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Curso: Pós Graduação- Libras com Ênfase Tradutor e Intérprete
Tema: Libras
Prof.ª Lê Cavalcanti
Breve História da educação dos Surdos
GREGOS E ROMANOS ATÉ A IDADE MÉDIA
• Antiguidade chinesa- os Surdos eram lançados ao mar.
• Os gauleses- os sacrificavam ao deus Teutates.
• Em Esparta- os Surdos eram jogados do alto dos rochedos e, em Atenas, eram rejeitados
e abandonados nas praças públicas ou nos campos.
• GREGOS E ROMANOS - Os Surdos não eram considerados seres humanos competentes.
Diziam que sem a fala não desenvolveria o pensamento. Aristóteles falava que a
linguagem era o que dava a condição de humano ao indivíduo. Para os romanos os Surdos
que não falavam não tinham direitos legais, não podiam fazer testamentos e precisavam
de um curador para todos os seus negócios. Eram incapazes de gerenciar seus atos,
perdiam sua condição de ser humano e eram confundidos com os retardados.
Os gregos, como também romanos, consideravam os Surdos privados de toda
possibilidade de desenvolvimento intelectual e moral. Essa situação só iria modificar
com o código Justiniano(483-484 a. C.), quando começam distinguir os graus de
deficiência auditiva; mas o que nascia Surdo não poderia ser educado, sendo
comparado aos idiotas, absolutamente incapaz.
IDADE MODERNA
• É na Espanha no século XVI que encontramos os primeiros educadores de
Surdos.
• GIROLAMO CARDAMO (1501-1576)- médico italiano declara que os Surdos
podiam e deviam receber uma instrução. Interessou-se pelo estudo do ouvido, nariz
e cérebro porque o seu primeiro filho era Surdo
• ABBÉ DE L’EPÉE- Charles-Michel de L’Epée, começou a ensinar os Surdos
em 1760 por razões religiosas, iniciando seu trabalho com duas irmãs Surdas.
• Reconheceu que a Língua de Sinais existia e se desenvolvia e era essencial
para a comunicação entre os Surdos. Utilizava os sinais já conhecidos pelos
Surdos para ensinar conceitos abstratos. Foi o primeiro a considerar que os
surdos tinham uma língua e fundou o Instituto Nacional para Surdos-Mudos em
Paris.
IDADE CONTEMPORÂNEA
• Jean Marc Itard, médico cirurgião se tornou médico residente do Instituto Nacional de
Surdos-Mudos (Paris). Estudou com Philipe Pinel, seguindo os pensamentos do filósofo
Condillac, para quem as sensações eram a base para o conhecimento humano e que
reconhecia somente a experiência externa como fonte de conhecimento.
• Dentro desta concepção era exigida a erradicação ou a “diminuição” da surdez para
que o Surdo tivesse acesso a este conhecimento. O que era considerado como
diferença passou a ser reconhecido como doença e, portanto passível de tratamento
para sua erradicação e a supressão do “mal”. Estes dois pilares onde Itard constrói seu
conhecimento influenciaram de forma marcando a sua atuação.
Para descobrir as causas visíveis da surdez Itard
 Dissecou cadáveres de surdos;
 Aplicou cargas elétricas nos ouvidos de surdos;
 Usou sanguessugas para provocar sangramentos;
 Furou as membranas timpânicas de alunos (alunos morreram por este motivo);
 Fez várias experiências e publicou artigos sobre técnica especial para colocar
cateteres no ouvido de pessoas com problemas auditivos, tornando-se famoso e
dando nome à Sonda de Itard;
 Furou o crânio de alguns alunos;
 Infeccionou pontos atrás das orelhas deles.
EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL
Iniciou na época do imperador D. Pedro II;
→ Genro de D. Pedro II , conde d'eu era surdo;
→ no ano de 1855 D. Pedro II trouxe para o brasil, diretamente do instituto de Paris,
Hernest Huet, um professor surdo;
→ Huet nasceu em paris em 1822, ficou surdo aos 12 anos de idade;
→ Antes de adquirir a surdez falava francês, alemão e português, e após ficar surdo
aprendeu espanhol;
→ Em 1857 foi fundada no brasil a primeira escola de surdos no brasil, hoje instituto
nacional de educação de surdos (INES);
→ Brasil, como todo mundo sofre influência do congresso de 1880;
EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL
“Mas é somente na década de 1960 que a L.S. Volta a ser considerada como
língua, por meio das observações feitas pelo linguista americano William
Stoker...”(Sacks, 1998, p. 28)
→ Década de 80 inicia-se as discussões acerca do bilinguismo no Brasil;
→ A partir das pesquisas desenvolvidas por Lucinda Ferreira Brito sobre a língua
brasileira de sinais, deu-se início as pesquisas, seguindo o padrão internacional de
abreviação das línguas de sinais, a brasileira foi batizada como professora de
LSCB (língua de sinais dos centros urbanos brasileiros.
→ a partir de 1994, Brito passa a utilizar a abreviação LIBRAS (língua brasileira de
sinais), que foi criada pela própria comunidade surda para designar a LSCB.
Introdução ao estudo da Língua Brasileira de Sinais
• A Libras é uma das línguas de sinais existentes no mundo inteiro para a
comunicação entre surdos. Ela tem origem na Linguagem de Sinais Francesa.
• As línguas de sinais não são universais, elas possuem sua própria estrutura de
país para país e diferem até mesmo de região para região de um mesmo país,
dependendo da cultura daquele determinado local para construir suas
expressões ou regionalismos.
• Para determinar o seu significado, os sinais possuem alguns parâmetros para a
sua formação, como por exemplo a localização das mãos em relação ao corpo, a
expressão facial, a movimentação que se faz ou não na hora de produzir o sinal,
etc.
•Há algumas particularidades simples, que facilitam o entendimento da língua,
como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais
não serem representados, sendo necessário apontar a pessoa de quem se fala
para ser entendido. Há ainda algumas palavras que não tem sinal correspondente,
como é o caso dos nomes próprios. Nessa situação, as letras são sinalizadas uma
a uma para expressar tal palavra.
Cada país tem sua língua de sinais
É bastante comum a suposição de que todas as línguas de sinais são iguais ou
que se deveria criar uma língua de sinais internacional. Mas assim como cada país
tem seu idioma, tem também sua língua de sinais.
Embora existam propostas de línguas universais (como o Esperanto e o
Gestuno), sabe-se que línguas são manifestações vivas e culturais, modificam-se
com o tempo, acompanham a história e os contextos sociais e culturais de um
determinado grupo. Sempre haverá apropriações e transformações, assim como
diversidade de uso.
Língua escrita de Sinais: SignWriting
Já se defendeu que a impossibilidade de uma versão escrita da língua de
sinais confirmaria sua invalidade linguística. Pois esta suposição já́ foi
contrariada, o SignWriting consiste em um sistema de escrita da língua de sinais,
criado por Valerie Sutton em 1974, capaz de transcrever línguas de sinais do
mesmo modo que o Alfabeto Fonético Internacional é capaz em relação as
línguas faladas.
Existem, inclusive, títulos de livros infantis que empregam tanto o português,
quanto o SignWriting, além de recontar histórias clássicas a partir de
personagens surdos como é o caso de “Rapunzel Surda” e “Cinderela Surda”.
Livro 'Rapunzel Surda', de
Carolina Hessel Silveira,
Fabiano Rosa e Lodenir
Becker Karnopp
SignWriting
Diversidade dentro de um mesmo país
O caráter linguístico da língua de sinais também é reconhecido pela ocorrência de
regionalismos, variações locais, sotaques, gírias, da mesma maneira que ocorre com as línguas
orais.
Exemplo de variação linguística: sinal de "verde", usado em MG, RJ, MS, DF, PR, BA e CE.
Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira.
Exemplo de variação linguística: sinal de "verde", usado em SP e RS.
Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais
brasileira.
Exemplo de sinal icônico: escovar dentes. Fonte: Dicionário enciclopédico
ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira
 sinais icônicos- que fazem alusão a imagem do que representam.
 sinais arbitrários- que não mantêm semelhança com o que representam.
sinais icônicos e arbitrários
Exemplo de sinal arbitrário: conversar. Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da
língua de sinais brasileira.
Mesmo os sinais icônicos não são necessariamente evidentes. Para quem não conhece a
língua, entender uma conversa em Libras, geralmente é bastante difícil.
OS PARÂMETROS
CONFIGURAÇÃO DAS MÃOS
São formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão
predominante ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador.
Os sinais: APRENDER, LARANJA e ADORAR tem a mesma configuração de mão.
PONTOS DE ARTICULAÇÃO
É o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em
um espaço neutro vertical e horizontal.
Os sinais: TRABALHAR, BRINCAR, CONSERTAR, são feitos em espaço neutro e os sinais ESQUECER,
APRENDER e PENSAR são feitos na testa.
ORIENTAÇÃO
Os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de oposição, contrário ou
concordância. Como os sinais, QUERO e NÃO QUERO e IR e VIR.
MOVIMENTO
É um parâmetro complexo porque, durante a realização do sinal, engloba o deslocamento de uma ou ambas
as mãos no espaço, abrangendo também dedos, pulso, braço e antebraço. Podemos dizer que o movimento
nas línguas de sinais resulta da relação entre três elementos: mãos-espaço-tempo. Ou seja o movimento
resulta do deslocamento das mãos no espaço de articulação do sinal, no decorrer do tempo gasto para
executá-lo.
EXPRESSÃO FACIAL/ CORPORAL
Muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço
diferenciador também a expressão facial e corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARDINO, Elidéa Lúcia. Absurdo ou Lógica. Belo Horizonte: Profetizando Vida, 2000.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro: UFRJ, Departamento de Linguística e Filologia, 1995.
COSTA, Antônio Carlos; STUMPF, Marianne Rossi; FREITAS, Juliano Baldez; DIMURO, Graçaliz
Pereira. Um convite ao processamento da língua de sinais.
<http://gmc.ucpel.tche.br/TIL2004/til-2004-slides.pdf>. UCEPEL-RS, PGIE / UFRGS, RS, PPGC /
UFRGS, RS, Brasil. Acessado em 06/09/2005.
FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em Contexto: curso básico, livro do professor
instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio à
Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001.

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  • 1. Curso: Pós Graduação- Libras com Ênfase Tradutor e Intérprete Tema: Libras Prof.ª Lê Cavalcanti
  • 2. Breve História da educação dos Surdos GREGOS E ROMANOS ATÉ A IDADE MÉDIA • Antiguidade chinesa- os Surdos eram lançados ao mar. • Os gauleses- os sacrificavam ao deus Teutates. • Em Esparta- os Surdos eram jogados do alto dos rochedos e, em Atenas, eram rejeitados e abandonados nas praças públicas ou nos campos. • GREGOS E ROMANOS - Os Surdos não eram considerados seres humanos competentes. Diziam que sem a fala não desenvolveria o pensamento. Aristóteles falava que a linguagem era o que dava a condição de humano ao indivíduo. Para os romanos os Surdos que não falavam não tinham direitos legais, não podiam fazer testamentos e precisavam de um curador para todos os seus negócios. Eram incapazes de gerenciar seus atos, perdiam sua condição de ser humano e eram confundidos com os retardados.
  • 3. Os gregos, como também romanos, consideravam os Surdos privados de toda possibilidade de desenvolvimento intelectual e moral. Essa situação só iria modificar com o código Justiniano(483-484 a. C.), quando começam distinguir os graus de deficiência auditiva; mas o que nascia Surdo não poderia ser educado, sendo comparado aos idiotas, absolutamente incapaz. IDADE MODERNA • É na Espanha no século XVI que encontramos os primeiros educadores de Surdos. • GIROLAMO CARDAMO (1501-1576)- médico italiano declara que os Surdos podiam e deviam receber uma instrução. Interessou-se pelo estudo do ouvido, nariz e cérebro porque o seu primeiro filho era Surdo
  • 4. • ABBÉ DE L’EPÉE- Charles-Michel de L’Epée, começou a ensinar os Surdos em 1760 por razões religiosas, iniciando seu trabalho com duas irmãs Surdas. • Reconheceu que a Língua de Sinais existia e se desenvolvia e era essencial para a comunicação entre os Surdos. Utilizava os sinais já conhecidos pelos Surdos para ensinar conceitos abstratos. Foi o primeiro a considerar que os surdos tinham uma língua e fundou o Instituto Nacional para Surdos-Mudos em Paris.
  • 5. IDADE CONTEMPORÂNEA • Jean Marc Itard, médico cirurgião se tornou médico residente do Instituto Nacional de Surdos-Mudos (Paris). Estudou com Philipe Pinel, seguindo os pensamentos do filósofo Condillac, para quem as sensações eram a base para o conhecimento humano e que reconhecia somente a experiência externa como fonte de conhecimento. • Dentro desta concepção era exigida a erradicação ou a “diminuição” da surdez para que o Surdo tivesse acesso a este conhecimento. O que era considerado como diferença passou a ser reconhecido como doença e, portanto passível de tratamento para sua erradicação e a supressão do “mal”. Estes dois pilares onde Itard constrói seu conhecimento influenciaram de forma marcando a sua atuação.
  • 6. Para descobrir as causas visíveis da surdez Itard  Dissecou cadáveres de surdos;  Aplicou cargas elétricas nos ouvidos de surdos;  Usou sanguessugas para provocar sangramentos;  Furou as membranas timpânicas de alunos (alunos morreram por este motivo);  Fez várias experiências e publicou artigos sobre técnica especial para colocar cateteres no ouvido de pessoas com problemas auditivos, tornando-se famoso e dando nome à Sonda de Itard;  Furou o crânio de alguns alunos;  Infeccionou pontos atrás das orelhas deles.
  • 7. EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL Iniciou na época do imperador D. Pedro II; → Genro de D. Pedro II , conde d'eu era surdo; → no ano de 1855 D. Pedro II trouxe para o brasil, diretamente do instituto de Paris, Hernest Huet, um professor surdo; → Huet nasceu em paris em 1822, ficou surdo aos 12 anos de idade; → Antes de adquirir a surdez falava francês, alemão e português, e após ficar surdo aprendeu espanhol; → Em 1857 foi fundada no brasil a primeira escola de surdos no brasil, hoje instituto nacional de educação de surdos (INES); → Brasil, como todo mundo sofre influência do congresso de 1880;
  • 8. EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL “Mas é somente na década de 1960 que a L.S. Volta a ser considerada como língua, por meio das observações feitas pelo linguista americano William Stoker...”(Sacks, 1998, p. 28) → Década de 80 inicia-se as discussões acerca do bilinguismo no Brasil; → A partir das pesquisas desenvolvidas por Lucinda Ferreira Brito sobre a língua brasileira de sinais, deu-se início as pesquisas, seguindo o padrão internacional de abreviação das línguas de sinais, a brasileira foi batizada como professora de LSCB (língua de sinais dos centros urbanos brasileiros. → a partir de 1994, Brito passa a utilizar a abreviação LIBRAS (língua brasileira de sinais), que foi criada pela própria comunidade surda para designar a LSCB.
  • 10. • A Libras é uma das línguas de sinais existentes no mundo inteiro para a comunicação entre surdos. Ela tem origem na Linguagem de Sinais Francesa. • As línguas de sinais não são universais, elas possuem sua própria estrutura de país para país e diferem até mesmo de região para região de um mesmo país, dependendo da cultura daquele determinado local para construir suas expressões ou regionalismos. • Para determinar o seu significado, os sinais possuem alguns parâmetros para a sua formação, como por exemplo a localização das mãos em relação ao corpo, a expressão facial, a movimentação que se faz ou não na hora de produzir o sinal, etc.
  • 11. •Há algumas particularidades simples, que facilitam o entendimento da língua, como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais não serem representados, sendo necessário apontar a pessoa de quem se fala para ser entendido. Há ainda algumas palavras que não tem sinal correspondente, como é o caso dos nomes próprios. Nessa situação, as letras são sinalizadas uma a uma para expressar tal palavra.
  • 12. Cada país tem sua língua de sinais É bastante comum a suposição de que todas as línguas de sinais são iguais ou que se deveria criar uma língua de sinais internacional. Mas assim como cada país tem seu idioma, tem também sua língua de sinais. Embora existam propostas de línguas universais (como o Esperanto e o Gestuno), sabe-se que línguas são manifestações vivas e culturais, modificam-se com o tempo, acompanham a história e os contextos sociais e culturais de um determinado grupo. Sempre haverá apropriações e transformações, assim como diversidade de uso.
  • 13. Língua escrita de Sinais: SignWriting Já se defendeu que a impossibilidade de uma versão escrita da língua de sinais confirmaria sua invalidade linguística. Pois esta suposição já́ foi contrariada, o SignWriting consiste em um sistema de escrita da língua de sinais, criado por Valerie Sutton em 1974, capaz de transcrever línguas de sinais do mesmo modo que o Alfabeto Fonético Internacional é capaz em relação as línguas faladas. Existem, inclusive, títulos de livros infantis que empregam tanto o português, quanto o SignWriting, além de recontar histórias clássicas a partir de personagens surdos como é o caso de “Rapunzel Surda” e “Cinderela Surda”.
  • 14. Livro 'Rapunzel Surda', de Carolina Hessel Silveira, Fabiano Rosa e Lodenir Becker Karnopp
  • 16. Diversidade dentro de um mesmo país O caráter linguístico da língua de sinais também é reconhecido pela ocorrência de regionalismos, variações locais, sotaques, gírias, da mesma maneira que ocorre com as línguas orais. Exemplo de variação linguística: sinal de "verde", usado em MG, RJ, MS, DF, PR, BA e CE. Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira.
  • 17. Exemplo de variação linguística: sinal de "verde", usado em SP e RS. Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira.
  • 18. Exemplo de sinal icônico: escovar dentes. Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira  sinais icônicos- que fazem alusão a imagem do que representam.  sinais arbitrários- que não mantêm semelhança com o que representam. sinais icônicos e arbitrários
  • 19. Exemplo de sinal arbitrário: conversar. Fonte: Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira. Mesmo os sinais icônicos não são necessariamente evidentes. Para quem não conhece a língua, entender uma conversa em Libras, geralmente é bastante difícil.
  • 20. OS PARÂMETROS CONFIGURAÇÃO DAS MÃOS São formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais: APRENDER, LARANJA e ADORAR tem a mesma configuração de mão. PONTOS DE ARTICULAÇÃO É o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical e horizontal. Os sinais: TRABALHAR, BRINCAR, CONSERTAR, são feitos em espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e PENSAR são feitos na testa. ORIENTAÇÃO Os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de oposição, contrário ou concordância. Como os sinais, QUERO e NÃO QUERO e IR e VIR.
  • 21. MOVIMENTO É um parâmetro complexo porque, durante a realização do sinal, engloba o deslocamento de uma ou ambas as mãos no espaço, abrangendo também dedos, pulso, braço e antebraço. Podemos dizer que o movimento nas línguas de sinais resulta da relação entre três elementos: mãos-espaço-tempo. Ou seja o movimento resulta do deslocamento das mãos no espaço de articulação do sinal, no decorrer do tempo gasto para executá-lo. EXPRESSÃO FACIAL/ CORPORAL Muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE.
  • 22. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDINO, Elidéa Lúcia. Absurdo ou Lógica. Belo Horizonte: Profetizando Vida, 2000. BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Linguística e Filologia, 1995. COSTA, Antônio Carlos; STUMPF, Marianne Rossi; FREITAS, Juliano Baldez; DIMURO, Graçaliz Pereira. Um convite ao processamento da língua de sinais. <http://gmc.ucpel.tche.br/TIL2004/til-2004-slides.pdf>. UCEPEL-RS, PGIE / UFRGS, RS, PPGC / UFRGS, RS, Brasil. Acessado em 06/09/2005. FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em Contexto: curso básico, livro do professor instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001.