Este documento apresenta um livro sobre serviço social que inclui capítulos sobre estágio supervisionado, comunicação social, metodologia de pesquisa científica, direito social e movimentos sociais.
3. Nossa Missão, Nossos Valores
_______________________________
A Anhanguera Educacional completa 15 anos em 2009. Desde sua fundação, buscou a ino-
vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de
Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação
dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.
A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre
preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-
tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor
relação qualidade/custo, adotaram-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições
de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores
da Anhanguera.
Atuando também no Ensino a Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-
tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da Uniderp Interativa, nos seus pólos
espalhados por todo o Brasil.
Boa aprendizagem e bons estudos!
Prof. Antonio Carbonari Netto
Presidente — Anhanguera Educacional
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5. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico
Apresentação
____________________
A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no
desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,
arrojados, pluralistas, democráticos.
Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-
ceiros e congêneres no país e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou
para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo compromisso com a
qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos propósi-
tos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e a ascensão social.
Reconhecida pela ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um
desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportunida-
des de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a
Distância.
Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que, em pouco tempo, saiu das frontei-
ras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do país, possibilitando o
acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.
O Centro de Educação a Distância atua por meio de duas unidades operacionais: a Uniderp
Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN). Com os modelos alternativos ofereci-
dos e respectivos pólos de apoio presencial de cada uma das unidades operacionais, localizados
em diversas regiões do país e exterior, oferece cursos de graduação, pós-graduação e educação
continuada, possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias
dinâmicas e inovadoras.
Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da
Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na estrutura organizacional e acadêmica, com re-
flexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-
Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza
a compra, pelos alunos, de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado
e estimula-os a formar a própria biblioteca, promovendo, assim, a melhoria na qualidade de sua
aprendizagem.
É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de
formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,
preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena na sociedade.
Prof. Guilherme Marback Neto
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7. Autores
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AMIRTES MENEZES DE CARVALHO E SILVA
Graduação: Pedagogia – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1998
Pós-graduação: Fundamentos da Educação – Área de Concentração:
Psicologia da Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2001
Mestrado: Em Educação – Área de Concentração: Psicologia –
Universidade de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2003
EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO
Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica
de Mato Grosso – FUCMT – 1986
Pós-graduação Lato Sensu: Formação de Formadores em Educação
de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003
Pós-graduação Lato Sensu: Gestão de Iniciativas Sociais –
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002
Pós-graduação Lato Sensu: Administração em Marketing
e Comércio Exterior – UCDB – 1998
ANgELA CRISTINA DIAS DO REgO CATONIO
Graduação: Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa/Universidade Católica Dom Bosco
– UCDB, Campo Grande/MS – 1996
Especialização: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, São
Paulo/SP, 1999
Mestrado: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – IMESP, São Bernardo
do Campo/SP, 2000
MARIA CLOTILDE PIRES BASTOS
Graduação: Pedagogia com Habilitação em Administração e Supervisão
Escolar de 1º e 2º Graus – Universidade Católica Dom Bosco – UCDB – 1981
Pós-graduação Lato Sensu: Metodologia do Ensino Superior – Universidade
para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 1988
Pós-graduação Strictu Sensu: Educação – Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1997
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9. Sumário
____________________
MÓDULO – COMUNICAÇÃO E METODOLOgIA DA PESQUISA
UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁgIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL
AULA 1
Estágio supervisionado e a prática do saber ...................................................................................... 3
AULA 2
Legislação e a profissão do assistente social ....................................................................................... 13
UNIDADE DIDÁTICA – COMUNICAÇÃO SOCIAL
AULA 1
Linguagem e sua função social ........................................................................................................... 23
AULA 2
Modalidades verbais e não verbais na comunicação ......................................................................... 29
AULA 3
Comunicação: conceitos e modelos ................................................................................................... 33
AULA 4
Funções da linguagem e tipos de comunicação................................................................................. 38
AULA 5
Habilidades em comunicação............................................................................................................. 42
AULA 6
Comunicação e novas tecnologias da comunicação ......................................................................... 46
AULA 7
Relações humanas ............................................................................................................................... 49
AULA 8
Comportamento e moda .................................................................................................................... 51
UNIDADE DIDÁTICA – METODOLOgIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
AULA 1
O conhecimento e a ciência ................................................................................................................ 59
AULA 2
O método científico ............................................................................................................................ 63
AULA 3
O processo de pesquisa ....................................................................................................................... 67
AULA 4
A pesquisa qualitativa ......................................................................................................................... 72
AULA 5
Leitura e registro ................................................................................................................................. 76
AULA 6
Apresentação de trabalhos acadêmicos – Normas da ABNT ............................................................ 79
SEMINÁRIO INTEGRADO..................................................................................................................... 94
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10. MÓDULO – DIREITO SOCIAL E MOVIMENTOS SOCIAIS
UNIDADE DIDÁTICA – DIREITO E LEgISLAÇÃO SOCIAL
AULA 1
A aplicabilidade do direito no serviço social ..................................................................................... 97
AULA 2
A pessoa e seu inter-relacionamento social ....................................................................................... 106
AULA 3
A institucionalização da sociedade..................................................................................................... 118
AULA 4
O direito familiar ................................................................................................................................ 132
AULA 5
A estruturação dos direitos constitucionais e as garantias fundamentais: direitos humanos
e cidadania ........................................................................................................................................... 143
AULA 6
O direito infraconstitucional e suas aplicações no serviço social – a legislação social e a proteção
da sociedade ........................................................................................................................................ 160
AULA 7
O direito trabalhista e as relações políticas de trabalho .................................................................... 169
AULA 8
O direito previdenciário – sistema brasileiro de seguridade social .................................................. 193
UNIDADE DIDÁTICA – MOVIMENTOS SOCIAIS
AULA 1
Movimentos sociais............................................................................................................................. 209
AULA 2
Aspectos teóricos – histórico dos movimentos sociais no Brasil ...................................................... 212
AULA 3
Movimentos sociais e cidadania ......................................................................................................... 215
AULA 4
Políticas sociais – a contribuição dos movimentos sociais ............................................................... 218
AULA 5
A sociedade civil e a construção de espaços públicos........................................................................ 221
AULA 6
O caráter educativo do movimento social popular ........................................................................... 223
AULA 7
Os movimentos sociais e a articulação entre educação não formal e sistema formal de ensino .... 226
AULA 8
Movimentos sociais em suas diferentes expressões ........................................................................... 229
AULA 9
Tendências dos movimentos sociais na realidade brasileira contemporânea .................................. 232
AULA 10
Redes de ações coletivas ...................................................................................................................... 239
SEMINÁRIO INTEGRADO..................................................................................................................... 243
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11. Módulo
COMUNICAÇÃO
E METODOLOGIA
DA PESQUISA
Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos
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12. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação
Prezado Aluno,
Nesta Unidade Didática você refletirá sobre o processo de investigação científica no Serviço Social.
O módulo Metodologia Científica foi pensado para trazer até você as questões mais atuais que estão re-
lacionadas ao processo de construção do conhecimento científico, o processo de investigação científica e as
indagações acerca do método em ciências sociais. Nessa perspectiva, as temáticas eleitas visam subsidiá-los
nos conhecimentos necessários para o entendimento da ciência, do método científico, o reconhecimento das
ciências sociais como campo científico, além da normalização de trabalhos acadêmicos.
Para que você possa aproveitar melhor os estudos, verifique a bibliografia indicada na lista de referências,
as sugestões indicadas no material impresso e online, bem como as atividades solicitadas em cada aula.
Seremos parceiros nesta caminhada; contudo, lembre-se de que o curso depende muito de você e que sua
participação é fundamental.
Bom trabalho!
Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos
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13. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência
Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
AULA
____________________ 1
O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA
Conteúdo
• O processo histórico de construção da ciência moderna
• Diferentes tipos de conhecimento
• Definição de Ciência
Competências e habilidades
• Conhecer o processo de construção da ciência moderna
• Identificar diferentes tipos de conhecimento
• Caracterizar a ciência e o conhecimento científico
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO As transformações ocorridas no pensamento
DA CIÊNCIA MODERNA científico estiveram vinculadas a outros aconteci-
A busca de explicações racionais acerca dos fe- mentos importantes e que representaram profun-
nômenos do mundo acompanha os seres humanos das modificações na estrutura social, tais como a
há muito tempo, entretanto as explicações pauta- emergência da burguesia, o desenvolvimento da
economia capitalista, a revolução industrial etc.
das em critérios de comprovação e objetividade, tal
A burguesia emergente valorizava o trabalho ma-
como modernamente se concebe, nasceu no século
nual e a expansão dos seus domínios requeria o de-
XVII em meio a grandes transformações no contex-
senvolvimento de invenções e tecnologia, de modo a
to social. Nessa época, configurou-se o movimento
dominar a natureza utilizando seus recursos de todas
denominado “Renascimento Científico” cujo aspec- as formas. A Revolução Industrial acelerou esse pro-
to principal foi o de romper com as tradicionais for- cesso, pois a racionalização do trabalho e a produção
mas de conhecer, lançando as bases para uma nova e comercialização em larga escala exigiam a constru-
concepção de saber. ção de equipamentos cada vez mais sofisticados.
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14. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
Assim também nasce um novo homem crente no Assim é que a partir do século XVII o conheci-
poder da razão e da transformação do mundo. Dife- mento científico passa a ser reconhecido como um
rente do homem medieval, que temia a Deus e bus- tipo de conhecimento específico separando-se do
cava na vida após a morte as recompensas por uma conhecimento filosófico e no século XIX o otimis-
vida sem pecados, o homem que nascia no interior mo cientificista foi tal que muitos autores afirma-
dessas transformações recolocava-se como figura vam que somente a ciência poderia oferecer todas as
central e retomava o domínio da sua vida. explicações a partir do método científico.
Dessa forma, o conhecimento aceito é aquele Para Morais (1988), há uma questão importante
marcado pela razão, experimentação, demonstração a ser tratada no que se refere à atividade científi-
e comprovação, utilizando o método científico, cri- ca: será a ciência una ou dividida? Quando se pensa
térios diferentes dos até então aceitos, fundamenta- nas suas finalidades, pode-se afirmar que é una, mas
dos especialmente na revelação e autoridade divina. quando se considera a amplitude de objetos passí-
O novo método científico mostrou-se fecundo e veis de serem investigados, também será dividida.
aos poucos foi adaptado a outros campos de pesqui- Chauí (2000, p. 260) pondera que “ciências, no plu-
sa, fazendo surgir diversas ciências particulares. ral, refere-se às diferentes maneiras de realização do
Segundo Morais (1988), a preocupação científica ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos
já estava presente na Idade Antiga, entretanto, gre- investigados e os diferentes métodos e tecnologias
gos e romanos favoreceram o desenvolvimento das empregadas”. Seguindo a classificação apresentada
chamadas ciências formais pois não consideravam
pela autora, as ciências podem ser divididas em: ma-
a experimentação como algo importante. Para os
temáticas ou lógico-matemáticas, ciências naturais,
gregos, havia o desprezo pelas atividades manuais,
ciências humanas ou sociais e ciências aplicadas.
consideradas menos nobres, sendo as atividades da
O breve histórico apresentado demonstra que a
“razão” consideradas elevadas. Já os romanos, cujas
sociedade ocidental contemporânea desenvolveu
preocupações eram mais pragmáticas, não valoriza-
um ideal de cientificidade baseado principalmente
vam a experimentação.
na demonstração e prova, cujos aspectos principais
Já na Idade Média, tendo em vista o predomínio
são: distinção entre sujeito e objeto, criação de uma
da visão religiosa, não havia condições para o de-
senvolvimento do pensamento científico. linguagem específica e própria, importância do mé-
todo, uso de instrumentos tecnológicos etc. Isso leva
Assim, somente quando o homem recoloca-se
à crença de que os resultados obtidos pela ciência
no centro dos fatos históricos e busca compreender
a natureza sem medo de profaná-la, é que se tor- ocorrem de forma independente do desejo, convic-
na possível o desenvolvimento do racionalismo e ção e interesse do cientista, portanto a ciência seria
experimentalismo científico. Morais (1988) afirma neutra. Essa visão cientificista parte do pressuposto
que na Idade Moderna, especialmente a partir do de que a ciência pode conhecer tudo e esse conheci-
Renascimento, são oferecidas as condições objetivas mento permitirá manipular tecnicamente a realida-
para a transformação da concepção do pensamento de de forma ilimitada. Essa forma de encarar a ciên-
até então predominante. cia traz no seu interior a possibilidade de exercer o
Sem dúvida, o que se observa é que, muito em- controle sobre o pensamento humano agindo como
bora o pensamento científico estivesse manifesto uma forma de controle social; é a chamada ideolo-
ao longo da história humana, foi a partir do desen- gia da competência. Nesse sentido, a sociedade está
volvimento do experimentalismo que se criou uma formada por pessoas que sabem (competentes) e as
atitude mental diferenciada em face do mundo na- que não sabem, cabendo às primeiras o direito de
tural, condição necessária para o desenvolvimento exercer o comando e controle sobre as demais, que
do pensamento científico moderno. deverão executar as determinações.
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15. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência
Outro aspecto importante a ser considerado O senso comum
quanto à ciência moderna é sua ligação íntima com O senso comum ou conhecimento vulgar é o co-
a técnica. Originalmente, técnica (do grego téchne) nhecimento popular que busca explicar os fatos,
mais se aproximava da arte no sentido de habilida- sem perquirir suas causas. Ele é fruto do acúmulo
de; com o desenvolvimento do conhecimento cien- de experiências pessoais, portanto assistemático,
tífico, também houve a possibilidade da construção fragmentado e muitas vezes simplista e ingênuo.
de instrumentos para ampliar e potencializar suas
funções. Morais (1988, p. 51) afirma que “houve um O conhecimento teológico
tempo em que se ensinava que a ciência é o conheci- O conhecimento teológico ou religioso busca ex-
mento, e a técnica, a aplicação desse conhecimento”. plicações a partir de entes divinos ou sobrenaturais.
A ciência moderna, levando à construção de instru- Esse tipo de conhecimento torna impossível buscar
mentos que possibilitam conhecimentos mais exa- as causas dos fenômenos, pois estas se encontram
tos, transforma a técnica em tecnologia, objetiva o fora do âmbito da condição humana; é dogmático.
conhecimento por meio de um objeto técnico.
Em face do desenvolvimento do modelo produ- O conhecimento filosófico
tivo capitalista, a ciência e a tecnologia tornaram-se O conhecimento filosófico busca investigar cau-
parte integrante da atividade econômica e assim o sas e razões dos fenômenos por meio das ideias,
montante de recursos financeiros a serem destina- relações conceituais que não podem ser reduzidas
dos a pesquisas científicas são definidos a partir do a observação empírica. Esse tipo de conhecimen-
to tem por finalidade questionar, refletir de forma
seu uso, distante do controle social.
mais ampla sobre as questões humana incluindo
objetivos e conclusões da própria ciência.
Diferentes tipos de conhecimento
A necessidade de conhecer o funcionamento da O conhecimento científico
natureza visando dominá-la levou a diferentes for-
Muitas são as caracterizações elaboradas sobre
mas de explicação sobre o mundo. Assim, desde in- o conhecimento científico; para este estudo, esta-
terpretações místicas até as científicas são tentativas remos adotando a sistematização apresentada por
de dar um sentido para os fenômenos e fatos que Oliveira (apud Ander-Egg, 2001, p. 50):
ocorrem, ou seja, são formas diferentes de se pro-
cessar o conhecimento. [...] ciência é um conjunto de conhecimentos racio-
nais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente,
Todo conhecimento consiste em uma relação en-
sistematizados e verificáveis, que fazem referência
tre o sujeito (cognoscente) e o objeto (aquilo que
a objetos de uma mesma natureza, subdividindo-
será conhecido), que produz uma imagem (repre- os em:
sentação). Para Ruiz (1996, p. 90), “todo conheci- • conhecimento racional, isto é, que tem exigên-
mento consiste numa relação sui generis entre o su- cia de método [...];
jeito cognoscente e o objeto conhecido: relação de • certo ou provável, já que não se pode atribuir à
assimilação do objeto pelo sujeito, relação de pro- ciência a certeza indiscutível de todo saber que a
dução do objeto pelo sujeito, relação de coincidên- compõe [...];
• obtidos metodicamente, pois não se os adquire
cia ou de identificação entre sujeito e objeto”.
ao acaso ou na vida cotidiana [...];
A fim de melhor caracterizar o conhecimento • verificáveis, pelo fato de que as afirmações que
científico, é importante identificar outras formas de não podem ser comprovadas ou que não passam
se conhecer, pois a ciência não é o único modo de se pelo exame da experiência não fazem parte do
explicar a realidade. âmbito da ciência [...];
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16. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
• relativas a objetos da mesma natureza, ou seja, e empírica” e o de Trujillo Ferrari (apud LAKATOS,
objetos pertencentes a determinada realidade, que 1999, p. 80), que entende a ciência como “[...] um
guardam entre si características de homogeneidade. conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas
ao sistemático conhecimento com objeto limitado,
Definição de ciência capaz de ser submetido à verificação”. Observa-se,
Muitos autores apresentam conceitos de ciência. assim, a coincidência de alguns aspectos considera-
Destacamos o apresentado por Megale (1989, p. 41), dos importantes para a compreensão do conceito e
que afirma: “ciência é o conjunto de conhecimentos que serão comuns em maior ou menor grau entre
obtidos através da investigação sistemática, objetiva os autores.
* ANOTAÇÕES
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17. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência
Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
AULA
____________________ 2
O MÉTODO CIENTÍFICO
Conteúdo
• Origens do método científico
• Etapas do método científico
• Tipos de métodos
Competências e habilidades
• Contextualizar as origens do método científico
• Identificar as principais características do método científico
• Apresentar os principais tipos de métodos científicos
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
ORIGENS DO MÉTODO CIENTÍFICO Vários filósofos buscaram estabelecer uma concep-
No âmbito das ciências modernas, o método ção sobre o método, entretanto até o século XVII os
exerce papel tão relevante que muitas vezes se con- problemas filosóficos estavam mais vinculados à ques-
funde a ciência com o seu método. Entretanto, a tão do ser. A Filosofia antiga não indaga sobre a reali-
utilização do método não é privilégio da ciência. dade do mundo. É Descartes que propõe como méto-
A palavra método vem do grego methodos (meta = do, começar duvidando de tudo; é a dúvida metódica.
através de; hodos = caminho), ou seja, é a orienta-
É a partir da Idade Moderna, que as questões do co-
ção, o guia para se conseguir algo. No seu sentido
nhecer ganham vulto tendo em vista o fator subjetivi
mais amplo, significa o conjunto de procedimentos
dade. A partir dessa época os filósofos preocupam-se
utilizados para se alcançar conhecimento seguro de
forma mais racional; na ciência, método é a ordem muito mais com o sujeito cognoscente tendo em vista
imposta no caminho para se chegar a um fim de- a sua dúvida de se pode ou não alcançar a verdade.
terminado. Assim, depreende-se que, pelo método, Chauí (2000) afirma que no decorrer da história
pode-se demonstrar ou verificar conhecimentos. o método sempre desempenhou o papel de regula-
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18. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
dor do pensamento, pois “guia o trabalho intelectual ressaltar que toda pesquisa necessita ter claramen-
[...] e avalia os resultados obtidos” (p. 159); contu- te formulado um problema, entretanto, nem todos
do, foi a partir do desenvolvimento da ciência mo- os problemas são passíveis de tratamento científico
derna que se colocou a necessidade da construção por não poderem ser respondidos, comprovados
de procedimentos que permitissem a demonstração por demonstração. Como afirma Gil (1996, p. 27), a
do conhecimento por meio da evidência, levando à pesquisa científica não pode responder “a questões
organização do método científico. de ‘engenharia’ e de valor porque sua correção ou
Ao se tratar do método científico, uma importan- incorreção não é passível de verificação empírica”.
te questão merece ser elucidada: a diferença entre Richardson (1999) sugere formular a pergunta uti-
método e metodologia, pois muitas vezes toma-se o lizando como, o que e quando preferencialmente a
significado de um pelo outro. Por método entende- por quê.
se a organização das etapas fundamentais do pro- Tendo sido o problema identificado, coloca-se a
cesso de pesquisa a partir das teorias que orientam necessidade de buscar informações acerca do fenô-
a busca da verdade. Já metodologia incorpora o mé- meno que será investigado. Nessa etapa, as princi-
todo e as técnicas, ou seja, os instrumentos para a pais fontes de informação são aquelas que apresen-
investigação científica (coleta, tabulação, análise e tam alguma sistematização sobre o assunto, espe-
interpretação de dados etc.). cialmente livros, relatórios, periódicos, internet etc.
Na sequência do processo está a formulação da
Etapas do método científico hipótese, ou seja, a elaboração de resposta prévia ao
A investigação da natureza de forma científica, problema formulado. A hipótese normalmente é le-
ou seja, utilizando o método científico, requer do vantada quando o investigador já realizou revisão da
investigador uma constante atitude de reflexão e literatura pertinente ao fenômeno em estudo, ob-
crítica diante da realidade e do permanente ques- tendo considerável conhecimento sobre o problema
tionamento acerca das conclusões obtidas. Muito que permite a tentativa de resposta; é evidente que
embora essa atitude deva também fazer parte da vida a hipótese será testada no processo de investigação e
cotidiana das pessoas, para o cientista deve ser um assim poderá ser comprovada ou refutada.
exigência que compreende alguns passos ou etapas. Para Richardson (1999), o meio formal de testar
Neste estudo utilizaremos a sistematização apresenta- a hipótese é a predição que consiste na tentativa de
da por Richardson (1999, p. 26-29), que compreende: predizer o resultado da hipótese pelo uso da esta-
a observação, a formulação de um problema, a ob- tística. O raciocínio é que se a resposta é acertada,
tenção de informações referenciais, o levantamen- os resultados são específicos e, muito embora rara-
to de hipóteses, a predição, a experimentação e a mente a predição seja totalmente perfeita, é funda-
análise. mental para o teste da hipótese.
Pode-se afirmar que a observação é o primeiro A experimentação visa comparar os resultados
momento da investigação, pois compreende infor- obtidos, mediante a realização de atividades que,
mações mais gerais obtidas por meio da experiência dadas determinadas condições, permitam obter res-
cotidiana ou mesmo de leituras realizadas, o que ca- postas a partir da manipulação intencional, e cons-
racteriza como diferencial é que “essas observações titui-se em etapa importante do método científico.
devem ser sensíveis, mensuráveis e passíveis de re- A análise configura-se como a fase final do mé-
petição, para que possam ser observadas por outras todo científico e consiste na confirmação ou não da
pessoas” (RICHARDSON, 1999, p. 26). hipótese levantada, permitindo construir, confirmar
A partir da observação, o pesquisador constata ou rejeitar determinada teoria.
alguma questão que necessita ser respondida e parte Uma questão se coloca: e quanto às ciências so-
para a formulação do problema de pesquisa. Cabe ciais? Haveria um método específico para as ciên-
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19. AULA 2 — O Método Científico
cias sociais? O humano como objeto de investigação tre eles [...], generalização da relação [...]”. Ou seja,
passa a ter importância a partir do século XIX, con- após a observação de um fenômeno, faz-se o grupa-
tudo, como nesse momento os critérios de cientifi- mento dos fatos segundo as suas relações constantes
cidade já estavam estabelecidos, houve a incorpora- para generalizar para todos os fenômenos da mes-
ção dos mesmos métodos e técnicas utilizados nas ma espécie.
ciências da natureza para a análise dos fenômenos
sociais. Contudo, por não ser possível uma trans- Método dedutivo – contrariamente à indução, o
posição pura e simples dos métodos das ciências método dedutivo parte de enunciados mais gerais
naturais para o estudo dos fenômenos humanos, os para chegar aos particulares ou menos gerais. Se-
resultados obtidos tornaram-se pouco científicos gundo Oliveira (2001, p. 62), “a dedução como for-
e, portanto, foram muito contestados. Richardson ma de raciocínio lógico tem como ponto de partida
(1999) reflete que o fracasso das ciências sociais se um princípio tido como verdadeiro a priori. O seu
deveu à transferência acrítica da metodologia das objetivo é a tese ou conclusão que é aquilo que se
ciências físicas e naturais ao fenômeno humano. pretende provar”. É importante enfatizar que a de-
Para o autor, as bases da pesquisa empirista utiliza- dução e a indução são procedimentos do raciocínio
da nas análises dos fenômenos sociais levou “a uma que se complementam no processo da investigação.
deturpação total da meta fundamental das ciências
sociais: o desenvolvimento do homem e da socieda- Método dialético – A dialética tem sua origem na
de” (p. 30). Grécia e em seus primórdios significava a arte de
Somente a partir dos anos 1980, já no século XX, dialogar. Em Platão e Aristóteles já é possível iden-
há uma real ruptura com os modelos até então con- tificar no conceito o aspecto de transformação, por
solidados e ocorre uma mudança radical no estudo intermédio da contradição, entretanto, é Hegel que
dos fenômenos humanos e sociais. Richardson pon- sistematiza a dialética como processo, movimento,
dera ainda que as características do método cientí- mudança, transformação a partir de leis próprias.
fico valem para qualquer ciência, contudo, “o que A história é vista como obra humana dentro de um
muda é a aplicação de regras e instrumentos que processo dinâmico e não somente como a ocor-
devem estar adequados para a medição dos fenô- rência de fatos. Para Hegel, esse processo se dá nas
menos sociais. Por exemplo, fenômenos qualitativos ideias, na razão; sendo determinado pela reflexão,
não podem ser analisados com instrumentos quan- pelo pensamento, e, assim, o objeto é identificado
titativos” (p. 30). como consciência abstrata. Marx busca o conceito
Assim, ainda que com muita controvérsia, os fe- desenvolvido por Hegel trazendo-o para a realidade
nômenos humanos e sociais tornam-se objetos de objetiva, ou seja, o desenvolvimento não se dá pelo
ciências específicas, tendo métodos próprios para pensamento, mas mediante as práticas sociais reali-
análise desses fenômenos. zadas materialmente pelos homens.
São três as leis da dialética: a transformação da
Tipos de métodos quantidade em qualidade, a interpenetração dos con-
Método indutivo – é um processo mental que trários e a negação da negação.
parte do registro de fatos singulares ou menos ge- • Lei da passagem da quantidade à qualidade –
rais, mas suficientemente constatados, para alcançar define que a passagem de um objeto para outro
conclusões mais gerais. No método indutivo, anali- com características diferentes (qualidade) se dá
sam-se as partes para compreender o todo. Lakatos pelo aumento quantitativo de determinadas
e Marconi (1998, p. 87) consideram três elementos características do objeto.
principais no procedimento da indução: “observa- • Lei da unidade e luta dos contrários – estabele-
ção dos fenômenos [...], descoberta da relação en- ce que na contradição é que se dá o movimen-
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20. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
to, ou seja, os elementos que não podem existir que cria o novo não elimina totalmente o ve-
sem o outro também buscam superar-se. Ao lho, pois mesmo o novo significando um novo
tempo em que um só existe em função do ou- objeto possui qualidades do elemento antigo.
tro, também busca sua ultrapassagem. São for-
ças antagônicas que convivem em um mesmo O método desempenha um papel fundamental
movimento; são faces de uma mesma moeda. no processo de pesquisa; por meio dele se constroem
• Lei da negação da negação – explica que a o objeto e as etapas que orientarão a investigação.
transformação do objeto em seu contrário se Portanto, a definição do método não deve ser vista
dá pela negação. O novo é construído pela ne- como uma atividade burocrática, mas como as ba-
gação do velho, que por sua vez, ao envelhecer, ses sobre as quais estarão sendo construídos os co-
é negado por algo novo. Na luta dos contrários nhecimentos acerca do objeto em estudo.
* ANOTAÇÕES
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21. AULA 3 — O Processo de Pesquisa
AULA
Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
____________________ 3
O PROCESSO DE PESQUISA
Conteúdo
• O que é pesquisa
• Tipos/caracterização da pesquisa
• Fases da pesquisa
• Instrumentos e técnicas para coleta de dados em pesquisa social
Competências e habilidades
• Conceituar o que vem a ser pesquisa científica
• Caracterizar os diferentes tipos de pesquisa
• Identificar as fases de elaboração da pesquisa
• Identificar as principais técnicas para coleta de dados em pesquisas sociais
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
A PESQUISA: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÀO Gil (1991, p. 19), a pesquisa é “o procedimento ra-
E TÉCNICAS cional e sistemático que tem como objetivo propor-
A pesquisa científica é um processo reflexivo que cionar respostas aos problemas que são propostos”.
visa construir conhecimentos a partir de procedi- A partir dessas definições é possível identificar que
mentos racionais e sistemáticos. Santos (2000, p. 15) a pesquisa é um meio de se produzir conhecimen-
caracteriza a pesquisa como “atividade intelectual tos aplicando, para isso, metodologias apropriadas
intencional que visa responder às necessidades hu- de forma racional, organizada, metódica e reflexiva
manas”. Lakatos e Marconi (1995, p. 155) afirmam voltada à resolução de problemas.
que a pesquisa “é um procedimento formal, com A preparação de uma pesquisa científica requer
método de pensamento reflexivo, que requer um um planejamento, para mais racionalmente se or-
tratamento científico e se constitui no caminho para ganizarem os procedimentos. Essa preparação com-
conhecer ou para descobrir verdades parciais”. Para preende quatro grandes etapas ou fases: a prepa-
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22. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
ração, a elaboração do projeto, a execução do pla- p. 23) esquematiza as etapas decorrentes daquelas,
nejado e a elaboração do relatório final. Gil (1996, conforme o fluxograma a seguir:
Formulação Construção Determinação Operacionalização
do Problema de Hipóteses do Plano de Variáveis
Elaboração dos
Pré-teste dos
Instrumentos Seleção da Amostra Coleta de Dados
Instrumentos
de Coleta de Dados
Análise e Interpretação Redação do Relatório
dos Dados da Pesquisa
A fase de preparação é o momento em que o inves- A apresentação formal do projeto pode variar
tigador define o tema a ser pesquisado, realiza a de- conforme o autor utilizado ou o convencionado por
vida revisão de literatura a fim de identificar o atual cada Instituição de Ensino, entretanto, os questio-
estágio de estudos sobre o assunto, bem como se há namentos levantados deverão estar contemplados
fontes de dados disponíveis para que possa realizar no sentido de atender aos objetivos inerentes a qual-
o estudo. A revisão de literatura também permite a quer projeto de pesquisa.
delimitação mais clara do problema a ser estudado e Um dos aspectos fundamentais no processo de
o estabelecimento de hipóteses (quando for o caso) pesquisa refere-se à formulação do problema a ser
ou respostas provisórias ao problema enunciado. investigado, pois na busca da sua solução é que se es-
tará apropriando, construindo e transformando co-
Na etapa seguinte estará organizando o plano ou
nhecimentos. Dessa forma, pode-se afirmar que toda
projeto de pesquisa, elemento fundamental no pro-
pesquisa inicia-se com um problema, entretanto nem
cesso, pois permite ao pesquisador estabelecer metas
todo problema é passível de tratamento científico.
de forma clara, dentro de um prazo possível, com
Lakatos e Marconi (1995) definem problema como
técnicas mais adequadas em face do que se pretende
uma dificuldade apresentada no entendimento de
investigar e atendendo a determinado orçamento. A um assunto efetivamente importante e para o qual
terceira etapa pode ser compreendida como a etapa se vai buscar uma solução. Para Gil (1991), um pro-
de execução do projeto ou plano, quando os dados blema será científico quando for passível de ser ve-
serão coletados, tabulados e analisados, e a quarta e rificado, observado empiricamente ou manipulado.
última etapa refere-se à elaboração do relatório final A formulação do problema não é tarefa fácil visto
de pesquisa, quando serão apresentados os resulta- que não se trata de tão-somente identificar o que se
dos do estudo dentro de normas e padrões previa- pretende investigar, é preciso ter clareza e objetivi-
mente estabelecidos (NBR 14724 da ABNT). dade. Sugere-se formular o problema em forma de
O projeto de pesquisa vem responder aos seguin- pergunta (ou questão) delimitando-o a uma abran-
tes questionamentos: gência que o torne viável de ser resolvido, com ma-
• O que investigar? teriais e técnicas disponíveis e acessíveis ao pesqui-
• Por que investigar? sador. Gil (1991) recomenda ter cuidado quando o
problema referir-se a valores, pois por basear-se em
• Para que e para quem investigar?
aspectos subjetivos corre-se o risco de comprometer
• Fundamentado em quais fontes de informação? a validade dos resultados obtidos.
• Que soluções são propostas?
• Como, com o que ou onde pesquisar? Classificação das pesquisas
• Quais recursos orçamentários são necessários? A realização de uma pesquisa, especialmente nas
• Qual é o tempo necessário para cumprir as etapas? ciências sociais, não segue um modelo único tendo
• Quais fontes foram consultadas? em vista a complexidade própria da vida social vis-
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23. AULA 3 — O Processo de Pesquisa
lumbrada em diferentes nuanças e aspectos ao olhar Essa organização pretendeu apresentar uma for-
do investigador. ma de classificação; determinados tipos ocorrem
Neste estudo, adotaremos a classificação siste- com mais regularidade em pesquisas sociais, en-
matizada por Gil (1991), que as organiza a partir tretanto, em alguns casos pode-se recorrer a vários
de dois critérios principais: quanto aos objetivos e tipos em uma mesma pesquisa para se responder à
quanto aos procedimentos técnicos utilizados. questão investigada.
Quanto aos objetivos gerais
A coleta de dados
Visa criar maior aproximação com
o tema, proporcionando maior Em face da pesquisa que será realizada e dos ob-
Pesquisa
familiaridade com o problema; na maioria jetivos definidos pelo pesquisador, as informações
Exploratória
dos casos, assume a forma de pesquisa
bibliográfica ou de estudo de caso. poderão ser obtidas de diferentes fontes, sendo três
Visa descrever as características as principais: a utilização de documentos, a obser-
Pesquisa de determinada população ou
Descritiva fenômeno utilizando técnicas
vação, e as entrevistas e questionários.
padronizadas para coleta de dados. Os documentos se referem ao material escrito
Visa identificar os fatores que ao qual o investigador poderá ter acesso, podendo
Pesquisa determinam a ocorrência de determinados
Explicativa fenômenos. Busca explicar a razão, “o distinguir-se em: documentos oficiais (normalmen-
porquê” de acontecerem.
te provenientes de governo ou de empresas), docu-
mentos pessoais, material de imprensa e utilitários
Quanto aos procedimentos técnicos utilizados (catálogos, folhetos etc.).
É desenvolvida a partir da utilização de
Pesquisa material impresso elaborado – livros,
A observação como técnica para coletar dados
Bibliográfica artigos científicos, material eletrônico, deverá atender às características próprias de cada
almanaques etc.
pesquisa e se realiza mediante contato do investiga-
É desenvolvida a partir de fontes
Pesquisa
documentais, que podem ou não ter
dor com o fenômeno em estudo. Essa técnica é fun-
Documental
recebido tratamento analítico. damental em pesquisas sociais, pois permite apre-
Pesquisa Consiste na reprodução de um fenômeno ender fatos e aspectos para os quais outros tipos de
Experimental a partir de condições controladas.
instrumentos se mostram limitados, contudo deve
Utiliza os mesmos procedimentos da
pesquisa experimental, diferindo no ser utilizada de forma combinada com outras téc-
Pesquisa
aspecto de que, neste caso, os fatos nicas.
Ex-post-facto
são espontâneos, não podendo o
pesquisador controlar as variáveis. Segundo Dencker (2001, p. 146), a observação
Baseia-se na interrogação direta ao pode ser realizada de duas formas: direta e indireta.
grupo que se pretende investigar; “Observação direta, como o próprio nome já diz, é a
neste caso, recorre-se à amostra que
deverá ser significativa para possibilitar realizada diretamente sobre o objeto da observação,
Levantamento
generalizações. As pesquisas desse tipo
enquanto a indireta é feita de tal modo que o obser-
não são adequadas quando se tratar
de estudos de problemas referentes a vado não se percebe como o principal elemento da
relações e estruturas sociais complexas.
investigação”.
Tem como base o estudo de um ou
Estudo de
poucos objetos visando conhecê-lo(s) de A entrevista é compreendida como um diálogo
Caso
forma profunda e detalhada. entre duas pessoas (entrevistador e entrevistado)
É realizada de forma articulada a uma com objetivos claramente definidos. Essa técnica
Pesquisa-ação ação diante de um problema detectado
no processo de pesquisa. permite obter as informações diretamente da pes-
Há interação entre o pesquisador e soa, bem como a observação de toda a situação e
o grupo de interesse da pesquisa e, reação do entrevistado. Assim como a observação,
Pesquisa
muito embora tenha semelhança com a
Participante a entrevista como técnica para coleta pode ter sua
pesquisa-ação, procura distinguir a ação
espontânea (popular) da ação científica. validade questionada tendo em vista a possível in-
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24. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
fluência do entrevistador nas respostas do entre- termos que sejam amplamente conhecidos, atentar-
vistado, ou mesmo a distorção que pode ocorrer se somente aos objetivos da pesquisa, limitá-lo em
na análise do material obtido. Entretanto, em que extensão e cuidar para não ser tendencioso. Sugere-
pesem esses aspectos, Minayo (2001, p. 59) destaca a se testar os questionários antes de aplicá-los, ou seja,
importância da noção de entrevista em profundida- realizar um pré-teste em que um grupo pequeno
de “que possibilita um diálogo intensamente corres- responderá ao questionário de modo a identificar
pondido entre entrevistador e informante [...] Esse seus pontos falhos e que mereçam ser revistos, a fim
relato fornece um material extremamente rico para de verificar se atendem às expectativas.
análises do vivido”.
Para se alcançar a validade nas respostas, é im- Forma de registro
portante preparar a entrevista atentando-se ao que O registro das informações obtidas no processo de
será indagado e cercando-se de certos cuidados para coleta de dados é de fundamental importância; as-
não interferir nas respostas do entrevistado. Quan- sim, para não se deparar com a ausência de algum
to à organização, buscar marcar com antecedência, dado relevante, é conveniente estabelecer a forma de
obter algum conhecimento prévio sobre o entrevis- realizar e organizar os registros.
tado, preparar as perguntas e criar uma situação de Quando se tratar de entrevistas, é possível utili-
discrição. No decorrer da entrevista, é importante zar, além do recurso da anotação, a gravação, a par-
estar mais preparado para ouvir do que para falar, tir do consentimento do entrevistado.
intervir no momento oportuno em que uma ques- O uso da filmagem é também uma forma interes-
tão tenha relevância para ser aprofundada e buscan- sante de realizar os registros, pois permite rever as
do manter-se fiel aos objetivos da entrevista, não situações vivenciadas pelo grupo estudado e que por
permitindo desvios no que se pretende. vezes escapam ao olhar do investigador. Assim como
O questionário pode ser definido como um ins- a filmagem, a fotografia permite reter informações
trumento impessoal e que permite maior facilida- importantes no momento em que se realiza o es-
de na coleta de informações. Nesse instrumento, o tudo, pois o efeito das transformações do tempo cer-
investigador estabelece as questões, cujas respostas tamente estará modificando formas, paisagens etc.
serão obtidas de forma escrita, podendo o entrevis- Minayo (1994) alerta que em estudos sociais é im-
tado responder livremente ou assinalar as alternati- portante que se utilize o “diário de campo”, que são
vas predeterminadas. anotações sistemáticas realizadas pelo pesquisador e
Assim, o questionário poderá apresentar per- que estarão enriquecendo as análises e descrições.
guntas do tipo aberta e/ou fechada, a depender do
objetivo da pesquisa. As perguntas abertas são aque- Algumas considerações sobre a amostragem
las que permitem a livre resposta do entrevistado, A amostra é um recurso a ser utilizado quando
ficando a seu critério a extensão da resposta a ser a população-alvo for muito grande para ser usada
fornecida. As perguntas fechadas são aquelas cujas inteira. Por população-alvo compreende-se o grupo
respostas já se encontram previamente estabeleci- formado pelos indivíduos ou elementos que pos-
das, ficando o entrevistado no papel de somente as- suem determinadas características definidas para
sinalar a alternativa que achar mais adequada. um estudo; assim, a amostra representa uma parte
A elaboração de um questionário requer alguns (um subconjunto) desse grupo. Richardson (1999)
cuidados por parte do investigador: procurar ini- acrescenta que, além do tamanho da população-al-
cialmente explicar de forma objetiva a finalidade vo, os custos e o tempo são fatores importantes na
do questionário não se esquecendo de agradecer a utilização da amostragem, pois essa técnica permite
colaboração de quem o respondeu, apresentar as reduzir custos e minimizar as distorções decorrentes
questões de forma compreensível e com palavras e da variação do tempo de obtenção das informações.
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25. AULA 3 — O Processo de Pesquisa
Como nas ciências sociais trabalha-se com gru- população-alvo fossem idênticos, uma amostra de
pos humanos cuja característica principal é a hete- um só elemento seria perfeitamente representativa.
rogeneidade, a técnica da amostragem permite sele-
As amostras podem ser de dois tipos: as proba-
cionar as amostras mais adequadas ao propósito da
bilísticas e as não probabilísticas, em que somente
investigação. as últimas poderão permitir generalizações estatís-
Uma característica importante das amostras é ticas por estarem apoiadas no princípio da inferên-
que o resultado obtido a partir dos dados da amos- cia estatística. As amostras do tipo probabilística
tra deverão permitir as generalizações, ou seja, o que caracterizam-se, principalmente, por permitir que
é característica da amostra também é característi- cada elemento da população-alvo tenha a probabi-
ca de todo o conjunto que não se pôde observar. O lidade de fazer parte da amostra. Os principais tipos
fato de se utilizar uma amostra e não a população- de amostras probabilísticas são: amostra aleatória
alvo total pode levar a erros que poderão ser mini- simples, amostra sistemática, amostra por conglo-
mizados quando se conhecem todos os parâmetros merado e amostra estratificada.
da população-alvo, pois nesse caso pode-se calcular As amostras não probabilísticas utilizam critérios
o erro da amostra. Quando não se conhecem esses baseados no raciocínio e na lógica para compor a
parâmetros, é preciso estabelecer critérios visando amostra e não no princípio do acaso. Os principais ti-
minimizar a margem de erro. Contandriopoulos et pos são: amostras acidentais, amostras de voluntários,
al. (1999, p. 60) indicam dois critérios para se discu- amostras por escolhas racionais e amostras por cotas.
tir essa margem: O tamanho da amostra depende de vários fatores
intrinsecamente articulados ao que se pretende in-
Quanto maior a “fração da amostra”, menor o “er-
vestigar, aos custos decorrentes da coleta de dados e
ro da amostra”. Intuitivamente é fácil conceber
que, quanto maior a amostra em relação à popula- aos métodos estatísticos a serem utilizados.
ção-alvo, mais segura é a representatividade dessa Qualquer que seja o método utilizado, é preciso
amostra. Inversamente quanto mais homogênea ter-se clareza que cada um apresentará vantagens e
for a população-alvo, menos necessária será uma desvantagens e que não há apenas um que seja uni-
grande amostra. No limite, se todos os elementos da versalmente válido para todas as situações.
* ANOTAÇÕES
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26. Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
AULA
____________________ 4
A PESQUISA QUALITATIVA
Conteúdo
• Pesquisa qualitativa – conceito e características
• O qualitativo e o quantitativo – diferentes faces de um mesmo processo
Competências e habilidades
• Compreender o que é a pesquisa qualitativa
• Identificar as características da pesquisa qualitativa
• Relacionar pesquisa qualitativa e quantitativa
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com professor interativo
2 h/a – presenciais com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
O QUE É PESQUISA QUALITATIvA? A pesquisa qualitativa pode ser definida como
As pesquisas sociais têm sido marcadas pela uti- uma abordagem que busca entender determinado
lização de metodologias do tipo quantitativo na fenômeno de forma aprofundada, descrevendo-o,
abordagem e análise dos fenômenos que investiga, analisando-o e interpretando-o. Muito mais do que
contudo nos últimos anos um tipo de abordagem descrições estatísticas que visam à generalização dos
resultados, a pesquisa qualitativa trabalho com outro
tem se mostrado promissor por ter como foco as-
nível de realidade que nem sempre pode ser mensu-
pectos que privilegiem a subjetividade na compre-
rado ou transformado em dados quantitativos.
ensão e entendimentos do objeto de estudos.
Um aspecto importante nas pesquisas qualitati-
Embora vista com desconfiança por alguns pes-
vas é a não padronização da forma de abordagem e
quisadores, a pesquisa qualitativa tem ganhado força tratamento do objeto de estudo, muito comum em
em áreas importantes. Sobre isso, Neves (1996, p. 1) pesquisas de cunho quantitativo. “A pesquisa qua-
comenta: “Surgido inicialmente no seio da Antropo- litativa pode ser caracterizada como a tentativa de
logia e da Sociologia [...] esse tipo de pesquisa ga- uma compreensão detalhada dos significados e ca-
nhou espaço em áreas como a psicologia, a educação racterísticas situacionais apresentadas pelos entre-
e a administração de empresas”, entre outras. vistados, em lugar da produção de medidas quanti-
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27. AULA 4 — A Pesquisa Qualitativa
tativas de características ou comportamentos” (RI- possam servir de parâmetro para se chegar à verda-
CHARDSON, 1999, p. 87). de dos fenômenos. Contudo, a questão da credibili-
É possível afirmar que há uma tentativa de apreen- dade está vinculada a questões muito específicas das
der a riqueza da dimensão humana em toda sua ciências sociais, principalmente quando se conside-
magnitude, sem que isso signifique o aprisionamen- ra o seu nascedouro.
to a fórmulas e padrões previamente definidos. Segundo Santos Filho (2000), no século XIX uma
Godoy (1995, p. 62) enumera algumas caracterís- das questões principais para os pesquisadores que
ticas que permitem identificar as pesquisas do tipo discutiam os fenômenos humanos e sociais foi o
qualitativa: problema da unidade das ciências. No século ante-
rior, as ciências da natureza demonstraram que, pelo
1 – o ambiente natural como fonte direta dos dados método científico baseado na quantificação e gene-
e o pesquisador como instrumento fundamental;
ralização dos resultados, seria possível predizer com
2 – o caráter descritivo;
vistas a alcançar dados muito precisos, que revelas-
3 – o significado que as pessoas dão às coisas e à sua
sem a verdade sobre os fenômenos observados.
vida como preocupação do investigador;
4 – enfoque indutivo. Então, as questões sociais, que nesse momen-
to revelavam toda sua complexidade, passam a ser
O que se depreende é que o aspecto subjetivo tem pauta de indagação no sentido da busca de métodos
destaque. que pudessem garantir o mesmo sucesso alcançado
Segundo Minayo (2001, p. 23), nas ciências so- pelos métodos utilizados nas ciências da natureza.
ciais a pesquisa qualitativa se ocupa com um nível
de realidade que não pode ser quantificado: Duas respostas ou posições foram assumidas diante
desse problema. Uma defendia a unidade das ciên-
Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, cias e, portanto, a legitimidade do uso do mesmo
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o método em todas as ciências. A outra posição era
que, corresponde a um espaço mais profundo das favorável à tese da peculiaridade das ciências so-
relações, dos processos e dos fenômenos que não po- ciais e humanas e, portanto, defendiam um método
dem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. científico específico para estas ciências (SANTOS
FILHO, 2000, p. 15).
Assim, a subjetividade ganha destaque ocupando
um lugar fundamental na abordagem dos fenôme- A unidade das ciências teve no Positivismo de
nos, pois a objetividade representada em diagramas, Comte sua maior defesa, e influenciou as ciências
gráficos e quantificação nem sempre apreende a di- sociais principalmente na forma de apreensão e
nâmica presente na vida e que é revelada a partir da análise dos fenômenos, pois para conferir atributos
fala dos sujeitos que a constitui. e qualidade ao objeto de investigação adotou termos
Richardson (1999, p. 90) corrobora esse pensa- matemáticos e a linguagem de variáveis, caracterís-
mento quando afirma que “a pesquisa qualitativa tica das ciências da natureza.
pode ser caracterizada como a tentativa de uma Minayo (2001, p. 23) sintetiza bem esse posicio-
compreensão detalhada dos significados e caracte- namento quando define os seguintes critérios para
rísticas situacionais apresentadas pelos entrevista- análise dos fenômenos sociais, com base nas ciên-
dos, em lugar da produção de medidas quantitativas cias da natureza:
de características ou comportamentos”.
a – o mundo social opera de acordo com leis cau-
As pesquisas qualitativas vêm ganhando espaço, sais;
embora ainda não sejam aceitas por muitos pesqui- b – alicerce da ciência é a observação sensorial;
sadores exatamente pela questão da validade cientí- c – a realidade consiste em estruturas e instituições
fica, ou seja, como garantir que aspectos subjetivos identificáveis enquanto dados brutos por um lado
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28. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
e crenças e valores por outro. Estas duas ordens se nesse tipo de pesquisa e se levem alguns teóricos2 a
correlacionam para fornecer generalizações e regu- buscarem classificar os paradigmas que orientam as
laridades; análises dos fenômenos humanos e sociais.
d – o que é real são os dados brutos; valores e cren-
Minayo (2001) aponta a Sociologia Compreensi-
ças são dados subjetivos que só podem ser com-
va em suas diferentes formas – fenomenologia, et-
preendidos através dos primeiros.
nometodologia, interacionismo simbólico – como
Santos Filho (2000, p. 23) destaca três caracterís- uma corrente teórica que, em oposição ao Positi-
ticas principais quando da análise dos fenômenos vismo, coloca o significado da vida humana como
humanos e sociais à luz dos métodos baseados nas centro no processo de investigação.
ciências naturais: Entretanto, uma questão se coloca como central
quando da análise dos fenômenos sociais tendo
Primeiro, defende o dualismo epistemológico, ou
como perspectiva a valorização dos aspectos quali-
seja, a separação entre o sujeito e o objeto do co-
tativos que é a validade científica. Richardson (1999,
nhecimento; segundo, vê a ciência social como
neutra ou livre de valores; e terceiro, considera que p. 91) afirma que “para muitos pesquisadores qua-
o objetivo da ciência social é encontrar regularida- litativos as convicções subjetivas das pessoas têm
de e relações entre os fenômenos sociais. primazia explicativa sobre o conhecimento teórico
do investigador”.
A partir da segunda metade do século XIX, teve Esse tipo de tratamento dado ao objeto de estu-
início um movimento criticando a adoção de méto- dos pode induzir a um problema grave, ou seja, a
dos baseados nas ciências da natureza, para análise adoção de uma atitude acrítica, tornando-se parte
dos fenômenos sociais. inevitável da ideologia dominante.
Os teóricos1 que encabeçaram esse movimento Para Minayo (2001), a abordagem dialética, em-
entendiam que a riqueza da vida não poderia ser bora ainda perseguida e não concretizada, seria uma
expressa, por análises com base no Positivismo. As- forma de dar significado ao conteúdo apreendido na
sim, não haveria realidade objetiva fora da realidade análise dos fenômenos sociais de uma forma crítica.
humana e, desta perspectiva, sujeito e objeto se re- Já Santos Filho (2000) afirma que os fenômenos hu-
lacionam dentro de um mesmo processo. A análise manos e sociais estão se mostrando mais complexos
da realidade é a análise dos seres humanos. Outro do que se imaginava, sendo admissível pensar nas
aspecto a ser considerado, é que não há como es- mais variadas metodologias a fim de se aprofundar
tabelecer a regularidade na análise dos fenômenos nas análises.
sociais em face da própria complexidade que carac- Richardson (1999) menciona a importância da
teriza a vida humana, a vida em sociedade. aplicação da lógica dialética no processo de apreen-
Assim, a ênfase das ciências sociais deve ser a der os fenômenos dentro de uma perspectiva histó-
compreensão e não a explanação do objeto desvin- rica com vistas a identificar sua transitoriedade.
culado do contexto no qual se insere e da forma es- Para o autor:
pecífica como o investigador o apreende, marcado
[...] primeiramente, é essencial estudar o desenvol-
pela suas idiossincrasias.
vimento histórico de um fenômeno para revelar a
A partir da década de 1970, ganha força a crítica mudança em sua conceituação através do tempo. O
ao paradigma positivista aplicado às ciências sociais, propósito [...] não é apenas registrar mudanças em
o que faz que se adotem abordagens alternativas sua aparência ou essência, mas revelar a natureza
1 2
Dentro da tradição filosófica de base idealista, citamos Dilthey, Ri- Habermas, Berstein, Burrel e Morgan, Popkewitz, Soltis, Husén,
ckert, Weber e Husserl. Hoshmand, entre outros.
74
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29. AULA 4 — A Pesquisa Qualitativa
dinâmica da relação entre a aparência e a essência Etapas da pesquisa social
do fenômeno (RICHARDSON, 1999, p. 92). Na pesquisa qualitativa, os procedimentos a se-
rem adotados para a organização do estudo mere-
Contudo, mesmo tendo a crítica como aspecto fun-
cem destaque: a seleção do local e grupo de interesse
damental na análise dos fenômenos sociais, ainda resta
para o estudo, técnica para obtenção das informa-
a pergunta: e a validade científica? Como alcançá-la?
ções, análise das informações e, finalmente, disposi-
É ainda Richardson (2000) que afirma a impor- ção das informações no relatório.
tância da prática reflexiva, no sentido de “admi- A definição do local requer certa familiaridade do
nistrar a oscilação analítica entre a observação e a pesquisador, pois isso terá relação direta com a vali-
teoria que considera válida”. O objetivo de não pro- dação dos resultados. Esse processo deve estar basea-
duzir um simples resultado, mas de descrever de do em reflexões que incluem diferentes critérios que
forma coerente e detalhada determinada situação, vão desde a facilidade na obtenção dos dados e regis-
que a reflexão teórica permitirá compreender, ilu- tro até as influências que o meio exerce na opinião
minando os determinantes que colaboram com a dos entrevistados. Pode-se afirmar que os estudos
manifestação empírica dos fenômenos. de caso se configuram como mais adequados, sendo,
Seguindo esse raciocínio, podemos afirmar que as contudo, possível os estudos que incluam mais de um
pesquisas qualitativa e quantitativa não se excluem; ao caso a fim de se estabelecerem comparações.
contrário, são complementares, pois os dados quanti- O instrumento que melhor serve aos propósitos
tativos, à luz da reflexão qualitativa, revelam aspectos de um estudo qualitativo é a entrevista. O contato
com os possíveis entrevistados é uma etapa funda-
fundamentais na compreensão dos fenômenos.
mental, com vistas a estreitar as relações para maior
Minayo e Sanches (1993), com base em diferentes
riqueza e veracidade nas informações, contudo não
autores, afirmam que do ponto de vista metodológi- há como prescrever o procedimento mais adequa-
co não há contradição nem continuidade entre as do, pois isso dependerá de diferentes aspectos.
abordagens em vista de serem de naturezas diferentes. Quanto à coleta de informações, vale ressaltar
Para os autores (1993), que citam Gurvitch (1955), a o papel que a observação desempenha em estudos
pesquisa quantitativa atua em níveis da realidade, nos qualitativos, embora ainda se questione a validade
quais os dados se apresentam aos sentidos. desse procedimento e também da entrevista.
Já a pesquisa qualitativa trabalha com valores, Será na análise das informações que o pesquisa-
crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. dor irá organizar os dados relevantes em categorias,
Assim, não há mais cientificidade em uma ou na que possibilitem a aproximação com o objeto, de
outra, ainda que uma utilize instrumentos sofistica- modo a identificar aquelas que se mostrem mais
dos de mensuração e a outra busque a compreensão adequadas para retratar o fenômeno em análise.
em profundidade. A elaboração do relatório irá retratar todas as
É ainda Minayo e Sanches (1993, p. 16) que con- etapas vivenciadas, tendo as revisões de literatura e
tribuem com a questão afirmando que: abordagem teórica definida para a análise do fenô-
meno como condições fundamentais para apresen-
[...] se a relação entre quantitativo e qualitativo, en- tar os resultados visando ao esclarecimento e às res-
tre objetividade e subjetividade não se reduz a um postas aos problemas identificados de forma válida.
continuum, ela não pode ser pensada como oposição Assim, cada etapa do trabalho merece uma análi-
contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as se cuidadosa, uma reflexão constante e um compro-
relações sociais possam ser analisadas em seus as- metimento reiterado com vistas a retratar a riqueza
pectos mais “ecológicos” e “concretos” e aprofunda- da vida em toda a sua dimensão que a letra e o dado
das em seus significados mais essenciais. Assim, o frio não permitem apreender e muitas vezes conge-
estudo quantitativo pode gerar questões para serem lam, limitando a visão do processo de constituição
aprofundadas qualitativamente, e vice-versa. histórica da sociedade.
75
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30. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
AULA
____________________ 5
LEITURA E REGISTRO
Conteúdo
• Fontes para a pesquisa
• A leitura analítica
• Formas de apresentação de textos – resumos, resenhas, artigos científicos e revisões bibliográficas
Competências e habilidades
• Identificar os diferentes tipos de fontes utilizados na realização de uma pesquisa científica
• Compreender o processo de realização da leitura analítica distinguindo suas fases
• Caracterizar os diferentes tipos de textos, bem como sua forma de registro
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com professor interativo
2 h/a – presenciais com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
FORMAS DIFERENCIADAS DE APRESENTAÇÃO autenticidade, o que implica maior critério e rigor
DE TEXTOS na sua elaboração, não querendo dizer que o texto
A produção de textos científicos é um processo deva ser algo hermético e acessível a poucos inicia-
laborioso que requer a aplicação não apenas de téc- dos. Azevedo (1999, p. 111) observa que a boa co-
nicas, mas também da criatividade e esforço teórico municação deve estar alicerçada nos seguintes as-
e analítico de quem o escreve. Para demonstrar a pectos: “escreva para ser lido [...]; procure o melhor
sistematização, recriação, crítica, nível de aprofun-
modo de comunicar suas ideias [...]; seja original
damento das reflexões, o texto deve ser claro, conci-
[...]; cultive a simplicidade [...]”.
so e coerente. Medeiros (2000, p. 118) define o texto
como “um tecido verbal estruturado de tal forma A apresentação escrita mudará de acordo com
que as ideias formam um todo coeso, uno, coeren- a intenção ou exigência de uma disciplina, assim
te”. Assim, a simples disposição de frases fragmenta- o seu formato e denominações, assumirá maior
das não pode ser considerada como texto. ou menor complexidade, a depender da natureza
O texto científico tem como objetivo principal do texto e da autonomia intelectual de quem o
comunicar dados, propor reflexões com exatidão e elabora.
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31. AULA 5 — Leitura e Registro
Resumos o resumo alternará de acordo com a habilidade de
A Norma da ABNT 6028 trata especificamente quem o escreve, entretanto Medeiros (2000) afirma
de resumos, e os define como “apresentação concisa que, apesar da necessária redução, esta não deve
dos pontos relevantes de um texto”. Medeiros (2000, prejudicar a comunicação. Silva (apud MEDEIROS,
p. 125) acrescenta à definição: “[...] um procedi- 2000) sugere que o resumo deva guardar um ter-
mento de reduzir um texto sem destruir-lhe o con- ço ou um quarto da extensão do texto original, o
teúdo”. Assim, resumir significa sintetizar um texto, que bastaria para garantir os pontos principais e as
sem, no entanto, modificar ou acrescentar qualquer ideias essenciais do autor.
sentido novo ou diferente daquele apresentado na
fonte original. Modelo de resumo
Para elaborar um bom resumo é importante reali- • Papel em tamanho A4.
zar a leitura tantas vezes quantas forem necessárias • Configuração da página: lado superior e es-
para esclarecer todo o texto. Ao apresentar o con- querdo: 3 cm; lado inferior e direito: 2 cm.
teúdo, é fundamental que sejam indicados o as- • Espaçamento entre linhas: para a referência, es-
sunto abordado no texto, os objetivos do autor, os paçamento simples; para o texto, espaçamento
métodos utilizados, bem como as conclusões alcan- 1,5 cm.
çadas. Dar preferência ao uso da terceira pessoa do • Alinhamento: da referência, à esquerda; do tex-
singular e do verbo na voz ativa. Quanto à extensão, to, justificado.
3 cm
BARBOSA, M. L. O discurso da competência na pedagogia. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 1999.
A autora procurou demonstrar os principais aspectos que levam os pro-
fessores do ensino fundamental a terem dificuldade na aplicação do que
compreendem por competência. Seu objetivo foi caracterizar a competên-
cia a partir da definição apresentada pelos professores e, ao relacioná-la
3 cm
com a atividade exercida em sala, identificar suas reais concepções. 2 cm
Inicialmente, a autora apresenta um estudo sobre o ensino fundamental,
esclarecendo o perfil dos professores desse nível de ensino. Demonstra
como ao longo do processo de construção histórica foi sendo caracterizado
e descaracterizado esse nível de ensino e como isso influenciou na forma-
ção dos educadores.
2 cm
77
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32. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
Resenhas Em geral, as revisões atendem a objetivos previa-
A resenha pode ser definida como um tipo de re- mente estabelecidos na pesquisa, entretanto podem
sumo tendo, entretanto, a finalidade de apresentar a ser solicitadas como forma de avaliação de alguma
apreciação crítica de uma obra. Se no resumo bas- disciplina e, nesse caso, Azevedo (1999) indica que
ta apresentar as ideias principais do autor do tex- deva ter a seguinte estrutura: introdução, desenvol-
to original, na resenha deve ser efetuada a crítica, vimento e crítica.
configurando-se a resenha como um resumo crí- Na introdução deve-se apresentar o assunto a ser
tico. Medeiros (2000, p. 142) afirma que a resenha estudado, com indicação do contexto histórico das
não é um resumo, sendo “este apenas um elemento obras utilizadas para a revisão apresentando, breve-
da estrutura da resenha. Além disso, acrescente-se: mente, seu significado dentro desse contexto. A parte
se, por um lado, o resumo não admite o juízo valo- destinada ao desenvolvimento deverá apresentar de
rativo, o comentário, a crítica; a resenha, por outro, forma resumida a contribuição de cada obra, o que
exige tais elementos”. significa considerar apenas os aspectos principais
em face do tema abordado. A crítica pode ser feita
Segundo Azevedo (1999, p. 32), quanto ao tama-
de duas formas: “numa, você dialoga com o autor,
nho, a resenha “pode variar entre duas (para jornais
ao mesmo tempo em que apresenta suas contribui-
não especializados) a dez laudas (publicações cien-
ções; noutra, você deixa o comentário para a seção
tíficas)”. Ainda, o autor orienta que as partes princi-
da crítica propriamente” (AZEVEDO, 1999, p. 37).
pais da resenha são: introdução, resumo e crítica. Na
introdução deve ser apresentado o assunto do texto
O artigo científico
original, bem como informações sobre o autor e o
gênero da obra. O resumo deve ater-se a apresen- O artigo científico tem como finalidade principal
tar as ideias principais do texto, conforme apresen- a apresentação de resultado de estudos e pesquisas.
tado anteriormente, e a crítica ou apreciação deve Geralmente, o artigo é um texto destinado a ser pu-
indicar a leitura da obra ou não. É importante, no blicado em revistas, jornais ou periódicos especiali-
julgamento da obra, indicar sua contribuição para zados e, muito embora tenha um formato reduzido,
deve apresentar o texto completo.
a análise do assunto, a originalidade das ideias e o
estilo do autor. A quantidade de laudas que um artigo deve ter
vincula-se às diretrizes da revista em que será pu-
Quanto à apresentação formal da resenha, vale
blicado, pois cada veículo tem suas próprias normas
ressaltar que é semelhante à do resumo, diferindo
para publicação. Entretanto, quando se tratar de ar-
somente quanto ao título que, segundo Azevedo
tigo para atender à avaliação de alguma disciplina,
(1999, p. 35), deve ser original, “criativo, diferente
sugere-se que o professor estabeleça previamente o
do título do texto original, breve e substantivo”.
número mínimo e máximo de folhas que o artigo
deva ter. Para o caso de dúvidas, sugere-se que o ar-
Revisão bibliográfica tigo tenha no mínimo cinco e no máximo 20 laudas
A revisão bibliográfica, também conhecida como e, quanto à estrutura, deve apresentar introdução,
revisão de literatura, objetiva apresentar, por meio desenvolvimento, conclusão e referências.
da compilação de diversas obras, o atual estado de Alguns autores mostram-se relutantes em apre-
desenvolvimento dos estudos referentes a deter- sentar uma estrutura definida para o artigo, pois
minado assunto. É o que se costuma chamar de “o essa estrutura será variável a depender do que se
estado-da-arte” e, ainda que guarde certa originali- estará apresentando e das concepções teórico-me-
dade, busca principalmente comparar várias obras todológicas do autor. Entretanto, Azevedo (1999,
permitindo ao autor compreender de forma mais p. 82) sugere que a estrutura de um artigo pode se-
aprofundada o objeto de investigação, bem como guir a adotada no campo das ciências experimentais,
avançar no sentido de lançar novas luzes ao que já contendo introdução, revisão de literatura, mate-
está produzido e sistematizado. riais e métodos, resultados, discussão e conclusões.
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33. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT
AULA
____________________ 6
Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS
ACADÊMICOS – NORMAS DA ABNT
Conteúdo
• Orientações gerais para apresentação de trabalhos acadêmicos
• Normas da ABNT
6023 – Referências
10520 – Citações
14724 – Trabalhos acadêmicos
15287 – Projetos
Competências e habilidades
• Aplicar corretamente as normas da ABNT, conforme a exigência e natureza do trabalho acadêmico
• Identificar os meios onde a informação estará disponível visando a sua correta aplicação
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
NORMALIzAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS nando uniformidade no registro do conhecimento
A padronização de trabalhos acadêmicos tem o obtido e oferecendo segurança e otimização de tem-
intuito de tornar compreensível a divulgação dos po, custos e recursos.
dados obtidos por meio de estudos, com vistas a
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
torná-los acessíveis a outros pesquisadores, garan-
tindo a fidelidade nas informações além de facilitar é o órgão responsável pela normalização técnica no
o acesso e a compilação das informações. Brasil. Representante do País de entidades de nor-
Mediante a normalização é possível organizar in- malização internacional, é uma entidade privada e
formações que beneficiem diferentes áreas, ocasio- sem fins lucrativos.
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34. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
Embora a ABNT atenda a diferentes áreas, no que cialização e/ou aperfeiçoamento): documento que
se refere aos trabalhos acadêmicos existe um conjun- representa o resultado de estudo, devendo expressar
to de 32 normas (Documentação), que estabelece um conhecimento do assunto escolhido, obrigatoria-
padrão considerado adequado aos diferentes aspectos mente emanado da disciplina, módulo, estudo in-
que envolvem a apresentação desses documentos. dependente, curso, programa e outros ministrados.
As principais normas para a apresentação de tra- Deve ser feito sob a coordenação de um orientador.
balhos escritos são as descritas a seguir, as quais es-
tarão citadas neste documento: Apresentação de trabalhos acadêmicos
• NBR 6022 de 1994 – Apresentação de Artigos A norma 14724 define os seguintes elementos pa-
em Publicações Periódicas; ra a organização e estruturação dos trabalhos aca-
• NBR 6023 de 2002 – Informação e Documen- dêmicos: elementos pré-textuais, elementos textuais
tação – Referências – Elaboração; e elementos pós-textuais.
NRB 6024 de 2003 – Numeração progressiva
das seções de um documento – Procedimentos; Estrutura Elemento Obrigatório Opcional
• NBR 6027 de 2003 – Sumários – Procedimentos; Capa X
Lombada X
• NBR 6028 de 2003 – Resumos – Procedimentos;
Ficha catalográfica X
• NBR 10520 de 2002 – Informação e documenta-
Folha de rosto X
ção – Apresentação de citações em documentos;
Errata X
• NBR 14724 de 2005 – Informação e documen-
Folha de aprovação X
tação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação.
Dedicatória X
Agradecimentos X
Esta última norma fixa as seguintes definições Epígrafe X
que estaremos utilizando no presente trabalho: Resumo em língua
Pré- X
Dissertação: documento que representa o resulta- textuais vernácula
do de um trabalho experimental ou exposição de Resumo em língua
X
estrangeira
um estudo científico retrospectivo, de tema único e
Lista de ilustrações X
bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de
Lista de tabelas X
reunir, analisar e interpretar informações; deve evi-
Lista de abreviaturas
denciar o conhecimento de literatura existente sobre X
e siglas
o assunto e a capacidade de sistematização do can- Lista de símbolos X
didato; é feito sob a coordenação de um orientador Sumário X
(doutor), visando à obtenção do título de mestre. Introdução X
Tese: documento que representa o resultado de Textuais Desenvolvimento X
um trabalho experimental ou exposição de um es- Conclusão X
tudo científico de tema único e bem delimitado; Referências X
deve ser elaborado com base em investigação ori- Glossário X
Pós-
ginal, constituindo-se em real contribuição para a Apêndice(s) X
textuais
especialidade em questão; é feito sob a coordenação Anexo(s) X
de um orientador (doutor) e visa à obtenção do tí- Índice(s) X
tulo de doutor, ou similar.
Trabalhos acadêmicos (trabalho de conclusão de Elementos pré-textuais
curso – TCC, trabalho de graduação interdiscipli Os elementos pré-textuais são os que antecedem o
nar – TGI, trabalho de conclusão de curso de espe texto com informações que identificam o trabalho:
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35. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT
1 – Capa: deve conter dados que permitam a No verso da folha de rosto deve constar a Ficha
correta identificação do trabalho com os seguintes Catalográfica, que se constitui de um conjunto de
elementos: informações bibliográficas descritas de forma or-
• Instituição; denada, seguindo o Código de Catalogação Anglo-
• Nome do autor; Americano vigente. Deve ser inserida no verso da
• Título do trabalho – subtítulo, se houver; folha de rosto e é obrigatória somente para disser-
• Número de volumes (se houver mais de um, tações e teses. Sua elaboração é de responsabilidade
deve constar na capa a identificação do respec- do profissional bibliotecário com registro no Con-
tivo volume); selho de Biblioteconomia.
• Local (cidade) da instituição onde deve ser
apresentado; 4 – Errata: apresenta-se geralmente em folha
• Data (ano de depósito e/ou da entrega) (ver avulsa ou encartada, sendo anexada à obra depois
apêndice B). de impressa. Consiste em uma lista de erros tipográ-
ficos ou de outra natureza, com as devidas correções
2 – Lombada: elemento opcional, as informa- e indicações das folhas e linhas em que aparecem.
ções devem ser impressas conforme a NBR 12225 Deve ser inserida logo após a folha de rosto.
de 2004. O nome do autor deve ser impresso longi-
tudinalmente do alto para o pé da lombada; o título 5 – Folha de Aprovação: Deve conter o nome do
do trabalho deve ser impresso da mesma forma que autor, do título e subtítulo por extenso, natureza,
a do nome do autor. objetivo, nome da instituição a que é submetida,
área de concentração, data de aprovação, nome e
3 – Folha de Rosto: no anverso deve conter os titulação dos membros componentes da banca exa-
mesmos elementos da capa, acrescidos de informa- minadora e suas assinaturas.
ções complementares necessárias à perfeita identifi-
cação do trabalho: 6 – Dedicatória: parte destinada a homenagear
• Nome do autor; uma ou mais pessoas.
• Título do trabalho – subtítulo, se houver;
• Número de volumes (se houver mais de um, 7 – Agradecimentos: parte em que o autor dirige
deve constar na capa a identificação do respec- seus agradecimentos àqueles que contribuíram de
tivo volume); maneira relevante para a elaboração do trabalho,
• Natureza (tese, dissertação, trabalho de con- nesse caso são incluídas empresas ou organizações
clusão – TCC, trabalho acadêmico de sala de que fizeram parte da pesquisa, pessoas que colabo-
aula) e objetivo (aprovação em disciplina ou raram efetivamente para o trabalho. É recomendá-
grau pretendido e outros); nome da instituição vel colocar os agradecimentos em ordem hierárqui-
a que é submetido; ca de importância.
• Área de concentração;
• Nome do orientador, precedido da palavra 8 – Epígrafe: o autor apresenta uma citação, se-
“Orientador”; guida de indicação de autoria, relacionada com a
• Co-orientador (se houver): precedido da pala- matéria tratada no corpo do trabalho.
vra “Co-orientador”;
• Local (cidade) da instituição onde deve ser 9 – Resumo em Língua Vernácula (Português):
apresentado; parte do trabalho onde o aluno apresenta uma sín-
• Data (ano de depósito e/ou da entrega). tese do estudo com o tema, problema, metodologia
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36. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
e resultados obtidos; deve ainda constar as palavras- Por índice se compreende a lista de palavras ou
chave e/ou descritores relativos aos assuntos da mo- frases, organizadas normalmente em ordem alfa-
nografia, conforme NBR 6028. bética, que remete para as informações contidas no
texto. O índice deve ser inserido no final do trabalho.
10 – Resumo em Língua Estrangeira: esse ele- As listas antecedem o sumário e, portanto, não
mento é obrigatório somente para dissertações e te- devem ser incluídas neste.
ses; digitado em folha separada (em inglês, abstract; O sumário deve figurar como último elemento
em espanhol, resumen; em francês, résumé), segue a pré-textual e, quando houver mais de um volume,
mesma estrutura e conteúdo do resumo em língua este deve ser incluído completo em todos os volu-
vernácula. mes, para que se possa verificar todo o conteúdo da
obra, independentemente do volume consultado.
11 – Lista de Ilustrações: apresenta os elementos As seções devem ser numeradas em algarismos
ilustrativos adotados no texto. Quando necessário, arábicos, da introdução até a conclusão. Os deno-
recomenda-se lista própria para cada tipo de ilus- minados elementos pré-textuais não figuram no
tração (figuras, quadros, gráficos, desenhos, foto- sumário.
grafias, organogramas, gravuras e outros). Os itens Quanto às listas, resumo, abstract, apêndices,
da lista devem ser identificados pela palavra desig- anexos e referências, por não serem considerados
nativa conforme o tipo de ilustração e ser acompa- capítulos, não recebem numeração de seção.
nhados do respectivo número de páginas.
Elementos textuais
12 – Lista de Tabelas: deve ser elaborada de acor- Os elementos textuais compreendem a introdu-
do com a ordem em que aparece no texto. Os itens ção, o desenvolvimento e as conclusões do trabalho.
da lista devem ser acompanhados do respectivo nú- Devem ser divididos em seções e subseções, confor-
mero de página. me NBR 6024.
13 – Lista de Abreviaturas e Siglas: contém a re- 1 – Introdução: parte do trabalho destinada a
lação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas oferecer uma visão geral do que foi desenvolvido,
no trabalho, seguidas das palavras ou expressões es- apresentando o tema, a delimitação do assunto abor-
critas por extenso. dado, a justificativa, a problematização, os objetivos
do estudo, além de outros elementos necessários
14 – Lista de Símbolos: deve ser elaborada con- para situar o tema do trabalho. A introdução deve
forme a ordem em que os símbolos aparecem no oferecer uma abordagem sintética do que foi desen-
texto, acompanhadas do devido significado. volvido em cada seção apresentada no estudo.
15 – Sumário: deve ser elaborado conforme a 2 – Desenvolvimento: parte mais extensa do
NBR 6027, figurando os itens dos elementos tex- trabalho destinada a apresentar os resultados do
tuais em diante. estudo. Deve conter revisão bibliográfica, aborda-
Sumário é a apresentação, com os indicativos nu- gem teórica adotada, apresentação e análise dos
méricos, das seções desenvolvidas na parte textual e resultados. A divisão em seções e subseções varia
pós-textual do trabalho. Deve estar organizado na conforme a natureza do conteúdo desenvolvido. As
mesma ordem em que ocorrem no texto, não tendo obras citadas e consultadas devem constar no item
o mesmo significado que índice. de referências.
82
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37. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT
3 – Conclusão: apresenta os resultados do tra- 5 – Índice: deve ser elaborado conforme a NBR
balho, devendo apontar as respostas aos problemas 6034.
levantados na introdução, bem como identificar a
extensão dos resultados obtidos no estudo. O texto Apresentação Gráfica
deve remeter aos dados demonstrados no decorrer De acordo com a NBR 14724, algumas regras de-
da pesquisa, devendo as análises finais estar funda- vem ser seguidas no que concerne à apresentação
mentadas nos resultados e na discussão e apresenta- gráfica do documento, contudo o projeto gráfico é
ção lógica do trabalho. de responsabilidade do autor que deverá definir a
melhor forma a ser adotada.
Elementos pós-textuais 1 – Papel: em folha branca, formato A4 (21 cm 3
Os elementos pós-textuais compreendem as in- 29,7 cm).
formações complementares ao texto e contêm: refe-
rências, glossário, apêndices, anexos e índices. 2 – Margens: as folhas devem apresentar as se-
guintes margens:
1 – Referências: elaboradas conforme a NBR
6023:2002. • superior e esquerda: 3 cm;
• inferior e direita: 2 cm;
2 – Glossário: é uma lista em ordem alfabética, de
3 – Fonte: tamanho 12 para o texto e fonte me-
palavras especiais, de sentido pouco conhecido, ou
nor (11) para citação de mais de três linhas. Deve-se
obscuro, ou mesmo de uso restrito, acompanhadas
utilizar o tipo de fonte itálico somente para palavras
de suas respectivas definições.
estrangeiras.
3 – Apêndice: texto ou documento elaborado pelo
4 – Espacejamento do texto: deve ser digitado,
próprio autor, com a finalidade de complementar com espaço 1,5; entrelinhas tendo alinhamento do
seu trabalho. O termo APÊNDICE deve ser escrito texto: justificado e recuo de primeira linha do pará-
em letras maiúsculas, centralizado e em negrito. São grafo entre 1,5 e 2 cm.
identificados por letras maiúsculas consecutivas,
travessão e pelos respectivos títulos. 5 – Citação com mais de três linhas: recuo de pa-
APÊNDICE A – Demonstrativo de ocupação por
rágrafo à esquerda para citação direta (ou longa):
domicílio – 1990 4 cm; espaçamento simples; texto justificado; sem
parágrafo; sem aspas.
4 – Anexo: objetiva incluir materiais não elabo- 6 – Título de capítulo: deve ser indicado por nú-
rados pelo próprio autor, como cópias de artigos, mero arábico; alinhado à esquerda, separado por
manuais, folders, balancetes etc., e que servem para um espaço de caractere (não colocar ponto, traço ou
complementar o conteúdo do texto. O termo ANE- qualquer sinal). Os capítulos são sempre iniciados
XO deve ser escrito em letras maiúsculas, centra- em uma nova folha e os títulos devem iniciar na parte
lizado e em negrito. São identificados por letras superior da página e estar separados do texto que os
maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respec- sucede por dois espaços com 1,5 cm de entrelinhas.
tivos títulos. Ex.:
ANEXO A – Demonstrativo de ocupação por do-
1 INTRODUÇÃO
micílio – 1990
83
Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 83 5/19/09 8:43:31 AM
38. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
7 – Título de subseções: é indicado por número 11 – Natureza do trabalho: deve ser incluída na
arábico, devendo o alinhamento de título das sub- folha de rosto e na folha de aprovação logo abaixo
seções estar à esquerda, separado por um espaço de do título, sendo alinhadas do meio da página para a
caractere e separado do texto que o precede ou que margem direita e digitadas em espaço simples.
o sucede por dois espaços de 1,5 cm. Ex.:
12 – Referências: devem ser alinhadas à esquer-
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
da, digitadas em espaço simples e separadas entre
2.1 O PAPEL DA TEORIA
si por dois espaços simples, organizadas em ordem
2.1.1 Limites e Possibilidades da Teoria
alfabética por sobrenome de autor ou título. Devem
seguir a NBR 6023 (este assunto será tratado de ma-
8 – Título sem indicativo de seção: errata, agra- neira mais específica em outro tópico).
decimentos, lista de ilustrações, lista de abreviaturas
e siglas, resumos, sumário, referências, glossário, 13 – Notas de rodapé: destinam-se a esclarecer,
apêndices, anexos; devem ser digitados centraliza- comprovar ou justificar uma informação que não
dos, em letras maiúsculas e negrito. deve ser incluída no texto limitando-se ao mínimo
necessário. As notas podem ser explicativas ou de
9 – Resumo: deve ser digitado em espaço simples, referências.
sem parágrafo; para teses, dissertações, trabalhos
acadêmicos e relatórios técnico-científicos, a exten- 14 – Indicativos de seção: é o número que ante-
são do resumo deve ter de 150 a 500 palavras e ser cede o título ou subtítulo, deve ser grafado em nú-
seguido das palavras-chave separadas entre si por meros inteiros a partir de 1 e seguido de seu título.
ponto e finalizadas também por ponto – no mínimo Observação: quando uma seção terminar próximo
três e no máximo cinco. Seguem as indicações da ao fim de uma página, colocar o título da próxima
NBR 6028, que estabelece as seguintes definições: seção na página seguinte.
• palavra-chave: palavra que representa o assun-
to do documento; 15 – Títulos sem indicativos numéricos: errata,
• resumo: indicação dos pontos relevantes do agradecimentos, lista de ilustrações, lista de abrevia-
turas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário,
documento;
referências, glossário, apêndices, anexos.
• resumo crítico: redigido por especialistas,
trata-se da análise crítica de um documento.
16 – Elementos sem título e sem indicativo nu
Também chamado de resenha, não está sujeito
mérico: não possuem número nem título: folha de
a limite de palavras;
aprovação, dedicatória e epígrafe.
• resumo indicativo: indicação somente dos
pontos principais do documento, não apresen-
17 – Paginação: todas as folhas, a partir da folha
ta dados qualitativos e quantitativos; não dis-
de rosto, devem ser contadas sequencialmente, mas
pensa a consulta ao original;
não numeradas. A numeração é impressa a partir
• resumo informativo: indica finalidade, meto- da introdução, em algarismos arábicos e o número
dologia, resultado e conclusão do documento; deve ser colocado no canto superior direito da fo-
dispensa consulta ao original. lha, a 2 cm da borda superior. Os apêndices e anexos
devem ter suas folhas numeradas de maneira con-
10 – Legendas, ilustrações, tabelas e notas: de- tínua e sua paginação deve estar na sequência à do
vem ser digitados em espaço simples. texto principal.
84
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39. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
REFERÊNCIAS ______. ______. 6. ed. rev. atual. São Paulo: Cam-
Seguem a NBR 6023, sendo a lista dos elementos pus, 2000. 700 p.
descritivos retirados de um documento que permita
sua identificação para produção de documentos e Caso seja utilizado o sistema numérico no texto, a
para inclusão em bibliografias, resumos, resenhas, lista de referências deve seguir a mesma ordem nu-
recensões e outros. mérica crescente. O sistema numérico não pode ser
Podem figurar no rodapé da página, no fim do usado concomitantemente para notas de referência
texto ou do capítulo, em lista de referências ou te- e notas explicativas.
cendo resumos, resenhas e recensões. 1 – Transcrição dos elementos: a transcrição dos
Os elementos que vão compor a referência bi- elementos deverá atender a natureza específica do
bliográfica, sejam os essenciais ou complementares, documento utilizado como fonte de consulta.
devem ser apresentados em sequência padronizada, • Autor pessoal: indica(m)-se o(s) autor(es),
a pontuação deve ser uniforme para todas as refe- pelo último sobrenome, em CAIXA ALTA
rências e a separação das várias áreas deve ser com (maiúscula), seguido(s) do(s) prenome(s), e
ponto, seguido de um espaço. outros sobrenomes, separados por vírgula. Ex.:
A lista de referências aparece em local específi- MINAYO, Maria Cecília de Souza.
co no texto (conforme anteriormente informado),
alinhada somente à margem esquerda do texto e de Quando a obra apresentar até três autores, men-
forma a identificar-se individualmente cada docu- cionam-se todos na entrada, separados por ponto-
mento, em espaço simples e separadas entre si por e-vírgula, seguido de espaço. Ex.:
dois espaços simples. ALMEIDA, Maria Luiza; FONTE, Luiz Carlos; BAR-
A ordenação das referências dos documentos ci- RETO, João José.
tados em um trabalho deve ser de acordo com o sis-
tema utilizado para citação no texto (NBR 10520). Quando existirem mais de três autores, mencio-
O sistema mais utilizado é o alfabético (ordem de na-se o primeiro, acrescentando a expressão et al.
entrada), podendo também ser utilizado o numéri- Ex.:
co (ordem de citação no texto). SOUZA, Elizabeth de Silva et al.
Quando utilizar o sistema alfabético, as referên-
cias devem ser reunidas no final do trabalho, do ar- Quando houver responsabilidade pelo conjunto
tigo ou capítulo, em uma única ordem alfabética. da obra, como no caso de coletâneas de vários auto-
Quando na ordenação das referências o(s) no- res, a entrada deve ser feita pelo responsável intelec-
me(s) do(s) autor(res) de várias obras referencia- tual (organizador, coordenador, editor), seguido da
das sucessivamente aparecerem na mesma página abreviação da palavra que caracteriza a responsabi-
poderão ser substituídos, nas referências seguintes lidade entre parênteses. Ex.:
à primeira, por um traço sublinear (underline) – MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.).
(equivalente a seis espaços) – e ponto.
Além do nome do autor, o título de várias edi- • Autor entidade: (órgãos governamentais, em-
ções de um documento referenciado sucessivamen- presas, associações, congressos). As obras com
te, na mesma página, também pode ser substituído responsabilidade de entidade têm entrada pelo
por um traço sublinear nas referências seguintes à seu próprio nome, por extenso. Ex.:
primeira. Ex.: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral TÉCNICAS.
da administração. 5. ed. São Paulo: Makron, 1998. CONGRESSO BRASILEIRO DE
920 p. BIBLIOTECONOMIA, 2., 2001, Rio de Janeiro.
86
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40. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT
Quando a entidade tem uma denominação ge- • Indicação de responsabilidade: nessa área de-
nérica, seu nome é precedido pelo nome do órgão vem figurar outras indicações de responsabili-
superior. Ex.: dade que não sejam o autor, tais como tradu-
BRASIL. Ministério da Educação. MATO GROSSO tor, ilustrador, entre outros. Ex.:
DO SUL (Estado). KELSEN, Hans. Obras completas. Tradução de
João Baptista Machado.
Quando a entidade estiver vinculada a um órgão
maior, tem uma denominação que a identifica, a en- • Edição: deve ser indicada a partir da segun-
trada é feita diretamente pelo seu nome em CAIXA da, sempre em algarismos arábicos seguido da
ALTA. Em caso de duplicidade de nomes, coloca-se abreviação da palavra edição, observando o
entre parênteses, no final, o nome da unidade geo- idioma do documento. Ex.:
gráfica a que pertence. Ex.: 2. ed.
BIBLIOTECA NACIONAL (México). 5th ed.
5. ed. rev.
• Autoria desconhecida: quando não identifica-
do o autor, a entrada é feita pelo título, con- • Local: deve ser indicado conforme figura no
siderando a primeira palavra em maiúsculas, documento e, caso haja homônimos de cida-
excluindo-se os artigos. Ex.: des, acrescenta-se o nome do estado, do país.
DICIONÁRIO de alemão-português. Se houver mais de um local para uma só edi-
tora, indica-se o primeiro ou o mais destacado.
• Título: tanto o título como o subtítulo devem Quando a cidade não aparece no documento,
ser reproduzidos tal como figuram no docu- mas pode ser identificada, indica-se entre col-
mento utilizado como fonte de consulta. O tí- chetes [ ]; sendo impossível a sua identificação,
tulo é separado do subtítulo por dois-pontos. indica-se s.l., sine loco, entre colchetes [s.l.].
Ex.:
RICHARDOSN, Roberto Jarry. Pesquisa social: • Editor(a): deve ser indicado(a) tal como figura
métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. no documento, abreviando-se os prenomes e
suprimindo-se os elementos de natureza jurí-
Observe que título é sempre destacado; o subtítulo, dica ou comercial, desde que dispensáveis para
não. O recurso tipográfico para o destaque do título identificação. Ex.:
pode ser negrito, grifo ou itálico. Títulos e subtítu- Saraiva
los demasiadamente longos podem ser suprimidos, Editora da UFRJ.
desde que não incidam sobre as primeiras palavras,
e não altere o sentido. A supressão deve ser indicada Quando houver duas editoras, indicam-se ambas,
por reticências. com seus respectivos locais. Se as editoras forem três
Ao referenciar-se um periódico considerando a ou mais, indica-se a destacada ou a primeira. Na fal-
coleção, o título deve ser o primeiro elemento da ta da editora, deve-se indicar a expressão latina sine
referência, devendo figurar em letras maiúsculas. Se nomine, abreviada entre colchetes [s.n.].
possuírem títulos genéricos, incorpora-se o nome • Data: a data da publicação deve ser indicada
da entidade autora ou editora, que se vincula ao tí- em algarismos arábicos; considerado um ele-
tulo por uma preposição entre colchetes. Ex.: mento essencial de referência, deve ser sempre
BOLETIM ESTATÍSTICO [da] Sociedade Nacio- indicada, seja ela de publicação, distribuição,
nal de Agricultura. copyright, impressão ou apresentação.
87
Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 87 5/19/09 8:43:33 AM
41. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
Caso nenhuma data de publicação, distribuição, Quando se referenciam partes de publicações,
copyright, impressão ou apresentação possa ser iden- mencionam-se os números das folhas ou pági-
tificada, registra-se uma data aproximada entre col- nas inicial e final, precedidos da abreviatura “f ”
chetes, conforme as indicações: ou “p.”, ou outra forma de individualizar a parte
[1971 ou 1972] um ano ou outro referenciada.Ex.:
[1969?] data provável p. 8-16
[1973] data certa, não indicada cap. 18
[entre 1906 e 1912] use intervalos menores de 20
anos No caso de publicações não paginadas ou com pa-
[ca. 1960] data aproximada ginação irregular, indicam-se, por extenso, as seguin-
tes expressões: não paginado; paginação irregular.
[197-] década certa
• Ilustrações: indicam-se as ilustrações de qual-
[197-?] década provável
quer natureza pela abreviatura “il.”, para ilus-
[18--] século certo
trações coloridas, usar “ il. color.”.
[18--?] século provável • Séries e coleções: além dos dados de descrição
física, podem ser incluídas notas relativas a sé-
Nas datas de publicações periódicas, indicam-se ries e/ou coleções. Indicam-se, entre parênte-
as datas inicial e final do período de edição, quando ses, os títulos das séries ou coleções, separados,
se tratar de publicação encerrada. Para as coleções por vírgula, da numeração, em algarismos ará-
em curso de publicação, indica-se apenas a data ini- bicos. Ex.:
cial, seguida de hífen e um espaço. Ex.: (Coleção Lourenço Filho, 3).
REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA. São (Coleção Amazônica. Série Inglês de Souza).
Paulo, ABRASCO, 1998-. Quadrimestral.
• Notas: são informações complementares, ao
Os meses devem ser abreviados no idioma da pu- final da referência, sem destaque tipográfico.
blicação, não abreviando-se os meses com quatro No caso de teses, dissertações e trabalhos aca-
letras ou menos. dêmicos, devem ser indicados em nota os tipos
• Descrição física: publicações constituídas de de documento (tese, dissertação, trabalho de
apenas uma unidade física, ou seja, um volu- conclusão etc.), o grau, a vinculação acadêmi-
me, indica-se o número total de páginas, ou ca, o local e a defesa, mencionada na folha de
folhas, seguido da abreviatura “p.” ou “f ”. aprovação (se houver).
Observe que a folha é composta de duas laudas, Exemplos de referências bibliográficas
anverso e verso. Alguns trabalhos, como teses e dis- Publicações avulsas (LIVROS)
sertações, são impressos apenas no anverso e, neste Conforme a situação de consulta a documentos
caso, indica-se “ f ”. impressos ou eletrônicos.
Quando o documento for publicado em mais de Consideradas no todo:
uma unidade física, ou seja, mais de um volume, in- CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino.
dica-se o número destes seguido da abreviatura “v”. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron
Se necessário designar somente um dos volumes Books, 1996. 55 p. il.
utilizados, coloca-se a abreviatura “v” precedendo o
número do volume. Ex.: Acesso em meio eletrônico
4 v. ABREU, Cassimiro de. As primaveras. Rio de Janeiro:
v. 2 Fundação Biblioteca Nacional, 2003. Disponível
88
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42. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT
em: <http://www.bn.br/script/Fbn Objeto Digital. em razão de idade, inscrição em concurso para
asp?pCodBibDig= 247317>. cargo público. In: ______. Súmulas. São Paulo:
Acesso em: 9 mar. 2004. Associação dos Advogados do Brasil, 1994. p. 16.
Considerado em parte (capítulo)
Doutrina
VILLA, Fernanda Collart; CARDOSO, Marta
BARROS, R. G. de. Ministério Público: sua
Rezende. A questão das fronteiras nos estados
limites. In: CARDOSO, Marta Rezende (Org.); legitimação frente ao Código do Consumidor.
ANDRÉ, Jacques. Limites. São Paulo: Escuta, Revista Trimestral de Jurisprudência dos Estados.
2004. p. 59-70. São Paulo. v. 19, n.º 139, p. 53-72, ago. 1995.
KLINK, Amyr. Um sonho que se apaga. In: ______.
Cem dias entre céu e mar. São Paulo: Companhia Documento jurídico on-line
das Letras, 1995. p. 89-100.
BRASIL. Lei n.º 9.279, de 14 de maio de 1996. Re-
gula direitos e obrigações relativos à propriedade
Documentação jurídica
industrial. In: SENADO FEDERAL. Legislação Re-
Legislação
publicana Brasileira. Brasília, 1996. Disponível em:
BRASIL. Código Civil. Organização dos textos,
<http://senado.gov.br/sf/legislação/legisla/>. Acesso
notas remissivas e índices por Juarez de Oliveira.
46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. em: 23 nov. 2004.
Apelação Cível Publicações seriadas (Revistas, Jornais)
BRASIL. Tribunal Regional Federal. Região, 5. Ad- Consideradas no todo (Coleção)
ministrativo. Escola Técnica Federal. Pagamento ARQUIVOS BRASILEIROS DE ARQUITETURA.
de diferenças referente a enquadramento de servi- Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1969-1978.
dor decorrente da implantação de Plano Único de
Classificação e Distribuição de Cargos e Empregos,
instituído pela Lei n.º 8.270/91. Predominância da Artigos de revista
lei sobre a portaria. Apelação cível n.º 42.441-PE GALVÃO, Joana; PIRES, Sueli. A atuação do
(94.05.01629-6). Apelante: Edilemos Mamede dos assistente social em empresas. Ciência Social,
Santos e outros. Apelada: Escola Técnica Federal de Brasília, v. 32, n. 3, p. 54-61, set./dez. 2003.
Pernambuco. Relator: Juiz Nereu dos Santos. Recife,
4 de março de 1997. Lex – Jurisprudência do STJ e
Artigo de revista em meio eletrônico
Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10, n.º
103, p. 558-562, mar. 1998. CRISPIN, Luiz Augusto. O direito contemporâneo
e a era dos princípios. Prim@Facie, João Pessoa,
Habeas corpus v. 2, n. 2. p. 19-28, jan./Jun. 2003. Disponível em:
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Processual <http://www.ccj.ufpb.br/primafacie/>. Acesso em:
penal. Habeas corpus. Constrangimento ilegal. Ha 10 mar. 2004.
beas corpus n.º 181.636-1, da 6.ª Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Brasília, Artigos de jornais
DF, 6 de dezembro de 1994. Lex – Jurisprudência do
ANGIER, Natalie. O inquieto DNA. Zero Hora,
STJ e Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10,
n. 103, p. 236-240, mar. 1998. Porto Alegre, 8 mar. 2004. Eureka. Genética. p. 4-5.
Súmulas Artigo de jornal em meio eletrônico
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n.º 14. CONSTANTINO, Luciana; MENA, Fernanda. Au-
Não é admissível por ato administrativo restringir, tonomia universitária tem novo impulso. Folha de
89
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43. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
S.Paulo, São Paulo, 8 mar. 2004. Educação. Dispo- literal do texto-fonte – ou indiretas, também chama-
nível em: <http://www.1.folha.uol.com.br/folha/ das de paráfrases – quando se baseiam no texto-fonte.
educação/Ult305u15167.shtml/>. Acesso em: 8 mar. Há uma formatação específica para cada tipo de
2004. citação. As citações do tipo direta devem constar no
texto em destaque. Quando tiverem até três linhas,
Teses e dissertações devem ficar entre aspas duplas. Ex.:
ARAÚJO, U. A. M. Máscaras inteiriças Tukúna: pos- De acordo com Yin (2001, p. 79), “Para ajudar
sibilidades de estudo de artefatos de museu para o o pesquisador a realizar um estudo de caso de alta
conhecimento do universo indígena. 1985. 102 f. qualidade, deve-se planejar sessões intensivas de
Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Fun- treinamento, desenvolver e aprimorar protocolos
dação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, de estudo de caso”.
São Paulo, 1985. Caso a citação direta apresente mais de três linhas,
deverá ser indicada com recuo de 4 cm da margem
Eventos esquerda, em fonte 11, justificada, sem aspas ou ou-
Considerado no todo (Anais) tro destaque. Ex.:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA
NA EDUCAÇÃO, 13., 2002. São Leopoldo. Considerando-se, entrementes, a importância
Anais... São Leopoldo: Unisinos, 2002. do papel da universidade para a sociedade mo-
derna, de atenção, de antemão, é possível in-
ferir as enormes dificuldades e pressões a que
Considerado em parte em meio eletrônico (trabalho
estará submetida a administração desse tipo de
apresentado em Evento) biblioteca, porquanto
ZORZAL, Bruno Saiter. O ciberespaço e a dinâmica
do conhecimento. In: SIMPÓSIO DA PESQUISA A universidade pelas próprias finalidades
exerce importância na construção da socie-
EM COMUNICAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE,
dade moderna. Ela tem um compromisso
8., 2001. Vitória. Banco de Papers. Vitória:
com o passado, preservando a memória; com
INTERCON, 2001. Disponível em: <http://www. o presente, gerando novos conhecimentos; e
intercom.org.br/papers/indexbp.html>. Acesso em: com o futuro funcionando como vanguarda
20 fev. 2001. [...]. Tem que estar presente e atuar de forma
que seu ensino, sua pesquisa e seus serviços
Documentos de Acesso Exclusivo em Meio de extensão atendam às exigências dos novos
Eletrônico tempos, sob perspectiva de um enfrentamen-
Deve-se ter cuidado com esse tipo de documento to dos problemas da estrutura socioeconômi-
ca vigente (KUNSCH, 1992, p. 23).
utilizando-se mensagens de correio eletrônico so-
mente na ausência de outras fontes que tratem do
assunto em pauta. Por seu caráter informal, carecem As citações do tipo indireta deverão aparecer no
de tratamento científico. texto sem destaque, pois representam o pensamen-
to do autor-fonte, porém elaboradas pelo autor do
BLACKWELL. Bases de dados. Disponível em:
trabalho.
<http://www.periodicos.capes.gov.br/>. Acesso em:
A citação será considerada uma paráfrase quan-
22 de mar. 2004.
do a expressão da idéia de outro for indicada com
as próprias palavras, mantendo aproximadamente o
Citações mesmo tamanho do original. Será uma condensação
De acordo com a NBR 10520, citar é mencionar no quando a citação apresentar uma síntese de dados
texto informações obtidas em outras fontes. As cita- extraídos da fonte consultada, sem alterar a idéia do
ções podem ser diretas – quando é feita a transcrição autor-fonte.
90
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44. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT
A indicação da autoria nas citações segue algu- data, entre parênteses, acrescida da(s) página(s), se
mas regras: a chamada pelo sobrenome do autor ou a citação for direta. Ex.:
entidade responsável deve ser em letras maiúsculas
e minúsculas e, quando estiverem entre parênteses, Segundo Triviños (1987, p. 93), “A prática quotidiana
devem aparecer em letras maiúsculas. Ex.: e as vivências dos problemas no desempenho pro-
fissional diário ajudam, de forma importantíssima”.
Demo (1996) atrela a atividade científica ao ques-
tionamento e, portanto, à revisão da ordem esta- Quando houver coincidência de sobrenomes de
belecida, o que ameaça a manutenção do sistema autores, acrescentam-se as iniciais de seus preno-
vigente.
mes. Ex.:
A atividade científica deve estar atrelada ao questio-
namento e, portanto, à revisão da ordem estabeleci-
(DORNELES, C., 2002)
da, o que ameaça a manutenção do sistema vigente (DORNELES, B. V., 1998)
(DEMO, 1996).
Quando as citações forem de diversos docu-
Observe que nas citações indiretas a indicação mentos de um mesmo autor, publicados no mes-
das páginas consultadas é opcional. mo ano, serão distinguidas pelo acréscimo de le-
Caso haja necessidade de fazer supressões, inter- tras minúsculas, em ordem alfabética, após a data
polações ou comentários, dar ênfase ou destaques,
e sem espacejamento, conforme a lista de referên-
deve-se utilizar os seguintes recursos:
cias. Ex.:
Supressões: [...]
Conforme Silva (2000a)
Interpolações ou comentários: [ ]
Ênfase ou destaques: grifo ou negrito ou itálico. (SILVA, 2000b)
Quando se tratar de informações obtidas verbal-
mente (palestras, debates etc.), indicar, entre parênte- As citações indiretas de diversos documentos da
ses, a expressão “informação verbal”, mencionando- mesma autoria, publicados em anos diferentes e
se os dados disponíveis, em nota de rodapé. Ex.: mencionados simultaneamente, têm as suas datas
No texto: separadas por vírgula. Ex.:
O acesso remoto estará disponível até o final do (PEREIRA, 1988, 1990, 1996)
mês de maio (informação verbal).1
(COSTA; SILVA; BRASIL, 1990, 2003)
1
Notícia fornecida por Nara Silva ao JU da Unisinos, em São Leopol-
do, em abril de 2004.
Caso se adote o sistema numérico, a indicação da
fonte será por uma numeração única e sucessiva, em
Sistema de chamada das citações algarismo arábico, remetendo à lista de referências
O sistema a ser utilizado no trabalho pode ser o ao final do trabalho, do capítulo ou parte, na mesma
numérico ou o de autor-data. Deverá ser adotado um
ordem em que aparecem no texto.
único sistema, de forma a padronizar os procedimen-
Não se deve iniciar a numeração das citações a
tos com vistas a estabelecer um comparativo com a
lista de referências constante no final do trabalho. cada página, como também não se deve utilizar esse
No caso de se adotar o sistema autor-data, deve-se sistema quando há notas de rodapé.
se atentar para que se indique a autoria, tão logo A indicação da numeração pode ser feita entre
feita a citação. parênteses ou não, alinhada ao texto, ou situada
Quando o(s) nome(s) do(s) responsável(is) pela pouco acima da linha do texto em expoente à linha
obra estiver(em) incluídos na sentença, indica-se a deste, após a pontuação que fecha a citação. Ex.:
91
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45. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
No texto: Sequentia – seguinte ou que se segue – et seq.;*
O foco básico do varejo está localizado no con- Apud – citado por, conforme, segundo.
sumidor final2.
* Estas expressões só podem ser utilizadas caso a citação ocorra na
No rodapé: mesma página.
A expressão apud poderá ser utilizada também quando se adota o
sistema autor-data, para o caso de indicar citação de citação.
2
NOVAES, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de
distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
Notas de rodapé
Conforme pode-se verificar no exemplo, a pri- As notas de rodapé podem ser de referência, confor-
meira citação de uma obra, em nota de rodapé, deve me explicado anteriormente, ou notas explicativas.
aparecer completa; as subsequentes de uma mesma As notas explicativas devem seguir uma única
obra podem ser referenciadas de forma abreviada e consecutiva numeração, não se iniciando nova a
cada página, e servem para acrescentar informações
utilizando as seguintes expressões:
que não puderam constar no texto. Ex.:
Idem – mesmo autor – Id;*
No texto:
Ibidem – na mesma obra – Ibid.;
Outros estudiosos3 da comunicação que também
Opus citatum, opere citato – obra citada – op. cit.;* atuaram nos Estados Unidos foram especialistas em
Passim – aqui e ali, em diversas passagens – Ciência Política.
passim;* No rodapé:
Loco citato – no lugar citado – loc. cit.; 3
A linha norte-americana de pesquisa sempre seguiu tendências
Confira, conforme – cf.; mais quantitativas.
* ANOTAÇÕES
92
Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 92 5/19/09 8:43:34 AM
46. Referências
Referências MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS,
ARAÚJO, C. B. Z. M.; DALMORO, E. L.; FIGUEIRA, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e
K. C. N. Trabalhos monográficos: normas técnicas e execucão de pesquisas, amostragens e técnicas de
padrões. Campo Grande: Uniderp, 2002. pesquisas, elaboração, análise e interpretação de
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS dados. 3. ed. Sao Paulo: Atlas, 1998.
TÉCNICAS. NBR 6023: informação e MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a
documentação: referências: elaboração. Rio de prática de fichamentos, resumos, resenhas. 3. ed.
Janeiro, 2002. São Paulo: Atlas, 1997.
______. NBR 6024: numeração progressiva das ______. Redação científica: a prática de
seções de um documento. Rio de Janeiro, 1989. fichamentos, resumos, resenhas. 4. ed. São Paulo:
______. NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro, 1989. Atlas, 2000.
______. NBR 6028: resumo. Rio de Janeiro, 1990. MEGALE, Januario Francisco. Introdução às
ciências sociais: roteiro de estudo. 2. ed. São Paulo:
______. NBR 10520: apresentação de citações em
Atlas, 1989.
documentos. Rio de Janeiro, 2002.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa
______. NBR 10719: apresentação de relatórios
social: teoria, método e criatividade. 18. ed.
técnico-científicos. Rio de Janeiro, 1989.
Petrópolis: Vozes, 2001.
______. NBR 14724: trabalhos acadêmicos:
______; SANCHES, Odécio. Quantitativo-
apresentação. Rio de Janeiro, 2002.
qualitativo: oposição ou complementaridade?
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47. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
Comunicação e Metodologia da Pesquisa
SEMINÁRIO INTEGRADO
Caro(a) Acadêmico(a),
A unidade didática Seminário Integrado visa a
articulação das unidades existentes no módulo, e
a percepção da aplicação prática dos conteúdos
ministrados.
Por meio da interdependência adquirida com as
unidades didáticas deste Seminário, o futuro pro-
fissional será capaz de articular a teoria, adquirida
no ensino superior, com a prática exigida no coti-
diano da profissão. Para tanto, é necessário o enten-
dimento de que os conteúdos, de cada Unidade Di-
dática, permitirão um estudo integrado, formando
um profissional completo e compromissado com o
mercado de trabalho.
Ao desenvolver esta unidade, você deverá aplicar
todos os conhecimentos adquiridos no decorrer do
módulo, elaborando uma atividade.
A atividade referente ao Seminário Integrado está
disponibilizada no Portal da Interativa.
Bom trabalho!
Professores Interativos do Módulo
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