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PLATÃO
        Platão era de uma família ateniense aristocrática. Quando jovem, passou grande parte do
tempo discutindo idéias com Sócrates, por quem tinha grande admiração. É, sobretudo por
intermédio dos escritos de Platão que conhecemos o pensamento de Sócrates. Platão pensou em
entrar para a política ateniense, mas, após a condenação de Sócrates, desistiu da idéia.
        Platão estava com 29 anos de idade quando Sócrates morreu, mas não se sabe em que
período começou a escrever os vários diálogos (muitos dos quais chegaram até nós) em que
Sócrates aparece como figura central. Sócrates exerceu uma profunda influência sobre Platão,
cujas idéias só nas últimas obras se tornaram nitidamente distintas das idéias socráticas.
        Platão estava provavelmente na casa dos 50 anos quando fundou sua escola, junto com o
matemático Teeteto. O nome da escola, Academia, era uma homenagem ao lendário herói
grego Academos. Com a Academia, Platão esperava proporcionar uma boa educação aos
futuros governantes de Atenas e de outras cidades-estados. As matérias ensinadas eram
filosofia, astronomia, ginástica e matemática, em especial geometria. A inscrição no alto da
porta de entrada da Academia dizia: “aquele que for ignorante em geometria aqui não
entrara”. Entre os alunos estava Aristóteles, que, assim como Platão, viria a ser um dos
filósofos mais influentes de todos os tempos.
        Platão foi para a Sicília já no final da vida, a fim de educar o jovem Dioniso II, mas
voltou para Atenas. Lá ele morreu aos 80 anos de idade.

Verdades eternas

      Platão estava interessado na relação entre aquilo que, de um lado, é eterno e imutável,
e aquilo que, de outro, “flui”. Os sofistas e Sócrates puseram de lado a reflexão sobre as
questões da filosofia natural e se concentraram nos problemas relacionados ao homem e à
sociedade. Estavam interessados na moral humana e nos ideais, ou virtudes, da sociedade.
Em poucas palavras, os sofistas pensavam que as percepções do errado e do certo variariam de
uma cidade-estado para outra, e de uma geração para outra. Assim, certo ou errado seriam algo
“fluido”. Isso, para Sócrates, era totalmente inaceitável. Ele acreditava na existência de
regras eternas e absolutas para o certo e o errado. Pelo uso do bom senso todos nós
seríamos capazes de alcançar essas normas imutáveis, uma vez que a razão humana seria
eterna e imutável.
      Platão se ocupava tanto do que se pensa ser eterno e imutável na Natureza quanto do
que se imagina eterno e imutável na moral e na sociedade. Para Platão, esses dois
problemas se resumiam a um só. Ele procurava compreender uma “realidade” eterna e
imutável.

Mito da Caverna.

      Platão não acreditava que todos os seres humanos teriam esse anseio de libertar a alma.
Essa seria uma maneira própria do filósofo, mas muitos outros continuaram a viver
completamente alheios ao fato de que o mundo ao redor estaria repleto de cópias inferiores de
um outro reino, perfeito. Platão relata um mito que ilustra isso. É o Mito da Caverna.
      O Mito da Caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, uma das mais
poderosas metáforas imaginadas pela filosofia, em qualquer tempo, para descrever a situação
geral em que se encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver
sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos
homens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos
tempos a fora. A mais recente delas é o livro de José Saramago A Caverna.
      Imagine um grupo e pessoas que habita o interior de uma caverna. Elas estão sentadas
de costas para a entrada da caverna, com as mãos e os pés acorrentados, de modo que só
podem ver a parede do fundo da caverna. Atrás delas se ergue um muro alto, e por detrás
desse muro passam criaturas semelhantes a seres humanos, sustentando outras figuras que se
elevam acima da borda do muro. Como há uma fogueira atrás dessas figuras, suas sombras
bruxuleantes se projetam sobre a parede do fundo da caverna. Assim, a única coisa que os
habitantes da caverna podem ver é esse teatro de sombras. Eles estão sentados nessa posição
desde que nasceram, e por isso acham que as sombras são as únicas coisas que existe.
       Imagine agora que um dos habitantes da caverna consiga se libertar dos grilhões. O que
você acha que acontece quando ele se volta para as figuras e as vêem elevadas para além da
borda do muro? Para começar, a luz solar é tão intensa que ele fica ofuscado. Se conseguir
escalar o muro e passar pela fogueira e chegar ao mundo exterior, ficará ainda mais ofuscado.
Pela primeira vez verá cores e formas claras. Verá animais e flores reais, dos quais as sombras
na caverna eram apenas reflexos inferiores. Em seguida verá o Sol no céu, e entenderá que é
ele que dá vida a essas flores e esses animais, assim como o fogo é que tornava as sombras
visíveis.
Ele então retorna para tentar convencer os demais de que as sombras na caverna não passam
de reflexos bruxuleantes das coisas “reais”. Mas ninguém acredita nele. Apontam para a parede
da caverna e dizem que aquilo que vêem é a única coisa que existe. Por fim, acabam matando-
o.




       Há, pois dois mundos. O visível é aquele em que a maioria da humanidade está presa,
condicionada pelas ilusões da caverna, crendo, iludida que as sombras são a realidade. O outro
mundo, o inteligível, é o abrigo de alguns poucos. Os que conseguem superar a ignorância em
que nasceram e, rompendo com os ferros que os prendiam ao subterrâneo, ergueram-se para a
esfera da luz em busca das essências maiores do bem e do belo. O visível é o império dos
sentidos, captado pelo olhar e dominado pela subjetividade; o inteligível é o reino da inteligência
percebido pela razão. O primeiro é o território do homem comum preso às coisas do cotidiano, o
outro, é a seara do homem sábio que se volta para a objetividade, descortinando um universo
diante de si.
       O que Platão procurou mostrar com o Mito da Caverna é o caminho que o filósofo percorre
das imagens imprecisas às idéias verdadeiras que estão por trás dos fenômenos naturais. Platão
acreditava que todos os fenômenos da natureza seriam meras sombras das formas eternas, ou
idéias. Provavelmente, também pensava em Sócrates, a quem os “habitantes da caverna”
mataram por ter colocado em dúvida suas idéias convencionais e tentado mostrar o caminho do
verdadeiro conhecimento.
Amor Platônico

       Platão dedicou uma de suas obras exclusivamente ao discurso sobre o amor: O
Banquete. (...)
       Há na doutrina platônica sobre a alma, um elemento importante: Eros, o amor. Platão
ensinava que Eros é uma força que instiga a alma para atingir o bem; ele não cessa de mover a
alma enquanto essa não for satisfeita. O bem almejado é determinado pela parte da alma que
prevalecer sobre as outras. Se fosse a sensual, por exemplo, a alma não buscaria um bem
verdadeiro, pois procuraria a satisfação dos desejos que Platão julgava os mais baixos, como o
apetite e a ganância. Segundo o filósofo, o melhor é que a alma seja conduzida por sua parte
racional e que utilize a energia inesgotável do amor para se dirigir ao bem verdadeiro - que
compreende a justiça, a honra, a fidelidade; em suma, as virtudes supremas.
       Para Platão, que usa Sócrates como personagem, o amor é a insuficiência de algo e o
desejo de conquistar aquilo de que sentimos falta. O amor dirige-se para o bem, cuja aparência
externa é a beleza. Existiriam muitas formas de beleza, mas a sabedoria seria a maior de todas.
A filosofia defende Platão, é o único caminho para contemplar essa suprema verdade. Para
realizar-se, o filósofo é capaz de desligar-se da paixão por outro indivíduo e dedicar-se à pura
contemplação da beleza.
       Atualmente a expressão “amor platônico” é um amor à distância, que não se aproxima,
não toca, não envolve. Reveste-se de fantasias e de idealização. O objeto do amor é o ser
perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem máculas. Parece que o amor platônico
distancia-se da realidade e, como foge do real, mistura-se com o mundo do sonho e da fantasia.
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Platão

  • 1. PLATÃO Platão era de uma família ateniense aristocrática. Quando jovem, passou grande parte do tempo discutindo idéias com Sócrates, por quem tinha grande admiração. É, sobretudo por intermédio dos escritos de Platão que conhecemos o pensamento de Sócrates. Platão pensou em entrar para a política ateniense, mas, após a condenação de Sócrates, desistiu da idéia. Platão estava com 29 anos de idade quando Sócrates morreu, mas não se sabe em que período começou a escrever os vários diálogos (muitos dos quais chegaram até nós) em que Sócrates aparece como figura central. Sócrates exerceu uma profunda influência sobre Platão, cujas idéias só nas últimas obras se tornaram nitidamente distintas das idéias socráticas. Platão estava provavelmente na casa dos 50 anos quando fundou sua escola, junto com o matemático Teeteto. O nome da escola, Academia, era uma homenagem ao lendário herói grego Academos. Com a Academia, Platão esperava proporcionar uma boa educação aos futuros governantes de Atenas e de outras cidades-estados. As matérias ensinadas eram filosofia, astronomia, ginástica e matemática, em especial geometria. A inscrição no alto da porta de entrada da Academia dizia: “aquele que for ignorante em geometria aqui não entrara”. Entre os alunos estava Aristóteles, que, assim como Platão, viria a ser um dos filósofos mais influentes de todos os tempos. Platão foi para a Sicília já no final da vida, a fim de educar o jovem Dioniso II, mas voltou para Atenas. Lá ele morreu aos 80 anos de idade. Verdades eternas Platão estava interessado na relação entre aquilo que, de um lado, é eterno e imutável, e aquilo que, de outro, “flui”. Os sofistas e Sócrates puseram de lado a reflexão sobre as questões da filosofia natural e se concentraram nos problemas relacionados ao homem e à sociedade. Estavam interessados na moral humana e nos ideais, ou virtudes, da sociedade. Em poucas palavras, os sofistas pensavam que as percepções do errado e do certo variariam de uma cidade-estado para outra, e de uma geração para outra. Assim, certo ou errado seriam algo “fluido”. Isso, para Sócrates, era totalmente inaceitável. Ele acreditava na existência de regras eternas e absolutas para o certo e o errado. Pelo uso do bom senso todos nós seríamos capazes de alcançar essas normas imutáveis, uma vez que a razão humana seria eterna e imutável. Platão se ocupava tanto do que se pensa ser eterno e imutável na Natureza quanto do que se imagina eterno e imutável na moral e na sociedade. Para Platão, esses dois problemas se resumiam a um só. Ele procurava compreender uma “realidade” eterna e imutável. Mito da Caverna. Platão não acreditava que todos os seres humanos teriam esse anseio de libertar a alma. Essa seria uma maneira própria do filósofo, mas muitos outros continuaram a viver completamente alheios ao fato de que o mundo ao redor estaria repleto de cópias inferiores de um outro reino, perfeito. Platão relata um mito que ilustra isso. É o Mito da Caverna. O Mito da Caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia, em qualquer tempo, para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos homens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos tempos a fora. A mais recente delas é o livro de José Saramago A Caverna. Imagine um grupo e pessoas que habita o interior de uma caverna. Elas estão sentadas de costas para a entrada da caverna, com as mãos e os pés acorrentados, de modo que só
  • 2. podem ver a parede do fundo da caverna. Atrás delas se ergue um muro alto, e por detrás desse muro passam criaturas semelhantes a seres humanos, sustentando outras figuras que se elevam acima da borda do muro. Como há uma fogueira atrás dessas figuras, suas sombras bruxuleantes se projetam sobre a parede do fundo da caverna. Assim, a única coisa que os habitantes da caverna podem ver é esse teatro de sombras. Eles estão sentados nessa posição desde que nasceram, e por isso acham que as sombras são as únicas coisas que existe. Imagine agora que um dos habitantes da caverna consiga se libertar dos grilhões. O que você acha que acontece quando ele se volta para as figuras e as vêem elevadas para além da borda do muro? Para começar, a luz solar é tão intensa que ele fica ofuscado. Se conseguir escalar o muro e passar pela fogueira e chegar ao mundo exterior, ficará ainda mais ofuscado. Pela primeira vez verá cores e formas claras. Verá animais e flores reais, dos quais as sombras na caverna eram apenas reflexos inferiores. Em seguida verá o Sol no céu, e entenderá que é ele que dá vida a essas flores e esses animais, assim como o fogo é que tornava as sombras visíveis. Ele então retorna para tentar convencer os demais de que as sombras na caverna não passam de reflexos bruxuleantes das coisas “reais”. Mas ninguém acredita nele. Apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é a única coisa que existe. Por fim, acabam matando- o. Há, pois dois mundos. O visível é aquele em que a maioria da humanidade está presa, condicionada pelas ilusões da caverna, crendo, iludida que as sombras são a realidade. O outro mundo, o inteligível, é o abrigo de alguns poucos. Os que conseguem superar a ignorância em que nasceram e, rompendo com os ferros que os prendiam ao subterrâneo, ergueram-se para a esfera da luz em busca das essências maiores do bem e do belo. O visível é o império dos sentidos, captado pelo olhar e dominado pela subjetividade; o inteligível é o reino da inteligência percebido pela razão. O primeiro é o território do homem comum preso às coisas do cotidiano, o outro, é a seara do homem sábio que se volta para a objetividade, descortinando um universo diante de si. O que Platão procurou mostrar com o Mito da Caverna é o caminho que o filósofo percorre das imagens imprecisas às idéias verdadeiras que estão por trás dos fenômenos naturais. Platão acreditava que todos os fenômenos da natureza seriam meras sombras das formas eternas, ou idéias. Provavelmente, também pensava em Sócrates, a quem os “habitantes da caverna” mataram por ter colocado em dúvida suas idéias convencionais e tentado mostrar o caminho do verdadeiro conhecimento.
  • 3. Amor Platônico Platão dedicou uma de suas obras exclusivamente ao discurso sobre o amor: O Banquete. (...) Há na doutrina platônica sobre a alma, um elemento importante: Eros, o amor. Platão ensinava que Eros é uma força que instiga a alma para atingir o bem; ele não cessa de mover a alma enquanto essa não for satisfeita. O bem almejado é determinado pela parte da alma que prevalecer sobre as outras. Se fosse a sensual, por exemplo, a alma não buscaria um bem verdadeiro, pois procuraria a satisfação dos desejos que Platão julgava os mais baixos, como o apetite e a ganância. Segundo o filósofo, o melhor é que a alma seja conduzida por sua parte racional e que utilize a energia inesgotável do amor para se dirigir ao bem verdadeiro - que compreende a justiça, a honra, a fidelidade; em suma, as virtudes supremas. Para Platão, que usa Sócrates como personagem, o amor é a insuficiência de algo e o desejo de conquistar aquilo de que sentimos falta. O amor dirige-se para o bem, cuja aparência externa é a beleza. Existiriam muitas formas de beleza, mas a sabedoria seria a maior de todas. A filosofia defende Platão, é o único caminho para contemplar essa suprema verdade. Para realizar-se, o filósofo é capaz de desligar-se da paixão por outro indivíduo e dedicar-se à pura contemplação da beleza. Atualmente a expressão “amor platônico” é um amor à distância, que não se aproxima, não toca, não envolve. Reveste-se de fantasias e de idealização. O objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem máculas. Parece que o amor platônico distancia-se da realidade e, como foge do real, mistura-se com o mundo do sonho e da fantasia.