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Educação
                                                          sem fronteiras

                                              SERVIÇO
                                               SOCIAL

                                                                               Autores
                                  Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo
                                    Professora Ma. Amirtes Menezes de Carvalho de Silva
                                     Professora Ma. Angela Cristina Dias do Rego Catonio
                                                Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos




                                                                                      4
                                                                www.interativa.uniderp.br
                                                               www.unianhanguera.edu.br
                                                                   Anhanguera Publicações
                                                                        Valinhos/SP, 2009




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 1                                                              5/28/09 3:24:30 PM
© 2009 Anhanguera Publicações
             Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de                                                    Ficha Catalográfica realizada pela Bibliotecária
             impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua                                              Alessandra Karyne C. de Souza Neves – CRB 8/6640
             portuguesa ou qualquer outro idioma.
             Impresso no Brasil 2009
                                                                                                          S514      Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al.]. - Valinhos :
                                                                                                                         Anhanguera Publicações, 2009.
                                                                                                                         256 p. - (Educação sem fronteiras ; 4).


                                                                                                                           ISBN: 978-85-62280-44-3


                                                                                                                         1. Comunicação – Metodologia da pesquisa. 2. Direito –
                                                                                                                    Legislação social. 3. Movimento social. I. Araújo, Edilene Maria de
                                                                                                                    Oliveira. II. Título. III. Série.
             ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.
             CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS
                                                                                                                                                                              CDD: 360
             Presidente
             Prof. Antonio Carbonari Netto

             Diretor Acadêmico
             Prof. José Luis Poli

             Diretor Administrativo
             Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior
                                                                                                                                                          ANHANGUERA PUBLICAÇÕES
             CAMPUS I
                                                                                                                                                                                     Diretor
             Chanceler                                                                                                                                         Prof. Diógenes da Silva Júnior
             Profa. Dra. Ana Maria Costa de Sousa
             Reitor                                                                                                                                                     Gerente Acadêmico
             Prof. Dr. Guilherme Marback Neto                                                                                                                            Prof. Adauto Damásio
             Vice-Reitor
                                                                                                                                                                  Gerente Administrativo
             Profa. Heloísa Helena Gianotti Pereira
                                                                                                                                                                 Prof. Cássio Alvarenga Netto
             Pró-Reitores
             Pró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior
             Pró-Reitora de Graduação: Profa. Heloisa Helena Gianotti Pereira
             Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato




             ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.
             UNIDERP INTERATIVA

             Diretor
             Prof. Dr. Ednilson Aparecido Guioti

             Coodernação
             Prof. Wilson Buzinaro

             COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
             Profa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Aparecida Lucinei Lopes Taveira Rizzo / Profa. Maria Massae Sakate /
             Profa. Adriana Amaral Flores Salles / Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora)

             PROJETO DOS CURSOS
             Administração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira Satolani
             Ciências Contábeis: Prof. Ruberlei Bulgarelli
             Enfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado Pereira
             Letras: Profa. Márcia Cristina Rocha Figliolini
             Pedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz
             Serviço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Profa. Ana Lúcia Américo Antonio
             Tecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira Biazetto
             Tecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma Marcario
             Tecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias
             Tecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias
             Tecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias




00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 2                                                                                                                                                                   5/28/09 3:24:30 PM
Nossa Missão, Nossos Valores
                      _______________________________

                A Anhanguera Educacional completa 15 anos em 2009. Desde sua fundação, buscou a ino-
             vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de
             Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação
             dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.
                A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre
             preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-
             tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor
             relação qualidade/custo, adotaram-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições
             de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
             Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores
             da Anhanguera.
                Atuando também no Ensino a Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-
             tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da Uniderp Interativa, nos seus pólos
             espalhados por todo o Brasil.




                                                                         Boa aprendizagem e bons estudos!



                                                                             Prof. Antonio Carbonari Netto
                                                                    Presidente — Anhanguera Educacional




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AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico



                                       Apresentação
                                   ____________________

                 A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no
              desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,
              arrojados, pluralistas, democráticos.
                 Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-
              ceiros e congêneres no país e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou
              para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo compromisso com a
              qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos propósi-
              tos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e a ascensão social.
                  Reconhecida pela ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um
              desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportunida-
              des de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a
              Distância.
                 Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que, em pouco tempo, saiu das frontei-
              ras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do país, possibilitando o
              acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.
                 O Centro de Educação a Distância atua por meio de duas unidades operacionais: a Uniderp
              Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN). Com os modelos alternativos ofereci-
              dos e respectivos pólos de apoio presencial de cada uma das unidades operacionais, localizados
              em diversas regiões do país e exterior, oferece cursos de graduação, pós-graduação e educação
              continuada, possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias
              dinâmicas e inovadoras.
                 Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da
              Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na estrutura organizacional e acadêmica, com re-
              flexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-
              Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza
              a compra, pelos alunos, de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado
              e estimula-os a formar a própria biblioteca, promovendo, assim, a melhoria na qualidade de sua
              aprendizagem.
                 É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de
              formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,
              preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena na sociedade.



                                                                               Prof. Guilherme Marback Neto




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Autores
                                       ____________________

                                                               AMIRTES MENEZES DE CARVALHO E SILVA
                           Graduação: Pedagogia – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1998
                                           Pós-graduação: Fundamentos da Educação – Área de Concentração:
                          Psicologia da Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2001
                                                 Mestrado: Em Educação – Área de Concentração: Psicologia –
                                                          Universidade de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2003

                                                                    EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO
                                                       Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica
                                                                               de Mato Grosso – FUCMT – 1986
                                               Pós-graduação Lato Sensu: Formação de Formadores em Educação
                                           de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003
                                                        Pós-graduação Lato Sensu: Gestão de Iniciativas Sociais –
                                                          Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002
                                                        Pós-graduação Lato Sensu: Administração em Marketing
                                                                            e Comércio Exterior – UCDB – 1998

                                                         ANgELA CRISTINA DIAS DO REgO CATONIO
                  Graduação: Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa/Universidade Católica Dom Bosco
                                                                      – UCDB, Campo Grande/MS – 1996
                    Especialização: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, São
                                                                                            Paulo/SP, 1999
                 Mestrado: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – IMESP, São Bernardo
                                                                                       do Campo/SP, 2000

                                                                            MARIA CLOTILDE PIRES BASTOS
                                          Graduação: Pedagogia com Habilitação em Administração e Supervisão
                                    Escolar de 1º e 2º Graus – Universidade Católica Dom Bosco – UCDB – 1981
                                      Pós-graduação Lato Sensu: Metodologia do Ensino Superior – Universidade
                                  para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 1988
                                                   Pós-graduação Strictu Sensu: Educação – Universidade Federal
                                                                          de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1997




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Sumário
                                                ____________________
             MÓDULO – COMUNICAÇÃO E METODOLOgIA DA PESQUISA

             UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁgIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL
             AULA 1
               Estágio supervisionado e a prática do saber ......................................................................................                      3
             AULA 2
               Legislação e a profissão do assistente social .......................................................................................                  13

             UNIDADE DIDÁTICA – COMUNICAÇÃO SOCIAL
             AULA 1
               Linguagem e sua função social ...........................................................................................................              23
             AULA 2
               Modalidades verbais e não verbais na comunicação .........................................................................                             29
             AULA 3
               Comunicação: conceitos e modelos ...................................................................................................                   33
             AULA 4
               Funções da linguagem e tipos de comunicação.................................................................................                           38
             AULA 5
               Habilidades em comunicação.............................................................................................................                42
             AULA 6
               Comunicação e novas tecnologias da comunicação .........................................................................                               46
             AULA 7
               Relações humanas ...............................................................................................................................       49
             AULA 8
               Comportamento e moda ....................................................................................................................              51

             UNIDADE DIDÁTICA – METODOLOgIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
             AULA 1
               O conhecimento e a ciência ................................................................................................................            59
             AULA 2
               O método científico ............................................................................................................................       63
             AULA 3
               O processo de pesquisa .......................................................................................................................         67
             AULA 4
               A pesquisa qualitativa .........................................................................................................................       72
             AULA 5
               Leitura e registro .................................................................................................................................   76
             AULA 6
               Apresentação de trabalhos acadêmicos – Normas da ABNT ............................................................                                     79

             SEMINÁRIO INTEGRADO.....................................................................................................................                 94




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MÓDULO – DIREITO SOCIAL E MOVIMENTOS SOCIAIS

                               UNIDADE DIDÁTICA – DIREITO E LEgISLAÇÃO SOCIAL
                               AULA 1
                                 A aplicabilidade do direito no serviço social .....................................................................................                        97
                               AULA 2
                                 A pessoa e seu inter-relacionamento social .......................................................................................                        106
                               AULA 3
                                 A institucionalização da sociedade.....................................................................................................                   118
                               AULA 4
                                 O direito familiar ................................................................................................................................       132
                               AULA 5
                                 A estruturação dos direitos constitucionais e as garantias fundamentais: direitos humanos
                                 e cidadania ...........................................................................................................................................   143
                               AULA 6
                                 O direito infraconstitucional e suas aplicações no serviço social – a legislação social e a proteção
                                 da sociedade ........................................................................................................................................     160
                               AULA 7
                                 O direito trabalhista e as relações políticas de trabalho ....................................................................                            169
                               AULA 8
                                 O direito previdenciário – sistema brasileiro de seguridade social ..................................................                                     193

                               UNIDADE DIDÁTICA – MOVIMENTOS SOCIAIS
                               AULA 1
                                 Movimentos sociais.............................................................................................................................           209
                               AULA 2
                                 Aspectos teóricos – histórico dos movimentos sociais no Brasil ......................................................                                     212
                               AULA 3
                                 Movimentos sociais e cidadania .........................................................................................................                  215
                               AULA 4
                                 Políticas sociais – a contribuição dos movimentos sociais ...............................................................                                 218
                               AULA 5
                                 A sociedade civil e a construção de espaços públicos........................................................................                              221
                               AULA 6
                                 O caráter educativo do movimento social popular ...........................................................................                               223
                               AULA 7
                                 Os movimentos sociais e a articulação entre educação não formal e sistema formal de ensino ....                                                           226
                               AULA 8
                                 Movimentos sociais em suas diferentes expressões ...........................................................................                              229
                               AULA 9
                                 Tendências dos movimentos sociais na realidade brasileira contemporânea ..................................                                                232
                               AULA 10
                                 Redes de ações coletivas ......................................................................................................................           239

                               SEMINÁRIO INTEGRADO..................................................................................................................... 243




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Módulo

                                           COMUNICAÇÃO
                                          E METODOLOGIA
                                             DA PESQUISA




                                           Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos




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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica


                  Apresentação

               Prezado Aluno,
               Nesta Unidade Didática você refletirá sobre o processo de investigação científica no Serviço Social.
               O módulo Metodologia Científica foi pensado para trazer até você as questões mais atuais que estão re-
            lacionadas ao processo de construção do conhecimento científico, o processo de investigação científica e as
            indagações acerca do método em ciências sociais. Nessa perspectiva, as temáticas eleitas visam subsidiá-los
            nos conhecimentos necessários para o entendimento da ciência, do método científico, o reconhecimento das
            ciências sociais como campo científico, além da normalização de trabalhos acadêmicos.
               Para que você possa aproveitar melhor os estudos, verifique a bibliografia indicada na lista de referências,
            as sugestões indicadas no material impresso e online, bem como as atividades solicitadas em cada aula.
               Seremos parceiros nesta caminhada; contudo, lembre-se de que o curso depende muito de você e que sua
            participação é fundamental.

                Bom trabalho!



                                                                                Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos




                                                                    58


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AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência




                                                                                                                              Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                                             AULA

                                           ____________________    1
                                          O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA

                 Conteúdo
                 •	 O processo histórico de construção da ciência moderna
                 •	 Diferentes tipos de conhecimento
                 •	 Definição de Ciência


                 Competências e habilidades
                 •	 Conhecer o processo de construção da ciência moderna
                 •	 Identificar diferentes tipos de conhecimento
                 •	 Caracterizar a ciência e o conhecimento científico


                 Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                 Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.


                 Duração
                 2 h/a – via satélite com o professor interativo
                 2 h/a – presencial com professor local
                 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




              O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO                                 As transformações ocorridas no pensamento
              DA CIÊNCIA MODERNA                                              científico estiveram vinculadas a outros aconteci-
                 A busca de explicações racionais acerca dos fe-              mentos importantes e que representaram profun-
              nômenos do mundo acompanha os seres humanos                     das modificações na estrutura social, tais como a
              há muito tempo, entretanto as explicações pauta-                emergência da burguesia, o desenvolvimento da
                                                                              economia capitalista, a revolução industrial etc.
              das em critérios de comprovação e objetividade, tal
                                                                                 A burguesia emergente valorizava o trabalho ma-
              como modernamente se concebe, nasceu no século
                                                                              nual e a expansão dos seus domínios requeria o de-
              XVII em meio a grandes transformações no contex-
                                                                              senvolvimento de invenções e tecnologia, de modo a
              to social. Nessa época, configurou-se o movimento
                                                                              dominar a natureza utilizando seus recursos de todas
              denominado “Renascimento Científico” cujo aspec-                as formas. A Revolução Industrial acelerou esse pro-
              to principal foi o de romper com as tradicionais for-           cesso, pois a racionalização do trabalho e a produção
              mas de conhecer, lançando as bases para uma nova                e comercialização em larga escala exigiam a constru-
              concepção de saber.                                             ção de equipamentos cada vez mais sofisticados.

                                                                         59


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                Assim também nasce um novo homem crente no               Assim é que a partir do século XVII o conheci-
             poder da razão e da transformação do mundo. Dife-        mento científico passa a ser reconhecido como um
             rente do homem medieval, que temia a Deus e bus-         tipo de conhecimento específico separando-se do
             cava na vida após a morte as recompensas por uma         conhecimento filosófico e no século XIX o otimis-
             vida sem pecados, o homem que nascia no interior         mo cientificista foi tal que muitos autores afirma-
             dessas transformações recolocava-se como figura          vam que somente a ciência poderia oferecer todas as
             central e retomava o domínio da sua vida.                explicações a partir do método científico.
                Dessa forma, o conhecimento aceito é aquele              Para Morais (1988), há uma questão importante
             marcado pela razão, experimentação, demonstração         a ser tratada no que se refere à atividade científi-
             e comprovação, utilizando o método científico, cri-      ca: será a ciência una ou dividida? Quando se pensa
             térios diferentes dos até então aceitos, fundamenta-     nas suas finalidades, pode-se afirmar que é una, mas
             dos especialmente na revelação e autoridade divina.      quando se considera a amplitude de objetos passí-
                O novo método científico mostrou-se fecundo e         veis de serem investigados, também será dividida.
             aos poucos foi adaptado a outros campos de pesqui-       Chauí (2000, p. 260) pondera que “ciências, no plu-
             sa, fazendo surgir diversas ciências particulares.       ral, refere-se às diferentes maneiras de realização do
                Segundo Morais (1988), a preocupação científica       ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos
             já estava presente na Idade Antiga, entretanto, gre-     investigados e os diferentes métodos e tecnologias
             gos e romanos favoreceram o desenvolvimento das          empregadas”. Seguindo a classificação apresentada
             chamadas ciências formais pois não consideravam
                                                                      pela autora, as ciências podem ser divididas em: ma-
             a experimentação como algo importante. Para os
                                                                      temáticas ou lógico-matemáticas, ciências naturais,
             gregos, havia o desprezo pelas atividades manuais,
                                                                      ciências humanas ou sociais e ciências aplicadas.
             consideradas menos nobres, sendo as atividades da
                                                                         O breve histórico apresentado demonstra que a
             “razão” consideradas elevadas. Já os romanos, cujas
                                                                      sociedade ocidental contemporânea desenvolveu
             preocupações eram mais pragmáticas, não valoriza-
                                                                      um ideal de cientificidade baseado principalmente
             vam a experimentação.
                                                                      na demonstração e prova, cujos aspectos principais
                Já na Idade Média, tendo em vista o predomínio
                                                                      são: distinção entre sujeito e objeto, criação de uma
             da visão religiosa, não havia condições para o de-
             senvolvimento do pensamento científico.                  linguagem específica e própria, importância do mé-
                                                                      todo, uso de instrumentos tecnológicos etc. Isso leva
                Assim, somente quando o homem recoloca-se
                                                                      à crença de que os resultados obtidos pela ciência
             no centro dos fatos históricos e busca compreender
             a natureza sem medo de profaná-la, é que se tor-         ocorrem de forma independente do desejo, convic-
             na possível o desenvolvimento do racionalismo e          ção e interesse do cientista, portanto a ciência seria
             experimentalismo científico. Morais (1988) afirma        neutra. Essa visão cientificista parte do pressuposto
             que na Idade Moderna, especialmente a partir do          de que a ciência pode conhecer tudo e esse conheci-
             Renascimento, são oferecidas as condições objetivas      mento permitirá manipular tecnicamente a realida-
             para a transformação da concepção do pensamento          de de forma ilimitada. Essa forma de encarar a ciên-
             até então predominante.                                  cia traz no seu interior a possibilidade de exercer o
                Sem dúvida, o que se observa é que, muito em-         controle sobre o pensamento humano agindo como
             bora o pensamento científico estivesse manifesto         uma forma de controle social; é a chamada ideolo-
             ao longo da história humana, foi a partir do desen-      gia da competência. Nesse sentido, a sociedade está
             volvimento do experimentalismo que se criou uma          formada por pessoas que sabem (competentes) e as
             atitude mental diferenciada em face do mundo na-         que não sabem, cabendo às primeiras o direito de
             tural, condição necessária para o desenvolvimento        exercer o comando e controle sobre as demais, que
             do pensamento científico moderno.                        deverão executar as determinações.

                                                                    60


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AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência

                  Outro aspecto importante a ser considerado                 O senso comum
              quanto à ciência moderna é sua ligação íntima com                 O senso comum ou conhecimento vulgar é o co-
              a técnica. Originalmente, técnica (do grego téchne)            nhecimento popular que busca explicar os fatos,
              mais se aproximava da arte no sentido de habilida-             sem perquirir suas causas. Ele é fruto do acúmulo
              de; com o desenvolvimento do conhecimento cien-                de experiências pessoais, portanto assistemático,
              tífico, também houve a possibilidade da construção             fragmentado e muitas vezes simplista e ingênuo.
              de instrumentos para ampliar e potencializar suas
              funções. Morais (1988, p. 51) afirma que “houve um             O conhecimento teológico
              tempo em que se ensinava que a ciência é o conheci-               O conhecimento teológico ou religioso busca ex-
              mento, e a técnica, a aplicação desse conhecimento”.           plicações a partir de entes divinos ou sobrenaturais.
              A ciência moderna, levando à construção de instru-             Esse tipo de conhecimento torna impossível buscar
              mentos que possibilitam conhecimentos mais exa-                as causas dos fenômenos, pois estas se encontram
              tos, transforma a técnica em tecnologia, objetiva o            fora do âmbito da condição humana; é dogmático.
              conhecimento por meio de um objeto técnico.
                 Em face do desenvolvimento do modelo produ-                 O conhecimento filosófico
              tivo capitalista, a ciência e a tecnologia tornaram-se            O conhecimento filosófico busca investigar cau-
              parte integrante da atividade econômica e assim o              sas e razões dos fenômenos por meio das ideias,
              montante de recursos financeiros a serem destina-              relações conceituais que não podem ser reduzidas
              dos a pesquisas científicas são definidos a partir do          a observação empírica. Esse tipo de conhecimen-
                                                                             to tem por finalidade questionar, refletir de forma
              seu uso, distante do controle social.
                                                                             mais ampla sobre as questões humana incluindo
                                                                             objetivos e conclusões da própria ciência.
              Diferentes tipos de conhecimento
                 A necessidade de conhecer o funcionamento da                O conhecimento científico
              natureza visando dominá-la levou a diferentes for-
                                                                               Muitas são as caracterizações elaboradas sobre
              mas de explicação sobre o mundo. Assim, desde in-              o conhecimento científico; para este estudo, esta-
              terpretações místicas até as científicas são tentativas        remos adotando a sistematização apresentada por
              de dar um sentido para os fenômenos e fatos que                Oliveira (apud Ander-Egg, 2001, p. 50):
              ocorrem, ou seja, são formas diferentes de se pro-
              cessar o conhecimento.                                              [...] ciência é um conjunto de conhecimentos racio-
                                                                                  nais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente,
                 Todo conhecimento consiste em uma relação en-
                                                                                  sistematizados e verificáveis, que fazem referência
              tre o sujeito (cognoscente) e o objeto (aquilo que
                                                                                  a objetos de uma mesma natureza, subdividindo-
              será conhecido), que produz uma imagem (repre-                      os em:
              sentação). Para Ruiz (1996, p. 90), “todo conheci-                  •	 conhecimento racional, isto é, que tem exigên-
              mento consiste numa relação sui generis entre o su-                     cia de método [...];
              jeito cognoscente e o objeto conhecido: relação de                  •	 certo ou provável, já que não se pode atribuir à
              assimilação do objeto pelo sujeito, relação de pro-                     ciência a certeza indiscutível de todo saber que a
              dução do objeto pelo sujeito, relação de coincidên-                     compõe [...];
                                                                                  •	 obtidos metodicamente, pois não se os adquire
              cia ou de identificação entre sujeito e objeto”.
                                                                                      ao acaso ou na vida cotidiana [...];
                 A fim de melhor caracterizar o conhecimento                      •	 verificáveis, pelo fato de que as afirmações que
              científico, é importante identificar outras formas de                   não podem ser comprovadas ou que não passam
              se conhecer, pois a ciência não é o único modo de se                    pelo exame da experiência não fazem parte do
              explicar a realidade.                                                   âmbito da ciência [...];

                                                                        61


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                    •	 relativas a objetos da mesma natureza, ou seja,       e empírica” e o de Trujillo Ferrari (apud LAKATOS,
                       objetos pertencentes a determinada realidade, que     1999, p. 80), que entende a ciência como “[...] um
                       guardam entre si características de homogeneidade.    conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas
                                                                             ao sistemático conhecimento com objeto limitado,
            Definição de ciência                                             capaz de ser submetido à verificação”. Observa-se,
              Muitos autores apresentam conceitos de ciência.                assim, a coincidência de alguns aspectos considera-
            Destacamos o apresentado por Megale (1989, p. 41),               dos importantes para a compreensão do conceito e
            que afirma: “ciência é o conjunto de conhecimentos               que serão comuns em maior ou menor grau entre
            obtidos através da investigação sistemática, objetiva            os autores.


                *      ANOTAÇÕES




                                                                            62


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AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência




                                                                                                                                  Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                                              AULA

                                          ____________________     2
                                             O MÉTODO CIENTÍFICO

                 Conteúdo
                 •	 Origens do método científico
                 •	 Etapas do método científico
                 •	 Tipos de métodos


                 Competências e habilidades
                 •	 Contextualizar as origens do método científico
                 •	 Identificar as principais características do método científico
                 •	 Apresentar os principais tipos de métodos científicos


                 Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                 Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.


                 Duração
                 2 h/a – via satélite com o professor interativo
                 2 h/a – presencial com professor local
                 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




              ORIGENS DO MÉTODO CIENTÍFICO                                        Vários filósofos buscaram estabelecer uma concep-
                 No âmbito das ciências modernas, o método                     ção sobre o método, entretanto até o século XVII os
              exerce papel tão relevante que muitas vezes se con-              problemas filosóficos estavam mais vinculados à ques-
              funde a ciência com o seu método. Entretanto, a                  tão do ser. A Filosofia antiga não indaga sobre a reali-
              utilização do método não é privilégio da ciência.                dade do mundo. É Descartes que propõe como méto-
              A palavra método vem do grego methodos (meta =                   do, começar duvidando de tudo; é a dúvida metódica.
              através de; hodos = caminho), ou seja, é a orienta-
                                                                               É a partir da Idade Moderna, que as questões do co-
              ção, o guia para se conseguir algo. No seu sentido
                                                                               nhecer ganham vulto tendo em vista o fator subjetivi­
              mais amplo, significa o conjunto de procedimentos
                                                                               dade. A partir dessa época os filósofos preocupam-se
              utilizados para se alcançar conhecimento seguro de
              forma mais racional; na ciência, método é a ordem                muito mais com o sujeito cognoscente tendo em vista
              imposta no caminho para se chegar a um fim de-                   a sua dúvida de se pode ou não alcançar a verdade.
              terminado. Assim, depreende-se que, pelo método,                   Chauí (2000) afirma que no decorrer da história
              pode-se demonstrar ou verificar conhecimentos.                   o método sempre desempenhou o papel de regula-

                                                                          63


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            dor do pensamento, pois “guia o trabalho intelectual      ressaltar que toda pesquisa necessita ter claramen-
            [...] e avalia os resultados obtidos” (p. 159); contu-    te formulado um problema, entretanto, nem todos
            do, foi a partir do desenvolvimento da ciência mo-        os problemas são passíveis de tratamento científico
            derna que se colocou a necessidade da construção          por não poderem ser respondidos, comprovados
            de procedimentos que permitissem a demonstração           por demonstração. Como afirma Gil (1996, p. 27), a
            do conhecimento por meio da evidência, levando à          pesquisa científica não pode responder “a questões
            organização do método científico.                         de ‘engenharia’ e de valor porque sua correção ou
                Ao se tratar do método científico, uma importan-      incorreção não é passível de verificação empírica”.
            te questão merece ser elucidada: a diferença entre        Richardson (1999) sugere formular a pergunta uti-
            método e metodologia, pois muitas vezes toma-se o         lizando como, o que e quando preferencialmente a
            significado de um pelo outro. Por método entende-         por quê.
            se a organização das etapas fundamentais do pro-              Tendo sido o problema identificado, coloca-se a
            cesso de pesquisa a partir das teorias que orientam       necessidade de buscar informações acerca do fenô-
            a busca da verdade. Já metodologia incorpora o mé-        meno que será investigado. Nessa etapa, as princi-
            todo e as técnicas, ou seja, os instrumentos para a       pais fontes de informação são aquelas que apresen-
            investigação científica (coleta, tabulação, análise e     tam alguma sistematização sobre o assunto, espe-
            interpretação de dados etc.).                             cialmente livros, relatórios, periódicos, internet etc.
                                                                          Na sequência do processo está a formulação da
            Etapas do método científico                               hipótese, ou seja, a elaboração de resposta prévia ao
               A investigação da natureza de forma científica,        problema formulado. A hipótese normalmente é le-
            ou seja, utilizando o método científico, requer do        vantada quando o investigador já realizou revisão da
            investigador uma constante atitude de reflexão e          literatura pertinente ao fenômeno em estudo, ob-
            crítica diante da realidade e do permanente ques-         tendo considerável conhecimento sobre o problema
            tionamento acerca das conclusões obtidas. Muito           que permite a tentativa de resposta; é evidente que
            embora essa atitude deva também fazer parte da vida       a hipótese será testada no processo de investigação e
            cotidiana das pessoas, para o cientista deve ser um       assim poderá ser comprovada ou refutada.
            exigência que compreende alguns passos ou etapas.             Para Richardson (1999), o meio formal de testar
            Neste estudo utilizaremos a sistematização apresenta-     a hipótese é a predição que consiste na tentativa de
            da por Richardson (1999, p. 26-29), que compreende:       predizer o resultado da hipótese pelo uso da esta-
            a observação, a formulação de um problema, a ob-          tística. O raciocínio é que se a resposta é acertada,
            tenção de informações referenciais, o levantamen-         os resultados são específicos e, muito embora rara-
            to de hipóteses, a predição, a experimentação e a         mente a predição seja totalmente perfeita, é funda-
            análise.                                                  mental para o teste da hipótese.
               Pode-se afirmar que a observação é o primeiro              A experimentação visa comparar os resultados
            momento da investigação, pois compreende infor-           obtidos, mediante a realização de atividades que,
            mações mais gerais obtidas por meio da experiência        dadas determinadas condições, permitam obter res-
            cotidiana ou mesmo de leituras realizadas, o que ca-      postas a partir da manipulação intencional, e cons-
            racteriza como diferencial é que “essas observações       titui-se em etapa importante do método científico.
            devem ser sensíveis, mensuráveis e passíveis de re-           A análise configura-se como a fase final do mé-
            petição, para que possam ser observadas por outras        todo científico e consiste na confirmação ou não da
            pessoas” (RICHARDSON, 1999, p. 26).                       hipótese levantada, permitindo construir, confirmar
               A partir da observação, o pesquisador constata         ou rejeitar determinada teoria.
            alguma questão que necessita ser respondida e parte           Uma questão se coloca: e quanto às ciências so-
            para a formulação do problema de pesquisa. Cabe           ciais? Haveria um método específico para as ciên-

                                                                     64


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AULA 2 — O Método Científico

              cias sociais? O humano como objeto de investigação           tre eles [...], generalização da relação [...]”. Ou seja,
              passa a ter importância a partir do século XIX, con-         após a observação de um fenômeno, faz-se o grupa-
              tudo, como nesse momento os critérios de cientifi-           mento dos fatos segundo as suas relações constantes
              cidade já estavam estabelecidos, houve a incorpora-          para generalizar para todos os fenômenos da mes-
              ção dos mesmos métodos e técnicas utilizados nas             ma espécie.
              ciências da natureza para a análise dos fenômenos
              sociais. Contudo, por não ser possível uma trans-              Método dedutivo – contrariamente à indução, o
              posição pura e simples dos métodos das ciências              método dedutivo parte de enunciados mais gerais
              naturais para o estudo dos fenômenos humanos, os             para chegar aos particulares ou menos gerais. Se-
              resultados obtidos tornaram-se pouco científicos             gundo Oliveira (2001, p. 62), “a dedução como for-
              e, portanto, foram muito contestados. Richardson             ma de raciocínio lógico tem como ponto de partida
              (1999) reflete que o fracasso das ciências sociais se        um princípio tido como verdadeiro a priori. O seu
              deveu à transferência acrítica da metodologia das            objetivo é a tese ou conclusão que é aquilo que se
              ciências físicas e naturais ao fenômeno humano.              pretende provar”. É importante enfatizar que a de-
              Para o autor, as bases da pesquisa empirista utiliza-        dução e a indução são procedimentos do raciocínio
              da nas análises dos fenômenos sociais levou “a uma           que se complementam no processo da investigação.
              deturpação total da meta fundamental das ciências
              sociais: o desenvolvimento do homem e da socieda-                Método dialético – A dialética tem sua origem na
              de” (p. 30).                                                 Grécia e em seus primórdios significava a arte de
                 Somente a partir dos anos 1980, já no século XX,          dialogar. Em Platão e Aristóteles já é possível iden-
              há uma real ruptura com os modelos até então con-            tificar no conceito o aspecto de transformação, por
              solidados e ocorre uma mudança radical no estudo             intermédio da contradição, entretanto, é Hegel que
              dos fenômenos humanos e sociais. Richardson pon-             sistematiza a dialética como processo, movimento,
              dera ainda que as características do método cientí-          mudança, transformação a partir de leis próprias.
              fico valem para qualquer ciência, contudo, “o que            A história é vista como obra humana dentro de um
              muda é a aplicação de regras e instrumentos que              processo dinâmico e não somente como a ocor-
              devem estar adequados para a medição dos fenô-               rência de fatos. Para Hegel, esse processo se dá nas
              menos sociais. Por exemplo, fenômenos qualitativos           ideias, na razão; sendo determinado pela reflexão,
              não podem ser analisados com instrumentos quan-              pelo pensamento, e, assim, o objeto é identificado
              titativos” (p. 30).                                          como consciência abstrata. Marx busca o conceito
                 Assim, ainda que com muita controvérsia, os fe-           desenvolvido por Hegel trazendo-o para a realidade
              nômenos humanos e sociais tornam-se objetos de               objetiva, ou seja, o desenvolvimento não se dá pelo
              ciências específicas, tendo métodos próprios para            pensamento, mas mediante as práticas sociais reali-
              análise desses fenômenos.                                    zadas materialmente pelos homens.
                                                                               São três as leis da dialética: a transformação da
              Tipos de métodos                                             quantidade em qualidade, a interpenetração dos con-
                 Método indutivo – é um processo mental que                trários e a negação da negação.
              parte do registro de fatos singulares ou menos ge-               •	 Lei da passagem da quantidade à qualidade –
              rais, mas suficientemente constatados, para alcançar                define que a passagem de um objeto para outro
              conclusões mais gerais. No método indutivo, anali-                  com características diferentes (qualidade) se dá
              sam-se as partes para compreender o todo. Lakatos                   pelo aumento quantitativo de determinadas
              e Marconi (1998, p. 87) consideram três elementos                   características do objeto.
              principais no procedimento da indução: “observa-                 •	 Lei da unidade e luta dos contrários – estabele-
              ção dos fenômenos [...], descoberta da relação en-                  ce que na contradição é que se dá o movimen-

                                                                      65


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                   to, ou seja, os elementos que não podem existir         que cria o novo não elimina totalmente o ve-
                   sem o outro também buscam superar-se. Ao                lho, pois mesmo o novo significando um novo
                   tempo em que um só existe em função do ou-              objeto possui qualidades do elemento antigo.
                   tro, também busca sua ultrapassagem. São for-
                   ças antagônicas que convivem em um mesmo               O método desempenha um papel fundamental
                   movimento; são faces de uma mesma moeda.            no processo de pesquisa; por meio dele se constroem
                •	 Lei da negação da negação – explica que a           o objeto e as etapas que orientarão a investigação.
                   transformação do objeto em seu contrário se         Portanto, a definição do método não deve ser vista
                   dá pela negação. O novo é construído pela ne-       como uma atividade burocrática, mas como as ba-
                   gação do velho, que por sua vez, ao envelhecer,     ses sobre as quais estarão sendo construídos os co-
                   é negado por algo novo. Na luta dos contrários      nhecimentos acerca do objeto em estudo.


                *      ANOTAÇÕES




                                                                     66


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AULA 3 — O Processo de Pesquisa



                                                             AULA




                                                                                                                              Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                          ____________________     3
                                          O PROCESSO DE PESQUISA

                 Conteúdo
                 •	 O	que	é	pesquisa
                 •	 Tipos/caracterização	da	pesquisa
                 •	 Fases	da	pesquisa
                 •	 Instrumentos	e	técnicas	para	coleta	de	dados	em	pesquisa	social


                 Competências e habilidades
                 •	 Conceituar	o	que	vem	a	ser	pesquisa	científica
                 •	 Caracterizar	os	diferentes	tipos	de	pesquisa
                 •	 Identificar	as	fases	de	elaboração	da	pesquisa
                 •	 Identificar	as	principais	técnicas	para	coleta	de	dados	em	pesquisas	sociais


                 Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                 Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.


                 Duração
                 2 h/a – via satélite com o professor interativo
                 2 h/a – presencial com professor local
                 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




              A PESQUISA: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÀO                            Gil (1991, p. 19), a pesquisa é “o procedimento ra-
              E TÉCNICAS                                                      cional e sistemático que tem como objetivo propor-
                 A pesquisa científica é um processo reflexivo que            cionar respostas aos problemas que são propostos”.
              visa construir conhecimentos a partir de procedi-               A partir dessas definições é possível identificar que
              mentos racionais e sistemáticos. Santos (2000, p. 15)           a pesquisa é um meio de se produzir conhecimen-
              caracteriza a pesquisa como “atividade intelectual              tos aplicando, para isso, metodologias apropriadas
              intencional que visa responder às necessidades hu-              de forma racional, organizada, metódica e reflexiva
              manas”. Lakatos e Marconi (1995, p. 155) afirmam                voltada à resolução de problemas.
              que a pesquisa “é um procedimento formal, com                      A preparação de uma pesquisa científica requer
              método de pensamento reflexivo, que requer um                   um planejamento, para mais racionalmente se or-
              tratamento científico e se constitui no caminho para            ganizarem os procedimentos. Essa preparação com-
              conhecer ou para descobrir verdades parciais”. Para             preende quatro grandes etapas ou fases: a prepa-

                                                                         67


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            ração, a elaboração do projeto, a execução do pla-          p. 23) esquematiza as etapas decorrentes daquelas,
            nejado e a elaboração do relatório final. Gil (1996,        conforme o fluxograma a seguir:

                   Formulação                    Construção                 Determinação            Operacionalização
                   do Problema                  de Hipóteses                  do Plano                de Variáveis

                 Elaboração dos
                                                Pré-teste dos
                  Instrumentos                                          Seleção da Amostra           Coleta de Dados
                                                Instrumentos
               de Coleta de Dados

                                           Análise e Interpretação     Redação do Relatório
                                                 dos Dados                 da Pesquisa


               A fase de preparação é o momento em que o inves-            A apresentação formal do projeto pode variar
            tigador define o tema a ser pesquisado, realiza a de-       conforme o autor utilizado ou o convencionado por
            vida revisão de literatura a fim de identificar o atual     cada Instituição de Ensino, entretanto, os questio-
            estágio de estudos sobre o assunto, bem como se há          namentos levantados deverão estar contemplados
            fontes de dados disponíveis para que possa realizar         no sentido de atender aos objetivos inerentes a qual-
            o estudo. A revisão de literatura também permite a          quer projeto de pesquisa.
            delimitação mais clara do problema a ser estudado e            Um dos aspectos fundamentais no processo de
            o estabelecimento de hipóteses (quando for o caso)          pesquisa refere-se à formulação do problema a ser
            ou respostas provisórias ao problema enunciado.             investigado, pois na busca da sua solução é que se es-
                                                                        tará apropriando, construindo e transformando co-
               Na etapa seguinte estará organizando o plano ou
                                                                        nhecimentos. Dessa forma, pode-se afirmar que toda
            projeto de pesquisa, elemento fundamental no pro-
                                                                        pesquisa inicia-se com um problema, entretanto nem
            cesso, pois permite ao pesquisador estabelecer metas
                                                                        todo problema é passível de tratamento científico.
            de forma clara, dentro de um prazo possível, com
                                                                        Lakatos e Marconi (1995) definem problema como
            técnicas mais adequadas em face do que se pretende
                                                                        uma dificuldade apresentada no entendimento de
            investigar e atendendo a determinado orçamento. A           um assunto efetivamente importante e para o qual
            terceira etapa pode ser compreendida como a etapa           se vai buscar uma solução. Para Gil (1991), um pro-
            de execução do projeto ou plano, quando os dados            blema será científico quando for passível de ser ve-
            serão coletados, tabulados e analisados, e a quarta e       rificado, observado empiricamente ou manipulado.
            última etapa refere-se à elaboração do relatório final         A formulação do problema não é tarefa fácil visto
            de pesquisa, quando serão apresentados os resulta-          que não se trata de tão-somente identificar o que se
            dos do estudo dentro de normas e padrões previa-            pretende investigar, é preciso ter clareza e objetivi-
            mente estabelecidos (NBR 14724 da ABNT).                    dade. Sugere-se formular o problema em forma de
               O projeto de pesquisa vem responder aos seguin-          pergunta (ou questão) delimitando-o a uma abran-
            tes questionamentos:                                        gência que o torne viável de ser resolvido, com ma-
                •	 O	que	investigar?                                    teriais e técnicas disponíveis e acessíveis ao pesqui-
                •	 Por	que	investigar?                                  sador. Gil (1991) recomenda ter cuidado quando o
                                                                        problema referir-se a valores, pois por basear-se em
                •	 Para	que	e	para	quem	investigar?
                                                                        aspectos subjetivos corre-se o risco de comprometer
                •	 Fundamentado	em	quais	fontes	de	informação?          a validade dos resultados obtidos.
                •	 Que	soluções	são	propostas?
                •	 Como,	com	o	que	ou	onde	pesquisar?                   Classificação das pesquisas
                •	 Quais	recursos	orçamentários	são	necessários?           A realização de uma pesquisa, especialmente nas
                •	 Qual	é	o	tempo	necessário	para	cumprir	as	etapas?    ciências sociais, não segue um modelo único tendo
                •	 Quais	fontes	foram	consultadas?                      em vista a complexidade própria da vida social vis-

                                                                       68


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AULA 3 — O Processo de Pesquisa

              lumbrada em diferentes nuanças e aspectos ao olhar                         Essa organização pretendeu apresentar uma for-
              do investigador.                                                        ma de classificação; determinados tipos ocorrem
                Neste estudo, adotaremos a classificação siste-                       com mais regularidade em pesquisas sociais, en-
              matizada por Gil (1991), que as organiza a partir                       tretanto, em alguns casos pode-se recorrer a vários
              de dois critérios principais: quanto aos objetivos e                    tipos em uma mesma pesquisa para se responder à
              quanto aos procedimentos técnicos utilizados.                           questão investigada.

                                 Quanto aos objetivos gerais
                                                                                      A coleta de dados
                                     Visa criar maior aproximação com
                                       o tema, proporcionando maior                      Em face da pesquisa que será realizada e dos ob-
                 Pesquisa
                                 familiaridade com o problema; na maioria             jetivos definidos pelo pesquisador, as informações
               Exploratória
                                   dos casos, assume a forma de pesquisa
                                    bibliográfica ou de estudo de caso.               poderão ser obtidas de diferentes fontes, sendo três
                                       Visa descrever as características              as principais: a utilização de documentos, a obser-
                 Pesquisa              de determinada população ou
                 Descritiva             fenômeno utilizando técnicas
                                                                                      vação, e as entrevistas e questionários.
                                     padronizadas para coleta de dados.                  Os documentos se referem ao material escrito
                                       Visa identificar os fatores que                ao qual o investigador poderá ter acesso, podendo
                 Pesquisa        determinam a ocorrência de determinados
                Explicativa        fenômenos. Busca explicar a razão, “o              distinguir-se em: documentos oficiais (normalmen-
                                         porquê” de acontecerem.
                                                                                      te provenientes de governo ou de empresas), docu-
                                                                                      mentos pessoais, material de imprensa e utilitários
                      Quanto aos procedimentos técnicos utilizados                    (catálogos, folhetos etc.).
                                    É desenvolvida a partir da utilização de
                  Pesquisa           material impresso elaborado – livros,
                                                                                         A observação como técnica para coletar dados
                Bibliográfica       artigos científicos, material eletrônico,         deverá atender às características próprias de cada
                                                almanaques etc.
                                                                                      pesquisa e se realiza mediante contato do investiga-
                                       É desenvolvida a partir de fontes
                  Pesquisa
                                      documentais, que podem ou não ter
                                                                                      dor com o fenômeno em estudo. Essa técnica é fun-
                 Documental
                                        recebido tratamento analítico.                damental em pesquisas sociais, pois permite apre-
                  Pesquisa         Consiste na reprodução de um fenômeno              ender fatos e aspectos para os quais outros tipos de
                Experimental          a partir de condições controladas.
                                                                                      instrumentos se mostram limitados, contudo deve
                                      Utiliza os mesmos procedimentos da
                                      pesquisa experimental, diferindo no             ser utilizada de forma combinada com outras téc-
                  Pesquisa
                                      aspecto de que, neste caso, os fatos            nicas.
                Ex-post-facto
                                       são espontâneos, não podendo o
                                       pesquisador controlar as variáveis.               Segundo Dencker (2001, p. 146), a observação
                                      Baseia-se na interrogação direta ao             pode ser realizada de duas formas: direta e indireta.
                                       grupo que se pretende investigar;              “Observação direta, como o próprio nome já diz, é a
                                      neste caso, recorre-se à amostra que
                                    deverá ser significativa para possibilitar        realizada diretamente sobre o objeto da observação,
               Levantamento
                                    generalizações. As pesquisas desse tipo
                                                                                      enquanto a indireta é feita de tal modo que o obser-
                                     não são adequadas quando se tratar
                                     de estudos de problemas referentes a             vado não se percebe como o principal elemento da
                                    relações e estruturas sociais complexas.
                                                                                      investigação”.
                                     Tem como base o estudo de um ou
                  Estudo de
                                   poucos objetos visando conhecê-lo(s) de               A entrevista é compreendida como um diálogo
                     Caso
                                       forma profunda e detalhada.                    entre duas pessoas (entrevistador e entrevistado)
                                     É realizada de forma articulada a uma            com objetivos claramente definidos. Essa técnica
                Pesquisa-ação       ação diante de um problema detectado
                                             no processo de pesquisa.                 permite obter as informações diretamente da pes-
                                     Há interação entre o pesquisador e               soa, bem como a observação de toda a situação e
                                     o grupo de interesse da pesquisa e,              reação do entrevistado. Assim como a observação,
                  Pesquisa
                                   muito embora tenha semelhança com a
                 Participante                                                         a entrevista como técnica para coleta pode ter sua
                                   pesquisa-ação, procura distinguir a ação
                                   espontânea (popular) da ação científica.           validade questionada tendo em vista a possível in-

                                                                                 69


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            fluência do entrevistador nas respostas do entre-          termos que sejam amplamente conhecidos, atentar-
            vistado, ou mesmo a distorção que pode ocorrer             se somente aos objetivos da pesquisa, limitá-lo em
            na análise do material obtido. Entretanto, em que          extensão e cuidar para não ser tendencioso. Sugere-
            pesem esses aspectos, Minayo (2001, p. 59) destaca a       se testar os questionários antes de aplicá-los, ou seja,
            importância da noção de entrevista em profundida-          realizar um pré-teste em que um grupo pequeno
            de “que possibilita um diálogo intensamente corres-        responderá ao questionário de modo a identificar
            pondido entre entrevistador e informante [...] Esse        seus pontos falhos e que mereçam ser revistos, a fim
            relato fornece um material extremamente rico para          de verificar se atendem às expectativas.
            análises do vivido”.
               Para se alcançar a validade nas respostas, é im-        Forma de registro
            portante preparar a entrevista atentando-se ao que            O registro das informações obtidas no processo de
            será indagado e cercando-se de certos cuidados para        coleta de dados é de fundamental importância; as-
            não interferir nas respostas do entrevistado. Quan-        sim, para não se deparar com a ausência de algum
            to à organização, buscar marcar com antecedência,          dado relevante, é conveniente estabelecer a forma de
            obter algum conhecimento prévio sobre o entrevis-          realizar e organizar os registros.
            tado, preparar as perguntas e criar uma situação de           Quando se tratar de entrevistas, é possível utili-
            discrição. No decorrer da entrevista, é importante         zar, além do recurso da anotação, a gravação, a par-
            estar mais preparado para ouvir do que para falar,         tir do consentimento do entrevistado.
            intervir no momento oportuno em que uma ques-                 O uso da filmagem é também uma forma interes-
            tão tenha relevância para ser aprofundada e buscan-        sante de realizar os registros, pois permite rever as
            do manter-se fiel aos objetivos da entrevista, não         situações vivenciadas pelo grupo estudado e que por
            permitindo desvios no que se pretende.                     vezes escapam ao olhar do investigador. Assim como
               O questionário pode ser definido como um ins-           a filmagem, a fotografia permite reter informações
            trumento impessoal e que permite maior facilida-           importantes no momento em que se realiza o es-
            de na coleta de informações. Nesse instrumento, o          tudo, pois o efeito das transformações do tempo cer-
            investigador estabelece as questões, cujas respostas       tamente estará modificando formas, paisagens etc.
            serão obtidas de forma escrita, podendo o entrevis-           Minayo (1994) alerta que em estudos sociais é im-
            tado responder livremente ou assinalar as alternati-       portante que se utilize o “diário de campo”, que são
            vas predeterminadas.                                       anotações sistemáticas realizadas pelo pesquisador e
               Assim, o questionário poderá apresentar per-            que estarão enriquecendo as análises e descrições.
            guntas do tipo aberta e/ou fechada, a depender do
            objetivo da pesquisa. As perguntas abertas são aque-       Algumas considerações sobre a amostragem
            las que permitem a livre resposta do entrevistado,            A amostra é um recurso a ser utilizado quando
            ficando a seu critério a extensão da resposta a ser        a população-alvo for muito grande para ser usada
            fornecida. As perguntas fechadas são aquelas cujas         inteira. Por população-alvo compreende-se o grupo
            respostas já se encontram previamente estabeleci-          formado pelos indivíduos ou elementos que pos-
            das, ficando o entrevistado no papel de somente as-        suem determinadas características definidas para
            sinalar a alternativa que achar mais adequada.             um estudo; assim, a amostra representa uma parte
               A elaboração de um questionário requer alguns           (um subconjunto) desse grupo. Richardson (1999)
            cuidados por parte do investigador: procurar ini-          acrescenta que, além do tamanho da população-al-
            cialmente explicar de forma objetiva a finalidade          vo, os custos e o tempo são fatores importantes na
            do questionário não se esquecendo de agradecer a           utilização da amostragem, pois essa técnica permite
            colaboração de quem o respondeu, apresentar as             reduzir custos e minimizar as distorções decorrentes
            questões de forma compreensível e com palavras e           da variação do tempo de obtenção das informações.

                                                                    70


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AULA 3 — O Processo de Pesquisa

                 Como nas ciências sociais trabalha-se com gru-                       população-alvo fossem idênticos, uma amostra de
              pos humanos cuja característica principal é a hete-                     um só elemento seria perfeitamente representativa.
              rogeneidade, a técnica da amostragem permite sele-
                                                                                    As amostras podem ser de dois tipos: as proba-
              cionar as amostras mais adequadas ao propósito da
                                                                                 bilísticas e as não probabilísticas, em que somente
              investigação.                                                      as últimas poderão permitir generalizações estatís-
                  Uma característica importante das amostras é                   ticas por estarem apoiadas no princípio da inferên-
              que o resultado obtido a partir dos dados da amos-                 cia estatística. As amostras do tipo probabilística
              tra deverão permitir as generalizações, ou seja, o que             caracterizam-se, principalmente, por permitir que
              é característica da amostra também é característi-                 cada elemento da população-alvo tenha a probabi-
              ca de todo o conjunto que não se pôde observar. O                  lidade de fazer parte da amostra. Os principais tipos
              fato de se utilizar uma amostra e não a população-                 de amostras probabilísticas são: amostra aleatória
              alvo total pode levar a erros que poderão ser mini-                simples, amostra sistemática, amostra por conglo-
              mizados quando se conhecem todos os parâmetros                     merado e amostra estratificada.
              da população-alvo, pois nesse caso pode-se calcular                   As amostras não probabilísticas utilizam critérios
              o erro da amostra. Quando não se conhecem esses                    baseados no raciocínio e na lógica para compor a
              parâmetros, é preciso estabelecer critérios visando                amostra e não no princípio do acaso. Os principais ti-
              minimizar a margem de erro. Contandriopoulos et                    pos são: amostras acidentais, amostras de voluntários,
              al. (1999, p. 60) indicam dois critérios para se discu-            amostras por escolhas racionais e amostras por cotas.
              tir essa margem:                                                      O tamanho da amostra depende de vários fatores
                                                                                 intrinsecamente articulados ao que se pretende in-
                      Quanto maior a “fração da amostra”, menor o “er-
                                                                                 vestigar, aos custos decorrentes da coleta de dados e
                      ro da amostra”. Intuitivamente é fácil conceber
                      que, quanto maior a amostra em relação à popula-           aos métodos estatísticos a serem utilizados.
                      ção-alvo, mais segura é a representatividade dessa            Qualquer que seja o método utilizado, é preciso
                      amostra. Inversamente quanto mais homogênea                ter-se clareza que cada um apresentará vantagens e
                      for a população-alvo, menos necessária será uma            desvantagens e que não há apenas um que seja uni-
                      grande amostra. No limite, se todos os elementos da        versalmente válido para todas as situações.


                  *      ANOTAÇÕES




                                                                            71


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Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                                                                 Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica



                                                                                                                 AULA

                                                                                          ____________________        4
                                                                                            A PESQUISA QUALITATIVA

                                                                    Conteúdo
                                                                    •	 Pesquisa	qualitativa	–	conceito	e	características
                                                                    •	 O	qualitativo	e	o	quantitativo	–	diferentes	faces	de	um	mesmo	processo

                                                                    Competências e habilidades
                                                                    •	 Compreender	o	que	é	a	pesquisa	qualitativa
                                                                    •	 Identificar	as	características	da	pesquisa	qualitativa
                                                                    •	 Relacionar	pesquisa	qualitativa	e	quantitativa

                                                                    Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                                                                    Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.

                                                                    Duração
                                                                    2 h/a – via satélite com professor interativo
                                                                    2 h/a – presenciais com professor local
                                                                    6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




            O QUE É PESQUISA QUALITATIvA?                                                                              A pesquisa qualitativa pode ser definida como
               As pesquisas sociais têm sido marcadas pela uti-                                                     uma abordagem que busca entender determinado
            lização de metodologias do tipo quantitativo na                                                         fenômeno de forma aprofundada, descrevendo-o,
            abordagem e análise dos fenômenos que investiga,                                                        analisando-o e interpretando-o. Muito mais do que
            contudo nos últimos anos um tipo de abordagem                                                           descrições estatísticas que visam à generalização dos
                                                                                                                    resultados, a pesquisa qualitativa trabalho com outro
            tem se mostrado promissor por ter como foco as-
                                                                                                                    nível de realidade que nem sempre pode ser mensu-
            pectos que privilegiem a subjetividade na compre-
                                                                                                                    rado ou transformado em dados quantitativos.
            ensão e entendimentos do objeto de estudos.
                                                                                                                       Um aspecto importante nas pesquisas qualitati-
               Embora vista com desconfiança por alguns pes-
                                                                                                                    vas é a não padronização da forma de abordagem e
            quisadores, a pesquisa qualitativa tem ganhado força                                                    tratamento do objeto de estudo, muito comum em
            em áreas importantes. Sobre isso, Neves (1996, p. 1)                                                    pesquisas de cunho quantitativo. “A pesquisa qua-
            comenta: “Surgido inicialmente no seio da Antropo-                                                      litativa pode ser caracterizada como a tentativa de
            logia e da Sociologia [...] esse tipo de pesquisa ga-                                                   uma compreensão detalhada dos significados e ca-
            nhou espaço em áreas como a psicologia, a educação                                                      racterísticas situacionais apresentadas pelos entre-
            e a administração de empresas”, entre outras.                                                           vistados, em lugar da produção de medidas quanti-

                                                                                                                 72


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AULA 4 — A Pesquisa Qualitativa

              tativas de características ou comportamentos” (RI-                   possam servir de parâmetro para se chegar à verda-
              CHARDSON, 1999, p. 87).                                              de dos fenômenos. Contudo, a questão da credibili-
                 É possível afirmar que há uma tentativa de apreen-                dade está vinculada a questões muito específicas das
              der a riqueza da dimensão humana em toda sua                         ciências sociais, principalmente quando se conside-
              magnitude, sem que isso signifique o aprisionamen-                   ra o seu nascedouro.
              to a fórmulas e padrões previamente definidos.                          Segundo Santos Filho (2000), no século XIX uma
                 Godoy (1995, p. 62) enumera algumas caracterís-                   das questões principais para os pesquisadores que
              ticas que permitem identificar as pesquisas do tipo                  discutiam os fenômenos humanos e sociais foi o
              qualitativa:                                                         problema da unidade das ciências. No século ante-
                                                                                   rior, as ciências da natureza demonstraram que, pelo
                     1 – o ambiente natural como fonte direta dos dados            método científico baseado na quantificação e gene-
                     e o pesquisador como instrumento fundamental;
                                                                                   ralização dos resultados, seria possível predizer com
                     2 – o caráter descritivo;
                                                                                   vistas a alcançar dados muito precisos, que revelas-
                     3 – o significado que as pessoas dão às coisas e à sua
                                                                                   sem a verdade sobre os fenômenos observados.
                     vida como preocupação do investigador;
                     4 – enfoque indutivo.                                            Então, as questões sociais, que nesse momen-
                                                                                   to revelavam toda sua complexidade, passam a ser
                 O que se depreende é que o aspecto subjetivo tem                  pauta de indagação no sentido da busca de métodos
              destaque.                                                            que pudessem garantir o mesmo sucesso alcançado
                 Segundo Minayo (2001, p. 23), nas ciências so-                    pelos métodos utilizados nas ciências da natureza.
              ciais a pesquisa qualitativa se ocupa com um nível
              de realidade que não pode ser quantificado:                               Duas respostas ou posições foram assumidas diante
                                                                                        desse problema. Uma defendia a unidade das ciên-
                     Ou seja, ela trabalha com o universo de significados,              cias e, portanto, a legitimidade do uso do mesmo
                     motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o                método em todas as ciências. A outra posição era
                     que, corresponde a um espaço mais profundo das                     favorável à tese da peculiaridade das ciências so-
                     relações, dos processos e dos fenômenos que não po-                ciais e humanas e, portanto, defendiam um método
                     dem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.                científico específico para estas ciências (SANTOS
                                                                                        FILHO, 2000, p. 15).
                 Assim, a subjetividade ganha destaque ocupando
              um lugar fundamental na abordagem dos fenôme-                           A unidade das ciências teve no Positivismo de
              nos, pois a objetividade representada em diagramas,                  Comte sua maior defesa, e influenciou as ciências
              gráficos e quantificação nem sempre apreende a di-                   sociais principalmente na forma de apreensão e
              nâmica presente na vida e que é revelada a partir da                 análise dos fenômenos, pois para conferir atributos
              fala dos sujeitos que a constitui.                                   e qualidade ao objeto de investigação adotou termos
                 Richardson (1999, p. 90) corrobora esse pensa-                    matemáticos e a linguagem de variáveis, caracterís-
              mento quando afirma que “a pesquisa qualitativa                      tica das ciências da natureza.
              pode ser caracterizada como a tentativa de uma                          Minayo (2001, p. 23) sintetiza bem esse posicio-
              compreensão detalhada dos significados e caracte-                    namento quando define os seguintes critérios para
              rísticas situacionais apresentadas pelos entrevista-                 análise dos fenômenos sociais, com base nas ciên-
              dos, em lugar da produção de medidas quantitativas                   cias da natureza:
              de características ou comportamentos”.
                                                                                        a – o mundo social opera de acordo com leis cau-
                 As pesquisas qualitativas vêm ganhando espaço,                         sais;
              embora ainda não sejam aceitas por muitos pesqui-                         b – alicerce da ciência é a observação sensorial;
              sadores exatamente pela questão da validade cientí-                       c – a realidade consiste em estruturas e instituições
              fica, ou seja, como garantir que aspectos subjetivos                      identificáveis enquanto dados brutos por um lado

                                                                              73


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                   e crenças e valores por outro. Estas duas ordens se                   nesse tipo de pesquisa e se levem alguns teóricos2 a
                   correlacionam para fornecer generalizações e regu-                    buscarem classificar os paradigmas que orientam as
                   laridades;                                                            análises dos fenômenos humanos e sociais.
                   d – o que é real são os dados brutos; valores e cren-
                                                                                            Minayo (2001) aponta a Sociologia Compreensi-
                   ças são dados subjetivos que só podem ser com-
                                                                                         va em suas diferentes formas – fenomenologia, et-
                   preendidos através dos primeiros.
                                                                                         nometodologia, interacionismo simbólico – como
               Santos Filho (2000, p. 23) destaca três caracterís-                       uma corrente teórica que, em oposição ao Positi-
            ticas principais quando da análise dos fenômenos                             vismo, coloca o significado da vida humana como
            humanos e sociais à luz dos métodos baseados nas                             centro no processo de investigação.
            ciências naturais:                                                              Entretanto, uma questão se coloca como central
                                                                                         quando da análise dos fenômenos sociais tendo
                   Primeiro, defende o dualismo epistemológico, ou
                                                                                         como perspectiva a valorização dos aspectos quali-
                   seja, a separação entre o sujeito e o objeto do co-
                                                                                         tativos que é a validade científica. Richardson (1999,
                   nhecimento; segundo, vê a ciência social como
                   neutra ou livre de valores; e terceiro, considera que                 p. 91) afirma que “para muitos pesquisadores qua-
                   o objetivo da ciência social é encontrar regularida-                  litativos as convicções subjetivas das pessoas têm
                   de e relações entre os fenômenos sociais.                             primazia explicativa sobre o conhecimento teórico
                                                                                         do investigador”.
               A partir da segunda metade do século XIX, teve                               Esse tipo de tratamento dado ao objeto de estu-
            início um movimento criticando a adoção de méto-                             dos pode induzir a um problema grave, ou seja, a
            dos baseados nas ciências da natureza, para análise                          adoção de uma atitude acrítica, tornando-se parte
            dos fenômenos sociais.                                                       inevitável da ideologia dominante.
               Os teóricos1 que encabeçaram esse movimento                                  Para Minayo (2001), a abordagem dialética, em-
            entendiam que a riqueza da vida não poderia ser                              bora ainda perseguida e não concretizada, seria uma
            expressa, por análises com base no Positivismo. As-                          forma de dar significado ao conteúdo apreendido na
            sim, não haveria realidade objetiva fora da realidade                        análise dos fenômenos sociais de uma forma crítica.
            humana e, desta perspectiva, sujeito e objeto se re-                         Já Santos Filho (2000) afirma que os fenômenos hu-
            lacionam dentro de um mesmo processo. A análise                              manos e sociais estão se mostrando mais complexos
            da realidade é a análise dos seres humanos. Outro                            do que se imaginava, sendo admissível pensar nas
            aspecto a ser considerado, é que não há como es-                             mais variadas metodologias a fim de se aprofundar
            tabelecer a regularidade na análise dos fenômenos                            nas análises.
            sociais em face da própria complexidade que carac-                              Richardson (1999) menciona a importância da
            teriza a vida humana, a vida em sociedade.                                   aplicação da lógica dialética no processo de apreen-
              Assim, a ênfase das ciências sociais deve ser a                            der os fenômenos dentro de uma perspectiva histó-
            compreensão e não a explanação do objeto desvin-                             rica com vistas a identificar sua transitoriedade.
            culado do contexto no qual se insere e da forma es-                              Para o autor:
            pecífica como o investigador o apreende, marcado
                                                                                                [...] primeiramente, é essencial estudar o desenvol-
            pela suas idiossincrasias.
                                                                                                vimento histórico de um fenômeno para revelar a
              A partir da década de 1970, ganha força a crítica                                 mudança em sua conceituação através do tempo. O
            ao paradigma positivista aplicado às ciências sociais,                              propósito [...] não é apenas registrar mudanças em
            o que faz que se adotem abordagens alternativas                                     sua aparência ou essência, mas revelar a natureza


            1                                                                            2
                Dentro da tradição filosófica de base idealista, citamos Dilthey, Ri-        Habermas, Berstein, Burrel e Morgan, Popkewitz, Soltis, Husén,
                ckert, Weber e Husserl.                                                      Hoshmand, entre outros.


                                                                                        74


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AULA 4 — A Pesquisa Qualitativa

                     dinâmica da relação entre a aparência e a essência              Etapas da pesquisa social
                     do fenômeno (RICHARDSON, 1999, p. 92).                             Na pesquisa qualitativa, os procedimentos a se-
                                                                                     rem adotados para a organização do estudo mere-
                 Contudo, mesmo tendo a crítica como aspecto fun-
                                                                                     cem destaque: a seleção do local e grupo de interesse
              damental na análise dos fenômenos sociais, ainda resta
                                                                                     para o estudo, técnica para obtenção das informa-
              a pergunta: e a validade científica? Como alcançá-la?
                                                                                     ções, análise das informações e, finalmente, disposi-
                 É ainda Richardson (2000) que afirma a impor-                       ção das informações no relatório.
              tância da prática reflexiva, no sentido de “admi-                         A definição do local requer certa familiaridade do
              nistrar a oscilação analítica entre a observação e a                   pesquisador, pois isso terá relação direta com a vali-
              teoria que considera válida”. O objetivo de não pro-                   dação dos resultados. Esse processo deve estar basea-
              duzir um simples resultado, mas de descrever de                        do em reflexões que incluem diferentes critérios que
              forma coerente e detalhada determinada situação,                       vão desde a facilidade na obtenção dos dados e regis-
              que a reflexão teórica permitirá compreender, ilu-                     tro até as influências que o meio exerce na opinião
              minando os determinantes que colaboram com a                           dos entrevistados. Pode-se afirmar que os estudos
              manifestação empírica dos fenômenos.                                   de caso se configuram como mais adequados, sendo,
                 Seguindo esse raciocínio, podemos afirmar que as                    contudo, possível os estudos que incluam mais de um
              pesquisas qualitativa e quantitativa não se excluem; ao                caso a fim de se estabelecerem comparações.
              contrário, são complementares, pois os dados quanti-                      O instrumento que melhor serve aos propósitos
              tativos, à luz da reflexão qualitativa, revelam aspectos               de um estudo qualitativo é a entrevista. O contato
                                                                                     com os possíveis entrevistados é uma etapa funda-
              fundamentais na compreensão dos fenômenos.
                                                                                     mental, com vistas a estreitar as relações para maior
                 Minayo e Sanches (1993), com base em diferentes
                                                                                     riqueza e veracidade nas informações, contudo não
              autores, afirmam que do ponto de vista metodológi-                     há como prescrever o procedimento mais adequa-
              co não há contradição nem continuidade entre as                        do, pois isso dependerá de diferentes aspectos.
              abordagens em vista de serem de naturezas diferentes.                     Quanto à coleta de informações, vale ressaltar
              Para os autores (1993), que citam Gurvitch (1955), a                   o papel que a observação desempenha em estudos
              pesquisa quantitativa atua em níveis da realidade, nos                 qualitativos, embora ainda se questione a validade
              quais os dados se apresentam aos sentidos.                             desse procedimento e também da entrevista.
                 Já a pesquisa qualitativa trabalha com valores,                        Será na análise das informações que o pesquisa-
              crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões.                 dor irá organizar os dados relevantes em categorias,
                 Assim, não há mais cientificidade em uma ou na                      que possibilitem a aproximação com o objeto, de
              outra, ainda que uma utilize instrumentos sofistica-                   modo a identificar aquelas que se mostrem mais
              dos de mensuração e a outra busque a compreensão                       adequadas para retratar o fenômeno em análise.
              em profundidade.                                                          A elaboração do relatório irá retratar todas as
                 É ainda Minayo e Sanches (1993, p. 16) que con-                     etapas vivenciadas, tendo as revisões de literatura e
              tribuem com a questão afirmando que:                                   abordagem teórica definida para a análise do fenô-
                                                                                     meno como condições fundamentais para apresen-
                     [...] se a relação entre quantitativo e qualitativo, en-        tar os resultados visando ao esclarecimento e às res-
                     tre objetividade e subjetividade não se reduz a um              postas aos problemas identificados de forma válida.
                     continuum, ela não pode ser pensada como oposição                  Assim, cada etapa do trabalho merece uma análi-
                     contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as           se cuidadosa, uma reflexão constante e um compro-
                     relações sociais possam ser analisadas em seus as-              metimento reiterado com vistas a retratar a riqueza
                     pectos mais “ecológicos” e “concretos” e aprofunda-             da vida em toda a sua dimensão que a letra e o dado
                     das em seus significados mais essenciais. Assim, o              frio não permitem apreender e muitas vezes conge-
                     estudo quantitativo pode gerar questões para serem              lam, limitando a visão do processo de constituição
                     aprofundadas qualitativamente, e vice-versa.                    histórica da sociedade.

                                                                                75


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica
            Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                                                                                                 AULA

                                                                                          ____________________        5
                                                                                                  LEITURA E REGISTRO

                                                                    Conteúdo
                                                                    •	 Fontes	para	a	pesquisa
                                                                    •	 A	leitura	analítica
                                                                    •	 Formas	de	apresentação de textos – resumos, resenhas, artigos científicos e revisões bibliográficas

                                                                    Competências e habilidades
                                                                    •	 Identificar	os	diferentes	tipos	de	fontes	utilizados	na	realização	de	uma	pesquisa	científica
                                                                    •	 Compreender	o	processo	de	realização	da	leitura	analítica	distinguindo	suas	fases
                                                                    •	 Caracterizar os diferentes tipos de textos, bem como sua forma de registro

                                                                    Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                                                                    Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.

                                                                    Duração
                                                                    2 h/a – via satélite com professor interativo
                                                                    2 h/a – presenciais com professor local
                                                                    6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




            FORMAS DIFERENCIADAS DE APRESENTAÇÃO                                                                    autenticidade, o que implica maior critério e rigor
            DE TEXTOS                                                                                               na sua elaboração, não querendo dizer que o texto
               A produção de textos científicos é um processo                                                       deva ser algo hermético e acessível a poucos inicia-
            laborioso que requer a aplicação não apenas de téc-                                                     dos. Azevedo (1999, p. 111) observa que a boa co-
            nicas, mas também da criatividade e esforço teórico                                                     municação deve estar alicerçada nos seguintes as-
            e analítico de quem o escreve. Para demonstrar a                                                        pectos: “escreva para ser lido [...]; procure o melhor
            sistematização, recriação, crítica, nível de aprofun-
                                                                                                                    modo de comunicar suas ideias [...]; seja original
            damento das reflexões, o texto deve ser claro, conci-
                                                                                                                    [...]; cultive a simplicidade [...]”.
            so e coerente. Medeiros (2000, p. 118) define o texto
            como “um tecido verbal estruturado de tal forma                                                            A apresentação escrita mudará de acordo com
            que as ideias formam um todo coeso, uno, coeren-                                                        a intenção ou exigência de uma disciplina, assim
            te”. Assim, a simples disposição de frases fragmenta-                                                   o seu formato e denominações, assumirá maior
            das não pode ser considerada como texto.                                                                ou menor complexidade, a depender da natureza
               O texto científico tem como objetivo principal                                                       do texto e da autonomia intelectual de quem o
            comunicar dados, propor reflexões com exatidão e                                                        elabora.

                                                                                                                76


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AULA 5 — Leitura e Registro

              Resumos                                                            o resumo alternará de acordo com a habilidade de
                 A Norma da ABNT 6028 trata especificamente                      quem o escreve, entretanto Medeiros (2000) afirma
              de resumos, e os define como “apresentação concisa                 que, apesar da necessária redução, esta não deve
              dos pontos relevantes de um texto”. Medeiros (2000,                prejudicar a comunicação. Silva (apud MEDEIROS,
              p. 125) acrescenta à definição: “[...] um procedi-                 2000) sugere que o resumo deva guardar um ter-
              mento de reduzir um texto sem destruir-lhe o con-                  ço ou um quarto da extensão do texto original, o
              teúdo”. Assim, resumir significa sintetizar um texto,              que bastaria para garantir os pontos principais e as
              sem, no entanto, modificar ou acrescentar qualquer                 ideias essenciais do autor.
              sentido novo ou diferente daquele apresentado na
              fonte original.                                                    Modelo de resumo
                 Para elaborar um bom resumo é importante reali-                   •	 Papel em tamanho A4.
              zar a leitura tantas vezes quantas forem necessárias                 •	 Configuração	 da	 página:	 lado	 superior	 e	 es-
              para esclarecer todo o texto. Ao apresentar o con-                      querdo: 3 cm; lado inferior e direito: 2 cm.
              teúdo, é fundamental que sejam indicados o as-                       •	 Espaçamento	entre	linhas:	para	a	referência,	es-
              sunto abordado no texto, os objetivos do autor, os                      paçamento simples; para o texto, espaçamento
              métodos utilizados, bem como as conclusões alcan-                       1,5 cm.
              çadas. Dar preferência ao uso da terceira pessoa do                  •	 Alinhamento:	da	referência,	à	esquerda;	do	tex-
              singular e do verbo na voz ativa. Quanto à extensão,                    to, justificado.




                                                                                 3 cm




                                          BARBOSA, M. L. O discurso da competência na pedagogia. 3. ed. São
                                          Paulo: Atlas, 1999.

                                            A autora procurou demonstrar os principais aspectos que levam os pro-
                                          fessores do ensino fundamental a terem dificuldade na aplicação do que
                                          compreendem por competência. Seu objetivo foi caracterizar a competên-
                                          cia a partir da definição apresentada pelos professores e, ao relacioná-la

                         3 cm
                                          com a atividade exercida em sala, identificar suas reais concepções.                 2 cm
                                            Inicialmente, a autora apresenta um estudo sobre o ensino fundamental,
                                          esclarecendo o perfil dos professores desse nível de ensino. Demonstra
                                          como ao longo do processo de construção histórica foi sendo caracterizado
                                          e descaracterizado esse nível de ensino e como isso influenciou na forma-
                                          ção dos educadores.

                                                                                 2 cm



                                                                            77


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            Resenhas                                                      Em geral, as revisões atendem a objetivos previa-
                A resenha pode ser definida como um tipo de re-        mente estabelecidos na pesquisa, entretanto podem
            sumo tendo, entretanto, a finalidade de apresentar a       ser solicitadas como forma de avaliação de alguma
            apreciação crítica de uma obra. Se no resumo bas-          disciplina e, nesse caso, Azevedo (1999) indica que
            ta apresentar as ideias principais do autor do tex-        deva ter a seguinte estrutura: introdução, desenvol-
            to original, na resenha deve ser efetuada a crítica,       vimento e crítica.
            configurando-se a resenha como um resumo crí-                 Na introdução deve-se apresentar o assunto a ser
            tico. Medeiros (2000, p. 142) afirma que a resenha         estudado, com indicação do contexto histórico das
            não é um resumo, sendo “este apenas um elemento            obras utilizadas para a revisão apresentando, breve-
            da estrutura da resenha. Além disso, acrescente-se:        mente, seu significado dentro desse contexto. A parte
            se, por um lado, o resumo não admite o juízo valo-         destinada ao desenvolvimento deverá apresentar de
            rativo, o comentário, a crítica; a resenha, por outro,     forma resumida a contribuição de cada obra, o que
            exige tais elementos”.                                     significa considerar apenas os aspectos principais
                                                                       em face do tema abordado. A crítica pode ser feita
                Segundo Azevedo (1999, p. 32), quanto ao tama-
                                                                       de duas formas: “numa, você dialoga com o autor,
            nho, a resenha “pode variar entre duas (para jornais
                                                                       ao mesmo tempo em que apresenta suas contribui-
            não especializados) a dez laudas (publicações cien-
                                                                       ções; noutra, você deixa o comentário para a seção
            tíficas)”. Ainda, o autor orienta que as partes princi-
                                                                       da crítica propriamente” (AZEVEDO, 1999, p. 37).
            pais da resenha são: introdução, resumo e crítica. Na
            introdução deve ser apresentado o assunto do texto
                                                                       O artigo científico
            original, bem como informações sobre o autor e o
            gênero da obra. O resumo deve ater-se a apresen-              O artigo científico tem como finalidade principal
            tar as ideias principais do texto, conforme apresen-       a apresentação de resultado de estudos e pesquisas.
            tado anteriormente, e a crítica ou apreciação deve         Geralmente, o artigo é um texto destinado a ser pu-
            indicar a leitura da obra ou não. É importante, no         blicado em revistas, jornais ou periódicos especiali-
            julgamento da obra, indicar sua contribuição para          zados e, muito embora tenha um formato reduzido,
                                                                       deve apresentar o texto completo.
            a análise do assunto, a originalidade das ideias e o
            estilo do autor.                                              A quantidade de laudas que um artigo deve ter
                                                                       vincula-se às diretrizes da revista em que será pu-
                Quanto à apresentação formal da resenha, vale
                                                                       blicado, pois cada veículo tem suas próprias normas
            ressaltar que é semelhante à do resumo, diferindo
                                                                       para publicação. Entretanto, quando se tratar de ar-
            somente quanto ao título que, segundo Azevedo
                                                                       tigo para atender à avaliação de alguma disciplina,
            (1999, p. 35), deve ser original, “criativo, diferente
                                                                       sugere-se que o professor estabeleça previamente o
            do título do texto original, breve e substantivo”.
                                                                       número mínimo e máximo de folhas que o artigo
                                                                       deva ter. Para o caso de dúvidas, sugere-se que o ar-
            Revisão bibliográfica                                      tigo tenha no mínimo cinco e no máximo 20 laudas
               A revisão bibliográfica, também conhecida como          e, quanto à estrutura, deve apresentar introdução,
            revisão de literatura, objetiva apresentar, por meio       desenvolvimento, conclusão e referências.
            da compilação de diversas obras, o atual estado de            Alguns autores mostram-se relutantes em apre-
            desenvolvimento dos estudos referentes a deter-            sentar uma estrutura definida para o artigo, pois
            minado assunto. É o que se costuma chamar de “o            essa estrutura será variável a depender do que se
            estado-da-arte” e, ainda que guarde certa originali-       estará apresentando e das concepções teórico-me-
            dade, busca principalmente comparar várias obras           todológicas do autor. Entretanto, Azevedo (1999,
            permitindo ao autor compreender de forma mais              p. 82) sugere que a estrutura de um artigo pode se-
            aprofundada o objeto de investigação, bem como             guir a adotada no campo das ciências experimentais,
            avançar no sentido de lançar novas luzes ao que já         contendo introdução, revisão de literatura, mate-
            está produzido e sistematizado.                            riais e métodos, resultados, discussão e conclusões.

                                                                      78


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AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT



                                                             AULA

                                           ____________________    6




                                                                                                                              Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica
                                  APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS
                                 ACADÊMICOS – NORMAS DA ABNT

                 Conteúdo
                 •	 Orientações	gerais	para	apresentação	de	trabalhos	acadêmicos
                 •	 Normas	da	ABNT	
                    6023 – Referências
                    10520 – Citações
                    14724 – Trabalhos acadêmicos
                    15287 – Projetos


                 Competências e habilidades
                 •	 Aplicar	corretamente	as	normas	da	ABNT,	conforme	a	exigência	e	natureza	do	trabalho	acadêmico
                 •	 Identificar	os	meios	onde	a	informação	estará	disponível	visando a sua correta aplicação


                 Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
                 Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.


                 Duração
                 2 h/a – via satélite com o professor interativo
                 2 h/a – presencial com professor local
                 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo




              NORMALIzAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS                            nando uniformidade no registro do conhecimento
                 A padronização de trabalhos acadêmicos tem o                 obtido e oferecendo segurança e otimização de tem-
              intuito de tornar compreensível a divulgação dos                po, custos e recursos.
              dados obtidos por meio de estudos, com vistas a
                                                                                 A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
              torná-los acessíveis a outros pesquisadores, garan-
              tindo a fidelidade nas informações além de facilitar            é o órgão responsável pela normalização técnica no
              o acesso e a compilação das informações.                        Brasil. Representante do País de entidades de nor-
                 Mediante a normalização é possível organizar in-             malização internacional, é uma entidade privada e
              formações que beneficiem diferentes áreas, ocasio-              sem fins lucrativos.

                                                                         79


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

               Embora a ABNT atenda a diferentes áreas, no que         cialização e/ou aperfeiçoamento): documento que
            se refere aos trabalhos acadêmicos existe um conjun-       representa o resultado de estudo, devendo expressar
            to de 32 normas (Documentação), que estabelece um          conhecimento do assunto escolhido, obrigatoria-
            padrão considerado adequado aos diferentes aspectos        mente emanado da disciplina, módulo, estudo in-
            que envolvem a apresentação desses documentos.             dependente, curso, programa e outros ministrados.
               As principais normas para a apresentação de tra-        Deve ser feito sob a coordenação de um orientador.
            balhos escritos são as descritas a seguir, as quais es-
            tarão citadas neste documento:                             Apresentação de trabalhos acadêmicos
               •	 NBR 6022 de 1994 – Apresentação de Artigos              A norma 14724 define os seguintes elementos pa-
                  em Publicações Periódicas;                           ra a organização e estruturação dos trabalhos aca-
               •	 NBR 6023 de 2002 – Informação e Documen-             dêmicos: elementos pré-textuais, elementos textuais
                  tação – Referências – Elaboração;                    e elementos pós-textuais.
                  NRB 6024 de 2003 – Numeração progressiva
                  das seções de um documento – Procedimentos;              Estrutura        Elemento           Obrigatório   Opcional

               •	 NBR 6027 de 2003 – Sumários – Procedimentos;                                Capa                 X
                                                                                            Lombada                             X
               •	 NBR 6028 de 2003 – Resumos – Procedimentos;
                                                                                       Ficha catalográfica                      X
               •	 NBR 10520 de 2002 – Informação e documenta-
                                                                                          Folha de rosto           X
                  ção – Apresentação de citações em documentos;
                                                                                              Errata                            X
               •	 NBR 14724 de 2005 – Informação e documen-
                                                                                       Folha de aprovação          X
                  tação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação.
                                                                                           Dedicatória                          X
                                                                                         Agradecimentos                         X
              Esta última norma fixa as seguintes definições                                 Epígrafe                           X
            que estaremos utilizando no presente trabalho:                              Resumo em língua
                                                                             Pré-                                  X
               Dissertação: documento que representa o resulta-            textuais         vernácula

            do de um trabalho experimental ou exposição de                              Resumo em língua
                                                                                                                   X
                                                                                           estrangeira
            um estudo científico retrospectivo, de tema único e
                                                                                       Lista de ilustrações                     X
            bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de
                                                                                         Lista de tabelas                       X
            reunir, analisar e interpretar informações; deve evi-
                                                                                       Lista de abreviaturas
            denciar o conhecimento de literatura existente sobre                                                                X
                                                                                              e siglas
            o assunto e a capacidade de sistematização do can-                          Lista de símbolos                       X
            didato; é feito sob a coordenação de um orientador                               Sumário               X
            (doutor), visando à obtenção do título de mestre.                              Introdução              X

               Tese: documento que representa o resultado de               Textuais     Desenvolvimento            X

            um trabalho experimental ou exposição de um es-                                 Conclusão              X

            tudo científico de tema único e bem delimitado;                                Referências             X

            deve ser elaborado com base em investigação ori-                                Glossário                           X
                                                                             Pós-
            ginal, constituindo-se em real contribuição para a                             Apêndice(s)                          X
                                                                           textuais
            especialidade em questão; é feito sob a coordenação                              Anexo(s)                           X

            de um orientador (doutor) e visa à obtenção do tí-                               Índice(s)                          X

            tulo de doutor, ou similar.
               Trabalhos acadêmicos (trabalho de conclusão de          Elementos pré-textuais
            curso – TCC, trabalho de graduação interdiscipli­             Os elementos pré-textuais são os que antecedem o
            nar – TGI, trabalho de conclusão de curso de espe­         texto com informações que identificam o trabalho:

                                                                      80


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AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT

                 1 – Capa: deve conter dados que permitam a                       No verso da folha de rosto deve constar a Ficha
              correta identificação do trabalho com os seguintes               Catalográfica, que se constitui de um conjunto de
              elementos:                                                       informações bibliográficas descritas de forma or-
                 •	 Instituição;                                               denada, seguindo o Código de Catalogação Anglo-
                 •	 Nome	do	autor;                                             Americano vigente. Deve ser inserida no verso da
                 •	 Título	do	trabalho	–	subtítulo,	se	houver;                 folha de rosto e é obrigatória somente para disser-
                 •	 Número	 de	 volumes	 (se	 houver	 mais	 de	 um,	           tações e teses. Sua elaboração é de responsabilidade
                    deve constar na capa a identificação do respec-            do profissional bibliotecário com registro no Con-
                    tivo volume);                                              selho de Biblioteconomia.
                 •	 Local	 (cidade)	 da	 instituição	 onde	 deve	 ser	
                    apresentado;                                                  4 – Errata: apresenta-se geralmente em folha
                 •	 Data	 (ano	 de	 depósito	 e/ou	 da	 entrega)	 (ver	        avulsa ou encartada, sendo anexada à obra depois
                    apêndice B).                                               de impressa. Consiste em uma lista de erros tipográ-
                                                                               ficos ou de outra natureza, com as devidas correções
                 2 – Lombada: elemento opcional, as informa-                   e indicações das folhas e linhas em que aparecem.
              ções devem ser impressas conforme a NBR 12225                    Deve ser inserida logo após a folha de rosto.
              de 2004. O nome do autor deve ser impresso longi-
              tudinalmente do alto para o pé da lombada; o título                 5 – Folha de Aprovação: Deve conter o nome do
              do trabalho deve ser impresso da mesma forma que                 autor, do título e subtítulo por extenso, natureza,
              a do nome do autor.                                              objetivo, nome da instituição a que é submetida,
                                                                               área de concentração, data de aprovação, nome e
                3 – Folha de Rosto: no anverso deve conter os                  titulação dos membros componentes da banca exa-
              mesmos elementos da capa, acrescidos de informa-                 minadora e suas assinaturas.
              ções complementares necessárias à perfeita identifi-
              cação do trabalho:                                                 6 – Dedicatória: parte destinada a homenagear
                •	 Nome	do	autor;                                              uma ou mais pessoas.
                •	 Título	do	trabalho	–	subtítulo,	se	houver;
                •	 Número	 de	 volumes	 (se	 houver	 mais	 de	 um,	               7 – Agradecimentos: parte em que o autor dirige
                   deve constar na capa a identificação do respec-             seus agradecimentos àqueles que contribuíram de
                   tivo volume);                                               maneira relevante para a elaboração do trabalho,
                •	 Natureza	 (tese,	 dissertação,	 trabalho	 de	 con-          nesse caso são incluídas empresas ou organizações
                   clusão – TCC, trabalho acadêmico de sala de                 que fizeram parte da pesquisa, pessoas que colabo-
                   aula) e objetivo (aprovação em disciplina ou                raram efetivamente para o trabalho. É recomendá-
                   grau pretendido e outros); nome da instituição              vel colocar os agradecimentos em ordem hierárqui-
                   a que é submetido;                                          ca de importância.
                •	 Área	de	concentração;
                •	 Nome	 do	 orientador,	 precedido	 da	 palavra	                8 – Epígrafe: o autor apresenta uma citação, se-
                   “Orientador”;                                               guida de indicação de autoria, relacionada com a
                •	 Co-orientador	(se	houver):	precedido	da	pala-               matéria tratada no corpo do trabalho.
                   vra “Co-orientador”;
                •	 Local	 (cidade)	 da	 instituição	 onde	 deve	 ser	             9 – Resumo em Língua Vernácula (Português):
                   apresentado;                                                parte do trabalho onde o aluno apresenta uma sín-
                •	 Data	(ano	de	depósito	e/ou	da entrega).                     tese do estudo com o tema, problema, metodologia

                                                                          81


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            e resultados obtidos; deve ainda constar as palavras-         Por índice se compreende a lista de palavras ou
            chave e/ou descritores relativos aos assuntos da mo-       frases, organizadas normalmente em ordem alfa-
            nografia, conforme NBR 6028.                               bética, que remete para as informações contidas no
                                                                       texto. O índice deve ser inserido no final do trabalho.
               10 – Resumo em Língua Estrangeira: esse ele-              As listas antecedem o sumário e, portanto, não
            mento é obrigatório somente para dissertações e te-        devem ser incluídas neste.
            ses; digitado em folha separada (em inglês, abstract;         O sumário deve figurar como último elemento
            em espanhol, resumen; em francês, résumé), segue a         pré-textual e, quando houver mais de um volume,
            mesma estrutura e conteúdo do resumo em língua             este deve ser incluído completo em todos os volu-
            vernácula.                                                 mes, para que se possa verificar todo o conteúdo da
                                                                       obra, independentemente do volume consultado.
               11 – Lista de Ilustrações: apresenta os elementos          As seções devem ser numeradas em algarismos
            ilustrativos adotados no texto. Quando necessário,         arábicos, da introdução até a conclusão. Os deno-
            recomenda-se lista própria para cada tipo de ilus-         minados elementos pré-textuais não figuram no
            tração (figuras, quadros, gráficos, desenhos, foto-        sumário.
            grafias, organogramas, gravuras e outros). Os itens          Quanto às listas, resumo, abstract, apêndices,
            da lista devem ser identificados pela palavra desig-       anexos e referências, por não serem considerados
            nativa conforme o tipo de ilustração e ser acompa-         capítulos, não recebem numeração de seção.
            nhados do respectivo número de páginas.
                                                                       Elementos textuais
              12 – Lista de Tabelas: deve ser elaborada de acor-         Os elementos textuais compreendem a introdu-
            do com a ordem em que aparece no texto. Os itens           ção, o desenvolvimento e as conclusões do trabalho.
            da lista devem ser acompanhados do respectivo nú-          Devem ser divididos em seções e subseções, confor-
            mero de página.                                            me NBR 6024.

               13 – Lista de Abreviaturas e Siglas: contém a re-          1 – Introdução: parte do trabalho destinada a
            lação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas      oferecer uma visão geral do que foi desenvolvido,
            no trabalho, seguidas das palavras ou expressões es-       apresentando o tema, a delimitação do assunto abor-
            critas por extenso.                                        dado, a justificativa, a problematização, os objetivos
                                                                       do estudo, além de outros elementos necessários
               14 – Lista de Símbolos: deve ser elaborada con-         para situar o tema do trabalho. A introdução deve
            forme a ordem em que os símbolos aparecem no               oferecer uma abordagem sintética do que foi desen-
            texto, acompanhadas do devido significado.                 volvido em cada seção apresentada no estudo.


              15 – Sumário: deve ser elaborado conforme a                 2 – Desenvolvimento: parte mais extensa do
            NBR 6027, figurando os itens dos elementos tex-            trabalho destinada a apresentar os resultados do
            tuais em diante.                                           estudo. Deve conter revisão bibliográfica, aborda-
              Sumário é a apresentação, com os indicativos nu-         gem teórica adotada, apresentação e análise dos
            méricos, das seções desenvolvidas na parte textual e       resultados. A divisão em seções e subseções varia
            pós-textual do trabalho. Deve estar organizado na          conforme a natureza do conteúdo desenvolvido. As
            mesma ordem em que ocorrem no texto, não tendo             obras citadas e consultadas devem constar no item
            o mesmo significado que índice.                            de referências.

                                                                    82


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AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT

                 3 – Conclusão: apresenta os resultados do tra-               5 – Índice: deve ser elaborado conforme a NBR
              balho, devendo apontar as respostas aos problemas             6034.
              levantados na introdução, bem como identificar a
              extensão dos resultados obtidos no estudo. O texto            Apresentação Gráfica
              deve remeter aos dados demonstrados no decorrer                 De acordo com a NBR 14724, algumas regras de-
              da pesquisa, devendo as análises finais estar funda-          vem ser seguidas no que concerne à apresentação
              mentadas nos resultados e na discussão e apresenta-           gráfica do documento, contudo o projeto gráfico é
              ção lógica do trabalho.                                       de responsabilidade do autor que deverá definir a
                                                                            melhor forma a ser adotada.
              Elementos pós-textuais                                          1 – Papel: em folha branca, formato A4 (21 cm 3
                 Os elementos pós-textuais compreendem as in-               29,7 cm).
              formações complementares ao texto e contêm: refe-
              rências, glossário, apêndices, anexos e índices.                2 – Margens: as folhas devem apresentar as se-
                                                                            guintes margens:
                1 – Referências: elaboradas conforme a NBR
              6023:2002.                                                      •	 superior	e	esquerda:	3	cm;
                                                                              •	 inferior	e	direita:	2	cm;

                2 – Glossário: é uma lista em ordem alfabética, de
                                                                               3 – Fonte: tamanho 12 para o texto e fonte me-
              palavras especiais, de sentido pouco conhecido, ou
                                                                            nor (11) para citação de mais de três linhas. Deve-se
              obscuro, ou mesmo de uso restrito, acompanhadas
                                                                            utilizar o tipo de fonte itálico somente para palavras
              de suas respectivas definições.
                                                                            estrangeiras.

                 3 – Apêndice: texto ou documento elaborado pelo
                                                                               4 – Espacejamento do texto: deve ser digitado,
              próprio autor, com a finalidade de complementar               com espaço 1,5; entrelinhas tendo alinhamento do
              seu trabalho. O termo APÊNDICE deve ser escrito               texto: justificado e recuo de primeira linha do pará-
              em letras maiúsculas, centralizado e em negrito. São          grafo entre 1,5 e 2 cm.
              identificados por letras maiúsculas consecutivas,
              travessão e pelos respectivos títulos.                          5 – Citação com mais de três linhas: recuo de pa-
                 APÊNDICE A – Demonstrativo de ocupação por
                                                                            rágrafo à esquerda para citação direta (ou longa):
                 domicílio – 1990                                           4 cm; espaçamento simples; texto justificado; sem
                                                                            parágrafo; sem aspas.

                 4 – Anexo: objetiva incluir materiais não elabo-             6 – Título de capítulo: deve ser indicado por nú-
              rados pelo próprio autor, como cópias de artigos,             mero arábico; alinhado à esquerda, separado por
              manuais, folders, balancetes etc., e que servem para          um espaço de caractere (não colocar ponto, traço ou
              complementar o conteúdo do texto. O termo ANE-                qualquer sinal). Os capítulos são sempre iniciados
              XO deve ser escrito em letras maiúsculas, centra-             em uma nova folha e os títulos devem iniciar na parte
              lizado e em negrito. São identificados por letras             superior da página e estar separados do texto que os
              maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respec-            sucede por dois espaços com 1,5 cm de entrelinhas.
              tivos títulos.                                                Ex.:

                 ANEXO A – Demonstrativo de ocupação por do-
                                                                              1 INTRODUÇÃO
                 micílio – 1990


                                                                       83


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

               7 – Título de subseções: é indicado por número             11 – Natureza do trabalho: deve ser incluída na
            arábico, devendo o alinhamento de título das sub-          folha de rosto e na folha de aprovação logo abaixo
            seções estar à esquerda, separado por um espaço de         do título, sendo alinhadas do meio da página para a
            caractere e separado do texto que o precede ou que         margem direita e digitadas em espaço simples.
            o sucede por dois espaços de 1,5 cm. Ex.:
                                                                          12 – Referências: devem ser alinhadas à esquer-
               2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
                                                                       da, digitadas em espaço simples e separadas entre
               2.1 O PAPEL DA TEORIA
                                                                       si por dois espaços simples, organizadas em ordem
               2.1.1 Limites e Possibilidades da Teoria
                                                                       alfabética por sobrenome de autor ou título. Devem
                                                                       seguir a NBR 6023 (este assunto será tratado de ma-
              8 – Título sem indicativo de seção: errata, agra-        neira mais específica em outro tópico).
            decimentos, lista de ilustrações, lista de abreviaturas
            e siglas, resumos, sumário, referências, glossário,           13 – Notas de rodapé: destinam-se a esclarecer,
            apêndices, anexos; devem ser digitados centraliza-         comprovar ou justificar uma informação que não
            dos, em letras maiúsculas e negrito.                       deve ser incluída no texto limitando-se ao mínimo
                                                                       necessário. As notas podem ser explicativas ou de
               9 – Resumo: deve ser digitado em espaço simples,        referências.
            sem parágrafo; para teses, dissertações, trabalhos
            acadêmicos e relatórios técnico-científicos, a exten-         14 – Indicativos de seção: é o número que ante-
            são do resumo deve ter de 150 a 500 palavras e ser         cede o título ou subtítulo, deve ser grafado em nú-
            seguido das palavras-chave separadas entre si por          meros inteiros a partir de 1 e seguido de seu título.
            ponto e finalizadas também por ponto – no mínimo              Observação: quando uma seção terminar próximo
            três e no máximo cinco. Seguem as indicações da            ao fim de uma página, colocar o título da próxima
            NBR 6028, que estabelece as seguintes definições:          seção na página seguinte.
                •	 palavra-chave:	palavra	que	representa	o	assun-
                   to do documento;                                       15 – Títulos sem indicativos numéricos: errata,
                •	 resumo:	 indicação	 dos	 pontos	 relevantes	 do	    agradecimentos, lista de ilustrações, lista de abrevia-
                                                                       turas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário,
                   documento;
                                                                       referências, glossário, apêndices, anexos.
                •	 resumo	 crítico:	 redigido	 por	 especialistas,	
                   trata-se da análise crítica de um documento.
                                                                         16 – Elementos sem título e sem indicativo nu­
                   Também chamado de resenha, não está sujeito
                                                                       mérico: não possuem número nem título: folha de
                   a limite de palavras;
                                                                       aprovação, dedicatória e epígrafe.
                •	 resumo	 indicativo:	 indicação	 somente	 dos	
                   pontos principais do documento, não apresen-
                                                                          17 – Paginação: todas as folhas, a partir da folha
                   ta dados qualitativos e quantitativos; não dis-
                                                                       de rosto, devem ser contadas sequencialmente, mas
                   pensa a consulta ao original;
                                                                       não numeradas. A numeração é impressa a partir
                •	 resumo	 informativo:	 indica	 finalidade,	 meto-    da introdução, em algarismos arábicos e o número
                   dologia, resultado e conclusão do documento;        deve ser colocado no canto superior direito da fo-
                   dispensa consulta ao original.                      lha, a 2 cm da borda superior. Os apêndices e anexos
                                                                       devem ter suas folhas numeradas de maneira con-
              10 – Legendas, ilustrações, tabelas e notas: de-         tínua e sua paginação deve estar na sequência à do
            vem ser digitados em espaço simples.                       texto principal.

                                                                      84


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            REFERÊNCIAS                                                ______. ______. 6. ed. rev. atual. São Paulo: Cam-
               Seguem a NBR 6023, sendo a lista dos elementos          pus, 2000. 700 p.
            descritivos retirados de um documento que permita
            sua identificação para produção de documentos e                Caso seja utilizado o sistema numérico no texto, a
            para inclusão em bibliografias, resumos, resenhas,         lista de referências deve seguir a mesma ordem nu-
            recensões e outros.                                        mérica crescente. O sistema numérico não pode ser
               Podem figurar no rodapé da página, no fim do            usado concomitantemente para notas de referência
            texto ou do capítulo, em lista de referências ou te-       e notas explicativas.
            cendo resumos, resenhas e recensões.                           1 – Transcrição dos elementos: a transcrição dos
               Os elementos que vão compor a referência bi-            elementos deverá atender a natureza específica do
            bliográfica, sejam os essenciais ou complementares,        documento utilizado como fonte de consulta.
            devem ser apresentados em sequência padronizada,              •	 Autor pessoal: indica(m)-se o(s) autor(es),
            a pontuação deve ser uniforme para todas as refe-                pelo último sobrenome, em CAIXA ALTA
            rências e a separação das várias áreas deve ser com              (maiúscula), seguido(s) do(s) prenome(s), e
            ponto, seguido de um espaço.                                     outros sobrenomes, separados por vírgula. Ex.:
               A lista de referências aparece em local específi-             MINAYO, Maria Cecília de Souza.
            co no texto (conforme anteriormente informado),
            alinhada somente à margem esquerda do texto e de              Quando a obra apresentar até três autores, men-
            forma a identificar-se individualmente cada docu-          cionam-se todos na entrada, separados por ponto-
            mento, em espaço simples e separadas entre si por          e-vírgula, seguido de espaço. Ex.:
            dois espaços simples.                                      ALMEIDA, Maria Luiza; FONTE, Luiz Carlos; BAR-
               A ordenação das referências dos documentos ci-          RETO, João José.
            tados em um trabalho deve ser de acordo com o sis-
            tema utilizado para citação no texto (NBR 10520).            Quando existirem mais de três autores, mencio-
               O sistema mais utilizado é o alfabético (ordem de       na-se o primeiro, acrescentando a expressão et al.
            entrada), podendo também ser utilizado o numéri-           Ex.:
            co (ordem de citação no texto).                              SOUZA, Elizabeth de Silva et al.
               Quando utilizar o sistema alfabético, as referên-
            cias devem ser reunidas no final do trabalho, do ar-          Quando houver responsabilidade pelo conjunto
            tigo ou capítulo, em uma única ordem alfabética.           da obra, como no caso de coletâneas de vários auto-
               Quando na ordenação das referências o(s) no-            res, a entrada deve ser feita pelo responsável intelec-
            me(s) do(s) autor(res) de várias obras referencia-         tual (organizador, coordenador, editor), seguido da
            das sucessivamente aparecerem na mesma página              abreviação da palavra que caracteriza a responsabi-
            poderão ser substituídos, nas referências seguintes        lidade entre parênteses. Ex.:
            à primeira, por um traço sublinear (underline) –              MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.).
            (equivalente a seis espaços) – e ponto.
               Além do nome do autor, o título de várias edi-            •	 Autor entidade: (órgãos governamentais, em-
            ções de um documento referenciado sucessivamen-                 presas, associações, congressos). As obras com
            te, na mesma página, também pode ser substituído                responsabilidade de entidade têm entrada pelo
            por um traço sublinear nas referências seguintes à              seu próprio nome, por extenso. Ex.:
            primeira. Ex.:                                             ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
            CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral           TÉCNICAS.
            da administração. 5. ed. São Paulo: Makron, 1998.          CONGRESSO BRASILEIRO DE
            920 p.                                                     BIBLIOTECONOMIA, 2., 2001, Rio de Janeiro.

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AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT

                Quando a entidade tem uma denominação ge-                     •	 Indicação de responsabilidade: nessa área de-
              nérica, seu nome é precedido pelo nome do órgão                    vem figurar outras indicações de responsabili-
              superior. Ex.:                                                     dade que não sejam o autor, tais como tradu-
              BRASIL. Ministério da Educação. MATO GROSSO                        tor, ilustrador, entre outros. Ex.:
              DO SUL (Estado).                                                   KELSEN, Hans. Obras completas. Tradução de
                                                                                 João Baptista Machado.
                 Quando a entidade estiver vinculada a um órgão
              maior, tem uma denominação que a identifica, a en-              •	 Edição: deve ser indicada a partir da segun-
              trada é feita diretamente pelo seu nome em CAIXA                   da, sempre em algarismos arábicos seguido da
              ALTA. Em caso de duplicidade de nomes, coloca-se                   abreviação da palavra edição, observando o
              entre parênteses, no final, o nome da unidade geo-                 idioma do documento. Ex.:
              gráfica a que pertence. Ex.:                                       2. ed.
              BIBLIOTECA NACIONAL (México).                                      5th ed.
                                                                                 5. ed. rev.
                 •	 Autoria desconhecida: quando não identifica-
                    do o autor, a entrada é feita pelo título, con-           •	 Local: deve ser indicado conforme figura no
                    siderando a primeira palavra em maiúsculas,                  documento e, caso haja homônimos de cida-
                    excluindo-se os artigos. Ex.:                                des, acrescenta-se o nome do estado, do país.
                    DICIONÁRIO	de	alemão-português.                              Se houver mais de um local para uma só edi-
                                                                                 tora, indica-se o primeiro ou o mais destacado.
                 •	 Título: tanto o título como o subtítulo devem                Quando a cidade não aparece no documento,
                    ser reproduzidos tal como figuram no docu-                   mas pode ser identificada, indica-se entre col-
                    mento utilizado como fonte de consulta. O tí-                chetes [ ]; sendo impossível a sua identificação,
                    tulo é separado do subtítulo por dois-pontos.                indica-se s.l., sine loco, entre colchetes [s.l.].
                    Ex.:
                    RICHARDOSN, Roberto Jarry. Pesquisa social:               •	 Editor(a): deve ser indicado(a) tal como figura
                    métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.                  no documento, abreviando-se os prenomes e
                                                                                 suprimindo-se os elementos de natureza jurí-
                 Observe que título é sempre destacado; o subtítulo,             dica ou comercial, desde que dispensáveis para
              não. O recurso tipográfico para o destaque do título               identificação. Ex.:
              pode ser negrito, grifo ou itálico. Títulos e subtítu-             Saraiva
              los demasiadamente longos podem ser suprimidos,                    Editora da UFRJ.
              desde que não incidam sobre as primeiras palavras,
              e não altere o sentido. A supressão deve ser indicada            Quando houver duas editoras, indicam-se ambas,
              por reticências.                                              com seus respectivos locais. Se as editoras forem três
                 Ao referenciar-se um periódico considerando a              ou mais, indica-se a destacada ou a primeira. Na fal-
              coleção, o título deve ser o primeiro elemento da             ta da editora, deve-se indicar a expressão latina sine
              referência, devendo figurar em letras maiúsculas. Se          nomine, abreviada entre colchetes [s.n.].
              possuírem títulos genéricos, incorpora-se o nome                 •	 Data: a data da publicação deve ser indicada
              da entidade autora ou editora, que se vincula ao tí-                em algarismos arábicos; considerado um ele-
              tulo por uma preposição entre colchetes. Ex.:                       mento essencial de referência, deve ser sempre
                 BOLETIM ESTATÍSTICO [da] Sociedade Nacio-                        indicada, seja ela de publicação, distribuição,
              nal de Agricultura.                                                 copyright, impressão ou apresentação.

                                                                       87


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                Caso nenhuma data de publicação, distribuição,           Quando se referenciam partes de publicações,
            copyright, impressão ou apresentação possa ser iden-      mencionam-se os números das folhas ou pági-
            tificada, registra-se uma data aproximada entre col-      nas inicial e final, precedidos da abreviatura “f ”
            chetes, conforme as indicações:                           ou “p.”, ou outra forma de individualizar a parte
                [1971 ou 1972] um ano ou outro                        referenciada.Ex.:
                [1969?] data provável                                    p. 8-16
                [1973] data certa, não indicada                          cap. 18
                [entre 1906 e 1912] use intervalos menores de 20
            anos                                                         No caso de publicações não paginadas ou com pa-
                [ca. 1960] data aproximada                            ginação irregular, indicam-se, por extenso, as seguin-
                                                                      tes expressões: não paginado; paginação irregular.
                [197-] década certa
                                                                         •	 Ilustrações: indicam-se as ilustrações de qual-
                [197-?] década provável
                                                                            quer natureza pela abreviatura “il.”, para ilus-
                [18--] século certo
                                                                            trações coloridas, usar “ il. color.”.
                [18--?] século provável                                  •	 Séries e coleções: além dos dados de descrição
                                                                            física, podem ser incluídas notas relativas a sé-
               Nas datas de publicações periódicas, indicam-se              ries e/ou coleções. Indicam-se, entre parênte-
            as datas inicial e final do período de edição, quando           ses, os títulos das séries ou coleções, separados,
            se tratar de publicação encerrada. Para as coleções             por vírgula, da numeração, em algarismos ará-
            em curso de publicação, indica-se apenas a data ini-            bicos. Ex.:
            cial, seguida de hífen e um espaço. Ex.:                        (Coleção Lourenço Filho, 3).
            REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA. São                        (Coleção Amazônica. Série Inglês de Souza).
            Paulo, ABRASCO, 1998-. Quadrimestral.
                                                                         •	 Notas: são informações complementares, ao
               Os meses devem ser abreviados no idioma da pu-               final da referência, sem destaque tipográfico.
            blicação, não abreviando-se os meses com quatro                 No caso de teses, dissertações e trabalhos aca-
            letras ou menos.                                                dêmicos, devem ser indicados em nota os tipos
               •	 Descrição física: publicações constituídas de             de documento (tese, dissertação, trabalho de
                  apenas uma unidade física, ou seja, um volu-              conclusão etc.), o grau, a vinculação acadêmi-
                  me, indica-se o número total de páginas, ou               ca, o local e a defesa, mencionada na folha de
                  folhas, seguido da abreviatura “p.” ou “f ”.              aprovação (se houver).


               Observe que a folha é composta de duas laudas,         Exemplos de referências bibliográficas
            anverso e verso. Alguns trabalhos, como teses e dis-      Publicações avulsas (LIVROS)
            sertações, são impressos apenas no anverso e, neste         Conforme a situação de consulta a documentos
            caso, indica-se “ f ”.                                    impressos ou eletrônicos.
               Quando o documento for publicado em mais de              Consideradas no todo:
            uma unidade física, ou seja, mais de um volume, in-       CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino.
            dica-se o número destes seguido da abreviatura “v”.       Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron
            Se necessário designar somente um dos volumes             Books, 1996. 55 p. il.
            utilizados, coloca-se a abreviatura “v” precedendo o
            número do volume. Ex.:                                    Acesso em meio eletrônico
               4 v.                                                   ABREU, Cassimiro de. As primaveras. Rio de Janeiro:
               v. 2                                                   Fundação Biblioteca Nacional, 2003. Disponível

                                                                    88


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AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT

              em: <http://www.bn.br/script/Fbn Objeto Digital.              em razão de idade, inscrição em concurso para
              asp?pCodBibDig= 247317>.                                      cargo público. In: ______. Súmulas. São Paulo:
              Acesso em: 9 mar. 2004.                                       Associação dos Advogados do Brasil, 1994. p. 16.

              Considerado em parte (capítulo)
                                                                            Doutrina
              VILLA, Fernanda Collart; CARDOSO, Marta
                                                                            BARROS, R. G. de. Ministério Público: sua
              Rezende. A questão das fronteiras nos estados
              limites. In: CARDOSO, Marta Rezende (Org.);                   legitimação frente ao Código do Consumidor.
              ANDRÉ, Jacques. Limites. São Paulo: Escuta,                   Revista Trimestral de Jurisprudência dos Estados.
              2004. p. 59-70.                                               São Paulo. v. 19, n.º 139, p. 53-72, ago. 1995.
              KLINK, Amyr. Um sonho que se apaga. In: ______.
              Cem dias entre céu e mar. São Paulo: Companhia                Documento jurídico on-line
              das Letras, 1995. p. 89-100.
                                                                            BRASIL. Lei n.º 9.279, de 14 de maio de 1996. Re-
                                                                            gula direitos e obrigações relativos à propriedade
              Documentação jurídica
                                                                            industrial. In: SENADO FEDERAL. Legislação Re-
              Legislação
                                                                            publicana Brasileira. Brasília, 1996. Disponível em:
              BRASIL. Código Civil. Organização dos textos,
                                                                            <http://senado.gov.br/sf/legislação/legisla/>. Acesso
              notas remissivas e índices por Juarez de Oliveira.
              46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.                             em: 23 nov. 2004.


              Apelação Cível                                                Publicações seriadas (Revistas, Jornais)
              BRASIL. Tribunal Regional Federal. Região, 5. Ad-             Consideradas no todo (Coleção)
              ministrativo. Escola Técnica Federal. Pagamento               ARQUIVOS BRASILEIROS DE ARQUITETURA.
              de diferenças referente a enquadramento de servi-             Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1969-1978.
              dor decorrente da implantação de Plano Único de
              Classificação e Distribuição de Cargos e Empregos,
              instituído pela Lei n.º 8.270/91. Predominância da            Artigos de revista
              lei sobre a portaria. Apelação cível n.º 42.441-PE            GALVÃO, Joana; PIRES, Sueli. A atuação do
              (94.05.01629-6). Apelante: Edilemos Mamede dos                assistente social em empresas. Ciência Social,
              Santos e outros. Apelada: Escola Técnica Federal de           Brasília, v. 32, n. 3, p. 54-61, set./dez. 2003.
              Pernambuco. Relator: Juiz Nereu dos Santos. Recife,
              4 de março de 1997. Lex – Jurisprudência do STJ e
                                                                            Artigo de revista em meio eletrônico
              Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10, n.º
              103, p. 558-562, mar. 1998.                                   CRISPIN, Luiz Augusto. O direito contemporâneo
                                                                            e a era dos princípios. Prim@Facie, João Pessoa,
              Habeas corpus                                                 v. 2, n. 2. p. 19-28, jan./Jun. 2003. Disponível em:
              BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Processual              <http://www.ccj.ufpb.br/primafacie/>. Acesso em:
              penal. Habeas corpus. Constrangimento ilegal. Ha­             10 mar. 2004.
              beas corpus n.º 181.636-1, da 6.ª Câmara Cível do
              Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Brasília,         Artigos de jornais
              DF, 6 de dezembro de 1994. Lex – Jurisprudência do
                                                                            ANGIER, Natalie. O inquieto DNA. Zero Hora,
              STJ e Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10,
              n. 103, p. 236-240, mar. 1998.                                Porto Alegre, 8 mar. 2004. Eureka. Genética. p. 4-5.


              Súmulas                                                       Artigo de jornal em meio eletrônico
              BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n.º 14.              CONSTANTINO, Luciana; MENA, Fernanda. Au-
              Não é admissível por ato administrativo restringir,           tonomia universitária tem novo impulso. Folha de

                                                                       89


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

            S.Paulo, São Paulo, 8 mar. 2004. Educação. Dispo-          literal do texto-fonte – ou indiretas, também chama-
            nível em: <http://www.1.folha.uol.com.br/folha/            das de paráfrases – quando se baseiam no texto-fonte.
            educação/Ult305u15167.shtml/>. Acesso em: 8 mar.               Há uma formatação específica para cada tipo de
            2004.                                                      citação. As citações do tipo direta devem constar no
                                                                       texto em destaque. Quando tiverem até três linhas,
            Teses e dissertações                                       devem ficar entre aspas duplas. Ex.:
            ARAÚJO, U. A. M. Máscaras inteiriças Tukúna: pos-              De acordo com Yin (2001, p. 79), “Para ajudar
            sibilidades de estudo de artefatos de museu para o         o pesquisador a realizar um estudo de caso de alta
            conhecimento do universo indígena. 1985. 102 f.            qualidade, deve-se planejar sessões intensivas de
            Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Fun-          treinamento, desenvolver e aprimorar protocolos
            dação Escola de Sociologia e Política de São Paulo,        de estudo de caso”.
            São Paulo, 1985.                                               Caso a citação direta apresente mais de três linhas,
                                                                       deverá ser indicada com recuo de 4 cm da margem
            Eventos                                                    esquerda, em fonte 11, justificada, sem aspas ou ou-
            Considerado no todo (Anais)                                tro destaque. Ex.:
            SIMPÓSIO	BRASILEIRO	DE	INFORMÁTICA
            NA EDUCAÇÃO, 13., 2002. São Leopoldo.                        Considerando-se, entrementes, a importância
            Anais... São Leopoldo: Unisinos, 2002.                       do papel da universidade para a sociedade mo-
                                                                         derna, de atenção, de antemão, é possível in-
                                                                         ferir as enormes dificuldades e pressões a que
            Considerado em parte em meio eletrônico (trabalho
                                                                         estará submetida a administração desse tipo de
            apresentado em Evento)                                       biblioteca, porquanto
            ZORZAL, Bruno Saiter. O ciberespaço e a dinâmica
            do conhecimento. In: SIMPÓSIO DA PESQUISA                      A universidade pelas próprias finalidades
                                                                           exerce importância na construção da socie-
            EM COMUNICAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE,
                                                                           dade moderna. Ela tem um compromisso
            8., 2001. Vitória. Banco de Papers. Vitória:
                                                                           com o passado, preservando a memória; com
            INTERCON, 2001. Disponível em: <http://www.                    o presente, gerando novos conhecimentos; e
            intercom.org.br/papers/indexbp.html>. Acesso em:               com o futuro funcionando como vanguarda
            20 fev. 2001.                                                  [...]. Tem que estar presente e atuar de forma
                                                                           que seu ensino, sua pesquisa e seus serviços
            Documentos de Acesso Exclusivo em Meio                         de extensão atendam às exigências dos novos
            Eletrônico                                                     tempos, sob perspectiva de um enfrentamen-
               Deve-se ter cuidado com esse tipo de documento              to dos problemas da estrutura socioeconômi-
                                                                           ca vigente (KUNSCH, 1992, p. 23).
            utilizando-se mensagens de correio eletrônico so-
            mente na ausência de outras fontes que tratem do
            assunto em pauta. Por seu caráter informal, carecem           As citações do tipo indireta deverão aparecer no
            de tratamento científico.                                  texto sem destaque, pois representam o pensamen-
                                                                       to do autor-fonte, porém elaboradas pelo autor do
            BLACKWELL. Bases de dados. Disponível em:
                                                                       trabalho.
            <http://www.periodicos.capes.gov.br/>. Acesso em:
                                                                          A citação será considerada uma paráfrase quan-
            22 de mar. 2004.
                                                                       do a expressão da idéia de outro for indicada com
                                                                       as próprias palavras, mantendo aproximadamente o
            Citações                                                   mesmo tamanho do original. Será uma condensação
               De acordo com a NBR 10520, citar é mencionar no         quando a citação apresentar uma síntese de dados
            texto informações obtidas em outras fontes. As cita-       extraídos da fonte consultada, sem alterar a idéia do
            ções podem ser diretas – quando é feita a transcrição      autor-fonte.

                                                                    90


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AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT

                A indicação da autoria nas citações segue algu-                             data, entre parênteses, acrescida da(s) página(s), se
              mas regras: a chamada pelo sobrenome do autor ou                              a citação for direta. Ex.:
              entidade responsável deve ser em letras maiúsculas
              e minúsculas e, quando estiverem entre parênteses,                              Segundo Triviños (1987, p. 93), “A prática quotidiana
              devem aparecer em letras maiúsculas. Ex.:                                       e as vivências dos problemas no desempenho pro-
                                                                                              fissional diário ajudam, de forma importantíssima”.
                  Demo (1996) atrela a atividade científica ao ques-
                  tionamento e, portanto, à revisão da ordem esta-                            Quando houver coincidência de sobrenomes de
                  belecida, o que ameaça a manutenção do sistema                            autores, acrescentam-se as iniciais de seus preno-
                  vigente.
                                                                                            mes. Ex.:
                  A atividade científica deve estar atrelada ao questio-
                  namento e, portanto, à revisão da ordem estabeleci-
                                                                                              (DORNELES, C., 2002)
                  da, o que ameaça a manutenção do sistema vigente                            (DORNELES, B. V., 1998)
                  (DEMO, 1996).
                                                                                               Quando as citações forem de diversos docu-
                 Observe que nas citações indiretas a indicação                             mentos de um mesmo autor, publicados no mes-
              das páginas consultadas é opcional.                                           mo ano, serão distinguidas pelo acréscimo de le-
                 Caso haja necessidade de fazer supressões, inter-                          tras minúsculas, em ordem alfabética, após a data
              polações ou comentários, dar ênfase ou destaques,
                                                                                            e sem espacejamento, conforme a lista de referên-
              deve-se utilizar os seguintes recursos:
                                                                                            cias. Ex.:
                 Supressões: [...]
                                                                                              Conforme Silva (2000a)
                 Interpolações ou comentários: [ ]
                 Ênfase ou destaques: grifo ou negrito ou itálico.                            (SILVA, 2000b)
                 Quando se tratar de informações obtidas verbal-
              mente (palestras, debates etc.), indicar, entre parênte-                        As citações indiretas de diversos documentos da
              ses, a expressão “informação verbal”, mencionando-                            mesma autoria, publicados em anos diferentes e
              se os dados disponíveis, em nota de rodapé. Ex.:                              mencionados simultaneamente, têm as suas datas
                 No texto:                                                                  separadas por vírgula. Ex.:
                 O acesso remoto estará disponível até o final do                             (PEREIRA, 1988, 1990, 1996)
              mês de maio (informação verbal).1
                                                                                              (COSTA; SILVA; BRASIL, 1990, 2003)
              1
                  Notícia fornecida por Nara Silva ao JU da Unisinos, em São Leopol-
                  do, em abril de 2004.
                                                                                               Caso se adote o sistema numérico, a indicação da
                                                                                            fonte será por uma numeração única e sucessiva, em
              Sistema de chamada das citações                                               algarismo arábico, remetendo à lista de referências
                  O sistema a ser utilizado no trabalho pode ser o                          ao final do trabalho, do capítulo ou parte, na mesma
              numérico ou o de autor-data. Deverá ser adotado um
                                                                                            ordem em que aparecem no texto.
              único sistema, de forma a padronizar os procedimen-
                                                                                               Não se deve iniciar a numeração das citações a
              tos com vistas a estabelecer um comparativo com a
              lista de referências constante no final do trabalho.                          cada página, como também não se deve utilizar esse
                  No caso de se adotar o sistema autor-data, deve-se                        sistema quando há notas de rodapé.
              se atentar para que se indique a autoria, tão logo                              A indicação da numeração pode ser feita entre
              feita a citação.                                                              parênteses ou não, alinhada ao texto, ou situada
                  Quando o(s) nome(s) do(s) responsável(is) pela                            pouco acima da linha do texto em expoente à linha
              obra estiver(em) incluídos na sentença, indica-se a                           deste, após a pontuação que fecha a citação. Ex.:

                                                                                       91


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                No texto:                                                             Sequentia – seguinte ou que se segue – et seq.;*
              O foco básico do varejo está localizado no con-                         Apud – citado por, conforme, segundo.
            sumidor final2.
                                                                                  * Estas expressões só podem ser utilizadas caso a citação ocorra na
                No rodapé:                                                          mesma página.
                                                                                    A expressão apud poderá ser utilizada também quando se adota o
                                                                                    sistema autor-data, para o caso de indicar citação de citação.
            2
                NOVAES, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de
                distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
                                                                                  Notas de rodapé

               Conforme pode-se verificar no exemplo, a pri-                         As notas de rodapé podem ser de referência, confor-
            meira citação de uma obra, em nota de rodapé, deve                    me explicado anteriormente, ou notas explicativas.
            aparecer completa; as subsequentes de uma mesma                          As notas explicativas devem seguir uma única
            obra podem ser referenciadas de forma abreviada                       e consecutiva numeração, não se iniciando nova a
                                                                                  cada página, e servem para acrescentar informações
            utilizando as seguintes expressões:
                                                                                  que não puderam constar no texto. Ex.:
                Idem – mesmo autor – Id;*
                                                                                     No texto:
                Ibidem – na mesma obra – Ibid.;
                                                                                     Outros estudiosos3 da comunicação que também
                Opus citatum, opere citato – obra citada – op. cit.;*             atuaram nos Estados Unidos foram especialistas em
              Passim – aqui e ali, em diversas passagens –                        Ciência Política.
            passim;*                                                                 No rodapé:
                Loco citato – no lugar citado – loc. cit.;                        3
                                                                                      A linha norte-americana de pesquisa sempre seguiu tendências
                Confira, conforme – cf.;                                              mais quantitativas.




                *      ANOTAÇÕES




                                                                                 92


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Referências

                 Referências                                                MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS,
              ARAÚJO, C. B. Z. M.; DALMORO, E. L.; FIGUEIRA,                Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e
              K. C. N. Trabalhos monográficos: normas técnicas e            execucão de pesquisas, amostragens e técnicas de
              padrões. Campo Grande: Uniderp, 2002.                         pesquisas, elaboração, análise e interpretação de
              ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS                               dados. 3. ed. Sao Paulo: Atlas, 1998.
              TÉCNICAS. NBR 6023: informação e                              MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a
              documentação: referências: elaboração. Rio de                 prática de fichamentos, resumos, resenhas. 3. ed.
              Janeiro, 2002.                                                São Paulo: Atlas, 1997.
              ______. NBR 6024: numeração progressiva das                   ______. Redação científica: a prática de
              seções de um documento. Rio de Janeiro, 1989.                 fichamentos, resumos, resenhas. 4. ed. São Paulo:
              ______. NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro, 1989.              Atlas, 2000.
              ______. NBR 6028: resumo. Rio de Janeiro, 1990.               MEGALE, Januario Francisco. Introdução às
                                                                            ciências sociais: roteiro de estudo. 2. ed. São Paulo:
              ______. NBR 10520: apresentação de citações em
                                                                            Atlas, 1989.
              documentos. Rio de Janeiro, 2002.
                                                                            MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa
              ______. NBR 10719: apresentação de relatórios
                                                                            social: teoria, método e criatividade. 18. ed.
              técnico-científicos. Rio de Janeiro, 1989.
                                                                            Petrópolis: Vozes, 2001.
              ______. NBR 14724: trabalhos acadêmicos:
                                                                            ______; SANCHES, Odécio. Quantitativo-
              apresentação. Rio de Janeiro, 2002.
                                                                            qualitativo: oposição ou complementaridade?
              AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção
                                                                            Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3,
              científica. 5. ed. Piracicaba: UNIMEP, 1997.
                                                                            jul./set. 1993.
              ______. O prazer da produção científica. 7. ed.
                                                                            MORAIS, Régis. Filosofia da ciência e da tecnologia.
              Piracicaba: UNIMEP, 1999.
                                                                            5. ed. Campinas: Papirus, 1988.
              CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12. ed. São
                                                                            NEVES, José Luis. Pesquisa qualitativa –
              Paulo:	Ática,	2000.
                                                                            características, usos e possibilidades. Caderno de
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              e sociais. São Paulo: Cortez, 1995.                           2. sem./ 1996, p. 1-5. Disponível em: <http://www.
              CONTANDRIOPOULOS, André-Pierre et al. Saber                   ead.fea.usp.br/Cad-pesq/arquivos/C03-art06.pdf>.
              preparar uma pesquisa. Tradução de Silvia Ribeiro             Acesso em: 10 abr. 2008.
              de Souza. 3. ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro:          RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social:
              Abrasco, 1999.                                                métodos e técnicas. 3. ed. ampl. rev. São Paulo:
              DENCKER,	Ada;	VIÁ,	Sarah	Chucid	da.	Pesquisa                  Atlas, 1999.
              empírica em ciências humanas (com ênfase em                   SANTOS FILHO, José Camilo dos. Pesquisa
              comunicação). São Paulo: Futura, 2001.                        educacional: qualidade-quantidade. 3. ed. São
              GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de                Paulo: Cortez, 2000.
              pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.                      SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia
              ______. Como elaborar projetos de pesquisa. São               científica: a construção do conhecimento. 3. ed. Rio
              Paulo: Atlas, 1996.                                           de Janeiro: DP&A, 2000.
              ______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed.         SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do
              São Paulo: Atlas, 1996.                                       trabalho científico. 20. ed. São Paulo: Cortez, 1996.
              LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica:                   TRINDADE, Vitor; FAZENDA, Ivani; LINHARES,
              ciência e conhecimento científico, métodos                    Célia (Org.). Os lugares dos sujeitos na pesquisa
              científicos, teoria, hipóteses e variáveis. 2. ed. São        educacional. Campo Grande: EdUFMS, 1999.
              Paulo: Atlas, 1999.                                           TRIVIÑOS, Nibaldo. Introdução à pesquisa em
              ______; MARCONI, Marina de Andrade.                           ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação.
              Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995.        São Paulo: Atlas, 1992.

                                                                       93


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Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica

                                                 Comunicação e Metodologia da Pesquisa



                                              SEMINÁRIO INTEGRADO

                                                                         Caro(a) Acadêmico(a),

                                                                         A unidade didática Seminário Integrado visa a
                                                                      articulação das unidades existentes no módulo, e
                                                                      a percepção da aplicação prática dos conteúdos
                                                                      ministrados.
                                                                         Por meio da interdependência adquirida com as
                                                                      unidades didáticas deste Seminário, o futuro pro-
                                                                      fissional será capaz de articular a teoria, adquirida
                                                                      no ensino superior, com a prática exigida no coti-
                                                                      diano da profissão. Para tanto, é necessário o enten-
                                                                      dimento de que os conteúdos, de cada Unidade Di-
                                                                      dática, permitirão um estudo integrado, formando
                                                                      um profissional completo e compromissado com o
                                                                      mercado de trabalho.
                                                                         Ao desenvolver esta unidade, você deverá aplicar
                                                                      todos os conhecimentos adquiridos no decorrer do
                                                                      módulo, elaborando uma atividade.
                                                                         A atividade referente ao Seminário Integrado está
                                                                      disponibilizada no Portal da Interativa.

                                                                         Bom trabalho!

                                                                                       Professores Interativos do Módulo




                                                                    94


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  • 1. Educação sem fronteiras SERVIÇO SOCIAL Autores Professora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo Professora Ma. Amirtes Menezes de Carvalho de Silva Professora Ma. Angela Cristina Dias do Rego Catonio Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos 4 www.interativa.uniderp.br www.unianhanguera.edu.br Anhanguera Publicações Valinhos/SP, 2009 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 1 5/28/09 3:24:30 PM
  • 2. © 2009 Anhanguera Publicações Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de Ficha Catalográfica realizada pela Bibliotecária impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua Alessandra Karyne C. de Souza Neves – CRB 8/6640 portuguesa ou qualquer outro idioma. Impresso no Brasil 2009 S514 Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al.]. - Valinhos : Anhanguera Publicações, 2009. 256 p. - (Educação sem fronteiras ; 4). ISBN: 978-85-62280-44-3 1. Comunicação – Metodologia da pesquisa. 2. Direito – Legislação social. 3. Movimento social. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série. ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS CDD: 360 Presidente Prof. Antonio Carbonari Netto Diretor Acadêmico Prof. José Luis Poli Diretor Administrativo Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior ANHANGUERA PUBLICAÇÕES CAMPUS I Diretor Chanceler Prof. Diógenes da Silva Júnior Profa. Dra. Ana Maria Costa de Sousa Reitor Gerente Acadêmico Prof. Dr. Guilherme Marback Neto Prof. Adauto Damásio Vice-Reitor Gerente Administrativo Profa. Heloísa Helena Gianotti Pereira Prof. Cássio Alvarenga Netto Pró-Reitores Pró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior Pró-Reitora de Graduação: Profa. Heloisa Helena Gianotti Pereira Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. UNIDERP INTERATIVA Diretor Prof. Dr. Ednilson Aparecido Guioti Coodernação Prof. Wilson Buzinaro COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Profa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Aparecida Lucinei Lopes Taveira Rizzo / Profa. Maria Massae Sakate / Profa. Adriana Amaral Flores Salles / Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora) PROJETO DOS CURSOS Administração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira Satolani Ciências Contábeis: Prof. Ruberlei Bulgarelli Enfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado Pereira Letras: Profa. Márcia Cristina Rocha Figliolini Pedagogia: Profa. Vivina Dias Sol Queiroz Serviço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Profa. Ana Lúcia Américo Antonio Tecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira Biazetto Tecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma Marcario Tecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias Tecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias Tecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 2 5/28/09 3:24:30 PM
  • 3. Nossa Missão, Nossos Valores _______________________________ A Anhanguera Educacional completa 15 anos em 2009. Desde sua fundação, buscou a ino- vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho. A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis- tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor relação qualidade/custo, adotaram-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores da Anhanguera. Atuando também no Ensino a Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es- tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da Uniderp Interativa, nos seus pólos espalhados por todo o Brasil. Boa aprendizagem e bons estudos! Prof. Antonio Carbonari Netto Presidente — Anhanguera Educacional 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 3 5/28/09 3:24:31 PM
  • 4. . 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 4 5/28/09 3:24:31 PM
  • 5. AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico Apresentação ____________________ A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos, arrojados, pluralistas, democráticos. Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par- ceiros e congêneres no país e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo compromisso com a qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos propósi- tos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e a ascensão social. Reconhecida pela ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportunida- des de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a Distância. Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que, em pouco tempo, saiu das frontei- ras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do país, possibilitando o acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída. O Centro de Educação a Distância atua por meio de duas unidades operacionais: a Uniderp Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN). Com os modelos alternativos ofereci- dos e respectivos pólos de apoio presencial de cada uma das unidades operacionais, localizados em diversas regiões do país e exterior, oferece cursos de graduação, pós-graduação e educação continuada, possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias dinâmicas e inovadoras. Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na estrutura organizacional e acadêmica, com re- flexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro- Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza a compra, pelos alunos, de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado e estimula-os a formar a própria biblioteca, promovendo, assim, a melhoria na qualidade de sua aprendizagem. É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos, preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena na sociedade. Prof. Guilherme Marback Neto 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 5 5/28/09 3:24:31 PM
  • 6. 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 6 5/28/09 3:24:31 PM
  • 7. Autores ____________________ AMIRTES MENEZES DE CARVALHO E SILVA Graduação: Pedagogia – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1998 Pós-graduação: Fundamentos da Educação – Área de Concentração: Psicologia da Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2001 Mestrado: Em Educação – Área de Concentração: Psicologia – Universidade de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2003 EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986 Pós-graduação Lato Sensu: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003 Pós-graduação Lato Sensu: Gestão de Iniciativas Sociais – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002 Pós-graduação Lato Sensu: Administração em Marketing e Comércio Exterior – UCDB – 1998 ANgELA CRISTINA DIAS DO REgO CATONIO Graduação: Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa/Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1996 Especialização: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, São Paulo/SP, 1999 Mestrado: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – IMESP, São Bernardo do Campo/SP, 2000 MARIA CLOTILDE PIRES BASTOS Graduação: Pedagogia com Habilitação em Administração e Supervisão Escolar de 1º e 2º Graus – Universidade Católica Dom Bosco – UCDB – 1981 Pós-graduação Lato Sensu: Metodologia do Ensino Superior – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 1988 Pós-graduação Strictu Sensu: Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1997 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 7 5/28/09 3:24:31 PM
  • 8. 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 8 5/28/09 3:24:31 PM
  • 9. Sumário ____________________ MÓDULO – COMUNICAÇÃO E METODOLOgIA DA PESQUISA UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁgIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL AULA 1 Estágio supervisionado e a prática do saber ...................................................................................... 3 AULA 2 Legislação e a profissão do assistente social ....................................................................................... 13 UNIDADE DIDÁTICA – COMUNICAÇÃO SOCIAL AULA 1 Linguagem e sua função social ........................................................................................................... 23 AULA 2 Modalidades verbais e não verbais na comunicação ......................................................................... 29 AULA 3 Comunicação: conceitos e modelos ................................................................................................... 33 AULA 4 Funções da linguagem e tipos de comunicação................................................................................. 38 AULA 5 Habilidades em comunicação............................................................................................................. 42 AULA 6 Comunicação e novas tecnologias da comunicação ......................................................................... 46 AULA 7 Relações humanas ............................................................................................................................... 49 AULA 8 Comportamento e moda .................................................................................................................... 51 UNIDADE DIDÁTICA – METODOLOgIA DA PESQUISA CIENTÍFICA AULA 1 O conhecimento e a ciência ................................................................................................................ 59 AULA 2 O método científico ............................................................................................................................ 63 AULA 3 O processo de pesquisa ....................................................................................................................... 67 AULA 4 A pesquisa qualitativa ......................................................................................................................... 72 AULA 5 Leitura e registro ................................................................................................................................. 76 AULA 6 Apresentação de trabalhos acadêmicos – Normas da ABNT ............................................................ 79 SEMINÁRIO INTEGRADO..................................................................................................................... 94 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 9 5/28/09 3:24:32 PM
  • 10. MÓDULO – DIREITO SOCIAL E MOVIMENTOS SOCIAIS UNIDADE DIDÁTICA – DIREITO E LEgISLAÇÃO SOCIAL AULA 1 A aplicabilidade do direito no serviço social ..................................................................................... 97 AULA 2 A pessoa e seu inter-relacionamento social ....................................................................................... 106 AULA 3 A institucionalização da sociedade..................................................................................................... 118 AULA 4 O direito familiar ................................................................................................................................ 132 AULA 5 A estruturação dos direitos constitucionais e as garantias fundamentais: direitos humanos e cidadania ........................................................................................................................................... 143 AULA 6 O direito infraconstitucional e suas aplicações no serviço social – a legislação social e a proteção da sociedade ........................................................................................................................................ 160 AULA 7 O direito trabalhista e as relações políticas de trabalho .................................................................... 169 AULA 8 O direito previdenciário – sistema brasileiro de seguridade social .................................................. 193 UNIDADE DIDÁTICA – MOVIMENTOS SOCIAIS AULA 1 Movimentos sociais............................................................................................................................. 209 AULA 2 Aspectos teóricos – histórico dos movimentos sociais no Brasil ...................................................... 212 AULA 3 Movimentos sociais e cidadania ......................................................................................................... 215 AULA 4 Políticas sociais – a contribuição dos movimentos sociais ............................................................... 218 AULA 5 A sociedade civil e a construção de espaços públicos........................................................................ 221 AULA 6 O caráter educativo do movimento social popular ........................................................................... 223 AULA 7 Os movimentos sociais e a articulação entre educação não formal e sistema formal de ensino .... 226 AULA 8 Movimentos sociais em suas diferentes expressões ........................................................................... 229 AULA 9 Tendências dos movimentos sociais na realidade brasileira contemporânea .................................. 232 AULA 10 Redes de ações coletivas ...................................................................................................................... 239 SEMINÁRIO INTEGRADO..................................................................................................................... 243 00_Abertura_SSocial_4Sem.indd 10 5/28/09 3:24:32 PM
  • 11. Módulo COMUNICAÇÃO E METODOLOGIA DA PESQUISA Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 57 5/19/09 8:43:23 AM
  • 12. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Apresentação Prezado Aluno, Nesta Unidade Didática você refletirá sobre o processo de investigação científica no Serviço Social. O módulo Metodologia Científica foi pensado para trazer até você as questões mais atuais que estão re- lacionadas ao processo de construção do conhecimento científico, o processo de investigação científica e as indagações acerca do método em ciências sociais. Nessa perspectiva, as temáticas eleitas visam subsidiá-los nos conhecimentos necessários para o entendimento da ciência, do método científico, o reconhecimento das ciências sociais como campo científico, além da normalização de trabalhos acadêmicos. Para que você possa aproveitar melhor os estudos, verifique a bibliografia indicada na lista de referências, as sugestões indicadas no material impresso e online, bem como as atividades solicitadas em cada aula. Seremos parceiros nesta caminhada; contudo, lembre-se de que o curso depende muito de você e que sua participação é fundamental. Bom trabalho! Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos 58 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 58 5/19/09 8:43:23 AM
  • 13. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica AULA ____________________ 1 O CONHECIMENTO E A CIÊNCIA Conteúdo • O processo histórico de construção da ciência moderna • Diferentes tipos de conhecimento • Definição de Ciência Competências e habilidades • Conhecer o processo de construção da ciência moderna • Identificar diferentes tipos de conhecimento • Caracterizar a ciência e o conhecimento científico Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com o professor interativo 2 h/a – presencial com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO As transformações ocorridas no pensamento DA CIÊNCIA MODERNA científico estiveram vinculadas a outros aconteci- A busca de explicações racionais acerca dos fe- mentos importantes e que representaram profun- nômenos do mundo acompanha os seres humanos das modificações na estrutura social, tais como a há muito tempo, entretanto as explicações pauta- emergência da burguesia, o desenvolvimento da economia capitalista, a revolução industrial etc. das em critérios de comprovação e objetividade, tal A burguesia emergente valorizava o trabalho ma- como modernamente se concebe, nasceu no século nual e a expansão dos seus domínios requeria o de- XVII em meio a grandes transformações no contex- senvolvimento de invenções e tecnologia, de modo a to social. Nessa época, configurou-se o movimento dominar a natureza utilizando seus recursos de todas denominado “Renascimento Científico” cujo aspec- as formas. A Revolução Industrial acelerou esse pro- to principal foi o de romper com as tradicionais for- cesso, pois a racionalização do trabalho e a produção mas de conhecer, lançando as bases para uma nova e comercialização em larga escala exigiam a constru- concepção de saber. ção de equipamentos cada vez mais sofisticados. 59 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 59 5/19/09 8:43:24 AM
  • 14. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Assim também nasce um novo homem crente no Assim é que a partir do século XVII o conheci- poder da razão e da transformação do mundo. Dife- mento científico passa a ser reconhecido como um rente do homem medieval, que temia a Deus e bus- tipo de conhecimento específico separando-se do cava na vida após a morte as recompensas por uma conhecimento filosófico e no século XIX o otimis- vida sem pecados, o homem que nascia no interior mo cientificista foi tal que muitos autores afirma- dessas transformações recolocava-se como figura vam que somente a ciência poderia oferecer todas as central e retomava o domínio da sua vida. explicações a partir do método científico. Dessa forma, o conhecimento aceito é aquele Para Morais (1988), há uma questão importante marcado pela razão, experimentação, demonstração a ser tratada no que se refere à atividade científi- e comprovação, utilizando o método científico, cri- ca: será a ciência una ou dividida? Quando se pensa térios diferentes dos até então aceitos, fundamenta- nas suas finalidades, pode-se afirmar que é una, mas dos especialmente na revelação e autoridade divina. quando se considera a amplitude de objetos passí- O novo método científico mostrou-se fecundo e veis de serem investigados, também será dividida. aos poucos foi adaptado a outros campos de pesqui- Chauí (2000, p. 260) pondera que “ciências, no plu- sa, fazendo surgir diversas ciências particulares. ral, refere-se às diferentes maneiras de realização do Segundo Morais (1988), a preocupação científica ideal de cientificidade, segundo os diferentes fatos já estava presente na Idade Antiga, entretanto, gre- investigados e os diferentes métodos e tecnologias gos e romanos favoreceram o desenvolvimento das empregadas”. Seguindo a classificação apresentada chamadas ciências formais pois não consideravam pela autora, as ciências podem ser divididas em: ma- a experimentação como algo importante. Para os temáticas ou lógico-matemáticas, ciências naturais, gregos, havia o desprezo pelas atividades manuais, ciências humanas ou sociais e ciências aplicadas. consideradas menos nobres, sendo as atividades da O breve histórico apresentado demonstra que a “razão” consideradas elevadas. Já os romanos, cujas sociedade ocidental contemporânea desenvolveu preocupações eram mais pragmáticas, não valoriza- um ideal de cientificidade baseado principalmente vam a experimentação. na demonstração e prova, cujos aspectos principais Já na Idade Média, tendo em vista o predomínio são: distinção entre sujeito e objeto, criação de uma da visão religiosa, não havia condições para o de- senvolvimento do pensamento científico. linguagem específica e própria, importância do mé- todo, uso de instrumentos tecnológicos etc. Isso leva Assim, somente quando o homem recoloca-se à crença de que os resultados obtidos pela ciência no centro dos fatos históricos e busca compreender a natureza sem medo de profaná-la, é que se tor- ocorrem de forma independente do desejo, convic- na possível o desenvolvimento do racionalismo e ção e interesse do cientista, portanto a ciência seria experimentalismo científico. Morais (1988) afirma neutra. Essa visão cientificista parte do pressuposto que na Idade Moderna, especialmente a partir do de que a ciência pode conhecer tudo e esse conheci- Renascimento, são oferecidas as condições objetivas mento permitirá manipular tecnicamente a realida- para a transformação da concepção do pensamento de de forma ilimitada. Essa forma de encarar a ciên- até então predominante. cia traz no seu interior a possibilidade de exercer o Sem dúvida, o que se observa é que, muito em- controle sobre o pensamento humano agindo como bora o pensamento científico estivesse manifesto uma forma de controle social; é a chamada ideolo- ao longo da história humana, foi a partir do desen- gia da competência. Nesse sentido, a sociedade está volvimento do experimentalismo que se criou uma formada por pessoas que sabem (competentes) e as atitude mental diferenciada em face do mundo na- que não sabem, cabendo às primeiras o direito de tural, condição necessária para o desenvolvimento exercer o comando e controle sobre as demais, que do pensamento científico moderno. deverão executar as determinações. 60 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 60 5/19/09 8:43:24 AM
  • 15. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência Outro aspecto importante a ser considerado O senso comum quanto à ciência moderna é sua ligação íntima com O senso comum ou conhecimento vulgar é o co- a técnica. Originalmente, técnica (do grego téchne) nhecimento popular que busca explicar os fatos, mais se aproximava da arte no sentido de habilida- sem perquirir suas causas. Ele é fruto do acúmulo de; com o desenvolvimento do conhecimento cien- de experiências pessoais, portanto assistemático, tífico, também houve a possibilidade da construção fragmentado e muitas vezes simplista e ingênuo. de instrumentos para ampliar e potencializar suas funções. Morais (1988, p. 51) afirma que “houve um O conhecimento teológico tempo em que se ensinava que a ciência é o conheci- O conhecimento teológico ou religioso busca ex- mento, e a técnica, a aplicação desse conhecimento”. plicações a partir de entes divinos ou sobrenaturais. A ciência moderna, levando à construção de instru- Esse tipo de conhecimento torna impossível buscar mentos que possibilitam conhecimentos mais exa- as causas dos fenômenos, pois estas se encontram tos, transforma a técnica em tecnologia, objetiva o fora do âmbito da condição humana; é dogmático. conhecimento por meio de um objeto técnico. Em face do desenvolvimento do modelo produ- O conhecimento filosófico tivo capitalista, a ciência e a tecnologia tornaram-se O conhecimento filosófico busca investigar cau- parte integrante da atividade econômica e assim o sas e razões dos fenômenos por meio das ideias, montante de recursos financeiros a serem destina- relações conceituais que não podem ser reduzidas dos a pesquisas científicas são definidos a partir do a observação empírica. Esse tipo de conhecimen- to tem por finalidade questionar, refletir de forma seu uso, distante do controle social. mais ampla sobre as questões humana incluindo objetivos e conclusões da própria ciência. Diferentes tipos de conhecimento A necessidade de conhecer o funcionamento da O conhecimento científico natureza visando dominá-la levou a diferentes for- Muitas são as caracterizações elaboradas sobre mas de explicação sobre o mundo. Assim, desde in- o conhecimento científico; para este estudo, esta- terpretações místicas até as científicas são tentativas remos adotando a sistematização apresentada por de dar um sentido para os fenômenos e fatos que Oliveira (apud Ander-Egg, 2001, p. 50): ocorrem, ou seja, são formas diferentes de se pro- cessar o conhecimento. [...] ciência é um conjunto de conhecimentos racio- nais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, Todo conhecimento consiste em uma relação en- sistematizados e verificáveis, que fazem referência tre o sujeito (cognoscente) e o objeto (aquilo que a objetos de uma mesma natureza, subdividindo- será conhecido), que produz uma imagem (repre- os em: sentação). Para Ruiz (1996, p. 90), “todo conheci- • conhecimento racional, isto é, que tem exigên- mento consiste numa relação sui generis entre o su- cia de método [...]; jeito cognoscente e o objeto conhecido: relação de • certo ou provável, já que não se pode atribuir à assimilação do objeto pelo sujeito, relação de pro- ciência a certeza indiscutível de todo saber que a dução do objeto pelo sujeito, relação de coincidên- compõe [...]; • obtidos metodicamente, pois não se os adquire cia ou de identificação entre sujeito e objeto”. ao acaso ou na vida cotidiana [...]; A fim de melhor caracterizar o conhecimento • verificáveis, pelo fato de que as afirmações que científico, é importante identificar outras formas de não podem ser comprovadas ou que não passam se conhecer, pois a ciência não é o único modo de se pelo exame da experiência não fazem parte do explicar a realidade. âmbito da ciência [...]; 61 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 61 5/19/09 8:43:24 AM
  • 16. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica • relativas a objetos da mesma natureza, ou seja, e empírica” e o de Trujillo Ferrari (apud LAKATOS, objetos pertencentes a determinada realidade, que 1999, p. 80), que entende a ciência como “[...] um guardam entre si características de homogeneidade. conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, Definição de ciência capaz de ser submetido à verificação”. Observa-se, Muitos autores apresentam conceitos de ciência. assim, a coincidência de alguns aspectos considera- Destacamos o apresentado por Megale (1989, p. 41), dos importantes para a compreensão do conceito e que afirma: “ciência é o conjunto de conhecimentos que serão comuns em maior ou menor grau entre obtidos através da investigação sistemática, objetiva os autores. * ANOTAÇÕES 62 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 62 5/19/09 8:43:25 AM
  • 17. AULA 1 — O Conhecimento e a Ciência Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica AULA ____________________ 2 O MÉTODO CIENTÍFICO Conteúdo • Origens do método científico • Etapas do método científico • Tipos de métodos Competências e habilidades • Contextualizar as origens do método científico • Identificar as principais características do método científico • Apresentar os principais tipos de métodos científicos Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com o professor interativo 2 h/a – presencial com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo ORIGENS DO MÉTODO CIENTÍFICO Vários filósofos buscaram estabelecer uma concep- No âmbito das ciências modernas, o método ção sobre o método, entretanto até o século XVII os exerce papel tão relevante que muitas vezes se con- problemas filosóficos estavam mais vinculados à ques- funde a ciência com o seu método. Entretanto, a tão do ser. A Filosofia antiga não indaga sobre a reali- utilização do método não é privilégio da ciência. dade do mundo. É Descartes que propõe como méto- A palavra método vem do grego methodos (meta = do, começar duvidando de tudo; é a dúvida metódica. através de; hodos = caminho), ou seja, é a orienta- É a partir da Idade Moderna, que as questões do co- ção, o guia para se conseguir algo. No seu sentido nhecer ganham vulto tendo em vista o fator subjetivi­ mais amplo, significa o conjunto de procedimentos dade. A partir dessa época os filósofos preocupam-se utilizados para se alcançar conhecimento seguro de forma mais racional; na ciência, método é a ordem muito mais com o sujeito cognoscente tendo em vista imposta no caminho para se chegar a um fim de- a sua dúvida de se pode ou não alcançar a verdade. terminado. Assim, depreende-se que, pelo método, Chauí (2000) afirma que no decorrer da história pode-se demonstrar ou verificar conhecimentos. o método sempre desempenhou o papel de regula- 63 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 63 5/19/09 8:43:25 AM
  • 18. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica dor do pensamento, pois “guia o trabalho intelectual ressaltar que toda pesquisa necessita ter claramen- [...] e avalia os resultados obtidos” (p. 159); contu- te formulado um problema, entretanto, nem todos do, foi a partir do desenvolvimento da ciência mo- os problemas são passíveis de tratamento científico derna que se colocou a necessidade da construção por não poderem ser respondidos, comprovados de procedimentos que permitissem a demonstração por demonstração. Como afirma Gil (1996, p. 27), a do conhecimento por meio da evidência, levando à pesquisa científica não pode responder “a questões organização do método científico. de ‘engenharia’ e de valor porque sua correção ou Ao se tratar do método científico, uma importan- incorreção não é passível de verificação empírica”. te questão merece ser elucidada: a diferença entre Richardson (1999) sugere formular a pergunta uti- método e metodologia, pois muitas vezes toma-se o lizando como, o que e quando preferencialmente a significado de um pelo outro. Por método entende- por quê. se a organização das etapas fundamentais do pro- Tendo sido o problema identificado, coloca-se a cesso de pesquisa a partir das teorias que orientam necessidade de buscar informações acerca do fenô- a busca da verdade. Já metodologia incorpora o mé- meno que será investigado. Nessa etapa, as princi- todo e as técnicas, ou seja, os instrumentos para a pais fontes de informação são aquelas que apresen- investigação científica (coleta, tabulação, análise e tam alguma sistematização sobre o assunto, espe- interpretação de dados etc.). cialmente livros, relatórios, periódicos, internet etc. Na sequência do processo está a formulação da Etapas do método científico hipótese, ou seja, a elaboração de resposta prévia ao A investigação da natureza de forma científica, problema formulado. A hipótese normalmente é le- ou seja, utilizando o método científico, requer do vantada quando o investigador já realizou revisão da investigador uma constante atitude de reflexão e literatura pertinente ao fenômeno em estudo, ob- crítica diante da realidade e do permanente ques- tendo considerável conhecimento sobre o problema tionamento acerca das conclusões obtidas. Muito que permite a tentativa de resposta; é evidente que embora essa atitude deva também fazer parte da vida a hipótese será testada no processo de investigação e cotidiana das pessoas, para o cientista deve ser um assim poderá ser comprovada ou refutada. exigência que compreende alguns passos ou etapas. Para Richardson (1999), o meio formal de testar Neste estudo utilizaremos a sistematização apresenta- a hipótese é a predição que consiste na tentativa de da por Richardson (1999, p. 26-29), que compreende: predizer o resultado da hipótese pelo uso da esta- a observação, a formulação de um problema, a ob- tística. O raciocínio é que se a resposta é acertada, tenção de informações referenciais, o levantamen- os resultados são específicos e, muito embora rara- to de hipóteses, a predição, a experimentação e a mente a predição seja totalmente perfeita, é funda- análise. mental para o teste da hipótese. Pode-se afirmar que a observação é o primeiro A experimentação visa comparar os resultados momento da investigação, pois compreende infor- obtidos, mediante a realização de atividades que, mações mais gerais obtidas por meio da experiência dadas determinadas condições, permitam obter res- cotidiana ou mesmo de leituras realizadas, o que ca- postas a partir da manipulação intencional, e cons- racteriza como diferencial é que “essas observações titui-se em etapa importante do método científico. devem ser sensíveis, mensuráveis e passíveis de re- A análise configura-se como a fase final do mé- petição, para que possam ser observadas por outras todo científico e consiste na confirmação ou não da pessoas” (RICHARDSON, 1999, p. 26). hipótese levantada, permitindo construir, confirmar A partir da observação, o pesquisador constata ou rejeitar determinada teoria. alguma questão que necessita ser respondida e parte Uma questão se coloca: e quanto às ciências so- para a formulação do problema de pesquisa. Cabe ciais? Haveria um método específico para as ciên- 64 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 64 5/19/09 8:43:25 AM
  • 19. AULA 2 — O Método Científico cias sociais? O humano como objeto de investigação tre eles [...], generalização da relação [...]”. Ou seja, passa a ter importância a partir do século XIX, con- após a observação de um fenômeno, faz-se o grupa- tudo, como nesse momento os critérios de cientifi- mento dos fatos segundo as suas relações constantes cidade já estavam estabelecidos, houve a incorpora- para generalizar para todos os fenômenos da mes- ção dos mesmos métodos e técnicas utilizados nas ma espécie. ciências da natureza para a análise dos fenômenos sociais. Contudo, por não ser possível uma trans- Método dedutivo – contrariamente à indução, o posição pura e simples dos métodos das ciências método dedutivo parte de enunciados mais gerais naturais para o estudo dos fenômenos humanos, os para chegar aos particulares ou menos gerais. Se- resultados obtidos tornaram-se pouco científicos gundo Oliveira (2001, p. 62), “a dedução como for- e, portanto, foram muito contestados. Richardson ma de raciocínio lógico tem como ponto de partida (1999) reflete que o fracasso das ciências sociais se um princípio tido como verdadeiro a priori. O seu deveu à transferência acrítica da metodologia das objetivo é a tese ou conclusão que é aquilo que se ciências físicas e naturais ao fenômeno humano. pretende provar”. É importante enfatizar que a de- Para o autor, as bases da pesquisa empirista utiliza- dução e a indução são procedimentos do raciocínio da nas análises dos fenômenos sociais levou “a uma que se complementam no processo da investigação. deturpação total da meta fundamental das ciências sociais: o desenvolvimento do homem e da socieda- Método dialético – A dialética tem sua origem na de” (p. 30). Grécia e em seus primórdios significava a arte de Somente a partir dos anos 1980, já no século XX, dialogar. Em Platão e Aristóteles já é possível iden- há uma real ruptura com os modelos até então con- tificar no conceito o aspecto de transformação, por solidados e ocorre uma mudança radical no estudo intermédio da contradição, entretanto, é Hegel que dos fenômenos humanos e sociais. Richardson pon- sistematiza a dialética como processo, movimento, dera ainda que as características do método cientí- mudança, transformação a partir de leis próprias. fico valem para qualquer ciência, contudo, “o que A história é vista como obra humana dentro de um muda é a aplicação de regras e instrumentos que processo dinâmico e não somente como a ocor- devem estar adequados para a medição dos fenô- rência de fatos. Para Hegel, esse processo se dá nas menos sociais. Por exemplo, fenômenos qualitativos ideias, na razão; sendo determinado pela reflexão, não podem ser analisados com instrumentos quan- pelo pensamento, e, assim, o objeto é identificado titativos” (p. 30). como consciência abstrata. Marx busca o conceito Assim, ainda que com muita controvérsia, os fe- desenvolvido por Hegel trazendo-o para a realidade nômenos humanos e sociais tornam-se objetos de objetiva, ou seja, o desenvolvimento não se dá pelo ciências específicas, tendo métodos próprios para pensamento, mas mediante as práticas sociais reali- análise desses fenômenos. zadas materialmente pelos homens. São três as leis da dialética: a transformação da Tipos de métodos quantidade em qualidade, a interpenetração dos con- Método indutivo – é um processo mental que trários e a negação da negação. parte do registro de fatos singulares ou menos ge- • Lei da passagem da quantidade à qualidade – rais, mas suficientemente constatados, para alcançar define que a passagem de um objeto para outro conclusões mais gerais. No método indutivo, anali- com características diferentes (qualidade) se dá sam-se as partes para compreender o todo. Lakatos pelo aumento quantitativo de determinadas e Marconi (1998, p. 87) consideram três elementos características do objeto. principais no procedimento da indução: “observa- • Lei da unidade e luta dos contrários – estabele- ção dos fenômenos [...], descoberta da relação en- ce que na contradição é que se dá o movimen- 65 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 65 5/19/09 8:43:25 AM
  • 20. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica to, ou seja, os elementos que não podem existir que cria o novo não elimina totalmente o ve- sem o outro também buscam superar-se. Ao lho, pois mesmo o novo significando um novo tempo em que um só existe em função do ou- objeto possui qualidades do elemento antigo. tro, também busca sua ultrapassagem. São for- ças antagônicas que convivem em um mesmo O método desempenha um papel fundamental movimento; são faces de uma mesma moeda. no processo de pesquisa; por meio dele se constroem • Lei da negação da negação – explica que a o objeto e as etapas que orientarão a investigação. transformação do objeto em seu contrário se Portanto, a definição do método não deve ser vista dá pela negação. O novo é construído pela ne- como uma atividade burocrática, mas como as ba- gação do velho, que por sua vez, ao envelhecer, ses sobre as quais estarão sendo construídos os co- é negado por algo novo. Na luta dos contrários nhecimentos acerca do objeto em estudo. * ANOTAÇÕES 66 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 66 5/19/09 8:43:26 AM
  • 21. AULA 3 — O Processo de Pesquisa AULA Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica ____________________ 3 O PROCESSO DE PESQUISA Conteúdo • O que é pesquisa • Tipos/caracterização da pesquisa • Fases da pesquisa • Instrumentos e técnicas para coleta de dados em pesquisa social Competências e habilidades • Conceituar o que vem a ser pesquisa científica • Caracterizar os diferentes tipos de pesquisa • Identificar as fases de elaboração da pesquisa • Identificar as principais técnicas para coleta de dados em pesquisas sociais Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com o professor interativo 2 h/a – presencial com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo A PESQUISA: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÀO Gil (1991, p. 19), a pesquisa é “o procedimento ra- E TÉCNICAS cional e sistemático que tem como objetivo propor- A pesquisa científica é um processo reflexivo que cionar respostas aos problemas que são propostos”. visa construir conhecimentos a partir de procedi- A partir dessas definições é possível identificar que mentos racionais e sistemáticos. Santos (2000, p. 15) a pesquisa é um meio de se produzir conhecimen- caracteriza a pesquisa como “atividade intelectual tos aplicando, para isso, metodologias apropriadas intencional que visa responder às necessidades hu- de forma racional, organizada, metódica e reflexiva manas”. Lakatos e Marconi (1995, p. 155) afirmam voltada à resolução de problemas. que a pesquisa “é um procedimento formal, com A preparação de uma pesquisa científica requer método de pensamento reflexivo, que requer um um planejamento, para mais racionalmente se or- tratamento científico e se constitui no caminho para ganizarem os procedimentos. Essa preparação com- conhecer ou para descobrir verdades parciais”. Para preende quatro grandes etapas ou fases: a prepa- 67 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 67 5/19/09 8:43:26 AM
  • 22. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica ração, a elaboração do projeto, a execução do pla- p. 23) esquematiza as etapas decorrentes daquelas, nejado e a elaboração do relatório final. Gil (1996, conforme o fluxograma a seguir: Formulação Construção Determinação Operacionalização do Problema de Hipóteses do Plano de Variáveis Elaboração dos Pré-teste dos Instrumentos Seleção da Amostra Coleta de Dados Instrumentos de Coleta de Dados Análise e Interpretação Redação do Relatório dos Dados da Pesquisa A fase de preparação é o momento em que o inves- A apresentação formal do projeto pode variar tigador define o tema a ser pesquisado, realiza a de- conforme o autor utilizado ou o convencionado por vida revisão de literatura a fim de identificar o atual cada Instituição de Ensino, entretanto, os questio- estágio de estudos sobre o assunto, bem como se há namentos levantados deverão estar contemplados fontes de dados disponíveis para que possa realizar no sentido de atender aos objetivos inerentes a qual- o estudo. A revisão de literatura também permite a quer projeto de pesquisa. delimitação mais clara do problema a ser estudado e Um dos aspectos fundamentais no processo de o estabelecimento de hipóteses (quando for o caso) pesquisa refere-se à formulação do problema a ser ou respostas provisórias ao problema enunciado. investigado, pois na busca da sua solução é que se es- tará apropriando, construindo e transformando co- Na etapa seguinte estará organizando o plano ou nhecimentos. Dessa forma, pode-se afirmar que toda projeto de pesquisa, elemento fundamental no pro- pesquisa inicia-se com um problema, entretanto nem cesso, pois permite ao pesquisador estabelecer metas todo problema é passível de tratamento científico. de forma clara, dentro de um prazo possível, com Lakatos e Marconi (1995) definem problema como técnicas mais adequadas em face do que se pretende uma dificuldade apresentada no entendimento de investigar e atendendo a determinado orçamento. A um assunto efetivamente importante e para o qual terceira etapa pode ser compreendida como a etapa se vai buscar uma solução. Para Gil (1991), um pro- de execução do projeto ou plano, quando os dados blema será científico quando for passível de ser ve- serão coletados, tabulados e analisados, e a quarta e rificado, observado empiricamente ou manipulado. última etapa refere-se à elaboração do relatório final A formulação do problema não é tarefa fácil visto de pesquisa, quando serão apresentados os resulta- que não se trata de tão-somente identificar o que se dos do estudo dentro de normas e padrões previa- pretende investigar, é preciso ter clareza e objetivi- mente estabelecidos (NBR 14724 da ABNT). dade. Sugere-se formular o problema em forma de O projeto de pesquisa vem responder aos seguin- pergunta (ou questão) delimitando-o a uma abran- tes questionamentos: gência que o torne viável de ser resolvido, com ma- • O que investigar? teriais e técnicas disponíveis e acessíveis ao pesqui- • Por que investigar? sador. Gil (1991) recomenda ter cuidado quando o problema referir-se a valores, pois por basear-se em • Para que e para quem investigar? aspectos subjetivos corre-se o risco de comprometer • Fundamentado em quais fontes de informação? a validade dos resultados obtidos. • Que soluções são propostas? • Como, com o que ou onde pesquisar? Classificação das pesquisas • Quais recursos orçamentários são necessários? A realização de uma pesquisa, especialmente nas • Qual é o tempo necessário para cumprir as etapas? ciências sociais, não segue um modelo único tendo • Quais fontes foram consultadas? em vista a complexidade própria da vida social vis- 68 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 68 5/19/09 8:43:26 AM
  • 23. AULA 3 — O Processo de Pesquisa lumbrada em diferentes nuanças e aspectos ao olhar Essa organização pretendeu apresentar uma for- do investigador. ma de classificação; determinados tipos ocorrem Neste estudo, adotaremos a classificação siste- com mais regularidade em pesquisas sociais, en- matizada por Gil (1991), que as organiza a partir tretanto, em alguns casos pode-se recorrer a vários de dois critérios principais: quanto aos objetivos e tipos em uma mesma pesquisa para se responder à quanto aos procedimentos técnicos utilizados. questão investigada. Quanto aos objetivos gerais A coleta de dados Visa criar maior aproximação com o tema, proporcionando maior Em face da pesquisa que será realizada e dos ob- Pesquisa familiaridade com o problema; na maioria jetivos definidos pelo pesquisador, as informações Exploratória dos casos, assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso. poderão ser obtidas de diferentes fontes, sendo três Visa descrever as características as principais: a utilização de documentos, a obser- Pesquisa de determinada população ou Descritiva fenômeno utilizando técnicas vação, e as entrevistas e questionários. padronizadas para coleta de dados. Os documentos se referem ao material escrito Visa identificar os fatores que ao qual o investigador poderá ter acesso, podendo Pesquisa determinam a ocorrência de determinados Explicativa fenômenos. Busca explicar a razão, “o distinguir-se em: documentos oficiais (normalmen- porquê” de acontecerem. te provenientes de governo ou de empresas), docu- mentos pessoais, material de imprensa e utilitários Quanto aos procedimentos técnicos utilizados (catálogos, folhetos etc.). É desenvolvida a partir da utilização de Pesquisa material impresso elaborado – livros, A observação como técnica para coletar dados Bibliográfica artigos científicos, material eletrônico, deverá atender às características próprias de cada almanaques etc. pesquisa e se realiza mediante contato do investiga- É desenvolvida a partir de fontes Pesquisa documentais, que podem ou não ter dor com o fenômeno em estudo. Essa técnica é fun- Documental recebido tratamento analítico. damental em pesquisas sociais, pois permite apre- Pesquisa Consiste na reprodução de um fenômeno ender fatos e aspectos para os quais outros tipos de Experimental a partir de condições controladas. instrumentos se mostram limitados, contudo deve Utiliza os mesmos procedimentos da pesquisa experimental, diferindo no ser utilizada de forma combinada com outras téc- Pesquisa aspecto de que, neste caso, os fatos nicas. Ex-post-facto são espontâneos, não podendo o pesquisador controlar as variáveis. Segundo Dencker (2001, p. 146), a observação Baseia-se na interrogação direta ao pode ser realizada de duas formas: direta e indireta. grupo que se pretende investigar; “Observação direta, como o próprio nome já diz, é a neste caso, recorre-se à amostra que deverá ser significativa para possibilitar realizada diretamente sobre o objeto da observação, Levantamento generalizações. As pesquisas desse tipo enquanto a indireta é feita de tal modo que o obser- não são adequadas quando se tratar de estudos de problemas referentes a vado não se percebe como o principal elemento da relações e estruturas sociais complexas. investigação”. Tem como base o estudo de um ou Estudo de poucos objetos visando conhecê-lo(s) de A entrevista é compreendida como um diálogo Caso forma profunda e detalhada. entre duas pessoas (entrevistador e entrevistado) É realizada de forma articulada a uma com objetivos claramente definidos. Essa técnica Pesquisa-ação ação diante de um problema detectado no processo de pesquisa. permite obter as informações diretamente da pes- Há interação entre o pesquisador e soa, bem como a observação de toda a situação e o grupo de interesse da pesquisa e, reação do entrevistado. Assim como a observação, Pesquisa muito embora tenha semelhança com a Participante a entrevista como técnica para coleta pode ter sua pesquisa-ação, procura distinguir a ação espontânea (popular) da ação científica. validade questionada tendo em vista a possível in- 69 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 69 5/19/09 8:43:27 AM
  • 24. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica fluência do entrevistador nas respostas do entre- termos que sejam amplamente conhecidos, atentar- vistado, ou mesmo a distorção que pode ocorrer se somente aos objetivos da pesquisa, limitá-lo em na análise do material obtido. Entretanto, em que extensão e cuidar para não ser tendencioso. Sugere- pesem esses aspectos, Minayo (2001, p. 59) destaca a se testar os questionários antes de aplicá-los, ou seja, importância da noção de entrevista em profundida- realizar um pré-teste em que um grupo pequeno de “que possibilita um diálogo intensamente corres- responderá ao questionário de modo a identificar pondido entre entrevistador e informante [...] Esse seus pontos falhos e que mereçam ser revistos, a fim relato fornece um material extremamente rico para de verificar se atendem às expectativas. análises do vivido”. Para se alcançar a validade nas respostas, é im- Forma de registro portante preparar a entrevista atentando-se ao que O registro das informações obtidas no processo de será indagado e cercando-se de certos cuidados para coleta de dados é de fundamental importância; as- não interferir nas respostas do entrevistado. Quan- sim, para não se deparar com a ausência de algum to à organização, buscar marcar com antecedência, dado relevante, é conveniente estabelecer a forma de obter algum conhecimento prévio sobre o entrevis- realizar e organizar os registros. tado, preparar as perguntas e criar uma situação de Quando se tratar de entrevistas, é possível utili- discrição. No decorrer da entrevista, é importante zar, além do recurso da anotação, a gravação, a par- estar mais preparado para ouvir do que para falar, tir do consentimento do entrevistado. intervir no momento oportuno em que uma ques- O uso da filmagem é também uma forma interes- tão tenha relevância para ser aprofundada e buscan- sante de realizar os registros, pois permite rever as do manter-se fiel aos objetivos da entrevista, não situações vivenciadas pelo grupo estudado e que por permitindo desvios no que se pretende. vezes escapam ao olhar do investigador. Assim como O questionário pode ser definido como um ins- a filmagem, a fotografia permite reter informações trumento impessoal e que permite maior facilida- importantes no momento em que se realiza o es- de na coleta de informações. Nesse instrumento, o tudo, pois o efeito das transformações do tempo cer- investigador estabelece as questões, cujas respostas tamente estará modificando formas, paisagens etc. serão obtidas de forma escrita, podendo o entrevis- Minayo (1994) alerta que em estudos sociais é im- tado responder livremente ou assinalar as alternati- portante que se utilize o “diário de campo”, que são vas predeterminadas. anotações sistemáticas realizadas pelo pesquisador e Assim, o questionário poderá apresentar per- que estarão enriquecendo as análises e descrições. guntas do tipo aberta e/ou fechada, a depender do objetivo da pesquisa. As perguntas abertas são aque- Algumas considerações sobre a amostragem las que permitem a livre resposta do entrevistado, A amostra é um recurso a ser utilizado quando ficando a seu critério a extensão da resposta a ser a população-alvo for muito grande para ser usada fornecida. As perguntas fechadas são aquelas cujas inteira. Por população-alvo compreende-se o grupo respostas já se encontram previamente estabeleci- formado pelos indivíduos ou elementos que pos- das, ficando o entrevistado no papel de somente as- suem determinadas características definidas para sinalar a alternativa que achar mais adequada. um estudo; assim, a amostra representa uma parte A elaboração de um questionário requer alguns (um subconjunto) desse grupo. Richardson (1999) cuidados por parte do investigador: procurar ini- acrescenta que, além do tamanho da população-al- cialmente explicar de forma objetiva a finalidade vo, os custos e o tempo são fatores importantes na do questionário não se esquecendo de agradecer a utilização da amostragem, pois essa técnica permite colaboração de quem o respondeu, apresentar as reduzir custos e minimizar as distorções decorrentes questões de forma compreensível e com palavras e da variação do tempo de obtenção das informações. 70 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 70 5/19/09 8:43:27 AM
  • 25. AULA 3 — O Processo de Pesquisa Como nas ciências sociais trabalha-se com gru- população-alvo fossem idênticos, uma amostra de pos humanos cuja característica principal é a hete- um só elemento seria perfeitamente representativa. rogeneidade, a técnica da amostragem permite sele- As amostras podem ser de dois tipos: as proba- cionar as amostras mais adequadas ao propósito da bilísticas e as não probabilísticas, em que somente investigação. as últimas poderão permitir generalizações estatís- Uma característica importante das amostras é ticas por estarem apoiadas no princípio da inferên- que o resultado obtido a partir dos dados da amos- cia estatística. As amostras do tipo probabilística tra deverão permitir as generalizações, ou seja, o que caracterizam-se, principalmente, por permitir que é característica da amostra também é característi- cada elemento da população-alvo tenha a probabi- ca de todo o conjunto que não se pôde observar. O lidade de fazer parte da amostra. Os principais tipos fato de se utilizar uma amostra e não a população- de amostras probabilísticas são: amostra aleatória alvo total pode levar a erros que poderão ser mini- simples, amostra sistemática, amostra por conglo- mizados quando se conhecem todos os parâmetros merado e amostra estratificada. da população-alvo, pois nesse caso pode-se calcular As amostras não probabilísticas utilizam critérios o erro da amostra. Quando não se conhecem esses baseados no raciocínio e na lógica para compor a parâmetros, é preciso estabelecer critérios visando amostra e não no princípio do acaso. Os principais ti- minimizar a margem de erro. Contandriopoulos et pos são: amostras acidentais, amostras de voluntários, al. (1999, p. 60) indicam dois critérios para se discu- amostras por escolhas racionais e amostras por cotas. tir essa margem: O tamanho da amostra depende de vários fatores intrinsecamente articulados ao que se pretende in- Quanto maior a “fração da amostra”, menor o “er- vestigar, aos custos decorrentes da coleta de dados e ro da amostra”. Intuitivamente é fácil conceber que, quanto maior a amostra em relação à popula- aos métodos estatísticos a serem utilizados. ção-alvo, mais segura é a representatividade dessa Qualquer que seja o método utilizado, é preciso amostra. Inversamente quanto mais homogênea ter-se clareza que cada um apresentará vantagens e for a população-alvo, menos necessária será uma desvantagens e que não há apenas um que seja uni- grande amostra. No limite, se todos os elementos da versalmente válido para todas as situações. * ANOTAÇÕES 71 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 71 5/19/09 8:43:27 AM
  • 26. Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica AULA ____________________ 4 A PESQUISA QUALITATIVA Conteúdo • Pesquisa qualitativa – conceito e características • O qualitativo e o quantitativo – diferentes faces de um mesmo processo Competências e habilidades • Compreender o que é a pesquisa qualitativa • Identificar as características da pesquisa qualitativa • Relacionar pesquisa qualitativa e quantitativa Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com professor interativo 2 h/a – presenciais com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo O QUE É PESQUISA QUALITATIvA? A pesquisa qualitativa pode ser definida como As pesquisas sociais têm sido marcadas pela uti- uma abordagem que busca entender determinado lização de metodologias do tipo quantitativo na fenômeno de forma aprofundada, descrevendo-o, abordagem e análise dos fenômenos que investiga, analisando-o e interpretando-o. Muito mais do que contudo nos últimos anos um tipo de abordagem descrições estatísticas que visam à generalização dos resultados, a pesquisa qualitativa trabalho com outro tem se mostrado promissor por ter como foco as- nível de realidade que nem sempre pode ser mensu- pectos que privilegiem a subjetividade na compre- rado ou transformado em dados quantitativos. ensão e entendimentos do objeto de estudos. Um aspecto importante nas pesquisas qualitati- Embora vista com desconfiança por alguns pes- vas é a não padronização da forma de abordagem e quisadores, a pesquisa qualitativa tem ganhado força tratamento do objeto de estudo, muito comum em em áreas importantes. Sobre isso, Neves (1996, p. 1) pesquisas de cunho quantitativo. “A pesquisa qua- comenta: “Surgido inicialmente no seio da Antropo- litativa pode ser caracterizada como a tentativa de logia e da Sociologia [...] esse tipo de pesquisa ga- uma compreensão detalhada dos significados e ca- nhou espaço em áreas como a psicologia, a educação racterísticas situacionais apresentadas pelos entre- e a administração de empresas”, entre outras. vistados, em lugar da produção de medidas quanti- 72 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 72 5/19/09 8:43:28 AM
  • 27. AULA 4 — A Pesquisa Qualitativa tativas de características ou comportamentos” (RI- possam servir de parâmetro para se chegar à verda- CHARDSON, 1999, p. 87). de dos fenômenos. Contudo, a questão da credibili- É possível afirmar que há uma tentativa de apreen- dade está vinculada a questões muito específicas das der a riqueza da dimensão humana em toda sua ciências sociais, principalmente quando se conside- magnitude, sem que isso signifique o aprisionamen- ra o seu nascedouro. to a fórmulas e padrões previamente definidos. Segundo Santos Filho (2000), no século XIX uma Godoy (1995, p. 62) enumera algumas caracterís- das questões principais para os pesquisadores que ticas que permitem identificar as pesquisas do tipo discutiam os fenômenos humanos e sociais foi o qualitativa: problema da unidade das ciências. No século ante- rior, as ciências da natureza demonstraram que, pelo 1 – o ambiente natural como fonte direta dos dados método científico baseado na quantificação e gene- e o pesquisador como instrumento fundamental; ralização dos resultados, seria possível predizer com 2 – o caráter descritivo; vistas a alcançar dados muito precisos, que revelas- 3 – o significado que as pessoas dão às coisas e à sua sem a verdade sobre os fenômenos observados. vida como preocupação do investigador; 4 – enfoque indutivo. Então, as questões sociais, que nesse momen- to revelavam toda sua complexidade, passam a ser O que se depreende é que o aspecto subjetivo tem pauta de indagação no sentido da busca de métodos destaque. que pudessem garantir o mesmo sucesso alcançado Segundo Minayo (2001, p. 23), nas ciências so- pelos métodos utilizados nas ciências da natureza. ciais a pesquisa qualitativa se ocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado: Duas respostas ou posições foram assumidas diante desse problema. Uma defendia a unidade das ciên- Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, cias e, portanto, a legitimidade do uso do mesmo motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o método em todas as ciências. A outra posição era que, corresponde a um espaço mais profundo das favorável à tese da peculiaridade das ciências so- relações, dos processos e dos fenômenos que não po- ciais e humanas e, portanto, defendiam um método dem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. científico específico para estas ciências (SANTOS FILHO, 2000, p. 15). Assim, a subjetividade ganha destaque ocupando um lugar fundamental na abordagem dos fenôme- A unidade das ciências teve no Positivismo de nos, pois a objetividade representada em diagramas, Comte sua maior defesa, e influenciou as ciências gráficos e quantificação nem sempre apreende a di- sociais principalmente na forma de apreensão e nâmica presente na vida e que é revelada a partir da análise dos fenômenos, pois para conferir atributos fala dos sujeitos que a constitui. e qualidade ao objeto de investigação adotou termos Richardson (1999, p. 90) corrobora esse pensa- matemáticos e a linguagem de variáveis, caracterís- mento quando afirma que “a pesquisa qualitativa tica das ciências da natureza. pode ser caracterizada como a tentativa de uma Minayo (2001, p. 23) sintetiza bem esse posicio- compreensão detalhada dos significados e caracte- namento quando define os seguintes critérios para rísticas situacionais apresentadas pelos entrevista- análise dos fenômenos sociais, com base nas ciên- dos, em lugar da produção de medidas quantitativas cias da natureza: de características ou comportamentos”. a – o mundo social opera de acordo com leis cau- As pesquisas qualitativas vêm ganhando espaço, sais; embora ainda não sejam aceitas por muitos pesqui- b – alicerce da ciência é a observação sensorial; sadores exatamente pela questão da validade cientí- c – a realidade consiste em estruturas e instituições fica, ou seja, como garantir que aspectos subjetivos identificáveis enquanto dados brutos por um lado 73 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 73 5/19/09 8:43:28 AM
  • 28. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica e crenças e valores por outro. Estas duas ordens se nesse tipo de pesquisa e se levem alguns teóricos2 a correlacionam para fornecer generalizações e regu- buscarem classificar os paradigmas que orientam as laridades; análises dos fenômenos humanos e sociais. d – o que é real são os dados brutos; valores e cren- Minayo (2001) aponta a Sociologia Compreensi- ças são dados subjetivos que só podem ser com- va em suas diferentes formas – fenomenologia, et- preendidos através dos primeiros. nometodologia, interacionismo simbólico – como Santos Filho (2000, p. 23) destaca três caracterís- uma corrente teórica que, em oposição ao Positi- ticas principais quando da análise dos fenômenos vismo, coloca o significado da vida humana como humanos e sociais à luz dos métodos baseados nas centro no processo de investigação. ciências naturais: Entretanto, uma questão se coloca como central quando da análise dos fenômenos sociais tendo Primeiro, defende o dualismo epistemológico, ou como perspectiva a valorização dos aspectos quali- seja, a separação entre o sujeito e o objeto do co- tativos que é a validade científica. Richardson (1999, nhecimento; segundo, vê a ciência social como neutra ou livre de valores; e terceiro, considera que p. 91) afirma que “para muitos pesquisadores qua- o objetivo da ciência social é encontrar regularida- litativos as convicções subjetivas das pessoas têm de e relações entre os fenômenos sociais. primazia explicativa sobre o conhecimento teórico do investigador”. A partir da segunda metade do século XIX, teve Esse tipo de tratamento dado ao objeto de estu- início um movimento criticando a adoção de méto- dos pode induzir a um problema grave, ou seja, a dos baseados nas ciências da natureza, para análise adoção de uma atitude acrítica, tornando-se parte dos fenômenos sociais. inevitável da ideologia dominante. Os teóricos1 que encabeçaram esse movimento Para Minayo (2001), a abordagem dialética, em- entendiam que a riqueza da vida não poderia ser bora ainda perseguida e não concretizada, seria uma expressa, por análises com base no Positivismo. As- forma de dar significado ao conteúdo apreendido na sim, não haveria realidade objetiva fora da realidade análise dos fenômenos sociais de uma forma crítica. humana e, desta perspectiva, sujeito e objeto se re- Já Santos Filho (2000) afirma que os fenômenos hu- lacionam dentro de um mesmo processo. A análise manos e sociais estão se mostrando mais complexos da realidade é a análise dos seres humanos. Outro do que se imaginava, sendo admissível pensar nas aspecto a ser considerado, é que não há como es- mais variadas metodologias a fim de se aprofundar tabelecer a regularidade na análise dos fenômenos nas análises. sociais em face da própria complexidade que carac- Richardson (1999) menciona a importância da teriza a vida humana, a vida em sociedade. aplicação da lógica dialética no processo de apreen- Assim, a ênfase das ciências sociais deve ser a der os fenômenos dentro de uma perspectiva histó- compreensão e não a explanação do objeto desvin- rica com vistas a identificar sua transitoriedade. culado do contexto no qual se insere e da forma es- Para o autor: pecífica como o investigador o apreende, marcado [...] primeiramente, é essencial estudar o desenvol- pela suas idiossincrasias. vimento histórico de um fenômeno para revelar a A partir da década de 1970, ganha força a crítica mudança em sua conceituação através do tempo. O ao paradigma positivista aplicado às ciências sociais, propósito [...] não é apenas registrar mudanças em o que faz que se adotem abordagens alternativas sua aparência ou essência, mas revelar a natureza 1 2 Dentro da tradição filosófica de base idealista, citamos Dilthey, Ri- Habermas, Berstein, Burrel e Morgan, Popkewitz, Soltis, Husén, ckert, Weber e Husserl. Hoshmand, entre outros. 74 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 74 5/19/09 8:43:28 AM
  • 29. AULA 4 — A Pesquisa Qualitativa dinâmica da relação entre a aparência e a essência Etapas da pesquisa social do fenômeno (RICHARDSON, 1999, p. 92). Na pesquisa qualitativa, os procedimentos a se- rem adotados para a organização do estudo mere- Contudo, mesmo tendo a crítica como aspecto fun- cem destaque: a seleção do local e grupo de interesse damental na análise dos fenômenos sociais, ainda resta para o estudo, técnica para obtenção das informa- a pergunta: e a validade científica? Como alcançá-la? ções, análise das informações e, finalmente, disposi- É ainda Richardson (2000) que afirma a impor- ção das informações no relatório. tância da prática reflexiva, no sentido de “admi- A definição do local requer certa familiaridade do nistrar a oscilação analítica entre a observação e a pesquisador, pois isso terá relação direta com a vali- teoria que considera válida”. O objetivo de não pro- dação dos resultados. Esse processo deve estar basea- duzir um simples resultado, mas de descrever de do em reflexões que incluem diferentes critérios que forma coerente e detalhada determinada situação, vão desde a facilidade na obtenção dos dados e regis- que a reflexão teórica permitirá compreender, ilu- tro até as influências que o meio exerce na opinião minando os determinantes que colaboram com a dos entrevistados. Pode-se afirmar que os estudos manifestação empírica dos fenômenos. de caso se configuram como mais adequados, sendo, Seguindo esse raciocínio, podemos afirmar que as contudo, possível os estudos que incluam mais de um pesquisas qualitativa e quantitativa não se excluem; ao caso a fim de se estabelecerem comparações. contrário, são complementares, pois os dados quanti- O instrumento que melhor serve aos propósitos tativos, à luz da reflexão qualitativa, revelam aspectos de um estudo qualitativo é a entrevista. O contato com os possíveis entrevistados é uma etapa funda- fundamentais na compreensão dos fenômenos. mental, com vistas a estreitar as relações para maior Minayo e Sanches (1993), com base em diferentes riqueza e veracidade nas informações, contudo não autores, afirmam que do ponto de vista metodológi- há como prescrever o procedimento mais adequa- co não há contradição nem continuidade entre as do, pois isso dependerá de diferentes aspectos. abordagens em vista de serem de naturezas diferentes. Quanto à coleta de informações, vale ressaltar Para os autores (1993), que citam Gurvitch (1955), a o papel que a observação desempenha em estudos pesquisa quantitativa atua em níveis da realidade, nos qualitativos, embora ainda se questione a validade quais os dados se apresentam aos sentidos. desse procedimento e também da entrevista. Já a pesquisa qualitativa trabalha com valores, Será na análise das informações que o pesquisa- crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. dor irá organizar os dados relevantes em categorias, Assim, não há mais cientificidade em uma ou na que possibilitem a aproximação com o objeto, de outra, ainda que uma utilize instrumentos sofistica- modo a identificar aquelas que se mostrem mais dos de mensuração e a outra busque a compreensão adequadas para retratar o fenômeno em análise. em profundidade. A elaboração do relatório irá retratar todas as É ainda Minayo e Sanches (1993, p. 16) que con- etapas vivenciadas, tendo as revisões de literatura e tribuem com a questão afirmando que: abordagem teórica definida para a análise do fenô- meno como condições fundamentais para apresen- [...] se a relação entre quantitativo e qualitativo, en- tar os resultados visando ao esclarecimento e às res- tre objetividade e subjetividade não se reduz a um postas aos problemas identificados de forma válida. continuum, ela não pode ser pensada como oposição Assim, cada etapa do trabalho merece uma análi- contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as se cuidadosa, uma reflexão constante e um compro- relações sociais possam ser analisadas em seus as- metimento reiterado com vistas a retratar a riqueza pectos mais “ecológicos” e “concretos” e aprofunda- da vida em toda a sua dimensão que a letra e o dado das em seus significados mais essenciais. Assim, o frio não permitem apreender e muitas vezes conge- estudo quantitativo pode gerar questões para serem lam, limitando a visão do processo de constituição aprofundadas qualitativamente, e vice-versa. histórica da sociedade. 75 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 75 5/19/09 8:43:29 AM
  • 30. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica AULA ____________________ 5 LEITURA E REGISTRO Conteúdo • Fontes para a pesquisa • A leitura analítica • Formas de apresentação de textos – resumos, resenhas, artigos científicos e revisões bibliográficas Competências e habilidades • Identificar os diferentes tipos de fontes utilizados na realização de uma pesquisa científica • Compreender o processo de realização da leitura analítica distinguindo suas fases • Caracterizar os diferentes tipos de textos, bem como sua forma de registro Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com professor interativo 2 h/a – presenciais com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo FORMAS DIFERENCIADAS DE APRESENTAÇÃO autenticidade, o que implica maior critério e rigor DE TEXTOS na sua elaboração, não querendo dizer que o texto A produção de textos científicos é um processo deva ser algo hermético e acessível a poucos inicia- laborioso que requer a aplicação não apenas de téc- dos. Azevedo (1999, p. 111) observa que a boa co- nicas, mas também da criatividade e esforço teórico municação deve estar alicerçada nos seguintes as- e analítico de quem o escreve. Para demonstrar a pectos: “escreva para ser lido [...]; procure o melhor sistematização, recriação, crítica, nível de aprofun- modo de comunicar suas ideias [...]; seja original damento das reflexões, o texto deve ser claro, conci- [...]; cultive a simplicidade [...]”. so e coerente. Medeiros (2000, p. 118) define o texto como “um tecido verbal estruturado de tal forma A apresentação escrita mudará de acordo com que as ideias formam um todo coeso, uno, coeren- a intenção ou exigência de uma disciplina, assim te”. Assim, a simples disposição de frases fragmenta- o seu formato e denominações, assumirá maior das não pode ser considerada como texto. ou menor complexidade, a depender da natureza O texto científico tem como objetivo principal do texto e da autonomia intelectual de quem o comunicar dados, propor reflexões com exatidão e elabora. 76 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 76 5/19/09 8:43:29 AM
  • 31. AULA 5 — Leitura e Registro Resumos o resumo alternará de acordo com a habilidade de A Norma da ABNT 6028 trata especificamente quem o escreve, entretanto Medeiros (2000) afirma de resumos, e os define como “apresentação concisa que, apesar da necessária redução, esta não deve dos pontos relevantes de um texto”. Medeiros (2000, prejudicar a comunicação. Silva (apud MEDEIROS, p. 125) acrescenta à definição: “[...] um procedi- 2000) sugere que o resumo deva guardar um ter- mento de reduzir um texto sem destruir-lhe o con- ço ou um quarto da extensão do texto original, o teúdo”. Assim, resumir significa sintetizar um texto, que bastaria para garantir os pontos principais e as sem, no entanto, modificar ou acrescentar qualquer ideias essenciais do autor. sentido novo ou diferente daquele apresentado na fonte original. Modelo de resumo Para elaborar um bom resumo é importante reali- • Papel em tamanho A4. zar a leitura tantas vezes quantas forem necessárias • Configuração da página: lado superior e es- para esclarecer todo o texto. Ao apresentar o con- querdo: 3 cm; lado inferior e direito: 2 cm. teúdo, é fundamental que sejam indicados o as- • Espaçamento entre linhas: para a referência, es- sunto abordado no texto, os objetivos do autor, os paçamento simples; para o texto, espaçamento métodos utilizados, bem como as conclusões alcan- 1,5 cm. çadas. Dar preferência ao uso da terceira pessoa do • Alinhamento: da referência, à esquerda; do tex- singular e do verbo na voz ativa. Quanto à extensão, to, justificado. 3 cm BARBOSA, M. L. O discurso da competência na pedagogia. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999. A autora procurou demonstrar os principais aspectos que levam os pro- fessores do ensino fundamental a terem dificuldade na aplicação do que compreendem por competência. Seu objetivo foi caracterizar a competên- cia a partir da definição apresentada pelos professores e, ao relacioná-la 3 cm com a atividade exercida em sala, identificar suas reais concepções. 2 cm Inicialmente, a autora apresenta um estudo sobre o ensino fundamental, esclarecendo o perfil dos professores desse nível de ensino. Demonstra como ao longo do processo de construção histórica foi sendo caracterizado e descaracterizado esse nível de ensino e como isso influenciou na forma- ção dos educadores. 2 cm 77 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 77 5/19/09 8:43:29 AM
  • 32. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Resenhas Em geral, as revisões atendem a objetivos previa- A resenha pode ser definida como um tipo de re- mente estabelecidos na pesquisa, entretanto podem sumo tendo, entretanto, a finalidade de apresentar a ser solicitadas como forma de avaliação de alguma apreciação crítica de uma obra. Se no resumo bas- disciplina e, nesse caso, Azevedo (1999) indica que ta apresentar as ideias principais do autor do tex- deva ter a seguinte estrutura: introdução, desenvol- to original, na resenha deve ser efetuada a crítica, vimento e crítica. configurando-se a resenha como um resumo crí- Na introdução deve-se apresentar o assunto a ser tico. Medeiros (2000, p. 142) afirma que a resenha estudado, com indicação do contexto histórico das não é um resumo, sendo “este apenas um elemento obras utilizadas para a revisão apresentando, breve- da estrutura da resenha. Além disso, acrescente-se: mente, seu significado dentro desse contexto. A parte se, por um lado, o resumo não admite o juízo valo- destinada ao desenvolvimento deverá apresentar de rativo, o comentário, a crítica; a resenha, por outro, forma resumida a contribuição de cada obra, o que exige tais elementos”. significa considerar apenas os aspectos principais em face do tema abordado. A crítica pode ser feita Segundo Azevedo (1999, p. 32), quanto ao tama- de duas formas: “numa, você dialoga com o autor, nho, a resenha “pode variar entre duas (para jornais ao mesmo tempo em que apresenta suas contribui- não especializados) a dez laudas (publicações cien- ções; noutra, você deixa o comentário para a seção tíficas)”. Ainda, o autor orienta que as partes princi- da crítica propriamente” (AZEVEDO, 1999, p. 37). pais da resenha são: introdução, resumo e crítica. Na introdução deve ser apresentado o assunto do texto O artigo científico original, bem como informações sobre o autor e o gênero da obra. O resumo deve ater-se a apresen- O artigo científico tem como finalidade principal tar as ideias principais do texto, conforme apresen- a apresentação de resultado de estudos e pesquisas. tado anteriormente, e a crítica ou apreciação deve Geralmente, o artigo é um texto destinado a ser pu- indicar a leitura da obra ou não. É importante, no blicado em revistas, jornais ou periódicos especiali- julgamento da obra, indicar sua contribuição para zados e, muito embora tenha um formato reduzido, deve apresentar o texto completo. a análise do assunto, a originalidade das ideias e o estilo do autor. A quantidade de laudas que um artigo deve ter vincula-se às diretrizes da revista em que será pu- Quanto à apresentação formal da resenha, vale blicado, pois cada veículo tem suas próprias normas ressaltar que é semelhante à do resumo, diferindo para publicação. Entretanto, quando se tratar de ar- somente quanto ao título que, segundo Azevedo tigo para atender à avaliação de alguma disciplina, (1999, p. 35), deve ser original, “criativo, diferente sugere-se que o professor estabeleça previamente o do título do texto original, breve e substantivo”. número mínimo e máximo de folhas que o artigo deva ter. Para o caso de dúvidas, sugere-se que o ar- Revisão bibliográfica tigo tenha no mínimo cinco e no máximo 20 laudas A revisão bibliográfica, também conhecida como e, quanto à estrutura, deve apresentar introdução, revisão de literatura, objetiva apresentar, por meio desenvolvimento, conclusão e referências. da compilação de diversas obras, o atual estado de Alguns autores mostram-se relutantes em apre- desenvolvimento dos estudos referentes a deter- sentar uma estrutura definida para o artigo, pois minado assunto. É o que se costuma chamar de “o essa estrutura será variável a depender do que se estado-da-arte” e, ainda que guarde certa originali- estará apresentando e das concepções teórico-me- dade, busca principalmente comparar várias obras todológicas do autor. Entretanto, Azevedo (1999, permitindo ao autor compreender de forma mais p. 82) sugere que a estrutura de um artigo pode se- aprofundada o objeto de investigação, bem como guir a adotada no campo das ciências experimentais, avançar no sentido de lançar novas luzes ao que já contendo introdução, revisão de literatura, mate- está produzido e sistematizado. riais e métodos, resultados, discussão e conclusões. 78 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 78 5/19/09 8:43:30 AM
  • 33. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT AULA ____________________ 6 Unidade Didática – Metodologia da Pesquisa Científica APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS – NORMAS DA ABNT Conteúdo • Orientações gerais para apresentação de trabalhos acadêmicos • Normas da ABNT 6023 – Referências 10520 – Citações 14724 – Trabalhos acadêmicos 15287 – Projetos Competências e habilidades • Aplicar corretamente as normas da ABNT, conforme a exigência e natureza do trabalho acadêmico • Identificar os meios onde a informação estará disponível visando a sua correta aplicação Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade. Duração 2 h/a – via satélite com o professor interativo 2 h/a – presencial com professor local 6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo NORMALIzAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS nando uniformidade no registro do conhecimento A padronização de trabalhos acadêmicos tem o obtido e oferecendo segurança e otimização de tem- intuito de tornar compreensível a divulgação dos po, custos e recursos. dados obtidos por meio de estudos, com vistas a A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) torná-los acessíveis a outros pesquisadores, garan- tindo a fidelidade nas informações além de facilitar é o órgão responsável pela normalização técnica no o acesso e a compilação das informações. Brasil. Representante do País de entidades de nor- Mediante a normalização é possível organizar in- malização internacional, é uma entidade privada e formações que beneficiem diferentes áreas, ocasio- sem fins lucrativos. 79 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 79 5/19/09 8:43:30 AM
  • 34. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Embora a ABNT atenda a diferentes áreas, no que cialização e/ou aperfeiçoamento): documento que se refere aos trabalhos acadêmicos existe um conjun- representa o resultado de estudo, devendo expressar to de 32 normas (Documentação), que estabelece um conhecimento do assunto escolhido, obrigatoria- padrão considerado adequado aos diferentes aspectos mente emanado da disciplina, módulo, estudo in- que envolvem a apresentação desses documentos. dependente, curso, programa e outros ministrados. As principais normas para a apresentação de tra- Deve ser feito sob a coordenação de um orientador. balhos escritos são as descritas a seguir, as quais es- tarão citadas neste documento: Apresentação de trabalhos acadêmicos • NBR 6022 de 1994 – Apresentação de Artigos A norma 14724 define os seguintes elementos pa- em Publicações Periódicas; ra a organização e estruturação dos trabalhos aca- • NBR 6023 de 2002 – Informação e Documen- dêmicos: elementos pré-textuais, elementos textuais tação – Referências – Elaboração; e elementos pós-textuais. NRB 6024 de 2003 – Numeração progressiva das seções de um documento – Procedimentos; Estrutura Elemento Obrigatório Opcional • NBR 6027 de 2003 – Sumários – Procedimentos; Capa X Lombada X • NBR 6028 de 2003 – Resumos – Procedimentos; Ficha catalográfica X • NBR 10520 de 2002 – Informação e documenta- Folha de rosto X ção – Apresentação de citações em documentos; Errata X • NBR 14724 de 2005 – Informação e documen- Folha de aprovação X tação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação. Dedicatória X Agradecimentos X Esta última norma fixa as seguintes definições Epígrafe X que estaremos utilizando no presente trabalho: Resumo em língua Pré- X Dissertação: documento que representa o resulta- textuais vernácula do de um trabalho experimental ou exposição de Resumo em língua X estrangeira um estudo científico retrospectivo, de tema único e Lista de ilustrações X bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de Lista de tabelas X reunir, analisar e interpretar informações; deve evi- Lista de abreviaturas denciar o conhecimento de literatura existente sobre X e siglas o assunto e a capacidade de sistematização do can- Lista de símbolos X didato; é feito sob a coordenação de um orientador Sumário X (doutor), visando à obtenção do título de mestre. Introdução X Tese: documento que representa o resultado de Textuais Desenvolvimento X um trabalho experimental ou exposição de um es- Conclusão X tudo científico de tema único e bem delimitado; Referências X deve ser elaborado com base em investigação ori- Glossário X Pós- ginal, constituindo-se em real contribuição para a Apêndice(s) X textuais especialidade em questão; é feito sob a coordenação Anexo(s) X de um orientador (doutor) e visa à obtenção do tí- Índice(s) X tulo de doutor, ou similar. Trabalhos acadêmicos (trabalho de conclusão de Elementos pré-textuais curso – TCC, trabalho de graduação interdiscipli­ Os elementos pré-textuais são os que antecedem o nar – TGI, trabalho de conclusão de curso de espe­ texto com informações que identificam o trabalho: 80 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 80 5/19/09 8:43:30 AM
  • 35. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT 1 – Capa: deve conter dados que permitam a No verso da folha de rosto deve constar a Ficha correta identificação do trabalho com os seguintes Catalográfica, que se constitui de um conjunto de elementos: informações bibliográficas descritas de forma or- • Instituição; denada, seguindo o Código de Catalogação Anglo- • Nome do autor; Americano vigente. Deve ser inserida no verso da • Título do trabalho – subtítulo, se houver; folha de rosto e é obrigatória somente para disser- • Número de volumes (se houver mais de um, tações e teses. Sua elaboração é de responsabilidade deve constar na capa a identificação do respec- do profissional bibliotecário com registro no Con- tivo volume); selho de Biblioteconomia. • Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado; 4 – Errata: apresenta-se geralmente em folha • Data (ano de depósito e/ou da entrega) (ver avulsa ou encartada, sendo anexada à obra depois apêndice B). de impressa. Consiste em uma lista de erros tipográ- ficos ou de outra natureza, com as devidas correções 2 – Lombada: elemento opcional, as informa- e indicações das folhas e linhas em que aparecem. ções devem ser impressas conforme a NBR 12225 Deve ser inserida logo após a folha de rosto. de 2004. O nome do autor deve ser impresso longi- tudinalmente do alto para o pé da lombada; o título 5 – Folha de Aprovação: Deve conter o nome do do trabalho deve ser impresso da mesma forma que autor, do título e subtítulo por extenso, natureza, a do nome do autor. objetivo, nome da instituição a que é submetida, área de concentração, data de aprovação, nome e 3 – Folha de Rosto: no anverso deve conter os titulação dos membros componentes da banca exa- mesmos elementos da capa, acrescidos de informa- minadora e suas assinaturas. ções complementares necessárias à perfeita identifi- cação do trabalho: 6 – Dedicatória: parte destinada a homenagear • Nome do autor; uma ou mais pessoas. • Título do trabalho – subtítulo, se houver; • Número de volumes (se houver mais de um, 7 – Agradecimentos: parte em que o autor dirige deve constar na capa a identificação do respec- seus agradecimentos àqueles que contribuíram de tivo volume); maneira relevante para a elaboração do trabalho, • Natureza (tese, dissertação, trabalho de con- nesse caso são incluídas empresas ou organizações clusão – TCC, trabalho acadêmico de sala de que fizeram parte da pesquisa, pessoas que colabo- aula) e objetivo (aprovação em disciplina ou raram efetivamente para o trabalho. É recomendá- grau pretendido e outros); nome da instituição vel colocar os agradecimentos em ordem hierárqui- a que é submetido; ca de importância. • Área de concentração; • Nome do orientador, precedido da palavra 8 – Epígrafe: o autor apresenta uma citação, se- “Orientador”; guida de indicação de autoria, relacionada com a • Co-orientador (se houver): precedido da pala- matéria tratada no corpo do trabalho. vra “Co-orientador”; • Local (cidade) da instituição onde deve ser 9 – Resumo em Língua Vernácula (Português): apresentado; parte do trabalho onde o aluno apresenta uma sín- • Data (ano de depósito e/ou da entrega). tese do estudo com o tema, problema, metodologia 81 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 81 5/19/09 8:43:31 AM
  • 36. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica e resultados obtidos; deve ainda constar as palavras- Por índice se compreende a lista de palavras ou chave e/ou descritores relativos aos assuntos da mo- frases, organizadas normalmente em ordem alfa- nografia, conforme NBR 6028. bética, que remete para as informações contidas no texto. O índice deve ser inserido no final do trabalho. 10 – Resumo em Língua Estrangeira: esse ele- As listas antecedem o sumário e, portanto, não mento é obrigatório somente para dissertações e te- devem ser incluídas neste. ses; digitado em folha separada (em inglês, abstract; O sumário deve figurar como último elemento em espanhol, resumen; em francês, résumé), segue a pré-textual e, quando houver mais de um volume, mesma estrutura e conteúdo do resumo em língua este deve ser incluído completo em todos os volu- vernácula. mes, para que se possa verificar todo o conteúdo da obra, independentemente do volume consultado. 11 – Lista de Ilustrações: apresenta os elementos As seções devem ser numeradas em algarismos ilustrativos adotados no texto. Quando necessário, arábicos, da introdução até a conclusão. Os deno- recomenda-se lista própria para cada tipo de ilus- minados elementos pré-textuais não figuram no tração (figuras, quadros, gráficos, desenhos, foto- sumário. grafias, organogramas, gravuras e outros). Os itens Quanto às listas, resumo, abstract, apêndices, da lista devem ser identificados pela palavra desig- anexos e referências, por não serem considerados nativa conforme o tipo de ilustração e ser acompa- capítulos, não recebem numeração de seção. nhados do respectivo número de páginas. Elementos textuais 12 – Lista de Tabelas: deve ser elaborada de acor- Os elementos textuais compreendem a introdu- do com a ordem em que aparece no texto. Os itens ção, o desenvolvimento e as conclusões do trabalho. da lista devem ser acompanhados do respectivo nú- Devem ser divididos em seções e subseções, confor- mero de página. me NBR 6024. 13 – Lista de Abreviaturas e Siglas: contém a re- 1 – Introdução: parte do trabalho destinada a lação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas oferecer uma visão geral do que foi desenvolvido, no trabalho, seguidas das palavras ou expressões es- apresentando o tema, a delimitação do assunto abor- critas por extenso. dado, a justificativa, a problematização, os objetivos do estudo, além de outros elementos necessários 14 – Lista de Símbolos: deve ser elaborada con- para situar o tema do trabalho. A introdução deve forme a ordem em que os símbolos aparecem no oferecer uma abordagem sintética do que foi desen- texto, acompanhadas do devido significado. volvido em cada seção apresentada no estudo. 15 – Sumário: deve ser elaborado conforme a 2 – Desenvolvimento: parte mais extensa do NBR 6027, figurando os itens dos elementos tex- trabalho destinada a apresentar os resultados do tuais em diante. estudo. Deve conter revisão bibliográfica, aborda- Sumário é a apresentação, com os indicativos nu- gem teórica adotada, apresentação e análise dos méricos, das seções desenvolvidas na parte textual e resultados. A divisão em seções e subseções varia pós-textual do trabalho. Deve estar organizado na conforme a natureza do conteúdo desenvolvido. As mesma ordem em que ocorrem no texto, não tendo obras citadas e consultadas devem constar no item o mesmo significado que índice. de referências. 82 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 82 5/19/09 8:43:31 AM
  • 37. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT 3 – Conclusão: apresenta os resultados do tra- 5 – Índice: deve ser elaborado conforme a NBR balho, devendo apontar as respostas aos problemas 6034. levantados na introdução, bem como identificar a extensão dos resultados obtidos no estudo. O texto Apresentação Gráfica deve remeter aos dados demonstrados no decorrer De acordo com a NBR 14724, algumas regras de- da pesquisa, devendo as análises finais estar funda- vem ser seguidas no que concerne à apresentação mentadas nos resultados e na discussão e apresenta- gráfica do documento, contudo o projeto gráfico é ção lógica do trabalho. de responsabilidade do autor que deverá definir a melhor forma a ser adotada. Elementos pós-textuais 1 – Papel: em folha branca, formato A4 (21 cm 3 Os elementos pós-textuais compreendem as in- 29,7 cm). formações complementares ao texto e contêm: refe- rências, glossário, apêndices, anexos e índices. 2 – Margens: as folhas devem apresentar as se- guintes margens: 1 – Referências: elaboradas conforme a NBR 6023:2002. • superior e esquerda: 3 cm; • inferior e direita: 2 cm; 2 – Glossário: é uma lista em ordem alfabética, de 3 – Fonte: tamanho 12 para o texto e fonte me- palavras especiais, de sentido pouco conhecido, ou nor (11) para citação de mais de três linhas. Deve-se obscuro, ou mesmo de uso restrito, acompanhadas utilizar o tipo de fonte itálico somente para palavras de suas respectivas definições. estrangeiras. 3 – Apêndice: texto ou documento elaborado pelo 4 – Espacejamento do texto: deve ser digitado, próprio autor, com a finalidade de complementar com espaço 1,5; entrelinhas tendo alinhamento do seu trabalho. O termo APÊNDICE deve ser escrito texto: justificado e recuo de primeira linha do pará- em letras maiúsculas, centralizado e em negrito. São grafo entre 1,5 e 2 cm. identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. 5 – Citação com mais de três linhas: recuo de pa- APÊNDICE A – Demonstrativo de ocupação por rágrafo à esquerda para citação direta (ou longa): domicílio – 1990 4 cm; espaçamento simples; texto justificado; sem parágrafo; sem aspas. 4 – Anexo: objetiva incluir materiais não elabo- 6 – Título de capítulo: deve ser indicado por nú- rados pelo próprio autor, como cópias de artigos, mero arábico; alinhado à esquerda, separado por manuais, folders, balancetes etc., e que servem para um espaço de caractere (não colocar ponto, traço ou complementar o conteúdo do texto. O termo ANE- qualquer sinal). Os capítulos são sempre iniciados XO deve ser escrito em letras maiúsculas, centra- em uma nova folha e os títulos devem iniciar na parte lizado e em negrito. São identificados por letras superior da página e estar separados do texto que os maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respec- sucede por dois espaços com 1,5 cm de entrelinhas. tivos títulos. Ex.: ANEXO A – Demonstrativo de ocupação por do- 1 INTRODUÇÃO micílio – 1990 83 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 83 5/19/09 8:43:31 AM
  • 38. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica 7 – Título de subseções: é indicado por número 11 – Natureza do trabalho: deve ser incluída na arábico, devendo o alinhamento de título das sub- folha de rosto e na folha de aprovação logo abaixo seções estar à esquerda, separado por um espaço de do título, sendo alinhadas do meio da página para a caractere e separado do texto que o precede ou que margem direita e digitadas em espaço simples. o sucede por dois espaços de 1,5 cm. Ex.: 12 – Referências: devem ser alinhadas à esquer- 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA da, digitadas em espaço simples e separadas entre 2.1 O PAPEL DA TEORIA si por dois espaços simples, organizadas em ordem 2.1.1 Limites e Possibilidades da Teoria alfabética por sobrenome de autor ou título. Devem seguir a NBR 6023 (este assunto será tratado de ma- 8 – Título sem indicativo de seção: errata, agra- neira mais específica em outro tópico). decimentos, lista de ilustrações, lista de abreviaturas e siglas, resumos, sumário, referências, glossário, 13 – Notas de rodapé: destinam-se a esclarecer, apêndices, anexos; devem ser digitados centraliza- comprovar ou justificar uma informação que não dos, em letras maiúsculas e negrito. deve ser incluída no texto limitando-se ao mínimo necessário. As notas podem ser explicativas ou de 9 – Resumo: deve ser digitado em espaço simples, referências. sem parágrafo; para teses, dissertações, trabalhos acadêmicos e relatórios técnico-científicos, a exten- 14 – Indicativos de seção: é o número que ante- são do resumo deve ter de 150 a 500 palavras e ser cede o título ou subtítulo, deve ser grafado em nú- seguido das palavras-chave separadas entre si por meros inteiros a partir de 1 e seguido de seu título. ponto e finalizadas também por ponto – no mínimo Observação: quando uma seção terminar próximo três e no máximo cinco. Seguem as indicações da ao fim de uma página, colocar o título da próxima NBR 6028, que estabelece as seguintes definições: seção na página seguinte. • palavra-chave: palavra que representa o assun- to do documento; 15 – Títulos sem indicativos numéricos: errata, • resumo: indicação dos pontos relevantes do agradecimentos, lista de ilustrações, lista de abrevia- turas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário, documento; referências, glossário, apêndices, anexos. • resumo crítico: redigido por especialistas, trata-se da análise crítica de um documento. 16 – Elementos sem título e sem indicativo nu­ Também chamado de resenha, não está sujeito mérico: não possuem número nem título: folha de a limite de palavras; aprovação, dedicatória e epígrafe. • resumo indicativo: indicação somente dos pontos principais do documento, não apresen- 17 – Paginação: todas as folhas, a partir da folha ta dados qualitativos e quantitativos; não dis- de rosto, devem ser contadas sequencialmente, mas pensa a consulta ao original; não numeradas. A numeração é impressa a partir • resumo informativo: indica finalidade, meto- da introdução, em algarismos arábicos e o número dologia, resultado e conclusão do documento; deve ser colocado no canto superior direito da fo- dispensa consulta ao original. lha, a 2 cm da borda superior. Os apêndices e anexos devem ter suas folhas numeradas de maneira con- 10 – Legendas, ilustrações, tabelas e notas: de- tínua e sua paginação deve estar na sequência à do vem ser digitados em espaço simples. texto principal. 84 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 84 5/19/09 8:43:32 AM
  • 39. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica REFERÊNCIAS ______. ______. 6. ed. rev. atual. São Paulo: Cam- Seguem a NBR 6023, sendo a lista dos elementos pus, 2000. 700 p. descritivos retirados de um documento que permita sua identificação para produção de documentos e Caso seja utilizado o sistema numérico no texto, a para inclusão em bibliografias, resumos, resenhas, lista de referências deve seguir a mesma ordem nu- recensões e outros. mérica crescente. O sistema numérico não pode ser Podem figurar no rodapé da página, no fim do usado concomitantemente para notas de referência texto ou do capítulo, em lista de referências ou te- e notas explicativas. cendo resumos, resenhas e recensões. 1 – Transcrição dos elementos: a transcrição dos Os elementos que vão compor a referência bi- elementos deverá atender a natureza específica do bliográfica, sejam os essenciais ou complementares, documento utilizado como fonte de consulta. devem ser apresentados em sequência padronizada, • Autor pessoal: indica(m)-se o(s) autor(es), a pontuação deve ser uniforme para todas as refe- pelo último sobrenome, em CAIXA ALTA rências e a separação das várias áreas deve ser com (maiúscula), seguido(s) do(s) prenome(s), e ponto, seguido de um espaço. outros sobrenomes, separados por vírgula. Ex.: A lista de referências aparece em local específi- MINAYO, Maria Cecília de Souza. co no texto (conforme anteriormente informado), alinhada somente à margem esquerda do texto e de Quando a obra apresentar até três autores, men- forma a identificar-se individualmente cada docu- cionam-se todos na entrada, separados por ponto- mento, em espaço simples e separadas entre si por e-vírgula, seguido de espaço. Ex.: dois espaços simples. ALMEIDA, Maria Luiza; FONTE, Luiz Carlos; BAR- A ordenação das referências dos documentos ci- RETO, João José. tados em um trabalho deve ser de acordo com o sis- tema utilizado para citação no texto (NBR 10520). Quando existirem mais de três autores, mencio- O sistema mais utilizado é o alfabético (ordem de na-se o primeiro, acrescentando a expressão et al. entrada), podendo também ser utilizado o numéri- Ex.: co (ordem de citação no texto). SOUZA, Elizabeth de Silva et al. Quando utilizar o sistema alfabético, as referên- cias devem ser reunidas no final do trabalho, do ar- Quando houver responsabilidade pelo conjunto tigo ou capítulo, em uma única ordem alfabética. da obra, como no caso de coletâneas de vários auto- Quando na ordenação das referências o(s) no- res, a entrada deve ser feita pelo responsável intelec- me(s) do(s) autor(res) de várias obras referencia- tual (organizador, coordenador, editor), seguido da das sucessivamente aparecerem na mesma página abreviação da palavra que caracteriza a responsabi- poderão ser substituídos, nas referências seguintes lidade entre parênteses. Ex.: à primeira, por um traço sublinear (underline) – MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). (equivalente a seis espaços) – e ponto. Além do nome do autor, o título de várias edi- • Autor entidade: (órgãos governamentais, em- ções de um documento referenciado sucessivamen- presas, associações, congressos). As obras com te, na mesma página, também pode ser substituído responsabilidade de entidade têm entrada pelo por um traço sublinear nas referências seguintes à seu próprio nome, por extenso. Ex.: primeira. Ex.: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral TÉCNICAS. da administração. 5. ed. São Paulo: Makron, 1998. CONGRESSO BRASILEIRO DE 920 p. BIBLIOTECONOMIA, 2., 2001, Rio de Janeiro. 86 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 86 5/19/09 8:43:33 AM
  • 40. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT Quando a entidade tem uma denominação ge- • Indicação de responsabilidade: nessa área de- nérica, seu nome é precedido pelo nome do órgão vem figurar outras indicações de responsabili- superior. Ex.: dade que não sejam o autor, tais como tradu- BRASIL. Ministério da Educação. MATO GROSSO tor, ilustrador, entre outros. Ex.: DO SUL (Estado). KELSEN, Hans. Obras completas. Tradução de João Baptista Machado. Quando a entidade estiver vinculada a um órgão maior, tem uma denominação que a identifica, a en- • Edição: deve ser indicada a partir da segun- trada é feita diretamente pelo seu nome em CAIXA da, sempre em algarismos arábicos seguido da ALTA. Em caso de duplicidade de nomes, coloca-se abreviação da palavra edição, observando o entre parênteses, no final, o nome da unidade geo- idioma do documento. Ex.: gráfica a que pertence. Ex.: 2. ed. BIBLIOTECA NACIONAL (México). 5th ed. 5. ed. rev. • Autoria desconhecida: quando não identifica- do o autor, a entrada é feita pelo título, con- • Local: deve ser indicado conforme figura no siderando a primeira palavra em maiúsculas, documento e, caso haja homônimos de cida- excluindo-se os artigos. Ex.: des, acrescenta-se o nome do estado, do país. DICIONÁRIO de alemão-português. Se houver mais de um local para uma só edi- tora, indica-se o primeiro ou o mais destacado. • Título: tanto o título como o subtítulo devem Quando a cidade não aparece no documento, ser reproduzidos tal como figuram no docu- mas pode ser identificada, indica-se entre col- mento utilizado como fonte de consulta. O tí- chetes [ ]; sendo impossível a sua identificação, tulo é separado do subtítulo por dois-pontos. indica-se s.l., sine loco, entre colchetes [s.l.]. Ex.: RICHARDOSN, Roberto Jarry. Pesquisa social: • Editor(a): deve ser indicado(a) tal como figura métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. no documento, abreviando-se os prenomes e suprimindo-se os elementos de natureza jurí- Observe que título é sempre destacado; o subtítulo, dica ou comercial, desde que dispensáveis para não. O recurso tipográfico para o destaque do título identificação. Ex.: pode ser negrito, grifo ou itálico. Títulos e subtítu- Saraiva los demasiadamente longos podem ser suprimidos, Editora da UFRJ. desde que não incidam sobre as primeiras palavras, e não altere o sentido. A supressão deve ser indicada Quando houver duas editoras, indicam-se ambas, por reticências. com seus respectivos locais. Se as editoras forem três Ao referenciar-se um periódico considerando a ou mais, indica-se a destacada ou a primeira. Na fal- coleção, o título deve ser o primeiro elemento da ta da editora, deve-se indicar a expressão latina sine referência, devendo figurar em letras maiúsculas. Se nomine, abreviada entre colchetes [s.n.]. possuírem títulos genéricos, incorpora-se o nome • Data: a data da publicação deve ser indicada da entidade autora ou editora, que se vincula ao tí- em algarismos arábicos; considerado um ele- tulo por uma preposição entre colchetes. Ex.: mento essencial de referência, deve ser sempre BOLETIM ESTATÍSTICO [da] Sociedade Nacio- indicada, seja ela de publicação, distribuição, nal de Agricultura. copyright, impressão ou apresentação. 87 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 87 5/19/09 8:43:33 AM
  • 41. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Caso nenhuma data de publicação, distribuição, Quando se referenciam partes de publicações, copyright, impressão ou apresentação possa ser iden- mencionam-se os números das folhas ou pági- tificada, registra-se uma data aproximada entre col- nas inicial e final, precedidos da abreviatura “f ” chetes, conforme as indicações: ou “p.”, ou outra forma de individualizar a parte [1971 ou 1972] um ano ou outro referenciada.Ex.: [1969?] data provável p. 8-16 [1973] data certa, não indicada cap. 18 [entre 1906 e 1912] use intervalos menores de 20 anos No caso de publicações não paginadas ou com pa- [ca. 1960] data aproximada ginação irregular, indicam-se, por extenso, as seguin- tes expressões: não paginado; paginação irregular. [197-] década certa • Ilustrações: indicam-se as ilustrações de qual- [197-?] década provável quer natureza pela abreviatura “il.”, para ilus- [18--] século certo trações coloridas, usar “ il. color.”. [18--?] século provável • Séries e coleções: além dos dados de descrição física, podem ser incluídas notas relativas a sé- Nas datas de publicações periódicas, indicam-se ries e/ou coleções. Indicam-se, entre parênte- as datas inicial e final do período de edição, quando ses, os títulos das séries ou coleções, separados, se tratar de publicação encerrada. Para as coleções por vírgula, da numeração, em algarismos ará- em curso de publicação, indica-se apenas a data ini- bicos. Ex.: cial, seguida de hífen e um espaço. Ex.: (Coleção Lourenço Filho, 3). REVISTA BRASILEIRA DE EPIDEMIOLOGIA. São (Coleção Amazônica. Série Inglês de Souza). Paulo, ABRASCO, 1998-. Quadrimestral. • Notas: são informações complementares, ao Os meses devem ser abreviados no idioma da pu- final da referência, sem destaque tipográfico. blicação, não abreviando-se os meses com quatro No caso de teses, dissertações e trabalhos aca- letras ou menos. dêmicos, devem ser indicados em nota os tipos • Descrição física: publicações constituídas de de documento (tese, dissertação, trabalho de apenas uma unidade física, ou seja, um volu- conclusão etc.), o grau, a vinculação acadêmi- me, indica-se o número total de páginas, ou ca, o local e a defesa, mencionada na folha de folhas, seguido da abreviatura “p.” ou “f ”. aprovação (se houver). Observe que a folha é composta de duas laudas, Exemplos de referências bibliográficas anverso e verso. Alguns trabalhos, como teses e dis- Publicações avulsas (LIVROS) sertações, são impressos apenas no anverso e, neste Conforme a situação de consulta a documentos caso, indica-se “ f ”. impressos ou eletrônicos. Quando o documento for publicado em mais de Consideradas no todo: uma unidade física, ou seja, mais de um volume, in- CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. dica-se o número destes seguido da abreviatura “v”. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Se necessário designar somente um dos volumes Books, 1996. 55 p. il. utilizados, coloca-se a abreviatura “v” precedendo o número do volume. Ex.: Acesso em meio eletrônico 4 v. ABREU, Cassimiro de. As primaveras. Rio de Janeiro: v. 2 Fundação Biblioteca Nacional, 2003. Disponível 88 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 88 5/19/09 8:43:33 AM
  • 42. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT em: <http://www.bn.br/script/Fbn Objeto Digital. em razão de idade, inscrição em concurso para asp?pCodBibDig= 247317>. cargo público. In: ______. Súmulas. São Paulo: Acesso em: 9 mar. 2004. Associação dos Advogados do Brasil, 1994. p. 16. Considerado em parte (capítulo) Doutrina VILLA, Fernanda Collart; CARDOSO, Marta BARROS, R. G. de. Ministério Público: sua Rezende. A questão das fronteiras nos estados limites. In: CARDOSO, Marta Rezende (Org.); legitimação frente ao Código do Consumidor. ANDRÉ, Jacques. Limites. São Paulo: Escuta, Revista Trimestral de Jurisprudência dos Estados. 2004. p. 59-70. São Paulo. v. 19, n.º 139, p. 53-72, ago. 1995. KLINK, Amyr. Um sonho que se apaga. In: ______. Cem dias entre céu e mar. São Paulo: Companhia Documento jurídico on-line das Letras, 1995. p. 89-100. BRASIL. Lei n.º 9.279, de 14 de maio de 1996. Re- gula direitos e obrigações relativos à propriedade Documentação jurídica industrial. In: SENADO FEDERAL. Legislação Re- Legislação publicana Brasileira. Brasília, 1996. Disponível em: BRASIL. Código Civil. Organização dos textos, <http://senado.gov.br/sf/legislação/legisla/>. Acesso notas remissivas e índices por Juarez de Oliveira. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. em: 23 nov. 2004. Apelação Cível Publicações seriadas (Revistas, Jornais) BRASIL. Tribunal Regional Federal. Região, 5. Ad- Consideradas no todo (Coleção) ministrativo. Escola Técnica Federal. Pagamento ARQUIVOS BRASILEIROS DE ARQUITETURA. de diferenças referente a enquadramento de servi- Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1969-1978. dor decorrente da implantação de Plano Único de Classificação e Distribuição de Cargos e Empregos, instituído pela Lei n.º 8.270/91. Predominância da Artigos de revista lei sobre a portaria. Apelação cível n.º 42.441-PE GALVÃO, Joana; PIRES, Sueli. A atuação do (94.05.01629-6). Apelante: Edilemos Mamede dos assistente social em empresas. Ciência Social, Santos e outros. Apelada: Escola Técnica Federal de Brasília, v. 32, n. 3, p. 54-61, set./dez. 2003. Pernambuco. Relator: Juiz Nereu dos Santos. Recife, 4 de março de 1997. Lex – Jurisprudência do STJ e Artigo de revista em meio eletrônico Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10, n.º 103, p. 558-562, mar. 1998. CRISPIN, Luiz Augusto. O direito contemporâneo e a era dos princípios. Prim@Facie, João Pessoa, Habeas corpus v. 2, n. 2. p. 19-28, jan./Jun. 2003. Disponível em: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Processual <http://www.ccj.ufpb.br/primafacie/>. Acesso em: penal. Habeas corpus. Constrangimento ilegal. Ha­ 10 mar. 2004. beas corpus n.º 181.636-1, da 6.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Brasília, Artigos de jornais DF, 6 de dezembro de 1994. Lex – Jurisprudência do ANGIER, Natalie. O inquieto DNA. Zero Hora, STJ e Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10, n. 103, p. 236-240, mar. 1998. Porto Alegre, 8 mar. 2004. Eureka. Genética. p. 4-5. Súmulas Artigo de jornal em meio eletrônico BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n.º 14. CONSTANTINO, Luciana; MENA, Fernanda. Au- Não é admissível por ato administrativo restringir, tonomia universitária tem novo impulso. Folha de 89 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 89 5/19/09 8:43:33 AM
  • 43. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica S.Paulo, São Paulo, 8 mar. 2004. Educação. Dispo- literal do texto-fonte – ou indiretas, também chama- nível em: <http://www.1.folha.uol.com.br/folha/ das de paráfrases – quando se baseiam no texto-fonte. educação/Ult305u15167.shtml/>. Acesso em: 8 mar. Há uma formatação específica para cada tipo de 2004. citação. As citações do tipo direta devem constar no texto em destaque. Quando tiverem até três linhas, Teses e dissertações devem ficar entre aspas duplas. Ex.: ARAÚJO, U. A. M. Máscaras inteiriças Tukúna: pos- De acordo com Yin (2001, p. 79), “Para ajudar sibilidades de estudo de artefatos de museu para o o pesquisador a realizar um estudo de caso de alta conhecimento do universo indígena. 1985. 102 f. qualidade, deve-se planejar sessões intensivas de Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Fun- treinamento, desenvolver e aprimorar protocolos dação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, de estudo de caso”. São Paulo, 1985. Caso a citação direta apresente mais de três linhas, deverá ser indicada com recuo de 4 cm da margem Eventos esquerda, em fonte 11, justificada, sem aspas ou ou- Considerado no todo (Anais) tro destaque. Ex.: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO, 13., 2002. São Leopoldo. Considerando-se, entrementes, a importância Anais... São Leopoldo: Unisinos, 2002. do papel da universidade para a sociedade mo- derna, de atenção, de antemão, é possível in- ferir as enormes dificuldades e pressões a que Considerado em parte em meio eletrônico (trabalho estará submetida a administração desse tipo de apresentado em Evento) biblioteca, porquanto ZORZAL, Bruno Saiter. O ciberespaço e a dinâmica do conhecimento. In: SIMPÓSIO DA PESQUISA A universidade pelas próprias finalidades exerce importância na construção da socie- EM COMUNICAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE, dade moderna. Ela tem um compromisso 8., 2001. Vitória. Banco de Papers. Vitória: com o passado, preservando a memória; com INTERCON, 2001. Disponível em: <http://www. o presente, gerando novos conhecimentos; e intercom.org.br/papers/indexbp.html>. Acesso em: com o futuro funcionando como vanguarda 20 fev. 2001. [...]. Tem que estar presente e atuar de forma que seu ensino, sua pesquisa e seus serviços Documentos de Acesso Exclusivo em Meio de extensão atendam às exigências dos novos Eletrônico tempos, sob perspectiva de um enfrentamen- Deve-se ter cuidado com esse tipo de documento to dos problemas da estrutura socioeconômi- ca vigente (KUNSCH, 1992, p. 23). utilizando-se mensagens de correio eletrônico so- mente na ausência de outras fontes que tratem do assunto em pauta. Por seu caráter informal, carecem As citações do tipo indireta deverão aparecer no de tratamento científico. texto sem destaque, pois representam o pensamen- to do autor-fonte, porém elaboradas pelo autor do BLACKWELL. Bases de dados. Disponível em: trabalho. <http://www.periodicos.capes.gov.br/>. Acesso em: A citação será considerada uma paráfrase quan- 22 de mar. 2004. do a expressão da idéia de outro for indicada com as próprias palavras, mantendo aproximadamente o Citações mesmo tamanho do original. Será uma condensação De acordo com a NBR 10520, citar é mencionar no quando a citação apresentar uma síntese de dados texto informações obtidas em outras fontes. As cita- extraídos da fonte consultada, sem alterar a idéia do ções podem ser diretas – quando é feita a transcrição autor-fonte. 90 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 90 5/19/09 8:43:34 AM
  • 44. AULA 6 — Apresentação de Trabalhos Acadêmicos – Normas da ABNT A indicação da autoria nas citações segue algu- data, entre parênteses, acrescida da(s) página(s), se mas regras: a chamada pelo sobrenome do autor ou a citação for direta. Ex.: entidade responsável deve ser em letras maiúsculas e minúsculas e, quando estiverem entre parênteses, Segundo Triviños (1987, p. 93), “A prática quotidiana devem aparecer em letras maiúsculas. Ex.: e as vivências dos problemas no desempenho pro- fissional diário ajudam, de forma importantíssima”. Demo (1996) atrela a atividade científica ao ques- tionamento e, portanto, à revisão da ordem esta- Quando houver coincidência de sobrenomes de belecida, o que ameaça a manutenção do sistema autores, acrescentam-se as iniciais de seus preno- vigente. mes. Ex.: A atividade científica deve estar atrelada ao questio- namento e, portanto, à revisão da ordem estabeleci- (DORNELES, C., 2002) da, o que ameaça a manutenção do sistema vigente (DORNELES, B. V., 1998) (DEMO, 1996). Quando as citações forem de diversos docu- Observe que nas citações indiretas a indicação mentos de um mesmo autor, publicados no mes- das páginas consultadas é opcional. mo ano, serão distinguidas pelo acréscimo de le- Caso haja necessidade de fazer supressões, inter- tras minúsculas, em ordem alfabética, após a data polações ou comentários, dar ênfase ou destaques, e sem espacejamento, conforme a lista de referên- deve-se utilizar os seguintes recursos: cias. Ex.: Supressões: [...] Conforme Silva (2000a) Interpolações ou comentários: [ ] Ênfase ou destaques: grifo ou negrito ou itálico. (SILVA, 2000b) Quando se tratar de informações obtidas verbal- mente (palestras, debates etc.), indicar, entre parênte- As citações indiretas de diversos documentos da ses, a expressão “informação verbal”, mencionando- mesma autoria, publicados em anos diferentes e se os dados disponíveis, em nota de rodapé. Ex.: mencionados simultaneamente, têm as suas datas No texto: separadas por vírgula. Ex.: O acesso remoto estará disponível até o final do (PEREIRA, 1988, 1990, 1996) mês de maio (informação verbal).1 (COSTA; SILVA; BRASIL, 1990, 2003) 1 Notícia fornecida por Nara Silva ao JU da Unisinos, em São Leopol- do, em abril de 2004. Caso se adote o sistema numérico, a indicação da fonte será por uma numeração única e sucessiva, em Sistema de chamada das citações algarismo arábico, remetendo à lista de referências O sistema a ser utilizado no trabalho pode ser o ao final do trabalho, do capítulo ou parte, na mesma numérico ou o de autor-data. Deverá ser adotado um ordem em que aparecem no texto. único sistema, de forma a padronizar os procedimen- Não se deve iniciar a numeração das citações a tos com vistas a estabelecer um comparativo com a lista de referências constante no final do trabalho. cada página, como também não se deve utilizar esse No caso de se adotar o sistema autor-data, deve-se sistema quando há notas de rodapé. se atentar para que se indique a autoria, tão logo A indicação da numeração pode ser feita entre feita a citação. parênteses ou não, alinhada ao texto, ou situada Quando o(s) nome(s) do(s) responsável(is) pela pouco acima da linha do texto em expoente à linha obra estiver(em) incluídos na sentença, indica-se a deste, após a pontuação que fecha a citação. Ex.: 91 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 91 5/19/09 8:43:34 AM
  • 45. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica No texto: Sequentia – seguinte ou que se segue – et seq.;* O foco básico do varejo está localizado no con- Apud – citado por, conforme, segundo. sumidor final2. * Estas expressões só podem ser utilizadas caso a citação ocorra na No rodapé: mesma página. A expressão apud poderá ser utilizada também quando se adota o sistema autor-data, para o caso de indicar citação de citação. 2 NOVAES, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2001. Notas de rodapé Conforme pode-se verificar no exemplo, a pri- As notas de rodapé podem ser de referência, confor- meira citação de uma obra, em nota de rodapé, deve me explicado anteriormente, ou notas explicativas. aparecer completa; as subsequentes de uma mesma As notas explicativas devem seguir uma única obra podem ser referenciadas de forma abreviada e consecutiva numeração, não se iniciando nova a cada página, e servem para acrescentar informações utilizando as seguintes expressões: que não puderam constar no texto. Ex.: Idem – mesmo autor – Id;* No texto: Ibidem – na mesma obra – Ibid.; Outros estudiosos3 da comunicação que também Opus citatum, opere citato – obra citada – op. cit.;* atuaram nos Estados Unidos foram especialistas em Passim – aqui e ali, em diversas passagens – Ciência Política. passim;* No rodapé: Loco citato – no lugar citado – loc. cit.; 3 A linha norte-americana de pesquisa sempre seguiu tendências Confira, conforme – cf.; mais quantitativas. * ANOTAÇÕES 92 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 92 5/19/09 8:43:34 AM
  • 46. Referências Referências MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, ARAÚJO, C. B. Z. M.; DALMORO, E. L.; FIGUEIRA, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e K. C. N. Trabalhos monográficos: normas técnicas e execucão de pesquisas, amostragens e técnicas de padrões. Campo Grande: Uniderp, 2002. pesquisas, elaboração, análise e interpretação de ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS dados. 3. ed. Sao Paulo: Atlas, 1998. TÉCNICAS. NBR 6023: informação e MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a documentação: referências: elaboração. Rio de prática de fichamentos, resumos, resenhas. 3. ed. Janeiro, 2002. São Paulo: Atlas, 1997. ______. NBR 6024: numeração progressiva das ______. Redação científica: a prática de seções de um documento. Rio de Janeiro, 1989. fichamentos, resumos, resenhas. 4. ed. São Paulo: ______. NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro, 1989. Atlas, 2000. ______. NBR 6028: resumo. Rio de Janeiro, 1990. MEGALE, Januario Francisco. Introdução às ciências sociais: roteiro de estudo. 2. ed. São Paulo: ______. NBR 10520: apresentação de citações em Atlas, 1989. documentos. Rio de Janeiro, 2002. MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa ______. NBR 10719: apresentação de relatórios social: teoria, método e criatividade. 18. ed. técnico-científicos. Rio de Janeiro, 1989. Petrópolis: Vozes, 2001. ______. NBR 14724: trabalhos acadêmicos: ______; SANCHES, Odécio. Quantitativo- apresentação. Rio de Janeiro, 2002. qualitativo: oposição ou complementaridade? AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, científica. 5. ed. Piracicaba: UNIMEP, 1997. jul./set. 1993. ______. O prazer da produção científica. 7. ed. MORAIS, Régis. Filosofia da ciência e da tecnologia. Piracicaba: UNIMEP, 1999. 5. ed. Campinas: Papirus, 1988. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12. ed. São NEVES, José Luis. Pesquisa qualitativa – Paulo: Ática, 2000. características, usos e possibilidades. Caderno de CHIZZOTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas Pesquisa em Administração, São Paulo, v. 1, n. 3, e sociais. São Paulo: Cortez, 1995. 2. sem./ 1996, p. 1-5. Disponível em: <http://www. CONTANDRIOPOULOS, André-Pierre et al. Saber ead.fea.usp.br/Cad-pesq/arquivos/C03-art06.pdf>. preparar uma pesquisa. Tradução de Silvia Ribeiro Acesso em: 10 abr. 2008. de Souza. 3. ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: Abrasco, 1999. métodos e técnicas. 3. ed. ampl. rev. São Paulo: DENCKER, Ada; VIÁ, Sarah Chucid da. Pesquisa Atlas, 1999. empírica em ciências humanas (com ênfase em SANTOS FILHO, José Camilo dos. Pesquisa comunicação). São Paulo: Futura, 2001. educacional: qualidade-quantidade. 3. ed. São GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de Paulo: Cortez, 2000. pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia ______. Como elaborar projetos de pesquisa. São científica: a construção do conhecimento. 3. ed. Rio Paulo: Atlas, 1996. de Janeiro: DP&A, 2000. ______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do São Paulo: Atlas, 1996. trabalho científico. 20. ed. São Paulo: Cortez, 1996. LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica: TRINDADE, Vitor; FAZENDA, Ivani; LINHARES, ciência e conhecimento científico, métodos Célia (Org.). Os lugares dos sujeitos na pesquisa científicos, teoria, hipóteses e variáveis. 2. ed. São educacional. Campo Grande: EdUFMS, 1999. Paulo: Atlas, 1999. TRIVIÑOS, Nibaldo. Introdução à pesquisa em ______; MARCONI, Marina de Andrade. ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995. São Paulo: Atlas, 1992. 93 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 93 5/19/09 8:43:34 AM
  • 47. Unidade Didática — Metodologia da Pesquisa Científica Comunicação e Metodologia da Pesquisa SEMINÁRIO INTEGRADO Caro(a) Acadêmico(a), A unidade didática Seminário Integrado visa a articulação das unidades existentes no módulo, e a percepção da aplicação prática dos conteúdos ministrados. Por meio da interdependência adquirida com as unidades didáticas deste Seminário, o futuro pro- fissional será capaz de articular a teoria, adquirida no ensino superior, com a prática exigida no coti- diano da profissão. Para tanto, é necessário o enten- dimento de que os conteúdos, de cada Unidade Di- dática, permitirão um estudo integrado, formando um profissional completo e compromissado com o mercado de trabalho. Ao desenvolver esta unidade, você deverá aplicar todos os conhecimentos adquiridos no decorrer do módulo, elaborando uma atividade. A atividade referente ao Seminário Integrado está disponibilizada no Portal da Interativa. Bom trabalho! Professores Interativos do Módulo 94 Modulo01_SSocial_4sem_Unidade03.indd 94 5/19/09 8:43:35 AM