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A ASCENSÃO DA MULHER NO MEIO SOCIAL



     Desde os primórdios da humanidade, a mulher vem sendo considerada um ser

inferior ao homem, submisso e dependente de seus cuidados; o “sexo frágil”. A própria

Igreja Católica, refirindo-se à Bíblia, coloca a primeira mulher, “Eva”, como advinda de

uma costela do Adão ( primeiro homem): marca de inferioridade, onde a mulher vem após

a aparição do homem.

     Durante longa data nada fizemos: não questionamos, não agimos, não exigimos.

Somente consideramo-nos reles incapazes, inferiores à inteligência lógico-matemática dos

homens, sem condições de sobrevivência senão à companhia do pai, do irmão, do marido,

ou de qualquer outro representante do “sexo forte”. A mulher então deixaria de existir

como um ser pensante,

                        para ser apenas um ‘grande útero’. Historicamente é um erro fazer esse tipo de
                        afirmação. Se remontarmos a Pré-História veremos que o papel representado
                        pela mulher era tão ou mais importante que o do homem, já que cabia a ela a
                        tarefa da coleta dos alimentos. Foi a mulher a responsável pela Revolução
                        Agrícola; e, portanto, do fim da dependência total do Homem da natureza.
                        (Professora Mestra Miriam Munhoz Fernandes: palestra ‘ O papel da mulher na
                        sociedade brasileira’)
     No Brasil, assim que Portugal tomou posse de nossas terras, a mulher européia vinda

de lá teve mais liberdade em relação às mulheres na Europa; valorizadas porque eram

minoria. As mulheres de classe baixa eram mais “donas de seus narizes”: tinham que

trabalhar para seu próprio sustento, podiam escolher seus parceiros, e separar-se deles

quando bem entendessem. Tudo isso se devia a não presença da Igreja; o que tornava a

sociedade mais flexível.

     Em 1530, quando os lusitanos resolveram definir a posse das terras brasileiras,

trouxeram a Igreja, a fim de catequizar a sociedade e impor uma nova conduta às mulheres;

para que ela fosse incluída no novo regimento (tipicamente europeu).

     Foi-lhe atribuído o papel de dona-de-casa, onde deveria aprender a se comportar

diante de outrem, como se vestir e para onde olhar (normalmente para o chão). Se não
geravam filhos podiam ser devolvidas (como um produto estragado), às suas famílias, onde

seriam confinadas em casa sofrendo humilhações constrangedoras, ou mandadas para um

convento ou hospício. Quando não se enquadravam nessas determinações ou se eram

pobres, encaminhavam-se aos prostíbulos, “casa das mulheres de vida ‘fácil’”. Segundo

Saint-Hilaire, a mulher brasileira era vista com tanto desprezo, que a sua posição poderia

ser comparada a de um cão.

                       (...) Cercado de escravos, o brasileiro habitua-se a não ver senão escravos entre
                       os seres sobre (sic) os quais tem superioridade, seja pela força (sic), seja pela
                       inteligência. A mulher é, muitas vezes (sic), a primeira escrava da casa, o cão é o
                       último. (SAINT-HILAIRE, Viagem à província de São Paulo e resumo das
                       viagens ao Brasil, província cisplatina e missões do Paraguai, p. 137-8).

      Com a chegada da Família Real portuguesa, no Rio de Janeiro em 1807, algumas

condutas aparentes na colônia foram mudadas, uma vez que muitos costumes relacionados

à mulher foram conservados. O processo de urbanização fez com que as mulheres da alta

classe freqüentassem festas, teatros, possibilitando um maior contato social.

                       Aos poucos, a mulher sai da domesticidade e integra-se finalmente na sociedade,
                       a princípio como escritora ou professora. Em fins do século XIX, o Brasil já
                       possuíam mulheres que sabiam ler e escrever, limitando-se, no entanto, à esfera
                       medíocre do romance francês. Uma grande mudança ocorre com o surgimento de
                       Nísia Floresta, uma feminista que escandalizou muitas das jovens senhoras
                       brasileiras acostumadas ao simples afrancesamento de sua cultura. O Padre
                       Lopes Gama muitas vezes levantou a voz contra as feministas, acusando-as de
                       serem terríveis pecadoras. Para ele, a mulher deveria somente se preocupar com
                       a administração de sua casa. (Gilberto Freyre. Sobrados e mucambos:
                       decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. p. 109-110.)


      Com a Revolução Industrial, no século XVIII, os industriários passaram a ir em

busca de mercados consumidores. Sendo assim, a Inglaterra exigiu a abolição da

escravatura brasileira, que se findou no ano de 1850. A mulher negra adquiriu um novo

espaço, mas sua posição era inferior a do homem negro. O ex-escravo passou a ser

considerado um cidadão tendo o direito de voto, enquanto as mulheres (negras e brancas)

permaneciam sem esse direito.
No século XX, o mundo foi marcado com grandes guerras e grandes conquistas para

o campo feminino. No dia 24 de fevereiro de 1932, o presidente Getúlio Vargas, instituiu

que a partir daquela data, as mulheres brasileiras (depois de anos de reivindicações e

discussões), teriam o direito de votar e se candidatar para cargos no executivo e no

legislativo.

      Na década de 60, o mundo foi tomado por manifestações que tiveram a participação

de nomes que ficaram para a história: Marilena Chauí (brasileira e petista), Jane Fonda

(atriz americana) e Betty Friedan (escritora americana). Esse grande movimento foi

denominado feminismo e sem dúvida foi deslanche para uma nova liberdade de “ir e

vir”das mulheres.

      Desde então a mulher tem maior presença nas universidades, tem direito ao divórcio,

tem maior efetivação no mercado de trabalho, e o mais importante: adquiriu um maior

respeito no meio social, embora ainda exista um grande preconceito.

      A mulher atual é filha, mãe, amiga, dona-de-casa, esposa, profissional. Até mesmo

no mercado de trabalho, a mulher é mais cobrada que o homem, exigindo-se dela curso

universitário, pós-graduação, conhecimento de idiomas, noções de informática e Internet.

      A última observação a ser feita é a de a mulher estar passando a ser reconhecida pela

sociedade e, sobretudo por ela mesma. Procurando questionar, agir, exigir e não se redimir

às ações do homem. Somos juízas, médicas, engenheiras, ou tudo o mais procuramos ser.

Demonstrando assim que a inteligência é uma característica HUMANA e não somente do

homem.

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Mulher na sociedade brasileira

  • 1. A ASCENSÃO DA MULHER NO MEIO SOCIAL Desde os primórdios da humanidade, a mulher vem sendo considerada um ser inferior ao homem, submisso e dependente de seus cuidados; o “sexo frágil”. A própria Igreja Católica, refirindo-se à Bíblia, coloca a primeira mulher, “Eva”, como advinda de uma costela do Adão ( primeiro homem): marca de inferioridade, onde a mulher vem após a aparição do homem. Durante longa data nada fizemos: não questionamos, não agimos, não exigimos. Somente consideramo-nos reles incapazes, inferiores à inteligência lógico-matemática dos homens, sem condições de sobrevivência senão à companhia do pai, do irmão, do marido, ou de qualquer outro representante do “sexo forte”. A mulher então deixaria de existir como um ser pensante, para ser apenas um ‘grande útero’. Historicamente é um erro fazer esse tipo de afirmação. Se remontarmos a Pré-História veremos que o papel representado pela mulher era tão ou mais importante que o do homem, já que cabia a ela a tarefa da coleta dos alimentos. Foi a mulher a responsável pela Revolução Agrícola; e, portanto, do fim da dependência total do Homem da natureza. (Professora Mestra Miriam Munhoz Fernandes: palestra ‘ O papel da mulher na sociedade brasileira’) No Brasil, assim que Portugal tomou posse de nossas terras, a mulher européia vinda de lá teve mais liberdade em relação às mulheres na Europa; valorizadas porque eram minoria. As mulheres de classe baixa eram mais “donas de seus narizes”: tinham que trabalhar para seu próprio sustento, podiam escolher seus parceiros, e separar-se deles quando bem entendessem. Tudo isso se devia a não presença da Igreja; o que tornava a sociedade mais flexível. Em 1530, quando os lusitanos resolveram definir a posse das terras brasileiras, trouxeram a Igreja, a fim de catequizar a sociedade e impor uma nova conduta às mulheres; para que ela fosse incluída no novo regimento (tipicamente europeu). Foi-lhe atribuído o papel de dona-de-casa, onde deveria aprender a se comportar diante de outrem, como se vestir e para onde olhar (normalmente para o chão). Se não
  • 2. geravam filhos podiam ser devolvidas (como um produto estragado), às suas famílias, onde seriam confinadas em casa sofrendo humilhações constrangedoras, ou mandadas para um convento ou hospício. Quando não se enquadravam nessas determinações ou se eram pobres, encaminhavam-se aos prostíbulos, “casa das mulheres de vida ‘fácil’”. Segundo Saint-Hilaire, a mulher brasileira era vista com tanto desprezo, que a sua posição poderia ser comparada a de um cão. (...) Cercado de escravos, o brasileiro habitua-se a não ver senão escravos entre os seres sobre (sic) os quais tem superioridade, seja pela força (sic), seja pela inteligência. A mulher é, muitas vezes (sic), a primeira escrava da casa, o cão é o último. (SAINT-HILAIRE, Viagem à província de São Paulo e resumo das viagens ao Brasil, província cisplatina e missões do Paraguai, p. 137-8). Com a chegada da Família Real portuguesa, no Rio de Janeiro em 1807, algumas condutas aparentes na colônia foram mudadas, uma vez que muitos costumes relacionados à mulher foram conservados. O processo de urbanização fez com que as mulheres da alta classe freqüentassem festas, teatros, possibilitando um maior contato social. Aos poucos, a mulher sai da domesticidade e integra-se finalmente na sociedade, a princípio como escritora ou professora. Em fins do século XIX, o Brasil já possuíam mulheres que sabiam ler e escrever, limitando-se, no entanto, à esfera medíocre do romance francês. Uma grande mudança ocorre com o surgimento de Nísia Floresta, uma feminista que escandalizou muitas das jovens senhoras brasileiras acostumadas ao simples afrancesamento de sua cultura. O Padre Lopes Gama muitas vezes levantou a voz contra as feministas, acusando-as de serem terríveis pecadoras. Para ele, a mulher deveria somente se preocupar com a administração de sua casa. (Gilberto Freyre. Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. p. 109-110.) Com a Revolução Industrial, no século XVIII, os industriários passaram a ir em busca de mercados consumidores. Sendo assim, a Inglaterra exigiu a abolição da escravatura brasileira, que se findou no ano de 1850. A mulher negra adquiriu um novo espaço, mas sua posição era inferior a do homem negro. O ex-escravo passou a ser considerado um cidadão tendo o direito de voto, enquanto as mulheres (negras e brancas) permaneciam sem esse direito.
  • 3. No século XX, o mundo foi marcado com grandes guerras e grandes conquistas para o campo feminino. No dia 24 de fevereiro de 1932, o presidente Getúlio Vargas, instituiu que a partir daquela data, as mulheres brasileiras (depois de anos de reivindicações e discussões), teriam o direito de votar e se candidatar para cargos no executivo e no legislativo. Na década de 60, o mundo foi tomado por manifestações que tiveram a participação de nomes que ficaram para a história: Marilena Chauí (brasileira e petista), Jane Fonda (atriz americana) e Betty Friedan (escritora americana). Esse grande movimento foi denominado feminismo e sem dúvida foi deslanche para uma nova liberdade de “ir e vir”das mulheres. Desde então a mulher tem maior presença nas universidades, tem direito ao divórcio, tem maior efetivação no mercado de trabalho, e o mais importante: adquiriu um maior respeito no meio social, embora ainda exista um grande preconceito. A mulher atual é filha, mãe, amiga, dona-de-casa, esposa, profissional. Até mesmo no mercado de trabalho, a mulher é mais cobrada que o homem, exigindo-se dela curso universitário, pós-graduação, conhecimento de idiomas, noções de informática e Internet. A última observação a ser feita é a de a mulher estar passando a ser reconhecida pela sociedade e, sobretudo por ela mesma. Procurando questionar, agir, exigir e não se redimir às ações do homem. Somos juízas, médicas, engenheiras, ou tudo o mais procuramos ser. Demonstrando assim que a inteligência é uma característica HUMANA e não somente do homem.