão cumprindo o papel que lhe foi confiado
como instância responsável pela formação do cidadão e da cidadã.
O modelo educativo tradicional que impera nas escolas brasileiras ignora o
contexto social dos discentes, ao “transmitir conteúdos”, e esperar como resultado da
aprendizagem a “reprodução”, esse modelo de educação não faculta aos educandos, que
estes sejam sujeitos da educação, ou seja, construtores do próprio conhecimento, ao não
atender as necessidades educacionais e sociais dos alunos, a escola está corroborando na
construção de uma sociedade onde a ordem imperativa é a exclusão social.
Diante disso, urge que a escola ratifique sua função socializadora através de um
fazer educacional diferenciado, para tanto é imprescindível que a escola redirecione o
“seu olhar” a fim de buscar caminhos, rotas alternativas para luta e combater à evasão,
tendo por meta uma educação de qualidade, promovida por professores capacitados e
desejosos por desempenhar seu papel de transformador social, contudo essa qualidade
da educação não é um compromisso de um ou dois educadores, mas de toda a
comunidade escolar. 5
EJA: A PRODUÇÃO DE UM LUGAR
Nas últimas décadas, o conceito de alfabetização vem mudando radicalmente.
Durante muito tempo, considerou-se que uma pessoa estava alfabetizada quando sabia
ler e escrever, ainda que num nível muito rudimentar.
Foi essa concepção que orientou a maioria das campanhas de alfabetização de
jovens e adultos em todo o mundo. Hoje, através dos inúmeros programas sociais
desenvolvidos pelo Governo Federal, dentre estes, destacamos a Bolsa Família que
obriga a que os beneficiários estejam matriculados e sejam assíduos na escola, tem
permitido que crianças e adolescentes de até 15 anos estejam presentes na escola,
freqüentando o ensino fundamental. Porém, ao concluir o ensino fundamental, fase que
dá direito ao aluno receber este benefício, o índice de evasão escolar aumenta, uma vez
que os adolescentes são obrigados a trabalhar, ocasionado desta necessidade de
subsistência as primeiras dificuldades para conciliar o trabalho e os estudos, no caso o
ensino médio. (FREIRE 1963, p.12) afirma:
Experimentamos métodos, técnicas, processos de comunicação.
Retificamos erros. Superamos procedimentos. Nunca, porém, a
convicção que sempre tivemos de que só nas bases populares e com
elas poderíamos realizar algo de sério e autêntico para elas [...] Foram
as nossas mais recentes experiências, de há dois anos no Movimento
de Cultura Popular do Recife, que nos levaram ao amadurecimento de
posições e convicções que vinham tendo e alimentando desde quando,
jovem ainda, iniciamos os nossos contatos com proletários e subproletários, como educador.
Lamentavelmente, essa é o parâmetro utilizado para aumentar as vagas para o
ensino médio na modalidade de Educação para Jovens e Adultos com a finalidade de
atender esta clientela que precisam trabalhar e estudar.
Conforme a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Cidadania-
(SECAD / MEC, 2008) o atendimento da EJA teve um significativo crescimento de
344% de 1997 a 2006. Trata-se de um esforço considerável, visto que, no mesmo
período, o crescimento de matrículas no ensino médio regular foi de 39%. A razão desta
queda de matrículas no ensino regular se dá por conta da EJA que absorve parte dos
alunos que procuram um ensino médio de curta duração, o chamado ensino supletivo,
oferecido no turno noite. Apesar dessa significativa oferta de vagas no ensino médio da

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  • 1. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÕES SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NA ESCOLA ESTADUAL DOM HELDER CÂMARA Kedna Karla Ferreira da Silva - UFPB1 Joseane Abílio de Sousa Ferreira - UFPB2 KiaraTatianny Santos da Costa – UFPB3 Emília Cristina Ferreira de Barros - UFPB4 INTRODUÇÃO Este trabalho pretender analisar a evasão escolar na EJA da Escola de EnsinoFundamental e Médio D. Helder Câmara, objetivando analisar as diferentes visões que os professores, alunos e demais profissionais da educação acerca da referida temática. Desse modo, investigaremos o processo da evasão escolar de jovens e adultos, a fim deconhecer que mecanismos estão impedindo que estes sujeitos dêem prosseguimento ao processo educativo iniciado cujo objetivo primordial é torná-lo um cidadão ativo. Aliados a esta perspectiva, analisaremos que concepções norteiam o fazer dosprofissionais da educação, e a dos próprios educandos acerca do processo de ensino e aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos. Contamos com a colaboração da diretora, supervisora, e professores para arealização da mesma, considerando como foco de nossa conversa o processo educativo da escola, em particular de jovens e adultos, demanda escolar do turno da noite. Realizamos entrevista contendo questões abertas objetivando o levantamento doperfil dos profissionais da educação que trabalham na EJA e, sobretudo, destacando dados que esclareçam entre concepção, função e o ser professor/a da EJA. Para Goldenberg (1999), a utilização da entrevista, possibilita que ospesquisados se sintam mais livres para exprimirem opiniões que temem ser 1 Pedagoga com Habilitação em Supervisão Educacional e Mestranda do Programa de Pós- GraduaçãoEducação pela UFPB. 2 Pedagoga e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação pela UFPB. 3 Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educaçãopela UFPB. 4 Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educaçãopela UFPB. 2desaprovados ou que poderiam colocá-los em dificuldades; e uma menor pressão para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com calma, podendo ser aplicado a um grande número de pessoas ao mesmo tempo, pois, num questionário as frases padronizadas garantem maior uniformidade para a mensuração. A autora apresenta
  • 2. como grande vantagem da utilização desta técnica de coleta de dados, o fato de proporcionar a obtenção imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Os esforços de reestruturação do ensino e a adoção de novas práticas pedagógicas no trabalho docente têm se mostrado uma tentativa de promover um processo de mudança educativa. A maneira como as gerações do futuro estão sendo formadas sempre originou transtornos nos momentos de crise econômica, especialmente, nos tempos atuais de competitividade global. Olhar as coisas de outra forma, a fim de considerar novas perspectivas, pode ajudar-nos a adotar posturas mais abertas e mais compreensivas em relação aos desafios postos no trabalho docente, sendo que a ação educativa resulta de um conjunto de objetivos que procedem de opções culturais ideológicas. Atualmente, a sociedade, caracterizada por uma ideologia de gestão, no sentido de encaminhar processos e obter resultados, tem exigido qualidades de mobilidade e flexibilidade e suscitado implacavelmente um processo de inserção social, fazendo que a pobreza caminhe paralela com a marginalização. Este fenômeno possui tendências e efeitos, numa luta social para manter estruturas, paradigmas e formas de controle. Na educação, os currículos decretados são criticados pelos defensores de uma aprendizagem processual que reconhece a incerteza do conhecimento. Em face dessa considerável oposição, as estruturas e os processos pós-modernos não se dão naturalmente. Esta luta nos faz pensar que a condição da pós-modernidade não é algo a ser reconhecido, mas a se construir. Diante disso, uma forma de superar o ensino como reprodução é proporcionar um ensino que possibilite a (re)construção de um conhecimento de maneira a compreendê-lo na sua complexidade e dinamicidade buscando o máximo que se pode obter do real, idealizando sempre a totalidade, mesmo consciente de que esta é incerta, transitória, inatingível em sua plenitude. Contextualizar significa que o processo ensino-aprendizagem deve partir da realidade concreta, ou seja, prática social, historicamente determinada, o que significa possibilitar a articulação dos conteúdos com a totalidade. Porém, a realidade é freqüentemente entendida como algo aparente, palpável e empírico. Compreender o sentido filosófico de realidade e transpô-lo à prática docente não é uma tarefa simples, pois exige muita leitura, reflexão e compreensão do contexto. Por outro lado, a incorporação de significados certamente seria muito mais fácil se houvesse menos vaidade e mais integração entre os professores das diversas áreas do conhecimento. Esse também é um problema causado pela excessiva especialização do conhecimento. Para compreender mais facilmente os conceitos acerca dos fundamentos que orientam a prática pedagógica numa perspectiva crítica, é necessário ir muito além dos estudos desses fundamentos e dos conteúdos específicos de nossas disciplinas, ou seja, é necessário buscar a compreensão da realidade em sua concretude, uma vez que, isso só
  • 3. se dá com muita disposição para um permanente estudo das relações que se estabelecem na prática social. Em síntese, para que o professor possa ser capaz de promover um ensino fundamentado em um método crítico, primeiramente ele próprio deve ser capaz de problematizar a prática social. O objetivo da escola, portanto, não é o repasse total dos conhecimentos científicos; ou seja, o "saber escolar" resulta de uma atividade complexa que recorta temas, seleciona conteúdos, propõe e avalia a execução de tarefas, propõe modelos de raciocínio e investigação, critica proposições existentes, etc. Não se trata da transmissão pura e simples de saberes científicos, mas da seleção de determinados resultados científicos adequados à geração de aprendizagem, que não se esgota na aquisição de dados e informações. Além disso, o saber escolar tem sua origem num método próprio do professor que seleciona conteúdos, procedimentos, entre outros. Diante disso, fica evidente o papel de muita responsabilidade do professor na consecução das disciplinas. O papel de professor que repassa/reproduz o conhecimento científico para os alunos sem possibilitar uma aprendizagem contextualizada e inviabilizando que o aluno seja sujeito da aprendizagem não é só um reflexo dos sistemas educacionais, mas também de uma postura/decisão pessoal do professor. A evasão escolar é motivo de grande preocupação para o sistema educacional brasileiro. Por exemplo, a considerar um problema crônico em todo o Brasil. E pior, vem sendo passivamente assimilada e tolerada por escolas e sistemas de ensino (DIGIACOMO, 2007). Muitas escolas de nosso país tenta enfrentar esse problema da forma mais absurda que se possa imaginar, quando chegam ao cúmulo de admitirem a 4 matrícula de um número bem elevado de alunos, contando com as desistências de muitos ao longo do ano letivo. O elevado grau de desistências por parte dos alunos está sendo constatado majoritariamente no ensino médio, embora os índices também sejam preocupantes no ensino fundamental. Segundo o Censo Escolar de 2005 do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (IMPE/MEC) 16% dos estudantes das escolas públicas que terminam o ensino obrigatório não chegam a se matricular no ensino médio. E dos que
  • 4. se matricularam 18% não concluíram os estudos (PNAD, 2004). Isso exige das escolas juntamente com toda a comunidade educacional e os órgãos competentes, que reformas sejam promovidas a fim de alterar esse quadro no qual a evasão escolar impera. A obrigatoriedade de acesso a todos os brasileiros ao ensino fundamental é garantido pela Lei de Diretrizes de Bases da Educação (LDB) nº. 9.394/96. Sem dúvida, essa obrigatoriedade pode ser vista como um dos fatores cuja finalidade é diminuir o elevado percentual de evasão escolar nesta fase. Entendemos que inúmeros podem ser os fatores que contribuem para a existência e constância da evasão na EJA, dentre eles podemos ressaltar o exercício de atividades laborativas no período noturno, a baixa remuneração salarial dessa demanda escolar para se locomover, e o cansaço advindo de uma jornada de trabalho de mais de doze horas. Somem-se a estes fatores a ineficiência do papel formativa da família e da própria escola, que muitas vezes não estão cumprindo o papel que lhe foi confiado como instância responsável pela formação do cidadão e da cidadã. O modelo educativo tradicional que impera nas escolas brasileiras ignora o contexto social dos discentes, ao “transmitir conteúdos”, e esperar como resultado da aprendizagem a “reprodução”, esse modelo de educação não faculta aos educandos, que estes sejam sujeitos da educação, ou seja, construtores do próprio conhecimento, ao não atender as necessidades educacionais e sociais dos alunos, a escola está corroborando na construção de uma sociedade onde a ordem imperativa é a exclusão social. Diante disso, urge que a escola ratifique sua função socializadora através de um fazer educacional diferenciado, para tanto é imprescindível que a escola redirecione o “seu olhar” a fim de buscar caminhos, rotas alternativas para luta e combater à evasão, tendo por meta uma educação de qualidade, promovida por professores capacitados e desejosos por desempenhar seu papel de transformador social, contudo essa qualidade da educação não é um compromisso de um ou dois educadores, mas de toda a comunidade escolar. 5 EJA: A PRODUÇÃO DE UM LUGAR Nas últimas décadas, o conceito de alfabetização vem mudando radicalmente. Durante muito tempo, considerou-se que uma pessoa estava alfabetizada quando sabia
  • 5. ler e escrever, ainda que num nível muito rudimentar. Foi essa concepção que orientou a maioria das campanhas de alfabetização de jovens e adultos em todo o mundo. Hoje, através dos inúmeros programas sociais desenvolvidos pelo Governo Federal, dentre estes, destacamos a Bolsa Família que obriga a que os beneficiários estejam matriculados e sejam assíduos na escola, tem permitido que crianças e adolescentes de até 15 anos estejam presentes na escola, freqüentando o ensino fundamental. Porém, ao concluir o ensino fundamental, fase que dá direito ao aluno receber este benefício, o índice de evasão escolar aumenta, uma vez que os adolescentes são obrigados a trabalhar, ocasionado desta necessidade de subsistência as primeiras dificuldades para conciliar o trabalho e os estudos, no caso o ensino médio. (FREIRE 1963, p.12) afirma: Experimentamos métodos, técnicas, processos de comunicação. Retificamos erros. Superamos procedimentos. Nunca, porém, a convicção que sempre tivemos de que só nas bases populares e com elas poderíamos realizar algo de sério e autêntico para elas [...] Foram as nossas mais recentes experiências, de há dois anos no Movimento de Cultura Popular do Recife, que nos levaram ao amadurecimento de posições e convicções que vinham tendo e alimentando desde quando, jovem ainda, iniciamos os nossos contatos com proletários e subproletários, como educador. Lamentavelmente, essa é o parâmetro utilizado para aumentar as vagas para o ensino médio na modalidade de Educação para Jovens e Adultos com a finalidade de atender esta clientela que precisam trabalhar e estudar. Conforme a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Cidadania- (SECAD / MEC, 2008) o atendimento da EJA teve um significativo crescimento de 344% de 1997 a 2006. Trata-se de um esforço considerável, visto que, no mesmo período, o crescimento de matrículas no ensino médio regular foi de 39%. A razão desta queda de matrículas no ensino regular se dá por conta da EJA que absorve parte dos alunos que procuram um ensino médio de curta duração, o chamado ensino supletivo, oferecido no turno noite. Apesar dessa significativa oferta de vagas no ensino médio da