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M E I O A M B I E N T E P A U L I S TA
        RelatóRio   de   Qualidade ambiental 2011




            GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
            S E C R E TA R I A D O M E I O A M B I E N T E
Governo do estado de são Paulo
         Geraldo Alckmin
           Governador


  secretaria do Meio aMbiente
           Bruno Covas
            Secretário


coordenadoria de Planejamento ambiental
             Nerea Massini
             Coordenadora
Ficha catalográfica – preparada pela
            Biblioteca - Centro de Referências de Educação Ambiental


S24m	 São	 Paulo	 (Estado).	 Secretaria	 do	 Meio	 Ambiente	 /	 Coordenadoria	 de	
               Planejamento	Ambiental.	 Meio	Ambiente	 Paulista:	 Relatório	 de	 Qualidade	
               Ambiental	 2011.	 Organização:	 Fabiano	 Eduardo	 Lagazzi	 Figueiredo.	 São	
               Paulo:	SMA/CPLA,	2011.
															256p.	;	21	x	29,7	cm.

	        Vários	autores.
	        Bibliografia.
	        ISBN	–	978-85-86624-91-9

	        1
         	 .	Meio	ambiente	paulista	2.	Qualidade	ambiental	–	São	Paulo	(Est.)		I.	Título	
         II.	Figueiredo,	Fabiano	Eduardo	Lagazzi.
Meio aMbiente Paulista
relatório de Qualidade ambiental 2011




                             organizador
            Fabiano Eduardo Lagazzi Figueiredo




                            São Paulo, 2011

                                     1ª edição




   Governo do estado de são Paulo
       secretaria do Meio aMbiente
      coordenadoria de Planejamento ambiental




                                                 INSTITUTO
             Instituto de Botânica               FLORESTAL
Relatório de Qualidade Ambiental 2011
Governo do estado de são Paulo
                Geraldo Alckmin
                   Governador


       secretaria do Meio ambiente
                  Bruno Covas
                    Secretário


coordenadoria de Planejamento ambiental
                 Nerea Massini
                  Coordenadora


departamento de informações ambientais
               Arlete Tieko Ohata
                     Diretora


    centro de diagnósticos ambientais
      Fabiano Eduardo Lagazzi Figueiredo
                     Diretor


                equipe técnica
       Aline Bernardes Candido – SMA/CPLA
         Denis Delgado Santos – SMA/CPLA
         Edgar Cesar de Barros – SMA/CPLA
     Eloisa Marina Gimenez Torres – SMA/CPLA
  Fabiano Eduardo Lagazzi Figueiredo – SMA/CPLA
     Fernando Augusto Palomino – SMA/CPLA
            Fredmar Corrêa – SMA/CPLA
     Gabriela Antoniol (Estagiária) – SMA/CPLA
   Heitor da Rocha Nunes de Castro – SMA/CPLA
        Marcio da Silva Queiroz – SMA/CPLA
     Nádia Gilma Beserra de Lima – SMA/CPLA
  Paulo Eduardo Alves Camargo-Cruz – SMA/CPLA
      Antonio Carlos Moretti Guedes – SMA/IG
           Claudio José Ferreira – SMA/IG
             Mara Akie Iritani – SMA/IG
             Maria José Brollo – SMA/IG
     Sonia Aparecida Abissi Nogueira – SMA/IG
Relatório de Qualidade Ambiental 2011
colaboradores
                      Alfred Szwarc
              Ana Cristina Pasini da Costa
             Bernadette Cunha Waldvogel
                 Boris Alexandre Cesar
                 Carlos Eduardo Beato
                Carlos Eduardo Komatsu
          Carlos Eugenio de Carvalho Ferreira
              Carlos Ibsen Vianna Lacava
               Carmen Lúcia V. Midaglia
               Claudia Conde Lamparelli
                 Diego Vernille da Silva
             Eduardo Pires Castanho Filho
        Helena de Queiroz Carrascosa Von Glehn
                     Hylder Barbosa
                   Jean Paul Metzger
                    João Luiz Potenza
             Luciana Martins Fedeli Britzki
               Marcello de Souza Minelli
                      Marco Nalon
               Maria Helena R. B. Martins
                Marilda de Souza Soares
                Marta Conde Lamparelli
             Marta Pereira Militão da Silva
                      Neide Araújo
                   Nelson Menegon Jr.
                     Oswaldo Lucon
               Paulo Magalhães Bressan
                 Priscila Costa Carvalho
                   Renata Inês Ramos
                    Ricardo Vedovello
                  Richard Hiroshi Ouno
         Rodrigo Antonio Braga Moraes Victor
                   Rosa Maria Mancini
               Rosângela Pacini Modesto
                  Sinésio Pires Ferreira
                 Thais Michelle Oliveira
            Tiago de Carvalho Franca Rocha
                 Uladyr Ormindo Nayne
              Vanessa Gontijo de Oliveira
                    Vera Lúcia Bononi
                   Wanda Maldonado

                   Projeto Gráfico
             Griphos Comunicação & Design

                         capa
                      Vera Severo

                    Fotos da capa
            Capa: Foto superior – Vera Severo
     Foto inferior – Antonio Augusto da Costa Faria
           4ª Capa: Maria do Rosário F. Coelho
Orelha da 1ª capa: Foto superior – Fausto Pires de Campos
           Foto inferior – Clayton Ferreira Lino
                    Orelha da 4ª capa:
       Foto superior – Acervo do Instituto Florestal
              Foto inferior – Pedro Bernardo

                editoração eletrônica
           Teresa Lucinda Ferreira de Andrade

           ctP, impressão e acabamento
        Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Relatório de Qualidade Ambiental 2011
apresentação do secretário
Buscando	trazer	à	sociedade	a	situação	do	meio	ambiente	no	Estado	de	São	Paulo,	a	Secretaria	Estadual	do	
Meio	Ambiente	apresenta	o	seu	Relatório	de	Qualidade	Ambiental	2011,	fruto	do	trabalho	de	seus	técnicos	em	
formular	um	documento	sintetizador,	que	reflita	as	ações	desta	Secretaria	visando	compatibilizar	as	exigências	
de	um	desenvolvimento	econômico,	com	equidade	social	e	preservação	da	qualidade	ambiental.

As	linhas	de	atuação	desta	Secretaria	são	fortemente	pautadas	pelo	respeito	às	condições	socioambientais	do	
território	e	passam,	necessariamente,	pelo	conhecimento	do	status	ambiental	do	Estado.	A	conscientização	da	
sociedade	e	a	importância	que	a	agenda	ambiental	assumiu	no	Brasil	e	no	mundo,	neste	século	XXI,	tornam	
imprescindível	a	existência	de	um	documento	que	balize	a	tomada	de	decisões,	indicando	os	caminhos	possíveis	
para	a	melhora	da	qualidade	ambiental	como	um	todo.

O	Relatório	de	Qualidade	Ambiental	tem	aqui	a	sua	função	na	sociedade	paulista:	a	de	prestar	contas	–	através	
da	apresentação	de	informações	–	e	assegurar	que	a	gestão	ambiental	paulista	seja	transparente,	ética	e	eficiente	
em	suas	ações,	permitindo	o	espaço	às	manifestações	diversas	e	ao	diálogo	aberto	com	a	sociedade,	caminhando	
juntos	em	busca	da	melhor	qualidade	de	vida	para	o	nosso	Estado.

                                                                                                   Bruno Covas
                                                                                                         Secretário
                                                                                       Secretaria do Meio Ambiente
Relatório de Qualidade Ambiental 2011
apresentação da coordenadora
O Relatório de Qualidade Ambiental 2011 traz um panorama do meio ambiente do Estado de São Paulo,
demonstrado através dos dados, índices e indicadores que compõe o documento, concentrados nos principais
temas em que o ambiente paulista pode ser decomposto, como recursos hídricos, recursos pesqueiros,
saneamento ambiental, solo, biodiversidade, ar, mudanças climáticas e saúde ambiental.

As informações contidas no Relatório, obtidas de diversos órgãos da administração pública, retratam o
estado em que o meio ambiente paulista se encontra e suas imbricações com os setores produtivos (agrícolas/
industriais), econômicos e com a saúde humana. Estas informações são complementadas por textos analíticos
que permitem a construção de um cenário mais amplo, possibilitando a revisão das linhas de ação em busca de
maior eficiência do poder público na área ambiental.

O Relatório de Qualidade Ambiental proporciona aos gestores públicos estaduais e municipais uma fonte de
informações que auxilia diretamente nas decisões concernentes ao meio ambiente, qualificando e harmonizando
o processo decisório com a política ambiental paulista.

Oferecer à sociedade paulista um instrumento que possibilite a inserção da sustentabilidade ambiental como
primordial nas discussões sobre o desenvolvimento no Estado de São Paulo, é o objetivo e sentido deste
Relatório de Qualidade Ambiental. É fundamental que este documento cumpra o seu papel de orientação,
posicionamento e alerta, particularmente no momento em que o meio ambiente tem um crescente relevo nas
decisões sobre o desenvolvimento paulista.

                                                                                             Nerea Massini
                                                                                                Coordenadora
                                                                      Coordenadoria de Planejamento Ambiental
                                                                                  Secretaria do Meio Ambiente
Relatório de Qualidade Ambiental 2011
abordagem básica
O Relatório de Qualidade Ambiental do Estado de São Paulo 2011 (RQA)	é	composto	por	três	partes	prin-
cipais	(Capítulos	2,	3	e	4)	e	por	um	banco	de	dados.	Segue-se,	com	isso,	o	conceito	de	oferecer	informações	em	
múltiplos	níveis	para	usuários	e	leitores	com	necessidades,	disponibilidade	e	interesses	diferenciados.	A	estrutura	
do	relatório	reflete	este	conceito.	

Após	uma	breve	introdução	(Capítulo 1),	o	Capítulo 2 traz	uma	descrição	do	Estado	de	São	Paulo	e	das	Unida-
des	de	Gerenciamento	de	Recursos	Hídricos	(UGRHI)	em	que	o	mesmo	se	subdivide,	apresentando	dados	que	
apontam	as	principais	dinâmicas	demográficas,	sociais,	econômicas	e	de	ocupação	do	território.	No	Capítulo 3	
são	compiladas	informações	referentes	aos	temas	em	que	o	status	ambiental	do	Estado	pode	ser	decomposto,	
apresentando-se	descrições	sumárias	(diagnósticos)	sobre	a	situação	corrente	e	tendências	futuras	dos	recursos	
hídricos,	recursos	pesqueiros,	saneamento	ambiental,	solo,	biodiversidade,	ar,	mudanças	climáticas	e	saúde	am-
biental.	No	Capítulo 4	são	encontrados	os	textos	analíticos.	Trata-se	de	reflexões	acerca	de	temas	estratégicos	
que	buscam	compreender	as	relações	entre	desenvolvimento	e	meio	ambiente	no	Estado	de	São	Paulo.	O	RQA	
completa-se	ainda	com	um	banco	de	dados	que	inclui	extenso	conjunto	de	variáveis	e	indicadores	econômicos,	
sociais	e	ambientais,	que	está	disponível	no	site	da	Secretaria	de	Estado	do	Meio	Ambiente	(www.ambiente.
sp.gov.br/cpla).
siglas

ABNT - Associação Brasileira de Normas e Técnicas
AC - Área Contaminada
AEM - Avaliação Ecossistêmica do Milênio
AI - Área Contaminada sob Investigação
AMR - Área em processo de Monitoramento para Reabilitação
AOGCM - Modelos Globais Acoplados Oceano-Atmosfera
APA - Área de Proteção Ambiental
APP - Área de Preservação Permanente
AR - Área Reabilitada
BEESP - Balanço Energético do Estado de São Paulo
BINEV - Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde
CBRN - Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais
CDB - Convenção sobre a Diversidade Biológica
CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
CEDEC - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
CESA - Conferência Estadual de Saúde Ambiental
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CFEM - Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNSA - Conferência Nacional de Saúde Ambiental
CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do
    Estado de São Paulo
COP - Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica
CPTEC - Centro de Previsão do Tempo e Estudos do Clima
CPLA - Coordenadoria de Planejamento Ambiental
CRHi - Coordenadoria de Recursos Hídricos
DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
EMAP - Efetividade de Manejo de Áreas Protegidas
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMPLASA - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano
ESP - Estado de São Paulo
ETE - Estação de Tratamento de Esgoto
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
FF - Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo
FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
GCM - Modelos Globais Atmosféricos
GEE - Gás de Efeito estufa
IAA - Índice de Atendimento de Água
IAP - Índice de Qualidade de Água para fins de Abastecimento Público
IB - Índice de Balneabilidade
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBot - Instituto de Botânica
ICCA - Associação Internacional de Congressos e Convenções
ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de
    Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação
ICTEM - Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto do Município
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IEA - Instituto de Economia Agrícola
IET - Índice de Estado Trófico
IF - Instituto Florestal
IG - Instituto Geológico
IGR - Índice de Gestão dos Resíduos Sólidos
IHME - Institute for Health Metrics and Evaluation
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPAS - Indicador de Potabilidade das Águas Subterrâneas
IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPRS - Índice Paulista de Responsabilidade Social
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
IPVS - Índice Paulista de Vulnerabilidade Social
IQA - Índice de Qualidade de Água
IQC - Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem
IQG - Índice de Qualidade de Gestão de Resíduos Sólidos
IQR - Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos
IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza
IVA - Índice de Qualidade de Água para proteção da Vida Aquática
LUPA - Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo
MBSCG - Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global
MCidades - Ministério das Cidades
MCR - Modelo Climático Regional
MMA - Ministério do Meio Ambiente
MPA - Ministério da Pesca e Aquicultura
MS - Ministério da Saúde
NFS - Novo Fundo Social
OMM - Organização Meteorológica Mundial
ONU - Organização das Nações Unidas
PAE - Projeto Ambiental Estratégico
PCJ - Piracicaba/Capivari/Jundiaí
PEMC - Política Estadual de Mudanças Climáticas
PERH - Plano Estadual de Recursos Hídricos
PIB - Produto Interno Bruto
PMS - Plano Municipal de Saneamento
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PPDC - Plano Preventivo de Defesa Civil
PQAr - Padrão de Qualidade do Ar
PRA - Programa de Recuperação Ambiental
PROCLIMA - Programa Estadual de Mudanças Climáticas do Estado de São Paulo
PROCONVE - Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores
PROMOT - Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares
PROZONESP - Programa Estadual de Prevenção a Destruição da Camada de Ozônio
QUALAR - Sistema de Informações da Qualidade do Ar
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
RL - Reserva Legal
RMBS - Região Metropolitana da Baixada Santista
RMC - Região Metropolitana de Campinas
RMSP - Região Metropolitana de São Paulo
RQA - Relatório de Qualidade Ambiental
RSD - Resíduos Sólidos Domiciliares
SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SDO - Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio
SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SELT - Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo
SIH - Sistema de Informações Hospitalares
SMA - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SRES - Special Report on Emissions Scenarios
ST - Substâncias Tóxicas
SUS - Sistema Único de Saúde
TCRA - Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental
TDSC - Setor de Clima e Energia
TMI - Taxa de Mortalidade Infantil
UC - Unidade de Conservação
UGRHI - Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das
   Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)
UNESP - Universidade Estadual Paulista
UNICA - União da Indústria da Cana-de-Açúcar
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
UPA - Unidade de Produção Agrícola
USP - Universidade de São Paulo
ZEE - Zoneamento Ecológico Econômico
sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................1

2. CARACTERIZAÇÃO E DIVISÃO GEOGRÁFICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ........................5
   2.1 Caracterização das Bacias Hidrográficas .............................................................................10
   2.2 Caracterização das Dinâmicas Territoriais ...........................................................................44

3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ...................................................63
   3.1 Recursos Hídricos ...............................................................................................................65
   3.2 Recursos Pesqueiros ......................................................................................................... 101
   3.3 Saneamento Ambiental .................................................................................................... 107
   3.4 Solo .................................................................................................................................. 123
   3.5 Biodiversidade..................................................................................................................144
   3.6 Ar ..................................................................................................................................... 163
   3.7 Mudanças Climáticas ........................................................................................................ 170
   3.8 Saúde e Meio Ambiente.................................................................................................... 181

4. VISÕES AMBIENTAIS ............................................................................................................. 195
   4.1 O fortalecimento da segurança alimentar e ambiental no Estado de São Paulo
       na concepção do novo Código Florestal brasileiro .............................................................198
   4.2 O Código Florestal tem Base Científica?............................................................................206
   4.3 Desafios para São Paulo: biodiversidade, bioenergia e biotecnologia ...............................216
   4.4 A Alcoolquímica no cenário futuro da cana-de-açúcar.......................................................224
   4.5 Transição demográfica e envelhecimento populacional no Estado de São Paulo ...............229
Relatório de Qualidade Ambiental 2011
1
introdução
2
Num	grande	número	de	países	atribui-se	importância	crescente	para	um	processo	de	transição	para	o	desen-
volvimento	sustentável,	cujo	ritmo	e	cuja	intensidade,	no	Brasil	e	no	Estado	de	São	Paulo,	encontram-se	aquém	
da	urgência	que	as	evidências	científicas	não	cessam	de	trazer	à	tona.	O	ponto	de	partida	desta	transição	reside	
na	pergunta	formulada,	desde	o	início	desta	década,	pela	Avaliação	do	Milênio	(UNEP,	2003):	qual o estado
atual e as tendências referentes aos ecossistemas e como se associam ao bem estar humano? A	resposta	para	
o	Estado	de	São	Paulo	inspira	preocupação	quando	se	leva	em	conta	a	qualidade	do	ar,	a	poluição	hídrica,	o	
esgotamento	das	fontes	de	água	para	abastecimento	da	população	metropolitana,	a	concentração	demográfica	
em	áreas	de	risco,	a	erosão	em	terras	agrícolas	ou	a	tão	pequena	parcela	remanescente	(e	ameaçada)	de	Mata	
Atlântica,	entre	outros	fatores.	

A	despeito	dos	enormes	desafios,	a	força	da	sociedade	civil	paulista,	o	surgimento	de	organizações	públicas,	pri-
vadas	e	associativas	voltadas	à	preservação	e	ao	uso	sustentável	da	biodiversidade,	o	engenho	de	seu	empre	 ariado	
                                                                                                          s
e	o	amadurecimento	de	suas	instituições,	fazem	do	Estado	de	São	Paulo	o	líder	nacional	e	uma	impor	 ante	figura	
                                                                                                       t
no	cenário	internacional,	no	processo	de	transição	para	uma	economia	voltada	ao	uso	sustentável	dos	recursos	de	
que	depende.	O	protocolo	que	antecipou	o	fim	das	queimadas	na	colheita	de	cana-de-açúcar,	a	recuperação	de	
400	mil	hectares	em	matas	ciliares	e	o	compromisso	do	Estado	com	a	produção	florestal	sus	 entável	na	Amazô-
                                                                                              t
nia	são	exemplos	expressivos	desta	transição.	

Este	processo	não	depende	apenas	do	Governo,	mas	também	do	setor	privado	e	da	sociedade	civil.	Acelerar	a	
transição	para	o	desenvolvimento	sustentável	é	muito	mais	difícil	que	estimular	a	construção	de	estradas,	a	insta-
lação	de	novas	fábricas	ou	plantações.	A	sociedade	sabe	o	que	significa	e	adere,	em	geral	sem	hesitar,	ao	preceito	de	
que	é	necessário	crescer	e	criar	empregos.	No	entanto,	é	menor	a	clareza	sobre	como	fazê-lo	de	maneira	susten-
tável,	reduzindo	a	emissão	de	gases	de	efeito	estufa,	interrompendo	o	processo	de	devastação	da	biodiversidade	
e	diminuindo	o	uso	da	matéria	e	da	energia	necessários	aos	processos	produtivos.	Sob	a	perspectiva	econômica,	
o	maior	objetivo	do	desenvolvimento	sustentável	consiste	em	promover	o	que	diversos	relatórios	produzidos	na	
Europa,	no	Japão	e	nos	Estados	Unidos,	chamam	hoje	de	desligamento	ou	descasamento	entre	produção	e	uso	
de	recursos:	crescer	reduzindo	a	pressão	sobre	os	recursos	materiais	dos	quais	dependem	as	sociedades	humanas	
(VAN	DER	VOET,	2005).	

É	por	isso	que	esta	transição	envolve	também	a	maneira	como	Governo,	sociedade	civil	e	setor	privado	se	re-
lacionam	com	as	informações	socioambientais.	Nesse	sentido,	o	Estado	de	São	Paulo,	desde	2010,	tomou	a	deci-
são	de	modificar	o	conteúdo	de	seu	Relatório	de	Qualidade	Ambiental	(RQA),	procurando,	mais	do	que	expor	
informações	sobre	o	estado	do	meio	ambiente	paulista,	compreender	os	processos	que	explicam	a	maneira	como	
se	estabelece	a	relação	entre	sociedade	e	natureza	e,	a	partir	daí,	melhorar	as	políticas	públicas	que	contribuem	
para	o	desenvolvimento	sustentável.

Essa	 inovação	 metodológica	 na	 elaboração	 do	 RQA	 paulista	 se	 traduz	 na	 incorporação	 na	 apresentação	 dos	
textos	analíticos,	que	compõe	o	Capítulo	4	deste	documento.	Este	conteúdo	analítico	visa	apontar	para	relações	
causais	que	permitam	compreender	as	razões	da	degradação	ambiental,	contribuindo,	desta	forma,	para	o	tão	ne-
cessário	processo	de	transição	em	direção	ao	desenvolvimento	sustentável.	Além	disso,	o	método	utilizado	aqui	
vai	na	mesma	direção	com	o	que	vem	sendo	feito	na	União	Européia	e	no	Japão,	por	exemplo,	onde	os	relatórios	
ambientais	têm	uma	ambição	claramente	analítica.	

A	metodologia	utilizada	se	baseia	também,	no	que	preconiza	uma	das	principais	vertentes	voltadas	ao	estudo	
do	tema:	a	Avaliação Ecossistêmica do Milênio,	um	programa	de	pesquisas	lançado	no	início	da	década,	com	
apoio	das	Nações	Unidas,	que	insiste	na	constatação	de	que	as	sociedades	humanas	vivem	hoje	além	de	seus	
meios	e	que	a	capacidade	de	seus	ecos	 istemas	garantirem	a	reprodução	e	o	desenvolvimento	humano	está	se-
                                      s
riamente	ameaçada.	Os	textos	que	compõem	o	atual	RQA	procuram	fazer	esta	constatação,	compreender	suas	
causas,	a	maneira	como	atualmente	a	sociedade	paulista	se	organiza	para	enfrentar	os	problemas	daí	decorrentes,	
a	inserção	de	suas	atividades	econômicas	no	contexto	global	e	as	medidas	necessárias	para	intensificar	a	transição	
para	o	desenvol	 imento	sustentável.	
                v




                                                                                                                         3
É	importante	ressaltar	que	a	estrutura	do	RQA	segue	o	conceito	de	oferecer	informações	em	múltiplos	níveis	
    para	usuários	e	leitores	com	necessidades,	disponibilidade	e	interesses	diferenciados.	Os	capítulos	do	relatório	
    refletem	 este	 conceito.	 O	 Capítulo	 2	 apresenta	 uma	 caracterização	 do	 Estado	 de	 São	 Paulo	 e	 das	 Unidades	
    de	Gerenciamento	de	Recursos	Hídricos	(UGRHI)	em	que	o	Estado	se	subdivide,	apresentando	dados	que	
    apontam	as	principais	dinâmicas	demográficas,	sociais,	econômicas	e	de	ocupação	do	território.	No	Capítulo	3	
    são	compiladas	informações	referentes	aos	temas	em	que	o	status	ambiental	do	Estado	pode	ser	decomposto,	
    apresentando-se	descrições	sumárias	(diagnósticos)	sobre	a	situação	corrente	e	tendências	futuras	dos	recur-
    sos	hídricos,	recursos	pesqueiros,	saneamento	ambiental,	solo,	biodiversidade,	ar,	mudanças	climáticas	e	saúde	
    ambiental.	 No	 Capítulo	 4	 podem	 ser	 encontrados	 os	 textos	 analíticos.	Trata-se	 de	 reflexões	 acerca	 de	 temas	
    estratégicos	que	buscam	apre	 nder	as	relações	entre	desenvolvimento	e	meio	ambiente	no	Estado	de	São	Paulo.	
                                    e
    Conforme	já	observado,	o	RQA	completa-se	com	um	banco	de	dados	que	inclui	extenso	conjunto	de	variáveis	e	
    indicadores	econômicos,	sociais	e	ambientais,	que	está	disponível	no	site	da	Secretaria	de	Estado	do	Meio	Am-
    biente	(www.ambiente.sp.gov.br/cpla).	

    Três	observações	iniciais	são	necessárias:	

       1.	 Os	textos	analíticos	não	pretendem	“esgotar”	os	temas	em	que	se	inserem,	nem	tampouco	oferecer	visão	
           completa	ou	definitiva	sobre	o	estado	em	que	se	encontra	a	relação	entre	a	sociedade	paulista	e	os	ecos-
           sistemas	em	que	ela	se	apóia.	Não	se	trata	de	um	levantamento	de	todos	os	problemas	ambientais,	mas	
           de	uma	seleção	passível	de	ser	abordada	nos	limites	de	textos	que	procuram	compreender	as	razões	que	
           provocam	a	degradação	ambiental,	os	trunfos	que	permitem	sua	reversão	e,	tanto	quanto	possível,	as	
           políticas	(para	o	setor	público,	privado	e	associativo)	necessárias	para	fortalecer	estes	trunfos.	

       2.	 É	preciso	assinalar	que	este	trabalho	não	tem	a	ambição	de	produzir	informações	primárias	originais.	Os	
           textos	são	estruturados	em	torno	de	informações	coletadas	junto	a	órgãos	oficiais	e	de	trabalhos	produzi-
           dos	pela	comunidade	científica	de	São	Paulo	(formada	por	Universidades,	Institutos	de	Pesquisa,	ONGs	
           e,	em	menor	proporção,	no	setor	privado).	

       3.	 Os	textos	descritivos	(Capítulos	2	e	3	do	RQA)	se	subdividem	em	dois	conjuntos.	Primeiramente	(Ca-
           pítulo	2	–	Caracterização	e	Divisão	Geográfica	do	ESP)	é	dado	um	foco	geográfico,	agrupando	as	in-
           formações	por	Unidades	de	Gerenciamento	de	Recursos	Hídricos	–	UGRHI.	Em	seguida	(Capítulo	
           3	–	Diagnóstico	Ambiental	do	ESP),	as	informações	são	apresentadas	por	temas.	



    referências
    UNITED	NATIONS	ENVIRONMENT	PROGRAMME	–	UNEP.	Ecosystems and Human Well-being. A Framework for As-
    sessment. Washington:	Island	Press,	2003.	

    VAN	DER	VOET,	Ester;	et.al.	Policy Review on Decoupling: Development of indicators to assess decoupling of economic
    development and environmental pressure in the EU-25 and AC-3 countries. Leiden:	European	Commission,	DG	Environ-
    ment,	2005.




4
2
caracterização e divisão Geográfica do
         estado de são Paulo




                                         5
6
Localizado	na	região	Sudeste	do	Brasil	(Figura	2.1),	o	Estado	de	São	Paulo	é	o	ente	federativo	de	maior	peso	eco-
nômico	no	País.	Sua	importância	é	atestada	através	da	consistência	de	indicadores	que	refletem	tanto	a	grandeza	
de	sua	indústria,	de	suas	atividades	ligadas	ao	agronegócio	e	ao	setor	financeiro,	de	seu	comércio	internacional	
e	 de	 sua	 população,	 quanto	 à	 capacidade	 de	 suas	 instituições	 de	 Pesquisa	 &	 Desenvolvimento	 promoverem	
avanços	importantes	em	ciência	e	tecnologia,	para	apoiar,	qualificar,	fazer	confiável	e	perpetuar	o	seu	modelo	de	
desen	 olvimento.	
       v


                                                       FiGura 2. 1
                                 reGiões e estados constitutivos do brasil




                                         Fonte: IBGE, elaborado por SMA/CPLA (2010)




Composto	por	645	municípios	e	abrangendo	uma	área	de	248.209	km2,	o	que	corresponde	a	apenas	2,9%	do	
território	nacional,	São	Paulo	apresenta	a	maior	economia	do	país,	com	um	PIB	(Produto	Interno	Bruto)	de	
R$	1	trilhão,	perfazendo	33%	de	toda	a	riqueza	produzida	no	país,	somada	em	pouco	mais	de	R$	3	trilhões	
para	o	ano	de	2008	(SEADE,	2010a	e	IPEA,	2010).	O	Estado	também	possui	a	maior	população	entre	as	
unidades	federativas,	com	41.252.160	habitantes,	21,6%	do	total	de	190.732.694	habitantes	contabilizados	




                                                                                                                       7
no	Brasil,	de	acordo	com	dados	do	Censo	2010,	realizado	pelo	Instituto	Brasileiro	de	Geografia	e	Estatística	
    (IBGE,	2010a).	

    Com	um	PIB	maior	que	o	da	Argentina,	uma	população	equivalente	à	da	Espanha	e	ocupando	uma	área	
    quase	igual	à	do	Reino	Unido,	o	Estado	de	São	Paulo	se	torna	um	ator	de	peso	nos	cenários	nacional	e	
    internacional.	Tais	 comparações,	 apesar	 de	 generalistas,	 mostram	 a	 importância	 de	 São	 Paulo	 nos	 mais	
    diversos	âmbitos.

    Vale	também	destacar	o	Estado	de	São	Paulo	como	sendo	um	dos	principais	destinos	turísticos	do	Brasil.	Com	
    imensa	di	 ersidade	cultural,	paisagística	e	de	atrativos,	é	o	estado	que	mais	emite	e	mais	recebe	turistas	no	país.	
             v
    Dos	30	destinos	turísticos	brasileiros	mais	visitados,	cinco	estão	em	São	Paulo:	Praia	Grande,	Ubatuba,	Cara-
    guatatuba,	Santos	e	a	capital	São	Paulo	(SELT/FIPE,	2008).	

    Com	relação	a	sua	biodiversidade,	os	biomas	originais	encontrados	em	território	paulista	são	a	Mata	Atlântica	
    e	o	Cerrado.	À	época	do	descobri	 ento,	a	Mata	Atlântica	recobria	aproximadamente	81%	da	área	do	Estado,	
                                       m
    com	o	restante	sendo	ocupado	prin	 ipalmente	pelo	Cerrado	e	pelos	campos	naturais.	Pastagens	para	o	gado,	
                                         c
    culturas	agrícolas,	reflorestamento	de	espécies	comerciais,	extensas	áreas	de	cana-de-açúcar	e	áreas	urbanizadas,	
    foram	tomando	conta	dos	espaços	deixados	pelos	ecossistemas	originais,	cujos	remanescentes	atualmente	co-
    brem	17,5%	do	território	(IF,	2010).

    A	cidade	de	São	Paulo,	capital	homônima	do	Estado,	é	a	maior	cidade	do	país	e	do	Hemisfério	Sul,	contando	
    com	uma	população	de	11,2	milhões	de	habitantes.	Já	a	Região	Metropolitana	de	São	Paulo	que,	além	da	capital,	
    é	composta	por	mais	38	municípios,	possui,	dentro	de	seus	limites,	população	de	aproximadamente	20	milhões	
    habitantes.	O	tamanho	da	maior	metrópole	do	país	é	similar	ao	da	cidade	norte-americana	de	Nova	York	e	está	
    entre	as	cinco	maiores	conurbações	do	mundo.	O	Estado	de	São	Paulo	conta	ainda	com	as	regiões	metropo-
    litanas	de	Campinas	e	da	Baixada	Santista,	que	possuem	população	estimada	de	2,8	milhões	e	1,7	milhão	de	
    habitantes,	res	 ectivamente	(IBGE,	2010a).
                   p

    A	proximidade	geográfica	e	os	laços	sociais	e	econômicos	entre	as	três	regiões	metropolitanas	e	suas	adjacên	 ias,	
                                                                                                                 c
    juntamente	com	as	regiões	do	Vale	do	Paraíba,	de	Sorocaba	e	de	Piracicaba,	fizeram	com	que	esta	região	cres-
    cesse	de	forma	vertiginosa	nas	últimas	décadas.	Essa	conformação	é	denominada	Macrometrópole	Paulista,	um	
    aglo	 erado	de	pessoas,	indústrias	e	serviços	que	possui	os	maiores	aeroportos	de	passageiros	do	país	(Guarulhos	
        m
    e	Congonhas),	o	maior	aeroporto	de	cargas	(Viracopos),	o	maior	porto	(Santos)	e	parte	das	melhores	rodo	 ias	e	
                                                                                                               v
    infra-estrutura	instalada.	Também	estão	localizadas	na	região,	universidades	e	institutos	de	pesquisa	renomados	
    como	a	Universidade	de	São	Paulo	(USP),	a	Universidade	Estadual	de	Campinas	(UNICAMP),	a	Universidade	
    Estadual	Paulista	(UNESP),	o	Instituto	Nacional	de	Pesquisas	Espaciais	(INPE)	e	o	Instituto	de	Pesquisas	
    Tecnológicas	(IPT),	além	de	inúmeras	empresas	e	indústrias	de	grande	importância	nacional.	Esta	macrometró-
    pole,	formada	por	102	municípios,	segundo	a	Empresa	Paulista	de	Planejamento	Metropolitano	(EMPLASA,	
    2008),	detém	11%	do	território	do	Estado	e	0,3%	do	País.	Abriga	70%	da	população	paulista	e	15%	da	brasileira,	
    além	de	produzir	cerca	de	80%	do	PIB	estadual	e	27%	do	nacional.	

    Apesar	da	envergadura	desta	macrometrópole,	existem	algumas	cidades	do	interior	do	Estado,	situadas	fora	da	
    mesma,	que	estão	entre	as	que	mais	crescem,	se	consolidando	como	importantes	pólos	regionais.	São	cidades	
    de	porte	grande	ou	médio	espalhadas	por	todo	o	território	paulista,	como:	Ribeirão	Preto,	Presidente	Prudente,	
    Bauru,	São	José	do	Rio	Preto,	Araçatuba,	Marília,	Araraquara,	São	Carlos,	Barretos,	entre	outras.	Estão	estrate-
    gicamente	situadas	em	locais	dotados	de	boa	infra-estrutura	de	transportes	e	de	tecnologia,	o	que	possibilita	o	
    desenvolvimento	e	a	conexão	das	mesmas	com	outras	regiões	do	Brasil.	

    Territorialmente,	com	o	objetivo	de	propor	formas	de	gestão	descentralizada,	o	Estado	de	São	Paulo,	atra-
    vés	de	sua	Política	Estadual	de	Recursos	Hídricos	(Lei	Estadual	nº	7.663/91),	adotou	as	bacias	hidrográ-
    ficas	como	unidades	de	gestão	e	planejamento.	Dessa	forma,	foram	discutidas	e	aprovadas	pelo	Conselho	




8
Estadual	 de	 Recursos	 Hídricos,	 22	 Unidades	 de	 Gerenciamento	 de	 Recursos	 Hídricos	 (UGRHI),	 que	
integram	a	atual	divisão	hidrográfica	do	Estado.	As	UGRHI	constituem	unidades	territoriais	“com dimen-
sões e características que permitam e justifiquem o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos”	(artigo	
20	da	Lei	Estadual	n°	7.663/91)	e,	em	geral,	são	formadas	por	partes	de	bacias	hidrográficas	ou	por	um	
conjunto	delas.	A	Figura	2.2	que	segue	mostra	a	divisão	hidrográfica	do	Estado,	caracterizando	as	UGRHI	
quanto	a	sua	vocação	econômica,	conforme	definido	na	Lei	Estadual	nº	9.034/94,	que	dispõe	sobre	o	Plano	
Estadual	de	Recursos	Hídricos.	


                                                      FiGura 2. 2
               unidades de GerenciaMento de recursos Hídricos do estado de são Paulo
                                    e suas vocações econôMicas




                                   Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Nota-se	que	as	regiões	mais	urbanizadas	(UGRHI	06,	05,	10,	07	e	02)	têm	perfil	industrial,	que	tende	a	se	es-
praiar	para	partes	do	interior	que	atualmente	se	encontram	em	processo	de	industrialização.	O	oeste	paulista	
é	predominantemente	ligado	a	atividades	do	setor	primário,	enquanto	o	sul	do	Estado,	a	Serra	da	Mantiqueira	
e	o	Litoral	Norte	têm	vocação	para	a	conservação,	pelo	fato	de	possuírem	significativos	remanescentes	de	ve-
getação	nativa.	Mais	adiante	se	abordará	com	maior	detalhe	as	características	gerais	dessas	UGRHI.




                                                                                                                    9
2.1 caracterização das bacias Hidrográficas
     2.1.1 regiões Hidrográficas
     O	Estado	de	São	Paulo	possui	em	seu	território	sete	bacias	hidrográficas,	definidas	e	delimitadas	pelo	Plano	
     Estadual	de	Recursos	Hídricos	2004	–	2007	(SÃO	PAULO,	2005).	Essas	bacias	são	também	comumente	cha-
     madas	de	regiões	hidrográficas,	sendo,	nestas	sete	regiões,	que	as	22	Unidades	de	Gerenciamento	de	Recursos	
     Hídricos	(UGRHI)	do	Estado	se	inserem.

     As	regiões	hidrográficas	nada	mais	são	que	as	principais	vertentes	hidrográficas	do	Estado,	delimitadas	natural-
     mente	pelos	divisores	de	água	e	constituídas	por	seus	rios	estruturantes	e	tributários.	Vale	ainda	destacar	que	são	
     esses	rios	estruturantes	que	dão	nomes	às	regiões	hidrográficas,	em	virtude	da	importância	que	os	mesmos	têm	
     para	a	formação	das	bacias.

     A	Figura	2.3	mostra	as	regiões/bacias	hidrográficas	do	Estado	de	São	Paulo.


                                                            FiGura 2. 3
                                    reGiões HidroGráFicas do estado de são Paulo




                                         Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     As	 tabelas	 que	 seguem	 apresentam	 um	 detalhamento	 das	 regiões	 hidrográficas	 do	 Estado,	 indicando	 quais	
     UGRHI	compõe	as	mesmas,	bem	como	apresentando	algumas	características	gerais.




10
tabela 2. 1
reGião HidroGráFica da vertente Paulista do rio ParanaPaneMa

               uGrHi                      área (Km2)                População 2010
14 – Alto Paranapanema                       22.689                       722.155
17 – Médio Paranapanema                      16.749                      666.039
22 – Pontal do Paranapanema                  12.395                      478.740
                  total                      51.833                     1.866.934

             Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                                      tabela 2. 2
                          reGião HidroGráFica aGuaPeí/Peixe

               uGrHi                      área (Km2)                População 2010
20 – Aguapeí                                 13.196                      363.986
21 – Peixe                                   10.769                      447.830
                  total                      23.965                      811.816

             Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                                     tabela 2. 3
                           bacia HidroGráFica do rio tietê

               uGrHi                      área (km2)                População 2010
05 – Piracicaba/Capivari/Jundiaí             14.178                     5.082.182
06 – Alto Tietê                               5.868                     19.510.594
10 – Sorocaba/Médio Tietê                    11.829                      1.845.831
13 – Tietê/Jacaré                            11.779                     1.480.934
16 – Tietê/Batalha                           13.149                      512.199
19 – Baixo Tietê                             15.588                      753.594
                  total                      72.391                     29.185.334

             Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                                        tabela 2. 4
             reGião HidroGráFica de são José dos dourados

               uGrHi                      área (km2)                População 2010
18 – São José dos Dourados                    6.783                      224.153
                  total                       6.783                      224.153

             Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                          tabela 2. 5
    reGião HidroGráFica da vertente Paulista do rio Grande

               uGrHi                      área (km2)                População 2010
01 – Mantiqueira                               675                        64.802
04 – Pardo                                    8.993                      1.108.472
08 – Sapucaí/Grande                           9.125                       670.716
09 – Mogi–Guaçu                              15.004                     1.450.200
12 – Baixo Pardo/Grande                       7.239                       333.077
15 – Turvo/Grande                            15.925                     1.234.068
                  total                      56.961                     4.861.335

             Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                     11
tabela 2. 6
                                                      bacia do rio Paraíba do sul

                                        uGrHi                      área (km2)                População 2010

                          02 – Paraíba do Sul                         14.444                     1.992.468

                                         total                        14.444                     1.992.468

                                      Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                                                       tabela 2. 7
                                        reGião HidroGráFica da vertente litorânea

                                        uGrHi                      área (km2)                População 2010

                          03 – Litoral Norte                           1.948                       281.778

                          07 – Baixada Santista                        2.818                     1.663.082

                          11 – Ribeira de Iguape/Litoral Sul          17.068                      365.260

                                         total                        21.834                     2.310.120

                                      Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     Merece	destaque	a	Bacia	Hidrográfica	do	Rio	Tietê,	que	conta	com	mais	de	29	milhões	de	habitantes	(71%	de	
     toda	população	paulista)	e	ocupa	quase	de	30%	do	território	estadual.	Além	disso,	a	região	abrange	duas	das	mais	
     importantes	UGRHI	do	Estado:	a	do	Alto	Tietê	e	a	do	Piracicaba/Capivari/Jundiaí,	que	além	de	serem	as	mais	
     populosas,	são	marcadas	pelo	grande	enfoque	industrial	de	suas	atividades	econômicas,	além	do	grande	número	
     de	universidades	e	estabelecimentos	de	serviços.



     2.1.2 unidades de Gerenciamento de recursos Hídricos (uGrHi)
     Como	 já	 citado,	 o	 Estado	 de	 São	 Paulo	 se	 subdivide	 em	 22	 Unidades	 de	 Gerenciamento	 de	 Recursos	
     Hídricos	 (UGRHI),	 cada	 uma	 composta	 por	 diversos	 municípios.	 Vale	 ressaltar	 que	 um	 determinado	
     município	pode	compor	mais	de	uma	UGRHI,	já	que	esta	divisão	não	é	definida	pelo	limite	territorial	dos	
     municípios,	mas	sim	pelo	seu	divisor	de	águas.	Quando	isso	ocorre,	o	município	é	considerado	pertencente	
     à	UGRHI	em	que	sua	sede	municipal	se	situa.	A	seguir	são	apresentadas	algumas	características	gerais	das	
     22	UGRHI	do	Estado.


     uGrHi 01 – Mantiqueira

     A	UGRHI	01	–	Mantiqueira	está	caracterizada,	quanto	à	sua	vocação,	como	de	conservação.	Das	vinte	e	duas	
     bacias	hidrográficas	que	compõem	o	Estado	de	São	Paulo,	a	da	Mantiqueira	é	a	de	menor	espaço	territorial,	com	
     675	km2.	Está	conformada	pelo	menor	número	de	municípios,	apenas	três	(Figura	2.4),	e	apre	 enta	o	menor	
                                                                                                  s
     contingente	populacional	dentre	todas	as	bacias	paulistas,	segundo	dados	do	IBGE	(2010a),	que	contabilizou,	
     em	2010,	uma	população	de	aproximadamente	de	65	mil	habitantes,	aproximadamente	0,2%	da	população	do	
     Estado.	Estima-se	que	em	2020	sua	população	alcance	77	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).




12
FiGura 2. 4
                                 uGrHi 01 e seus MunicíPios constitutivos




                                   Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Em	um	Estado	pobre	em	águas	de	superfície,	é	sempre	importante	ter-se	em	mente	a	disponibilidade	hídrica	
de	suas	regiões	constitutivas.	Assim,	a	UGRHI	01	convive	com	a	confortável	situação	de	seus	mananciais	de	
superfície	e	subterrâneos	disporem	juntos	de	10	m³/s	para	cobrir	uma	demanda	da	ordem	de	1	m³/s	(SMA/
CRHi,	2010).	

Como	uma	região	voltada	à	conservação,	expõe	extensa	cobertura	vegetal	nativa,	que	lhe	confere,	juntamente	
com	uma	visão	panorâmica	dos	contrafortes	e	faldas	da	Serra	da	Mantiqueira,	um	ambiente	favorável	ao	desen-
volvimento	das	atividades	do	turismo,	que	caracteriza	a	principal	atividade	econômica	da	região.

Campos	do	Jordão,	com	seus	48	mil	habitantes	(IBGE,	2010a),	ou	74%	de	toda	população	da	bacia,	tem	
con	 istente	vida	econômica,	ditada	pela	condição	de	ser	um	dos	mais	importantes	destinos	turísticos	do	
     s
Estado	e	pela	exploração,	em	grande	escala,	de	água	mineral.	Outras	atividades	minerárias,	desenvolvidas	
em	menor	escala	e	voltadas,	na	maioria	das	vezes,	para	atender	o	mercado	regional,	são	as	de	argila	refratá-
ria,	quartzito,	dolomito	e	calcário,	com	intensidades	de	trabalho	incapa	 es	de	causar	impactos	ambientais	
                                                                        z
significativos.	

No	mais,	a	economia	da	região,	embora	promova	o	uso	e	a	ocupação	do	solo	rural	destinando	parte	importante	
de	seu	território	às	pastagens,	tem	como	resultado	uma	pecuária	de	pouco	significado.	A	outra	parte	está	ocu-
pada,	em	sua	maioria,	por	parcelas	menores	destinadas	ao	reflorestamento	e	por	vegetação	natural,	fato	este	que	
explica	a	sua	condição	de	Bacia	Hidrográfica	com	vocação	para	a	conservação	ambiental.

Seus sítios urbanos, principalmente os de Campos do Jordão, estão compostos, em sua maior parte, por topo­
grafia desenhada em fortes declives, com não raros episódios de deslizamentos, ocorridos em virtude da densa
ocupação. A população é formada, em sua boa parte, por migrantes atraídos pelas possibilidades de trabalho
propiciadas pela atividade turística e pelo conjunto de serviços associados a ela.




                                                                                                                   13
uGrHi 02 – Paraíba do sul

     A	UGRHI	02	–	Paraíba	do	Sul	está	classificada	como	industrial	e,	como	todas	as	demais	bacias	hidrográ-
     ficas	as	 im	consideradas	(PCJ,	Alto	Tietê,	Baixada	Santista	e	Sorocaba/Médio	Tietê),	chama	a	atenção	pela	
             s
     enorme	po	 encialidade	que	seus	modelos	de	desenvolvimento	têm	de	promover	passivos	socioambientais	de	
                 t
     toda	ordem.	

     São	34	os	seus	municípios	constitutivos,	como	pode	ser	visto	na	Figura	2.5	que	segue,	sua	extensão	territorial	
     é	de	14.444	km²	e	sua	população,	segundo	o	IBGE	(2010a),	chegou	a	quase	dois	milhões	de	ha	 itantes	no	ano	
                                                                                                  b
     de	2010,	correspondendo	a	quase	5%	do	total	do	Estado.	Está	previsto	que	em	2020	a	bacia	apresentará	uma	
     população	da	ordem	de	2,2	milhões	de	habitantes	(SEADE,	2010b).


                                                             FiGura 2. 5
                                        uGrHi 02 e seus MunicíPios constitutivos




                                          Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     Com	relação	ao	balanço	hídrico,	os	números	mostram	uma	situação	muito	confortável	da	região,	a	saber:	
     para	 uma	 disponibilidade	 total	 de	 93	 m³/s,	 a	 demanda	 total	 gira	 em	 torno	 de	 14	 m³/s	 (SMA/CRHi,	
     2010).

     A	área	pólo	do	desenvolvimento	da	bacia	é	composta	pelo	Aglomerado	Urbano	de	São	José	dos	Campos,	parte	
     integrante	 da	 Macrometrópole	 Paulista,	 formado	 por	 10	 municípios	 (Aparecida,	 Caçapava,	 Guaratinguetá,	
     Jacareí,	 Pindamonhangaba,	 Potim,	 Roseira,	 São	 José	 dos	 Campos,	Taubaté	 e	Tremembé).	 A	 eles,	 juntam-se	
     os	 municípios	 de	 Guararema	 e	 Santa	 Isabel	 (integrantes	 da	 Região	 Metropolitana	 de	 São	 Paulo),	 Cruzeiro	
     e	 Lorena.	 Juntos,	 abrigam	 uma	 população	 de	 1,8	 milhão	 de	 habitantes	 (IBGE,	 2010a),	 ou	 90%	 do	 todo	 da	
     população	da	bacia.	




14
Suas	indústrias	aeroespacial,	automobilística,	de	celulose	e	papel,	química,	mecânica,	eletrônica	e	extrativista,	
além	de	seus	centros	de	pesquisas	tecnológicas,	põem-se	acompanhados	por	um	conjunto	importante	de	ativida-
des	de	serviços,	que	exigem	uma	mão-de-obra	com	alta	especialização.

Estão	concentradas	nas	áreas	conurbadas	dos	municípios	da	mencionada	Aglomeração	Urbana	de	São	José	dos	
Campos,	de	influência	direta	da	Rodovia	Presidente	Dutra,	que	liga	São	Paulo	ao	Rio	de	Janeiro	e	que	se	consti-
tui	no	principal	eixo	de	desenvolvimento	do	uso	e	da	ocupação	do	solo	de	todo	o	território	da	UGRHI.	

Ao	 trabalharem	 para	 a	 consolidação	 da	 macrometrópole,	 que	 se	 está	 a	 construir	 ao	 redor	 da	 capital	 do	
Estado,	estruturam	um	corredor	de	indução	da	formação,	da	ainda	pouco	visível,	mas	bastante	provável,	
megalópole,	que	irá	surgir	do	encontro	desta	gigantesca	metrópole	paulista	com	a	Região	Metropolitana	
do	Rio	de	Janeiro.	

Suas	economias	agropecuárias,	à	exceção	da	florescente	silvicultura	regional	que	a	cada	tempo	ganha	maior	
espa	 o	no	todo	dos	sítios	rurais	da	UGRHI,	são	pobres,	conservadoras,	pouco	arejadas	e,	por	conseguinte,	
     ç
de	 baixo	 desenvolvimento	 tecnológico	 e	 pouco	 motivadas	 a	 um	 arranque	 em	 direção	 a	 qualquer	 melhor	
ponto	futuro.	

Ainda,	o	turismo,	é	uma	atividade	econômica	que	merece	destaque	na	região.	A	presença	do	rio	Paraíba	do	
Sul,	 per	 orrendo	 grande	 parte	 dos	 municípios	 da	 UGRHI	 e	 represado	 pelos	 reservatórios	 de	 Paraibuna/
         c
Paraitinga,	Santa	Branca,	Jaguari	e	Funil,	favorece	a	prática	de	esportes	náuticos,	observado	principalmente	
pela	alta	con	 entração	de	casas	de	veraneio	no	entorno	dos	reservatórios.	Além	disso,	estão	concentrados	na	
               c
bacia,	 diversos	 circuitos	 turísticos	 oficiais	 do	 Estado	 de	 São	 Paulo,	 tais	 como:	 Circuito	 Religioso,	 do	Vale	
Histórico,	Caipira	e	Mantiqueira.	A	paisagem	das	Serras	da	Mantiqueira,	do	Mar	e	da	Bocaina,	favorece	o	tu-
rismo	de	aventura,	o	ecoturismo	e	o	turismo	rural,	devido	aos	extensos	remanescentes	de	Mata	Atlântica	com	
potencial	cênico	notá	 el,	bem	como	à	presença	de	antigas	propriedades	rurais,	que	guardam	a	memória	dos	
                        v
tempos	áureos	do	ciclo	do	café,	pelo	qual	passou	a	região.	Ainda	vale	destacar	o	turismo	religioso,	praticado	
em	Aparecida,	Cachoeira	Paulista	e	Guaratinguetá,	além	da	presença	de	um	patrimônio	histórico	preservado	
em	grande	parte	dos	muni	 ípios,	que	favorece	o	turismo	cultural	e	está	entre	os	principais	elementos	da	atra-
                              c
tividade	turística	da	região.


uGrHi 03 – litoral norte

A	UGRHI	03	–	Litoral	Norte	tem	por	vocação	explicitada	a	conservação.	Juntamente	com	as	da	Baixada	Santis-
ta,	do	Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul	e	do	Alto	Paranapanema,	está	direcionada	a	cumprir	um	papel	importante	
na	conservação	dos	ambientes	naturais	contínuos	e	conservados	da	Serra	do	Mar,	que	atravessa	de	forma	inin-
terrupta	a	fachada	atlântica	do	Estado.	

Sua	extensão	territorial	é	de	1.948	km²	e	abriga	quatro	municípios	(Figura	2.6).	O	Litoral	Norte	comporta	
0,7%	da	população	estadual,	que	em	2010,	totalizou	quase	282	mil	habitantes	(IBGE,	2010a)	e,	em	2020,	
está	prevista	para	chegar	a	330	mil	habitantes	(SEADE,	2010b),	não	considerando	as	eventuais	mudanças	
comportamentais	de	sua	demografia,	por	força	das	iniciativas	ligadas	às	atividades	a	serem	desenvolvidas	para	
a	exploração	de	petróleo	na	camada	pré-sal	do	Campo	de	Tupi,	na	Bacia	de	Santos.	Quanto	à	realidade	de	
cada	um	de	seus	municípios,	eles	se	equivalem	e	sua	convivência,	pelas	relações	de	complementaridade,	tipifica	
um	Aglomerado	Urbano.	




                                                                                                                              15
FiGura 2. 6
                                           uGrHi 03 e seus MunicíPios constitutivos




                                             Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)



     Nesta	UGRHI	está	situado	o	Porto	de	São	Sebastião,	com	características	que	o	predispõem	a	se	consolidar	
     como	ponto	de	atracação	de	navios	de	grande	porte	com	alta	capacidade	de	carga,	com	destaque	para	o	Terminal	
     Petrolífero	Almirante	Barroso,	da	Petrobrás,	com	seu	retroporto	em	expansão.

     Com	uma	economia	rural	nada	expressiva,	toda	a	vida	se	dá	num	ambiente	urbano	caracterizado	por	uma	voca	 ão	
                                                                                                                ç
     de	lazer	de	ocasião	ou	de	segunda	residência,	em	temporadas	bem	definidas	por	um	turismo	de	veraneio	que	domi-
     na	a	economia	local	e	traz	riscos	permanentes	de	impactos	socioambientais	com	proporções	importantes.	Segundo	
     dados	do	IBGE	(2007)	a	concentração	de	casas	de	veraneio,	em	2007,	chegava	a	47%	dos	domicílios	particulares	
     dos	municípios	da	UGRHI,	evidenciando	a	importância	do	turismo	de	segunda	residência	na	região.	

     A	região	reúne	atrativos	dos	mais	variados,	desde	praias	badaladas,	com	vida	noturna	agitada,	até	recantos	mais	tran-
     quilos	e	preservados,	com	praias	e	ilhas	desertas.	Ubatuba	e	Caraguatatuba,	por	exemplo,	estão	entre	os	30	destinos	
     mais	visitados	do	Brasil.	Em	Ubatuba,	vale	destacar	o	turismo	de	observação	de	aves,	que	tem	crescido	muito	em	âmbi-
     to	mundial.	No	Parque	Estadual	da	Serra	do	Mar,	a	Mata	Atlântica	preservada	é	um	valioso	atrativo,	onde	podem	ser	
     praticadas	atividades	de	ecoturismo	e	turismo	de	aventura.	Já	o	Parque	Estadual	de	Ilhabela	tem	natureza	exuberante	e	
     atrai	muitos	visitantes	para	as	suas	cachoeiras	e	trilhas,	além	de	reunir	os	atributos	necessários	para	a	prática	de	diversos	
     esportes	aquáticos.	Os	quatro	municípios	do	Litoral	Norte	são	reconhecidos	como	estâncias	balneárias.

     O	comportamento	sazonal	de	sua	economia	e	sua	condição	de	área	de	apoio	ao	porto,	importante	ponto	de	
     pas	 agem	de	produtos,	tornam	o	litoral	norte	um	lugar	de	incertezas	econômicas.	Tais	incertezas	permanen-
         s
     temente	conspiram	contra	a	qualidade	de	vida	da	região,	seja	porque	pouco	facilitam	a	tomada	de	decisão	e	
     implantação	de	políticas	públicas	que	venham	a	melhorá-la,	seja	pela	falta	de	iniciativas	privadas	mais	con-
     sistentes	nas	áreas	da	economia	que	não	sejam	a	da	cadeia	produtiva	da	construção	civil,	esta	sim,	de	muita	
     capacidade	e	com	grande	perspectiva	de	crescimento.	




16
Esses	desconfortos	estão	convivendo,	agora,	com	os	possíveis	avanços	dos	investimentos	para	a	exploração	do	
petróleo	na	camada	pré-sal	do	Campo	de	Tupi,	na	Bacia	de	Santos,	e	na	plataforma	marinha	de	influência	do	
Litoral	Norte.	Esse	fato	faz	da	região	um	local	estratégico	para	hospedar,	hoje,	um	esperado	contingente	de	novos	
profissionais	da	cadeia	do	setor	petroleiro,	acompanhados	de	todos	os	serviços	periféricos	necessários	para	a	sua	
acomodação	ao	novo	local	de	moradia.	

É	preciso	considerar	que	suas	áreas	apropriadas	à	ocupação	urbana	têm	dimensões	que	estão	limitadas	pelo	mar	
e	pela	montanha,	na	sua	porção	continental	ou	insular.	Em	boa	parte,	são	lindeiras	a	áreas	de	conservação	de	
meia	encosta,	inapropriadas	à	ocupação.	

Trabalha-se	na	região	com	uma	segurança	hídrica	invejável,	ou	seja,	seus	39	m³/s	de	disponibilidade	hídrica	
total,	têm	a	função	de	atender	uma	demanda	média	total	da	ordem	de	1,4	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	


uGrHi 04 – Pardo

A	UGRHI	04	–	Pardo	vive	o	mesmo	momento	que	as	bacias	hidrográficas	do	Sapucaí/Grande,	do	Mogi-Gua-
çu,	do	Baixo	Pardo/Grande	e	do	Tietê/Jacaré.	Nela,	trabalha-se	para	fazer	bem	sucedido	o	processo	de	transição	
da	vocação	agropecuária	para	a	industrial.	Com	ele,	vão-se	desenhar,	em	definitivo,	as	vocações	territoriais	das	
vinte	e	duas	bacias	hidrográficas	do	Estado.	

Ocupa	uma	extensão	de	território	de	8.993	km²,	espalhados	por	23	municípios,	conforme	Figura	2.7	a	seguir,	e	habita-
dos,	em	2010,	por	aproximadamente	1,1	milhão	de	habitantes	–	2,7%	do	total	do	Estado	(IBGE,	2010a).	Para	2020,	
estima-se	que	seja	algo	próximo	a	1,2	milhão	de	habitantes	(SEADE,	2010b).	A	cidade	pólo	do	desenvolvimento	da	
bacia	é	Ribeirão	Preto	que,	em	2010,	contava	com	605	mil	habitan	 es,	ou	55%	do	total	da	população	da	bacia.	
                                                                t

                                                       FiGura 2. 7
                                  uGrHi 04 e seus MunicíPios constitutivos




                                    Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                       17
Seu	balanço	hídrico	apresenta	uma	disponibilidade	hídrica	total	de	44	m³/s	e	sua	demanda	algo	como	14	m³/s,	
     o	que	já	começa	a	tipificar	uma	situação	de	atenção	quanto	aos	recursos,	já	que	a	demanda	representa	pouco	mais	
     de	30%	da	vazão	mínima	registrada	na	bacia	(SMA/CRHi,	2010).	

     O	setor	primário	de	sua	economia	tem	na	cana-de-açúcar	seu	ponto	forte.	Segundo	o	Instituto	de	Economia	
     Agrícola	 (IEA,	 2009),	 só	 ela	 ocupava	 em	 2009,	 39%	 do	 território	 da	 bacia	 hidrográfica,	 enquanto	 todas	 as	
     suas	pastagens	ocupavam	emblemáticos	25%,	característica	esta	que	não	se	observa	na	maior	parte	das	demais	
     UGRHI,	onde	a	pecuária	tem	expressão	territorial	maior	que	a	das	culturas	–	temporárias	e	perenes	–,	mesmo	
     quando	somadas.	A	bacia	hidrográfica	do	Pardo	abriga	nove	usinas	de	açúcar	e	álcool,	o	que	explica	o	esforço	de	
     concentrar	nas	culturas	da	cana	a	maior	parte	da	produção	agrícola,	fazendo	da	UGRHI	04,	um	pólo	estratégico	
     para	a	produção	de	energia	limpa,	no	qual	o	Estado	se	empenha	com	toda	convicção.	

     Com	relação	ao	segundo	e	ao	terceiro	setor,	merece	destaque	o	município	de	Ribeirão	Preto,	que	abriga	grande	
     parte	dos	estabelecimentos	industriais,	de	comércio	e	serviços	existentes	na	bacia,	seguidos	de	Mococa,	São	
     José	do	Rio	Pardo	e	Tambaú,	os	outros	três	municípios	de	maior	expressão	na	economia	regional	para	os	
     setores	citados.

     Verifica-se	ainda	na	região,	a	existência	de	um	potencial	para	o	desenvolvimento	turístico	nos	segmentos	
     rural,	 de	 aventura,	 religioso	 e	 ecoturismo.	As	 grandes	 fazendas	 de	 café	 que	 foram	 prósperas	 no	 final	 do	
     século	 XIX	 e	 início	 do	 século	 XX	 são	 atrativos	 de	 grande	 valor	 arquitetônico,	 histórico	 e	 cultural.	 No	
     segmento	do	turismo	religioso,	o	Caminho	da	Fé,	inspirado	no	Caminho	de	Santiago	de	Compostela,	foi	
     criado	em	2003	para	servir	de	apoio	às	pessoas	que	peregrinam	ao	Santuário	de	Nossa	Senhora	de	Apare-
     cida.	Ribeirão	Preto	destaca-se	com	a	realização	de	turismo	de	negócios	e	eventos,	especialmente	ligados	
     ao	setor	sucroenergético.	

     Este	quadro	de	situação	revela,	sim,	a	condição	da	bacia	hidrográfica	do	Rio	Pardo	de	estar	vivendo	um	mo	 ento	
                                                                                                              m
     em	que	transita	de	uma	vocação	marcadamente	agropecuária	para	a	realidade	de	uma	região	com	uma	economia	
     que	se	apóia	na	força	do	binômio	indústria/serviços,	com	maior	capacidade	de	geração	de	riquezas.	

     Essa	mudança	de	perfil	é	importante	para	que	se	possa	caracterizar	os	impactos	ambientais	que	venham	a	ocor-
     rer	de	agora	em	diante.	E	essas	mudanças	se	fazem	ainda	mais	presentes	quando	se	sabe	que	a	Aglomeração	
     Urbana	de	Ribeirão	Preto	já	ostenta	a	condição	de	abrigar	iniciativas	importantes,	economicamente	expressivas	
     e	gerencialmente	bem	sucedidas,	de	Arranjos	Produtivos	Locais,	tais	como	os	das	indústrias	de	instrumentação	
     médico-hospitalar	e	odontológicos,	de	precisão	e	de	automação.	Porém,	este	esforço	por	fazer-se	uma	região	com	
     vocação	industrial	esbarra	numa	segurança	hídrica	frágil,	como	já	citado	anteriormente.


     uGrHi 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí

     A	UGRHI	05	–	Piracicaba/Capivari/Jundiaí,	o	PCJ,	tem	sua	vocação	definida	como	industrial.	

     Os	14.178	km²	que	seu	espaço	territorial	abarca,	continham,	em	2010,	uma	população	da	ordem	de	5,1	mi	hões	
                                                                                                          l
     de	habitantes	(IBGE,	2010a),	espalhada,	de	forma	muito	desigual,	por	seus	57	municípios	(Figura	2.8).	Em	
     2020,	são	esperados	5,7	milhões	de	habitantes	(SEADE,	2010b).	Atualmente,	o	PCJ	comporta	pouco	mais	de	
     12%	da	população	paulista.




18
FiGura 2. 8
                                              uGrHi 05 e seus MunicíPios constitutivos




                                                 Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Os	recursos	hídricos	existentes	na	bacia	hidrográfica	não	estão	de	todo	disponíveis	para	saciar	as	suas	deman-
das.	Uma	parte	considerável	deles,	pertencente	ao	do	Rio	Piracicaba,	é	transferida	para	o	Sistema	Cantareira	
(algo	em	torno	de	30	m3/s),	sendo	responsável	por	50%	do	abastecimento	doméstico	demandado	pela	Região	
Metro	 olitana	de	São	Paulo.	
       p

O	PCJ	trabalha	com	uma	demanda	total	da	ordem	de	81	m³/s,	coberta	sem	qualquer	segurança	hídrica	por	uma	
disponibilidade	hídrica	total	de	65	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	Esta	situação	crítica	se	revela	bastante	presente	na	
distribuição	das	reservas	de	águas	interiores	na	UGRHI	05,	porque	se	torna	necessário	alimentar,	também,	um	
sistema	de	exportações	internas.	Isso	se	dá	pela	transposição	das	águas	da	Bacia	Hidrográfica	do	Piracicaba	(com	
recursos	de	sua	sub-bacia	do	Rio	Atibaia),	para	as	dos	rios	Jundiaí	(visando	garantir	o	abastecimento	de	Jundiaí)	
e	do	Capivari	(visando	assegurar	o	completo	abastecimento	de	Campinas).	O	mesmo	ocorre,	internamente,	da	
sub-bacia	do	Atibaia	para	a	do	Baixo	Piracicaba	e	da	sub-bacia	do	Jaguari	para	as	do	Atibaia	e	do	Baixo	Piracicaba.

A	UGRHI	abriga	a	Região	Metropolitana	de	Campinas	e	seus	19	municípios1,	parte	da	Aglomeração	Urbana	
de	Piracicaba-Limeira2,	e		da	Aglomeração	Urbana	de	Sorocaba-Jundiaí3.	Todos	esses	conjuntos	de	municípios	
–	os	postos	na	Região	Metropolitana	de	Campinas	e	nas	aglomerações	urbanas	citadas	–	são	parte	integrante	da	
Macrometrópole	Paulista,	men	 ionada	anteriormente.	
                               c



1	Americana,	Artur	Nogueira,	Campinas,	Cosmópolis,	Engenheiro	Coelho,	Holambra,	Hortolândia,	Indaiatuba,	Itatiba,	Jaguariúna,	Monte	Mor,	Nova	
Odessa,	Paulínia,	Pedreira,	Santa	Bárbara	d’Oeste,	Santo	Antônio	de	Posse,	Sumaré,	Valinhos,	Vinhedo.	
2	Araras,	Conchal,	Cordeirópolis,	Estiva	Gerbi,	Iracemápolis,	Leme,	Limeira,	Mogi-Guaçu,	Moji-Mirim,	Piracicaba,	Rio	Claro,	Santa	Gertrudes.
3	Atibaia,	Bragança	Paulista,	Cabreúva,	Campo	Limpo	Paulista,	Itu,	Itupeva,	Jarinu,	Jundiaí,	Louveira,	Porto	Feliz,	Salto,	Sorocaba,	Várzea	Paulista.




                                                                                                                                                        19
A	bacia	hidrográfica	do	PCJ	consolidou-se	como	um	lugar	importante	na	opção	por	alternativas	de	localização	
     de	indústrias	da	Região	Metropolitana	de	São	Paulo,	quando	esta	passou	a	viver	a	transição	de	suas	vocações	
     industriais,	para	assumir	o	seu	status	de	núcleo	de	formulação	de	estratégias	empresariais	e	financeiras,	próprias	
     dos	centros	urbanos	com	expressão	mundial.	

     Implantou-se,	então,	um	parque	industrial	diversificado	na	bacia,	com	maior	concentração	nos	municípios	de	
     Indaiatuba,	Paulínia	e	Sumaré,	com	destaque	para	produção	de	tecnologias	e	componentes	para	telecomuni-
     cações	e	informática,	montadoras	de	veículos	automotivos,	refinarias	de	petróleo,	fábricas	de	celulose	e	papel	e,	
     como	não	poderia	deixar	de	ser,	indústrias	alimentícias	e	sucroalcooleiras.	Só	de	usinas	de	açúcar	e	álcool,	a	bacia	
     hidrográfica	do	PCJ	abriga	doze	unidades.	Este	aglomerado	de	plantas	industriais,	com	tão	diversos	objetivos,	
     tornou-se,	por	força	de	suas	cada	vez	maiores	exigências	tecnológicas,	um	fornecedor	confiável	de	oportunidades	
     a	centros	de	pesquisa	e	universidades	do	País,	na	busca	por	alargar,	de	forma	constante,	suas	capacidades	de	
     gestão	e	de	produção.	

     Essa	transformação	da	região	em	um	centro	produtivo	industrial	com	tais	dimensões,	foi	acompanhada	também	
     por	uma	imensa	rede	de	serviços,	com	todas	as	exigências	necessárias	para	fazer	da	região	um	espaço	sul-ameri-
     cano	de	produção,	produtividade	e	liderança.	

     A	força	de	sua	capacidade	empreendedora,	em	nível	urbano,	não	rouba	a	necessidade	de	empreender	avanços	e	con-
     quistas	na	sua	agropecuária,	dominada	pela	presença	da	cana-de-açúcar	e	da	citricultura	e	que	tem	em	Piracicaba	o	
     centro	de	maior	relevância	na	busca	pela	cada	vez	mais	significativa	produtividade	para	suas	áreas	plantadas.	

     Ainda	vale	destacar	a	presença	de	diversas	estâncias	hidrominerais,	climáticas	e	turísticas	na	UGRHI	05,	as	
     quais	integram	diversos	circuitos	turísticos	paulistas.	O	Circuito	das	Frutas,	formado	por	10	municípios	des-
     ta	UGRHI,	enfatiza	a	importância	do	turismo	rural	na	região.	Os	produtores	de	frutas	exploram	a	atividade	
     turísti	 a	através	da	visita	às	suas	propriedades	rurais,	onde	se	pode	vivenciar	a	produção	artesanal	do	vinho	e	
            c
     de	doces,	a	produção	das	frutas	e	a	vida	em	contato	com	as	raízes	históricas	e	culturais	do	interior	paulista.	No	
     município	de	Holambra,	que	responde	sozinho	por	um	terço	da	produção	de	flores	e	plantas	ornamentais	do	
     país,	pode-se	testemunhar	a	influência	holandesa	na	arquitetura	e	nos	moinhos	que	compõem	a	paisagem.	No	
     circuito	das	águas,	que	são	conhecidas	internacionalmente	por	seu	poder	de	cura,	fazem	parte	os	municípios	
     de	Amparo,	Jaguariúna,	Monte	Alegre	do	Sul	e	Pedreira.	Na	Região	Metropolitana	de	Campinas	destaca-se	o	
     potencial	para	o	turismo	de	negócios	e	de	ciência	e	tecnologia.	Já	o	Circuito	Turístico	entre	Serras	e	Águas,	com	
     potencial	para	o	turismo	rural,	ecoturismo	e	turismo	de	aventura	nas	exuberantes	formações	da	Serra	da	Manti-
     queira,	conta	com	a	participação	de	onze	municípios	da	UGRHI	05	e	dois	da	UGRHI	06.


     uGrHi 06 – alto tietê

     A	UGRHI	06	–	Alto	Tietê	e	sua	vocação	industrial	obrigam	a	Região	Metropolitana	de	São	Paulo	a	se	aproxi-
     mar	cada	vez	mais	de	seu	objetivo	maior:	o	de	ser	um	aglomerado	urbano	de	expressão	globalizada.

     O	que	se	tem	de	concreto	é	que	a	região	está	posicionada	como	o	centro	do	sistema	urbano	contínuo	que	com-
     põe	os	domínios	da	Macrometrópole	Paulista,	composta	por	102	municípios,	que	contêm	70%	da	população	do	
     Estado	e	gera	80%	de	suas	riquezas.

     Seu	território,	de	5.868	km²,	abriga	população	que,	em	2010,	conformou	aproximadamente	20	milhões	de	habi-
     tantes	(IBGE,	2010a),	pouco	mais	de	47%	do	contingente	populacional	paulista	do	momento,	a	viver	em	seus	34	
     municípios	(Figura	2.9).	Calcula-se	que	sua	população	em	2020,	chegará	próximo	aos	22	milhões	de	habitantes	
     (SEADE,	2010b).




20
FiGura 2. 9
                                 uGrHi 06 e seus MunicíPios constitutivos




                                   Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




A	UGRHI	06	vive	um	enorme	desequilíbrio	hídrico.	A	disponibilidade	hídrica	total	da	bacia	é	da	ordem	de	31	
m³/s,	enquanto	sua	demanda	total	de	abastecimento	é	de	55	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	Como	já	registrado	na	
caracterização	da	UGRHI	05	–	PCJ,	esse	déficit	é	superado	por	importações	de	vazões	interbacias	e	intrabacias,	
gerando	um	comportamento	bastante	peculiar.	

É	preciso	que	se	registre	que	esse	respeitável	contingente	de	pessoas	que	habita	a	Região	Metropolitana	de	São	
Paulo	guarda	uma	tradição	que,	felizmente,	agora	se	esgota:	o	de	crescer	aos	saltos.

Entre	1872	(com	30	mil	habitantes)	e	1900	(com	240	mil	habitantes),	o	município	de	São	Paulo	viu	sua	popu-
lação	crescer	oito	vezes.	Em	1920,	já	tinha	580	mil	habitantes.	Em	1940,	1	milhão	e	300	mil,	ou	seja,	5,5	vezes	
mais	do	que	em	1900.	Hoje,	com	11	milhões	de	habitantes	(IBGE,	2010),	abriga	população	8,5	vezes	maior	do	
que	a	de	1940	(SÃO	PAULO,	2007).

Como	se	não	bastassem	esses	saltos	populacionais,	que	por	si	só	são	obstáculos	à	construção	de	sua	melhor	qua-
lidade	de	vida,	é	preciso	considerar	que	40%	da	ocupação	humana	ocorrida	entre	1940	e	1990,	primeiro	em	São	
Paulo	e	depois	em	sua	Região	Metropolitana,	se	deu	em	áreas	com	restrições	ambientais	sérias.	Soma-se	a	isso,	o	
fato	de	que	entre	1990	e	1996,	a	população	favelada	da	Região	Metropolitana	de	São	Paulo	au	 entou	em	50%	
                                                                                              m
seus	números	originais,	sendo,	em	boa	parte,	acomodada	em	áreas	de	proteção	de	mananciais.	

A	tendência	para	a	desconcentração	econômica	observada,	que	marca	o	passado	recente	e	o	presente	da	Região	
Metropolitana	de	São	Paulo,	anotada	já	na	caracterização	da	UGRHI	05	–	PCJ,	vem	fazendo	com	que	a	região	
perca	de	forma	substantiva	a	sua	par	 icipação	nos	PIB	nacional	e	do	Estado.	
                                    t




                                                                                                                   21
Duas	tendências	trabalham	para	reverter	a	situação	aqui	colocada:	

        •	 Aproveitando	 a	 sua	 condição	 de	 centro	 financeiro	 e	 de	 decisão	 de	 estratégias	 empresariais,	 a	 Região	
           Metropolitana	tenta	conformar	um	centro	de	atividades	do	setor	terciário	avançado.	De	um	lado,	busca	
           gerenciar	as	atividades	dos	setores	com	plantas	produtivas	instaladas	em	regiões	abarcadas	por	sua	área	
           de	influência,	no	interior	do	País.	De	outro	lado,	busca	centralizar	na	região	todo	o	gerenciamento	da	ati-
           vidade	econômica	do	agronegócio,	um	setor	em	sustentável	desenvolvimento,	pelo	fato	de	se	beneficiar	da	
           condição	do	Brasil	ser	fornecedor	de	alimentos	de	um	mundo	em	franca	expansão	do	poder	de	compra	
           de	parte	significativa	de	suas,	hoje	ainda,	populações	periféricas;	e	

        •	 Constata-se,	 desde	 2004,	 uma	 participação	 crescente	 da	 indústria	 na	 formação	 do	 PIB	 metropoli-
           tano,	o	que	surpreende	porque	as	expectativas	são	as	de	que	São	Paulo	caminhe	para	a	condição	de	
           metrópole	pós-industrial,	apontando	para	o	fato	de	que	vive	a	oportunidade	de	trabalhar	formas	de	
           convivência	harmônica,	possibilitando	complementar	as	atividades	industriais	e	terciárias	avançadas	
           que	pratica.	

     Contando	com	diversos	circuitos	turísticos,	a	UGRHI	06	se	destaca,	também,	pela	diversidade	de	atra-
     tivos,	que	abrangem	praticamente	todos	os	segmentos	turísticos:	ecoturismo,	turismo	rural,	de	saúde,	de	
     aventura,	 religioso,	 de	 negó	 ios,	 de	 compras,	 de	 eventos,	 cultural,	 gastronômico,	 científico-tecnológico,	
                                    c
     educacional,	entre	outros.	A	capital	São	Paulo,	um	dos	principais	destinos	do	país,	possui	o	maior	parque	
     hoteleiro	no	Brasil,	concentra	75%	das	grandes	feiras	e	realiza	90	mil	eventos	por	ano.	Em	2006	e	2007,	
     São	Paulo	foi	a	cidade	das	Américas	que	sediou	o	maior	número	de	eventos	internacionais	vinculados	à	
     Associação	Internacional	de	Congressos	e	Convenções	(ICCA),	tendo	ficado	em	23º	lugar	no	mundo,	su-
     perando	destinos	como	Nova	Iorque,	Vancouver,	Madri	e	Tóquio.


     uGrHi 07 – baixada santista

     A	UGRHI	07	–	Baixada	Santista	está	classificada,	também,	como	industrial	e,	está	inteiramente	formada	pelos	
     municípios	que	integram	a	Região	Metropolitana	da	Baixada	Santista.	É	importante	que	se	registre,	também,	
     que	é	parte	da	Macrometrópole	Paulista,	já	delineada	quando	aqui	se	tratou	de	analisar	as	características	da	
     UGRHI	06.

     Num	território	de	2.818	km²,	contemplando	nove	municípios,	como	pode	ser	visto	na	Figura	2.10,	a	Baixada	
     Santista	tem	população	permanente	de	aproximadamente	de	1,7	milhão	de	habitantes,	4%	do	total	do	Estado	
     (IBGE,	2010a).	Como	a	bacia	hidrográfica	do	Litoral	Norte,	convive	também	com	população	flutuante	ex-
     pressiva,	como	consequência	de	sua	vocação	turís	 ica	de	segunda	residência	ou	para	o	lazer.	Essa	semelhança	
                                                      t
     se	dá,	também,	quanto	às	suas	áreas	habitáveis,	que	se	encontram	comprimidas	entre	o	mar	e	a	serra	e,	como	
     o	que	ocorre	no	Litoral	Norte,	faz	oportuna	a	apropriação	de	sítios	impróprios	à	ocupação	urbana,	que	são	na	
     maioria	das	vezes	áreas	de	risco,	por	serem	manguezais	ou	terras	com	pouca	estabilidade	geológica	situadas	
     em	encostas	de	morro.	




22
FiGura 2. 10
                                  uGrHi 07 e seus MunicíPios constitutivos




                                   Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Seu	balanço	hídrico	apresenta	uma	situação	de	atenção,	já	que	sua	disponibilidade	hídrica	total	é	de	58	m³/s	e	a	
demanda	gira	em	torno	de	18	m³/s	(31%	da	vazão	total	disponível)	(SMA/CRHi,	2010).	

Com	uma	economia	espremida	entre	as	atividades	portuárias,	as	do	Pólo	Industrial	de	Cubatão	e	as	terciárias,	de	
apoio	ao	turismo	de	lazer,	em	muito	incentivado	pelo	monumental	complexo	viário	de	acesso	ao	porto,	a	Baixada	
Santista	não	conta	com	uma	atividade	agropecuária	a	ser	considerada,	dada	a	sua	total	inexpressividade.	

O	turismo	é	evidenciado	principalmente	nas	estações	do	ano	mais	quentes	(primavera	e	verão),	devido	à	sua	
orla	marítima	extensa.	Além	da	forte	expressão	do	turismo	de	segunda	residência	na	região,	podemos	destacar	a	
presença	do	circuito	turístico	Costa	da	Mata	Atlântica,	que	evidencia	toda	a	riqueza	natural	do	Parque	Estadual	
da	Serra	do	Mar	e	conta	com	a	participação	de	todos	os	municípios	da	UGRHI.	Em	Santos,	a	presença	do	por-
to,	juntamente	com	um	terminal	de	passageiros	que	tem	capacidade	para	receber	6.500	pessoas	por	dia,	é	fator	
essencial	ao	desenvolvi	 ento	do	turismo	náutico	no	município.	
                       m

Outro	segmento	que	é	observado	na	região	é	o	turismo	cultural,	favorecido	devido	à	região	ter	vivenciado	mo-
mentos	marcantes	da	história	do	Brasil.	Merece	destaque	São	Vicente,	primeira	cidade	brasileira,	fundada	em	
1532	pelo	navegador	português	Martim	Afonso	de	Sousa.	

O	turismo	religioso	desponta	também	como	um	importante	segmento	na	região,	o	que	é	evidenciado	pelo	pro-
jeto	“Caminhos	de	Anchieta”,	que	visa	desenvolver	o	turismo	nos	lugares	de	passagem	e	peregrinação	do	Beato	
José	de	Anchieta,	fundador	da	cidade	de	São	Paulo.	A	região	ainda	dispõe	de	espaços	estruturados	para	eventos	
e	convenções	de	grande	porte,	um	parque	hoteleiro	em	grande	crescimento	e	uma	gastronomia	diversificada.	




                                                                                                                    23
Da	mesma	forma	que	o	Litoral	Norte,	está	a	viver	momentos	de	mudança	dessas	expectativas	econômicas	pouco	
     ágeis.	A	exploração	previsível	do	Campo	de	Tupi,	e	suas	copiosas	reservas	de	petróleo	das	camadas	pré-sal	da	Ba-
     cia	de	Santos,	está	a	desenhar	um	futuro	de	empreendedorismo	dinâmico	para	a	região.	Nela,	muito	se	acredita	
     em	seus	desdobramento	a	curto	prazo,	tanto	assim	que	já	se	registram	mudanças	importantes	nas	estratégias	do	
     mercado	imobiliário	de	Santos,	a	trabalhar	agora	com	mudanças	visíveis	de	tendências	para	o	uso	e	a	ocupação	
     de	seu	solo	urbano,	e	isso	não	pode	ser	visto	como	um	acontecimento	localizado.	

     O	município	de	Santos	apresentou,	na	década	que	agora	se	encerra,	comportamento	populacional	com	números	
     que	trabalham	na	direção	de	uma	estabilização	de	seu	desenvolvimento.	Assim,	em	2000,	tinha	quase	418	mil	
     habitan	 es	e,	em	2010,	420	mil.	Porém,	esta	previsão	está	sendo	desmentida	pelos	reflexos	das	possibilidades	de	
             t
     se	incrementar	a	economia	regional	a	partir	da	atividade	petroleira,	num	futuro	quase	que	imediato.

     Para	o	todo	da	bacia	da	Baixada	Santista,	está	prevista	uma	população	de	aproximadamente	1,9	milhão	de	ha-
     bitantes	em	2020	(SEADE,	2010b),	sem	se	considerar,	como	ocorre	com	a	do	Litoral	Norte,	eventuais	fluxos	
     migra	 órios	significativos	em	direção	à	região,	por	força	das	iniciativas	para	a	exploração	do	Campo	de	Tupi.
           t


     uGrHi 08 – sapucaí/Grande

     A	UGRHI	08	–	Sapucaí/Grande	tem	sua	vocação	definida	como	predominantemente	agrária,	mas	em	transição	
     para	ser	parte	das	que	têm,	no	Estado,	perfil	industrial.	

     Com	um	território	de	9.125	km²,	é	composta	por	22	municípios	(Figura	2.11),	que	abrigavam	uma	popula-
     ção,	em	2010,	de	670	mil	habitantes	(1,6%	do	Estado),	com	quase	a	metade	dela	residindo	em	Franca	(IBGE,	
     2010a).	Em	2020,	a	previsão	é	de	que	a	população	da	bacia	chegue	a	780	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).

                                                           FiGura 2. 11
                                       uGrHi 08 e seus MunicíPios constitutivos




                                        Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




24
Sua	segurança	hídrica	se	mostra	em	situação	de	relativo	conforto.	Sua	disponibilidade	total	é	de	46	m³/s,	en-
quanto	que	a	demanda	está	próxima	de	5	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

A	tendência	à	industrialização	que	se	verifica,	dá-se	pelo	desenvolvimento	do	Pólo	Calçadista	de	Franca,	um	Ar-
ranjo	Produtivo	Local,	que	abriga	o	conjunto	de	suas	fábricas,	as	plantas	industriais	das	empresas	periféricas	de	
seus	fornecedores	e	as	instituições	destinadas	à	formação	de	mão-de-obra	especializada,	todas	essas	instituições	
voltadas	a	suprir	suas	necessidades	de	produção.	

Seus	mentores	têm	hoje,	um	objetivo	estratégico:	superar	a	concorrência	internacional,	imbatível	quando	para	
suprir	o	mercado	de	calçados	de	média	e	baixa	qualidades,	dominado	de	maneira	absoluta	pela	China.	Resta	
ao	Brasil,	assim,	buscar	capacidade	competitiva	nos	mercados	de	produtos	com	desenho	e	acabamento	de	alta	
sofisticação,	uma	fronteira	nova	para	os	negócios	do	calçado	brasileiro.	

Segundo	o	IEA	(2009),	suas	áreas	de	pastagem,	cobrindo	cerca	de	2	mil	km²,	estão	destinadas,	em	especial,	à	
pecuária	bovina	de	corte,	o	que	representou	22%	do	território	da	Bacia	em	2009.	Estas	áreas	são	supera	 as	pela	
                                                                                                      d
presença	da	cana-de-açúcar,	plantada	em	4,6	mil	km²,	ou	50%	do	território,	onde	estão	localizadas	oito	usinas	
de	açúcar	e	álcool.	

Os	municípios	de	Aramina,	Buritizal,	Igarapava,	Ituverava,	Miguelópolis,	Pedregulho	e	Rifaina	fazem	
parte	do	Circuito	Turístico	dos	Lagos,	marcado	pela	paisagem	da	região	do	rio	Grande.	O	ecoturismo	
pode	 ser	 praticado	 nas	 matas	 preservadas	 da	 região,	 onde	 há	 cachoeiras	 e	 grutas.	 Ainda	 existe	 um	
potencial	 para	 a	 prática	 do	 turis	 o	 cultural,	 em	 função	 da	 existência	 de	 um	 patrimônio	 histórico	 e	
                                      m
cultural	preservado	na	região.



uGrHi 09 – Mogi-Guaçu

A	UGRHI	09	–	Mogi-Guaçu	também	está	classificada	como	em	transição	para	a	condição	de	industrial,	
embora	suas	características	estejam,	nesse	sentido,	mais	bem	explicitadas	do	que	as	da	UGRHI	08,	por	
exemplo.	

Um	conjunto	importante	de	seus	municípios	está	listado	entre	os	que	compõem	a	Macrometrópole	Paulista,	
pertencentes	 ao	 Aglomerado	 Urbano	 de	 Piracicaba-Limeira.	 São	 eles:	 Araras,	 Conchal,	 Estiva	 Gerbi,	 Leme,	
Mogi	Guaçu	e	Mogi	Mirim.	

Seu	território	cobre	uma	área	de	15.004	km²	e	é	composto	por	38	municípios,	vide	Figura	2.12	que	segue.	Sua	
população,	em	2010,	era	de	1,5	milhão	de	habitantes,	segundo	IBGE	(2010a),	perfazendo	3,5%	do	total	da	
população	do	Estado.	Em	2020,	prevê-se	que	tenha	1,6	milhão	de	habitantes	(SEADE,	2010b).




                                                                                                                       25
FiGura 2. 12
                                        uGrHi 09 e seus MunicíPios constitutivos




                                          Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     Um	fato	relevante	a	ser	considerado	é	que	a	maior	parte	de	sua	população	está	localizada	na	sub-bacia	do	
     Alto	Mogi	(com	cerca	de	600	mil	habitantes),	formada	pelos	municípios	de	Aguaí,	Araras,	Conchal,	Enge-
     nheiro	Coelho,	Espírito	Santo	do	Pinhal,	Estiva	Gerbi,	Leme,	Mogi	Guaçu,	Mogi	Mirim	e	Santa	Cruz	da	
     Conceição.	A	pressão	por	água	de	abastecimento	doméstico	na	região	vem	se	somar	àquela	de	sua	produção	
     agroindustrial,	onde	se	concentra	o	forte	de	seu	desempenho	econômico,	com	grande	presença	do	setor	de	
     açúcar	e	álcool,	que	conta	com	mais	de	30	usinas	instaladas,	além	do	setor	de	celulose	e	papel,	óleos	vegetais,	
     frigoríficos	e	bebidas.	

     Por	suas	sub-bacias	ocorrem,	com	ênfase,	episódios	críticos,	originários	indistintamente	de	atividades	industriais	
     ou	de	uso	doméstico,	que	ameaçam	o	seu	equilíbrio	hídrico,	hoje	numa	boa	situação,	apresentando	uma	disponi-
     bilidade	hídrica	total	de	72	m³/s	e	uma	demanda	de	aproximadamente	19	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

     No	mais,	são	destaques	de	desempenho	econômico	diferenciado	as	Estâncias	Hidrominerais	de	Águas	de	Lin-
     dóia,	Lindóia,	Serra	Negra	e	Socorro,	que	fazem	parte	do	Circuito	das	Águas,	conhecido	internacionalmente	
     pelo	poder	de	cura	de	suas	águas.	A	prática	de	esportes	de	aventura	merece	destaque	nesses	municípios.	Socorro	
     é	conhecida	pela	prática	do	rafting,	já	em	Águas	de	Lindóia,	verifica-se	a	ocorrência	do	off-road	na	Serra	do	Brejal	
     e,	ainda	vale	frisar,	que	Serra	Negra	faz	parte	da	rota	de	motoqueiros.


     uGrHi 10 – sorocaba/Médio tietê

     A	UGRHI	10	–	Sorocaba/Médio	Tietê,	de	vocação	industrial,	tem	os	municípios	de	Cabreúva,	Itu,	Porto	Feliz	
     e	Sorocaba,	pertencentes	ao	Aglomerado	Urbano	de	Sorocaba-Jundiaí,	como	parte	da	Macrometrópole	Paulista.	




26
Com	um	território	de	11.829	km²,	seus	33	municípios	(Figura	2.13)	abrigavam	uma	população,	em	2010,	de	1,8	
milhão	de	habitantes,	4,5%	da	população	estadual	(IBGE,	2010a).	Sua	popu	ação,	em	2020,	está	prevista	para	
                                                                          l
chegar	a	2,2	milhões	de	habitantes	(SEADE,	2010b).


                                                      FiGura 2. 13
                                 uGrHi 10 e seus MunicíPios constitutivos




                                   Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Seu	balanço	hídrico	apresenta	uma	situação	de	atenção,	com	uma	disponibilidade	total	de	39	m³/s	e	uma	de-
manda	de	12,4	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

Sua	região	de	melhor	desempenho	econômico	é	a	da	sub-bacia	do	Médio	Sorocaba.	Nela,	convivem	seus	três	
municípios	com	maior	presença	na	atividade	secundária,	com	empreendimentos	industriais	de	grande	porte:	
Alumínio,	Sorocaba	e	Votorantim.	

A	bacia	do	Sorocaba	Médio/Tietê	começou	a	industrializar-se	a	partir	da	década	de	1970,	intensifi	 ando-se	a	
                                                                                                     c
partir	dos	anos	1980,	quando	recebeu	boa	parte	das	indústrias	que,	saindo	de	uma	São	Paulo	que	começava	a	
apresentar	sucessivas	dificuldades	ao	desenvolvimento	de	seu	parque	industrial,	deslocaram-se	para	o	interior,	
dando	prioridade	às	regiões	dotadas	de	infra-estrutura	viária	e	de	fácil	acesso	a	matérias-primas,	en	 ontrando	
                                                                                                     c
na	UGRHI	10,	a	prática	de	uma	agropecuária	consistente	e	reservas	minerais	abundantes.	Este	fato	propiciou	
que,	na	bacia,	se	instalassem	grandes	complexos	industriais	de	base	mineral	–	o	alumínio	e	o	cimento	–,	o	que	
acelerou	sobremaneira	o	seu	significado	econômico	para	o	desenvolvimento	do	Estado.	

Com	isso,	abriu-se	espaço	para	que,	em	suas	regiões	mais	industrializadas	se	desenvolvessem	centros	diversifica-
dos	e	sofisticados	de	serviços,	com	especial	destaque	aos	centros	universitários	de	Botucatu,	Itu	e	Sorocaba.	




                                                                                                                   27
Em	concomitância	com	esses	avanços,	a	região	foi	se	tornando	um	espaço	importante	para	a	implantação	de	
     cadeias	produtivas	com	base	na	agropecuária.	A	presença	de	vastas	áreas	com	florestas	plantadas	de	Pinus	e	
     Eucalipto,	serve	para	sinalizar	a	importância	do	setor	agroindustrial	de	papel	e	celulose.	Suas	florestas	plantadas	
     dividem	o	solo	rural	da	região	com	a	cana-de-açúcar,	que	vai	assumindo	partes	importantes	dessas	paragens,	fa-
     zendo	com	que	a	presença	das	pastagens	diminua,	mas	não	se	torne	menos	importante	nos	espaços	de	produção	
     agropecuária	da	bacia.	

     Encontra-se	ainda	na	região,	o	Circuito	Turístico	Itupararanga,	formado	pelas	cidades	localizadas	na	área	de	
     influência	da	APA	de	Itupararanga.	Com	atrativos	voltados	para	o	ecoturismo,	o	turismo	rural	e	o	de	aventura,	
     a	maior	parte	da	infraestrutura	turística	está	concentrada	nos	municípios	de	São	Roque	e	Ibiúna.	Estes	dois	
     municípios,	juntamente	com	Itu,	receberam	o	título	de	estâncias	turísticas	do	Estado	de	São	Paulo.	

     O	Roteiro	Turístico	dos	Bandeirantes,	também	contempla	a	região,	reunindo	cidades	às	margens	do	Rio	Tietê,	
     por	onde	as	antigas	expedições	bandeirantes	passaram	a	partir	do	século	XVI,	em	busca	de	metais	preciosos	e	
     apresamento	de	índios.	Além	de	Cabreúva,	Itu,	Porto	Feliz	e	Tietê,	também	inclui	Araçariguama,	que	tem	a	mina	
     de	ouro	mais	antiga	do	Brasil,	datada	de	1605.	

     Outro	roteiro	que	merece	destaque	é	o	do	Pólo	Cuesta,	com	seu	cenário	diferenciado	de	formações	rochosas,	
     ideal	para	a	prática	de	ecoturismo,	turismo	de	aventura	e	rural.	As	represas	existentes	e	o	Rio	Tietê	são	elementos	
     ideais	para	a	prática	da	pesca	e	de	esportes	náuticos.



     uGrHi 11 – ribeira de iguape/litoral sul
     A	UGRHI	11	–	Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul	está	classificada	como	de	conservação,	entre	outras	razões	porque	
     divide	com	a	bacia	hidrográfica	do	Alto	Paranapanema,	de	mesma	vocação,	a	defesa	da	ambiência	natural	da	Ser-
     ra	do	Mar	e,	por	própria	conta,	das	regiões	que	compõem	o	Vale	do	Ribeira	e	do	Complexo	Lagunar	Estua	 ino	
                                                                                                              r
     de	Iguape	e	Cananéia,	na	foz	do	rio	Ribeira	de	Iguape.	

     Sua	extensão	territorial	é	de	17.068	km².	Sua	população	alcançou	365	mil	habitantes	em	2010,	perfazendo	0,9%	
     do	total	estadual,	segundo	IBGE	(2010a).	São	23	os	seus	municípios,	vide	Figura	2.14,	que	em	2020	deverão	
     contar	com	aproximados	420	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).




28
FiGura 2. 14
                                  uGrHi 11 e seus MunicíPios constitutivos




                                    Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




A	bacia	vive	uma	despreocupada	relação	com	sua	segurança	hídrica.	A	disponibilidade	hídrica	total	é	de	229	
m³/s,	enquanto	a	demanda	chega	a	pouco	mais	de	3	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

Sua	economia	tem	atividade	secundária	de	muito	pequena	expressão,	o	que	também	se	reflete	na	atividade	do	
setor	terciário,	o	de	serviços.	Já	sua	atividade	primária	está	baseada	na	produção	de	banana	e	de	chá.	

Existe	na	UGRHI	uma	grande	diversidade	de	atividades	turísticas	que	podem	ser	desenvolvidas,	da	prática	de	
turismo	de	sol	e	praia	no	Lagamar	à	prática	do	espeleoturismo	nas	cavernas	do	Parque	Estadual	Turístico	do	
Alto	Ribeira	(PETAR).	

No	Pólo	Turístico	de	Lagamar,	os	lagos	à	beira-mar	formam	uma	paisagem	diferenciada,	onde	pode	ser	praticada	
a	pesca	esportiva.	Em	Ilha	Comprida,	dunas	e	zonas	balneares	se	destacam	no	cenário.	

No	Vale	do	Ribeira,	a	biodiversidade	da	Mata	Atlântica,	tombada	pela	Organização	das	Nações	Unidas	para	a	
Educação,	Ciência	e	Cultura	(UNESCO)	como	Patrimônio	Natural	da	Humanidade	é	um	dos	principais	atra-
tivos.	Os	Parques	Estaduais	de	Jacupiranga	e	da	Ilha	do	Cardoso	são	representantes	desse	bioma	e	apresentam	
grande	potencial	para	a	prática	do	ecoturismo.

O	Vale	do	Ribeira	é	uma	região	considerada	por	muitos	como	o	paraíso	dos	ecoturistas,	por	possibilitar	a	prática	
de	grande	variedade	de	esportes	de	aventura,	como	canyoning,	rafting,	rapel,	cascading,	espeleoturismo,	trekking,	
bóia-cross,	etc.	Já	os	sítios	arqueológicos,	quilombos,	artesanato,	gastronomia	e	bens	tombados	pelo	Conselho	de	
Defesa	do	Patrimônio	Histórico	Arqueológico,	Artístico	e	Turístico	do	Estado	de	São	Paulo	(CONDEPHA-
AT)	fazem	parte	dos	atrativos	culturais	da	região.




                                                                                                                     29
Essa	gama	de	atrativos,	aliada	à	vocação	conservacionista,	evidencia	uma	potencialidade	da	região	que	deve	ser	
     estimulada	cada	vez	mais	pelo	poder	público.	


     uGrHi 12 – baixo Pardo/Grande

     A	UGRHI	12	–	Baixo	Pardo/Grande	está	classificada	como	a	que	busca	a	sua	industrialização.	

     Sua	dimensão	territorial	é	de	7.239	km².	Sua	população	em	2010	era	de	333	mil	habitantes,	0,8%	da	população	
     de	São	Paulo	(IBGE,	2010a),	que	ocupam	os	seus	12	municípios	(Figura	2.15).	Em	2020	espera-se	contar	com	
     350	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).


                                                           FiGura 2. 15
                                      uGrHi 12 e seus MunicíPios constitutivos




                                        Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     Sua	segurança	hídrica	expressa	uma	situação	de	atenção,	já	que	sua	disponibilidade	hídrica	total	é	de	31	m³/s	e	
     sua	demanda	alcança	pouco	mais	de	12	m³/s,	mais	que	30%	da	vazão	disponível	(SMA/CRHi,	2010).	

     O	que	explica	a	bacia	ter	como	vocação	deixar	de	ser	agropecuária	e	caminhar	em	direção	a	sua	condição	de	in-
     dustrial,	se	deve	ao	grande	aumento	do	número	de	indústrias	de	transformação,	como	também	de	suas	atividades	
     terciárias,	observado	ao	longo	da	última	década.

     No	município	de	Barretos	acontece	a	internacionalmente	conhecida	Festa	do	Peão	Boiadeiro,	considerada	
     a	maior	festa	de	rodeio	do	Brasil,	atraindo	centenas	de	milhares	de	visitantes	todos	os	anos.	Além	do	espe-
     táculo	dos	peões	nas	provas	de	rodeio,	shows	com	artistas	renomados,	exposições	e	gastronomia	compõem	
     o	atrativo.	




30
Nas	atividades	primárias,	cana-de-açúcar,	laranja	e	pastagens	dominam	o	uso	e	a	ocupação	de	seu	solo	rural.	A	
cana	ocupava	algo	como	54%	de	todo	o	território	da	UGRHI	em	2009	e,	no	mesmo	ano	as	pastagens	se	esten-
diam	por	14%	do	território	(IEA,	2009).


uGrHi 13 – tietê/Jacaré

A	UGRHI	13	–	Tietê/Jacaré	é	uma	bacia	hidrográfica	vivendo	em	transição	da	condição	de	produtora	agro-
pecuária	para	industrial.	

A	extensão	de	seu	território	é	de	11.779	km².	Sua	população	em	2010,	conformava	3,6%	do	total	estadual,	com	
quase	1,5	milhão	de	habi	 antes	(IBGE,	2010a),	abrigada	em	seus	34	municípios	(Figura	2.16).	Sua	população,	
                         t
em	2020,	está	estimada	para	ser	de	quase	1,7	milhão	de	habitantes	(SEADE,	2010b).


                                                       FiGura 2. 16
                                  uGrHi 13 e seus MunicíPios constitutivos




                                    Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Seu	balanço	hídrico	também	apresenta	uma	situação	de	atenção,	pois	está	ditado	por	uma	vazão	total	disponível	
de	50	m³/s	e	uma	demanda	total	de	24	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

O	setor	primário	da	UGRHI	13	–	Tietê/Jacaré	trabalha	no	apoio	às	cadeias	produtivas	para	a	produ	 ão	de	açú-
                                                                                                       ç
car	e	álcool,	com	usinas	instaladas	nas	regiões	de	entorno	de	Araraquara	e	Jaú,	de	suco	de	laranja,	em	Araraquara,	
de	celulose	e	papel	e	de	bebidas	em	Agudos,	Araraquara	e	Bauru	e	de	couro,	de	origem	bovina,	em	Jaú	e	Bocaina.	
As	usinas	de	açúcar	e	álcool	localizadas	na	bacia	somam	22	unidades.	




                                                                                                                      31
São	componentes	fortes	do	setor	secundário	da	região	o	Pólo	Calçadista	de	Jaú,	o	Arranjo	Produtivo	Local	de	
     bordados	de	Ibitinga,	além	do	Pólo	Turístico	de	Barra	Bonita	e	Igaraçu	do	Tietê.	

     Os	Circuitos	Caminhos	do	Tietê,	Chapada	Guarani	e	Centro	Oeste	Paulista,	reúnem	os	principais	atrativos	tu-
     rísticos	desta	UGRHI.	Cortada	pelo	rio	Tietê,	a	região	oferece	cenário	e	clima	agradáveis,	propícios	à	realização	
     de	passeios,	prática	de	esportes	náuticos	e	pesca	esportiva.	Além	disso,	a	identidade	histórica	e	a	força	do	setor	
     agrícola	propiciam	a	prática	do	turismo	rural	na	região.	

     A	Chapada	Guarani,	marcada	por	grandes	eventos	históricos	da	época	dos	bandeirantes	e	auge	do	café,	é	dotada	
     de	grande	beleza	paisagística	e	é	hoje	referência	para	a	prática	de	turismo	de	aventura	e	ecoturismo.	

     O	município	de	Brotas	é	conhecido	como	a	capital	da	aventura	e	a	hidrografia	da	região	é	ideal	para	a	prática	de	
     canoagem	e	rafting.	Em	Barra	Bonita,	a	eclusa,	que	é	explorada	turisticamente,	é	o	principal	atrativo,	juntamente	
     com	os	esportes	náuticos	e	atividades	recreativas	que	são	praticados	na	represa.	E	em	São	Carlos,	o	turismo	de	
     negócios	e	científico-tecnológico	são	os	principais	segmentos.	

     Vale	 ainda	 destacar,	 a	 existência	 de	 um	 Pólo	 Industrial	 de	Alta	Tecnologia	 no	 município	 de	 São	 Carlos,	 em	
     função,	principalmente,	da	existência	de	diversos	centros	de	pesquisa	de	geração	de	tecnologia,	além	da	Hidrovia	
     Tietê-Paraná,	que	propicia	à	região	contar	com	uma	estrutura	intermodal	de	serviços	portuários,	localizada	em	
     Pederneiras,	e	que	fomenta	a	atividade	econômica	na	região.	



     uGrHi 14 – alto Paranapanema

     A	UGRHI	14	–	Alto	Paranapanema	está	classificada	como	de	conservação,	como	já	se	registrou	quando	se	
     tratava	de	caracterizar	a	bacia	hidrográfica	do	Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul.	

     As	 nascentes	 do	 Paranapanema	 estão	 nos	 contrafortes	 da	 Serra	 do	 Mar,	 em	 sua	 fachada	 que	 se	 volta	
     para	o	inte	 ior,	o	que	lhe	confere	a	condição	de	objetivar,	por	vocação,	os	feitos	para	a	conservação	do	
                r
     ambiente	natural.	

     Sua	extensão	territorial	é	de	22.689	km².	É	composta	por	34	municípios,	de	acordo	com	a	Figura	2.17	a	
     seguir,	que	ostentaram	uma	população,	em	2010,	de	722	mil	habitantes	(1,8%	do	total	do	Estado)	segundo	
     o	IBGE	(2010a),	estan	 o	previsto	que,	em	2020,	a	bacia	deva	ter	uma	população	de	820	mil	habitantes	
                             d
     (SEADE	2010b).




32
FiGura 2. 17
                                 uGrHi 14 e seus MunicíPios constitutivos




                                   Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Seu	balanço	hídrico	aponta	para	uma	folgada	situação	de	segurança.	Sua	disponibilidade	total	é	de	114	m³/s,	
enquanto	sua	demanda	anda	por	volta	de	10	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

Suas	atividades	econômicas	estão	divididas,	basicamente,	entre	as	voltadas	à	agropecuária	e	às	de	mineração.	

Com	relação	ao	uso	e	ocupação	do	solo	na	bacia,	vale	destacar	a	presença	da	cana,	que	ocupava,	em	2009,	uma	
área	de	911	km²	ou	4%	do	total	do	território.	A	presença	de	pastagens	na	região	também	merece	destaque,	já	que	
ocupavam	no	mesmo	ano,	28%	do	território,	equivalente	a	6.300	km²	(IEA,	2009).	

As	atividades	de	mineração	estão	baseadas	na	exploração	de	minerais	não	metálicos	e	se	concentram	nos	muni-
cípios	de	Bom	Sucesso	de	Itararé,	Guapiara,	Itapeva,	Nova	Campina,	Ribeirão	Branco	e	Ribeirão	Grande.	Têm	
destaque	as	de	calcário,	em	Guapiara	e	Itapeva,	para	a	fabricação	de	cal	hidratada,	e	em	Ribeirão	Branco	para	a	
fabricação	de	cimento.	

As	áreas	legalmente	protegidas	da	Bacia	–	Áreas	de	Proteção	Ambiental,	Estações	Experimentais,	Estações	
Eco	ógicas,	Florestas	Nacionais,	Florestas	Estaduais	e	Parques	Estaduais	–	cobrem	cerca	de	15%	de	seu	terri-
    l
tório	e	invadem	bordas	das	bacias	hidrográficas	circunvizinhas,	capacitando-a	para	cumprir	o	que	estabelece	
a	sua	classificação	vocacional.	

Entre	as	Unidades	de	Conservação	que	se	concentram	nesta	UGRHI,	se	destacam	o	Parque	Estadual	de	In-
tervales,	o	Parque	Estadual	Turístico	do	Alto	Ribeira	(PETAR),	o	Parque	Estadual	Carlos	Botelho	e	a	Estação	
Ecológica	de	Xituê.	A	região	possui	um	grande	potencial	hídrico	e	um	dos	maiores	índices	de	biodiversidade	do	
planeta.	As	atividades	que	podem	ser	praticadas	pelos	turistas	vão	desde	uma	simples	caminhada	e	contemplação	




                                                                                                                   33
da	natureza,	ao	turismo	cultural	e	prática	de	esportes	de	aventura.	As	cachoeiras,	riachos,	cavernas	e	corredeiras	
     oferecem	o	am	 iente	propício	para	isso.	
                    b

     O	Caminho	dos	Tropeiros,	circuito	turístico	que	conta	com	a	participação	de	14	municípios	desta	UGRHI	e	
     outros	oito	da	UGRHI	10,	foi	criado	em	2003,	e	proporciona	ao	visitante	a	oportunidade	de	reviver	a	história,	
     a	cultura	e	os	cenários	da	época	em	que	bens	de	consumo	eram	trazidos	a	São	Paulo	nos	lombos	de	burros.	No	
     trecho	paulista,	o	roteiro	vai	de	Itararé	a	Sorocaba.


     uGrHi 15 – turvo/Grande

     A	UGRHI	15	–	Turvo/Grande	está	classificada	como	de	vocação	agropecuária.	

     Sua	extensão	territorial	é	de	15.925	km².	Seus	64	municípios	(Figura	2.18)	abrigavam	uma	população,	em	2010,	
     de	1,2	milhão	de	habitantes,	o	que	corresponde	a	quase	3%	da	população	de	São	Paulo	(IBGE,	2010a).	Para	
     2020	sua	população	está	estimada	em	1,3	milhão	de	habitantes	(SEADE,	2010b).


                                                              FiGura 2. 18
                                         uGrHi 15 e seus MunicíPios constitutivos




                                           Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     Sua	 segurança	 hídrica	 é	 tida	 como	 em	 estado	 de	 atenção,	 pois	 sua	 disponibilidade	 hídrica	 total	 é	 de	 39	
     m³/s,	enquanto	as	demandas	por	consumo	são	da	ordem	de	17	m³/s	(SMA/CRHi,	2010),		mais	de	30%	
     do	total	disponível.	




34
A	atividade	primária	de	sua	economia	tem	na	cana-de-açúcar	e	na	laranja	seus	principais	produtos.	A	cana	vai	
alimentar	as	18	usinas	de	açúcar	e	álcool	da	região.	A	laranja	vai	abastecer	unidades	de	esmagamento	para	a	pro-
dução	de	suco	na	região	de	Catanduva.

É	também	importante	a	presença	da	pecuária,	a	alimentar	frigoríficos	e	laticínios	da	região.	

Das	atividades	industriais	de	sua	economia,	são	destaques	as	indústrias	de	eletrodomésticos,	em	Catanduva,	
móveis,	confecções	e	metalúrgicas	(carrocerias)	em	Votuporanga,	material	elétrico	(transformadores	de	energia)	
em	Fernandópolis	e	fundição	e	autopeças	de	borrachas	em	Monte	Alto,	que	convivem	com	um	parque	industrial	
diversificado	e	dinâmico,	localizado	em	São	José	do	Rio	Preto,	contando	com	centenas	de	indústrias.	Nessas	em-
presas	prepondera	a	produção	de	bens	não	duráveis	relativos	às	indústrias	de	bebidas,	eletrodomésticos,	papel,	
móveis,	artefatos	de	borracha,	etc.

Existe	ainda	nesta	UGRHI	um	grande	potencial	para	o	desenvolvimento	do	turismo	de	esportes	náuticos	e	de	
atividades	recreativas	aquáticas,	graças	aos	atributos	hidrográficos	da	região.


uGrHi 16 – tietê/batalha

A	UGRHI	16	–	Tietê/Batalha	também	está	classificada	como	de	vocação	agropecuária.	

Seu	território	mede	13.149	km².	Está	composto	por	33	municípios	(Figura	2.19),	com	população	calculada,	para	
2010,	de	512	mil	habitantes	(1,2%	do	total	da	população	paulista),	de	acordo	com	a	o	IBGE	(2010a).	Em	2020	
sua	população	deve	somar	algo	como	550	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).


                                                       FiGura 2. 19
                                  uGrHi 16 e seus MunicíPios constitutivos




                                    Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                   35
Seu	balanço	hídrico	mostra-se	na	posse	de	uma	situação	confortável,	com	sua	disponibilidade	total	sendo	de	40	
     m³/s	e	sua	demanda	registrando	um	nível	aproximado	de	consumo	de	8	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

     Na	sua	economia,	as	questões	da	agropecuária	se	desenvolvem	na	maior	porção	de	suas	áreas	rurais,	apoiadas	nas	
     atividades	do	cultivo	da	cana-de-açúcar	e	da	laranja	e	criação,	em	escala	preponderante,	de	rebanhos	bovinos.	São	
     partes	de	cadeias	produtivas	que	buscam	agregar	valor	a	produtos	primários.	Assim,	estão	instaladas	na	ba	 ia,	
                                                                                                                   c
     nove	usinas	de	açúcar	e	álcool,	além	de	algumas	unidades	esmagadoras	de	laranja	e	frigoríficos	de	porte.	Cerca	de	
     31%	da	área	da	bacia	está	destinada	ao	plantio	da	cana,	enquanto	26%	a	áreas	de	pastagens	(IEA,	2009).	

     As	cidades	de	Itápolis,	Lins,	Matão,	Novo	Horizonte	e	Taquaritinga	concentram	a	força	industrial	e,	por	conse-
     quência,	a	força	dos	serviços	da	bacia.

     A	Hidrovia	Tietê-Paraná	é	um	atrativo	potencial	para	que	seja	desenvolvido	o	turismo	náutico	nesta	UGRHI.	A	
     Estância	Hidromineral	Ibirá	oferece	a	possibilidade	da	prática	de	atividades	de	lazer	e	de	turismo	de	saúde,	nas	
     fontes	hidrominerais	com	propriedades	terapêuticas.


     uGrHi 17 – Médio Paranapanema

     A	UGRHI	17	–	Médio	Paranapanema	está	classificada	como	agropecuária.	

     Sua	extensão	territorial	é	de	16.749	km².	Sua	população,	em	2010,	girava	em	torno	de	666	mil	habitantes,	1,6%	
     da	população	do	Estado	(IBGE,	2010a).	Eles	se	acomodam	em	seus	42	municípios	(Figura	2.20),	que	deverão	
     abrigar,	em	2020,	presumíveis	750	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).


                                                            FiGura 2. 20
                                       uGrHi 17 e seus MunicíPios constitutivos




                                         Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




36
A	bacia	goza	de	confortável	condição	em	relação	à	sua	segurança	hídrica,	pois	sua	vazão	total	disponível	é	de	82	
m³/s	e	sua	demanda	total	de	água	de	8	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

A	grande	força	de	sua	economia	está	depositada	nas	atividades	desenvolvidas	pelo	setor	primário,	agropecuário.	

Seu	segmento	mais	expressivo	é	o	da	cadeia	produtiva	do	setor	sucroalcoleiro,	que	mantém,	na	região,	17	usinas	
em	atividade.	Ainda	merecem	destaque	a	bovinocultura	e	a	suinocultura	que	têm	grande	representatividade	no	
segmento	para	o	todo	do	Estado.	

Contando	com	as	Estâncias	Turísticas	de	Avaré	e	Paraguaçu	Paulista,	com	a	Estância	Climática	de	Campos	Novos	
Paulista	e	a	Estância	Hidromineral	de	Águas	de	Santa	Bárbara,	esta	UGRHI	participa	ainda	de	circuitos	turísticos	
oficiais	do	Estado	de	São	Paulo,	como	o	Pólo	Cuesta	e	o	Circuito	Oeste	Paulista.	As	represas	no	rio	Paranapanema	
possibilitam	a	prática	de	atividades	de	lazer	e	entretenimento	aquático	e	a	prática	de	esportes	náuticos.


uGrHi 18 – são José dos dourados

A	UGRHI	18	–	São	José	dos	Dourados	é,	por	vocação,	uma	bacia	hidrográfica	agropecuária.	Tem	uma	extensão	
territorial	de	6.783	km².	É	composta	por	25	municípios,	vistos	na	Figura	2.21.	Tem	uma	população	que,	em	
2010,	atingiu	224	mil	habitantes,	abarcando	0,5%	do	total	do	Estado	(IBGE,	2010a).	Para	2020,	a	bacia	deve	
contar	com	uma	população	estimada	em	235	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).	

Seu	município	pólo	é	Jales,	que	contou	com	população	de	47	mil	habitantes	no	ano	de	2010,	o	que	representou	
21%	do	todo	da	população	da	UGRHI	(IBGE,	2010a).	


                                                      FiGura 2. 21
                                  uGrHi 18 e seus MunicíPios constitutivos




                                   Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                    37
Sua	segurança	hídrica	se	encontra	em	estado	de	atenção,	já	que	sua	disponibilidade	hídrica	total	é	de	16	m³/s,	en-
     quanto	sua	demanda	de	consumo	chega	a	pouco	mais	de	5	m³/s,	32%	do	total	disponível	(SMA/CRHi,	2010).

     	Com	uma	economia	basicamente	agropecuária,	tem	na	cana-de-açúcar,	que	alimenta	suas	cinco	usinas	de	açú-
     car	e	álcool,	e	na	laranja,	as	suas	culturas	predominantes.	Elas	dividem	com	sua	pecuária	–	de	corte	e	de	leite	–	o	
     conjunto	forte	da	produção	de	riquezas	da	região.

     Nesta	 UGRHI,	 as	 Estâncias	 Turísticas	 de	 Ilha	 Solteira	 e	 Santa	 Fé	 do	 Sul	 destacam-se	 pelo	 turismo	
     desenvolvi	 o	na	Represa	de	Ilha	Solteira,	que	é	voltado	para	a	prática	de	atividades	recreativas	e	náuticas,	
               d
     além	da	pesca	esportiva.


     uGrHi 19 – baixo tietê

     A	UGRHI	19	–	Baixo	Tietê	tem	por	vocação	a	agropecuária.	

     Seu	território	abrange	uma	área	de	15.588	km².	Fazem	parte	dela	42	municípios	(Figura	2.22),	totalizando	uma	
     população,	em	2010,	de	754	mil	habitantes,	1,8%	da	população	do	Estado	(IBGE,	2010a).	Em	2020,	espera-se	
     que	a	bacia	tenha	uma	população	de	aproximados	790	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).


                                                            FiGura 2. 22
                                        uGrHi 19 e seus MunicíPios constitutivos




                                         Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     Seu	balanço	hídrico	sugere	que	a	bacia	hidrográfica	viva	confortavelmente.	Sua	vazão	total	disponível	é	de	36	
     m³/s	e	sua	demanda	total	de	água	para	consumo	é	de	4	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	




38
São	ambientes	pólos	de	seu	desenvolvimento	o	Aglomerado	Urbano	de	Araçatuba	e	Birigui,	além	do	município	
de	Penápolis.	Neles	estão	concentrados,	em	números	de	2010,	348	mil	habitantes,	ou	46%	da	população	existen-
te	na	bacia	neste	ano	(IBGE,	2010a).	

Seu	espaço	rural	está	dividido,	grosso	modo,	entre	as	terras	ocupadas	pela	cultura	da	cana-de-açúcar,	com	
todos	os	seus	municípios	convivendo	com	plantios	de	cana,	e	pelas	pastagens,	uma	paisagem	tradicional	da	
região.	Toda	essa	cana	plantada	é	trabalhada	para	atender	à	demanda	das	28	usinas	de	açúcar	e	álcool	insta-
ladas	na	bacia.	

O	plantel	do	gado	criado	em	suas	pastagens	vai	servir	às	necessidades	dos	frigoríficos,	dos	curtumes	e	da	indús-
tria	de	leite	em	pó,	instalados	nos	municípios	de	Araçatuba,	Birigui,	Penápolis	e	Andradina.	

Em	Araçatuba,	em	função	da	presença	de	seu	Porto	Hidroviário,	às	margens	da	Hidrovia	Tietê-Paraná,	veri-
ficam-se	oportunidades	de	diversificação	de	seu	parque	industrial,	que	hoje	se	destaca	pelas	indústrias	da	área	
médica,	que	produzem	fios	cirúrgicos	e	equipamentos	hospitalares.	

Birigui,	por	sua	vez,	abriga	o	Arranjo	Produtivo	Local	Calçadista,	que	produz	calçados	para	o	público	infantil	e	
artefatos	de	couro	sintético.	

Esta	UGRHI	apresenta	grande	potencial	para	desenvolvimento	do	turismo	náutico	e	de	pesca	esportiva,	espe-
cialmente	 nos	 municípios	 localizados	 às	 margens	 do	 rio	Tietê.	As	 represas	 possuem	 grande	 potencial	 para	 a	
prática	de	atividades	recreativas.	A	Estância	Turística	de	Pereira	Barreto	tem	potencial	para	a	prática	do	turismo	
cultural	e	rural,	uma	vez	que	tem	sua	história	ligada	à	chegada	dos	imigrantes	japoneses	em	1920,	que	foram	
atraídos	para	trabalhar	nas	fazendas	da	região.


uGrHi 20 – aguapeí

A	UGRHI	20	–	Aguapeí	está	classificada	também	como	de	vocação	agropecuária.	

As	semelhanças	das	UGRHI	20,	21	e	22	com	a	bacia	hidrográfica	de	São	José	dos	Dourados	(UGRHI	18)	
são	 evidentes.	 Estão	 situadas	 num	 mesmo	 sítio	 geográfico,	 possuem	 mesmas	 características	 paisagísticas	 e	
vivem	a	braços	com	mesmos	problemas	logísticos.	São	eles:	as	distâncias	que	as	separam	dos	centros	de	maior	
consumo	e	das	áreas	portuárias	de	exportação	de	seus	produtos;	a	dependência	da	estrutura	de	alta	qualidade,	
porém	muito	cara,	do	transporte	rodoviário;	e	as	incertezas	nas	operações	das	combalidas	malhas	ferroviárias	
e	do	Complexo	Hidroviário	do	Estado,	ainda	pouco	explorado	por	razões	das	mais	diversas,	mas	infinitamen-
te	mais	baratos	que	o	rodoviário.	

Sua	extensão	territorial	é	de	13.196	km².	Seus	32	municípios	(Figura	2.23)	abrigavam	uma	população,	em	2010,	
de	364	mil	habitantes	(0,9%	da	população	paulista),	segundo	o	IBGE	(2010a),	estando	previsto	que	não	passará	
de	375	mil	habitantes	em	2020	(SEADE,	2010b).

A	 Estância	Turística	 de	Tupã	 é	 seu	 município	 pólo.	 Os	 63	 mil	 habitantes	 calculados	 para	 2010	 conformam	
aproximados	17%	do	todo	da	população	da	bacia.	




                                                                                                                          39
FiGura 2. 23
                                        uGrHi 20 e seus MunicíPios constitutivos




                                          Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     A	segurança	hídrica	da	UGRHI	está	avaliada	como	bastante	confortável	pelos	números	que	apresenta.	Assim,	
     sua	vazão	total	disponível	é	de	41	m³/s,	enquanto	sua	demanda	é	algo	como	3	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

     O	uso	e	ocupação	de	solo	da	Bacia	se	dão	segundo	as	culturas	da	cana-de-açúcar	e	da	bovinocultura,	seus	prin-
     cipais	produtos	agropecuários.	

     A	cana	cobria	em	2009,	15%	do	todo	do	território	da	bacia,	garantindo	a	sustentação	da	produção	das	oito	usinas	
     instaladas	na	região.	As	pastagens,	por	sua	vez,	cobriam	41%	de	seu	espaço	territorial	(IEA,	2009).	

     A	Estância	Turística	de	Tupã	recebeu	grande	influência	das	colônias	que	se	instalaram	naquela	região	na	época	
     do	cultivo	do	café.	Letos,	russos,	japoneses,	portugueses,	italianos,	espanhóis	e	sírios	ajudaram	a	escrever	a	histó-
     ria	do	município	que	hoje	é	propenso	ao	desenvolvimento	do	turismo	cultural	e	rural.

     Boa	parte	da	região	apresenta	grande	potencial	para	a	prática	da	pesca	esportiva,	do	turismo	náutico	e	de	ativi-
     dades	recreativas	nas	águas	dos	rios	Paraná	e	Aguapeí.	Merece	destaque	o	município	de	Panorama,	eleito	recen-
     temente	pela	Secretaria	de	Esportes,	Lazer	e	Turismo	do	Estado	de	São	Paulo	(SELT)	um	dos	16	municípios	
     indutores	estaduais	do	turismo.


     uGrHi 21 – Peixe

     A	UGRHI	21	–	Peixe,	também	agropecuária,	guarda	as	mesmas	semelhanças	já	detectadas	em	relação	às	espe-
     cificidades	das	bacias	hidrográficas	de	São	José	dos	Dourados	e	Aguapeí.	




40
Com	extensão	territorial	de	10.769	km²,	espalhados	por	26	municípios	(Figura	2.24),	tinha	uma	população,	
em	2010,	de	448	mil	habitantes	(IBGE,	2010a),	não	indo	além	de	500	mil,	quando	em	2020	(SEADE,	2010b).	
Atualmente	comporta	cerca	1,1%	da	população	total	de	São	Paulo.

Seu	 município	 pólo	 é	 Marília,	 com	 população	 de	 217	 mil	 habitantes	 em	 2010	 ou	 48%	 do	 todo	 da	 bacia	
(IBGE,	2010a).	


                                                          FiGura 2. 24
                                     uGrHi 21 e seus MunicíPios constitutivos




                                       Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Sua	segurança	hídrica	está	assegurada.	Sua	disponibilidade	hídrica	total	é	de	38	m³/s,	bem	superior	aos	2	m³/s	
da	demanda	por	suas	águas	(SMA/CRHi,	2010).	

Seu	desempenho	econômico	está	muito	próximo	àquele	observado	na	bacia	hidrográfica	do	Aguapeí,	com	sua	
força	de	produção	agropecuária	dividida	entre	a	cultura	da	cana-de-açúcar	e	a	bovinocultura.	

Suas	pastagens	ocupavam,	em	2009,	50%	do	todo	da	área	da	bacia.	A	cana	cobria	no	mesmo	ano	16%	do	terri-
tório	e	abastecia	suas	seis	usinas	de	açúcar	e	álcool	(IEA,	2009).	

Existe	 ainda	 um	 grande	 potencial	 para	 a	 prática	 da	 pesca	 esportiva	 e	 de	 atividades	 voltadas	 para	 o	 turismo	
náutico	no	rio	do	Peixe.




                                                                                                                               41
uGrHi 22 – Pontal do Paranapanema

     A	UGRHI	22	–	Pontal	do	Paranapanema	é	também	classificada	como	de	vocação	agropecuária.	

     Repete-se,	aqui,	as	questões	de	similaridade	levantadas	para	as	bacias	hidrográficas	de	São	José	dos	Dourados,	
     Aguapeí	e	Peixe.	

     Sua	extensão	territorial	é	de	12.395	km².	São	21	municípios	(Figura	2.25)	habitados	em	2010	por	uma	popula-
     ção	de	479	mil	habitantes,	abarcando	1,2%	da	população	do	Estado	(IBGE,	2010a),	estando	estimado	que,	em	
     2020,	esta	população	não	deva	ultrapassar	os	510	mil	habitantes	(SEADE,	2010b).

     Seu	município	pólo	é	Presidente	Prudente,	com	uma	ascendência	muito	forte	sobre	os	demais	municípios	da	
     UGRHI.	Sua	população,	em	2010,	era	de	208	mil	habitantes	ou	43%	da	população	total	da	bacia	(IBGE,	2010a).	

                                                            FiGura 2. 25
                                        uGrHi 22 e seus MunicíPios constitutivos




                                         Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     Em	relação	à	sua	segurança	hídrica	vive	situação	confortável.	Sua	disponibilidade	hídrica	total	é	de	47	m³/s,	e	sua	
     demanda	total	gira	em	torno	de	1	m³/s	(SMA/CRHi,	2010).	

     Suas	nove	usinas	de	açúcar	e	álcool	tiveram	à	sua	disposição	uma	safra	de	cana,	que	ocupou,	em	2009,	18%	do	
     seu	território,	segundo	o	IEA	(2009).	Ainda,	suas	pastagens	ocupavam	71%	do	território	no	mesmo	ano.

     Nos	rios	Paraná	e	Paranapanema	podem	ser	praticadas	atividades	de	recreação,	pesca	esportiva	e	esportes	náu-
     ticos,	com	destaque	para	a	região	da	Estância	Turística	de	Presidente	Epitácio.	O	Parque	Estadual	Morro	do	
     Diabo,	localizado	no	município	de	Teodoro	Sampaio,	além	de	ser	o	maior	fragmento	de	floresta	de	todo	o	oeste	
     paulista,	com	aproximadamente	33	mil	hectares,	oferece	o	cenário	ideal	para	a	prática	do	ecoturismo.




42
referências
EMPRESA	PAULISTA	DE	PLANEJAMENTO	METROPOLITANO	S.A.	–	EMPLASA.	Macrometrópole Paulista – Indica-
dores 2008. São	Paulo:	EMPLASA,	2008.

FUNDAÇÃO	 SISTEMA	 ESTADUAL	 DE	ANÁLISE	 DE	 DADOS	 –	 SEADE.	 Produto	 Interno	 Bruto. 2010a.	 Disponível	 em:	
<http://www.seade.sp.gov.br>.	Acesso	em:	dez.2010.

FUNDAÇÃO	SISTEMA	ESTADUAL	DE	ANÁLISE	DE	DADOS	–	SEADE.	Projeções	Populacionais. 2010b.	Disponível	em:	
<http://www.seade.sp.gov.br>.	Acesso	em:	nov.2010.

INSTITUTO	BRASILEIRO	DE	GEOGRAFIA	E	ESTATÍSTICA	–	IBGE.	Censo	Demográfico.	2010a.	Disponível	em	<http://
www.ibge.gov.br>.	Acesso	em:	dez.	2010.

INSTITUTO	 BRASILEIRO	 DE	 GEOGRAFIA	 E	 ESTATÍSTICA	 –	 IBGE.	 Contagem	 Populacional.	 2007.	 Disponível	 em	
<http://www.ibge.gov.br>.	Acesso	em:	nov.	2010.

INSTITUTO	DE	ECONOMIA	AGRÍCOLA	-	IEA:	Banco	de	dados.	2009.	Disponível	em:	<http://www.iea.sp.gov.br>.	Acesso	
em:	nov.	2010.	

INSTITUTO	DE	PESQUISA	ECONÔMICA	APLICADA	–	IPEA.	Banco	de	Dados.	2010.	Disponível	em	<http://www.ipeadata.
gov.br>.	Acesso	em:	dez.	2010.

INSTITUTO	FLORESTAL	–	IF.	Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2008/2009.	Dados	forne-
cidos	não	publicados.	São	Paulo,	2010.

SÃO	PAULO	(Estado).	Secretaria	de	Energia,	Recursos	Hídricos	e	Saneamento.	DAEE.	Conselho	Estadual	de	Recursos	Hídricos.	
Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007.	2005.	São	Paulo,	2005.

SÃO	PAULO	(Município).	Secretaria	Municipal	de	Planejamento/	Departamento	de	Estatística	e	Produção	de	Informação.	Histórico
Demográfico do Município de São Paulo.	São	Paulo,	2007.

SECRETARIA	DE	ESPORTES,	LAZER	E	TURISMO	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	/	FUNDAÇÃO	INSTITUTO	DE	
PESQUISAS	ECONÔMICAS	–	SELT/FIPE.	Caracterização da demanda turística do Estado de São Paulo. Relatório	de	Pes-
quisa,	não	publicado.	São	Paulo,	2008.

SECRETARIA	DO	MEIO	AMBIENTE	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	SMA/SP.	Coordenadoria	de	Recursos	Hídricos.	Da-
dos	fornecidos.	São	Paulo:	SMA/CRHi,	2010.




                                                                                                                               43
2.2 caracterização das dinâmicas territoriais
     Para	que	se	avalie	a	qualidade	ambiental	de	qualquer	região,	é	imprescindível	que	se	conheça	as	dinâmicas	que	
     ocorrem	na	sociedade	e	no	território	que	ela	ocupa.	As	atividades	humanas,	retratadas	pelas	dinâmicas	demo-
     gráficas,	sociais,	econômicas	e	de	ocupação	do	território,	produzem	pressões	no	ambiente,	pressões	estas	que	vão	
     alterar	seu	estado,	podendo	gerar	impactos	na	saúde	humana	e	nos	ecossistemas,	levando	a	sociedade	a	emitir	
     respostas,	seja	por	meio	da	elaboração	de	novas	políticas	públicas	ou	produção	de	informação	como	subsídio	a	
     tomada	de	decisão.

     Nesse	sentido,	o	adensamento	populacional	no	território	implica	em	uma	maior	pressão	sobre	o	meio	ambiente,	
     sendo	fundamental	conhecer	as	condições	dessa	ocupação,	subsidiando	o	poder	público	na	tomada	de	decisões	
     e	elaboração	de	novas	políticas	relacionadas	ao	ordenamento	territorial.


     2.2.1 dinâmica demográfica e social
     Localizado	na	região	Sudeste	do	Brasil,	o	Estado	de	São	Paulo	ocupa	248.209	km2,	ou	2,9%	do	território	na-
     cional.	De	todas	as	unidades	federativas,	é	aquela	com	a	maior	população,	somando	41,2	milhões	de	pessoas,	
     conforme	dados	do	Censo	2010	realizado	pelo	IBGE.	Isso	representa	21,6%	da	população	total	do	Brasil,	que	
     alcança	pouco	mais	de	190,7	milhões	de	pessoas.

     O	 município	 de	 São	 Paulo,	 capital	 do	 Estado,	 é	 a	 cidade	 mais	 populosa	 do	 país,	 com	 11,2	 milhões	 de	
     habitantes,	sendo	também	o	núcleo	da	Região	Metropolitana	de	São	Paulo,	composta	por	39	municípios	e	
     ocupada	por	19,7	milhões	de	habitantes.	O	Estado	conta	ainda	com	duas	outras	regiões	metropolitanas,	a	
     de	Campinas	(19	municípios)	e	a	da	Baixada	Santista	(9	municípios),	com	2,8	e	1,7	milhões	de	habitantes,	
     respectivamente.	

     Se	compararmos	as	22	UGRHI	do	Estado,	podemos	perceber	uma	grande	discrepância	quanto	à	distribuição	
     espacial	da	população,	ficando	evidenciado	um	grande	adensamento	populacional	no	entorno	da	cidade	de	São	
     Paulo	e	nas	bacias	mais	próximas	a	mesma.	Vale	destacar	a	UGRHI	06	(Alto	Tietê),	que	contempla	o	município	
     de	 São	 Paulo	 e	 conta	 com	 19,5	 milhões	 de	 habitantes,	 ou	 47%	 da	 população	 total	 do	 Estado.	 Além	 desta,	
     merecem	também	destaque	as	UGRHI	05	(Piracicaba/Capivari/Jundiaí),	02	(Paraíba	do	Sul),	10	(Sorocaba/
     Médio	Tietê)	e	07	(Baixada	Santista),	todas	vizinhas	da	bacia	do	Alto	Tietê	e	que	também	contam	com	população	
     expressiva	(Figura	2.26).	Esse	adensamento	populacional	pode	ainda	ser	verificado	na	Figura	2.27,	que	apresenta	
     a	distribuição	da	densidade	demográfica	dos	municípios	paulistas.




44
FiGura 2. 26
                                             PoPulação do estado de são Paulo Por uGrHi eM 2010




                                 1
                               ,5
                        20




                             19
                        18

                        16

                        14
Milhões de habitantes




                        12

                        10

                         8
                                    08




                         6
                                  5,




                         4
                                                    99
                                                    85
                                                   66


                                                  45
                                                  48
                                                  1,




                                                 23
                                                 1,




                                                11
                         2
                                                 1,


                                               1,
                                               1,




                                              67
                                              75
                                              72


                                              67
                                              51
                                              1,




                                             48
                                             45
                                              1,




                                             33
                                             36
                                            37




                                            28
                                            22
                                           06
                                            0,
                                           0,
                                           0,


                                           0,
                                           0,
                                          0,
                                          0,




                                          0,
                                          0,
                                          0,




                                         0,
                                         0,
                                         0,
                         0
                              6      5   2    10   7   13    9   15    4   19 14      8   17 16 22 21 11 20 12   3   18   1

                                                                              UGRHI


                                                       Fonte: IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)



                                                                        FiGura 2. 27
                             densidade deMoGráFica dos MunicíPios do estado de são Paulo eM 2010




                                                       Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                              45
Apesar	da	maior	população	entre	todos	estados,	se	analisarmos	a	evolução	do	crescimento	da	população	paulista,	
     podemos	identificar	uma	diminuição	gradual	da	taxa	geométrica	de	crescimento	populacional	do	Estado	entre	
     1980/1991	e	2000/2010,	como	visto	na	Figura	2.28.

                                                                   FiGura 2. 28
                       taxa GeoMétrica de cresciMento PoPulacional do estado de são Paulo
                                             entre 1980/1991 e 2000/2010


                                                                       % ao ano
                        2,5
                                            2,1
                        2,0                                                 1,8

                        1,5
                                                                                                           1,1
                        1,0


                        0,5


                        0,0
                                        1980/1991                       1991/2000                       2000/2010


                                                  Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)



     Para	avaliar	as	condições	de	vida	da	população,	tomamos	como	referência	o	Índice	Paulista	de	Responsabilidade	
     Social	(IPRS),	calculado	pela	Fundação	SEADE.	Inspirado	no	Índice	de	Desenvolvimento	Humano	(IDH),	e	
     com	alguns	aperfeiçoamentos,	o	IPRS	considera	variáveis	de	três	dimensões:	riqueza	municipal,	longevidade	e	
     escolaridade.	O	resultado	em	cada	uma	delas	é	um	número	entre	zero	e	100,	que	por	sua	vez,	corresponde	a	um	
     determinado	nível	de	qualidade	(baixo,	médio	ou	alto).	A	Tabela	2.8	mostra	os	parâmetros	que	compõe	o	IPRS	
     em	cada	dimensão	considerada	e	a	contribuição	de	cada	um	deles	no	valor	final.

                                                                    tabela 2. 8
                                                   ParâMetros coMPonentes do iPrs

                                                                                                                    contribuição para o
         dimensão                                             componentes
                                                                                                                        indicador
                                           Consumo anual de energia elétrica residencial                                   44%
                              Consumo anual de energia elétrica no comércio, agricultura e nos serviços                    23%
          Riqueza
                                               Rendimento médio do emprego formal                                          19%

                                                    Valor adicionado fiscal per capita                                     14%
                                                      Taxa de mortalidade perinatal                                        30%
                                                       Taxa de mortalidade infantil                                        30%
        Longevidade
                                           Taxa de mortalidade de pessoas de 15 a 39 anos                                  20%
                                         Taxa de mortalidade de pessoas de 60 anos e mais                                  20%

                         Porcentagem de pessoas de 15 a 17 anos que concluíram o ensino fundamental                        36%

                        Porcentagem de pessoas de 15 a 17 anos com pelo menos quatro anos de estudo                         8%
        Escolaridade
                              Porcentagem de pessoas de 18 a 19 anos que concluíram o ensino médio                         36%

                                   Taxa de atendimento à pré-escola entre crianças de 5 a 6 anos                           20%

                                                                 Fonte: SEADE (2011)




46
A	Tabela	2.9	mostra	os	indicadores	sintéticos	das	três	dimensões	do	IPRS	em	2002,	2004,	2006	e	2008,	
para	o	Estado	de	São	Paulo.	Podemos	observar	uma	melhora	nas	três	dimensões	que	compõe	o	índice	para	
o	período	analisado.	


                                                           tabela 2. 9
                    indicadores sintéticos do iPrs do estado de são Paulo de 2002 a 2008

     diMensão                  2002                           2004                        2006        2008
     Riqueza                  50 (alto)                      52 (alto)                  55 (alto)    58 (alto)

     Longevidade             67 (médio)                     70 (médio)                 72 (médio)   73 (médio)

     Escolaridade            52 (médio)                     54 (médio)                 65 (médio)   68 (médio)

                                          Fonte: SEADE (2011), elaborado por SMA/CPLA (2011)




As	Figuras	2.29,	2.30	e	2.31	mostram	a	distribuição	desses	indicadores	nos	municípios	paulistas	para	o	
ano	de	2008.	Podemos	constatar	que	a	riqueza	está	concentrada	nas	regiões	mais	populosas,	enquanto	os	
melhores	índices	de	escolaridade	estão	concentrados	mais	a	oeste	do	Estado	e	os	de	longevidade	nas	regiões	
central	e	norte.


                                                           FiGura 2. 29
                        distribuição do indicador de riQueza Por MunicíPio eM 2008




                                          Fonte: SEADE (2011), elaborado por SMA/CPLA (2011)




                                                                                                                 47
FiGura 2. 30
     distribuição do indicador de lonGevidade Por MunicíPio eM 2008




                   Fonte: SEADE (2011), elaborado por SMA/CPLA (2011)



                                    FiGura 2. 31
     distribuição do indicador de escolaridade Por MunicíPio eM 2008




                   Fonte: SEADE (2011), elaborado por SMA/CPLA (2011)




48
Com	relação	à	questão	habitacional,	utilizamos	aqui	o	conceito	de	déficit	habitacional,	que	está	ligado	direta-
mente	às	deficiências	do	estoque	de	moradias.	Compreende	tanto	aquelas	moradias	sem	condições	de	serem	ha-
bitadas	devido	à	precariedade	das	construções	ou	em	virtude	de	terem	sofrido	desgaste	da	estrutura	física	e	que	
devem	ser	repostas,	como	também	aspectos	relacionados	à	necessidade	de	incremento	do	estoque,	decorrente	da	
coabitação	familiar	ou	da	moradia	em	locais	destinados	a	fins	não	residenciais.

O	indicador	de	déficit	habitacional	expressa	a	quantidade	de	novas	unidades	domiciliares	necessárias	para	com-
portar	a	população	urbana	existente	nos	municípios,	revelando	as	contradições	e	disparidades	sociais	existentes.	
                                                                                                                	
Segundo	dados	do	Ministério	das	Cidades	(2010a),	o	Estado	de	São	Paulo	apresentou,	em	2008,	um	déficit	de	
1.062.366	moradias,	sendo	que	quase	a	metade	(48,12%)	se	encontra	na	Região	Metropolitana	de	São	Paulo.	Se	
compararmos	com	o	número	verificado	para	o	Brasil	(5.572.313	moradias),	constatamos	que	o	déficit	habitacio-
nal	do	Estado	de	São	Paulo	representa	pouco	mais	de	19%	do	total	observado	para	o	país.


2.2.2 dinâmica econômica
O	 Estado	 de	 São	 Paulo	 apresentou,	 em	 2008,	 um	 PIB	 (Produto	 Interno	 Bruto)	 de	 R$	 1	 trilhão	 (preços	
correntes),	o	que	representa	33,1%	de	tudo	que	foi	produzido	no	país	no	mesmo	ano.	A	Figura	2.32	mostra	
a	distribuição	percentual,	por	setor	da	economia,	do	valor	adicionado	do	Estado	de	São	Paulo	em	2008,	que	
totalizou	R$	826.580,00.	Vale	frisar	que	o	valor	adicionado	equivale	ao	PIB	menos	os	impostos	sobre	produtos	
líquidos	de	subsídios.


                                                                   FiGura 2. 32
          distribuição do valor adicionado do estado de são Paulo Por setor da econoMia eM 2008


                                                          1,4%


                                                                                 29,5%
                                                                                                    Agropecuária


                                                                                                      Indústria


                                                                                                    Serviços


                                 69,0%



                                                Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)



Nota:	Consideramos	aqui	a	atividade	de	construção	civil	um	subsetor	da	indústria	enquanto	o	setor	de	comércio	e	da	administração	pública	inseridos	no	
setor	de	serviços.



Podemos	observar	que	o	setor	de	serviços	responde	pela	maior	parcela	do	valor	adicionado,	69%,	e	é	responsável	
por	50%	dos	empregos	formais	no	Estado	(Tabela	2.10).




                                                                                                                                                         49
tabela 2. 10
                distribuição do eMPreGo ForMal no estado de são Paulo Por setor da econoMia eM 2009

                                       agropecuária          comércio             construção civil         indústria          serviços          total

           número
          de vínculos                      372.451           2.322.390                566.575              2.714.326          6.103.389       12.079.131
         empregatícios


        Parcela do total
                                            3,08               19,23                   4,69                   22,47             50,53          100,00
              (%)


                                                            Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)

     Nota:	O	número	de	empregos	apresentado	refere-se,	em	uma	determinada	data,	ao	total	de	vínculos	empregatícios	remunerados,	efetivamente	ocupados	
     por	trabalhadores	com	carteira	de	trabalho	assinada	(regime	da	Consolidação	das	Leis	do	Trabalho	–	CLT),	estatutários	(funcionários	públicos)	e	trabal-
     hadores	avulsos,	temporários	e	outros,	desde	que	formalmente	contratados,	informados	pelos	estabelecimentos	quando	da	elaboração	da	Relação	Anual	de	
     Informações	Sociais	–	RAIS,	do	Ministério	do	Trabalho.



     A	Figura	2.33	mostra	o	rendimento	médio	mensal	por	setor	da	economia	no	Estado	de	São	Paulo	em	2009.	
     Podemos	observar	que	a	indústria	é	responsável	maior	rendimento	médio,	seguido	do	setor	de	serviços,	muito	
     pela	exigência	de	maior	qualificação	por	parte	dos	trabalhadores.


                                                                              FiGura 2. 33
                              rendiMento Médio Mensal Por setor da econoMia no estado de são Paulo eM 2009


                                2.500,00

                                                                                                              2.076,16
                                2.000,00                                                                                          1.885,02



                                1.500,00                                                  1.400,71
                                                                     1.296,69
                 Reais (R$)




                                1.000,00           930,66



                                 500,00



                                    0,00
                                              Agropecuária             Comércio          Construção               Indústria        Serviços
                                                                                            Civil


                                                            Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)



     Dentro	do	setor	de	serviços,	vale	destacar	a	atividade	turística	do	Estado	de	São	Paulo,	que	é	um	dos	principais	
     destinos	turísticos	do	Brasil.	Com	645	municípios	e	imensa	diversidade	cultural,	paisagística	e	de	atrativos,	é	o	
     Estado	que	mais	emite	e	recebe	turistas	no	país.	Dados	de	2006	revelam	que	o	Estado	recebeu	29%	do	fluxo	
     turístico	doméstico	brasileiro,	sendo	também	responsável	pela	emissão	de	41%	dos	turistas	para	as	outras	unida-
     des	da	federação.	Dos	30	destinos	turísticos	brasileiros	mais	visitados	pela	população,	cinco	estão	em	São	Paulo:	
     Praia	Grande,	Ubatuba,	Caraguatatuba,	Santos	e	a	capital	São	Paulo	(SELT/FIPE,	2008).




50
Contando	com	três	aeroportos	internacionais	e	com	o	maior	porto	brasileiro,	São	Paulo	é	a	porta	de	entrada	para	
47%	dos	turistas	estrangeiros	que	visitam	o	país.	Desse	total,	99%	chegam	por	via	aérea	e	1%	por	via	marítima.	
Além	disso,	o	Estado	possui	o	maior	parque	hoteleiro	do	Brasil,	concentrando	mais	de	20%	dos	estabelecimentos	
hoteleiros	do	país.	De	acordo	com	a	FIPE	(2006),	os	destinos	mais	visitados	de	São	Paulo	são:	a	capital,	Praia	
Grande,	Ubatuba,	Santos,	Guarujá,	Aparecida,	Caraguatatuba,	Itanhaém,	Peruíbe	e	Mongaguá.	Podemos	obser-
var	dessa	relação	uma	nítida	preferência	pelos	destinos	do	litoral	paulista.	

A	cidade	de	São	Paulo	é	o	principal	destino	de	negócios	do	Brasil	e	da	América	Latina	(FIPE,	2006),	recebendo	
cinco	milhões	de	turistas/ano	em	feiras,	convenções,	entre	outros.	O	turismo	de	negócios	também	é	representa-
tivo	em	cidades	como	Campinas,	Bauru,	Santo	André,	Santos,	Sorocaba,	Ribeirão	Preto,	entre	outras.	

A	maior	parte	dos	turistas	que	visita	os	destinos	paulistas	é	proveniente	do	próprio	Estado	de	São	Paulo	(74%),	
seguido	pelos	estados	vizinhos	de	Minas	Gerais,	Paraná	e	Rio	de	Janeiro	(FIPE,	2006).	

Ainda	com	o	objetivo	de	caracterizar	a	dinâmica	econômica	do	Estado,	podemos	verificar	na	Figura	2.34,	a	par-
ticipação	de	alguns	setores	no	consumo	energético	final	de	São	Paulo	em	2009.

Observamos,	neste	ano,	um	consumo	energético	da	ordem	de	58.146	x	103	toe	(tonne of oil equivalent ou	tone-
lada	equivalente	de	petróleo),	com	um	aumento	de	aproximadamente	0,5%	em	relação	ao	ano	anterior.	A	maior	
parte	do	consumo	se	deu	no	setor	industrial	(27.085	x	103	toe)	e	de	transportes	(19.040	x	103	toe)	que,	juntos,	
representaram	 quase	 80%	 do	 consumo	 energético	 final.	 Porém,	 vale	 destacar	 o	 recuo	 de	 0,7%	 observado	 no	
consumo	do	setor	industrial	em	relação	ao	ano	anterior,	reflexo	da	crise	econômica	ocorrida	no	período.	O	setor	
de	transportes	apresentou	um	aumento	no	consumo	de	energia	final	de	1,5%,	enquanto	os	setores	comercial	e	
residencial	cresceram	3,4%	e	3,0%	respectivamente.


                                                        FiGura 2. 34
         ParticiPação dos setores no consuMo enerGético Final do estado de são Paulo eM 2009


                                                   5,6%
                                                             7,9%                      Setor Energé co
                                                                    3,8%               Residencial
                                                                     1,8%
                                                                      1,6%             Comercial

                                                                                       Público

                                                                                       Agropecuário

                         46,5%                                                         Transportes
                                                                  32,8%
                                                                                       Industrial


                                     Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



Vale	ressaltar	a	participação	expressiva	do	modal	rodoviário	no	consumo	energético	final	do	Estado,	repre-
sentando	 86%	 do	 consumo	 do	 setor	 de	 transportes	 e	 28%	 do	 consumo	 total,	 considerando	 todos	 setores	
consumidores.	

A	Figura	2.35	que	segue	mostra	a	evolução	da	intensidade	energética	de	2005	a	2009.	A	intensidade	energética	
é	um	indicador	que	expressa	a	quantidade	de	energia	empregada	para	produzir	cada	unidade	de	PIB	de	uma	
região,	estado	ou	país.	Tendo	em	mente	que	o	consumo	energético	traz	impactos	ao	meio	ambiente,	seja	pela	
exploração	de	recursos	naturais	ou	pela	geração	de	resíduos	e	efluentes,	economias	de	alta	intensidade	energética	
andam	na	contramão	do	desenvolvimento	sustentável.	




                                                                                                                         51
FiGura 2. 35
                                       intensidade enerGética no estado de são Paulo de 2005 a 2009


                                   0,075




                                            0,071             0,071              0,071                       0,071
                    R$




                                                                                                     0,070
                    10³ toe/ 106




                                   0,070




                                   0,065
                                            2005               2006               2007               2008    2009

                                                    Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



     Verifica-se	que	a	intensidade	energética	no	Estado	de	São	Paulo	vem	se	mantendo	constante	ao	longo	dos	úl-
     timos	anos,	indicando	que	o	aumento	do	Produto	Interno	Bruto	estadual	tem	sido	proporcional	ao	aumento	
     do	consumo	de	energia,	sendo	necessária,	desta	forma,	a	adoção	de	medidas	mais	eficientes	no	uso	da	energia	
     para	 desacoplar	 o	 crescimento	 econômico	 do	 consumo	 energético,	 possibilitando,	 assim,	 a	 diminuição	 da	
     intensidade	energética	no	Estado.


     2.2.3 dinâmica de uso e ocupação do solo
     Quando	se	analisa	o	conjunto	das	UGRHI	agrupadas	por	meio	de	suas	vocações	socioeconômicas	(Figura	
     2.2),	percebe-se	que	a	relação	entre	a	distribuição	espacial	da	população	e	a	área	ocupada	pelo	grupo	dessas	
     UGRHI	é	muito	desigual.

     Isso	se	dá	conforme	todo	o	histórico	de	uso	e	ocupação	do	território	paulista,	especialmente	desde	o	início	do	
     processo	de	industrialização	brasileiro,	concentrado	primeiramente	na	cidade	de	São	Paulo.	Como	definido	na	
     Lei	Estadual	nº	9.034/94,	que	dispõe	sobre	o	Plano	Estadual	de	Recursos	Hídricos,	as	UGRHI	estão	divididas	
     em	quatro	categorias	de	vocação:	agropecuária,	em	industrialização,	industrial	e	conservação.

     Como	se	verifica	na	Figura	2.36,	73%	de	toda	a	população do	Estado	se	encontra	nas	UGRHI	de	vocação	indus-
     trial,	evidenciando	um	grande	adensamento	demográfico	nessas	áreas,	já	que	as	bacias	com	essa	vocação	ocupam	
     tão	somente	20%	de	todo	o	território.	Delas	fazem	parte	as	três	regiões	metropolitanas	paulistas	e	muitas	cidades	
     de	elevada	relevância	econômica.

     O	contrário	acontece	nas	UGRHI	de	vocação	agropecuária.	Com	42%	da	área	do	Estado,	possuem	somente	
     11%	de	toda	a	população.	Já	as	UGRHI	com	vocação	conservacionista	ocupam	17%	do	território	e	contam	com	
     3,5%	da	população.

     Atenção	especial	merece	o	grupo	das	UGRHI	que	estão	em	processo	de	transição	socioeconômica,	ou	seja,	em	
     industrialização.	Ocupam	uma	quinta	parte	(21%)	da	área	do	Estado	e	12%	da	população.	Entretanto,	as	trans-
     formações	e	o	crescimento	econômico	que	vêm	ocorrendo	nessas	bacias	certamente	levarão	a	um	incremento	
     significativo	da	população	ao	longo	dos	próximos	anos,	especialmente	nas	zonas	urbanas.




52
FiGura 2. 36
        Percentual de área e PoPulação Por vocação das uGrHi no estado de são Paulo eM 2010


                                                    População              Área

             80%
                       73,0%


             60%


                                                                                  42,1%
             40%


                               19,8%                    21,0%
             20%                                                                                              17,1%
                                               12,2%                      11,3%
                                                                                                       3,5%
              0%
                        Industrial                  Em                    Agropecuária                 Conservação
                                              industrialização

                               Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)



áreas urbanas

Nas	últimas	décadas,	houve	no	Estado	de	São	Paulo	a	priorização	do	modal	rodoviário	em	detrimento	da	fer-
rovia,	ocasionando	o	surgimento	de	uma	densa	malha	viária,	o	que	impulsionou	a	localização	dos	principais	
eixos	industriais	para	novas	áreas	próximas	às	rodovias.	

O	cenário	econômico	mais	recente,	associado	a	um	planejamento	governamental	que	priorizou	a	descentraliza-
ção	econômica,	resultou	em	uma	refuncionalização	do	território	do	ponto	de	vista	da	ocupação	urbana.	Além	
da	já	existente	Região	Metropolitana	de	São	Paulo,	passaram	a	existir	as	Regiões	Metropolitanas	de	Campinas	
e	da	Baixada	Santista.	

Entre	estas	três	regiões	formou-se	um	corredor	de	cidades	de	médio	porte,	altamente	urbanizadas	e	dotadas	
de	importantes	parques	industriais,	estabelecendo-se	fluxos	de	pessoas,	mercadorias	e	serviços.	As	rela	 ões	de	
                                                                                                        ç
complementaridade	urbana	destas	cidades,	bem	como	suas	relações	econômicas	e	institucionais,	fazem	com	que	
vários	autores	e	instituições	passem	a	trabalhar	com	o	conceito	da	Macrometrópole	Paulista,	destacada	na	Figura	
2.37	e	detalhada	mais	adiante.	

Outra	relação	importante	de	complementaridade	urbana	está	em	curso	na	região	urbano-industrial	do	Vale	do	
Paraíba,	que,	com	o	avanço	do	processo	de	conurbação	entre	as	cidades	da	região,	contribui	para	configurar,	no	
futuro,	uma	megalópole	–	espaço	urbano	contínuo	entre	as	metrópoles	do	Rio	de	Janeiro	e	São	Paulo.

De	forma	complementar	à	análise	dos	principais	vetores	de	desenvolvimento	urbano	do	Estado,	faz-se	necessário	
o	entendimento	da	rede	urbana	paulista.	Nesse	sentido,	baseado	em	critérios	da	Fundação	SEADE	(2006)	e	da	
Empresa	Paulista	de	Planejamento	Metropolitano	–EMPLASA	(2008),	consideramos	aqui	três	classificações	
para	as	regiões	urbanizadas	do	Estado:	regiões	metropolitanas,	aglomerações	urbanas	e	centros	urbanos.

De	acordo	com	a	Constituição	da	República,	“os	Estados	poderão,	mediante	lei	complementar,	instituir	re-
giões	metropolitanas,	aglomerações	urbanas	e	microrregiões,	constituídas	por	agrupamentos	de	Municípios	
limítrofes,	para	integrar	a	organização,	o	planejamento	e	a	execução	de	funções	públicas	de	interesse	comum”	
(Constituição	art.25	§	03).




                                                                                                                      53
Em	 São	 Paulo,	 existem	 três	 regiões	 metropolitanas	 legalmente	 instituídas:	 a	 Região	 Metropolitana	 de	 São	
     Paulo	(RMSP);	a	Região	Metropolitana	de	Campinas	(RMC)	e	a	Região	Metropolitana	da	Baixada	Santista	
     (RMBS).	Além	destas,	consideramos	que	existem	ainda,	oito	aglomerações	urbanas	–	sem	normas	específicas	
     que	as	criam	–	e	10	centros	urbanos,	municípios	que	funcionam	como	pólos	regionais,	como	pode	ser	visto	na	
     Tabela	2.11	e	na	Figura	2.37.


                                                             tabela 2. 11
                   reGiões MetroPolitanas, aGloMerações urbanas e centros urbanos reGionais
                                             do estado de são Paulo

                                  número de
       regiões Metropolitanas                                                            Municípios
                                  municípios

                                                   Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Cajamar, Caieiras, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu,
                                                   Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema,
                                                   Guarulhos, Itapevi, Itaquaquecetuba, Itapecerica da Serra, Jandira, Juquitiba,
              São Paulo               39           Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão
                                                   Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Isabel, Santana de Parnaíba, Santo
                                                   André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, São
                                                   Paulo, Suzano, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista.


                                                   Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra,
              Campinas                19           Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínea,
                                                   Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio da Posse, Sumaré, Valinhos, Vinhedo.


                                                   Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Monguaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos,
           Baixada Santista            9
                                                   São Vicente.

                                  número de
       aglomerações urbanas                                                              Municípios
                                  municípios

                                                   Aparecida, Caçapava, Guaratinguetá, Jacareí, Pindamonhangaba, Potim, Roseira, São
        São José dos Campos           10
                                                   José dos Campos, Taubaté e Tremembé.

                                                   Atibaia, Bragança Paulista, Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Itu, Itupeva, Jarinu,
          Sorocaba-Jundiaí            13
                                                   Jundiaí, Louveira, Porto Feliz, Salto, Sorocaba e Várzea Paulista.


                                                   Araras, Conchal, Cordeirópolis, Estiva Gerbi, Iracemápolis, Leme, Limeira, Mogi-
          Piracicaba-Limeira          12
                                                   Guaçu, Moji-Mirim, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes.

                                                   Barrinha, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Pradópolis, Ribeirão Preto, Serrana,
            Ribeirão Preto             8
                                                   Sertãzinho.


        Araraquara-São Carlos          5           Américo Brasiliense, Araraquara, Gavião Peixoto, Ibaté e São Carlos.

        São José do Rio Preto          3           Bady Bassit , Mirassol e São José do Rio Preto.

                Bauru                  4           Agudos, Bauru, Lençóis Paulista e Pederneiras.

              Araçatuba                2           Araçatuba e Birigui.

                                  número de
          centros urbanos                                                                Municípios
                                  municípios

                                                   Barretos, Botucatu, Catanduva, Franca, Itapetininga, Jaú, Marília, Ourinhos,
                                      10
                                                   Presidente Prudente, Tatuí.

                                    Fonte: SEADE (2006) e EMPLASA (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010)




54
FiGura 2. 37
reGiões MetroPolitanas, aGloMerações urbanas e centros urbanos reGionais do estado de são Paulo




                              Fonte: SEADE (2006) e EMPLASA (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010)



Em	2010,	segundo	o	IBGE	(2010a),	o	conjunto	das	três	regiões	metropolitanas	concentrava	quase	60%	da	popula	 ão	
                                                                                                            ç
do	Estado,	sendo	que,	somente	a	Região	Metropolitana	de	São	Paulo	concentrava	48%.	As	regiões	metropolitanas	da	
Baixada	Santista	e	de	Campinas	concentravam,	respectivamente,	4%	e	7%	da	população	(Tabela	2.12).


             tabela 2. 12 – PoPulação e área das áreas urbanas do estado de são Paulo eM 2010

                 unidade           População (hab)               %                    área (km²)      %
regiões Metropolitanas
São Paulo                             19.672.582               47,7%                   7.943,82      3,2%
Campinas                               2.798.477               6,8%                    3.645,67      1,5%
Baixada Santista                       1.663.082               4,0%                    2.422,78      1,0%
aglomerações urbanas
São José dos Campos                    1.566.592               3,8%                    4.525,32      1,8%
Sorocaba-Jundiaí                       1.867.230               4,5%                    4.041,61      1,6%
Piracicaba-Limeira                     1.359.475               3,3%                    5.415,83      2,2%
Ribeirão Preto                          846.803                2,0%                    2.327,53      0,9%
Araraquara-São Carlos                   500.327                1,2%                    2.803,57      1,1%
São José do Rio Preto                   476.849                1,2%                     784,70       0,3%
Bauru                                   481.555                1,2%                     3.174,12     1,3%
Araçatuba                               290.340                0,7%                    1.697,96      0,7%
centros urbanos
Total                                  1.581.894               3,8%                    8.978,99      3,6%
        estado de são Paulo           41.252.160             100,00%                  248.209,43    100,00%

                               Fonte: SEADE (2010c) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                   55
Como	já	visto	anteriormente,	o	panorama	de	ocupação	do	território	paulista	evidencia	algumas	discrepâncias	
     regionais.	Apesar	de	concentrar	expressivos	60%	da	população,	as	três	regiões	metropolitanas	ocupam	juntas,	
     somente	6%	do	território	do	Estado.	

     Se	considerarmos,	ainda,	todos	os	municípios	tipicamente	urbanos	citados	acima,	observamos	mais	de	80%	da	
     população	paulista	vivendo	nesses	municípios,	que	ocupam	uma	área	de	apenas	19%	de	todo	território.	Desse	
     perfil	resulta,	portanto,	uma	grande	concentração	demográfica	em	poucas	áreas	do	Estado.

     Especificamente	abordando	a	distribuição	espacial	do	uso	do	solo	urbano	no	Estado	de	São	Paulo,	um	estudo	
     organizado	pela	Faculdade	de	Arquitetura	e	Urbanismo	da	Universidade	de	São	Paulo	–	FAU/USP	(REIS,	
     2006)	indica	que,	entre	1970	e	1990,	houve	a	formação	de	um	eixo	entre	as	regiões	metropolitanas	do	Estado,	
     além	de	outros	eixos	ligando	a	RMSP	a	Sorocaba	e	ao	Vale	do	Paraíba,	em	direção	ao	Rio	de	Janeiro.	Diante	
     disso,	conjuntos	de	cidades	de	médio	porte,	como	no	Vale	do	Paraíba	e	no	entorno	de	Campinas,	passam	a	ser	
     organizados	de	modo	integra	 o,	como	uma	área	metropolitana.	
                                  d

     A	mudança	no	padrão	do	tecido	urbano	torna-se	evidente	principalmente	nestas	regiões	do	Estado,	com	a	ace-
     leração	do	processo	de	ocupação,	o	aumento	da	demanda	por	espaços	e	equipamentos	urbanos	e	a	consequente	
     elevação	dos	preços	da	terra	edificável,	causando	a	formação	de	áreas	periféricas,	de	início	com	os	subúrbios	e	
     depois	com	áreas	desconexas	dos	núcleos	principais.	

     A	maior	concentração	populacional	acompanha	os	eixos	da	Rodovia	Anhanguera	(SP-330)	e	da	antiga	Com-
     panhia	Paulista	de	Estradas	de	Ferro,	sendo	que	a	urbanização	deste	vetor	apresenta,	em	maior	escala,	os	novos	
     padrões	de	grande	dispersão4.	Já	no	eixo	do	Vale	do	Paraíba,	a	mancha	urbanizada	desenvolveu-se	ao	longo	da	
     Rodovia	Presidente	Dutra	(BR-116),	tendo	como	centros	as	cidades	de	São	José	dos	Campos	e	Taubaté.	A	Bai-
     xada	Santista	também	apresenta	elevado	grau	de	urbanização	e	adensamento	populacional.

     A	grande	concentração	urbana	se	define,	de	acordo	com	o	estudo	da	FAU/USP,	como	um	“Sistema	Integrado	
     de	Regiões	Metropolitanas”	e	envolve,	além	das	regiões	metropolitanas	oficiais,	as	regiões	adjacentes	de	São	Jose	
     dos	Campos,	de	Sorocaba	e	Itu,	de	Jundiaí,	de	Piracicaba,	Limeira	e	Rio	Claro,	de	Mogi	Mirim	e	Mogi-Guaçu	
     e	de	Atibaia.

     Caminhando	 no	 mesmo	 sentido,	 a	 Empresa	 Paulista	 de	 Planejamento	 Metropolitano	 (EMPLASA,	 2008),	
     como	subsídio	ao	planejamento	territorial	do	Estado,	definiu	a	Macrométropole	Paulista,	que	nada	mais	é	do	
     que	a	conformação	das	Regiões	Metropolitanas	de	São	Paulo,	de	Campinas	e	da	Baixada	Santista,	juntamente	
     com	os	Aglomerados	Urbanos	de	Piracicaba-Limeira,	de	São	José	dos	Campos	e	de	Sorocaba-Jundiaí,	abrangen-
     do	um	total	102	municípios.	

     A	Figura	2.38	mostra	a	Macrometrópole	Paulista	e	as	regiões	que	a	compõe.




     4		Entende-se	por	novos	padrões	de	dispersão	urbana	áreas	de	ocupação	residenciais	voltadas	ao	lazer	que	se	consolidam	como	núcleos	de	habitação	
     permanente,	configurando-se	simultaneamente	bairros	industriais	e	complexos	comerciais,	atrelados	a	essa	nova	configuração.	Esse	fenômeno	pode	ser	
     chamado	de	urbanização	difusa	ou	dispersa.




56
FiGura 2. 38
                        a MacroMétroPole Paulista e suas reGiões constitutivas




                                   Fonte: EMPLASA (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010)




A	importância	desta	macrometrópole	é	confirmada	quando	observamos	que	a	mesma	abriga	70%	da	população	
paulista	em	apenas	11%	do	território	e	produz	cerca	de	80%	do	PIB	estadual	(EMPLASA,	2008).	Desta	forma,	
fica	ainda	mais	evidente	a	distribuição	desigual	da	população	paulista	em	seu	território,	no	qual,	como	podemos	
observar	na	Figura	2.39,	mais	de	80%	de	sua	população	vive	em	municípios	tipicamente	urbanos,	que	somados,	
ocupam	uma	área	de	pouco	menos	de	20%	do	total	do	Estado.




                                                                                                                   57
FiGura 2. 39
         Percentual de PoPulação e área da MacroMetróPole Paulista e do restante do estado eM 2010


                                                          População             Área

                    100%

                                                                                                                   80,8%
                     80%
                              70,1%

                     60%


                     40%

                                                                                                           19,7%
                     20%
                                      11,3%
                                                       6,3% 4,3%                  3,8% 3,6%
                      0%
                            Macrometrópole               Demais                Centros Urbanos              Restante do
                                                       Aglomerados                                            Estado
                                                         Urbanos


                                      Fonte: SEADE (2010c) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)


     Confirmando	 a	 tendência	 de	 concentração	 populacional	 e	 de	 uso	 urbano	 do	 solo	 no	 entorno	 das	 regiões	 me-
     tropolitanas,	e	da	dispersão	urbana	ao	longo	dos	eixos	viários	que	partem	da	capital	rumo	a	outros	centros	im-
     portantes	do	Estado,	a	Empresa	Brasileira	de	Pesquisa	Agropecuária	–	EMBRAPA	(MIRANDA	et	al,	2005)	
     realizou	um	estudo,	integrando	dados	do	IBGE	(Censo	2000)	com	informações	obtidas	por	meio	da	interpretação	
     de	imagens	de	satélite	(LANDSAT	2000-2001),	mapeando	as	áreas	efetivamente	urbanizadas	em	todo	o	país.	

     Neste	estudo,	estimativas	realizadas	para	o	ano	de	2020	(MIRANDA	et	al,	2005)	apontam	que	a	tendência	de	
     elevada	con	 entração	populacional	permanecerá	nas	áreas	do	entorno	das	regiões	metropolitanas	e	aglomerações	
                c
     próximas	a	elas,	consolidando,	desta	forma,	a	região	da	Macrometrópole	Paulista.


     áreas rurais

     O	setor	primário	da	economia,	ou	seja,	o	setor	ligado	diretamente	às	atividades	rurais	é	vigoroso	e	participa	de	
     modo	importante	na	economia	estadual.	Para	a	maioria	dos	municípios	paulistas,	as	atividades	ligadas	à	agrope-
     cuária	e	à	silvicultura	são	as	principais.	Esses	municípios,	embora	espalhados	por	todo	o	território	do	Estado,	se	
     localizam	principalmente	no	interior,	nas	UGRHI	com	vocação	agropecuária.

     De	acordo	com	a	metodologia	adotada	pelo	IBGE,	apresentada	no	trabalho	“Caracterização	e	Tendências	da	
     Rede	Urbana	do	Brasil”,	publicado	em	1999	pelo	Instituto	de	Pesquisa	Econômica	Aplicada	(IPEA),	são	con-
     siderados	rurais,	todos	aqueles	municípios	com	população	de	até	50	mil	habitantes,	independentemente	de	sua	
     densidade	demográfica,	ou	com	população	entre	50	e	100	mil	habitantes	e	densidade	demográfica	abaixo	de	80	
     hab/km²,	e	que,	ainda,	se	localizem	fora	das	regiões	metropolitanas	e	aglomerados	urbanos.	

     No	Estado	de	São	Paulo,	os	municípios	rurais	somam	488,	mais	de	75%	do	total	de	municípios	existentes.	
     Estes	ocupam	76%	da	área	do	Estado	e	concentram	o	grosso	das	atividades	agropecuárias	paulista.	Contudo,	
     vale	frisar,	que	alguns	municípios	considerados	rurais	de	acordo	com	os	critérios	descritos	acima,	não	apre-
     sentam	suas	atividades	econômicas	ligadas	exclusiva	ou	predominantemente	ao	setor	primário	da	economia.	
     Esses	municípios	têm	potencial	para	a	conservação	e	para	o	setor	terciário	da	economia,	como	o	turismo,	e	
     se	localizam,	sobretudo,	nas	UGRHI	de	vocação	conservacionista	(Litoral	Norte,	Mantiqueira,	Ribeira	de	
     Iguape/Litoral	Sul	e	Alto	Paranapanema).




58
Cana-de-açúcar e pastagens: a predominância no uso do solo

A	 predominância	 na	 ocupação	 e	 uso	 do	 solo	 no	 Estado	 de	 São	 Paulo	 se	 dá	 pela	 cultura	 canavieira	 e	 pelas	
pastagens,	predominantemente	do	gado	bovino,	como	pode	ser	observado	na	Figura	2.40.


                                                         FiGura 2. 40
                      PrinciPais usos do solo aGrícola no estado de são Paulo eM 2008


                                                                    22,1%
                                                                                          Cana-de-açúcar

                                                                                          Pastagem
                         36,2%
                                                                                          Laranja

                                                                                          Café

                                                                                          Soja

                                                                                          Eucalipto

                                                                                          Pinus
                           2,7%
                                                                      29,0%               Milho
                          0,6%    3,5%                                                    Outros usos
                                                     3,0%
                                    1,6%
                                             0,9%

                                      Fonte: São Paulo (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010)


Ao	longo	da	última	década,	a	cana-de-açúcar	tem	crescido	cada	vez	mais	e	ocupado	áreas	de	pastagens,	principalmen-
te.	De	acordo	com	dados	do	Levantamento	Censitário	de	Unidades	de	Produção	Agrícola	do	Estado	de	São	Paulo	
(LUPA)	2007/2008	(SÃO	PAULO,	2008),	de	1995/1996	até	2007/2008,	houve	um	significativo	recuo	das	áreas	de	
pastagens	e	um	incremento	dos	canaviais	em	seu	lugar.	Esse	avanço	se	dá	principalmente	em	direção	ao	Oeste	Paulista.

No	período,	as	pas	 agens	declinaram	em	2,2	milhões	de	hectares	(recuaram	de	51%	para	40%	das	áreas	totais	
                   t
rurais).	As	dedicadas	a	lavouras	temporárias	(incluindo	a	cana-de-açúcar)	aumenta	 am,	no	mesmo	período,	em	
                                                                                 r
1,1	milhão	de	hectares	(evoluíram	de	23%	para	33%	do	todo	do	solo	rural).	As	demais	atividades	mantiveram-se	
em	mesmas	proporções	de	ocupação,	em	relação	ao	todo	utilizado	nos	anos	90.

Segundo	as	mesmas	fontes,	no	período,	as	Unidades	de	Produção	Agrícola	(UPA)	que	cultivavam	a	cana	cres-
ceram	 de	 70.111	 unidades	 para	 99.799	 unidades.	 Um	 acréscimo	 de	 42,3%.	 Sua	 área	 plantada	 aumentou	 de	
2.886.313	ha	para	5.497.139	ha,	um	aumento	de	90,5%.	

Quanto	 às	 pastagens,	 as	 UPA	 que	 se	 dedicaram	 à	 criação	 de	 bovinos	 representaram	 62,3%	 do	 todo,	 em	
1996/1997,	com	média	de	73	cabeças	de	gado	por	UPA.	Em	2007/2008,	as	Unidades	com	pastagens	para	cria-
ção	bovina	decresceram	para	14,7%	do	todo,	com	média	de	121	cabeças	por	UPA.	Como	se	vê,	registrou-se	um	
aumento	importante	da	produtividade	em	sua	atividade,	na	busca	por	melhor	utilizar	espaços	disponíveis	cada	
vez	mais	exíguos.

Embora	a	cana-de-açúcar	e	as	pastagens	ocupem	de	modo	majoritário	a	área	total	do	Estado,	se	destacam	tam-
bém	as	produções	de	laranja,	café,	soja,	milho	e	a	silvicultura,	notadamente	o	eucalipto	e	pinus.

cobertura vegetal natural

As	alterações	da	área	de	cobertura	vegetal	nativa,	à	medida	que	ilustram	a	dinâmica	de	uso	dos	recursos	naturais	
e,	de	maneira	geral,	das	atividades	antrópicas,	acabam	refletindo	os	padrões	de	evolução	do	uso	e	ocupação	do	
solo	numa	determinada	região.




                                                                                                                             59
No	Estado	de	São	Paulo,	a	cobertura	de	florestas	nativas	já	chegou	a	ocupar	mais	de	80%	de	seu	território,	de-
     caindo	progressivamente	até	a	década	de	90	quando	começou	a	apresentar	uma	tendência	de	recuperação.	

     De	acordo	com	os	dados	do	Inventário	Florestal	de	Vegetação	Natural	do	Estado	de	São	Paulo	2005	(KRONKA	
     et	al,	2005),	para	o	período	de	1962	a	1992,	os	remanescentes	de	vegetação	natural	tiveram	um	decréscimo	de	
     46,9%,	retomando	o	seu	crescimento	entre	1992	e	2001,	quando	observa-se	um	acréscimo	de	3,8%,	demonstran-
     do	uma	estabilização	da	taxa	de	desmatamento.

     Ainda	 segundo	 Kronka	 et	 al	 (2005),	 a	 área	 total	 dos	 remanescentes	 de	 vegetação	 contabilizou,	 em	 2001,	
     3.457.301	hectares,	ou	13,9%	da	área	total	do	Estado.	Já	conforme	o	Inventário	Florestal	de	Vegetação	Natural	
     do	Estado	de	São	Paulo	2008/2009,	elaborado	pelo	Instituto	Florestal	(IF,	2010),	o	Estado	conta	hoje	com	
     4.343.718	hectares	de	cobertura	vegetal	nativa,	correspondendo	a	17,5%	de	sua	superfície.

     É	importante	ressaltar	que	as	metodologias	utilizadas	ao	longo	dos	anos,	desde	1962	até	2009,	foram	diferentes,	
     portanto,	o	que	se	pretende	aqui,	é	mostrar	apenas	a	tendência	da	taxa	de	desmatamento	no	Estado	e	não	com-
     parar	as	áreas	de	cobertura	vegetal	em	valores	absolutos.	Ainda,	como	exemplo,	podemos	destacar	que	a	variação	
     observada	 entre	2001	e	2009,	se	deve,	principalmente,	ao	fato	de	 o	novo	mapa	de	cobertura	vegetal	ter	sido	
     produzido	com	imagens	de	satélite	de	alta	resolução,	o	que	determinou	a	descoberta	de	novos	remanescentes	
     florestais	que	não	podiam	ser	vistos	no	mapeamento	anterior.	

     A	Figura	2.41	que	segue	mostra	a	evolução	da	área	de	cobertura	vegetal	nativa	ao	longo	dos	anos,	indicando	
     também	o	percentual	em	relação	à	área	total	do	Estado	para	os	anos	considerados.


                                                                             FiGura 2. 41
                                         evolução da área cobertura veGetal nativa no estado de são Paulo


                                                                       Área de cobertura vegetal na�va

                                       8,0
                                                   29,3%
                                       7,0

                                       6,0
                 Milhões de hectares




                                       5,0
                                                                        17,7%                                                   17,5%
                                       4,0                                                                    13,9%
                                                                                            13,4%
                                       3,0

                                       2,0

                                       1,0

                                       0,0
                                                1962           1971/1973             1990/1992             2000/2001       2008/2009


                                                   Fonte: Kronka et al (2005) e IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



     Destes	 remanescentes,	 observa-se	 a	 predominância	 das	 matas	 e	 capoeiras	 (vegetação	 florestal	 atlântica	 em	
     processo	 de	 regeneração),	 dispostas	 principalmente	 no	 contínuo	 da	 Serra	 do	 Mar.	 Os	 outros	 ecossistemas	
     encontrados	 são:	 o	 Cerrado;	 os	 ecossistemas	 costeiros	 (restinga	 e	 manguezais);	 e	 a	 vegetação	 de	 várzea.	 Do	
     Cerrado,	que	já	ocupou	14%	da	superfície	do	Estado,	resta	hoje	aproximadamente	1%,	fato	que	compromete	
     severamente	sua	sustentabilidade	futura	e	que	levou	o	Governo	a	promulgar,	em	2009,	a	Lei	Estadual	13.550/09,	
     que	dispõe	sobre	a	utilização	e	proteção	da	vegetação	nativa	do	Bioma	Cerrado	no	Estado.




60
Ainda	segundo	dados	do	Inventário	Florestal	de	Vegetação	Natural	do	Estado	de	São	Paulo	2008/2009	(IF,	
2010),	pode-se	constatar	que	a	vegetação	remanescente	está	distribuída	de	forma	heterogênea	e	se	concentra	
nas	áreas	de	maior	declividade.	Os	maiores	remanescentes	são	encontrados	nas	escarpas	da	Serra	do	Mar,	no	
Litoral,	no	Vale	do	Ribeira,	e	nas	Unidades	de	Conservação	administradas	pelo	poder	público.	Já	no	interior	do	
Estado,	muito	em	função	do	processo	histórico	de	ocupação	do	território,	verifica-se	a	diminuição	dos	índices	de	
cobertura	vegetal	natural	e	o	aumento	da	fragmentação	dos	remanescentes.

A	Figura	2.42	mostra	os	remanescentes	de	vegetação	natural	existentes	no	Estado	divididos	por	tipo	de	vegetação,	
os	quais	são	descritos	com	mais	detalhes	no	Capítulo	3	(item	3.6)	deste	documento.


                                                     FiGura 2. 42
               reManescentes de veGetação natural do estado de são Paulo eM 2008/2009




                                      Fonte: IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




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                                                                                                                    61
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62
3
diagnóstico ambiental do estado
          de são Paulo




                                  63
64
3.1 recursos Hídricos
O	Brasil	destaca-se	no	cenário	mundial	pela	grande	descarga	de	água	doce	dos	seus	rios,	cuja	produção	hídrica,	
178	mil	m³/s	e	mais	73	mil	m³/s	da	Amazônia	internacional,	representa	53%	da	produção	de	água	doce	do	
continente	sul-americano	(334	mil	m³/s)	e	12%	do	total	mundial	(1.488	milhões	de	m³/s),	segundo	Rebouças	
(2006).	O	Brasil	apresenta	uma	rede	hidrográfica	densa,	com	grandes	bacias	continentais	(Amazonas,	Paraná,	
Paraguai,	São	Francisco,	entre	outras),	além	de	pequenas	bacias	litorâneas.	

Existem,	 ainda,	 grandes	 reservatórios	 de	 água,	 como	 os	 aquíferos	 subterrâneos.	 No	 entanto,	 permanece	 o	
problema	da	distribuição.	Existem,	de	um	lado,	regiões	populosas,	como	os	grandes	centros	urbanos,	nos	quais	
há	 muita	 gente	 para	 pouca	 água,	 e	 de	 outro,	 regiões	 de	 baixa	 ou	 baixíssima	 densidade	 demográfica,	 como	 a	
Amazônia	e	o	Centro-Oeste,	com	fartura	de	recursos	e	pouca	infraestrutura	de	utilização.

Assim,	os	problemas	de	abastecimento	no	Brasil	decorrem,	fundamentalmente,	da	combinação	do	crescimento	
exagerado	das	demandas	localizadas	e	da	degradação	da	qualidade	das	águas	(REBOUÇAS,	2006).	

A	desigualdade	na	distribuição	e	nos	graus	de	utilização	da	água	levou	a	uma	definição	de	regras	para	o	seu	
uso,	com	o	intuito	de	mediar	possíveis	conflitos	através	de	uma	política	de	gestão	integrada	das	águas.	Entre	
os	instrumentos	desta	política,	podemos	citar	a	implementação	da	Lei	de	Águas,	de	1997,	além	da	criação	da	
Agência	Nacional	de	Águas	em	2000.	A	aqui	chamada	‘gestão	integrada’,	se	refere	à	necessidade	de	garantir	o	
abastecimento	 atual	 sem	 comprometer	 o	 uso	 da	 água	 pelas	 gerações	 futuras,	 além	 de	 promover	 a	 utilização	
adequada	 e	 racional	 pelos	 múltiplos	 usos	 –	 abastecimento	 público,	 irrigação,	 geração	 de	 energia	 elétrica,	
transporte	aquaviário,	entre	outros.

A	desigualdade	na	distribuição	da	água,	presente	em	território	nacional,	se	repete	em	diferente	escala	no	território	
paulista.	No	Estado	de	São	Paulo,	o	volume	anual	de	chuva	atinge	um	valor	em	torno	de	10.840	m³/s,	sendo	que	
29%	se	transformam	em	escoamento	superficial,	representando	uma	disponibilidade	hídrica	superficial	de	cerca	
de	3.120	m³/s	(SÃO	PAULO,	2005).

Isto	significa	que,	de	maneira	geral,	há	água	em	abundância.	No	entanto,	quando	se	analisa	a	distribuição	
da	água	associada	à	concentração	populacional,	existem	regiões	pouco	populosas	com	alta	disponibilidade	
hídrica	e	regiões	populosas	com	grande	demanda	e	pouca	disponibilidade	de	água,	levando	à	necessidade	de	
transferências	de	águas	entre	bacias.

Para	fins	de	planejamento	e	gestão	dos	recursos	hídricos,	o	Estado	de	São	Paulo	está	dividido	em	22	Unidades	
de	Gerenciamento	de	Recursos	Hídricos	(UGRHI).	O	princípio	básico	que	norteia	esta	divisão	é	a	utilização	da	
bacia	hidrográfica	como	unidade	territorial	de	gestão.	Cada	UGRHI,	por	sua	vez,	é	representada	politicamente	
por	um	comitê	de	bacia,	responsável	pela	gestão,	de	forma	descentralizada	e	compartilhada,	dos	recursos	hídricos	
na	sua	área	de	atuação,	exceto	as	UGRHI	Aguapeí	e	Peixe,	que	escolheram	formar	um	único	comitê.

A	Figura	3.1	apresenta	um	mapa	com	a	divisão	do	Estado	em	UGRHI.




                                                                                                                             65
FiGura 3. 1
                      unidades de GerenciaMento de recursos Hídricos do estado de são Paulo




                                           Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     A	questão	da	água	no	Estado	de	São	Paulo	não	representa	uma	situação	homogênea,	seja	do	ponto	de	vista	
     da	distribuição,	como	também	de	seus	usos	e	conflitos.	No	Estado	de	São	Paulo,	quanto	a	demanda	por	água,	
     pode-se	dividir	o	Estado	em	duas	grandes	áreas:	1)	o	setor	mais	a	leste,	onde	está	situada	a	“Macrometrópole	
     Paulista”,	 composta	 pelas	 Regiões	 Metropolitanas	 de	 São	 Paulo,	 Campinas	 e	 Baixada	 Santista,	 bem	 como	
     pelos	Aglomerados	Urbanos	de	São	José	dos	Campos,	Sorocaba/Jundiaí	e	Piracicaba/Limeira	e;	2)	o	restante	
     do	 Estado,	 que	 possui,	 em	 sua	 maioria,	 extensas	 áreas	 agrícolas	 e	 um	 padrão	 de	 urbanização	 mais	 disperso,	
     contando	com	a	presença	de	alguns	grandes	centros	urbanos,	como	Ribeirão	Preto,	São	José	do	Rio	Preto,	Bauru,	
     Presidente	Prudente	e	Araçatuba.

     Como	já	visto	no	Capítulo	2	(item	2.2.3)	a	Macrometrópole	Paulista	é	composta	por	102	municípios,	detém	70%	
     da	população	do	Estado,	responde	por	80%	do	seu	PIB	e	contempla	áreas	das	UGRHI:	02	(Paraíba	do	Sul),	05	
     (Piracicaba/Capivari/Jundiaí),	06	(Alto	Tietê),	07	(Baixada	Santista),	09	(Mogi-Guaçu)	e	10	(Sorocaba/Médio	
     Tietê).	Por	ser	a	região	mais	industrializada	e	urbanizada	do	Estado,	é	grande	consumidora	de	água,	sendo	de	
     extrema	importância	a	gestão	integrada	dos	recursos	hídricos.	



     3.1.1 águas subterrâneas
     Segundo	o	Plano	Estadual	de	Recursos	Hídricos	2004-2007,	publicado	pelo	Governo	do	Estado	de	São	Paulo	
     em	 2005,	 em	 pelo	 menos	 2/3	 do	 Estado,	 o	 potencial	 explotável	 dos	 mananciais	 subterrâneos	 é	 muito	 bom,	
     devido	à	existência	de	importantes	aquíferos	de	extensão	regional	e	local.	Mesmo	nas	áreas	menos	favoráveis	
     do	 ponto	 de	 vista	 hidrogeológico,	 quando	 as	 demandas	 são	 compatíveis	 com	 vazões	 menores,	 o	 suprimento	




66
de	pequenas	comunidades,	propriedades	rurais	e	pequenas	indústrias	com	água	subterrânea	pode	ser	atraente.	
Em	virtude	da	abundância	e	qualidade	de	suas	águas	(que	dispensam	tratamentos	custosos),	baixo	custo	de	
extração,	grau	de	deterioração	da	qualidade	das	águas	superficiais	(cujo	uso	vem	exigindo	investimentos	cada	vez	
maiores),	as	águas	subterrâneas	vêm	adquirindo	um	crescente	valor	econômico,	sendo	amplamente	utilizadas	
para	abastecimento	público	e	industrial.

Segundo	 Iritani	 e	 Ezaki	 (2008),	 as	 águas	 subterrâneas	 no	 Estado	 de	 São	 Paulo	 se	 distribuem	 pelos	
diferentes	aquíferos	existentes	no	território,	os	quais	se	distinguem	por	suas	características	hidrogeológicas,	
como	por	exemplo	tipo	de	rocha	e	forma	de	circulação	da	água.	No	Estado,	podemos	reunir	os	aquíferos	
em	dois	grandes	grupos:	os	Aquíferos	Sedimentares	e	os	Fraturados,	cujas	áreas	de	afloramento	podem	ser	
vistas	na	Figura	3.2.

O	 grupo	 dos	Aquíferos	 Sedimentares	 é	 aquele	 constituído	 por	 sedimentos	 depositados	 pela	 ação	 dos	
rios,	 vento	 e	 mar,	 onde	 a	 água	 circula	 pelos	 poros	 existentes	 entre	 os	 grãos.	 No	 Estado	 de	 São	 Paulo	
destacam-se,	 pela	 produção	 de	 água,	 os	 Aquíferos	 Guarani,	 Bauru,	 Taubaté,	 São	 Paulo	 e	 Tubarão	
(IRITANI	e	EZAKI,	2008).

O	grupo	dos	Aquíferos	Fraturados	reúne	aqueles	formados	por	rochas	ígneas	e	metamórficas.	As	rochas	ígneas	
são	formadas	pelo	resfriamento	do	magma,	sendo	o	granito	o	mais	comum.	Os	gnaisses,	xistos,	quartzitos	
e	 metacalcários	 são	 exemplos	 de	 rochas	 metamórficas,	 geradas	 quando	 rochas	 ígneas	 ou	 sedimentares	
forma	submetidas	a	mudanças	significativas	de	temperatura	e	pressão.	São	rochas	maciças	e	compactas,	não	
apresentando	espaços	vazios	entre	os	minerais,	sendo	que,	a	água	circula	pelas	fraturas	formadas	durante	e	
após	o	resfriamento.	No	Estado	de	São	Paulo	destacam-se	os	Aquiferos	Serra	Geral	e	o	Cristalino(IRITANI	
e	EZAKI,	2008).	


                                                          FiGura 3. 2
                                 unidades aQuiFeras do estado de são Paulo




                                 Fonte: DAEE, IG, IPT e CPRM (2007), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                          67
Quanto	a	qualidade	das	águas	subterrâneas,	a	CETESB,	em	2010,	publicou	o	“Relatório	de	Qualidade	das	
     Águas	Subterrâneas	do	Estado	de	São	Paulo:	2007-2009”,	que	apresenta	os	resultados	do	monitoramento	
     da	 rede	 de	 qualidade	 das	 águas	 subterrâneas	 para	 o	 triênio	 2007-2009.	 Segundo	 o	 relatório,	 o	 período	
     de	 2007	 a	 2009	 não	 apresentou	 mudança	 significativa	 na	 qualidade	 das	 águas	 subterrâneas	 em	 relação	 ao	
     período	anteriormente	analisado,	durante	os	anos	de	2004	a	2006.	Os	parâmetros	nitrato,	crômio,	fluoreto	e	
     bário	continuam	apresentando	desconformidades	em	maior	número,	além	dos	parâmetros	microbiológicos,	
     coliformes	totais	e	bactérias	heterotróficas,	que	ocorreram	de	forma	sistemática	em	todas	as	UGRHI.

     Em	2009,	foi	instituído	o	Indicador	de	Potabilidade	das	Águas	Subterrâneas	(IPAS),	que	representa	o	percentual	
     das	amostras	de	águas	subterrâneas	coletadas	em	conformidade	com	os	padrões	de	potabilidade	e	de	aceitação	ao	
     consumo	humano	da	Portaria	do	Ministério	da	Saúde	nº	518/04.	Em	2010,	o	IPAS	foi	publicado	no	Relatório	
     de	Qualidade	das	Águas	Subterrâneas	(CETESB,	2010a),	onde	foi	detalhado	para	as	UGRHI	e	para	os	aquíferos	
     do	Estado	de	São	Paulo.	O	indicador	foi	divido	em	três	classes	que	indicam	a	qualidade	das	águas	subterrâneas:	
     Ruim	(0	–	33%),	Regular	(33,1	–	67%)	e	Boa	(67,1	–	100%).	

     A	Tabela	3.1	apresenta	o	Indicador	de	Potabilidade	de	Água	Subterrânea,	de	2006	a	2009,	por	UGRHI	e	para	
     o	Estado	de	São	Paulo,	com	indicação	da	substância	que	possui	concentração	acima	do	padrão	de	potabilidade	
     do	Ministério	da	Saúde.	




68
tabela 3. 1
                                                indicador de Potabilidade das áGuas subterrâneas Por uGrHi de 2007 a 2009

                                                           2007                                                      2008                                                 2009
                          uGrHi         iPas               Parâmetros em                       iPas                   Parâmetros em                 iPas                  Parâmetros em
                                         (%)              não conformidade                      (%)                  não conformidade                (%)                não conformidade
                                                                                                                                                                         ferro, manganês,
     02 – Paraíba do sul                62,5            bário, ferro, manganês                 78,6                   ferro, manganês               62,5              bactérias heterotróficas,
                                                                                                                                                                         coliformes totais
     04 – Pardo                         91,7      manganês, bactérias heterotróficas           90,9                       alumínio                  90,9                alumínio, manganês
                                                                                                                   fluoreto, manganês,
                                                                                                                                                                        fluoreto, manganês,
     05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí   79,2     fluoreto, manganês, coliformes totais         70,8              bactérias heterotróficas,          75,0
                                                                                                                                                                          coliformes totais
                                                                                                                     coliformes totais
                                                                                                             alumínio, chumbo, ferro,fluoreto,
                                                  alumínio, crômio, ferro, fluoreto,
                                                                                                               manganês, nitrato, bactérias                 alumínio, ferro, fluoreto, manganês, nitrato,
     06 – alto tietê                    62,2     manganês, nitrato, coliformes totais,         56,3                                                 79,5
                                                                                                                      heterotróficas e                       bactérias heterotróficas, coliformes totais
                                                      bactérias heterotróficas
                                                                                                                     coliformes totais
     08 – sapucaí/grande                100,0                      -                          100,0                              -                  91,7              bactérias heterotróficas
                                                                                                               ferro, bactérias heterotróficas,                       bactérias heterotróficas,
     09 – Mogi-Guaçu                    82,6      ferro, manganês, coliformes totais           83,3                                                 87,5
                                                                                                                       coliformes totais                         coliformes totais, Escherichia coli
                                                                                                                     arsênio, manganês,                                arsênio, ferro, fluoreto,
                                                     arsênio, fluoreto, manganês,
     10 – sorocaba/Médio tietê          65,0                                                   78,9        nitrogênio amoniacal, sódio, bactérias   65,0                  manganês, sódio,
                                                    sódio, bactérias heterotróficas
                                                                                                                        heterotróficas                                bactérias heterotróficas
     12 – baixo Pardo/Grande            100,0                      -                          100,0                              -                  87,5              bactérias heterotróficas
     13 – tietê /Jacaré                 81,5                   alumínio                        84,0             ferro, bactérias hetotróficas       85,7              bactérias heterotróficas
     14 – alto Paranapanema             62,5          alumínio, coliformes totais              85,7                nitrogênio amoniacal             100,0                         -
     15 – turvo/Grande                  80,0                alumínio, ferro                   100,0                              -                  100,0                         -
     16 – tietê /batalha                84,6           crômio, coliformes totais               81,8           crômio, bactérias heterotróficas      75,0               crômio, ferro, nitrato
     17 – Médio Paranapanema            100,0                      -                           83,3                          bário                  100,0                         -
     18 – são José dos dourados         76,5                    crômio                         50,0                    crômio, nitrato              62,5              crômio, Escherichia coli
                                                                                                                 nitrato, coliformes totais,
     19 – baixo tietê                   83,3                    nitrato                        75,0                                                 58,3             nitrato, coliformes totais
                                                                                                                  bactérias heterotróficas
                                                  alumínio, bário, nitrato, coliformes                                                                                     bário, nitrato,
     20 – aguapeí                       71,4                                                   92,9           bário, crômio, coliformes totais      81,5
                                                                 totais                                                                                                  coliformes totais
                                                                                                                                                                          crômio, nitrato,
     21 – Peixe                         73,1       crômio, nitrato, coliformes totais          69,2               crômio, coliformes totais         65,4
                                                                                                                                                                      bactérias heterotróficas
     22 – Pontal do Paranapanema        90,0          alumínio, coliformes totais              90,0                          ferro                  100,0                         -
              estado de são Paulo                           77,7                                                      79,7                                                80,1

                                                                          Fonte: CETESB (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)




69
No	Estado	de	São	Paulo,	o	IPAS	passou	de	86,9%	em	2006	para	80,1%	em	2009	e	apesar	desse	índice	apre-
     sentar	 queda,	 de	 acordo	 com	 a	 CETESB	 (2010a),	 as	 águas	 subterrâneas	 do	 Estado	 de	 São	 Paulo	 ainda	 são	
     classificadas	como	de	boa	qualidade.

     As	UGRHI	02	(Paraíba	do	Sul),	06	(Alto	Tietê),	10	(Sorocaba/Médio	Tietê)	e	18	(São	José	dos	Dourados)	
     apresentaram	 qualidade	 regular	 em	 dois	 dos	 três	 anos	 monitorados	 e	 as	 UGRHI	 14	 (Alto	 Paranapanema),	
     19	(Baixo	Tietê)	e	21	(Peixe)	apresentaram	qualidade	regular	em	um	dos	três	anos.	As	demais	apresentaram	
     boa	 qualidade	 nos	 três	 anos.	As	 UGRHI	 19	 e	 21	 apresentam	 a	 tendência	 de	 piora	 da	 qualidade	 das	 águas	
     subterrâneas,	demonstrando	elevadas	concentrações	de	crômio	e	nitrato.

     Quanto	aos	aquíferos,	os	menores	valores	do	IPAS	foram	registrados	nos	aquíferos	Pré-Cambriano	(Cristalino),	
     São	Paulo,	Taubaté	e	Bauru.	A	pior	situação	foi	encontrada	no	Aquífero	São	Paulo	em	2008,	com	qualidade	
     ruim	das	águas,	no	entanto	em	2007	e	2009	as	águas	apresentaram	boa	qualidade	(Tabela	3.2).	As	águas	dos	
     Aquífero	Pré-Cambriano	e	Taubaté	apresentaram	qualidade	regular	em	dois,	dos	três	anos	monitorados.	Nos	
     demais	aquíferos	a	qualidade	permaneceu	boa	durante	o	triênio.	Para	o	Aquífero	Bauru	o	indicador	mostra	boa	
     qualidade	das	águas	apesar	das	elevadas	concentrações	de	nitrato	e	crômio	detectadas.


                                                                tabela 3. 2
                     indicador de Potabilidade das áGuas subterrâneas Por aQuiFeros de 2007 a 2009

                                   2007                                  2008                                     2009
        aquiferos                    Parâmetros                            Parâmetros                                Parâmetros
                       iPas (%)                           iPas (%)                                  iPas (%)
                                    desconformes                          desconformes                              desconformes
                                    alumínio, bário,                    bário, crômio, ferro,                    bário, crômio, nitrato,
                                      crômio, ferro,                     nitrato, coliformes                    bactérias heteotróficas,
         bauru           76,7                                80,0                                     77,6
                                   nitrato, coliformes                    totais, bactérias                        coliformes totais,
                                          totais                           heterotróficas                           Escherichia coli
                                  alumínio, coliformes                        bactérias
       serra Geral       91,7                                92,0                                     89,3      bactérias heterotróficas
                                         totais                             heterotróficas
                                      alumínio,                         alumínio, nitrogênio                        alumínio, ferro,
        Guarani          92,3     manganês, bactérias        91,9       amoniacal, bactérias          90,2        manganês, nitrato,
                                    heterotróficas                         heterotróficas                       bactérias heterotróficas
                                                                             manganês,
                                   alumínio, fluoreto,
                                                                          sódio, nitrogênio
        tubarão          67,9      manganês, sódio,          85,2                                     82,1     fluoreto, manganês, sódio
                                                                             amoniacal,
                                    coliformes totais
                                                                          coliformes totais
                                    alumínio, arsênio,                    alumínio, arsênio,
                                                                                                                arsênio, ferro, fluoreto,
          Pré-                       chumbo, ferro,                        chumbo, ferro,
                                                                                                                  manganês, nitrato,
                                  fluoreto, manganês,                   fluoreto, manganês,
                         60,0                                56,9                                     67,8      bactérias heterotrofias,
                                    nitrato, bactérias                    nitrato, bactérias
       cambriano                                                                                                   coliformes totais,
                                      heterotróficas,                       heterotróficas,
                                                                                                                    Escherichia coli
                                    coliformes totais                     coliformes totais
                                                                                                                ferro, coliformes totais,
        taubaté          66,7         bário, ferro           90,9                ferro                66,7
                                                                                                                bactérias heterotróficas
                                                                                                                  alumínio, ferro,
                                                                          ferro, manganês,
                                                                                                                manganês, coliformes
       são Paulo         75,0       ferro, manganês          28,6             bactérias               87,5
                                                                                                                  totais, bactérias
                                                                            heterotróficas
                                                                                                                   heterotróficas
      estado de
                                   77,7                                   79,7                                    80,1
      são Paulo

                                             Fonte: CETESB (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     O	 Relatório	 de	 Qualidade	 das	Águas	 Subterrâneas,	 triênio	 2007	 a	 2009,	 (CETESB,	 2010a)	 ainda	 destaca:	
     a	 tendência	 de	 aumento	 do	 nitrato,	 principalmente	 no	 Aquífero	 Bauru,	 que	 é	 utilizado	 para	 abastecimento	
     público	de	água	e	como	solução	alternativa	de	abastecimento	na	região	oeste	do	Estado;	a	presença	de	crômio	
     em	concentrações	acima	do	padrão	de	potabilidade,	principalmente	em	relação	às	UGRHI	16	(Tietê/Batalha),	




70
18	 (São	 José	 dos	 Dourados)	 e	 21	 (Peixe);	 concentrações	 de	 bário	 acima	 do	 valor	 máximo	 permitido	 nos	
aquíferos	livres	Bauru	e	Guarani,	nas	UGRHI	13	(Tietê/Jacaré),	17	(Médio	Paranapanema)	e	20	(Aguapeí);	
desconformidades	 para	 fluoreto	 nos	 aquíferos	 Tubarão,	 na	 UGRHI	 10	 (Sorocaba/Médio	 Tietê)	 e	 no	 Pré-
Cambriano,	nas	UGRHI	05	(PCJ)	e	06	(Alto	Tietê).	Verificou-se	ainda	que	os	parâmetros	alumínio	e	ferro	
ultrapassaram	os	valores	de	intervenção	definidos	com	base	no	padrão	de	aceitação	para	consumo	humano	da	
Portaria	nº	518/04	do	Ministério	da	Saúde,	porém	a	maioria	dessas	ocorrências	não	ultrapassaram	os	valores	
de	investigação	da	Resolução	CONAMA	nº	420/09,	que	foram	derivados	com	base	em	risco	à	saúde	humana.	
Esses	 valores	 foram	 ultrapassados	 nos	 pontos	 de	 monitoramento	 dos	 municípios	 de	 Bananal	 e	 Lindóia,	 no	
Aquífero	Pré-Cambriano,	e	Guarulhos,	no	Aquífero	São	Paulo.	Quanto	as	desconformidades	dos	parâmetros	
microbiológicos,	 verificadas	 sistematicamente	 em	 todas	 as	 UGRHI,	 destacou-se	 que	 podem	 estar	 associadas	
aos	sistemas	de	tratamento	de	esgotos	nas	áreas	próximas	aos	pontos	monitorados	e	à	deficiência	sanitária	dos	
perímetros	de	proteção	dos	poços.	

Das	ações	realizadas	pelo	Estado	para	melhorar	a	qualidade	das	águas	subterrâneas	podemos	destacar:	o	Projeto	
Ambiental	Estratégico	(PAE)	Aquíferos	e	o	projeto	“ Padrões	de	Ocupação	Urbana	e	Contaminação	por	Nitrato	
nas	Águas	Subterrâneas	do	Sistema	Aquífero	Bauru,	Centro-Oeste	do	Estado	de	São	Paulo”.

O	 PAE	 Aquíferos,	 desenvolvido	 pela	 Secretaria	 do	 Meio	 Ambiente	 do	 Estado	 de	 São	 Paulo,	 tem	 como	
objetivo	promover	a	proteção	dos	aquíferos	do	Estado	de	São	Paulo	identificando	as	áreas	críticas	e	sensíveis	
em	termos	de	qualidade	e	quantidade.	Como	ações	já	realizadas,	podemos	citar:	a	implementação	da	rede	
de	monitoramento	integrada	de	qualidade	e	quantidade	das	águas	subterrâneas,	realizada	em	conjunto	entre	
a	CETESB	e	o	DAEE;	a	proposição	de	norma	para	áreas	de	alta	vulnerabilidade	de	aquíferos	à	poluição;	
a	proposição	do	anteprojeto	de	lei	específica	da	Área	de	Proteção	e	Recuperação	de	Mananciais	(APRM)	
do	 Aquífero	 Guarani;	 a	 criação	 de	 um	 sistema	 integrado	 de	 gestão	 para	 a	 regionalização	 de	 diretrizes	 de	
utilização	e	proteção	das	águas	subterrâneas	nas	bacias	do	leste	do	Estado;	e	difusão	de	informações	sobre	as	
águas	subterrâneas	do	Estado,	bem	como	a	realização	de	capacitações	de	agentes	técnicos	envolvidos	na	gestão	
de	recursos	hídricos	subterrâneos.

Já	o	projeto	“Padrões	de	Ocupação	Urbana	e	Contaminação	por	Nitrato	nas	Águas	Subterrâneas	do	Sistema	
Aquífero	Bauru,	Centro-Oeste	do	Estado	de	São	Paulo”,	desenvolvido	pelo	Instituto	Geológico,	tem	como	
objetivo	principal	avaliar	as	tendências	de	incremento	nas	concentrações	de	nitrato	nas	águas	subterrâneas,	
ao	 longo	 do	 tempo	 e	 espaço,	 frente	 aos	 padrões	 de	 ocupação	 urbana	 dos	 municípios	 da	 região	 de	 estudo.	
As	 atividades	 previstas	 compreendem	 o	 cadastro	 das	 fontes	 potenciais	 de	 contaminação	 (fossas	 sépticas	 e	
negras,	fugas	das	redes	de	esgoto),	dos	poços	tubulares	e/ou	cacimbas,	coleta	de	amostras	de	água	subterrânea	
para	análises	físico–químicas,	químicas	e	isótopos	estáveis,	elaboração	de	mapas	de	uso	e	ocupação	do	solo	
e	 estimativas	 das	 cargas	 potenciais	 de	 nitrato.	 Acredita-se	 que	 os	 resultados	 deste	 estudo	 possam	 definir	
relações	entre	as	densidades	de	ocupação	e	saneamento	e	as	concentrações	de	nitrato,	bem	como	estabelecer	
critérios	e	recomendações	que	permitam	nortear	os	poderes	públicos	na	elaboração	de	programas	de	proteção	
dos	aquíferos	no	Estado	de	São	Paulo.



3.1.2 águas superficiais e litorâneas
A	poluição	das	águas	superficiais	no	Estado	de	São	Paulo	se	deve	a	diversas	fontes,	dentre	as	quais	se	destacam	os	
efluentes	domésticos,	os	efluentes	industriais	e	os	deflúvios	superficiais,	urbano	e	rural,	guardando	uma	relação	
direta	com	o	uso	e	a	ocupação	do	solo.	Além	disso,	o	desenvolvimento	alavanca	um	crescimento	populacional	
que	pode	requerer	alocações	de	água	incompatíveis	com	as	disponibilidades	locais,	trazendo	a	necessidade	de	
transferências	de	água	entre	UGRHI	vizinhas	(SÃO	PAULO,	2005).




                                                                                                                           71
A	avaliação	da	situação	dos	recursos	hídricos	é	apresentada	por	meio	de	uma	série	de	indicadores,	que	dizem	
     respeito	tanto	à	qualidade	da	água	quanto	à	disponibilidade	hídrica	e	sua	respectiva	demanda.	No	Estado	de	
     São	Paulo,	a	CETESB	é	responsável	pelo	acompanhamento	da	qualidade	dos	rios	e	reservatórios,	por	meio	das	
     análises	de	variáveis	físicas,	químicas	e	biológicas	tanto	da	água	quanto	do	sedimento.

     O	intenso	uso	da	água	e	a	conseqüente	poluição	gerada	contribuem	para	agravar	sua	escassez	e	provocam,	como	
     consequência,	a	necessidade	crescente	do	acompanhamento	das	alterações	de	sua	qualidade.	Assim,	a	informação	
     sobre	a	qualidade	da	água	é	necessária	para	que	se	conheça	a	situação	dos	corpos	hídricos	com	relação	aos	impac-
     tos	antrópicos	na	bacia	hidrográfica,	sendo	essencial	para	que	se	planeje	sua	ocupação	e	para	que	seja	exercido	o	
     devido	controle	sobre	os	impactos	(BRAGA	et	al,	2006).	

     No	Estado	de	São	Paulo,	a	CETESB	opera	desde	1974	a	rede	de	monitoramento	de	águas	superficiais,	com	o	
     objetivo	de	avaliar	a	evolução	da	qualidade	das	águas	superficiais	do	Estado,	subsidiando,	desta	forma,	as	toma-
     das	de	decisão	relativas	ao	tema.

     Em	2010,	a	CETESB	publicou	o	“ Relatório	de	Qualidade	das	Águas	Superficiais	no	Estado	de	São	Paulo	2009”.	
     Nessa	publicação	são	apresentados	diversos	índices	que	proporcionam	uma	visão	geral	da	qualidade	da	água	do	
     Estado	de	São	Paulo.	Os	principais	indicadores	utilizados	e	que	serão	apresentados	aqui	são:

        •	Índice	de	Qualidade	de	Água	(IQA);

        •	Índice	de	Qualidade	de	Água	para	fins	de	Abastecimento	Público	(IAP);

        •	Índice	de	Estado	Trófico	(IET);

        •	Índice	de	Qualidade	de	Água	para	proteção	da	Vida	Aquática	(IVA)	e;

        •	Índice	de	Balneabilidade	(IB).

     A	Tabela	3.3	apresenta	as	variáveis	analisadas	em	cada	um	dos	índices	considerados.


                                                               tabela 3. 3
                                   variáveis Medidas nos índices de Qualidade de áGua

        índice                                                   variáveis de qualidade
                    Temperatura, pH, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Coliformes Termotolerantes, Nitrogênio
         iQa
                                                    Total, Fósforo Total, Resíduos Totais e Turbidez.
                    Temperatura, pH, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Coliformes Termotolerantes, Nitrogênio
                    Total, Fósforo Total, Resíduos Totais e Turbidez, Ferro Dissolvido, Manganês, Alumínio Dissolvido, Cobre Dissolvido,
         iaP
                   Zinco, Potencial de Formação de Trihalometanos, Número de Células de Cianobactérias (Ambiente Lêntico), Cádmio,
                                                          Chumbo, Cromo Total, Mercúrio e Níquel.
         iet                                                    Clorofila a e Fósforo Total.
                    Oxigênio Dissolvido, pH, Toxicidade, Cobre, Zinco, Chumbo, Cromo, Mercúrio, Níquel, Cádmio, Surfactantes, Fenóis,
         iva
                                                                 Clorofila a e Fósforo Total.
          ib                                               Coliforme Termotolerante ou E. coli.

                                                            Fonte: CETESB (2010b)




     índice de Qualidade de água (iQa)

     Para	o	cálculo	do	IQA	são	consideradas	variáveis	de	qualidade	que	indicam	o	lançamento	de	efluentes	sanitários	
     nos	corpos	d’água,	fornecendo	uma	visão	geral	sobre	as	condições	de	qualidade	das	águas	superficiais.	O	índice	é	
     calculado	através	de	uma	fórmula	matemática,	podendo	variar	de	zero	a	100	e,	em	função	do	valor	obtido,	o	IQA	
     pode	ser	classificado	em	cinco	classes	de	qualidade	da	água,	como	pode	ser	visto	na	Tabela	3.4.	




72
tabela 3. 4
                                                       classes do iQa

                                     intervalo                             Qualidade das águas

                                     iQa ≤ 19                                       Péssima
                                 19 < iQa ≤ 36                                       ruim
                                 36 < iQa ≤ 51                                      regular
                                 51 < iQa ≤ 79                                       boa
                                 79 < iQa ≤ 100                                     ótima

                                                       Fonte: CETESB (2010b)



Em	2009,	foi	possível	o	cálculo	do	IQA	para	todos	os	338	pontos	da	rede	básica	da	CETESB.	A	Figura	3.3	
apresenta	o	a	distribuição	percentual	anual	dos	pontos	de	amostragem	enquadrados	nas	classes	do	IQA	
para	o	Estado	de	São	Paulo	no	período	de	2004	a	2009.	Vale	frisar	que	para	este	gráfico	foi	considerado	o	
conjunto	de	pontos	onde	foi	possível	o	cálculo	do	IQA	para	todos	os	anos	(2004	a	2009),	totalizando-se,	
assim,	181	pontos.


                                                          FiGura 3. 3
                 distribuição Percentual do iQa no estado de são Paulo de 2004 a 2009


                           Péssima              Ruim             Regular            Boa            Ó ma

          100%
                      9                9                   10                  9              13          10
           90%
           80%

           70%
                     54               56                                       53                         53
           60%                                             59                                 52

           50%
           40%

           30%                                                                 18
                     21               16                   14                                 18          20
           20%
                     10               13                   12                  14             12
           10%                                                                                            13
                      6                5                   6                   6              6            3
            0%
                    2004             2005                2006               2007            2008          2009

                                                       Fonte: CETESB (2010b)




A	distribuição	de	qualidade	do	IQA	apresentou	uma	pequena	variação	ao	longo	dos	cinco	anos	analisados,	mas	
com	predomínio	desse	índice	na	categoria	Boa.	

A	Tabela	3.5	apresenta	a	distribuição	percentual	do	IQA	por	UGRHI	em	2009.		Considerando	a	média	anual	
do	IQA,	54%	dos	corpos	d’água	do	Estado	de	São	Paulo	foram	enquadrados	na	categoria	Boa	em	2009.	Enquan-
to	15%	dos	pontos	monitorados	foram	classificados	nas	categorias	Ruim	e	Péssima.




                                                                                                                 73
tabela 3. 5
                                          distribuição Percentual do iQa Por uGrHi eM 2009

                                                     número de                        % de pontos em cada faixa de qualidade
                          uGrHi                      pontos de
                                                    amostragem            Péssima         ruim         regular       boa       ótima
     01 – Mantiqueira                                    2                                                           100
     02 – Paraíba do sul                                19                                               16           63        21
     03 – litoral norte                                 30                                               17           73        10
     04 – Pardo                                          4                                                           100
     05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                   80                    4             21           44           31
     06 – alto tietê                                    48                    13            31           13           38         6
     07– baixada santista                                15                                              13           87
     08 – sapucaí/Grande                                 13                                              15           77         8
     09 – Mogi-Guaçu                                    39                                  5            33           62
     10 – sorocaba/Médio tietê                          21                                  14           33           43        10
     11 – ribeira de iguape/litoral sul                 10                                               20           80
     12 – baixo Pardo/Grande                             2                                                           100
     13 – tietê/Jacaré                                   7                                               14           86
     14 – alto Paranapanema                              8                                                            88        12
     15 – turvo/Grande                                  10                                  30           30           40
     16 – tietê/batalha                                  4                                                            75        25
     17 – Médio Paranapanema                             3                                                           100
     18 – são José dos dourados                          1                                                           100
     19 – baixo tietê                                    8                                                            50        50
     20 – aguapeí                                        6                                                           100
     21 – Peixe                                          3                                               34           33        33
     22 – Pontal do Paranapanema                         5                                  20           20                     60

              estado de são Paulo                       338                   3             12           24           54         7

                                                              Fonte: CETESB (2010b)




     Observa-se	que	as	UGRHI	05	–	Piracicaba/Capivari/Jundiaí	e	6	–	Alto	Tietê	foram	as	únicas	que	apresenta-
     ram	corpos	d’água	na	categoria	Péssima,	com	4%	e	13%,	respectivamente.	Além	disso,	apresentaram,	juntamente	
     com	as	UGRHI	09	(Mogi-Guaçu),	10	(Sorocaba/Médio	Tietê),	15	(Turvo/Grande)	e	22	(Pontal	do	Paranapa-
     nema),	porcentagens	na	categoria	Ruim.	Ressalta-se	que	as	UGRHI	05	e	06	são	intensamente	industrializadas	
     e	possuem	elevada	densidade	populacional,	a	UGRHI	10	também	tem	grande	atividade	industrial,	porém	em	
     menor	escala	se	comparada	ao	PCJ	e	ao	Alto	Tietê.	Já	a	UGRHI	09	se	encontra	em	fase	de	industrialização,	
     apresentando	alguma	atividade	industrial	importante,	porém	também	conta	com	atividade	agrícola	expressiva,	
     enquanto	nas	UGRHI	15	e	22	predomina	a	atividade	agropecuária	e	uma	baixa	densidade	populacional.	

     Por	outro	lado,	em	2009,	as	UGRHI	01	(Mantiqueira),	04	(Pardo),	12	(Baixo	Pardo/Grande),	14	(Alto	Pa-
     ranapanema),	16	(Tietê/Batalha),	17	(Médio	Paranapanema),	18	(São	José	dos	Dourados),	19	(Baixo	Tietê)	e	
     20	(Aguapeí)	apresentaram	100%	dos	pontos	monitorados	na	categoria	Boa.	Dessas,	as	UGRHI	01	e	14	têm	
     vocação	para	conservação,	as	UGRHI	04	e	12	são	consideradas	em	industrialização	e	as	demais,	agropecuárias.	

     A	Figura	3.4	apresenta	a	distribuição	dos	pontos	de	monitoramento	do	Estado,	enquadrados	nas	classes	do	
     IQA,	em	2009.	




74
FiGura 3. 4
     distribuição dos Pontos de MonitoraMento enQuadrados nas classes do iQa no estado de são Paulo eM 2009




                                      Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




75
índice de Qualidade de água para fins de abastecimento Público (iaP)

     O	IAP	avalia,	além	das	variáveis	consideradas	no	IQA,	as	substâncias	tóxicas	e	as	variáveis	que	afetam	a	quali-
     dade	organoléptica5	da	água,	advindas,	principalmente,	de	fontes	difusas.	O	índice	é	calculado	através	de	uma	
     fórmula	matemática,	podendo	variar	de	zero	a	100	e,	em	função	do	valor	obtido,	o	IAP	pode	ser	classificado	em	
     cinco	classes	de	qualidade	da	água,	como	pode	ser	visto	na	Tabela	3.6.	

                                                                            tabela 3. 6
                                                                         classes do iaP

                                                       intervalo                              Qualidade das águas

                                                       iaP ≤ 19                                          Péssima
                                                    19 < iaP ≤ 36                                         ruim
                                                     36 < iaP ≤ 51                                       regular
                                                    51 < iaP ≤ 79                                          boa
                                                    79 < iaP ≤ 100                                        ótima

                                                                        Fonte: CETESB (2010b)


     Ressalta-se	que	o	IAP	é	calculado	somente	em	quatro	meses	(dos	seis	em	que	os	mananciais	são	monitorados),	
     devido	à	análise	do	potencial	de	formação	de	trihalometanos,	uma	das	variáveis	do	indicador,	ser	realizada	com	
     essa	freqüência.	Além	disso,	vale	também	destacar	que	o	IAP	é	calculado	apenas	nos	pontos	onde	existem	cap-
     tações	de	água	para	abastecimento	público.	Em	2009,	a	CETESB	calculou	o	IAP	para	65	pontos	de	monitora-
     mento	da	rede	básica.	

     A	Figura	3.5	apresenta	a	distribuição	percentual	anual	dos	pontos	de	amostragem	enquadrados	nas	classes	do	
     IAP	para	o	Estado	de	São	Paulo	no	período	de	2004	a	2009.	Neste	gráfico	foram	considerados	apenas	os	32	
     pontos	de	captação	em	que	foi	possível	o	cálculo	do	índice	para	todos	os	anos	avaliados	(2004	a	2009).

                                                                             FiGura 3. 5
                               distribuição Percentual do iaP no estado de são Paulo de 2004 a 2009


                                            Péssima                Ruim              Regular             Boa            Ó ma

                    100%
                                                          3                   3                   3                6            3
                     90%
                                     31                                                                                        25
                     80%
                                                         41                  41
                                                                                                 47                41
                     70%
                     60%
                                                                                                                               38
                     50%             41
                     40%                                 31                                      16
                                                                             38                                    34
                     30%
                     20%                                                                         25                            28
                                     19
                                                         19
                     10%                                                     13                                    13
                                      9                   6                   6                   9                6            6
                       0%
                                    2004                2005                2006                2007           2008            2009


                                                                        Fonte: CETESB (2010b)




     5		Características	organolépticas	são	as	variáveis	que	afetam	o	odor,	o	sabor	e	a	cor	das	águas.	




76
Observa-se	que	em	2007	e	2009,	a	categoria	Ruim	representa	25%	e	28%	dos	pontos	monitorados	respectiva-
mente,	correspondendo	as	maiores	porcentagens	dessa	categoria	no	período.	Verificou-se,	ainda,	que	em	2009,	
houve	uma	queda	considerável	do	percentual	de	pontos	enquadrados	na	categoria	Boa,	com	apenas	25%	dos	
pontos	neste	ano.	

Vale	destacar	que	o	IAP	é	fortemente	influenciado	pelo	potencial	de	formação	de	Trihalometanos.	Essa	variável	
está	associada	à	carga	difusa,	principalmente	a	parcela	associada	ao	arraste	de	material	vegetal.	Essas	substâncias	
húmicas	são	responsáveis	pela	formação	de	compostos	organoclorados	leves	(como	por	exemplo,	clorofórmio)	
durante	o	processo	de	cloração	da	água,	os	chamados	Trihalometanos.	Portanto,	para	a	avaliação	do	IAP	do	
manancial	em	relação	à	quantidade	de	precursores	de	Trihalometanos,	deve-se	considerar	o	potencial	de	forma-
ção	desses	compostos.	Em	2009,	o	índice	pluviométrico	do	Estado	de	São	Paulo	foi	elevado,	colaborando	para	a	
elevação	da	média	anual	do	potencial	de	formação	de	Trihalometanos,	contribuindo,	desta	forma,	para	a	piora	na	
média	anual	do	IAP	no	mesmo	ano.	

A	Tabela	3.7	apresenta	a	distribuição	percentual	do	IAP	por	UGRHI	em	2009.		Considerando	a	média	anual	
do	IAP,	verificamos	que	34%	dos	pontos	de	amostragem	do	Estado	foram	classificados	na	categoria	Ruim	e	9%	
na	Péssima.	A	classe	Regular	representou	31%	dos	pontos.	

Observa-se	que	a	UGRHI	03	–	Litoral	Norte	se	destaca	por	apresentar	todos	os	seus	pontos	de	amostragem	nas	
classes	Ótima	e	Boa,	respectivamente,	25%	e	75%.	Destaca-se	ainda	a	UGRHI	02	–	Paraíba	do	Sul,	com	75%	
dos	pontos	de	amostragem	nas	classes	Ótima	e	Boa.

Por	outro	lado,	as	UGRHI	com	os	maiores	números	de	pontos	de	amostragem,	UGRHI	05	(PCJ)	e	06	(Alto	Tie-
tê),	apresentaram,	respectivamente	48%	e	36%	dos	pontos	de	amostragem	nas	classes	Ruim	e	Péssima.	Destaca-se	
também	que	a	UGRHI	10	–	Sorocaba/MédioTietê	não	registrou	nenhum	ponto	nas	classes	Ótima	e	Boa.

Vale	ressaltar	ainda,	que	das	UGRHI	monitoradas,	quatro	apresentam	apenas	um	ponto	de	amostragem,	a	09	–	
Mogi-Guaçu	(Regular),	a	13	–	Tietê/Jacaré	(Ruim),	a	15	–	Turvo/Grande	(Boa),	e	a	16	–	Tietê/Batalha	(Regular).	

                                                           tabela 3. 7
                                   distribuição Percentual do iaP Por uGrHi eM 2009

                                                número de                      % de pontos em cada faixa de qualidade
                     uGrHi                      pontos de
                                               amostragem           Péssima          ruim       regular       boa       ótima
02 – Paraíba do sul                                  8                                 25                      37        37
03 – litoral norte                                   4                                                         75        25
05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                    21                  9              38         48           5
06 – alto tietê                                      11                 9              27         36           27
07– baixada santista                                 3                                 67                      33
09 – Mogi-Guaçu                                      1                                            100
10 – sorocaba/Médio tietê                            5                 20              60         20
13 – tietê/Jacaré                                    1                                100
15 – turvo/Grande                                    1                                                        100
16 – tietê/batalha                                   1                                            100
17 – Médio Paranapanema                              2                                 50         50
19 – baixo tietê                                     3                                 33         33           33
20 – aguapeí                                         2                 50                         50
21 – Peixe                                           2                 50              50
         estado de são Paulo                        65                  9              34         31           20        6

                                        Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                                77
De	acordo	com	a	CETESB	(2010b),	a	maior	parte	dos	pontos	de	amostragem	do	IAP	não	apresenta	tendência	
     de	melhora	ou	piora,	sendo	que	dos	65	pontos	de	captação	monitorados,	um	ponto	localizado	na	UGRHI	02	
     apresentou	tendência	de	melhora,	devido	ao	aumento	do	volume	operacional	do	Reservatório	de	Santa	Branca	
     e	regime	das	vazões	do	Rio	Paraíba	do	Sul	efetuada	de	forma	programada	e	mais	criteriosa,	que	aumentaram	a	
     capacidade	de	diluição	dos	lançamentos,	e,	outro	ponto	localizado	na	mesma	UGRHI,	apresentou	tendência	de	
     piora,	devido	principalmente	ao	aumento	populacional	dos	municípios	de	Taubaté	e	Tremembé,	sem	tratamento	
     dos	esgotos	sanitários,	visto	que,	a	Estação	de	Tratamento	de	Esgoto	(ETE)	Areão/SABESP	que	trata	100%	
     dos	esgotos	coletados	dos	dois	municípios	somente	entrou	em	operação	em	março	de	2010.	

     A	Figura	3.6	apresenta	a	distribuição	dos	pontos	de	monitoramento	do	Estado,	enquadrados	nas	classes	do	
     IAP,	em	2009.	




78
FiGura 3. 6
     distribuição dos Pontos de MonitoraMento enQuadrados nas classes do iaP no estado de são Paulo eM 2009




                                      Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




79
índice de estado trófico (iet)

     O	Índice	de	Estado	Trófico	classifica	os	corpos	d’água	em	diferentes	graus	de	trofia,	ou	seja,	avalia	a	qualidade	da	água	
     quanto	ao	enriquecimento	por	nutrientes	e	seu	efeito	relacionado	ao	crescimento	excessivo	das	algas	ou	ao	aumento	da	
     infestação	de	macrófitas	aquáticas.	Para	o	cálculo	do	IET,	são	consideradas	as	variáveis	Clorofila	a	e/ou	Fósforo	Total.	
     Este	índice	é	calculado	para	todos	os	pontos	da	rede	básica.	A	Tabela	3.8	apresenta	a	distribuição	das	classes	do	IET.

                                                               tabela 3. 8
                                                            classes do iet

                                           intervalo                                         classe
                                           iet > 67,5                                     Hipereutrófico
                                        63,5 < iet ≤ 67,5                                supereutrófico
                                        59,5 < iet ≤ 63,5                                   eutrófico
                                        52,5 < iet ≤ 59,5                                  Mesotrófico
                                        47,5 < iet ≤ 52,5                                  oligotrófico
                                           iet ≤ 47,5                                    ultraoligotrófico

                                                            Fonte: CETESB (2010b)



     Em	2009,	o	IET	foi	calculado	pela	CETESB	com	os	valores	de	Fósforo	Total	e	Clorofila	a	em	73	pontos	e	somente	
     com	Fósforo	Total	em	269	pontos,	totalizando,	assim,	341	pontos	de	amostragem	no	Estado	de	São	Paulo.

     A	Figura	3.7	apresenta	o	a	distribuição	percentual	anual	dos	pontos	de	amostragem	enquadrados	nas	classes	do	
     IET	para	o	Estado	de	São	Paulo	no	período	de	2004	a	2009.	Ressalta-se	que	neste	histórico	foram	considerados	
     apenas	os	pontos	enquadrados	nas	classes	especial,	1,	2	e	3,	que,	segundo	a	legislação,	dentre	outras	destinações	
     prevê	a	proteção	da	vida	aquática.	Observa-se	no	gráfico	uma	tendência	de	aumento	na	eutrofização	em	2009,	
     sendo	que	neste	ano,	44%	dos	pontos	avaliados	ficaram	entre	Eutróficos	e	Hipereutróficos.

                                                               FiGura 3. 7
                         distribuição Percentual do iet no estado de são Paulo de 2004 a 2009


                      Hipereutrófico     Supereutrófico        Eutrófico      Mesotrófico           Oligotrófico    Ultraoligotrófico
              100%
                             3               9                  7                    5                    8           6
                90%
                            20                                                      14                                15
                80%                                            25                                       24
                                            34
                70%

                60%                                                                                                   35
                            42                                                      46
                50%                                                                                     39
                                                               41
                40%                         33
                                                                                                                      18
                30%
                            17                                                      17
                20%                                            14                                       15
                                                                                                                      15
                             9              17
                10%                                            11                   12                    9
                            10               5                                                                        12
                                             2                  2                    5                    6
                 0%
                           2004            2005               2006                  2007                2008         2009

                                                            Fonte: CETESB (2010b)




80
A	Tabela	3.9	apresenta	a	distribuição	percentual	dos	valores	médios	anuais	do	IET,	por	UGRHI	no	Estado	de	São	
Paulo,	em	2009.	Podemos	verificar	que	a	maioria	dos	corpos	d’água	apresentou	condição	média	anual	Mesotrófica.

                                                            tabela 3. 9
                                     distribuição Percentual do iet Por uGrHi eM 2009

                                      número de                              % de pontos em cada classe
             uGrHi                    pontos de
                                     amostragem Hipereutrófico supereutrófico eutrófico Mesotrófico oligotrófico   ultraoligotrófico

01 – Mantiqueira                         2                                                  100
02 – Paraíba do sul                      19                                                  32          26               42
03 – litoral norte                       30                               3       3          23          70
04 – Pardo                               4                                                   75          25
05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí         80            41                 36      11         8            1               3
06 – alto tietê                          49            33                 14      12         33           6               2
07– baixada santista                     15                               13      7          60          13               7
08 – sapucaí/Grande                      13                                       31         61                           7
09 – Mogi-Guaçu                          38            3                  13      42         37           3               3
10 – sorocaba/Médio tietê                21            19                 19      29         24           9
11 – ribeira de iguape/litoral sul       10            20                         10         60          10
12 – baixo Pardo/Grande                  2                                                               50               50
13 – tietê/Jacaré                         7                               14      29         57
14 – alto Paranapanema                   8                                14                 72          14
15 – turvo/Grande                        13            8                  15      23         46           8
16 – tietê/batalha                       4                                        25         50          25
17 – Médio Paranapanema                   3                                                  33          33               33
18 – são José dos dourados                1                                                 100
19 – baixo tietê                         8                                        12         50          25               12
20 – aguapeí                             6             17                         33         50
21 – Peixe                                3                                       33                     67
22 – Pontal do Paranapanema               5                               20      20         20          40

   estado de são Paulo                  341            17                 16      16         32          14               5

                                                       Fonte: CETESB (2010b)



De	acordo	com	a	CETESB	(2010b),	destaca-se	uma	diminuição	no	número	de	ambientes	nas	condições	de	
baixa	trofia	(Ultraoligotrófica	e	Oligotrófica)	e	um	aumento	no	número	de	pontos	com	condições	de	alta	trofia	
(Eutrófico	a	Hipereutrófico).	Essa	alteração	direciona-se	a	uma	piora	na	qualidade	em	alguns	dos	corpos	d’água	
monitorados,	 bem	 como	 à	 introdução	 de	 novos	 pontos	 na	 rede	 de	 monitoramento,	 que	 se	 enquadraram	 nas	
categorias	indicadoras	de	pior	qualidade.

Apenas	a	UGRHI	01	–	Mantiqueira	apresentou,	em	relação	a	2008,	uma	ligeira	melhora	no	estado	trófico,	enquanto	
a	UGRHI	04	–	Pardo,	07	–	Baixada	Santista,	08	–	Sapucaí/Grande,	09	–	Mogi-Guaçu,	13	–	Tietê/Jacaré,	20	–	
Aguapeí,	21	–	Peixe	e	22	–	Pontal	do	Paranapanema	apresentaram	aumento	no	grau	de	trofia.	Dentre	essas,	as	do	
Mogi-Guaçu	e	Aguapeí	destacaram-se	devido	a	um	aumento	significativo	de	pontos	classificados	como	eutrofizados.

A	Figura	3.8	apresenta	a	distribuição	dos	pontos	de	monitoramento	do	Estado,	enquadrados	nas	classes	do	
IET,	em	2009.	




                                                                                                                                81
82
                                                         FiGura 3. 8
     distribuição dos Pontos de MonitoraMento enQuadrados nas classes do iet no estado de são Paulo eM 2009




                                      Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)
índice de Qualidade de água para proteção da vida aquática (iva)

O	IVA	avalia	a	qualidade	da	água	para	fins	de	proteção	da	vida	aquática,	incluindo	as	variáveis	essenciais	para	
os	organismos	aquáticos	(oxigênio	dissolvido,	pH	e	toxidade),	bem	como	as	substâncias	tóxicas	e	as	variáveis	do	
IET	(clorofila	a	e	fósforo	total).	Em	função	do	valor	obtido	em	seu	cálculo,	o	IVA	pode	ser	classificado	em	cinco	
classes	de	qualidade	da	água,	como	pode	ser	visto	na	Tabela	3.10.	


                                                       tabela 3. 10
                                                   classes do iva

                                   intervalo                               Qualidade das águas
                                   iva ≥ 6,8                                      Péssima
                                 4,6 ≤ iva ≤ 6,7                                   ruim
                                 3,4 ≤ iva ≤ 4,5                                  regular
                                 2,6 ≤ iva ≤ 3,3                                    boa

                                    iva ≤ 2,5                                      ótima

                                                   Fonte: CETESB (2010b)




A	Figura	3.9	apresenta	a	distribuição	percentual	anual	dos	pontos	de	amostragem	enquadrados	nas	classes	do	
IVA	para	o	Estado	de	São	Paulo	no	período	de	2004	a	2009.		Ressalta-se	que	em	2009,	foram	realizadas	alte-
rações	na	metodologia	de	cálculo	do	IVA,	relativas	aos	níveis	de	Substâncias	Tóxicas	(ST),	com	o	objetivo	de	se	
adequar	aos	padrões	de	qualidade	de	água	da	legislação	brasileira	(Resolução	CONAMA	nº	357/05).	Por	este	
motivo,	os	valores	do	IVA	para	os	anos	anteriores	foram	recalculados	com	base	nas	adequações	metodológicas	
adotadas	a	partir	de	2009.		Para	o	gráfico	abaixo,	foram	selecionados	145	pontos	que	possibilitaram	calcular	o	
índice	para	todo	o	período	analisado	(2004	a	2009).


                                                       FiGura 3. 9
                   distribuição Percentual do iva no estado de são Paulo de 2004 a 2009


                             Péssima            Ruim          Regular             Boa           Ó ma

          100%
                       4               3                5                   4                           7
                                                                                            11
           90%
                       23              23              21                  23
           80%                                                                                         21
                                                                                            26
           70%
           60%
                       39              42              39                  37                          35
           50%
                                                                                            32
           40%
           30%
                                       19              21                  26                          25
           20%         26                                                                   22
           10%
                                       12              14                  11               9          12
                       8
             0%
                      2004          2005               2006                2007            2008        2009

                                                   Fonte: CETESB (2010b)




                                                                                                                     83
Ao	longo	do	período,	podemos	observar	que	a	soma	das	categorias	Péssima	e	Ruim	mantiveram-se	entre	30	e	
     40%.	Quanto	às	categorias	Ótima	e	Boa,	com	exceção	do	ano	de	2008,	que	somadas	representam	um	valor	de	
     37%,	os	demais	anos	apresentam	26	a	28%	dos	pontos	classificados	nessas	duas	categorias.	Observa-se	ainda,	
     que	a	categoria	Regular	foi	a	que	mais	enquadrou	os	pontos	de	monitoramento	ao	longo	do	período,	com	valores	
     ente	32	e	42%.

     A	Tabela	3.11	apresenta	a	distribuição	percentual	da	média	anual	do	IVA	nos	170	pontos	de	monitorados	no	
     Estado	de	São	Paulo	em	2009,	agrupados	por	UGRHI.


                                                             tabela 3. 11
                                          distribuição Percentual do iva Por uGrHi eM 2009

                                               número de                      % de pontos em cada faixa de qualidade
                       uGrHi                   pontos de
                                              amostragem       Péssima             ruim       regular         boa      ótima

     01 – Mantiqueira                              1                               100

     02 – Paraíba do sul                          17                                6            29            47       18

     03 – litoral norte                            7                                14           14            43       29

     04 – Pardo                                    4                                                           75       25

     05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí             24              29                42           17             8        4

     06 – alto tietê                              30               13               37           37            10        3

     07– baixada santista                          5              40                40           20

     08 – sapucaí/Grande                           3                                33           33            33

     09 – Mogi-Guaçu                               6                                33           50                     17

     10 – sorocaba/Médio tietê                    16              25                38           25            13

     11 – ribeira de iguape/litoral sul            8                                38           13            38       13

     12 – baixo Pardo/Grande                       2                                                          100

     13 – tietê/Jacaré                             6                                             50            50

     14 – alto Paranapanema                        7                                29           14            43       14

     15 – turvo/Grande                             6               17               17           67

     16 – tietê/batalha                            4                                50           25            25

     17 – Médio Paranapanema                       3                                                           33       67

     18 – são José dos dourados                    1                                            100

     19 – baixo tietê                              7                                             57            29       14

     20 – aguapeí                                  6                                33           67

     21 – Peixe                                    3                                33           67

     22 – Pontal do Paranapanema                   4                                25           25            50

          estado de são Paulo                     170             11                29           33            19       8

                                                           Fonte: CETESB (2010b)


     Podemos	verificar	que	29%	e	11%	dos	pontos	monitorados	foram	classificados	nas	categorias	Ruim	e	Péssima,	
     respectivamente.	Enquanto	as	categorias	Ótima	e	Boa	representaram	no	período	27%	dos	pontos	(8%	e	19%	
     respectivamente).	Destaca-se	ainda	os	cursos	d’	água	classificados	como	Regular,	que	representaram	33%	dos	
     pontos	monitorados	no	Estado	de	São	Paulo	em	2009.	




84
As	UGRHI	04	(Pardo),	12	(Baixo	Pardo/Grande)	e	17	(Médio	Paranapanema)	apresentaram	as	melhores	con-
dições	de	qualidade	de	água	para	proteção	da	vida	aquática,	com	100%	dos	pontos	de	amostragem	classificados	
nas	categorias	Ótima	e	Boa.	Vale	ressaltar	que	essas	UGRHI	apresentam	pouco	pontos	de	monitoramentos	(4,	
2	e	3	pontos,	respectivamente).

As	UGRHI	05	(PCJ),	06	(Alto	Tietê),	07	(Baixada	Santista),	10	(Sorocaba/Médio	Tietê)	e	16	(Tietê/Batalha)	
se	destacaram	por	apresentar	mais	de	50%	de	seus	pontos	monitorados	classificados	como	Ruim	e	Péssimo,	
oferecendo	as	piores	condições	de	qualidade	de	água	para	a	proteção	da	vida	aquática.	

A	 UGRHI	 07	 apresentou	 o	 maior	 percentual	 de	 pontos	 de	 amostragem	 enquadrados	 na	 categoria	 Ruim	 e	
Péssima,	com	80%,	seguida	pelas	UGRHI	05	e	10,	que	apresentaram,	respectivamente,	71%	e	63%	dos	pontos	
classificados	nas	categorias	Ruim	e	Péssima.	No	entanto,	vale	ressaltar	que	na	UGRHI	06	o	IVA	não	é	calculado	
para	boa	parte	de	seus	cursos	d’água,	visto	que	os	mesmos,	segundo	a	legislação	vigente,	não	precisam	atender	ao	
uso	de	proteção	da	vida	aquática,	como	é	o	caso	dos	rios	Tietê,	Tamanduateí	e	Pinheiros.	Ainda,	é	importante	
frisar	que	essas	bacias,	por	vocação,	são	definidas	como	industriais.

A	UGRHI	15	(Turvo/Grande)	também	merece	atenção	quanto	à	qualidade	da	água,	visto	que	apresentou	67%	
dos	pontos	monitorados	classificados	como	Regular	e	o	restante	como	Ruim	e	Péssimo.	

A	UGRHI	01	(Mantiqueira),	apesar	de	contar	apenas	com	um	ponto	de	monitoramento	e	se	tratar	de	uma	área	
com	vocação	para	conservação,	apresentou	baixa	qualidade	da	água	para	a	proteção	da	vida	aquática.

A	Figura	3.10	apresenta	a	distribuição	dos	pontos	de	monitoramento	do	Estado,	enquadrados	nas	classes	do	
IVA,	em	2009.	




                                                                                                                    85
86
                                                        FiGura 3. 10
     distribuição dos Pontos de MonitoraMento enQuadrados nas classes do iva no estado de são Paulo eM 2009




                                      Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)
balneabilidade de praias

Com	relação	à	balneabilidade	das	praias	do	Estado	de	São	Paulo,	as	mesmas	podem	ser	classificadas	em	Pró-
prias	ou	Impróprias,	sendo	que,	as	praias	próprias	ainda	podem	ser	enquadradas	como	Excelente,	Muito	Boa	ou	
Satisfatória.

A	classificação	das	praias	é	obtida	a	partir	das	análises	de	concentração	de	Escherichia coli	e	Coliformes	Termoto-
lerantes	(para	água	doce)	e	Enterococos	(para	água	salina),	tendo	como	objetivo	avaliar	as	condições	da	qualidade	
da	água	no	que	tange	às	atividades	de	recreação	de	contato	primário,	levando	em	consideração	praias	litorâneas	     	
e	de	reservatórios.	A	Tabela	3.12	indica,	para	os	parâmetros	analisados,	os	limites	de	concentração	permitidos	
para	cada	categoria,	de	acordo	com	a	Resolução	CONAMA	274/00.	


                                                                tabela 3. 12
               ParâMetros Para classiFicação anual das Praias litorâneas e de reservatórios

                                      coliformes termotolerantes
             categoria                                                    escherichia coli (uFc/100ml)         enterococos (uFc/100ml)
                                             (uFc/100ml)
                                        Máximo de 250 em 80% ou            Máximo de 200 em 80% ou           Máximo de 25 em 80% ou mais
                     excelente
                                             mais tempo                          mais tempo                            tempo
                                       Máximo de 500 em 80% ou             Máximo de 400 em 80% ou           Máximo de 50 em 80% ou mais
 Própria            Muito boa
                                             mais tempo                          mais tempo                            tempo
                                      Máximo de 1.000 em 80% ou            Máximo de 800 em 80% ou             Máximo de 100 em 80% ou
                    satisfatória
                                             mais tempo                          mais tempo                         mais tempo
                                       Superior a 1.000 em mais de          Superior a 800 em mais de         Superior a 1.000 em mais de
                                             20% do tempo                        20% do tempo                       20% do tempo
 imprópria
                                        Maior que 2.500 na última           Maior que 2.000 na última           Maior que 400 na última
                                                medição                             medição                            medição

                                                             Fonte: CETESB (2010c)
Nota:	UFC	(Unidade	Formadora	de	Colônia)	contagem	de	unidades	formadoras	de	colônia	em	placas	obtidas	pela	técnica	de	membrana	filtrante.



Com	base	nos	dados	obtidos	do	monitoramento	semanal	e	com	o	objetivo	de	apresentar	a	tendência	da	qualida-
de	das	praias	de	modo	mais	global,	a	CETESB	definiu	critérios	para	uma	qualificação	anual	das	praias	do	Esta-
do,	que	se	constitui	na	síntese	da	distribuição	das	classificações	obtidas	pelas	praias	no	período	correspondente	
às	52	semanas	do	ano.	De	acordo	com	a	CETESB	(2010c),	baseada	em	critérios	estatísticos,	a	qualificação	anual	
expressa	não	apenas	a	qualidade	mais	recente	apresentada	pelas	praias,	mas	a	qualidade	que	a	praia	apresenta	
com	mais	constância	ao	longo	do	ano.

A	Tabela	3.13	apresenta	os	critérios	definidos	para	a	qualificação	anual,	com	base	nos	dados	de	monitoramento	
semanal.

                                                                tabela 3. 13
           critérios Para deterMinação da Qualidade anual das Praias coM aMostraGeM seManal

 balneabilidade das Praias                                                           critérios

              Péssima                                Praias classificadas como IMPRóPRIAS em mais de 50% do tempo

                ruim                                Praias classificadas como IMPRóPRIAS entre 25% e 50% do tempo

               regular                                 Praias classificadas como IMPRÒPRIAS em até 25% do tempo

                 boa                       Praias Próprias em 100% do tempo, exceto quando classificadas como EXCELENTES

               ótima                                    Praias classificadas como EXCELENTES em 100% do tempo

                                                             Fonte: CETESB (2010c)




                                                                                                                                            87
De	modo	semelhante,	para	as	praias	litorâneas	com	amostragem	mensal,	foi	estabelecida	uma	qualificação	anual	
     baseando-se	na	concentração	de	Enterococos	obtida	em	cada	amostragem.	Os	critérios	para	essas	praias	estão	
     descritos	na	Tabela	3.14.

                                                                tabela 3. 14
              critérios Para deterMinação da Qualidade anual das Praias coM aMostraGeM Mensal

      balneabilidade das Praias                                                       critérios

                 Péssima                        Concentração de Enterococos superior a 100 UFC/100 mL em mais de 50% do ano

                   ruim                    Concentração de Enterococos superior a 100 UFC/100 mL em entre 30% e 50% do ano

                 regular                   Concentração de Enterococos superior a 100 UFC/100 mL em entre 20% e 30% do ano

                   boa                            Concentração de Enterococos superior a 100 UFC/100 mL em até 20% do ano

                  ótima                          Concentração de Enterococos até 25 UFC/100 mL em pelo menos 80% do ano

                                                              Fonte: CETESB (2010c)



     Praias litorâneas

     Segundo	a	CETESB	(2010c),	as	praias	a	serem	monitoradas	e	seus	pontos	de	amostragem	são	definidas	con-
     siderando	diversos	fatores	que	influem	na	sua	balneabilidade.	Esses	pontos	são	selecionados	em	função	da	fre-
     quência	de	banhistas,	da	fisiografia	da	praia	e	dos	riscos	de	poluição	que	possam	existir.	Deste	modo,	as	praias	
     que	fazem	parte	da	rede	de	monitoramento	de	balneabilidade,	possuem	frequência	elevada	de	banhistas,	além	da	
     ocorrência	de	adensamento	urbano	próximo,	o	que	pode	representar	uma	possível	fonte	de	poluição	fecal.	Em	
     2009	foram	monitorados	155	pontos	ao	longo	do	litoral	paulista.

     A	Tabela	3.15	apresenta	as	proporções	de	praias	litorâneas	próprias	em	100%	do	ano	(referente	às	categorias	
     Ótima	e	Boa),	no	Estado	de	São	Paulo,	entre	2004	e	2009.


                                                                tabela 3. 15
          ProPorção de Praias litorâneas PróPrias eM 100% do ano no estado de são Paulo de 2004 a 2009

                                                                                       Proporção de praias próprias em 100% do ano
                                   uGrHi
                                                                             2004          2005      2006      2007      2008        2009

     uGrHi 03 – litoral norte                                                 48%           54%      52%       49%       40%         46%

     uGrHi 07 – baixada santista                                              8%            18%       1%       24%        0%         18%

     uGrHi 11 – ribeira de iguape/litoral sul                                 83%          100%      40%       80%       80%         60%

                          estado de são Paulo                                 33%          40%       30%       38%       24%         34%

                                                              Fonte: CETESB (2010c)




     Observa-se	que	em	2009	houve	um	aumento	na	proporção	de	praias	litorâneas	próprias	em	100%	do	ano	para	
     o	Estado,	com	34%,	com	destaque	para	as	praias	da	Baixada	Santista,	que	passou	de	0%	de	praias	próprias	em	
     2008	para	18%	em	2009,	com	31%	das	praias	apresentando	melhora	em	sua	qualidade.

     Analisando	as	condições	de	balneabilidade	das	praias	do	litoral	paulista	em	2009,	podemos	verificar	que	34%	das	
     praias	permaneceram	próprias	o	ano	todo	(classificações	anuais	Ótima	e	Boa),	enquanto	aquelas	com	situação	
     mais	crítica,	classificadas	como	Ruim	e	Péssima,	representaram	18%	e	10%,	respectivamente	e,	ainda,	38%	das	
     praias	foram	classificadas	como	Regular	(Figura	3.11).




88
FiGura 3. 11
         distribuição da balneabilidade das Praias litorâneas no estado de são Paulo eM 2009


                                          6%                10%


                                                                                           Péssima


                       28%                                                     18%         Ruim


                                                                                           Regular


                                                                                           Boa


                                                                                           Ó ma




                                                          38%


                                    Fonte: CETESB (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)


A	Figura	3.12	apresenta	a	classificação	anual	das	praias	para	o	Litoral	Norte,	Baixada	Santista	e	Litoral	Sul.	


                                                      FiGura 3. 12
                 distribuição da balneabilidade das Praias litorâneas Por uGrHi eM 2009




                                    Fonte: CETESB (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                  89
No	Litoral	Norte	11%	das	praias	foram	classificadas	como	Ótima	e	36%	como	Boa.	Dentre	as	que	estiveram	
     impróprias	em	alguma	ocasião	a	maioria	(35%)	foi	classificada	como	Regular.	No	Litoral	Sul,	60%	das	praias	
     apresentaram	classificação	anual	Boa	e	40%	classificadas	como	Regular.

     A	Figura	3.13	apresenta	a	classificação	anual	das	praias	por	municípios.


                                                                         FiGura 3. 13
                        distribuição da balneabilidade das Praias litorâneas Por MunicíPio eM 2009


                                                  Péssima        Ruim            Regular           Boa           Ó ma

       100%
                                                                                               8
                           20                15                                     20
        90%      23                                            27
                                                                                                                                                      33
        80%
                                    46                                                                   50
        70%                                                              57         20
                           27                38                                               50                           67
        60%
                 38                                   89                                                          90
        50%                                                                                                                      100       100

        40%                                                    64
                           39       41                                                                                                                67
        30%                                                                         60
                 27                          47                                                          50
        20%                                                              43                   42
                                                                                                                           33
        10%                7
                  4                 10
                           7                          11        9                                                 10
                  5                 3
         0%                                                                                                                        e


                                                                                                                                   o
                                                                                                      á
                                              a
                       ba




                                                                                      e




                                                                                                                 ém




                                                                                                                                           e
                                                                á




                                                                                              de




                                                                                                                                                      a
                        a




                                                                       os
                                                      a
                       ão




                                                                                                                          íb


                                                                                                                                tã
                                                                                                      u
                                           el




                                                              uj
                                                    og
                      ub




                                                                                   nt




                                                                                                                                             p


                                                                                                                                                    id
                     tu




                                                                                                   ag
                                                                     nt




                                                                                                                        ru




                                                                                                                                          ua
                                                                                            an
                                         ab




                                                                                                                             ba
                                                                                                              ha
                                                            ar




                                                                                                                                                  pr
                                                                                 ce
                   at




                    s
                  ta




                                                                    Sa




                                                                                                 gu




                                                                                                                      Pe
                                                                                          Gr




                                                                                                                                       Ig
                                                 r

                                                          Gu
                 ba




                                                                                                                          Cu
                                      Ilh




                                                                                                                                                 om
                                                                              Vi




                                                                                                             n
               Ub




                                               Be
               ua




                                                                                                         Ita
                                                                                               on
              Se




                                                                                     ia
                                                                          o




                                                                                                                                            aC
            ag




                                                                         Sã




                                                                                              M
                                                                                     a
            o




                                                                                  Pr
                 r




                                                                                                                                          Ilh
         Sã
              Ca




                                                     Fonte: CETESB (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)


     Notas:	 1)		 ubatão,	embora	não	possua	praia	litorânea,	integra	o	Programa	de	Balneabilidade	da	CETESB	com	análise	mensal	de	um	ponto	localizado	
                C
                no	Rio	Perequê,	onde	há	grande	frequência	de	banhistas	nos	finais	de	semana	e	feriados	prolongados,	visitantes	do	Parque	Ecológico	do	
                Perequê.
     	       2)		 	Litoral	Sul é	formado	por	três	municípios;	Iguape,	Ilha	Comprida	e	Cananéia,	no	entanto	o	município	de	Cananéia	não	possui	praia	com	
                O
                face	para	o	oceano.	As	13	praias	da	região	localizam-se	principalmente	nos	canais	que	o	separam	de	Ilha	Comprida	e	de	sua	parte	continental.



     De	 acordo	 com	 a	 CETESB	 (2010c),	 as	 principais	 pressões	 negativas	 sobre	 as	 condições	 de	 banho	 são:	 a)	 o	
     crescimento	populacional	desordenado	dos	municípios	litorâneos	(acima	da	média	do	Estado),	que	fomenta	a	
     situação	inadequada	de	infraestrutura	de	saneamento;	b)	ligações	clandestinas	de	esgotos	nas	galerias	pluviais,	
     bem	como	ligações	de	águas	pluviais	na	rede	pública	coletora	de	esgotos;	c)	loteamentos	clandestinos	e	ocupação	
     irregular	às	margens	dos	rios	litorâneos,	que	muitas	vezes	se	situam	em	Áreas	de	Proteção	Permanente	e,	onde	
     não	é	permitida	a	implantação	de	redes	de	esgoto;	d)	água	de	chuva	contaminada	pelos	poluentes	carreados	da	
     lavagem	superficial	do	solo	e	de	cursos	d’água	poluídos	e	da	atmosfera	(poluição	difusa).


     Praias de água doce

     Em	2009,	foram	monitoradas	30	praias	de	água	doce,	localizadas	nas	UGRHI	02	(Paraíba	do	Sul),	05	(PCJ),	
     06	(Alto	Tietê),	09	(Mogi-Guaçu),	10	(Sorocaba/Médio	Tietê),	13	(Tietê/Jacaré)	e	16	(Tietê/Batalha),	locali-
     zadas	principalmente	nas	regiões	urbanizadas.	As	praias	inseridas	nos	reservatórios	urbanos	(Billings	e	Guara-
     piranga)	possuem	monitoramento	com	frequência	semanal	de	amostragem,	pois	são	mais	afetadas	pelas	fontes	




90
de	poluição.	As	demais	praias	possuem	frequência	mensal,	pois	apresentam,	de	um	modo	geral,	condição	boa	
para	o	banho,	além	de	estarem	mais	afastadas	das	áreas	urbanas	(CETESB,	2010b).	Os	resultados	do	índice	de	
balneabilidade	das	30	praias,	agrupados	por	UGRHI,	encontram-se	na	Tabela	3.16.	


                                                      tabela 3. 16
                       balneabilidade das Praias de reservatórios Por uGrHi eM 2009

  uGrHi             reservatório/rio                             Praia/local de amostragem        balneabilidade

                  Braço do Rio Palmital       Prainha de Redenção da Serra                            ótima
    2               Ribeirão Grande           À montante do bar do Edmundo                            Ruim
                     Rio Piracuama            Reino das Águas Claras                                 Péssima
                 Reservatório Cachoeira       Praia da Tulipa                                         ótima
                                              Praia no Condomínio Novo Horizonte                      ótima
               Reservatório Jacareí/Jaguari
                                              Praia da Serrinha                                       ótima
    5
                                              Praia do Utinga                                         ótima
                      Rio Atibainha           Praia do Lavapés                                        ótima
                                              Rod. D. Pedro II                                        ótima
                                              Praia do Sol (Marina Guarapiranga)                     Regular
                                              Bairro do Crispim                                      Regular
                                              Marina Guaraci                                         Regular
               Reservatório Guarapiranga
                                              Guarujapiranga (Restaurante Interlagos)                Regular
                                              Praia do Hidroavião (Prainha do Jardim Represa)         Ruim
                                              Praia do Aracati (Bairro Miami Paulista)               Regular
                                              Prainha em frente à ETE                                 Ruim
    6
                                              Clube Prainha Taiti                                    Regular
                Reservatório Rio Grande       Prainha do Parque Municipal                            Regular
                                              Próxima ao Zôo do Parque Municipal                      ótima
                                              Clube de Campo do Sind. dos Metalurg. do ABC            ótima
                                              No Pier do Acampamento do Instituto de Engenharia      Regular
                  Reservatório Billings       Próxima à entrada da ECOVIAS                           Regular
                                              Parque Imigrantes                                      Regular
                     Rio Mogi Guaçu           Cachoeira de Emas                                      Péssima
    9
                  Lago Euclides Morelli       Praia em frente à Rua Ver. Carlos Ranini, N° 336        Ruim
                                              Clube ACM de Sorocaba                                   ótima
    10         Reservatório Itupararanga
                                              Prainha do Piratuba                                     ótima
                        Rio Tietê             Prainha de Igaraçu do Tietê                             ótima
    13
                 Reservatório Promissão       Praia Municipal de Arealva                              ótima
    16             Córrego do Esgotão         Em frente à Praia do Munic. de Sabino                   Ruim

                                                   Fonte: CETESB (2010b)



Mortandade de peixes

A	ocorrência	de	episódios	de	mortandade	de	peixes	indica	um	elevado	estresse	no	corpo	hídrico,	e,	de	forma	
geral,	estão	associados	às	alterações	da	qualidade	da	água	e,	apesar	de	nem	sempre	ser	possível	identificar	suas	
causas,	o	seu	registro	consiste	num	bom	indicador	da	suscetibilidade	do	corpo	hídrico	em	relação	às	fontes	de	
poluição	existentes	na	bacia.




                                                                                                                    91
Em	2009,	no	Estado	de	São	Paulo,	foram	registradas	124	reclamações,	feitas	pela	população,	de	ocorrências	de	
     mortandade	de	peixes	e/ou	outros	organismos	aquáticos.

     A	evolução	no	número	de	registros	de	reclamações	de	ocorrências	de	mortandades	de	peixes	no	período	de	2005	
     a	2009	pode	ser	visto	na	Figura	3.14.	Podemos	verificar	que,	embora	houve	um	aumento	no	número	de	reclama-
     ções	desde	2007,		o	número	de	registros,	em	2009,	foi	60%	inferior	ao	número	de	registros	de	2006.


                                                                                      FiGura 3. 14
      núMero de reGistros de reclaMações de Mortandade de Peixes no estado de são Paulo de 2005 a 2009


                                                      250

                                                                                  203
                 Número de registros de reclamações




                                                      200



                                                      150
                                                              154                                                          121
                                                                                                                                        124

                                                      100
                                                                                                    111


                                                       50



                                                        0
                                                            2005             2006                2007               2008         2009


                                                                    Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     A	Tabela	3.17	apresenta	o	número	de	reclamações	de	casos	de	mortandade	de	peixes	recebidas	pelas	Agências	
     Ambientais	 da	 CETESB,	 por	 UGRHI,	 em	 2009.	Vale	 frisar	 que	 algumas	 ocorrências	 geram	 mais	 de	 um	
     registro	de	reclamação,	portanto,	o	número	apresentado	não	corresponde	exatamente	ao	de	ocorrências	de	
     mortandades	de	peixes.	




92
tabela 3. 17
               núMero de reGistros de reclaMações de Mortandade de Peixes Por uGrHi eM 2009

                          uGrHi                                           vocação                registros
01 – Mantiqueira                                                        Conservação                  1
02 – Paraíba do sul                                                      Industrial                  9
03 – litoral norte                                                      Conservação                  2
04 – Pardo                                                         Em industrialização               3
05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                                         Industrial                 30
06 – alto tietê                                                          Industrial                  8
07– baixada santista                                                     Industrial                  2
08 – sapucaí/Grande                                                Em industrialização               1
09 – Mogi-Guaçu                                                    Em industrialização               7
10 – sorocaba/Médio tietê                                                Industrial                 18
11 – ribeira de iguape/litoral sul                                      Conservação                  1
12 – baixo Pardo/Grande                                            Em industrialização               1
13 – tietê/Jacaré                                                  Em industrialização               8
14 – alto Paranapanema                                                  Conservação                  2
15 – turvo/Grande                                                       Agropecuária                 9
16 – tietê/batalha                                                      Agropecuária                 6
17 – Médio Paranapanema                                                 Agropecuária                 3
18 – são José dos dourados                                              Agropecuária                 3
19 – baixo tietê                                                        Agropecuária                 8
20 – aguapeí                                                            Agropecuária                 1
21 – Peixe                                                              Agropecuária                 0
22 – Pontal do Paranapanema                                             Agropecuária                 1
                    estado de são Paulo                                      -                      124

                                                Fonte: CETESB (2010b)




As	bacias	do	Piracicaba/Capivari/Jundiaí	(UGRHI	05)	e	do	Sorocaba/Médio	Tietê	(UGRHI	10),	ambas	de	
vocação	industrial,	tiveram	novamente	o	maior	número	de	reclamações	em	2009,	mantendo	a	tendência	apresen-
tada	desde	2005.	Essas	bacias	foram	responsáveis,	respectivamente,	por	24%	e	14%	dos	registros	de	reclamações	
de	ocorrências	de	mortandades	de	peixes	feitas	ao	longo	do	ano.

Ainda,	apesar	do	número	total	de	registros	ter	variado	pouco	em	relação	a	2008,	a	parcela	devida	a	essas	duas	ba-
cias	aumentou,	sendo	que	as	ocorrências	em	ambas	representaram,	em	2009,	quase	40%	de	todas	as	reclamações	
de	mortandades	de	peixes	registradas	no	Estado	de	São	Paulo	(Figura	3.15).

As	UGRHI	02	(Paraíba	do	Sul)	e	15	(Turvo/Grande)	vêm	logo	a	seguir,	cada	uma	responsável	por	7%	dos	
registros	de	reclamações,	seguidas	pelas	UGRHI	06	(Alto	Tietê)	e	19	(Baixo	Tietê),	cada	uma	concentrando	
aproximadamente	6%	dos	registros.

Podemos	constatar	também	que	as	bacias	industriais	concentraram	mais	da	metade	(54%)	do	número	total	de	
reclamações	de	mortandades	de	peixes	recebidas	pelas	Agências	Ambientais	da	CETESB	durante	2009	(Figura	
3.15)	e,	ainda,	que	as	UGRHI	com	vocação	agropecuária	apresentaram	um	número	de	registros	(30)	maior	do	
que	o	das	UGRHI	em	industrialização	(20),	assim	como	ocorreu	em	2008.	




                                                                                                                    93
FiGura 3. 15
                  distribuição do núMero de reGistros de reclaMações de Mortandade de Peixes
                                         Por vocação das uGrHi eM 2009


                                             5%



                                                                         54%
                          25%
                                                                                            Industrial


                                                                                            Em industrialização


                                                                                            Agropecuária


                                                                                            Conservação


                             16%



                                          Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     As	mortandades	atendidas	durante	2009	foram,	assim	como	em	2008	e	2006,	decorrentes	principalmente	da	
     presença	de	contaminantes	na	água.	As	ocorrências	desse	tipo	superaram	os	eventos	resultantes	da	depleção	de	
     oxigênio	dissolvido	e	de	florações	de	algas	e	cianobactérias	potencialmente	tóxicas.	

     O	menor	número	de	registros,	em	2009,	ocorreu	em	fevereiro,	enquanto	que	novembro	manteve-se	como	o	de	
     maior	número	de	reclamações	registradas,	sendo	que	ambos	fazem	parte	do	período	chuvoso.		A	entrada	de	con-
     taminantes	nos	corpos	d’água	pode	ter	acontecido	devido	ao	arraste	causado	pela	água	precipitada	que	escorre	
     nas	adjacências,	até	atingir	o	ambiente	aquático.	Dessa	maneira,	a	matéria	orgânica	e/ou	contaminantes	deposi-
     tados	nos	solos	são	carreados,	podendo	causar	contaminação	de	córregos,	rios	e/ou	reservatórios.

     No	período	chuvoso	foram	registradas	52%	das	reclamações	de	mortandades	no	Estado,	contra	48%	no	período	
     de	estiagem.	



     3.1.3 uso da água
     Com	o	objetivo	de	apresentar	as	principais	características	do	uso	da	água	no	Estado,	são	apresentados	a	seguir	
     os	dados	de	disponibilidade	e	demanda	hídrica	por	UGRHI	e	para	o	Estado	de	São	Paulo.	A	disponibilidade	
     hídrica	superficial	é	calculada	com	base	na	variável	Q 7,10	,	ou	seja,	a	vazão	mínima	de	sete	dias	consecutivos,	com	
     período	de	retorno	de	10	anos	e,	a	disponibilidade	hídrica	subterrânea,	é	calculada	pela	reserva	de	águas	explotá-
     veis	que	são	armazenadas	nos	poros	e	fissuras	das	rochas	pelas	quais	se	movem	lentamente.

     Quanto	à	demanda	de	água,	os	valores	são	apresentados	quanto	a	sua	origem	(superficial	ou	subterrânea)	e	quan-
     to	seu	uso	(urbano,	industrial,	rural	e	outros).		Os	valores	expressos	são	levantados	através	do	volume	de	água	
     outorgado	junto	ao	Departamento	de	Águas	e	Energia	Elétrica	do	Estado	de	São	Paulo	(DAEE).

     Vale	ressaltar	ainda	que	os	dados	referentes	aos	anos	de	2007	e	2008,	obtidos	junto	ao	banco	de	dados	de	outorga	
     do	DAEE,	foram	submetidos	a	uma	nova	metodologia	de	análise,	o	que	justifica	valores	diferenciados	entre	os	
     apresentados	no	Relatório	de	Qualidade	Ambiental	2010.




94
A	Tabela	3.18	apresenta	a	disponibilidade	hídrica	por	UGRHI	do	Estado	de	São	Paulo.

                                                 tabela 3. 18
                                      disPonibilidade Hídrica Por uGrHi

                                                                       disponibilidade hídrica (m³/s)
                        uGrHi                     vazão mínima             reservas explotáveis
                                                                                                        disponibilidade total
                                                 superficial (Q7,10)       de água subterrânea

 01 – Mantiqueira                                        7                           3                           10
 02 – Paraíba do sul                                     72                         21                           93
 03 – litoral norte                                      27                         12                           39
 04 – Pardo                                              30                         14                           44
 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                        43                         22                           65
 06 – alto tietê                                         20                         11                           31
 07– baixada santista                                    38                         20                           58
 08 – sapucaí/Grande                                     28                         18                           46
 09 – Mogi-Guaçu                                         48                         24                           72
 10 – sorocaba/Médio tietê                               22                          17                          39
 11 – ribeira de iguape/litoral sul                     162                         67                          229
 12 – baixo Pardo/Grande                                 21                         10                           31
 13 – tietê/Jacaré                                       40                         10                           50
 14 – alto Paranapanema                                  84                         30                          114
 15 – turvo/Grande                                       26                         13                           39
 16 – tietê/batalha                                      31                          9                           40
 17 – Médio Paranapanema                                 65                          17                          82
 18 – são José dos dourados                              12                          4                           16
 19 – baixo tietê                                        27                          9                           36
 20 – aguapeí                                            28                         13                           41
 21 – Peixe                                              29                          9                           38
 22 – Pontal do Paranapanema                             34                         13                           47

                estado de são Paulo                     893                         366                         1259

                                              Fonte: SMA/CRHi (2010)




                                                                                                                                95
A	Tabela	3.19	apresenta	a	demanda	de	água	por	origem	e	tipos	de	usos	para	o	ano	de	2008.

                                                             tabela 3. 19
                                           deManda de áGua Por uGrHi eM 2008

                                                                            demanda de água (m³/s)
                       uGrHi                            origem                                 tipo de uso
                                                                                                                          total
                                          superficial       subterrânea        urbano       industrial   rural   outros
     01 – Mantiqueira                        0,67                0,00               0,01      0,00       0,65     0,02    0,68
     02 – Paraíba do sul                    11,08                2,94               5,14      3,08       5,72     0,07    14,02
     03 – litoral norte                      1,22                0,18               0,81      0,01       0,50     0,08     1,40
     04 – Pardo                              8,79                4,74               4,45      4,25       4,77     0,07    13,53
     05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí       71,88                9,22              55,92      14,31      1,83     9,05    81,10
     06 – alto tietê                        50,80                3,83              20,21      23,41      0,78    10,23    54,63
     07– baixada santista                   18,17                0,04              10,33      7,84       0,02     0,02    18,21
     08 – sapucaí/Grande                     4,36                0,74               0,79      0,66       3,50     0,15     5,10
     09 – Mogi-Guaçu                        16,57                2,29               2,76      7,30       8,72     0,08    18,86
     10 – sorocaba/Médio tietê              11,29                1,09               4,82      4,15       3,33     0,07    12,39
     11 – ribeira de iguape/litoral sul      3,06                0,07               0,15       2,17      0,81     0,00     3,13
     12 – baixo Pardo/Grande                11,05                1,28               1,57      1,91       8,68     0,17    12,32
     13 – tietê/Jacaré                      19,57                4,66               3,21      6,73       14,20    0,09    24,23
     14 – alto Paranapanema                  9,83                0,13               0,30      2,99       6,62     0,05    9,96
     15 – turvo/Grande                      12,64                4,08               3,40      4,73       8,55     0,04    16,72
     16 – tietê/batalha                      6,92                1,55               0,88      1,03       6,56     0,00     8,47
     17 – Médio Paranapanema                 7,54                0,48               0,31      2,51       5,19     0,01     8,02
     18 – são José dos dourados              4,95                0,21               0,11      0,45       4,60     0,00     5,16
     19 – baixo tietê                        3,61                0,70               0,66      2,61       1,02     0,00     4,30
     20 – aguapeí                            2,31                1,09               0,53      1,42       1,41     0,04     3,40
     21 – Peixe                              1,63                0,55               0,57      1,08       0,53     0,00     2,18
     22 – Pontal do Paranapanema             0,64                0,73               0,70      0,54       0,13     0,00     1,37

           estado de são Paulo              278,59               40,59             118,78     92,03      88,12   20,25    319,18

                                                          Fonte: SMA/CRHi (2010)




96
Observa-se	que	a	demanda	urbana	predomina	nas	UGRHI	03	(Litoral	Norte),	05	(PCJ),	07	(Baixada	Santista),	
10	(Sorocaba/Médio	Tietê)	e	22	(Pontal	do	Paranapanema).	Enquanto	a	demanda	industrial	se	destacou	nas	
UGRHI	06	(Alto	Tietê),	11	(Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul)	e	19	(Baixo	Tietê).	Vale	ressaltar	que	na	UGRHI	
06	também	se	destaca	o	uso	urbano	com	valores	muito	próximos	ao	uso	industrial,	enquanto	a	demanda	urbana	
foi	de	20	m³/s,	a	demanda	industrial	foi	de	23	m³/s.	Nas	demais	UGRHI	predomina	o	uso	rural.	Ainda	vale	
ressaltar	que	a	UGRHI	02	(Paraíba	do	Sul)	apresenta	valores	de	demanda	rural	muito	próximo	a	demanda	
urbana,	algo	em	torno	de	5	m³/s.

A	Figura	3.16	apresenta	a	distribuição	da	demanda	de	água	por	tipo	de	uso	para	as	UGRHI	do	Estado,	
em	2008.


                                                   FiGura 3. 16
                  distribuição da deManda de áGua Quanto ao uso Por uGrHi eM 2008




                                 Fonte: SMA/CRHi (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)


Constatamos	também,	no	Estado,	a	maior	demanda	para	o	uso	urbano	da	água	(37%).	Em	seguida	se	destaca	o	
uso	industrial	(29%)	e	o	rural	(28%),	como	pode	ser	visto	na	Figura	3.17.	Quanto	à	origem	da	água,	podemos	
observar	que	o	Estado	de	São	Paulo	apresenta	maior	demanda	de	água	superficial,	com	279	m³/s,	o	que	corres-
ponde	a	87%	da	demanda	total	em	2008.	




                                                                                                              97
FiGura 3. 17
                 distribuição da deManda de áGua do estado de são Paulo Quanto ao uso eM 2008


                                                6%


                                                                                37%
                                                                                                Urbano
                             28%
                                                                                                Industrial


                                                                                                Rural


                                                                                                Outros




                                                     29%


                                        Fonte: SMA/CRHi (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




     A	Tabela	3.21	traz	o	balanço	hídrico	das	UGRHI	do	Estado,	apresentando	a	relação	entre	a	demanda	e	dis-
     ponibilidade	hídrica	das	bacias	e	classificando-as	quanto	a	sua	criticidade,	conforme	os	critérios	expostos	na	
     Tabela	3.20.	


                                                           tabela 3. 20
                                    valores de reFerência Para balanço Hídrico

                                       balanço Hídrico                              estado
                                       Maior que 50%                                crítico

                                       entre 31 e 50%                              atenção

                                          até 30%                                     bom

                                                       Fonte: SMA/CRHi (2010)




98
tabela 3. 21
                                         balanço Hídrico Por uGrHi eM 2007 e 2008

                                                                                                              demanda/
                                                           disponibilidade         demanda total (m³/s)
                         uGrHi                                                                            disponibilidade (%)
                                                          hídrica total (m³/s)
                                                                                     2007        2008     2007          2008
 01 – Mantiqueira                                                  10                0,68         0,68     6,77         6,77
 02 – Paraíba do sul                                               93                12,79       14,02    13,75         15,07
 03 – litoral norte                                                39                0,68         1,40     1,74         3,59
 04 – Pardo                                                        44                10,56       13,53    23,99         30,75
 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                                  65                78,94       81,10    121,44       124,77
 06 – alto tietê                                                   31                49,10       54,63    158,37       176,23
 07– baixada santista                                              58                18,17       18,21    31,33         31,40
 08 – sapucaí/Grande                                               46                4,80         5,10    10,43         11,10
 09 – Mogi-Guaçu                                                   72                18,87       18,86    26,21        26,20
 10 – sorocaba/Médio tietê                                         39                10,47       12,39    26,84         31,76
 11 – ribeira de iguape/litoral sul                               229                 1,95        3,13     0,85         1,37
 12 – baixo Pardo/Grande                                           31                11,52       12,32    37,16         39,76
 13 – tietê/Jacaré                                                 50                16,19       24,23    32,38        48,46
 14 – alto Paranapanema                                           114                 6,78        9,96     5,94         8,74
 15 – turvo/Grande                                                 39                14,89       16,72    38,18        42,86
 16 – tietê/batalha                                                40                 7,97        8,47    19,93         21,17
 17 – Médio Paranapanema                                           82                6,26         8,02     7,63         9,77
 18 – são José dos dourados                                        16                4,99         5,16    31,20         32,23
 19 – baixo tietê                                                  36                 3,12        4,30    8,66          11,95
 20 – aguapeí                                                      41                 3,35        3,40     8,16         8,30
 21 – Peixe                                                        38                 1,61        2,18    4,24          5,74
 22 – Pontal do Paranapanema                                       47                 0,83        1,37     1,77         2,91
                   estado de são Paulo                           1259               284,50       319,18   22,60        25,35

                                         Fonte: SMA/CRHi (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)


Podemos	observar	que	a	UGRHI	05	(PCJ)	e	06	(Alto	Tietê)	se	destacam	como	as	mais	críticas	quanto	à	relação	
demanda	 e	 disponibilidade	 hídrica.	Verifica-se,	 ainda,	 um	 aumento	 na	 demanda	 de	 água	 dessas	 UGRHI	 de	
2007	para	2008.	

Na	 UGRHI	 05	 essa	 criticidade	 ocorre	 principalmente	 devido	 à	 superexploração	 das	 águas	 superficiais.	 Esta	
situação	decorre	das	altas	taxas	de	urbanização	e	industrialização	da	região	e	da	transposição	de	águas	para	a	
UGRHI	06,	através	do	Sistema	Cantareira.	Podemos	verificar	que	quase	70%	da	demanda	de	água	da	UGRHI	
05	é	destinada	para	o	uso	urbano.	

Com	relação	à	UGRHI	06,	podemos	constatar	que	a	mesma	tem	o	maior	nível	de	criticidade	do	Estado,	visto	
que	sua	disponibilidade	hídrica	total	é	de	31	m³/s,	enquanto	sua	demanda,	em	2008,	foi	de	aproximadamente	
55	m³/s.	Como	já	visto,	para	suprir	esta	demanda,	ocorre	a	transposição	de	águas	da	UGRHI	05	para	o	Sistema	
Cantareira,	que	,	por	sua	vez,	abastece	a	bacia	do	Alto	Tietê.	Os	principais	usos	da	água	na	bacia	são	para	abas-
tecimento	industrial	e	urbano.

Já	quanto	ao	balanço	hídrico	da	UGRHI	04	(Pardo)	10	(Sorocaba/Médio	Tietê),	observamos	que	em	2007,	a	
relação	entre	demanda	e	disponibilidade	hídrica	foi	considerada	boa,	no	entanto,	em	2008	essa	relação	entrou	
em	estado	de	atenção.	Verificou-se	nessas	UGRHI	um	grande	aumento	na	demanda	de	água,	principalmente	
para	o	uso	industrial.	




                                                                                                                                99
Para	as	UGRHI	12	(Baixo	Pardo/Grande)	e	13	(Tietê/Jacaré),	tanto	em	2007	como	em	2008,	o	balanço	hídrico	
      permaneceu	em	níveis	de	atenção.	Destaca-se	que	na	UGRHI	13	houve	um	elevado	aumento	da	demanda	total	
      em	relação	a	2008,	com	destaque	para	o	uso	rural,	que	em	2007	era	de	7	m³/s	e	em	2008	foi	para	14	m³/s.	A	
      demanda	total	dessa	UGRHI	aumentou	de	16	m³/s	em	2007	para	24	m³/s	em	2008.	

      Outras	UGRHI	que	merecem	destaque	por	estarem	em	níveis	de	atenção	são	as	UGRHI	07	(Baixada	Santista),	
      15	(Turvo/Grande)	e	18	(São	José	dos	Dourados),	que	em	2008	também	apresentaram	aumento	nos	valores	
      de	demanda	total.	Destaca-se	na	Baixada	Santista	a	alta	demanda	por	águas	superficiais,	principalmente	na	alta	
      temporada,	quando	o	abastecimento	de	água	é	insuficiente.

      Já	o	balanço	hídrico	das	demais	UGRHI	do	Estado	são	considerados	bons.	Entretanto	deve-se	atentar	ao	au-
      mento	da	demanda	de	água	da	UGRHI	02	(Paraíba	do	Sul),	principalmente	em	função	da	demanda	urbana,	na	
      UGRHI	14	(Alto	Paranapanema),	com	um	aumento	considerável	na	demanda	total	que	passou	de	7	m³/s	em	         	
      2007	para	10	m³/s	em	2008,	com	aumento	principalmente	nos	usos	industriais	e	rurais.	É	importante	ainda	res-
      saltar	que	se	deve	atentar	para	o	consumo	de	água	para	uso	urbano	durante	o	verão,	principalmente	nas	UGRHI	
      litorâneas,	devido	à	grande	presença	de	turistas.


      referências
      BRAGA,	B.;	PORTO,	M.;	TUCCI,	C.E.M.	Monitoramento de quantidade e qualidade das águas.	In:	Rebouças,	A.	C.;	BRAGA,	B.;	
      TUNDISI,	J.	G.	Águas	doces	no	Brasil:	Capital	ecológico,	uso	e	conservação.	3.	ed.	São	Paulo:	Escrituras,	2006.	

      COMPANHIA	AMBIENTAL	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	CETESB.	Relatório	de	Qualidade	das	Águas	Subterrâneas	no	
      Estado	de	São	Paulo:	2007	-	2009.	2010a.	São	Paulo:	CETESB,	2010.

      COMPANHIA	AMBIENTAL	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	CETESB.	Relatório	de	Qualidade	das	Águas	Superficiais	no	
      Estado	de	São	Paulo	2009.	2010b.	São	Paulo:	CETESB,	2010.

      COMPANHIA	AMBIENTAL	 DO	 ESTADO	 DE	 SÃO	 PAULO	 –	 CETESB.	 Relatório	 de	 Qualidade	 das	 Praias	 Litorâneas	 no	
      Estado	de	São	Paulo	2009.	2010c.	São	Paulo:	CETESB,	2010.

      DEPARTAMENTO	DE	ÁGUAS	E	ENERGIA	ELÉTRICA	–	DAEE,	INSTITUTO	GEOLÓGICO	–	IG,	INSTITUTO	DE	
      PESQUISAS	TECNOLÓGICAS	–	IPT,	SERVIÇO	GEOLÓGICO	DO	BRASIL	–	CPRM.	Mapa de Águas Subterrâneas do
      Estado de São Paulo.	CD-ROM.	2007.

      IRITANI,	M.	A;	EZAKI,	S.	As águas subterrâneas do Estado de São Paulo.	São	Paulo:	Secretaria	de	Estado	do	Meio	Ambiente	–	
      SMA,	2008.

      REBOUÇAS,	A.	C.;	BRAGA,	B.;	TUNDISI,	J.	G.	Águas	doces	no	Brasil:	Capital	ecológico,	uso	e	conservação.	3.	ed.	São	Paulo:	Es-
      crituras,	2006.	

      SÃO	PAULO	(Estado).	Secretaria	de	Energia,	Recursos	Hídricos	e	Saneamento.	DAEE.	Conselho	Estadual	de	Recursos	Hídricos.	
      Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007.	São	Paulo,	2005.

      SECRETARIA	DO	MEIO	AMBIENTE	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	SMA/SP.	Coordenadoria	de	Recursos	Hídricos.	Da-
      dos	fornecidos.	São	Paulo:	SMA/CRHi,	2010.




100
3.2 recursos Pesqueiros
A	pesca	vem	sendo	praticada	desde	os	primórdios	da	humanidade,	garantindo	a	sobrevivência	dos	povos	ao	lon-
go	dos	milênios.	Nos	últimos	séculos	adquiriu	caráter	comercial	com	o	desenvolvimento	de	técnicas	de	captura	
de	larga	escala,	mas	continua	sendo	fonte	de	subsistência	para	inúmeras	comunidades	que	praticam	a	atividade	
de	forma	artesanal,	repassando	o	conhecimento	de	seus	antepassados	às	novas	gerações.

No	Estado	de	São	Paulo	a	pesca	é	praticada	no	ambiente	marinho,	ao	longo	da	costa,	e	no	continente,	basicamen-
te	em	áreas	represadas	e	em	trechos	livres	de	grandes	rios.	Esta	atividade	serve	como	fonte	de	renda	e	alimento	
de	populações	ribeirinhas,	e,	em	alguns	casos,	acaba	sendo	a	única	oportunidade	de	emprego	para	determinados	
grupos	de	indivíduos	e	para	a	população	excluída.	

Segundo	a	Lei	Estadual	nº	11.165/02,	que	institui	o	Código	de	Pesca	e	Aquicultura	do	Estado,	a	atividade	pes-
queira	pode	ser	definida	como:	profissional,	quando	o	pescador	a	tem	como	sua	atividade	econômica	principal,	
seja	ela	realizada	de	maneira	artesanal6,	em	pequena	escala7	ou	em	grande	escala8	e;	amadora,	aquela	praticada	
com	finalidades	de	turismo,	lazer	ou	desporto,	não	podendo	o	seu	produto	ser	comercializado	ou	industrializa-
do,	incluindo-se	nesta	categoria	os	Pesque-Pagues.

Estima-se,	para	o	litoral	paulista,	a	existência	de	cerca	de	9.200	pescadores	artesanais,	sendo	por	volta	de	2.700	
pescadores	na	Baixada	Santista,	2.350	no	Litoral	Norte	e	4.150	no	Litoral	Sul	(DA	SILVA	E	LOPES,	2010),	
o	que	demonstra	a	importância	social	da	atividade.	Não	é	possível	fazer	uma	estimativa	confiável	a	respeito	dos	
pescadores	continentais.			

Um	problema	que	acompanha	a	pesca	e	que	é	capaz	de	inviabilizá-la,	caso	não	seja	bem	gerenciado,	é	a	sobrepes-
ca.	Existem	dois	tipos	de	sobrepesca:	a	sobrepesca	de	recrutamento	e	a	sobrepesca	de	crescimento.	

O	primeiro	se	dá	quando	ocorre	uma	redução	significativa	do	número	de	indivíduos	em	idade	de	reprodução.	
Este	tipo	de	sobrepesca	pode	conduzir	um	determinado	estoque	à	extinção	e	é	mais	frequente	entre	espécies	
caracterizadas	por	um	baixo	crescimento	depois	da	maturação	sexual.	As	pescarias	sobre	pequenos	pelágicos	
(sardinha,	arenque,	anchoveta	e	chicharro)	são	muito	sujeitas	à	sobrepesca	de	recrutamento.

O	segundo	tipo	de	sobrepesca	ocorre	quando	indivíduos	mais	jovens	são	progressivamente	capturados	em	uma	
situação	em	que	não	há	sobrepesca	de	recrutamento.	Nesse	caso,	a	ameaça	à	reprodução	do	estoque	é	imposta	
pela	retirada	dos	membros	que	atingirão	idade	de	reprodução.	Tal	variedade	de	sobrepesca	é	mais	comum	em	
peixes	que	apresentam	crescimento	considerável,	mesmo	depois	de	maduros	sexualmente	(tubarão,	grandes	lin-
guados,	etc.).

Para	se	evitar	o	problema	da	sobrepesca	e	da	perda	da	biodiversidade	marinha	em	geral	(com	todas	as	suas	con-
sequências),	há	a	necessidade	de	uma	gestão	mais	integrada	e	inovadora	dos	recursos	marinhos.

	Uma	forma	que	têm	se	mostrado	eficiente	na	gestão	dos	recursos	costeiros	e	marinhos	mundiais	é	a	criação	das	
Áreas	Marinhas	Protegidas,	ou	como	foram	legalmente	instituídas	no	Estado	de	São	Paulo,	as	Áreas	de	Proteção	
Ambiental	(APA)	Marinhas.	As	três	APA	Marinhas	de	São	Paulo	(Figura	3.18),	a	saber,	Litoral	Norte,	Litoral	
Centro	e	Litoral	Sul,	protegem	um	total	aproximado	de	1.123.108	ha	da	costa	paulista	e	buscam	disciplinar,	de	
forma	participativa,	o	uso	e	exploração	dos	recursos	marinhos	como	forma	de	proteção	da	biodiversidade	para	
as	gerações	presentes	e	futuras.	


6		A	pesca	artesanal	é	aquela	praticada	diretamente	por	pescador	profissional,	de	forma	autônoma,	em	regime	de	economia	familiar	ou	em	
regime	de	parceria	com	outros	pescadores,	com	finalidade	comercial.
7		A	pesca	de	pequena	escala	é	praticada	por	pessoa	física	ou	jurídica,	através	de	pescadores	profissionais,	empregados	ou	em	regime	de	
parceria,	utilizando	embarcações	de	pequeno	porte,	tendo	por	finalidade	comercializar	o	produto.
8		A	pesca	empresarial	ou	de	grande	escala	é	a	praticada	por	pessoa	física	ou	jurídica,	através	de	pescadores	profissionais,	empregados	ou	
em	regime	de	parceria,	utilizando	embarcações	de	médio	ou	grande	porte,	tendo	por	finalidade	a	comercialização	do	produto.	




                                                                                                                                              101
FiGura 3. 18
                             áreas de Proteção aMbiental MarinHas do estado de são Paulo




                                                          Fonte SMA/CPLA (2010)




      3.2.1 Pesca continental
      A	pesca	profissional	continental	é	realizada	principalmente	nas	bacias	dos	rios	Grande,	Paraná	e	Paranapanema.	
      Alguns	 pontos	 críticos	 para	 a	 realização	 desta	 atividade	 podem	 ser	 destacados:	 leis	 e	 portarias	 pouco	 claras;	
      carência	de	políticas	públicas	de	incentivo	à	implantação	de	entrepostos	pesqueiros	com	infraestrutura	mínima	
      para	limpeza,	processamento	e	comercialização;	falta	de	organização	associativa	e	apoio	insuficiente	das	colônias	
      de	pescadores	às	comunidades	de	pescadores	artesanais	profissionais;	ausência	de	cadastramento	do	número	de	
      pescadores	artesanais	profissionais	efetivos	junto	às	colônias	de	pescadores;	baixo	aproveitamento	dos	resíduos	
      produzidos	no	processamento	do	pescado;	e	falta	de	uma	política	para	resolução	de	conflitos	entre	pesca	profis-
      sional	e	amadora.

      As	 espécies	 mais	 capturadas	 segundo	 o	 Levantamento	 da	 Pesca	 Profissional	 Continental	 no	 Estado	 de	 São	
      Paulo	em	2008	(VERMULM	JR	et	al.,	2010)	foram	o	Curimbatá	e	a	Traíra	no	rio	Paranapanema;	o	Acará	e	a	
      Piapara	no	rio	Paraná;	e,	o	Mandi	e	a	Corvina	no	rio	Grande.	No	total	foram	capturadas	cerca	de	380	toneladas	
      de	pescado	dos	quais	cerca	de	70%	provêm	do	rio	Paraná.

      A	Figura	3.19	que	se	segue	ilustra	a	evolução	do	pescado	capturado	nos	três	rios	ao	longo	dos	anos.	Apesar	do	
      pico	observado	no	início	da	década,	nota-se	a	tendência	de	queda	na	captura	do	pescado	ao	longo	da	série	histó-
      rica.	Isto	se	deve	aos	pontos	críticos	mencionados	anteriormente	e	que,	de	forma	geral,	dizem	respeito	à	gestão	
      da	atividade	pesqueira	continental.	Uma	melhor	eficiência	na	gestão	desses	recursos	pode	assegurar	a	sustenta-
      bilidade	dos	estoques	em	longo	prazo.




102
FiGura 3. 19
           Produção da Pesca ProFissional continental no estado de são Paulo de 1997 a 2008


                                     Rio Grande           Rio Paraná                Rio Paranapanema

                        800

                        700

                        600
            Toneladas




                        500

                        400
                                                                                                               270,6
                        300

                        200
                                                                                                                68,5
                        100
                                                                                                                45,8
                          0
                              1997   1998   1999   2000   2001     2002     2003   2004   2005   2007   2008


                                                     Fonte: Vermulm et al (2010)



3.2.2 Pesca marinha
A	pesca	extrativista	marinha	se	desenvolve	em	todo	o	litoral	paulista.	Cada	região,	o	Litoral	Norte	com	seus	
recortes	e	pequenas	baías,	a	Baixada	 Santista	com	suas	características	 metropolitanas,	 e	 o	Litoral	Sul	 com	 o	
Complexo	 Estuarino-Lagunar	 Iguape-Cananéia-Ilha	 Comprida,	 apresenta	 suas	 próprias	 especificidades,	 que	
vão	determinar	o	tipo	da	pesca,	as	técnicas	utilizadas,	as	espécies	e	a	quantidade	capturada.

De	acordo	com	o	Relatório	Estatístico	do	Ministério	da	Pesca	2008/2009,	o	Estado	de	São	Paulo	pro-
duziu	cerca	de	27,5	mil	toneladas	de	pescado	a	partir	da	pesca	extrativa	marinha,	ocupando	o	sexto	lugar	
na	produção	nacional	de	pescado.	A	Figura	3.20	ilustra	a	evolução	da	pesca	extrativa	marinha	de	2003	a	
2009.	Nota-se	uma	volta	aos	patamares	de	produção	de	2003	e	2004	após	um	breve	período	de	aumento	
na	produção	de	2005	a	2008.




                                                                                                                       103
FiGura 3. 20
                             Produção da Pesca extrativa MarinHa no estado de são Paulo de 2003 a 2009


                             36.000
                                                                                                           33.771
                             34.000                                             33.087

                             32.000                                                             33.379

                             30.000
                 Toneladas




                                                    27.702
                             28.000
                                                                                                                       27.561
                             26.000     27.256

                             24.000
                                                                     23.824

                             22.000

                             20.000
                                      2003       2004         2005            2006           2007        2008       2009


                                                   Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura (2010)



      Para	o	ano	de	2010,	a	partir	do	“Informe	da	Produção	Pesqueira	Marinha	e	Estuarina	do	Estado	de	São	Paulo”	
      publicada	pelo	Instituto	de	Pesca	em	setembro	de	2010,	tem-se	a	estimativa	preliminar	da	produção	pesqueira	
      entre	Janeiro	e	Setembro,	que	gira	em	torno	de	14.600	toneladas	de	pescado	desembarcado.	Desse	total,	63%	
      corresponde	à	produção	da	Baixada	Santista,	com	Santos/Guarujá	como	o	maior	produtor;	20%	corresponde	à	
      produção	do	Litoral	Sul,	com	Cananéia	como	principal	município	produtor;	e	17%	corresponde	à	produção	do	
      Litoral	Norte,	tendo	Ubatuba	como	maior	produtor.	

      As	espécies	mais	capturadas	foram,	respectivamente,	a	Corvina,	a	Sardinha-verdadeira	e	o	Camarão-sete-barbas.	
      As	duas	primeiras	espécies	encontram-se	na	Lista	de	Espécies	da	Fauna	Ameaçada	de	Extinção	no	Estado	de	
      São	Paulo	(Decreto	Estadual	nº	53.494/08),	na	categoria	sobreexplotadas.

      Uma	descrição	mais	detalhada	da	estruturação	da	pesca	extrativa	marinha	no	litoral	paulista,	com	a	descrição	
      dos	atores	envolvidos	e	propostas	de	fortalecimento,	pode	ser	vista	no	Plano	de	Extensão	Rural	e	Pesqueira	para	
      o	Litoral	Paulista,	por	Silva	e	Graça	Lopes	(2010),	publicado	pelo	Instituto	de	Pesca.	


      3.2.3 aquicultura
      O	crescimento	da	população,	a	urbanização	e	o	aumento	da	renda	per	capita	fizeram	com	que	o	consumo	mun-
      dial	de	pescado	mais	do	que	triplicasse	nos	últimos	quarenta	anos,	passando	de	28	milhões	de	toneladas,	em	
      1961,	para	96	milhões	em	2001.

      A	aqüicultura,	seja	ela	praticada	em	água	doce	ou	água	salgada,	consiste	numa	possibilidade	sustentável	(desde	
      que	realizada	dentro	da	capacidade	de	suporte	do	ambiente)	de	produção	de	pescados.	Pode	ser	usada	para	pro-
      dução	de	peixes	(tilápias,	carpas,	trutas,	pacus,	piaparas,	etc.),	moluscos,	ostras,	mexilhões,	camarões,	algas	e	rãs.	

      Sua	grande	diferença	em	relação	à	pesca	extrativa	é	que	os	organismos	não	são	extraídos	a	esmo	da	natureza,	
      embora	em	algumas	formas	de	produção,	como	as	ostras,	seja	necessário	a	extração	da	natureza	para	o	posterior	
      cultivo.	Para	muitos	cultivos	é	possível	realizar	todo	o	processo	em	criadouros	(viveiros,	tanques-rede,	etc.),	o	que	
      diminui	o	impacto	às	comunidades	naturais	pela	retirada	desenfreada	de	organismos,	permitindo	que	retomem	
      seu	equilíbrio	natural.




104
Porém,	embora	a	aquicultura	alivie	a	pressão	sobre	os	estoques	pesqueiros,	marinhos	e	continentais,	esta	ati-
vidade,	caso	não	seja	executada	de	acordo	com	os	parâmetros	estabelecidos	pela	legislação	ambiental,	também	
pode	gerar	impactos,	que	vão	desde	a	destruição	de	mangues	e	de	outras	formas	de	vegetação	nativa	(para	
a	instalação	dos	tanques	de	criação),	até	conflitos	pelo	uso	da	água	e	a	poluição	orgânica	de	rios	e	estuários	
(descarte	de	efluentes).	

É	por	isso	que,	para	a	sustentabilidade	do	setor,	a	aquicultura	necessita	de	uma	gestão	apropriada	das	suas	inte-
rações	com	o	ambiente	durante	as	ações	de	planejamento	e	implementação	(FAO,	2006).

A	Figura	3.21	abaixo	apresenta	uma	comparação	da	evolução	da	produção	do	pescado	pela	pesca	e	aqüicultura,	
marinha	e	continental.	Observando-se	os	números	da	pesca	continental	e	marinha,	vê-se	a	tendência	de	estagna-
ção	na	produção	nos	últimos	anos.	Isso	vem	ocorrendo	com	os	estoques	pesqueiros	do	mundo	todo.	


                                                             FiGura 3. 21
                        Produção da Pesca e aQuicultura no estado de são Paulo de 2003 a 2009


                                     Pesca marinha                                  Pesca con nental
                                     Aquicultura marinha                            Aquicultura con nental

                     45.000
                                                                                                                38.503
                     40.000

                     35.000
         Toneladas




                     30.000

                     25.000
                                                                                                                27.561
                     20.000

                     15.000
                                                                                                                 10.495
                     10.000

                      5.000
                                                                                                                 143
                          0
                              2003          2004           2005           2006            2007         2008   2009

                                              Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura (2010)



Como	já	comentado,	nota-se	a	estagnação	ou	queda	de	produção	nas	pescas	continental	e	marinha,	uma	aquicul-
tura	marinha	(ou	maricultura)	incipiente	e	sub-explorada,	e,	um	crescente	aumento	na	produção	da	aquicultura	
continental,	que	veio	a	ser	responsável	pela	maior	quantidade	de	pescado	produzido	no	Estado	em	2009,	com	
quase	40	mil	toneladas.

Devido	a	esse	declínio	na	produção	tradicional	do	pescado,	muitas	vezes	fruto	da	sobreexplotação	das	espécies,	
que	impede	a	renovação	dos	estoques	naturais,	a	produção	da	aquicultura	terá	um	papel	crucial	nas	próximas	
décadas,	na	compensação	da	produção	da	pesca	e	da	crescente	demanda	por	produtos	de	organismos	aquáticos.	
Para	isso	é	necessário	o	estabelecimento	de	marcos	regulatórios,	normatização	e	implementação	de	boas	práticas	
de	produção,	além	de	instrumentos	socioeconômicos	de	incentivo	e	inclusão.	

O	Instituto	de	Pesca,	vinculado	à	Secretaria	de	Estado	da	Agricultura	e	Abastecimento,	tem	como	um	de	seus	
objetivos	dar	suporte	à	aquicultura	paulista,	fornecendo	informações	e	assistência	técnica	a	criadores	de	organis-
mos	aquáticos,	produtores	rurais,	prefeituras,	instituições	governamentais	e	não	governamentais	e	interessados	
em	geral.	Conta	com	centros	de	pesquisa	na	capital,	litoral	e	interior,	e,	através	de	seu	corpo	técnico,	realiza	visitas	
a	propriedades	rurais	para	avaliação	da	viabilidade	de	implantação	de	projetos	aquícolas.




                                                                                                                            105
referências
      MINISTÉRIO	DA	PESCA	E	AQUICULTURA	–	MPA.		Produção	Pesqueira	e	Aquícola.	Estatística	2008	e	2009. Disponível	em:	
      <http://www.mpa.gov.br>	Acesso	em:	nov.	2010.	

      FOOD	AND	AGRICULTURE	ORGANIZATION	–	FAO.	Fisheries	Department	State	of	world	aquaculture	2006.	FAO Fisheries
      Technical Paper.	Rome:	FAO,	2006.

      SILVA,	N.	J.	R.	da;		Graça	Lopes,	R.	Plano	de	Extensão	Rural	e	Pesqueira	para	o	Litoral	Paulista.	Série Relatórios Técnicos n. 44.	São	
      Paulo:	Instituto	de	Pesca,	2010.	

      VERMULM	JR.,	H.	et	al.	Levantamento	da	pesca	profissional	continental	no	Estado	de	São	Paulo,	1994	a	2008.	Série Relatórios
      Técnicos.	Instituto	de	Pesca:	São	Paulo,	2010.	




106
3.3 saneamento ambiental
De	acordo	com	a	Lei	Federal	nº	11.445/07,	que	estabelece	as	diretrizes	nacionais	e	a	política	federal	de	sanea-
mento,	o	saneamento	básico	é	composto	pelo	conjunto	de	serviços,	infra-estruturas	e	instalações	operacionais	de:	
abastecimento	de	água	potável;	esgotamento	sanitário;	limpeza	urbana	e	manejo	de	resíduos	sólidos;	e	drenagem	
e	manejo	das	águas	pluviais	urbanas.
Os	sistemas	de	abastecimento	de	água	potável	envolvem	desde	a	captação	da	água	bruta	nos	mananciais	superfi-
ciais	ou	subterrâneos,	passando	pelo	transporte	da	mesma	até	as	instalações	onde	ocorre	seu	tratamento,	visando	
atender	os	padrões	de	potabilidade	estabelecidos	pela	Portaria	do	Ministério	da	Saúde	nº	518/04,	até	a	reserva-
ção	e	a	distribuição	da	água	tratada	às	ligações	prediais	e	seus	respectivos	instrumentos	de	medição.	
Por	sua	vez,	os	sistemas	de	esgotamento	sanitário	compreendem	desde	a	coleta	do	esgoto	gerado	nos	domicílios,	seu	
transporte	para	as	estações	de	tratamento,	nas	quais	se	reduz	o	potencial	poluidor	e	de	geração	de	agravos	à	saúde,	e	o	
lançamento	dos	efluentes	nas	coleções	d’água,	visando	atender	aos	padrões	estabelecidos	na	legislação	federal	e	estadual.
A	limpeza	urbana	e	o	manejo	de	resíduos	sólidos	abarcam	todas	as	atividades	relacionadas	ao	gerenciamento	
dos	resíduos	sólidos	domiciliares	e	daqueles	provenientes	dos	sistemas	de	varrição	e	limpeza	dos	logradouros	
públicos,	como	a	coleta,	o	transporte,	o	tratamento	e	a	disposição	final	destes	resíduos.	
Já	a	drenagem	urbana	e	o	manejo	de	águas	pluviais	congregam	os	dispositivos	e	as	ações	relativas	à	coleta	e	ao	
transporte	das	águas	pluviais,	bem	como	estruturas	para	amortecer	as	cheias	e	direcionar	as	águas	drenadas	de	
maneira	a	evitar	enchentes,	alagamentos	e	o	agravamento	de	processos	erosivos.
A	concepção	de	saneamento	ambiental	amplia	o	horizonte	estabelecido	pela	Lei	Federal	nº	11.445/2007,	incluindo	
a	gestão	de	outras	categorias	de	resíduos	sólidos,	como	os	provenientes	de	serviços	de	saúde	e	de	obras	de	constru-
ção	e	demolição,	como	também	a	identificação	e	a	recuperação	de	áreas	contaminadas,	de	maneira	a	promover	a	
manutenção	e	a	melhoria	da	qualidade	ambiental,	fator	essencial	para	a	qualidade	de	vida	da	população.

3.3.1 abastecimento de água
Dentre	as	quatro	vertentes	do	saneamento	básico	descritas	acima,	no	Brasil,	o	abastecimento	de	água	potável	
é	a	que	se	encontra	mais	consolidada.	No	Estado	de	São	Paulo,	o	quadro	se	assemelha	ao	nacional,	e	podemos	
ver	hoje	todos	os	municípios	paulistas	contando	com	rede	de	distribuição	de	água	(IBGE,	2010).	Entretanto,	
a	oferta	deste	serviço	ainda	não	atinge	a	totalidade	dos	domicílios,	conforme	dados	do	Ministério	das	Cidades	
(MCidades,	2010b),	contidos	no	Sistema	Nacional	de	Informações	sobre	Saneamento	(SNIS)	e	divulgados	na	
publicação	“Diagnóstico	dos	Serviços	de	Água	e	Esgotos	2008”.	
Segundo	a	Coordenadoria	de	Recursos	Hídricos	(CRHi)	da	Secretaria	de	Estado	do	Meio	Ambiente,	o	Índice	de	
Atendimento	de	Água	(IAA),	que	representa	a	porcentagem	da	população	total	de	cada	município	efetivamente	aten-
dida	por	abastecimento	público	de	água,	pode	ser	classificado	em	três	categorias,	como	pode	ser	visto	na	Tabela	3.22.	

                                                       tabela 3. 22
                                                    classes do iaa

                                      intervalo                       abastecimento de água
                                     iaa < 50%                                   ruim
                                  50% < iaa < 90%                               regular
                                     iaa > 90%                                   bom

                                                    Fonte: SMA/CRHi (2010)

A	Figura	3.22	mostra	a	distribuição	percentual	dos	municípios	do	Estado	enquadrados	nas	classes	do	IAA,	por	
UGRHI	e,	a	Figura	3.23,	o	mapa	dos	municípios	por	classes	do	IAA,	ambos	em	2008.




                                                                                                                            107
FiGura 3. 22
        distribuição Percentual dos MunicíPios do estado de são Paulo enQuadrados
                            nas classes do iaa Por uGrHi eM 2008


                                  Bom             Regular              Ruim           Sem Dados
      100%
                                 11                         12                   9                  12             8
                  18                                                   17                                              14
      90%                                                                                   21                     4
             33             30   5
                                            33
                                               27 29         6    26
                                                                            32        28 24              26 28
                                                                                                                       5
      80%         9                                                                            2
                       50                                                                 3
      70%                              56
                                 37                                    33
      60%                                             21                                            60
                                                                            26
      50%         47        35                   41         58                        38 39                   41 69 57
                                                                                 88            55        55
      40%                                                         70
             67                             67
      30%
                       50        47 44                50               50
      20%                                                                   41
                            35                   32                                   34 33                   31
                  26                                        24                                      28
      10%                                                                                      21        19        19 24
       0%                                                         4              3
             1    2    3    4    5      6    7    8    9     10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

                                                                 UGRHI


                                      Fonte: MCidades (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)



                                                           FiGura 3. 23
                            iaa dos MunicíPios do estado de são Paulo eM 2008




                                      Fonte: MCidades (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




108
Como	se	observa	na	Figura	3.22,	na	maioria	das	UGRHI,	o	percentual	de	municípios	que	apresentam	menos	
da	metade	de	sua	população	efetivamente	atendida	por	rede	de	abastecimento	de	água	não	atinge	10%,	exceção	
feita	às	UGRHI	01	(Mantiqueira)	e	11	(Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul).	Dentre	as	UGRHI	que	apresentaram	
melhor	desempenho,	que	contam	com	pelo	menos	a	metade	dos	municípios	enquadrados	num	nível	de	atendi-
mento	bom,	encontram-se	as	UGRHI	03	(Litoral	Norte),	07	(Baixada	Santista),	09	(Mogi-Guaçu)	e	12	(Baixo	
Pardo/Grande).	

Vale	ressaltar	que	a	análise	destes	resultados	deve	levar	em	conta	a	expressiva	quantidade	de	municípios	que	não	
forneceram	dados	ao	SNIS,	uma	vez	que,	em	somente	quatro	das	22	UGRHI	do	Estado	todos	os	municípios	
forneceram	dados.



3.3.2 esgotamento sanitário
Dentre	as	pressões	ambientais	advindas	dos	assentamentos	humanos,	assume	papel	de	destaque	o	lançamento	
de	grandes	quantidades	de	matéria	orgânica	nos	corpos	d’	água,	de	maneira	difusa	ou	por	meio	dos	sistemas	
de	esgotamento	sanitário.		Esse	lançamento	pode	prejudicar	a	qualidade	da	água,	pois	potencializa	a	atuação	
de	microorganismos	que	degradam	a	matéria	orgânica,	consumindo	para	isso	o	oxigênio	dissolvido	nas	águas.	 	
A	queda	nos	níveis	de	oxigênio	dissolvido	inviabiliza	a	sobrevivência	de	grande	parte	dos	organismos	que	
compõe	a	comunidade	aquática,	reduzindo	assim	a	biodiversidade	nesses	ambientes.	Para	além	da	perda	de	
biodiversidade,	os	baixos	níveis	de	oxigênio	dissolvido	possibilitam	a	proliferação	de	microorganismos	que	
sobrevivem	em	condições	de	anaerobiose	e	geram	em	seus	processos	metabólicos	gases	como	o	metano	(CH4)	
e	o	gás	sulfídrico	(H2S),	causando	maus	odores	que	depreciam	a	qualidade	de	vida	da	população	que	vive	
próxima	a	esses	corpos	d’	água.

Para	 mensurar	 a	 carga	 orgânica	 presente	 em	 determinado	 efluente,	 utilizamos	 aqui	 a	 Demanda	 Bioquímica	
de	 Oxigênio	 (DBO),	 que	 consiste	 na	 quantidade	 de	 oxigênio	 dissolvido	 consumido	 pelos	 microorganismos	
aquáticos	na	degradação	da	matéria	orgânica,	num	determinado	intervalo	de	tempo	e	a	uma	dada	temperatura	de	
incubação.	Por	convenção,	adota-se	o	período	de	cinco	dias	e	uma	temperatura	de	20°	C.	A	Associação	Brasileira	
de	Normas	Técnicas	(ABNT),	através	da	norma	NBR	12209:1992,	estabelece	como	parâmetro	para	projetos	de	
estações	de	tratamento	de	esgoto,	a	contribuição	individual	de	54	g	DBO	por	habitante	por	dia,	a	partir	da	qual	
pode	ser	estimado	o	aporte	de	carga	orgânica	gerado	pela	população	dos	municípios.

Portanto,	a	carga	orgânica	poluidora	potencial	é	a	quantidade	de	matéria	orgânica	gerada	estimada	em	função	
da	população,	ou	seja,	a	quantidade	que	seria	lançada	nos	corpos	d’água	caso	não	houvesse	nenhuma	forma	de	
tratamento	de	efluentes.	Já	a	carga	orgânica	poluidora	remanescente	apresenta	os	valores	de	carga	poluidora	que	
efetivamente	são	lançados	nos	corpos	hídricos	após	sua	coleta	e	tratamento,	quando	existente.	

No	Estado	de	São	Paulo	em	2009,	segundo	a	CETESB	(2010b),	a	carga	orgânica	poluidora	potencial	de	origem	
doméstica	 foi	 de	 2.090.588	 kg	 DBO/dia.	 Destes,	 1.285.603	 kg	 DBO/dia	 (61%)	 foram	 lançados	 em	 corpos	
d’água.	 A	 Figura	 3.24	 apresenta	 a	 carga	 orgânica	 remanescente	 de	 origem	 doméstica	 em	 valor	 absoluto	 (kg	
DBO/dia),	por	UGRHI,	em	2009.	Podemos	observar	que	somente	a	UGRHI	06	(Alto	Tietê)	é	responsável	
por	aproximadamente	54%	(691.659	kg	DBO/dia)	de	toda	carga	orgânica	remanescente	do	Estado,	seguida	pela	
UGRHI	05	(PCJ),	que	lança	nos	rios	quase	13%	(165.704	kg	DBO/dia)	do	total.




                                                                                                                          109
FiGura 3. 24
                                                                      carGa orGânica Poluidora reManescente Por uGrHi eM 2009


                                                          800.000




                                                                         9
                                                                        65
                                                                      1.
               Carga orgânica remanescente (kg DBO/dia)




                                                                    69
                                                          700.000

                                                          600.000

                                                          500.000

                                                          400.000

                                                          300.000
                                                                              4
                                                                             70




                                                          200.000
                                                                           5.
                                                                         16

                                                                                              02
                                                                                           41
                                                                                            .9




                                                                                   42 58
                                                                                    46 42


                                                                                 25 06

                                                          100.000
                                                                                         82

                                                                                         .7




                                                                               17 24
                                                                                        .1
                                                                                       .6




                                                                               15 3
                                                                                       .4




                                                                              10 53
                                                                               12 3
                                                                                     57




                                                                               10 2
                                                                               11 6
                                                                               11 3




                                                                              9. 4
                                                                                      8




                                                                              6. 0
                                                                                     0
                                                                                    46




                                                                                     9
                                                                                    .0




                                                                                     9
                                                                                     5




                                                                                     5
                                                                                     5




                                                                                     4
                                                                                    7
                                                                                    5
                                                                                   .1




                                                                                    1
                                                                                    0
                                                                                   .7




                                                                                  96
                                                                                   .0
                                                                                  .9
                                                                                  .9
                                                                                  .6


                                                                                  .2
                                                                                 73




                                                                                 76
                                                                                 83
                                                                                 77


                                                                                84
                                                                                62
                                                                               7.




                                                                              3.
                                                                              4.


                                                                              2.
                                                                              1.
                                                                0
                                                                     6    5   7   2   9 13 10 15        4 21 19        8 17 14       3 16 11 12 22 20   1 18
                                                                                                             UGRHI


                                                                                      Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




      Importante	indicador	das	condições	dos	sistemas	de	esgotamento	sanitário,	a	proporção	de	carga	orgânica	po-
      tencialmente	 gerada	 pela	 população	 que	 é	 removida	 pelos	 sistemas	 de	 tratamento,	 reflete	 a	 contribuição	 dos	
      mesmos	para	a	manutenção	da	qualidade	ambiental.	Portanto,	além	do	afastamento	do	esgoto	gerado	pela	po-
      pulação,	um	dos	principais	enfoques	das	ações	de	saneamento	consiste	no	tratamento	e	na	consequente	redução	
      do	potencial	poluidor	desses	efluentes.	A	Tabela	3.23	apresenta	a	evolução	do	percentual	de	redução	de	carga	
      orgânica	potencial	de	origem	doméstica	em	cada	UGRHI	do	Estado	de	São	Paulo.




110
tabela 3. 23
                     Percentual de redução de carGa orGânica Por uGrHi de 2006 a 2009

                                                                             % redução de carga orgânica
                                   uGrHi
                                                                     2006            2007       2008       2009
             01 – Mantiqueira                                          3%             6%        3%         3%
             02 – Paraíba do sul                                      26%            31%        30%        42%
             03 – litoral norte                                       22%            24%        26%        29%
             04 – Pardo                                               42%            49%        58%        68%
             05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                         22%            34%        34%        35%
             06 – alto tietê                                          30%            31%        30%        32%
             07– baixada santista                                     48%             7%        7%         8%
             08 – sapucaí/Grande                                      51%            63%        58%        66%
             09 – Mogi-Guaçu                                          26%            27%        30%        35%
             10 – sorocaba/Médio tietê                                41%            40%        44%        51%
             11 – ribeira de iguape/litoral sul                       39%            42%        26%        41%
             12 – baixo Pardo/Grande                                  56%            62%        59%        59%
             13 – tietê/Jacaré                                        27%            31%        29%        40%
             14 – alto Paranapanema                                   62%            59%        58%        65%
             15 – turvo/Grande                                        22%            26%        25%        59%
             16 – tietê/batalha                                       43%            57%        56%        60%
             17 – Médio Paranapanema                                  58%            58%        68%        64%
             18 – são José dos dourados                               78%            85%        83%        85%
             19 – baixo tietê                                         62%            60%        63%        65%
             20 – aguapeí                                             68%            68%        71%        78%
             21 – Peixe                                               31%            30%        33%        33%
             22 – Pontal do Paranapanema                              68%            73%        70%        79%
                          estado de são Paulo                         33%            34%        34%        39%

                                         Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Podemos	 observar	 uma	 situação	 crítica	 nas	 UGRHI	 01	 (Mantiqueira)	 e	 07	 (Baixada	 Santista),	 que	
apresentaram	 os	 piores	 índices,	 3%	 e	 8%	 respectivamente,	 e	 o	 alto	 desempenho	 verificado	 na	 UGRHI	 18	
(São	José	dos	Dourados),	que	apresentou	percentual	de	redução	de	85%,	o	mais	alto	entre	todas	as	bacias.	
Cabe	ressaltar	que	o	Decreto	Estadual	nº	8.468/76,	que	regulamentou	a	Lei	Estadual	nº	997/76,	estabeleceu	
como	padrão	de	emissão	para	o	lançamento	de	efluentes	em	corpos	d’	água	o	patamar	de	60	mg/L	de	DBO,	
sendo,	a	ultrapassagem	desse	limite,	permitida	somente	quando	a	eficiência	do	sistema	de	tratamento	seja	de	
no	mínimo	de	80%.	A	Figura	3.25	apresenta	o	percentual	de	redução	carga	orgânica	dividido	em	faixas,	por	
UGRHI,	em	2009.	




                                                                                                                      111
FiGura 3. 25
                         distribuição do Percentual de redução de carGa orGânica Por uGrHi eM 2009




                                                       Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      Para	aferir	a	situação	dos	municípios	paulistas	quanto	ao	desempenho	de	seus	sistemas	de	tratamento	de	esgotos	
      sanitários,	CETESB	desenvolveu	o	Indicador	de	Coleta	e	Tratabilidade	de	Esgoto	do	Município	(ICTEM).	
      Este	indicador	tem	como	objetivo	verificar	a	efetiva	remoção	da	carga	orgânica	poluidora	em	relação	à	carga	
      orgânica	po	 encial	gerada	pelas	populações	urbanas	dos	municípios,	sem	deixar	de	observar,	entretanto,	outros	
                   t
      importantes	aspectos	relativos	ao	sistema	de	tratamento,	que	vão	desde	a	coleta,	o	afastamento	e	o	tratamento	
      dos	esgotos,	até	a	destinação	dada	aos	lodos	gerados	nas	estações	de	tratamento	e	os	impactos	causados	aos	
      corpos	hídricos	receptores	dos	efluentes.	A	Tabela	3.24	mostra	os	elementos	que	compõe	o	indicador	e	suas	
      respectivas	contribuições.	

                                                                           tabela 3. 24
                                                                   coMPosição do icteM

                                        elementos do indicador                                             composição (%)                  Ponderação
       Coleta                                                                                                       15                          1,5
       Tratamento e eficiência de remoção                                                                           15                          1,5
       Eficiência global de remoção                                                                                 65                          6,5
       Destino adequado de lodos e resíduos de tratamento                                                           2                           0,2
       Efluente da estação não desenquadra a classe do corpo receptor                                               3                           0,3
                                                   total                                                           100                           1

                                                                  Fonte: Novaes; Soares; Neto (2007)
      Notas:
      1)	coleta:	%	da	população	urbana	atendida	por	rede	de	esgotos	ou	sistemas	isolados.
      2)	tratamento	e	eficiência	de	remoção:	%	da	população	urbana	com	esgoto	tratado.
      3)	a	eficiência	global	de	remoção	depende	da	eficiência	unitária	das	ETE.	Se	a	eficiência	global	for	igual	ou	maior	que	80%,	o	valor	para	esse	elemento	do	
      indicador	será	de	6,5.




112
Em	função	da	nota	do	ICTEM,	que	pode	variar	de	zero	a	dez,	os	sistemas	de	esgotamento	sanitário	dos	muni-
cípios	são	classificados	em	quatro	em	faixas,	como	pode	ser	visto	na	tabela	que	segue.

                                                          tabela 3. 25
                                                      classes do icteM

                             intervalo                                 sistema de esgotamento sanitário

                           icteM ≤ 2,5                                               Péssimo
                         2,5 < icteM ≤ 5,0                                               ruim
                         5,0 < icteM ≤ 7,5                                            regular
                        7,5 < icteM ≤ 10,0                                               bom

                                                       Fonte: CETESB (2010d)


É	importante	frisar	que	este	indicador	foi	instituído	recentemente	no	âmbito	da	CETESB	e,	em	função	disto,	
inexiste	uma	série	histó	 ica	do	mesmo.	Desse	modo,	são	apresentados	na	Tabela	3.26	os	dados	de	2008	e	2009	
                        r
por	UGRHI	e	para	o	Estado	de	São	Paulo.	Na	sequência,	são	apresentado	dois	mapas:	um	com	as	notas	do	
ICTEM	por	UGRHI	e	outro	por	município,	todos	relativos	ao	dado	de	2009.

                                                          tabela 3. 26
                                             icteM Por uGrHi eM 2008 e 2009

                                                                                          icteM
                                              uGrHi
                                                                                  2008            2009
                      01 – Mantiqueira                                             1,4            1,4
                      02 – Paraíba do sul                                          4,1            5,1
                      03 – litoral norte                                           4,2            4,2
                      04 – Pardo                                                   6,3            7,1
                      05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                             4,4            4,6
                      06 – alto tietê                                              4,1            4,2
                      07– baixada santista                                         1,8            1,9
                      08 – sapucaí/Grande                                          6,6            7,2
                      09 – Mogi-Guaçu                                              4,0            4,4
                      10 – sorocaba/Médio tietê                                    5,1            5,7
                      11 – ribeira de iguape/litoral sul                           5,2            5,2
                      12 – baixo Pardo/Grande                                      6,6            6,6
                      13 – tietê/Jacaré                                            4,1            5,1
                      14 – alto Paranapanema                                       6,5            6,9
                      15 – turvo/Grande                                            3,7            6,6
                      16 – tietê/batalha                                           6,3            6,8
                      17 – Médio Paranapanema                                      7,2            7,4
                      18 – são José dos dourados                                   9,7            9,8
                      19 – baixo tietê                                             6,8            7,1
                      20 – aguapeí                                                 7,5            8,1
                      21 – Peixe                                                   4,4            4,4
                      22 – Pontal do Paranapanema                                  7,7            8,4
                                   estado de são Paulo                             4,5            4,9

                                        Fonte: CETESB (2010d), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                               113
FiGura 3. 26
        distribuição do icteM Por uGrHi eM 2009




         Fonte: CETESB (2010d), elaborado por SMA/CPLA (2010)



                           FiGura 3. 27
      distribuição do icteM Por MunicíPio eM 2009




         Fonte: CETESB (2010d), elaborado por SMA/CPLA (2010)




114
Vale	destacar	as	UGRHI	18	(São	José	dos	Dourados),	22	(Pontal	do	Paranapanema)	e	20	(Aguapeí),	as	únicas	
que	tiveram	seus	sistemas	de	esgotamento	sanitário	classificados	como	bons	em	2009.	Em	contrapartida	pode-
mos	observar	que	as	UGRHI	01	(Mantiqueira)	e	07	(Baixada	Santista)	apresentaram	os	piores	resultados,	e	nos	
dois	anos	considerados	foram	enquadradas	na	categoria	Péssima.	Ainda	merecem	atenção	as	UGRHI	06	(Alto	
Tietê),	05	(PCJ),	09	(Mogi-Guaçu),	03	(Litoral	Norte)	e	21	(Peixe),	que	tiveram	seus	sistemas	de	esgotos	sanitá-
rios	classificados	como	ruins.	No	caso	das	UGRHI	06	e	05	a	situação	é	agravada	pelo	fato	de	ambas	abrangerem	
grande	parte	da	população	do	Estado	e	contarem	com	forte	presença	industrial.

Para	o	Estado	de	São	Paulo	como	um	todo,	podemos	verificar	uma	melhora	do	ICTEM	de	2008	para	2009,	
quando	o	indicador	foi	de	4,5	para	4,9,	se	aproximando	da	categoria	Regular,	porém	ainda	muito	aquém	do	de-
sejável	no	âmbito	do	Estado,	deixando	clara,	desta	forma,	a	necessidade	de	se	avançar	na	melhoria	das	condições	
de	esgotamento	sanitário	nos	municípios	paulistas.

Nesse	sentido,	a	Secretaria	de	Saneamento	e	Energia	do	Estado	de	São	Paulo	(hoje	Secretaria	de	Saneamento	
e	Recursos	Hídricos)	tem	empreendido	diversos	esforços,	dentre	os	quais	se	destaca	o	Programa	Estadual	de	
Apoio	Técnico	à	Elaboração	dos	Planos	Municipais	e	Regionais	de	Saneamento	(PMS),	que	tem	atuado	junto	
às	prefeituras	municipais	com	o	objetivo	de	estabelecer	o	processo	de	planejamento	em	saneamento,	como	pre-
coniza	a	Lei	Federal	n0	11.445/07.	


3.3.3 Manejo de resíduos sólidos
Com	o	objetivo	de	avaliar	a	operação	dos	locais	de	disposição	final	de	resíduos	sólidos	domiciliares	no	território	
paulista,	a	CETESB,	publica	anualmente	em	seu	“Inventário	Estadual	de	Resíduos	Sólidos	Domiciliares”	o	Ín-
dice	de	Qualidade	de	Aterro	de	Resíduos	(IQR).	Por	meio	do	acompanhamento	dos	técnicos	da	Companhia,	os	
aterros	sanitários	são	inspecionados	periodicamente,	sendo	avaliados	quanto	as	suas	características	locacionais,	
estruturais	e	operacionais.	A	partir	desta	avaliação	é	atribuída	uma	nota	para	cada	município	do	Estado,	que	
varia	de	zero	a	10	e,	em	função	do	valor	obtido,	as	instalações	são	classificadas	em	três	categorias,	como	pode	ser	
visto	na	Tabela	3.27.


                                                                  tabela 3. 27
                                                               classes do iQr

                                               intervalo                                aterro sanitário

                                              iQr ≤ 6,0                                      adequado
                                           6,0 < iQr ≤ 8,0                                  controlado
                                           8,0 < iQr ≤ 10,0                                 inadequado

                                                               Fonte: CETESB (2010e)




A	Tabela	3.28	apresenta	a	série	histórica	do	IQR	médio	ponderado	pela	geração	de	resíduos,	para	as	UGRHI	
e	para	o	Estado	de	São	Paulo	de	2000	a	2009.	Vale	citar	que	as	quantidades	de	Resíduos	Sólidos	Domicilia-
res	(RSD)	geradas	nos	municípios	foram	calculadas	com	base	na	população	urbana	de	cada	município	(censo	
demográfico	do	Instituto	Brasileiro	de	Geografia	e	Estatística	–	IBGE)	e	em	índices	de	produção	de	resíduos	
por	habitante9.	Excetua-se	a	esta	regra	o	município	de	São	Paulo,	para	o	qual	são	adotados	os	volumes	diários	
divulgados	oficialmente	pelas	concessionárias	do	serviço	municipal.


9		Para	municípios	com	população	de	até	100	mil	habitantes	considera-se	a	geração	de	0,4	kg/hab.dia,	aumentando	para	0,5	kg/hab.dia	para	municípios	
com	população	entre	100	mil	e	200	mil	habitantes,	0,6	kg/hab.dia	para	municípios	entre	200	mil	e	500	mil	habitantes	e	0,7	kg/hab.dia	para	municípios	
com	população	maior	que	500	mil	habitantes	(CETESB,	2010b).




                                                                                                                                                        115
tabela 3. 28
                                                    iQr Por uGrHi de 2000 a 2009

                                                                                            iQr
                         uGrHi
                                             2000      2001      2002      2003      2004         2005   2006   2007   2008   2009

       01 – Mantiqueira                      10,0       9,7      10,0       9,8       9,8          9,8   9,9    9,7    8,3    8,3

       02 – Paraíba do sul                    7,8       7,8       8,4       8,7       8,5          8,2   8,4    8,9    8,2    9,1

       03 – litoral norte                     4,6       4,4       4,8       4,7       5,4          5,9   5,7    8,2    9,3    9,3

       04 – Pardo                             6,5       7,0       7,8       8,1       8,2          7,9   6,6    6,3    8,8    9,4

       05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí       6,9       7,4       7,9       8,5       8,5          8,5   8,4    9,0    8,9    9,1

       06 – alto tietê                        7,7       8,2       8,3       8,3       8,5          8,9   8,9    9,2    9,3    9,2

       07– baixada santista                   4,1       4,1       5,7       7,6       8,9          9,0   8,7    9,0    9,3    9,4

       08 – sapucaí/Grande                    6,4       7,4       7,3       7,4       7,2          6,8   8,9    8,7    8,8    9,4

       09 – Mogi-Guaçu                        6,4       6,6       6,8       6,7       6,5          7,0   6,4    6,5    8,4    8,5

       10 – sorocaba/Médio tietê              6,6       6,7       6,8       7,5       7,5          8,1   8,0    8,2    8,3    8,4

       11 – ribeira de iguape/litoral sul     3,0       3,1       3,6       4,7       4,7          5,8    5     4,7    6,7    7,8

       12 – baixo Pardo/Grande                6,5       6,6       6,7       6,6       6,8          6,1   7,4    9,0    8,8    9,6

       13 – tietê/Jacaré                      7,3       7,8       8,0       7,9       7,7          7,8   8,1    7,9    6,6    7,7

       14 – alto Paranapanema                 4,3       3,7       4,3       4,6       4,4          5,0   4,6    4,1    6,8    8,0

       15 – turvo/Grande                      6,4       6,2       6,8       6,8       6,8          7,4   7,6    7,9    8,4    9,2

       16 – tietê/batalha                     6,1       6,4       7,6       6,8       7,2          7,0   6,7    6,6    7,1    8,3

       17 – Médio Paranapanema                6,9       7,0       6,8       6,2       5,4          7,8   7,9    7,1    7,8    8,4

       18 – são José dos dourados             6,2       7,3       6,8       6,3       6,1          6,4   7,1    6,9    8,7    8,3

       19 – baixo tietê                       3,7       4,6       6,9       7,8       7,8          8,1   7,8    8,3    9,3    9,4

       20 – aguapeí                           6,5       7,2       7,6       7,3       7,2          7,6   7,5    7,9    8,1    7,9

       21 – Peixe                             5,2       4,7       5,5       5,3       3,9          5,1   7,1    6,1    6,9    7,8

       22 – Pontal do Paranapanema            4,7       4,4       4,7       4,5       4,2          4,7   4,1    4,5    3,8    4,2

             estado de são Paulo              7,1       7,5       7,8       8,0       8,2          8,5   8,5    8,8    8,9    9,0

                                            Fonte: CETESB (2010e), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      Como	pode	se	observar,	a	operação	dos	aterros	sanitários	apresentou	significativa	melhora	na	última	década,	
      sendo	que	somente	a	UGRHI	22	(Pontal	do	Paranapanema)	está	enquadrada	na	categoria	Inadequada	(Figura	
      3.28)	e,	ainda,	apenas	sete	municípios	do	Estado	têm	a	as	instalações	que	dispõe	seus	resíduos	sólidos	domiciliares	
      consideradas	inadequadas	(Figura	3.29).




116
FiGura 3. 28
  distribuição do iQr Por uGrHi eM 2009




  Fonte: CETESB (2010e), elaborado por SMA/CPLA (2010)



                    FiGura 3. 29
distribuição do iQr Por MunicíPio eM 2009




  Fonte: CETESB (2010e), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                         117
Como	forma	de	complementar	o	IQR	e	com	o	objetivo	de	avaliar	não	somente	a	disposição	final	dos	resíduos	
      sólidos	domiciliares,	mas	também	a	gestão	dos	resíduos	sólidos	urbanos	como	um	todo,	a	equipe	da	Coorde-
      nadoria	de	Planejamento	Ambiental	(CPLA)	da	Secretaria	de	Estado	do	Meio	Ambiente	(SMA)	desenvolveu,	
      em	2007,	o	Índice	de	Gestão	dos	Resíduos	Sólidos	(IGR).	Este	índice	é	calculado	por	uma	fórmula	matemática,	
      podendo	variar	entre	zero	e	10,	e	é	composto	pelo	IQR,	que	representa	35%	da	nota	final,	pelo	Índice	de	Quali-
      dade	de	Usinas	de	Compostagem	(IQC),	que	representa	5%,	e	pelo	Índice	de	Qualidade	de	Gestão	de	Resíduos	
      Sólidos	(IQG),	que	representa	os	outros	60%	e	agrega	indicadores	de	quatro	áreas:	instrumentos	para	a	política	
      de	resíduos	sólidos,	programas	ou	ações	municipais,	coleta	e	triagem,	tratamento	e	disposição.	Da	mesma	forma	
      que	o	IQR,	foram	estabelecidas	três	categorias	para	o	classificação	da	qualidade	da	gestão	de	resíduos	sólidos	
      urbanos	dos	municípios,	conforme	Tabela	3.29.	


                                                            tabela 3. 29
                                                          classes do iGr

                                         intervalo                                Gestão Municipal
                                         iGr ≤ 6,0                                    ineficiente
                                       6,0 < iGr ≤ 8,0                                 Mediana
                                      8,0 < iGr ≤ 10,0                                 eficiente

                                                         Fonte: SMA/CPLA (2010)



      A	Tabela	3.30	e	a	Figura	3.30	apresentam	os	resultados	do	IGR	médio	ponderado	pela	geração	de	resíduos	das	
      UGRHI	do	Estado	de	São	Paulo.	A	tabela	mostra	o	valor	para	os	anos	de	2007	e	2009,	os	únicos	em	que	o	
      índice	foi	calculado,	enquanto	a	figura	apresenta	o	resultado	para	o	ano	de	2009.	A	Figura	3.31	apresenta	o	IGR,	
      referente	ao	ano	de	2009,	para	todos	os	municípios	paulistas.

      Para	2007,	a	coleta	de	dados	foi	realizada	por	meio	da	Pesquisa	Municipal	Unificada,	na	qual	a	Fundação	Siste-
      ma	Estadual	de	Análise	de	Dados	(SEADE)	enviou	questionários	para	os	645	municípios	paulistas,	dos	quais	
      543	responderam.	Os	dados	referentes	ao	ano	de	2009	foram	obtidos	por	meio	de	formulário	eletrônico	dispo-
      nibilizado	no	site	da	CPLA,	sendo	que	dos	645	municípios	do	Estado,	555	responderam.




118
tabela 3. 30
                            iGr Por uGrHi eM 2007 e 2009

                                                           iGr
                    uGrHi
                                                    2007         2009

01 – Mantiqueira                                    7,8          5,2

02 – Paraíba do sul                                 7,1          7,5

03 – litoral norte                                  6,3          7,2

04 – Pardo                                          5,9          6,8

05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                    6,7          7,6

06 – alto tietê                                     7,2          6,8

07– baixada santista                                7,3          7,0

08 – sapucaí/Grande                                 7,2          7,2

09 – Mogi-Guaçu                                     5,7          6,1

10 – sorocaba/Médio tietê                           7,4          7,4

11 – ribeira de iguape/litoral sul                  2,8          5,8

12 – baixo Pardo/Grande                             7,6          7,5

13 – tietê/Jacaré                                   4,1          7,0

14 – alto Paranapanema                              3,7          6,4

15 – turvo/Grande                                   5,9          7,5

16 – tietê/batalha                                  4,9          6,6

17 – Médio Paranapanema                             5,9          7,0

18 – são José dos dourados                          5,6          6,5

19 – baixo tietê                                     3           6,8

20 – aguapeí                                        5,4          6,6

21 – Peixe                                          2,5          7,0

22 – Pontal do Paranapanema                         4,9          4,6

        estado de são Paulo                         5,7          7,0

                                 Fonte: SMA/CPLA (2010)




                                                                        119
FiGura 3. 30
        distribuição do iGr Por uGrHi eM 2009




                  Fonte: SMA/CPLA (2010)



                     FiGura 3. 31
      distribuição do iGr Por MunicíPio eM 2009




                  Fonte: SMA/CPLA (2010)




120
Como	se	pode	observar,	diferentemente	da	boa	condição	da	maioria	das	instalações	para	destinação	final	
dos	resíduos	sólidos	domiciliares	municipais,	a	gestão	dos	resíduos	sólidos	urbanos,	em	grande	parte	das	
UGRHI,	se	encontra	em	situação	mediana,	sendo	considerada	ineficiente	em	somente	três	bacias	(01	–	
Mantiqueira,	11	–	Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul	e	22	–	Pontal	do	Paranapanema).	O	resultado	obtido	
para	 o	 Estado	 de	 São	 Paulo	 apresentou	 melhora,	 passando	 de	 condição	 ineficiente	 (5,7)	 em	 2007	 para	
mediana	(7,0)	em	2009.	

Todavia,	a	análise	dos	resultados	do	IGR	deve	considerar	a	forma	de	obtenção	das	informações,	a	qual	depende	
do	comprometimento	por	parte	das	administrações	municipais	em	fornecer	os	dados	corretos	para	que	possa	
ser	realizada	uma	avaliação	que	condiz	com	a	realidade.	Vale	ainda	ressaltar	que	os	valores	do	IGR	apresentados	
aqui,	podem	diferir	dos	resultados	divulgados	no	“Painel	da	Qualidade	Ambiental	2010”,	publicação	lançada	
anualmente	todo	mês	de	junho	pela	CPLA,	em	função	de	apenas	310	municípios	terem	respondido	o	questio-
nário	até	o	mês	de	lançamento	da	publicação.		


3.3.4 drenagem de águas pluviais urbanas
A	 drenagem	 e	 o	 manejo	 de	 águas	 pluviais	 urbanas	 constituem	 a	 vertente	 do	 saneamento	 que	 apresenta	
menor	acúmulo	de	dados	e	informações,	sendo	muitas	vezes	desconhecida	pelas	próprias	municipalidades	
a	distribuição	espacial	das	respectivas	redes	de	drenagem	pluvial.	Esta	deficiência	se	explica,	em	parte,	pelo	
fato	do	setor	ter	sido	incorporado	à	concepção	do	saneamento	básico	muito	recentemente,	se	comparado	
às	outras	vertentes.	

De	acordo	com	a	Pesquisa	Nacional	de	Saneamento	Básico,	realizada	pelo	IBGE	(2010b),	no	Estado	de	São	
Paulo	o	número	de	municípios	com	serviço	de	manejo	de	águas	pluviais	passou	de	630	em	2000	para	645	em	
2008,	ou	seja,	em	todos	os	municípios	paulistas	foi	constatada	a	existência	deste	serviço.	

A	Tabela	3.31	apresenta	o	percentual	de	municípios	que	possuem	rede	de	escoamento	de	águas	pluviais	subter-
râneas	ou	sistema	exclusivamente	superficial	em	cada	UGRHI	do	Estado.	Como	pode	ser	observado,	metade	
das	bacias	apresentam	a	totalidade	dos	municípios	com	rede	subterrânea	de	drenagem	de	águas	pluviais,	valendo	
destacar	a	UGRHI	18	(São	José	dos	Dourados),	que	apresenta	o	maior	percentual	de	municípios	que	possuem	
somente	estruturas	de	drenagem	superficial,	20%.




                                                                                                                     121
tabela 3. 31
                       Percentual de MunicíPios coM rede de drenaGeM urbana Por uGrHi eM 2008

                                                                             % de municípios com rede de drenagem urbana
                                        uGrHi
                                                                           rede subterrânea           somente rede superficial
                 01 – Mantiqueira                                                 100%                           -
                 02 – Paraíba do sul                                              97%                           3%
                 03 – litoral norte                                               100%                           -
                 04 – Pardo                                                       100%                           -
                 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                                 100%                           -
                 06 – alto tietê                                                  97%                           3%
                 07– baixada santista                                             100%                           -
                 08 – sapucaí/Grande                                              100%                           -
                 09 – Mogi-Guaçu                                                  97%                           3%
                 10 – sorocaba/Médio tietê                                        97%                           3%
                 11 – ribeira de iguape/litoral sul                               100%                           -
                 12 – baixo Pardo/Grande                                          92%                           8%
                 13 – tietê/Jacaré                                                100%                           -
                 14 – alto Paranapanema                                           100%                           -
                 15 – turvo/Grande                                                94%                           6%
                 16 – tietê/batalha                                               94%                           6%
                 17 – Médio Paranapanema                                          98%                           2%
                 18 – são José dos dourados                                       80%                          20%
                 19 – baixo tietê                                                 95%                           5%
                 20 – aguapeí                                                     100%                           -
                 21 – Peixe                                                       100%                           -
                 22 – Pontal do Paranapanema                                      95%                           5%

                              estado de são Paulo                                 97%                           3%

                                                 Fonte: IBGE (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)




      referências
      COMPANHIA	AMBIENTAL	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	CETESB.	Dados	fornecidos.	2010d.	São	Paulo:	CETESB,	2010.

      COMPANHIA	AMBIENTAL	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	CETESB.	Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domicili-
      ares 2009.	2010e.	São	Paulo:	CETESB,	2010.

      COMPANHIA	AMBIENTAL	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	CETESB.	Relatório de Qualidade das Águas Superficiais no
      Estado de São Paulo 2009.	2010b.	São	Paulo:	CETESB,	2010.

      INSTITUTO	BRASILEIRO	DE	GEOGRAFIA	E	ESTATÍSTICA	–	IBGE.	Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008.	
      2010b.	Disponível	em	<http://www.ibge.gov.br>.	Acesso	em:	dez.	2010.

      MINISTÉRIO	DAS	CIDADES	–	MCIDADES.	Secretaria	Nacional	de	Saneamento	Ambiental.	Sistema	Nacional	de	Informações	
      sobre	Saneamento.	Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2008.	2010b.	Disponível	em	<http://www.snis.gov.br>.	Acesso	em:	
      dez.	2010.

      NOVAES,	A.V.;	SOARES,	M.	S.;	LOPES	NETO,	J.	C.	Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da População Urbana de
      Município (ICTEM).	Governo	do	Estado	de	São	Paulo.	Secretaria	de	Estado	do	Meio	Ambiente.	Companhia	Ambiental	do	Estado	de	
      São	Paulo	–	CETESB.	São	Paulo,	2007.




122
3.4 solo
Este	sub-capítulo	aborda	os	problemas	ambientais	decorrentes	da	interação	entre	o	meio	físico	e	os	processos	de	
apropriação	do	território	e	de	seus	recursos.	Esse	campo	de	interação,	sob	influência	do	homem	como	ser	social,	
ocorre	em	uma	estreita	faixa	que	compreende	a	parte	superior	da	litosfera	e	a	baixa	atmosfera,	denominada	de	
estrato	geográfico	(ROSS,	1992).

Os	indicadores	de	qualidade	ambiental	selecionados,	referentes	ao	tema	Solos,	relacionam-se	a	três	sub-temas:	
áreas	contaminadas,	desastres	naturais	e	atividade	de	mineração,	cujas	fontes	de	dados	utilizadas	neste	trabalho	
são,	respectivamente,	a	Companhia	Ambiental	do	Estado	de	São	Paulo	(CETESB),	a	Coordenadoria	Estadual	
de	Defesa	Civil	e	o	Departamento	Nacional	da	Produção	Mineral	(DNPM).	

A	ocorrência	de	contaminação	do	solo	e	da	água	subterrânea	relaciona-se	ao	desconhecimento	ou	desrespeito	
aos	“procedimentos	seguros	para	o	manejo	de	substâncias	perigosas	e	à	ocorrência	de	acidentes	ou	vazamentos	
durante	o	desenvolvimento	dos	processos	produtivos,	de	transporte	ou	de	armazenamento	de	matérias	primas	e	
produtos”	(CETESB,	2010f ).	

Os	principais	processos	causadores	de	acidentes	e	desastres	naturais	no	Estado	de	São	Paulo	são	escorrega-
mentos	de	encostas,	inundações,	erosão	acelerada	e	tempestades	(ventos	fortes,	raios	e	granizo).	O	crescente	
impacto	desses	tipos	de	fenômenos	naturais	relaciona-se,	em	muitos	casos,	a	um	conjunto	de	fatores	rela-
cionados	ao	modelo	de	desenvolvimento	sócio-econômico,	tais	como	gestão	inadequada	dos	recursos	natu-
rais,	crescimento	urbano	desordenado,	normas	construtivas	obsoletas,	estrutura	institucional	para	a	gestão	
de	risco	deficiente	e	população	pouco	preparada	para	avaliar	suas	vulnerabilidades	e	lidar	com	emergências	
(BROLLO	e	FERREIRA	2009).

A	mineração	é	uma	atividade	industrial	importante	e	necessária,	embora	inerentemente	modificadora	do	meio	
ambiente	ao	explorar	seus	recursos	naturais.	No	contexto	do	desenvolvimento	urbano	e	industrial,	o	processo	
de	concentração	demográfica	expandiu	a	intensidade	de	consumo	de	substâncias	minerais,	amplamente	em-
pregadas	na	produção	de	equipamentos	e	obras	de	infra-estrutura,	que	servem	de	base	para	o	estilo	de	vida	
da	sociedade	moderna.	Segundo	Drew	et	al.	(2002),	os	agregados	naturais	(areia,	cascalho,	rocha	para	brita),	
constituem	85%	em	volume	da	composição	do	material	utilizado	para	a	construção	e	manutenção	da	infra-
estrutura	urbana	e	peri-urbana.



3.4.1 áreas contaminadas
Uma	área	contaminada	pode	ser	definida	como	uma	área	local	ou	terreno,	onde	há	comprovadamente	poluição	
ou	contaminação,	causada	por	quaisquer	substâncias	ou	resíduos	que	nela	tenham	sido	depositados,	acumula-
dos,	armazenados,	enterrados	ou	infiltrados	de	forma	planejada,	acidental	ou	até	mesmo	natural.	Nessa	área,	os	
poluentes	ou	contaminantes	podem	concentrar-se	em	subsuperfície	nos	diferentes	compartimentos	do	ambiente,	
por	exemplo	no	solo,	nos	sedimentos,	nas	rochas,	nos	materiais	utilizados	para	aterrar	os	terrenos,	nas	águas	
subterrâneas	ou,	de	uma	forma	geral,	nas	zonas	não	saturada	e	saturada,	além	de	poderem	concentrar-se	nas	
paredes,	nos	pisos	e	nas	estruturas	de	construções.	Os	poluentes	ou	contaminantes	podem	ser	transportados	a	
partir	desses	meios,	propagando-se	por	diferentes	vias,	como,	por	exemplo,	o	ar,	o	solo	ou	as	águas	subterrâneas	e	
superficiais,	alterando	suas	características	naturais	ou	qualidades	e	determinando	impactos	negativos	e/ou	riscos	
sobre	os	bens	a	proteger,	localizados	na	própria	área	ou	em	seus	arredores	(CETESB,	2001).

A	origem	das	áreas	contaminadas	está	relacionada	ao	desconhecimento,	em	épocas	passadas,	de	procedimentos	
seguros	para	o	manejo	de	substâncias	perigosas,	ao	desrespeito	a	esses	procedimentos	seguros	e	à	ocorrência	
de	acidentes	ou	vazamentos	durante	o	desenvolvimento	dos	processos	produtivos,	de	transporte	ou	de	arma-
zenamento	de	matérias	primas	e	produtos.	A	existência	de	uma	área	contaminada	pode	gerar	problemas,	como	




                                                                                                                      123
danos	à	saúde,	comprometimento	da	qualidade	dos	recursos	hídricos,	restrições	ao	uso	do	solo	e	danos	ao	
      patrimônio	público	e	privado,	com	a	desvalorização	das	propriedades,	além	de	outros	danos	ao	meio	ambiente.	
      (CETESB,	2010f ).

      Desde	2002,	a	CETESB	passou	a	divulgar	a	relação	de	áreas	contaminadas	no	Estado	de	São	Paulo.	A	partir	de	
      então,	o	número	de	áreas	cresceu	continuamente,	de	255	áreas	identificadas	em	maio	de	2002,	passaram	a	2.904	
      em	novembro	de	2009	(Figura	3.32).	Essa	tendência	manter-se-á	ou	aumentará	ainda	mais	nos	próximos	anos,	
      em	decorrência	da	identificação	de	antigos	passivos	ambientais.	


                                                           FiGura 3. 32
                 núMero de áreas contaMinadas cadastradas no estado de são Paulo de 2002 a 2009


                   3.500

                   3.000
                                                                                                              2.904
                   2.500
                                                                                                    2.514
                                                                                          2.272
                   2.000
                                                                             1.822
                   1.500
                                                                1.596
                                                   1.336
                   1.000
                                         727
                    500
                               255
                      0
                           mai/02    out/03    nov/04       nov/05      nov/06       nov/07       nov/08    nov/09


                                        Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010)




      Observa-se	que	até	novembro	de	2009	existiam	cadastradas	2.904	áreas,	enquanto	em	2008	esse	valor	foi	de	
      2.514	áreas,	um	incremento	de	390	novas	áreas.	A	maior	parte	das	áreas	cadastradas	foram	registradas	nas	re-
      giões	dos	pólos	de	desenvolvimento	econômico	do	Estado,	como	na	UGRHI	06	(Alto	Tietê),	com	1.335	áreas	
      até	novembro	de	2009,	seguida	da	UGRHI	05	(Piracicaba/Capivari/Jundiaí),	com	435	áreas,	da	UGRHI	07	
      (Baixada	Santista),	com	186	áreas	e	pela	UGRHI	02	(Paraíba	do	Sul),	com	159	áreas.	Nos	anos	anteriores,	essa	
      distribuição	seguiu	a	mesma	tendência	(Tabela	3.32),	com	exceção	da	UGRHI	07,	que	em	2009	apresentou	o	
      terceiro	maior	número	de	áreas	contaminadas,	com	a	descoberta	de	85	novas	áreas	em	relação	a	2008.	




124
tabela 3. 32
      núMero de áreas contaMinadas cadastradas no estado de são Paulo Por uGrHi de 2005 a 2009

                                                                                número de áreas contaminadas
                         uGrHi
                                                             nov/05          nov/06             nov/07   nov/08   nov/09

 01 – Mantiqueira                                               5                5                8        8        8

 02 – Paraíba do sul                                           103             107               145      147      159

 03 – litoral norte                                             27              28               42        51      52

 04 – Pardo                                                     17              17               19        19      45

 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                              225             239               352      380      435

 06 – alto tietê                                               820             961              1.175    1.260    1.335

 07– baixada santista                                          84               96               99       101      186

 08 – sapucaí/Grande                                            18              18               20        25       27

 09 – Mogi-Guaçu                                               20               21                32       37       58

 10 – sorocaba/Médio tietê                                      63              75               92       92       114

 11 – ribeira de iguape/litoral sul                             15              15                16       27       33

 12 – baixo Pardo/Grande                                        13              17                25       35      45

 13 – tietê/Jacaré                                             48               59               59        70       71

 14 – alto Paranapanema                                         10              10                14       33       70

 15 – turvo/Grande                                             46               57               69       95       123

 16 – tietê/batalha                                             12              20                21       32       37

 17 – Médio Paranapanema                                        17              18                19      24        22

 18 – são José dos dourados                                     5                7                9        15       18

 19 – baixo tietê                                               22              22                22       23       21

 20 – aguapeí                                                   7                7                7        9        12

 21 – Peixe                                                     9               10                11       15       18

 22 – Pontal do Paranapanema                                    10              13                16       16       15

                   estado de são Paulo                        1.596           1.822             2.272    2.514    2.904

                                         Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010)


Podemos	verificar	um	aumento	significativo	de	áreas	cadastradas	de	2008	para	2009	nas	UGRHI	06	–	Alto	
Tietê	(75	áreas),	05	–	Piracicaba/Capivari/Jundiaí	(55	áreas),	14	–	Alto	Paranapanema	(37	áreas),	15	–	Turvo/
Grande	(28	áreas);	04	–	Pardo	(26	áreas),	10	–	Sorocaba/Médio	Tietê	(22	áreas)	e	09	–	Mogi-Guaçu	(21	áre-
as).	Destaca-se	que	as	UGRHI	que	tiveram	o	maior	incremento	no	número	de	áreas	contaminadas	em	relação	
a	2008	foram	as	UGRHI	04	e	14:	ambas	com	um	aumento	superior	a	50%,	o	que	contribui	para	que	o	Estado	
apresentasse	um	crescimento	de	aproximadamente	16%	no	número	de	áreas	contaminadas	em	2009.	Em	2008	
podemos	observar	um	crescimento	de	11%	em	relação	a	2007.	

Observa-se	ainda	que	a	UGRHI	14	(Alto	Paranapanema)	foi	a	que	mais	registrou	aumento	no	número	de	áreas	
contaminadas	desde	2005.	Enquanto	em	2005	esse	valor	era	de	10	áreas	em	2009	passou	para	70	áreas.	Em	dire-
ção	contrária,	a	UGRHI	18	(São	José	dos	Dourados),	no	mesmo	período,	conseguiu	reduzir	em	4,5%	o	número	
de	suas	áreas	contaminadas.	Apesar	desta	informação,	não	se	pode	esquecer	que	a	UGRHI	01	(Mantiqueira)	se	
mantém,	nesse	mesmo	intervalo,	como	o	menor	número	de	áreas	contaminadas	cadastradas,	muito	em	função	
de	sua	vocação	para	conservação.




                                                                                                                           125
Do	total	de	áreas	contaminadas	registradas	até	novembro	de	2009,	2.279	(78%)	estão	relacionadas	a	postos	de	
      combustíveis,	seguido	da	atividade	industrial	com	382	áreas	(13%),	das	atividades	comerciais	com	123	áreas	
      (4%),	das	instalações	para	destinação	de	resíduos	com	96	áreas	(3%)	e	dos	casos	de	acidentes	e	fonte	de	contami-
      nação	de	origem	desconhecida	com	24	áreas	(1%).	Em	todas	as	UGRHI	predominam	áreas	contaminadas	por	
      atividades	relacionadas	a	postos	de	combustíveis,	como	mostra	a	Tabela	3.33.	

      È	importante	destacar	que	a	predominância	de	áreas	contaminadas	relacionadas	a	postos	de	combustíveis	deve-
      se,	em	grande	parte,	à	Resolução	CONAMA	nº	273/00,	que	estabeleceu	a	obrigatoriedade	de	licenciamento	
      para	esta	atividade,	o	que	permitiu,	a	partir	da	avaliação	do	passivo	ambiental,	identificar	as	áreas	com	problemas	
      de	vazamento	de	combustíveis	e	desencadeou	uma	série	de	procedimentos	para	sua	adequação.


                                                              tabela 3. 33
                      núMero de áreas contaMinadas cadastradas no estado de são Paulo Por uGrHi
                                            e Por tiPo de atividade eM 2009

                                                                                      atividade
                         uGrHi                                                             Postos de      acidentes /
                                            comercial       industrial     resíduos                                     total
                                                                                          combustíveis   desconhecida

       01 – Mantiqueira                         0               0               0                   7         1          8

       02 – Paraíba do sul                      2               29              2                  125        1         159

       03 – litoral norte                       0               0               4                  46         2          52

       04 – Pardo                               1               1               0                  43         0          45

       05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí        25               78             20                  309        3         435

       06 – alto tietê                         55              189             41              1.043          7         1.335

       07– baixada santista                    13               30             16                  127        0         186

       08 – sapucaí/Grande                      0               2               1                  24         0          27

       09 – Mogi-Guaçu                          4               3               1                  49         1          58

       10 – sorocaba/Médio tietê                2               23              4                  80         5         114

       11 – ribeira de iguape/litoral sul       0               5               0                  28         0          33

       12 – baixo Pardo/Grande                  0               0               1                  44         0          45

       13 – tietê/Jacaré                        4               7               5                  53         2          71

       14 – alto Paranapanema                   0               1               0                  69         0          70

       15 – turvo/Grande                        8               4               0                  110        1         123

       16 – tietê/batalha                       1               3               0                  33         0          37

       17 – Médio Paranapanema                  5               1               0                  15         1          22

       18 – são José dos dourados               0               0               0                  18         0          18

       19 – baixo tietê                         1               1               0                  19         0          21

       20 – aguapeí                             0               0               0                  12         0          12

       21 – Peixe                               2               2               0                  14         0          18

       22 – Pontal do Paranapanema              0               3               1                  11         0          15

             estado de são Paulo               123             382             96              2.279         24         2.904

                                            Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010)




      A	Figura	3.33	mostra	a	distribuição	das	áreas	contaminadas	por	atividade	econômica	em	novembro	de	2009.




126
FiGura 3. 33
                       distribuição das áreas contaMinadas Por atividade eM 2009


                                          3,3%      0,8%
                                  4,2%
                                                                                       Postos de
                                                                                       Combus veis
                       13,2%
                                                                                       Industrial


                                                                                       Comercial


                                                                                       Resíduos


                                                                                       Acidentes/Fonte
                                                                                       Desconhecida
                                                                    78,5%


                                    Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010)



Segundo	 CETESB	 (2010f ),	 os	 principais	 grupos	 de	 contaminantes	 encontrados	 nas	 áreas	 contaminadas	
foram:	solventes	aromáticos,	combustíveis	líquidos,	hidrocarbonetos	policíclicos	aromáticos	(PAH),	metais	e	
solventes	halogenados.	

Com	objetivo	de	facilitar	o	gerenciamento	das	áreas	contaminadas,	em	função	do	nível	das	informações	ou	dos	
riscos	existentes	em	cada	uma,	a	CETESB	classifica	as	mesmas	em	quatro	classes,	que	são:

   1)	 área	contaminada	sob	investigação	(AI):	área,	terreno,	local,	instalação,	edificação	ou	benfeitoria	onde	há	
       comprovadamente	contaminação,	constatada	em	investigação	confirmatória,	na	qual	estão	sendo	reali-
       zados	procedimentos	para	determinar	a	extensão	da	contaminação	e	identificar	a	existência	de	possíveis	
       receptores,	bem	como	para	verificar	se	há	risco	à	saúde	humana.	Caso	seja	constatada	a	presença	de	pro-
       dutos	contaminantes	(por	exemplo,	combustível	em	fase	livre),	ou	quando	houver	constatação	da	presen-
       ça	de	substâncias,	condições	ou	situações	que,	de	acordo	com	parâmetros	específicos,	possam	representar	
       perigo,	a	área	também	será	classificada	como	AI.
   2)	 área	contaminada	(AC):	área,	terreno,	local,	instalação,	edificação	ou	benfeitoria,	anteriormente	classifi-
       cada	como	área	contaminada	sob	investigação	(AI),	na	qual,	após	a	realização	de	avaliação	de	risco,	foram	
       observadas	quantidades	ou	concentrações	de	matéria	em	condições	que	causem	ou	possam	causar	danos	
       à	saúde	humana.	A	critério	da	CETESB,	uma	área	poderá	ser	considerada	contaminada	(AC),	sem	a	
       obrigatoriedade	de	realização	de	avaliação	de	risco	à	saúde	humana,	quando	existir	um	bem	de	relevante	
       interesse	ambiental	a	ser	protegido.
   3)	 área	em	processo	de	monitoramento	para	reabilitação	(AMR):	área,	terreno,	local,	instalação,	edificação	
       ou	benfeitoria,	anteriormente	classificada	como	área	contaminada	(AC)	ou	contaminada	sob	investiga-
       ção	(AI),	na	qual	foram	implantadas	medidas	de	intervenção	e	atingidas	as	metas	de	remediação	defini-
       das	para	a	área,	ou	na	qual	os	resultados	da	avaliação	de	risco	indicaram	que	não	existe	a	necessidade	da	
       implantação	de	nenhum	tipo	de	intervenção	para	que	a	área	seja	considerada	apta	para	o	uso	declarado,	
       estando	em	curso	o	monitoramento	para	encerramento.
   4)	 área	reabilitada	para	o	uso	declarado	(AR):	área,	terreno,	local,	instalação,	edificação	ou	benfeitoria,	an-
       teriormente	classificada	como	área	em	processo	de	monitoramento	para	reabilitação	(AMR)	que,	após	a	
       realização	do	monitoramento	para	encerramento,	for	considerada	apta	para	o	uso	declarado.	




                                                                                                                      127
A	Figura	3.34	apresenta	a	evolução	da	qualidade	do	solo	relacionada	a	reabilitação	das	áreas	contaminadas	em	
      2008	e	2009.	Observa-se	um	grande	aumento	na	quantidade	de	áreas	comprovadamente	contaminadas.	


                                                                        FiGura 3. 34
                     núMero de áreas contaMinadas cadastradas no estado de são Paulo Por status
                                             de reabilitação eM 2008 e 2009


                                                                        2008              2009

                        3.500

                        3.000                                                                                               2.904

                                                                                                                    2.514
                        2.500

                        2.000

                                    1.398                       1.396
                        1.500

                        1.000                             934
                                                                                    819
                                            579
                          500
                                                                               95                 87 110
                             0
                                          AI                 AC                 AMR                  AR                 Total

                                                    Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010)

      Nota:	AI:	área	contaminada	sob	investigação;	AC:	área	contaminada;	AMR:	área	em	processo	de	monitoramento	para	reabilitação;	AR:	área	reabilitada	
      para	uso	declarado.


      De	acordo	com	a	CETESB	(2010f ),	em	novembro	de	2009,	existiam	110	áreas	reabilitadas	e	819	em	processo	
      de	monitoramento	para	reabilitação,	perfazendo	4%	e	28%,	respectivamente,	do	total	de	2.904	áreas	registradas,	
      conforme	pode	ser	observado	na	Figura	3.35.

                                                                        FiGura 3. 35
                           distribuição das áreas contaMinadas Por status de reabilitação eM 2009


                                                           3,8%

                                                                                    19,9%
                                                                                                        Contaminada
                                                                                                        sob inves gação
                                  28,2%
                                                                                                        Contaminada

                                                                                                        Em processo de
                                                                                                        monitoramento
                                                                                                        para reabilitação

                                                                                                        Reabilitada




                                                                                48,1%

                                                    Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010)




128
A	Tabela	3.34	apresenta	o	índice	de	reabilitação	e	a	distribuição	das	áreas	contaminadas	por	UGRHI.	O	índice	
de	 reabilitação	 de	 áreas	 contaminadas	 é	 a	 soma	 das	 áreas	 em	 processo	 de	 monitoramento	 para	 reabilitação	
(AMR)	e	das	reabilitadas	(AR),	sobre	o	total	de	áreas	contaminadas	cadastradas.
Podemos	observar	um	índice	de	reabilitação	de	áreas	contaminadas	de	32%	para	o	Estado	de	São	Paulo	em	
2009.	Se	compararmos	com	o	valor	obtido	em	2008	(7,2%),	verifica-se	uma	significativa	melhora	do	indicador.

                                                                 tabela 3. 34
                índice de reabilitação e classiFicação das áreas contaMinadas Por uGrHi eM 2009

                                                                          classificação                                         índice de
                uGrHi
                                               ai              ac             aMr               ar             total         reabilitação (%)
 01 – Mantiqueira                               1               3               4                0               8                  50,0
 02 – Paraíba do sul                           37               73              44               5              159                 30,8
 03 – litoral norte                             6              35               10               1               52                 21,2
 04 – Pardo                                    16               13              10               6               45                 35,6
 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí             144              162             120               9              435                 29,7
 06 – alto tietê                              194              676             403              62             1.335                34,8
 07– baixada santista                          21              121              39               5              186                 23,7
 08 – sapucaí/Grande                           10               4               13               0               27                 48,1
 09 – Mogi-Guaçu                                8              32               18               0               58                 31,0
 10 – sorocaba/Médio tietê                     34              42               28              10              114                 33,3
 11 – ribeira de iguape/litoral sul            12              10               10               1               33                 33,3
 12 – baixo Pardo/Grande                        8              19               18               0               45                 40,0
 13 – tietê/Jacaré                              8              42               19               2               71                 29,6
 14 – alto Paranapanema                        31              28               10               1               70                 15,7
 15 – turvo/Grande                             11              72               36               4              123                 32,5
 16 – tietê/batalha                             5              23               9                0               37                 24,3
 17 – Médio Paranapanema                        3               8               9                2               22                 50,0
 18 – são José dos dourados                     4               6               8                0               18                 44,4
 19 – baixo tietê                               8               7               6                0               21                 28,6
 20 – aguapeí                                   5               5               2                0               12                 16,7
 21 – Peixe                                     9               6               2                1               18                 16,7
 22 – Pontal do Paranapanema                    4               9                1               1               15                 13,3
      estado de são Paulo                     579             1.396            819              110            2.904                32,0

                                               Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010)

Notas:	AI:	área	contaminada	sob	investigação;	AC:	área	contaminada;	AMR:	área	em	processo	de	monitoramento	para	reabilitação;	AR:	área	reabilitada	
para	o	uso	declarado;	Índice	de	Reabilitação	=	(AMR	+	AR)	/total	de	áreas)	*100


Destaca-se	ainda	que	a	CETESB	vêm	disponibilizando	importantes	publicações	sobre	esse	tema,	como	o	“Ma-
nual	de	Gerenciamento	de	Áreas	Contaminadas”,	o	“ Procedimento	para	Identificação	de	Passivos	Ambientais	em	
Postos	de	Combustíveis”,	entre	outros.	

Em	2009,	o	Governo	do	Estado	de	São	Paulo	sancionou	a	Lei	13.577,	que	dispõe	sobre	as	diretrizes	e	procedi-
mentos	para	o	gerenciamento	de	áreas	contaminadas	no	Estado.	Essa	lei	estabelece	a	obrigatoriedade	de	atualização	
continua	do	cadastro	de	áreas	contaminadas	e	reabilitadas,	determina	as	condições	para	a	aplicação	dos	procedi-
mentos	para	o	gerenciamento	de	áreas	contaminadas,	enfatizando	as	ações	relativas	ao	processo	de	identificação	e	
remediação,	a	seleção	das	áreas	mais	importantes,	a	criação	de	instrumentos	econômicos	para	financiar	a	investiga-
ção	e	remediação,	além	de	apoiar	as	futuras	iniciativas	para	a	revitalização	de	regiões	industriais	abandonadas.




                                                                                                                                                      129
Destaca-se	também	a	Resolução	CONAMA	nº	420/09	que	estabelece	valores	orientadores	de	qualidade	de	so-
      los	quanto	à	presença	de	substâncias	químicas	e	critérios	para	o	gerenciamento	de	áreas	contaminadas	(primeira	
      regulamentação	federal	específica	sobre	gerenciamento	de	áreas	contaminadas).

      3.4.2 desastres naturais
      Não	há	um	registro	sistemático	das	ocorrências	de	desastres	no	Estado	de	São	Paulo	que	retratem	a	extensão	
      dos	problemas	e	suas	consequências,	o	que	auxiliaria	na	eficaz	gestão	deste	tipo	de	situação.	No	entanto,	o	indi-
      cador	do	número	de	acidentes	ocorridos,	estabelecido	por	Brollo	&	Ferreira	(2009)	permite	uma	visão	ampla	dos	
      desastres	no	Estado	de	São	Paulo.	Este	indicador	foi	definido	por	meio	do	tratamento	de	dados	do	cadastro	de	
      vistorias	e	atendimentos	produzido	pela	Coordenadoria	Estadual	de	Defesa	Civil	(CEDEC).	Assim,	para	o	perí-
      odo	de	2000	a	2010,	tem-se	registros	de	vistorias	e	atendimentos	emergenciais	relacionados	a	acidentes	diversos,	
      incluindo	escorregamentos,	erosão,	inundação	e	processos	similares	(como	enchentes,	transbordamentos	de	rios,	
      alagamentos),	dentre	outros	diversos	(raios,	chuvas	fortes,	vendavais,	desabamentos	de	casas,	etc.).	

      A	Tabela	3.35	sintetiza	os	dados	referentes	ao	ano	de	2010,	com	destaque	para	o	número	de	atendimentos	realiza-
      dos,	tipo	de	acidentes	e	tipo	de	dano	causado,	em	termos	de	óbitos	e	pessoas	afetadas	(desabrigados	e	desalojados).


                                                                          tabela 3. 35
      distribuição dos acidentes relacionados a desastres naturais Por tiPo e conseQuência e Por uGrHi eM 2010

                                                                         tiPo de acidente                                     tiPo de dano
                          uGrHi                           a                                                F
                                                                    b         c        d         e                  G          H            i            J
       01 – Mantiqueira                                    2        2         0        0         0         2        0          0           50           50
       02 – Paraíba do sul                                25        11       16        0         7        34        12        667         2.221       2.888
       03 – litoral norte                                  7        4         3        1         4        12        1          38          513         551
       04 – Pardo                                          2        0         1        0         1         2        0          4           263         267
       05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                   22        9        14        0         7        30        2         891         1.205       2.096
       06 – alto tietê                                    88        32       60        0        43       135        23       1.188        1.988       3.176
       07– baixada santista                               14        6        10        0         6        22        0         588         1.442       2.030
       08 – sapucaí/Grande                                 0        0         0        0         0         0        0          0            0           0
       09 – Mogi-Guaçu                                     4        1         3        0         2         6        0          0            0           0
       10 – sorocaba/Médio tietê                           0        0         0        0         0         0        0          0            0           0
       11 – ribeira de iguape/litoral sul                 24        9        16        0         6        31        0        1.197         424        1.621
       12 – baixo Pardo/Grande                             0        0         0        0         0         0        0          0            0           0
       13 – tietê/Jacaré                                   1        0         1        0         0         1        0          0            0           0
       14 – alto Paranapanema                              3        0         3        0         1         4        0         256          321         577
       15 – turvo/Grande                                   2        0         1        1         0         2        4          0            0           0
       16 – tietê/batalha                                  2        0         2        0         1         3        0          0           120         120
       17 – Médio Paranapanema                             1        0         0        0         1         1        0          72           0           72
       18 – são José dos dourados                          0        0         0        0         0         0        0          0            0           0
       19 – baixo tietê                                    1        0         1        0         0         1        0          0            4           4
       20 – aguapeí                                        0        0         0        0         0         0        0          0            0           0
       21 – Peixe                                          4        0         0        0         0        0         0         95            7          102
       22 – Pontal do Paranapanema                         2        0         2        0         0         2        0          0            0           0

                estado de são Paulo                      204        74       133       2        79       288       42       4.996         8.558      13.554

                                                                         Fonte: CEDEC (2010)

      Notas:	A:	número	de	atendimentos;	B:	escorregamento,	erosão;	C:	enchente,	inundação,	transbordamento,	alagamento;	D:	raios;	E:	outros	(chuvas	fortes,	
      vendavais,	desabamentos	de	casas	e	muros,	quedas	de	árvores	e	muros,	situação	de	emergência,	mortes,	remoções,	etc);	F:	nº	total	de	acidentes;	G:	óbitos;	
      H:	desabrigados;	I:	desalojados;	J:	pessoas	afetadas	(desabrigados	+	desalojados).




130
A	leitura	dos	dados	deve	levar	em	conta	as	seguintes	definições	e	ressalvas:	

   •	 O	número	de	atendimentos	realizados	em	geral	é	diferente	do	número	total	de	acidentes,	uma	vez	que	
      numa	mesma	situação	podem	ocorrer	diversos	tipos	de	acidentes;	

   •	 Desabrigados	são	as	pessoas	que	perderam	permanentemente	suas	moradias;	

   •	 Desalojados	são	as	pessoas	que	tiveram	que	deixar	suas	moradias	provisoriamente,	até	a	situação	proble-
      mática	se	normalizar;	

   •	 O	cadastramento	do	tipo	de	acidente,	por	parte	da	CEDEC	nem	sempre	segue	terminologia	padroniza-
      da.	Por	exemplo:	o	termo	“escorregamento”	aqui	empregado	é	resultante	de	vários	termos	utilizados	no	
      cadastro,	tais	como	queda	de	barreira,	desabamento	de	barranco,	deslizamento,	solapamento,	erosão;	já	
      “enchente,	inundação,	transbordamento,	alagamento”,	embora	sejam	termos	diferentes	e	tenham	gravi-
      dade	diferente,	são	utilizados	de	forma	geral,	por	vezes	não	retratando	a	realidade	do	problema;	“outros”	
      inclui	diversos	tipos	de	acidentes,	cadastrados	como	chuvas	fortes,	vendavais,	desabamentos	de	casas	e	
      muros,	ou	mesmo	casos	em	que	é	cadastrada	apenas	a	consequência	do	acidente,	como	quedas	de	árvores	
      e	muros,	situação	de	emergência,	mortes,	remoções,	etc;

   •	 O	registro	dos	acidentes	perfaz	apenas	quatro	meses	do	ano,	os	meses	de	verão	(dezembro	a	março),	
      reconhecidamente	com	maiores	índices	pluviométricos	no	ano	e	quando	é	implantada	a	“Operação	Ve-
      rão”	pela	CEDEC	(SANTORO,	2009).	Embora	o	cadastro	de	acidentes	não	registre	as	ocorrências	nos	
      outros	oito	meses,	não	significa	que	eles	não	aconteçam.


Apesar	 das	 ressalvas	 colocadas	 tem-se	 um	 cenário	 para	 o	 Estado	 e	 suas	 UGRHI.	 Em	 2010,	 ocorreram	 204	
atendimentos,	com	o	registro	de	288	acidentes,	dos	quais	133	se	relacionam	a	“inundações	e	similares”,	seguidos	
por	79	registros	de	“outros”,	74	casos	de	“escorregamentos”	e	2	acidentes	por	raios.	Destacam-se	quatro	grupos	de	
regiões	quanto	ao	número	de	acidentes:	a)	UGRHI	06	(Alto	Tietê),	com	135	registros;	b)	UGRHI	02	(Paraíba	
do	Sul),	UGRHI	11	(Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul)	e	UGRHI	05	(PCJ),	respectivamente	com	34,	31	e	30	re-
gistros;	c)	UGRHI	07	(Baixada	Santista)	e	UGRHI	03	(Litoral	Norte),	respectivamente	com	22	e	12	registros;	
e	d)	demais	UGHRI,	com	registros	entre	0	e	6.	

Também	é	importante	conhecer	o	tipo	de	dano	às	pessoas	causado	pelos	acidentes.	Em	2010,	houve	42	mortes,	a	
maior	concentração	delas	na	UGRHI	06	–	Alto	Tietê	e	na	UGRHI	02	–	Paraíba	do	Sul,	respectivamente,	com	
23	e	12	óbitos;	13.554	pessoas	foram	afetadas	(desabrigadas	ou	desalojadas),	grande	parte	das	quais	estão	dis-
tribuídas	por	cinco	UGRHI:	Alto	Tietê	(3.176	pessoas),	Paraíba	do	Sul	(2.888	pessoas),	PCJ	(2.096	pessoas),	
Baixada	Santista	(2.030	pessoas)	e	Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul	(1.921	pessoas).

A	Tabela	3.36	e	as	Figuras	3.36	a	3.39	mostram	a	evolução	destes	números	para	o	período	2000	a	2010	no	
Estado.	




                                                                                                                       131
132
                                                                                                                                                                                                                                                                          tabela 3. 36
                                                                                                distribuição dos acidentes e conseQuências relacionados a desastres naturais Por uGrHi de 2000 a 2010

                                                  2000                                          2001                                           2002                                           2003                                           2004                                               2005                                         2006                                           2007                                             2008                                         2009                                             2010




                 uGrHi




                                                  óbitos
                                                                                                 óbitos
                                                                                                                                               óbitos
                                                                                                                                                                                              óbitos
                                                                                                                                                                                                                                             óbitos
                                                                                                                                                                                                                                                                                              óbitos
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             óbitos
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            óbitos
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           óbitos
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          óbitos
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         óbitos




                                total acidentes
                                                                              total acidentes
                                                                                                                             total acidentes
                                                                                                                                                                            total acidentes
                                                                                                                                                                                                                           total acidentes
                                                                                                                                                                                                                                                                            total acidentes
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           total acidentes
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          total acidentes
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         total acidentes
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        total acidentes
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       total acidentes




                                                           pessoas afetadas
                                                                                                          pessoas afetadas
                                                                                                                                                         pessoas afetadas
                                                                                                                                                                                                        pessoas afetadas
                                                                                                                                                                                                                                                       pessoas afetadas
                                                                                                                                                                                                                                                                                                        pessoas afetadas
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       pessoas afetadas
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      pessoas afetadas
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     pessoas afetadas
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    pessoas afetadas
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   pessoas afetadas




      01 – Mantiqueira              3              0           0                  0               0           0                  3              0         30                    5              0            0                  8              0         30                      4              0            1                  5              3         16                    1              0         37                    1              0            5               12                1        454                    2              0         50

      02 – Paraíba do Sul           8              0           0               15                 5        21                26                 2        89                  14                0         10                24                 0        40                    36                4        181                 51                0       1.259                  9               1        59                  27                3       2.293               100                3       10.003               34               12       2.888

      03 – Litoral Norte            2              0           0                  1               1           0                  2              0         61                    5              1        40                     7              0            0                 11                0        553                    7              0         72                    2              0            0                  1              1            0                 9               2        213                 12                1        551

      04 – Pardo                    1              0           0                  0               0           0                 9               1         19                    7              2            0               13                0         91                   12                0         15                    4              0        60                  12                1       1.042                15                0        951                 12                1         10                    2              0        267

      05 – PCJ                      1              0           0               10                 9       40                  12                0        119                42                10       782                  11                0       140                    32                4       5.227                47                5       1.636                11                3       472                 24                 3        175                 53                7       9.982                30                2       2.096

      06 – Alto Tietê            15                1           0               52                12        73                95                 9       408                 82                11       671                 80                 2       508                    72               21       2.222               92                 8       2.006                31                4       555                 48                 9        730                89                22       8.300               135               23       3.176

      07 – Baixada Santista      11                0           0                  1               1           0                  4              0         82                   9               1         10                 19                0       432                    18                1        128                 16                4         38                    5              4       287                    6               3       1.391                15                2       6.527                22                0       2.030

      08 – Sapucaí/Grande           0              0           0                  0               0           0                  1              0            0                  1              1            0                  3              1         20                      3              0            0                  2              0            0                  7              1       186                     3              2            0                  7              1         17                    0              0            0

      09 – Mogi-Guaçu               1              0           0                  1               0           0                  5              0         39                   6               0       520                  12               12         35                      4              0         15                    5              1         16                   9               2         27                    2              1            6                 6               0        69                    6               0            0

      10 – Sorocaba/Médio
                                    0              0           0                  1               0       62                     7              0         10                 11                1         20                 12                0       234                       7              0            4               13                2       152                    6               0        312                    5              1            0               14                1        42                     0              0            0
      Tietê
      11 – Ribeira de Iguape/
                                    0              0           0               11                 1         77                15                0       420                 48                 3       1.463                30                2       1.984                  28                0       3.612                  6               0       209                     4              1       159                  11                2       10.403               19                2       4.773                31                0       1.621
      Litoral Sul

      12 – Baixo Pardo/Grande       0              0           0                  0               0           0                  3              3            0                  3              0            0                  3              0            0                    1              0            0                  4              2       521                     3              0        175                    1              0            0                  0              0            0                  0              0            0

      13 – Tietê/Jacaré             0              0           0                  2               3           0                 6               1         52                   9               0         65                 13                1            0                 12                0        96                    9               1        26                  11                2         20                    3              1            0                 6               0        213                    1              0            0

      14 – Alto Paranapanema        0              0           0                  2               0         17                   2              0            0                  5              0            8              28                 5       1.210                     3              0        96                     2              0        112                    3              0            3                  0              0            0                  4              3         15                    4              0        577

      15 – Turvo/Grande             0              0           0                  0               0           0                 6               0        49                  12                0            0               12                0         13                      5              1            4                  5              0         71                   6               1       150                 26                 0            0                  7              3            2                  2              4            0

      16 – Tietê/Batalha            0              0           0                  0               0           0                  4              0            0                  4              0            0                  5              0            0                    7              0         15                    3              0            0                 9               0        181                    4              0        40                     7              1         52                    3              0        120

      17 – Médio
                                    0              0           0                  2               0           0                  1              0        66                     7              0            0                  2              0            0                    4              0        631                    7              0        68                     3              0       652                     1              0         20                    4              0        90                     1              0         72
      Paranapanema
      18 – São José dos
                                    0              0           0                  0               0           0                  1              1            0                  0              0            0                  1              0            0                    4              0        112                    6              2         67                    1              0         15                    3              1            0                  1              0            0                  0              0            0
      Dourados

      19 – Baixo Tietê              0              0           0                  0               0           0                  1              0            0               14                0         51                    5              1            0                    9             10        29                     2              0         30                    6              0        113                    2              4            0                  1              0        200                    1              0            4

      20 – Aguapeí                  0              0           0                  0               0           0                  0              0            0                  6              0            0                  1              0            0                    0              0            0                  1              0            3                  1              0         47                    0              0            0                  3              0        501                    0              0            0

      21 – Peixe                    0              0           0                  1               0           0                  0              0            0               10                0         10                    3              0            0                    5              0         15                    5              0         14                    2              0            9                  4              0            5               13                0        135                    0              0        102

      22 – Pontal do
                                    0              0           0                  0               0           0                  1              0            0               11                0         75                    2              0            0                    6              0        208                    2              0         11                    5              1        80                     0              0            0                  7              0        60                     2              0            0
      Paranapanema

            estado de
                                42                 1           0              99                 32       290                204               17       1.444               311               30       3.725               294               24       4.737                 283               41       13.164              294               28       6.387               147               21       4.581               187               31       16.019              389               49       41.658              288               42       13.554
            são Paulo

                                                                                                                                                                                                                                                                          Fonte: CEDEC (2010)
FiGura 3. 36
atendiMentos de Planos Preventivos de deFesa civil relacionados a escorreGaMentos de 2000 a 2010




                           Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                                                   FiGura 3. 37
   atendiMentos de Planos Preventivos de deFesa civil relacionados a inundações de 2000 a 2010




                           Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                   133
FiGura 3. 38
      atendiMentos de Planos Preventivos de deFesa civil e núMeros de Pessoas aFetadas de 2000 a 2010




                                Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                                                        FiGura 3. 39
           atendiMentos de Planos Preventivos de deFesa civil e núMeros de óbitos de 2000 a 2010




                                Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




134
Nesta	série	histórica	de	11	anos	verifica-se	que	houve	um	aumento	substancial	no	número	de	acidentes	após	os	
dois	primeiros	anos,	mantendo	em	geral	um	valor	entre	204	e	389	acidentes	nos	anos	posteriores.	Apenas	nos	
anos	de	2007	e	2008	este	número	baixou	para	147	e	187	respectivamente.	Destaca-se	o	ano	de	2009	tanto	no	
número	de	acidentes	(389)	quanto	no	número	de	óbitos	(49)	e	pessoas	afetadas	(41.658),	cujos	valores	superam	
em	muito	a	média	do	período	dos	11	anos.

Observa-se	que,	em	termos	de	número	de	acidentes,	há	uma	predominância	dos	mesmos	em	algumas	regiões:	
UGRHI	06	(Alto	Tietê),	UGRHI	02	(Paraíba	do	Sul),	UGRHI	11	(Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul)	e	UGRHI	
05	(PCJ).	Deve	ser	destacado	que	a	extensão	do	dano	no	caso	de	acidentes	relacionados	a	inundações	é	maior	
que	nos	outros	tipos,	levando	a	um	maior	número	de	pessoas	afetadas	em	relação	a	outros	tipos	de	acidentes.	

O	total	para	o	Estado	de	São	Paulo	no	período	de	2000-2010	atinge	5.016	acidentes,	dos	quais	1.046	são	de	
escorregamentos,	2.614	são	de	inundações,	162	são	de	raios	e	1.316	são	de	outros	tipos.	Os	danos	vinculados	a	
estes	acidentes	no	período	relacionam-se	a	632	óbitos	e	211.118	pessoas	afetadas.

Outro	indicador	relacionado	a	Desastres	Naturais	refere-se	à	porcentagem	de	municípios	com	instrumentos	de	
gestão	de	risco,	os	quais	incluem:	Planos	Preventivos	de	Defesa	Civil	e	Planos	de	Contingência;	Mapeamentos	
de	Áreas	de	Risco	a	Escorregamentos,	Inundações	e	Erosão;	Planos	Municipais	de	Redução	de	Risco.	No	Esta-
do	de	São	Paulo,	as	atividades	de	identificação,	avaliação	e	gerenciamento	de	áreas	de	riscos	geológicos	tiveram	
início	de	forma	mais	sistemática	no	verão	de	1988/1989,	com	o	Plano	Preventivo	de	Defesa	Civil	(PPDC),	
específico	para	escorregamentos	nas	encostas	da	Serra	do	Mar	no	Estado	de	São	Paulo	(SANTORO,	2009).	
O	PPDC	é	um	instrumento	capaz	de	subsidiar	as	ações	preventivas	dos	poderes	públicos	municipal	e	estadu-
al,	quanto	à	mitigação	de	problemas	causados	pela	ocupação	em	áreas	de	risco.	Este	Plano	entra	em	operação	
anualmente,	no	período	de	verão	e	envolve	ações	de	monitoramento	dos	índices	pluviométricos	(chuvas)	e	da	
previsão	meteorológica,	além	de	vistorias	de	campo	e	atendimentos	emergenciais.	O	objetivo	principal	é	evitar	a	
ocorrência	de	mortes,	com	a	remoção	preventiva	e	temporária	da	população	que	ocupa	as	áreas	de	risco,	antes	que	
os	escorregamentos	atinjam	suas	moradias.	A	partir	de	2004,	iniciou-se	a	elaboração	de	Mapeamentos	de	Áreas	
de	Risco	a	Escorregamentos	e	Inundações	(BROLLO	et	al,	2009),	como	forma	de	se	conhecer	melhor	as	situ-
ações	problemáticas	e	sua	localização,	possibilitando	a	implantação	de	medidas	estruturais	(como	obras)	e	não	
estruturais	(como	educação	e	monitoramento).	Posteriormente	passaram	a	ser	elaborados	Planos	Municipais	de	
Redução	de	Risco	(PMRR),	por	meio	dos	quais	é	possível	hierarquizar	as	necessidades	físicas	e	financeiras	para	
a	implantação	das	medidas	estruturais	e	não	estruturais	nas	áreas	de	risco.

Em	2010,	dos	municípios	do	Estado,	23%	(101	municípios)	apresentam	pelo	menos	algum	dos	instrumentos	
de	gestão	listados	(Tabela	3.37).	Os	Planos	Preventivos	de	Defesa	Civil	ou	Planos	de	Contingência	para	escor-
regamentos	e	inundações	são	desenvolvidos	em	114	municípios	do	Estado	(Figura	3.40),	distribuídos	por	10	
UGRHI,	onde	há	uma	situação	geológico-geotécnica	e	de	uso	e	ocupação	do	solo	favoráveis	à	ocorrência	de	
acidentes	de	escorregamentos	e	de	inundações.	Os	Mapeamentos	de	Áreas	de	Risco	a	Escorregamentos	e	Inun-
dações	foram	elaborados	em	86	municípios	(Figura	3.41),	distribuídos	por	15	UGRHI.	Já	os	Planos	Municipais	
de	Redução	de	Risco	foram	elaborados	em	11	municípios,	distribuídos	por	seis	UGRHI.	

Verifica-se	que	há	regiões	em	boa	situação	quanto	a	instrumentos	de	gestão	de	riscos,	como	a	UGRHI	03	
(Litoral	Norte),	com	100%	dos	municípios	atendidos.	Em	situação	mediana	encontram-se	quatro	regiões,	a	
UGRHI	07	(Baixada	Santista),	a	UGRHI	01	(Mantiqueira),	a	UGRHI	06	(Alto	Tietê)	e	a	UGRHI	02	(Pa-
raíba	do	Sul),	respectivamente	com	78%,	67%,	65%	e	47%	dos	municípios	atendidos.	As	UGRHI	05	(PCJ),	
10	(Sorocaba/Médio	Tietê),	09	(Mogi-Guaçu)	e	11	(Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul)	mostram	respectivamen-
te	33%,	27%,	24%	e	17%	dos	municípios	atendidos,	enquanto	para	as	demais	regiões	o	número	de	municípios	
atendidos	varia	entre	0%	e	8%.

Destaca-se	que	em	relação	ao	levantamento	anterior	não	houve	evolução	significativa	dos	instrumentos	de	
gestão	de	riscos.




                                                                                                                    135
tabela 3. 37
                    núMero de MunicíPios coM alGuM instruMentos de Gestão de riscos Por uGrHi eM 2010

                              uGrHi                                PPdc              MaP             PMrr                tiG            % tiG
       01 – Mantiqueira                                               2                  2              1                 2               67
       02 – Paraíba do sul                                           14                  16             1                16               47
       03 – litoral norte                                             4                  4              1                 4              100
       04 – Pardo                                                     0                  1              0                 1                4
       05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                              19                  11             1                19               33
       06 – alto tietê                                                8                  18             5                22               65
       07– baixada santista                                           4                  7              2                 7               78
       08 – sapucaí/Grande                                            0                  0              0                 0                0
       09 – Mogi-Guaçu                                                5                  7              0                 9               24
       10 – sorocaba/Médio tietê                                      9                  9              0                 9               27
       11 – ribeira de iguape/litoral sul                             1                  4              0                 4               17
       12 – baixo Pardo/Grande                                        0                  1              0                 1                8
       13 – tietê/Jacaré                                              0                  1              0                 1                3
       14 – alto Paranapanema                                         2                  1              0                 2                6
       15 – turvo/Grande                                              0                  3              0                 3                5
       16 – tietê/batalha                                             0                  1              0                 1                3
       17 – Médio Paranapanema                                        0                  0              0                 0                0
       18 – são José dos dourados                                     0                  0              0                 0                0
       19 – baixo tietê                                               0                  0              0                 0                0
       20 – aguapeí                                                   0                  0              0                 0                0
       21 – Peixe                                                     0                  0              0                 0                0
       22 – Pontal do Paranapanema                                    0                  0              0                 0                0
                     estado de são Paulo                             68               86               11                101              23

                                                                   Fonte: CEDEC (2010)

      Nota:	PPDC:	número	de	municípios	com	Planos	Preventivos	de	Defesa	Civil	a	Escorregamentos;	MAP:	número	de	municípios	com	Mapeamento	de	
      Áreas	de	Risco;	PMRR:	número	de	municípios	com	Planos	Municipais	de	Redução	de	Risco;	TIG:	total	de	municípios	com	algum	instrumento	de	gestão	
      (Planos	Preventivos	de	Defesa	Civil	a	Escorregamentos	e/ou	Mapeamento	de	Áreas	de	Risco	e/ou	Planos	Municipais	de	Redução	de	Risco);	%	TIG:	
      porcentagem	de	municípios	na	UGRHI	com	algum	instrumento	de	gestão.




136
FiGura 3. 40
área de abranGência dos Planos Preventivos de deFesa civil ou Planos de continGência




                     Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



                                             FiGura 3. 41
     MunicíPios coM MaPeaMento de áreas de risco no estado de são Paulo até 2010




                     Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                        137
3.4.3 Mineração
      O	Estado	de	São	Paulo	se	destaca	como	um	dos	maiores	produtores	de	recursos	minerais	não-metálicos,	com	
      uma	produção	voltada	predominantemente	para	o	consumo	interno.	Em	sua	produção	se	destacam	a	extração	de	
      areias,	argilas,	pedras	britadas,	rochas	carbonáticas,	caulim,	rochas	fosfáticas	e	água	mineral.	A	mineração	paulis-
      ta	é	constituída	eminentemente	por	empresas	pequenas	e	médias,	que	estão	presentes	em	muitos	dos	municípios	
      paulistas,	dirigidas	principalmente	à	produção	de	agregados	(areia	e	brita)	e	de	argilas.

      Os	recursos	minerais	são	bens	pertencentes	à	União	e	representam	propriedade	distinta	do	domínio	do	solo	
      onde	estão	contidos,	sendo	classificados	como	recursos	naturais	não	renováveis.	O	arcabouço	legal	que	rege	as	
      atividades	de	mineração,	concede	à	União,	os	poderes	de	outorga	de	direitos	e	sua	fiscalização;	aos	Estados,	os	
      poderes	de	licenciamento	ambiental	das	atividades	e	sua	fiscalização;	e	aos	municípios,	dispor	sobre	os	instru-
      mentos	de	planejamento	e	gestão	com	relação	ao	uso	e	ocupação	do	solo,	onde	se	inserem	o	aproveitamento	
      racional	de	seus	recursos	minerais.

      Os	regimes	de	exploração	e	aproveitamento	dos	recursos	minerais	no	País	estão	definidos	e	normatizados	no	
      Código	de	Mineração	de	1967	(Decreto-Lei	nº	227/67),	seu	regulamento	e	legislação	correlativa,	continuam	em	
      vigor	com	as	alterações	e	as	inovações	introduzidas	por	leis	supervenientes	à	promulgação	da	atual	Constituição	
      e	suas	emendas.	O	processo	de	outorga	do	licenciamento	ambiental	da	atividade	de	mineração	é	de	competência	
      da	Secretaria	de	Estado	do	Meio	Ambiente,	que	prevê	em	casos	especiais,	assentimento	do	Instituto	Brasileiro	
      do	Meio	Ambiente	e	dos	Recursos	Naturais	Renováveis	(IBAMA).

      A	Tabela	3.38	e	Figura	3.42	apresentam	os	dados,	obtidos	junto	ao	Departamento	Nacional	de	Produção	Mine-
      ral	(DNPM),	sobre	a	evolução	dos	títulos	minerários	no	Estado	de	São	Paulo	e	no	Brasil	entre	2002	e	2010,	e	
      indicam	a	posição	destacada	do	Estado	no	ranking	brasileiro	quanto	ao	número	de	portarias	de	lavras	publicadas	
      no	período,	com	exceção	do	ano	de	2010,	em	que	apresentou	apenas	5	portarias	publicadas,	contribuindo	para	
      que	o	Estado	ficasse	na	10°	colocação.	No	entanto,	observa-se	que	para	o	país	como	um	todo	ocorreu	diminuição	
      das	portarias	publicadas.


                                                            tabela 3. 38
            núMero de Portarias de lavras Publicadas no estado de são Paulo e no brasil de 2002 a 2010

                unidade             2002      2003        2004        2005        2006          2007    2008    2009    2010
               são Paulo            109        70          80          91          130           73      46      50      5
                 brasil             220        303         335         389         437          324     268     404     170
               sP/br (%)           49,55      23,10       23,88       23,40       29,70         22,50   17,20   12,40   2,90
                ranking             1°º        2°          2°          1°          1°            1°      1°      3°     10°

                                            Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




138
FiGura 3. 42
            evolução do núMero de Portarias de lavras Publicadas no estado de são Paulo
                                     e no brasil de 2002 a 2010


                                                São Paulo                 Brasil

         500

         450
                                                                  437
         400                                                                                           404
                                                    389
         350
                                        335                                   324
         300
                             303
                                                                                              268
         250
                    220
         200
                                                                                                                170
         150
                                                                  130
                    109
         100
                                                     91                       73
                                                                                         46           50
          50                  70        80
                                                                                                               5
           0
                 2002     2003      2004        2005         2006        2007           2008        2009     2010


                                    Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




A	mineração	é	uma	atividade	industrial	importante	e	necessária,	embora	inerentemente	modificadora	do	meio	
ambiente	ao	explorar	seus	recursos	naturais	e	frequentemente	associada	às	questões	sociais,	tais	como	conflitos	
pelo	uso	do	solo	e	geração	de	áreas	degradadas.	

Não	existe,	ainda,	um	registro	histórico	e	sistemático	dos	impactos	resultantes	da	atividade	de	mineração	no	
Estado	de	São	Paulo	que	permita	sua	perfeita	caracterização	e	identificação,	seja	por	meio	de	sua	localização	e	
abrangência,	tipo	e	grau	de	intensidade,	ou	mesmo	pelo	monitoramento	das	medidas	mitigadoras	e	de	recupera-
ção	ambiental	implantadas.	De	forma	indireta,	é	possível	estabelecer	um	indicador	de	conflito	potencial	associa-
do	à	produção	mineral,	por	meio	de	um	instrumento	econômico,	a	Compensação	Financeira	por	Exploração	dos	
Recursos	Minerais	(CFEM).	Através	da	CFEM	pode	ser	feita	uma	leitura	indireta	da	vulnerabilidade	natural	
do	meio	ambiente	decorrente	da	atividade	de	mineração.

A	CFEM,	instituída	pela	Lei	Federal	nº	7.990/89,	constitui	a	participação	dos	Estados,	Distrito	Federal,	Muni-
cípios	e	órgãos	da	administração	direta	da	União	no	resultado	da	exploração	de	recursos	minerais	pelos	agentes	
de	produção	(empresas).	Sua	base	de	cálculo	é	o	valor	do	faturamento	líquido	resultante	da	venda	do	produto	
mineral,	obtido	após	a	última	etapa	do	processo	de	beneficiamento	adotado	e	antes	de	sua	transformação	indus-
trial.	O	Departamento	Nacional	de	Produção	Mineral	(DNPM),	autarquia	vinculada	ao	Ministério	de	Minas	
e	Energia,	tem	a	responsabilidade	de	estabelecer	normas	e	exercer	a	fiscalização	sobre	a	arrecadação	da	CFEM.	

A	Tabela	3.39	e	as	Figuras	3.43	e	3.44	apresentam	os	dados	sobre	a	evolução	do	recolhimento	da	CFEM	no	Brasil	
e	em	São	Paulo	entre	2004	e	2010.	Observa-se	que	o	Estado	de	São	Paulo	vem	apresentando	uma	tendência	de	
aumento	na	arrecadação	da	CFEM.




                                                                                                                      139
tabela 3. 39
                                     cFeM (eM r$ 1000) do estado de são Paulo e do brasil de 2004 a 2010

               unidade                          2004             2005             2006             2007             2008              2009               2010
           são Paulo                            8.588            9.293           12.471           15.422           22.474            27.701              37.684
                       brasil                  295.270          405.538          465.128          547.208          857.819           742.067         1.083.142
          sP/br (%)                             2,91             2,29             2,68             2,82             2,62              3,73                3,48

                                                          Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

                                                                            FiGura 3. 43
                                                       evolução da cFeM no brasil de 2004 a 2010


                         1.200.000
                                                                                                                                               1.083.142
                         1.100.000

                         1.000.000
                                                                                                             857.819
                          900.000

                          800.000
      CFEM (R$ 1000)




                          700.000
                                                                                                                              742.067
                          600.000

                          500.000
                                                                                             547.208
                          400.000                                           465.128
                                         295.270
                                                            405.538
                          300.000

                          200.000

                          100.000
                                        2004             2005             2006             2007            2008             2009             2010


                                                          Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

                                                                            FiGura 3. 44
                                         evolução da cFeM no estado de são Paulo de 2004 a 2010


                          40.000

                                                                                                                                                37.684
                          35.000


                          30.000

                                                                                                                                   27.638
        CFEM (R$ 1000)




                          25.000

                                                                                                               22.474
                          20.000


                          15.000
                                                                                             15.422
                                                                             12.471
                          10.000
                                                         9.293
                                       8.588
                           5.000
                                       2004              2005             2006             2007             2008             2009             2010

                                                          Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




140
A	Tabela	3.40	apresenta	a	evolução	da	arrecadação	da	CFEM	distribuída	por	UGRHI	no	período	de	2004	
a	2010.	Observa-se	que,	em	2009,	a	UGRHI	com	maior	arrecadação	foi	a	UGRHI	06	(Alto	Tietê),	seguida	
pelas	UGRHI	10	(Sorocaba/Médio	Tietê),	05	(Piracicaba/Capivari/Jundiaí),	02	(Paraíba	do	Sul)	e	09	(Mogi-
Guaçu).	Estas	são	responsáveis	pelas	maiores	produções	de	agregados	(brita	e	areia)	e	de	argila,	insumos	fun-
damentais	 para	 a	 indústria	 da	 construção	 civil,	 além	 de	 responderem	 por	 produções	 significativas	 de	 rochas	
carbonáticas,	caulim,	e	areia	para	vidro	e	fundição.

Em	2010	observa-se	que	o	quadro	permanece	praticamente	inalterado,	com	destaque	para	o	crescimento	na	
arrecadação	da	UGRHI	11	(Ribeira	de	Iguape/Litoral	Sul),	que	saltou	de	um	valor	de	R$	677.731,13	em	2009,	
para	R$	3.022.535,01	em	2010,	pois	passou	a	considerar	em	seus	cálculos	a	produção	de	apatita	e	carbonatito	
(fosfatos),	calcita	e	ferro,	que	é	praticada	no	município	de	Cajati	desde	a	metade	do	século	passado.	




                                                                                                                            141
142
                                                                                         tabela 3. 40
                                                          cFeM (eM r$) do estado de são Paulo Por uGrHi de 2004 a 2010

                        uGrHi                 2004                2005                          2006                          2007        2008           2009           2010
      01 – Mantiqueira                       1.058,47            600,00                        56,18                          0,00        0,00         13.316,10       2.442,11

      02 – Paraíba do sul                  882.836,95           877.327,61                  1.343.410,90                1.787.862,26   2.993.839,06   3.151.951,24   4.043.503,92

      03 – litoral norte                    98.398,21           73.980,44                    105.785,47                  64.939,45      120.871,80     83.655,12      80.197,88

      04 – Pardo                           248.569,31           275.911,08                  446.842,85                   409.729,52     553.670,98     531.280,11     742.276,57

      05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí     1.319.496,05        1.504.940,35                 2.102.124,11                2.905.211,78   4.104.552,63   4.404.703,95   5.650.824,17

      06 – alto tietê                      1.534.296,50        1.528.295,25                 2.367.523,38                3.016.937,35   4.915.832,66   7.539.814,88   9.775.814,60

      07– baixada santista                 266.730,79          296.994,01                   453.094,48                   402.343,16    719.493,94      956.352,37    1.432.519,86

      08 – sapucaí/Grande                   36.877,92           43.587,28                    83.646,33                   117.130,10     175.988,36     176.318,10    244.924,83

      09 – Mogi-Guaçu                      974.497,07          1.122.086,95                 1.125.160,74                1.201.934,39   1.678.985,84   1.559.713,58   2.252.790,85

      10 – sorocaba/Médio tietê            1.791.893,81        1.846.376,51                 2.307.354,05                2.859.222,82   3.605.252,83   4.469.741,06   5.306.546,76

      11 – ribeira de iguape/litoral sul   210.001,12          264.772,36                    323.914,57                  355.126,33    595.166,48      677.731,13    3.022.535,01

      12 – baixo Pardo/Grande               36.857,85           55.958,31                    77.424,31                   138.096,62     207.556,77    149.195,88     131.209,29

      13 – tietê/Jacaré                    298.647,07           431.119,57                  669.191,84                   247.083,16     937.507,19    1.390.023,72   1.372.763,79

      14 – alto Paranapanema               436.848,31          526.471,52                    555.970,45                  584.259,38    769.632,41     868.891,98     1.366.226,14

      15 – turvo/Grande                     20.430,81           22.190,63                    33.044,66                    8.420,59      58.989,42      64.332,37     114.495,72

      16 – tietê/batalha                    63.243,57           60.747,04                    64.979,31                   32.803,38      158.871,82    135.681,92     388.893,15

      17 – Médio Paranapanema              142.884,32          130.744,28                    140.873,20                  121.799,17     340.052,33    877.885,80     998.943,20

      18 – são José dos dourados            16.120,20           15.138,17                    14.592,37                   18.726,33      37.881,84      64.206,50      65.908,71

      19 – baixo tietê                      98.818,24          114.431,90                   148.480,96                   146.889,03     287.957,52    254.032,52     358.566,38

      20 – aguapeí                          32.551,82           22.572,23                    33.284,88                   28.008,45      43.395,11      39.404,37      74.605,24

      21 – Peixe                            17.832,21           12.581,53                    16.353,78                    17.651,23     26.285,46      31.358,03      41.731,70

      22 – Pontal do Paranapanema           58.248,13           66.405,53                    57.666,68                   51.087,39     116.943,90     189.604,68     216.164,20

                                                                          Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)
Desta	forma,	a	CFEM	pode	ser	utilizada	de	forma	indireta	como	um	indicador	de	conflito	potencial	para	essas	
regiões	com	maiores	valores	de	contribuição	de	arrecadação	devido	à	produção	mineral.	Ao	apresentarem	uma	
atividade	de	mineração	mais	intensa,	que	por	sua	vez	tem	uma	característica	inerentemente	modificadora	do	
meio	físico,	podem	estar	intervindo	de	forma	negativa	na	qualidade	ambiental.

Neste	relatório	de	2010	permanece	a	recomendação	já	apresentada	em	2009,	de	que	com	base	nestes	dados	o	
Estado	poderia	iniciar	a	elaboração	de	indicadores	adequados	para	a	avaliação	e	monitoramento	da	atividade	
de	mineração,	em	especial	daqueles	relativos	à	recuperação	de	áreas	degradadas,	tanto	de	natureza	qualitativa	
quanto	quantitativa,	fundamentais	para	os	órgãos	de	licenciamento	e	fiscalização.

Por	fim,	ressalta-se	que	os	recursos	da	CFEM	são	distribuídos	entre	os	municípios	produtores	(65%),	os	Es-
tados	(23%)	e	a	União	(12%).	Essas	receitas	devem,	obrigatoriamente,	serem	aplicadas	em	projetos	que,	direta	
ou	indiretamente,	tragam	benefícios	a	comunidade	local,	na	forma	de	melhoria	da	infra-estrutura,	da	qualidade	
ambiental,	da	saúde	e	educação.	Assim,	a	CFEM,	além	de	constituir	um	indicador	do	valor	da	produção	mineral	
em	cada	um	dos	municípios	mineradores,	também	pode	ser	utilizada	como	um	indicador	de	impacto	social	da	
mineração,	quando	da	avaliação	de	sua	aplicação.



referências
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                                                                                                                                    143
3.5 biodiversidade
      O	Brasil	é	reconhecidamente	o	país	com	a	maior	diversidade	biológica,	abrigando	entre	15	e	20%	do	número	
      total	de	espécies	do	planeta.	Parte	dessa	riqueza	tem	sido	perdida	de	forma	irreversível	(IBGE,	2008).	

      No	Estado	de	São	Paulo,	a	cobertura	florestal	original,	que	no	passado	cobria	cerca	de	80%	do	território,	esten-
      de-se	hoje	por	apenas	17,5%	deste.	Fatores	como	especulação	imobiliária,	expansão	da	fronteira	agropecuária,	
      extrativismo	ilegal	e	contaminação	do	solo,	das	águas	e	da	atmosfera,	vieram	a	reduzir	a	cobertura	vegetal	do	Es-
      tado	a	fragmentos,	muitas	vezes	de	dimensões	não	significativas	e	a	distâncias	não	suficientes	para	manutenção	
      de	fluxo	gênico,	das	funções	ecológicas	e	da	conservação	da	biodiversidade.

      A	extensão	ocupada	pelo	bioma	Cerrado,	a	qual	correspondia	a	14%	da	superfície	do	Estado,	responde	hoje	por	
      apenas	cerca	de	1%.	Tal	redução	compromete	severamente	a	sustentabilidade	futura	do	bioma	mencionado.	Da	
      Mata	Atlântica	resta	uma	área	de	aproximadamente	12%	da	cobertura	original.	Somente	na	fachada	da	Serra	
      do	Mar	e	no	Vale	do	Ribeira,	áreas	onde	o	relevo	garantiu	relativa	proteção,	há	remanescentes	significativos	do	
      bioma	(RODRIGUES	e	BONONI,	2008).	

      Esses	fatores	favorecem	a	extinção	de	espécies	(perda	de	biodiversidade),	especialmente	daquelas	associadas	a	
      florestas	maduras,	as	quais	necessitam	de	grandes	áreas	conservadas	e	condições	específicas	para	sobreviver.

      A	 área	 de	 cobertura	 vegetal	 total,	 a	 área	 de	 mata	 ciliar	 cadastrada,	 a	 área	 de	 vegetação	 autorizada	 para	
      supressão	e	de	reserva	legal	averbada,	e	o	número	de	espécies	ameaçadas	de	extinção,	são	importantes	in-
      dicadores	para	o	monitoramento	e	avaliação	do	estado	de	conservação	da	biodiversidade	no	Estado	de	São	
      Paulo.	No	mesmo	sentido,	informações	referentes	à	gestão	de	Unidades	de	Conservação	também	são	de	
      grande	importância.


      3.5.1 cobertura vegetal total
      A	cobertura	vegetal	nativa	é	a	principal	responsável	pelo	equilíbrio	e	manutenção	de	processos	ecológicos	essen-
      ciais	dos	ecossistemas,	sendo	um	importante	componente	da	biodiversidade	e	também	responsável	pela	conser-
      vação	desta.

      No	caso	do	Estado	de	São	Paulo,	a	vegetação	natural	sofreu	intensa	exploração	no	decorrer	de	diversos	ciclos	
      econômicos	e	inúmeras	pressões	das	atividades	antrópicas,	tendo	suas	áreas	diminuídas	a	fragmentos	remanes-
      centes,	dispostos	de	maneira	heterogênea,	e	a	distâncias	não	suficientes	para	manutenção	de	fluxo	gênico,	das	
      funções	ecológicas	e	da	conservação	da	biodiversidade.	

      As	pressões	mais	relevantes	sobre	as	florestas	se	desdobram,	de	maneira	geral,	em	extração	de	recursos	naturais	
      e	ocupação	econômica	das	terras	cobertas	por	vegetação.	De	modo	específico,	os	principais	fatores	geradores	de	
      pressão	so	 re	as	florestas	remanescentes,	são,	na	atualidade	do	Estado	de	São	Paulo,	a	atividade	agrossilvopasto-
                  b
      ril	e,	mais	recentemente,	as	áreas	urbanas	(IPARDES,	2007).

      Sendo	sensível	às	pressões	antrópicas,	a	cobertura	vegetal	representa	um	importante	indicador	ambiental,	à	me-
      dida	que	reflete	a	dinâmica	das	atividades	humanas	e	seus	efeitos	sobre	seu	status	de	conservação.	

      Desta	 maneira,	 apresenta-se	 a	 seguir	 dados	 atuais	 da	 cobertura	 vegetal	 nativa	 do	 Estado	 de	 São	 Pau-
      lo,	 levantados	 pelo	 Instituto	 Florestal,	 para	 elaboração	 do	 Inventário	 Florestal	 do	 Estado	 de	 São	 Paulo	
      2008/2009	(IF,	2010).

      Foram	consideradas	as	seguintes	fitofisionomias	florestais:




144
Floresta Ombrófila Densa

É	uma	formação	com	vegetação	característica	de	regiões	tropicais	com	temperaturas	elevadas	(média	25ºC)	e	
com	alta	precipitação	pluviométrica	bem	distribuída	durante	o	ano	(de	0	a	60	dias	secos),	sem	período	biologi-
camente	seco.

Esta	 legenda	 abrangeu,	 na	 sua	 região	 de	 ocorrência,	 duas	 categorias	 de	 fitofisionomias	 anteriores,	 de	 caráter	
regional:	mata	e	capoeira.

Desta	forma	a	“mata”	passou	a	ser	Floresta	Ombrófila	Densa,	dividida	nas	seguintes	categorias,	em	função	de	
gradientes	altitudinais:

­ Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas: 0 a 50 metros;

­ Floresta Ombrófila Densa Submontana: 50 a 500 metros;

­ Floresta Ombrófila Densa Montana: 500 a 1500 metros, e;

­ Floresta Ombrófila Densa Alto­Montana: maior que 1500 metros.


Floresta Ombrófila Mista

Conhecida como “mata de araucária ou pinheiral”, é encontrada em regiões da Serra da Mantiqueira e na Serra
do Mar, sendo dividida nas seguintes categorias em função de gradientes altitudinais, com suas respectivas
vegetações secundárias:

­ Floresta Ombrófila Mista Montana: até 1200 metros, e;

­ Floresta Ombrófila Mista Alto­Montana: maior que 1200 metros.


Floresta Estacional Semidecidual

Este tipo de vegetação se caracteriza pela dupla estacionalidade climática: uma tropical com período de intensas
chuvas de verão, seguidas por estiagens acentuadas; outra subtropical sem período seco, e com seca fisiológica
provocada pelo inverno, com temperaturas médias inferiores a 15ºC.


Savana (Cerrado)

Esta legenda corresponde ao chamado cerrado. Segundo o Inventário Florestal 2005 (Kronka et al, 2005), pode
ser definido como uma formação cuja fisionomia caracteriza­se por apresentar indivíduos de porte atrofiado,
de troncos retorcidos, cobertos por casca espessa e fendilhada, de esgalhamento baixo e copas assimétricas,
folhas na maioria grandes e grossas, algumas coriáceas, de caules e ramos encortiçados, com ausência de acúleos
e espinhos, bem como de epífitas e lianas. Apresenta três estratos: estrato superior, constituído por árvores
esparsas de pequeno porte (4 a 6 metros de altura); estrato intermediário (arbustos de 1 a 3 metros de altura) e
estrato inferior, constituído por gramíneas e subarbustos (até 50 cm de altura), pouco denso, deixando espaços
onde o solo pode apresentar pouco ou nenhum revestimento.


Formações Arbórea/Arbustiva-Herbácea de Terrenos Marinhos Lodosos

Esta legenda abrange na sua região de ocorrência a categoria chamada “mangue”, definida como uma
fitofisionomia de ambiente salobro, situada na desembocadura de rios e regatos no mar, onde nos solos limosos
cresce uma vegetação especializada e adaptada à salinidade das águas.




                                                                                                                               145
Formações Arbórea/Arbustiva-Herbácea sobre Sedimentos Marinhos Recentes

      Abrange	na	sua	região	de	ocorrência	a	categoria	chamada	“restinga”.	Trata-se	de	vegetação	de	primeira	ocupação	
      (formação	pioneira)	que	ocupa	terrenos	rejuvenescidos	pelas	seguidas	disposições	de	areias	marinhas	nas	praias	
      e	restingas,	com	plantas	adaptadas	aos	parâmetros	ecológicos	do	ambiente	pioneiro.


      Formações Arbórea/Arbustiva em Regiões de Várzea

      Abrange	a	categoria	de	vegetação	chamada	“vegetação	de	várzea”,	uma	formação	ribeirinha	ou	ciliar,	que	ocorre	ao	
      longo	dos	cursos	d’água,	apresentando	um	dossel	emergente	uniforme,	estrato	dominado	e	submata.

      A	seguir	são	apresentados	os	valores	da	área	remanescente	de	cada	fitofisionomia	encontrada	no	Estado	de	São	
      Paulo	(Tabela	3.41).


                                                                      tabela 3. 41
                      área de cada cateGoria de veGetação nativa no estado de são Paulo eM 2008/2009

                                            categorias de vegetação/fitofisionomias                        área (ha)
       Floresta estacional semidecidual                                                                  1.133.015,29
       Floresta ombrófila densa                                                                          2.506.383,20
       Floresta ombrófila Mista                                                                           177.953,28
       Formação arbórea / arbustiva em região de várzea                                                  293.101,28
       Formação arbórea / arbustiva-Herbácea de terrenos Marinhos lodosos (Mangue)                        20.622,05
       Formação Pioneira arbustiva-Herbácea sobre sedimentos Marinhos recentes (restinga)                  2.522,73

       savana (cerrado)                                                                                  218.034,48

                                                       Fonte: IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

      Nota:	Valores	aproximados	calculados	por	Sistema	de	Informação	Geográfica



      Levando-se	em	conta	os	dados	mais	atuais,	nota-se	que	o	percentual	de	vegetação	nativa	do	Estado	de	São	Paulo,	
      que	ao	longo	do	tempo	sempre	apresentou	tendência	de	queda,	apresenta	uma	leve	recuperação.

      A	Tabela	3.42	a	seguir	demonstra	esta	variação	nos	últimos	anos,	de	acordo	com	dados	do	Instituto	Florestal,	
      apresentando	os	percentuais	de	cobertura	vegetal	total	de	cada	UGRHI	e	do	Estado	de	São	Paulo,	referentes	ao	
      ano	de	2001	(Kronka	et	al,	2005)	e	referentes	aos	anos	de	2008/2009	(IF,	2010).




146
tabela 3. 42
                                área de veGetação nativa Por uGrHi eM 2005 e 2008/2009

                                                                                ano
                  uGrHi                                   2005                                    2008/2009           variação (ha)
                                              área (ha)                %             área (ha)                 %
01 – Mantiqueira                                22.545               33,3%             32.828                 51,1%     10.283
02 – Paraíba do sul                            292.879              21,0%             370.237                 25,8%     77.358
03 – litoral norte                             161.784              81,8%             168.915                 88,6%      7.131
04 – Pardo                                      78.430               8,2%             132.581                 15,0%     54.151
05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                98.661               7,2%             188.788                 12,5%     90.127
06 – alto tietê                                181.149               27,25            220.658                 39,1%     39.509
07– baixada santista                           176.504              74,4%             183.992                 63,7%     7.488
08 – sapucaí/Grande                             65.945               6,6%              98.648                 10,9%     32.703
09 – Mogi-Guaçu                                 77.062               5,9%             134.810                 9,2%      57.748
10 – sorocaba/Médio tietê                      181.396              15,0%             158.553                 13,2%    -22.843
11 – ribeira de iguape/litoral sul            1.143.226             66,2%             1.217.167               72,9%     73.941
12 – baixo Pardo/Grande                         42.320               6,0%              43.364                 6,2%      1.044
13 – tietê/Jacaré                              113.603               7,1%              91.356                 8,0%     -22.247
14 – alto Paranapanema                         297.910              14,4%             416.294                 18,4%    118.384
15 – turvo/Grande                               66.910               3,9%             117.221                 7,4%      50.311
16 – tietê/batalha                              75.670               6,1%             256.719                 19,3%    181.049
17 – Médio Paranapanema                        109.251               6,2%             148.112                 8,9%      38.861
18 – são José dos dourados                      17.116               2,8%              36.001                 5,3%      18.885
19 – baixo tietê                                74.548               4,0%             109.535                 7,2%      34.987
20 – aguapeí                                    48.337               5,0%              60.735                 4,6%      12.398
21 – Peixe                                      37.851               4,5%              57.117                 4,6%      19.266
22 – Pontal do Paranapanema                     94.141               7,0%             100.088                 8,5%      5.947

       estado de são Paulo                    3.457.238             13,94%          4.343.718                17,50%    886.417

                                     Fonte: Kronka et al (2005) e IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




É	importante	ressaltar	que	estas	variações	devem-se	em	grande	parte	ao	fato	de	o	novo	levantamento	ter	uma	
metodologia	diferenciada	do	levantamento	anterior.	O	Inventário	Florestal	2008/2009	foi	produzido	com	ima-
gens	de	satélite	de	alta	resolução,	que	culminou	na	descoberta	de	184	mil	novos	fragmentos	florestais,	represen-
tando	445,7	mil	hectares	de	novas	pequenas	matas	que	não	estavam	contabilizadas	no	mapeamento	anterior.	
Apesar	disso,	estima-se	em	94,9	mil	hectares	o	total	de	áreas	em	regeneração,	compreendendo	em	um	aumento	
real	da	vegetação.	

A	Figura	3.45	mostra	o	percentual	de	cobertura	vegetal	por	UGRHI	e	a	Figura	3.46	a	distribuição	desse	percen-
tual	por	município,	ambos	para	o	período	de	2008/2009.




                                                                                                                                      147
FiGura 3. 45
                               Percentual de cobertura veGetal nativa Por uGrHi eM 2008/2009


                   100,0
                               %
                             ,6
                    90,0   88

                    80,0            %
                                  ,9
                                72
                                            %
                    70,0                  ,7
                                        63
                    60,0                            %
                                                  ,1
                                                51
                    50,0                                %
                                                      ,1
                    40,0                            39
                                                            %
                                                          ,8
                    30,0                                25       % %
                                                               ,3
                                                             19 18,4 ,0% % % %
                    20,0                                            15 13,2 2,5 0,9 % % %
                                                                            1 1      2 9 5     %
                    10,0                                                           9, 8, 8, 8,0 7,4% ,2% ,2% ,3% % %
                                                                                                    7 6 5 4,6 4,6
                     0,0
                           3    7 11        1      6    2 10 14       4    5   13 22      8 17 16 12      9 20 21 19 15 18
                                                                           UGRHI


                                                        Fonte: IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)


      Podemos	observar	que	os	maiores	percentuais	de	vegetação	são	encontrados	nas	UGRHI	litorâneas,	valendo	
      destacar	 a	 UGRHI	 11	 –	 Ribeira	 de	 Iguape/Litoral	 Sul,	 que	 conta	 com	 a	 maior	 área	 de	 vegetação	 natural,	
      somando	mais	de	1,2	milhão	de	hectares	ou	28%	da	área	total	de	vegetação	natural	encontrada	no	Estado.

                                                                       FiGura 3. 46
                 distribuição do Percentual de cobertura veGetal nativa Por MunicíPio eM 2008/2009




                                                        Fonte: IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




148
3.5.2 Mata Ciliar cadastrada
Uma parcela da vegetação natural remanescente está localizada nas margens de rios, córregos, lagos, represas
e nascentes. São as chamadas matas ciliares, que atuam como uma proteção aos corpos hídricos. Também são
conhecidas como mata de galeria, mata de várzea, vegetação ou floresta ripária.

De acordo com o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 4.771/65), as matas ciliares são áreas com status
de proteção especial, devido às funções ecológicas e sociais que desempenham, sendo incluídas na categoria de
Áreas de Preservação Permanente (APP).

Em escala local e regional, as matas ciliares protegem a água e o solo, promovem a estabilidade geológica, preser-
vam a paisagem, oferecem abrigo e sustento à fauna, além de funcionarem como barreira à propagação de pragas
e doenças das culturas agrícolas. Em escala global, as florestas em crescimento fixam carbono e contribuem para
a redução dos gases de efeito estufa. Assim, recuperar as matas ciliares pode significar benefícios em aspectos
ambientais, sociais e econômicos.

Como forma de assegurar a conservação das Áreas de Preservação Permanente representadas pelas matas cilia-
res, foi instituída no âmbito do Projeto Ambiental Estratégico (PAE) Mata Ciliar, por meio da Resolução SMA
nº 42/07, a Comunicação de Áreas Ciliares, obrigatória a todas as propriedades maiores que 200 ha, e também
o Banco de Áreas para Recuperação (Resolução SMA nº 30/07), onde os proprietários, de forma voluntária,
podem realizar o cadastro de áreas ciliares disponíveis para recuperação. A partir do Banco de Áreas (disponível
em www.ambiente.sp.gov.br), empresas e pessoas físicas interessadas, podem investir no reflorestamento das áre-
as, seja como compensação ambiental, compensação voluntária para emissões de gases de efeito estufa ou mesmo
como ação voluntária de responsabilidade social.

Os dados sobre a área de mata ciliar cadastrada no Estado de São Paulo fornecem subsídios para a elabo-
ração e implantação de projetos de recuperação florestal, bem como a identificação de áreas prioritárias
para esse fim.

O indicador é constituído pela porcentagem da área de mata ciliar declarada pelos proprietários rurais em
relação às áreas totais de suas propriedades junto ao órgão ambiental competente (a Coordenadoria de Bio-
diversidade e Recursos Naturais – CBRN). A Tabela 3.43 e a Figura 3.47 apresentam as áreas de mata ciliar
declaradas em cada UGRHI até novembro de 2010. A Tabela 3.44 mostra os totais acumulados de área
ciliar cadastrada, incluindo também o Banco de Áreas para Recuperação e as áreas cadastradas a partir do
Protocolo Agroambiental, referentes aos anos de 2008, 2009 e 2010. O Protocolo Agroambiental, assinado
pelos Secretários de Estado do Meio Ambiente e da Agricultura, e pelo presidente da União da Indústria
Sucroalcooleira (UNICA), visa premiar as boas práticas do setor sucroalcooleiro através de um certificado de
conformidade. Vale ressaltar ainda que o total de área de mata ciliar disponível para recuperação no Estado de
São Paulo é estimada em 1 milhão de hectares.




                                                                                                                     149
tabela 3. 43
                            área de Mata ciliar declarada no estado de são Paulo Por uGrHi até 2010

                                                                                 área das              área ciliar declarada
                           uGrHi                    número de áreas                                                                       %
                                                                             propriedades (ha)                  (ha)¹
       01 – Mantiqueira                                      2                      685,5                        104,47             15,20%
       02 – Paraíba do sul                                  241                  85.871,19                     17.277,95            20,10%
       03 – litoral norte                                    0                        -                            -                      -
       04 – Pardo                                           18                    30.323,75                     2.212,87             7,30%
       05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                      17                   8.714,42                      855,48               9,80%
       06 – alto tietê                                      20                    21.571,19                     3.991,77            18,50%
       07– baixada santista                                  7                    3.549,27                       405,81             11,40%
       08 – sapucaí/Grande                                   5                    4.043,19                       324,33              8,00%
       09 – Mogi-Guaçu                                      33                    24.136,77                      937,64              3,90%
       10 – sorocaba/Médio tietê                            44                    72.132,44                     4.891,25             6,80%
       11 – ribeira de iguape/litoral sul                    13                   15.565,33                      340,65              2,20%
       12 – baixo Pardo/Grande                              40                   30.262,27                      1.422,49             4,70%
       13 – tietê/Jacaré                                    181                  221.102,00                    12.562,52             5,70%
       14 – alto Paranapanema                               148                  238.982,27                    24.779,82            10,40%
       15 – turvo/Grande                                    15                   84.464,39                      7.058,03             8,40%
       16 – tietê/batalha                                   42                   52.654,90                      3.700,37             7,00%
       17 – Médio Paranapanema                              86                   122.331,43                     6.226,76             5,10%
       18 – são José dos dourados                            3                    3.979,00                      460,98              11,60%
       19 – baixo tietê                                     58                   260.693,21                    24.899,78             9,60%
       20/21 – aguapeí/Peixe                                25                   40.522,05                      2.882,88             7,10%
       22 – Pontal do Paranapanema                          21                   43.403,26                      1.726,52             4,00%
               estado de são Paulo                         1.019                1.364.987,83                   117.062,37            8,60%

                                            Fonte: SMA/PAE Mata Ciliar (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

      Nota:	1	–	Até	novembro	de	2010


                                                                    tabela 3. 44
                            área de Mata ciliar cadastrada no estado de são Paulo eM 2008, 2009 e 2010

                               ano                                      2008                          2009                       2010¹
       área ciliar cadastrada (ha)                                   325.838                       373.677                      378.012
       área ciliar disponível (ha)                                  1.000.000                     1.000.000                    1.000.000

       % de área ciliar cadastrada                                   32,58%                        37,37%                       37,80%

                                            Fonte: SMA/PAE Mata Ciliar (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

      Nota:	1	–	Até	novembro	de	2010




150
FiGura 3. 47
                                      área de Mata ciliar declarada no estado de são Paulo Por uGrHi até 2010¹


                                      30




                                                0
                                                8
                                              ,9
                                             ,7
                                           24
                                           24
                                      25
                Milhões de hectares

                                      20




                                                       8
                                                     ,2
                                                   17
                                      15



                                                            6
                                                          ,5
                                      10                12

                                                                  06
                                                               23
                                                                7,
                                                             6,

                                                                                       89
                                                                                     99
                                       5

                                                                                     4,



                                                                                    70
                                                                                   3,



                                                                                  88
                                                                                  3,



                                                                                21
                                                                                2,



                                                                               73
                                                                              42
                                                                              2,




                                                                            94
                                                                            86
                                                                             1,




                                                                           46
                                                                           41
                                                                           1,




                                                                          34

                                                                          32
                                                                         10
                                                                          0,
                                                                         0,
                                                                        0,
                                                                        0,
                                                                       0,

                                                                       0,
                                                                       0,
                                       0
                                           19 14    2    13 15 17 10          6     16 20/21 4    22 12      9    5    18   7   11   8   1
                                                                                         UGRHI


                                                        Fonte: SMA/PAE Mata Ciliar (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

Nota:	1	–	Até	novembro	de	2010



3.5.3 supressão de vegetação nativa
A	supressão	de	vegetação	nativa	é	inerente	ao	processo	de	desenvolvimento	econômico	e	à	expansão	urbana.	A	
legislação	ambiental	busca	assegurar	que	esse	processo	não	aconteça	de	forma	desordenada,	estabelecendo	a	fi-
gura	legal	das	autorizações	para	supressão,	que	são	obrigatoriamente	vinculadas	às	compensações	e	cujos	termos	
são	variáveis,	sempre	correspondendo	a	valores	em	área	iguais	ou	maiores	que	os	autorizados.

O	Projeto	Ambiental	Estratégico	(PAE)	Desmatamento	Zero	busca,	no	âmbito	do	Estado	de	São	Paulo,	ins-
tituir	uma	moratória	para	o	desmatamento,	tornar	mais	rigoroso	o	licenciamento	e	mais	efetivas	suas	medidas	
mitigadoras,	e	aprimorar	as	ações	de	fiscalização	da	Polícia	Ambiental	a	fim	de	garantir	a	conservação	efetiva	da	
biodiversidade.

Para	alcançar	esses	objetivos,	procurou-se	aplicar	restrições	à	concessão	de	autorizações	de	supressão	de	vege-
tação	nativa	e	aprimorar	os	critérios	para	o	licenciamento	e	para	a	determinação	de	medidas	compensatórias	e	
mitigadoras,	bem	como	fortalecer	o	sistema	de	informações	relacionado	ao	licenciamento,	como	o	georreferen-
ciamento	das	reservas	legais	averbadas.	

Com	maiores	restrições	para	a	permissão	da	supressão	e	por	meio	de	uma	nova	sistemática	de	fiscalização,	es-
tabelecida	em	parceria	com	a	Polícia	Militar	Ambiental,	vem	conseguindo-se	a	diminuição	dos	montantes	de	
vegetação	nativa	suprimida,	legal	e	ilegalmente,	no	Estado.

Além	disso,	por	meio	de	operações	de	fiscalização	do	cumprimento	dos	Termos	de	Compromisso	de	Recupera-
ção	Ambiental	(TCRA),	vinculados	às	autorizações	expedidas,	vem	buscando-se	assegurar	seu	cumprimento	e,	
consequentemente,	garantir	a	recuperação	florestal.

A	Figura	3.48	a	seguir,	mostra	a	área	de	vegetação	nativa	autorizada	para	supressão	no	Estado	de	São	Paulo	ao	
longo	dos	anos,	a	partir	de	1996.	Nota-se	que	2009	foi	o	ano	com	a	menor	área	autorizada	para	supressão	de	
toda	a	série	histórica.




                                                                                                                                             151
FiGura 3. 48
            área de veGetação nativa autorizada Para suPressão no estado de são Paulo de 1996 a 2009


                                 12.000
                                          10.865

                                 10.000


                                  8.000
               Área (hectares)




                                                                                                                        6.268
                                  6.000                                                         5.100           5.224           5.290
                                               5.083
                                                                                        4.601           4.751
                                                        4.468
                                                                        3.891
                                  4.000                                         3.220
                                                                2.673                                                                   2.636
                                                                                                                                                1.813
                                  2.000


                                      0
                                          1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


                                                   Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      É	apresentada	a	seguir,	a	representatividade	(em	%)	de	cada	tipo	de	formação	vegetal	autorizada	para	supressão	
      em	2009.	O	maior	percentual	diz	respeito	à	vegetação	exótica,	seguida	pela	Floresta	Ombrófila	e	as	demais	ti-
      pologias	da	Figura	3.49.


                                                                                FiGura 3. 49
                                 ProPorção dos diversos tiPos de veGetação autorizada Para suPressão eM 2009


                                                                  0,13%
                                                          2,33%                                                    Fl. Ombrófila
                                                                     0,04%

                                                                                    20,71%                         Fl. Estacional
                                          16,64%
                                                                                                                   Sem vegetação

                                                                                                                   Cerrado

                                                                                                                   Exó ca
                                                                                                10,93%
                                                                                                                   Várzea

                                      26,17%                                                                       Res nga

                                                                                                                   Campos de al tude
                                                                                    16,44%
                                                                                                                   Manguezal
                                                              6,59%

                                                   Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      No	âmbito	do	PAE	Desmatamento	Zero,	a	divisão	territorial	utilizada	é	diferente	da	divisão	por	UGRHI,	
      adotada	neste documento.	A	divisão	utilizada	é	baseada	na	localização	das	Agências	Ambientais	da	CETESB	
      associada	 à	 vocação	 regional.	Assim,	 no	 âmbito	 desse	 projeto,	 a	 divisão	 do	 Estado	 se	 dá	 em	 cinco	 Depar-




152
tamentos	de	Gestão	Ambiental:	LF	–	Agronegócio,	englobando	a	região	noroeste	(Araçatuba);	LG	–	Em	
Industrialização,	englobando	a	região	central	e	nordeste	(Bauru);	LJ	–	Industrial,	englobando	e	Região	Me-
tropolitana	de	Campinas;	LL	–	Industrial,	englobando	a	Região	Metropolitana	de	São	Paulo	mais	Cubatão;	e	
LM	–	Conservação,	que	engloba	a	região	da	Mantiqueira,	o	Litoral	e	a	parte	da	bacia	do	Alto	Paranapanema,	
na	região	de	Avaré.

A	Figura	3.50	abaixo	detalha	a	área	autorizada	para	supressão	(em	ha),	em	cada	uma	das	regiões	acima	citadas,	
para	o	ano	de	2009,	de	acordo	com	as	finalidades.


                                                                      FiGura 3. 50
          área autorizada Para suPressão, Por Finalidade e Por diretorias de Gestão aMbiental



                           450

                           400                                                                                      Obras Lineares

                           350                                                                                      A v. Agropecuaria

                                                                                                                    Demais finalidades
                           300
         Área (hectares)




                                                                                                                    Graprohab
                           250
                                                                                                                    Edificações
                           200                                                                                      Rec/ recomposição
                                                                                                                    vegetal
                           150
                                                                                                                    Sup. Veg. na va
                           100                                                                                      Int. em APP

                           50                                                                                       Silvicultura

                                                                                                                    Manejo Florestal
                            0
                                 Agronegócio        Em          Industrial -     Industrial -    Conservação
                                               industrialização Campinas         São Paulo


                                           Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



Nota-se	 que,	 em	 todas	 as	 regiões,	 grande	 parte	 da	 área	 autorizada	 diz	 respeito	 a	 obras	 lineares.	A	 região	 de	
Campinas	apresentou	uma	área	autorizada	significativa	relacionada	à	silvicultura	e	recomposição	vegetal,	sendo	
o	município	de	Jundiaí	o	que	teve	a	maior	área	autorizada	para	supressão.	

Na	região	com	vocação	para	conservação	fica	evidente	o	predomínio	da	área	autorizada	para	atividade	agrope-
cuária,	sendo	os	municípios	de	Iguape	e	Registro,	no	Vale	do	Ribeira,	e	Itapetininga	e	Capão	Bonito,	no	Alto	
Paranapanema,	os	principais	responsáveis	pela	área	suprimida.	

Para	garantir	a	recuperação	florestal,	ao	mesmo	tempo	em	que	se	autoriza	a	supressão	da	vegetação,	vincu-
la-se	esta	à	obrigatoriedade	de	compensação,	cujos	termos	são	inscritos	no	TCRA.	A	seguir	(Figura	3.51	e	
3.52)	são	apresentados	os	dados	de	recuperação	florestal,	notadamente,	das	áreas	averbadas	como	Reserva	
Legal	e	Área	Verde	e	o	total	de	árvores	compromissadas	em	virtude	das	autorizações	emitidas	ao	longo	do	
mesmo	período.	




                                                                                                                                        153
FiGura 3. 51
                   área averbada coMo reserva leGal e área verde no estado de são Paulo de 1996 a 2009


                                              70.000
                                                                                                                                          62.796
                                              60.000


                                              50.000
              Área (hectares)




                                              40.000


                                              30.000
                                                       22.134                                                              21.427                         21.346
                                                                                                                     16.963      18.236          19.113
                                              20.000
                                                                       15.128
                                                              13.758         11.562                   12.107
                                                                                              9.002            10.835
                                              10.000                                  7.703


                                                   0
                                                        1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


                                                                Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                                                                                              FiGura 3. 52
                                                núMero de árvores coMProMissadas no estado de são Paulo de 1996 a 2009


                                              12,00
                                                                                                                                                        10,85
                                                                                                             10,23
                                              10,00                                                   9,15
                                                                                              8,19                          7,95
                                               8,00
                         Milhões de árvores




                                                                                                                                          7,18

                                                                            6,00                                     6,00          6,07
                                               6,00                                5,56                                                          5,57


                                               4,00           3,50 3,63
                                                       2,83

                                               2,00


                                               0,00
                                                       1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


                                                                Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      A	Figura	3.53	a	seguir,	apresenta	a	distribuição	da	área	averbada	(21.346	ha)	em	relação	à	área	autorizada	para	
      supressão	(1.813	ha),	no	ano	de	2009,	de	acordo	com	os	Departamentos	de	Gestão	Ambiental	da	CETESB	
      apresentados	anteriormente.	As	regiões	em	industrialização	(região	central	e	nordeste)	e	com	vocação	para	o	
      agronegócio	(região	oeste)	respondem	pela	maior	parcela	da	área	averbada.	




154
FiGura 3. 53
                         coMParativo entre a área autorizada e averbada no estado de são Paulo eM 2009


                                                   Área autorizada                 Área averbada
                         9.000
                                                            8.203
                         8.000          7.420

                         7.000

                         6.000
       Área (hectares)




                         5.000

                         4.000
                                                                                  2.827
                         3.000                                                                                          2.486

                         2.000
                                                                                                                  835
                         1.000                                              434
                                  128                 171                                        245 412
                            0
                                 Agronegócio             Em                 Industrial -         Industrial -    Conservação
                                                   Industrialização         Campinas              São Paulo


                                        Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)


Pode-se	notar	que	os	valores	referentes	à	recuperação	são	bem	maiores	que	os	referentes	à	supressão.	No	entanto,	
deve-se	considerar	que	uma	parcela	dos	compromissos	(TCRA)	não	é	cumprida	integralmente,	outra	parcela	
é	cumprida	parcialmente	e,	além	disso,	das	mudas	plantadas,	uma	parte	não	se	estabelece,	o	que	leva	a	uma	efe-
tividade	de	recuperação	inferior	ao	representado.	Para	o	ano	de	2009,	as	ações	de	fiscalização	confirmam	que,	
dos	10	milhões	de	mudas	compromissadas	cerca	de	quatro	milhões,	ou	40%,	foram	plantadas,	correspondendo	
a	uma	área	de	2.761	ha.	

Nesse	contexto,	como	mostrado	anteriormente,	o	Estado	apresentou	nos	últimos	anos	um	ligeiro	aumento	de	
sua	cobertura	vegetal.


3.5.4 espécies ameaçadas
Conforme	já	visto,	o	Estado	de	São	Paulo,	ora	quase	todo	recoberto	pela	Mata	Atlântica,	encontra-se	hoje	al-
tamente	fragmentado	em	virtude	dos	diversos	ciclos	de	exploração	econômica	da	agricultura	e	do	crescimento	
urbano	e	industrial	aqui	ocorridos.

Em	decorrência	disso,	toda	a	sua	rica	biodiversidade,	seja	de	plantas,	invertebrados	ou	vertebrados,	vem	sofrendo	
uma	imensa	pressão,	principalmente	por	meio	da	conversão	de	habitats,	que	faz	com	que	os	organismos	especia-
listas,	ou	seja,	menos	tolerantes	a	mudanças	no	ambiente,	pereçam,	até	que	sejam	extintos.

As	conseqüências	da	extinção	de	espécies	conhecidas	ou	desconhecidas	(cujas	propriedades	podem	ser	úteis	a	
sociedade,	mas	ainda	não	foram	descobertas)	são	pouco	estudadas,	inclusive	em	termos	de	valoração	econômica.

Um	dos	principais	instrumentos	que	permitem	o	estabelecimento	de	ações	para	se	combater	a	perda	de	biodiver-
sidade	é	a	criação	das	listas	de	espécies	ameaçadas.	Os	livros	vermelhos,	como	são	genericamente	designadas	tais	
listas,	podem	influenciar	no	desenho	das	políticas	públicas	e	privadas	de	ocupação	e	uso	do	solo,	na	definição	e	
priorização	de	estratégias	de	conservação	e	no	estabelecimento	de	medidas	que	visem	reverter	o	quadro	de	ame-
aça	às	espécies,	além	de	direcionar	a	criação	de	programas	de	pesquisa	e	formação	de	profissionais	especializados	
em	biologia	da	conservação	(SÃO	PAULO,	2009).




                                                                                                                                155
Sendo	as	listas	de	espécies	ameaçadas	importantes	instrumentos	para	determinação	de	ações	de	conservação	da	
      biodiversidade,	uma	avaliação	da	evolução	do	grau	de	ameaça	das	espécies	ao	longo	do	tempo	colabora	para	o	
      monitoramento	do	status	de	conservação.

      Assim,	segue	a	título	de	comparação,	a	Tabela	3.45,	demonstrando	o	percentual	de	espécies	da	fauna	silvestre	
      ameaçadas	de	extinção	no	Estado	de	São	Paulo,	por	grupo	taxonômico,	a	partir	dos	dados	das	listas	elaboradas	
      pela	Secretaria	Estadual	do	Meio	Ambiente	em	1998	e	2008.


                                                            tabela 3. 45
       núMero de esPécies de Fauna silvestre aMeaçadas de extinção no estado de são Paulo eM 1998 e 2008

                             total de táxons                                           total de táxons
                                                total de táxons                                           total de táxons
                             conhecidos em                                             conhecidos em
                 Grupo                          ameaçados de               %                              ameaçados de        %
                              são Paulo em                                              são Paulo em
                                               extinção em 1998                                          extinção em 2008
                                  1998                                                      2008
      Mamíferos                   200                  39               19,50%              240                38           15,83%
      aves                        700                 142               20,29%              788                171          21,70%
      répteis                      197                 33                16,75%             216                 33          15,28%
      anfíbios                    180                   5                2,78%              226                 11          4,87%
      Peixes de água doce         260                  15                5,77%              350                65           18,57%
      Peixes marinhos             510                  19                3,73%              763                118          15,47%
                 total            2.047               253               12,36%              2.583              436          16,88%

                                               Fonte: São Paulo (1998) e São Paulo (2008)


      Nota-se	que	proporcionalmente	o	número	de	espécies	ameaçadas	aumentou	no	período,	entretanto,	deve-
      se	ressaltar	a	utilização	de	metodologias	diferentes	para	a	elaboração	das	duas	listas,	fato	que	faz	com	que	
      comparação	entre	os	anos	deva	ser	realizada	de	forma	cautelosa,	pois	as	tendências	observadas	podem	não	
      corresponder	à	realidade.	

      A	partir	da	elaboração	sistemática	das	listas	de	espécies	ameaçadas	e	com	a	manutenção	da	atual	metodologia	da	
      União	Internacional	para	a	Conservação	da	Natureza	(IUCN)	utilizada	para	elaboração	destas,	espera-se	poder	
      estabelecer	e	monitorar	a	evolução	do	grau	de	ameaça	dos	táxons	com	maior	fidelidade.

      A	“Lista	Oficial	de	Espécies	da	Fauna	Ameaçadas	de	Extinção	no	Estado	de	São	Paulo”	(Decreto	Estadual	nº	
      53.494/08)	decorreu	de	um	trabalho	em	conjunto	entre	governo,	academia	e	sociedade,	onde	a	Secretaria	do	
      Meio	Ambiente	do	Estado	de	São	Paulo	(SMA),	seus	institutos	de	pesquisa,	como	o	Instituto	de	Botânica	
      (IBot),	o	Instituto	Florestal	(IF)	e	a	Fundação	para	a	Conservação	e	a	Produção	Florestal	do	Estado	de	São	
      Paulo	(FF),	uniu	esforços	junto	à	Conservação	Internacional	-	Brasil	(CI-Brasil),	ao	Laboratório	de	Ecologia	
      da	Paisagem	(LEPaC)	da	Universidade	de	São	Paulo	(USP),	ao	Centro	de	Referência	em	Informação	Am-
      biental	(CRIA)	e	ao	Programa	BIOTA,	da	Fundação	de	Amparo	à	Pesquisa	do	Estado	de	São	Paulo	(BIO-
      TA/FAPESP),	para	a	realização	do	Workshop	“ Diretrizes	para	Conservação	e	Restauração	da	Biodiversidade	
      do	Estado	de	São	Paulo”.

      Desses	esforços	surgiram,	além	da	referida	lista,	uma	lista	de	espécies-alvo	(espécies	particularmente	sensíveis	
      às	alterações	de	seu	habitat	e	que	requerem	esforços	maiores	para	sua	efetiva	conservação)	e	a	produção	de	27	
      mapas	temáticos,	para	os	diversos	grupos	taxonômicos,	além	de	três	mapas-síntese,	com	a	indicação	de	áreas	para	
      a	realização	de	inventários	biológicos	e	áreas	prioritárias	para	a	conservação,	por	meio	da	criação	de	Unidades	de	
      Conservação	ou	de	ações	de	incremento	da	conectividade.

      Tais	diretrizes	foram	incorporadas	à	legislação	ambiental	estadual	como	condicionantes	para	o	licenciamento	
      e	a	compensação	de	empreendimentos,	ou	como	orientadoras	do	processo	de	recuperação	de	áreas	degradadas.




156
Já	a	consolidação	da	versão	atual	da	“Lista	Oficial	das	Espécies	da	Flora	Ameaçadas	de	Extinção	no	Estado	de	
São	Paulo”	(Resolução	SMA	nº	48/04)	se	deu	após	um	longo	período	de	trabalho	entre	2002	e	2004	e	culminou	
com	a	realização	de	um	workshop	com	a	participação	de	mais	de	100	especialistas,	de	onde	surgiu	a	versão	final	
da	lista	para	a	publicação.

As	Figuras	3.54,	3.55	e	3.56	a	seguir,	apresentam	uma	síntese	da	situação	das	espécies	ameaçadas	no	Estado	de	
São	Paulo,	por	grupo	taxonômico	e	categoria	de	ameaça,	tendo	em	vista	os	critérios	estabelecidos	pela	IUCN.	
Primeiramente	serão	apresentados	os	dados	para	os	vertebrados	e	para	os	peixes	marinhos	separadamente,	pelos	
fato	destes	possuírem	categorias	de	ameaça	próprias	e,	posteriormente,	para	as	espécies	vegetais.	


                                                                 FiGura 3. 54
   esPécies de vertebrados aMeaçados de extinção no estado de são Paulo Por cateGoria de aMeaça


                                      Mamíferos   Aves         Répteis             An�bios    Peixes de água doce

                                180

                                160

                                140
           Número de Espécies




                                120

                                100

                                 80

                                 60

                                 40

                                 20

                                  0
                                         Total           RE                   CR             EN               VU

                                                              Fonte: São Paulo (2008)

Nota:	Categorias	de	ameaça:	
RE:	Regionalmente	Extinta;	CR:	Criticamente	em	Perigo;	EN:	Em	Perigo;	VU:	Vulnerável




                                                                                                                    157
FiGura 3. 55
             esPécies de Peixes MarinHos aMeaçados no estado de são Paulo Por cateGoria de aMeaça


                                                      7
                                                                     16             Regionalmente Ex nta
                                                                                    (RE)
                               50
                                                                                    Colapsadas (CO)


                                                                                    Sobrexplotadas (SE)


                                                                                    Ameaçadas de
                                                                                    Sobrexplotação (AS)
                                                                     45



                                                          Fonte: São Paulo (2008)



                                                             FiGura 3. 56
                          esPécies da Flora aMeaçadas de extinção no estado de são Paulo


                                                                                    Presumivelmente Ex nta
                                                                                    (EX)
                             471                                    393
                                                                                    Presumivelmente Ex nta
                                                                                    na Natureza (EW)

                                                                                    Em Perigo Crí co (CR)


                                                                                    Em Perigo (EN)
                                                                    14
                                                               23                   Vulnerável (VU)
                                                184


                                                          Fonte: São Paulo (2004)



      Podemos	 verificar	 que	 do	 total	 de	 espécies	 da	 fauna	 paulista	 conhecidas,	 quase	 17%	 encontram-se	 sob	
      ameaça.

      Esta	situação	pode	se	agravar,	uma	vez	que,	para	a	maior	parte	do	Estado,	fora	do	eixo	da	Macrometrópole	Pau-
      lista	(onde	se	concentram	os	grandes	centros	universitários	do	Estado),	existe	um	vazio	de	informações	sobre	
      a	ocorrência	das	espécies,	conforme	ilustra	a	Figura	3.57,	que	aponta	as	áreas	prioritárias	para	a	realização	de	
      inventários	biológicos.	O	primeiro	passo	no	estabelecimento	de	uma	estratégia	de	conservação	é	o	conhecimento	
      das	espécies	ameaçadas	e	sua	distribuição	no	território.




158
FiGura 3. 57
         áreas Prioritárias Para elaboração de inventário biolóGico no estado de são Paulo




                           Fonte: Rodrigues, R. R. e Bononi, V. L. R. (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010)



Uma	estratégia	que	se	mostra	eficiente	na	conservação	de	espécies	in	situ	é	a	criação	de	áreas	protegidas.


3.5.5 áreas protegidas
Tendo	em	vista	a	necessidade	de	proteção	dos	fragmentos	restantes	de	Mata	Atlântica	e	do	Cerrado,	e	a	im-
portância	da	preservação	da	fauna	e	da	flora,	as	áreas	protegidas	surgem	como	uma	das	respostas	para	proteção	
destes	remanescentes	e	da	biodiversidade	neles	existentes.	Dentre	as	categorias	de	áreas	protegidas,	as	Unidades	
de	Conservação	constituem	as	que	melhor	cumprem	esta	finalidade.

A	 Lei	 Federal	 n°	 9.985/00	 institui	 o	 Sistema	 Nacional	 de	 Unidades	 de	 Conservação	 (SNUC),	 definindo	
Unidade	de	Conservação	como	o	“espaço	territorial	e	seus	recursos	ambientais,	incluindo	as	águas	jurisdi-
cionais,	com	características	naturais	relevantes,	legalmente	instituído	pelo	Poder	Público,	com	objetivos	de	
conservação	e	limites	definidos,	sob	regime	especial	de	administração,	ao	qual	se	aplicam	garantias	adequadas	
de	proteção”.	

As	Unidades	de	Conservação	(UC)	são	classificadas,	de	acordo	com	as	características	da	área	e	o	objetivo	de	
criação	pelo	qual	foram	instituídas,	como	de	Proteção	Integral,	permitindo	apenas	o	uso	indireto	dos	recursos	
naturais,	ou	de	Uso	Sustentável,	com	a	finalidade	de	compatibilizar	conservação	e	uso	sustentável.

A	Fundação	para	a	Conservação	e	a	Produção	Florestal	do	Estado	de	São	Paulo	(FF)	é	quem	gerencia	as	Unidades	
de	Conservação	do	Estado,	sendo	assim	responsável	pela	gestão	de	3.677.813	hectares	de	áreas	protegidas,	ou	
cerca	de	15%	do	território	paulista.	As	noventa	e	quatro	UC	estaduais	distribuem-se	entre	diversas	categorias,	
conforme	Tabela	3.46.	A	Figura	3.58	mostra	a	distribuição	espacial	dessas	unidades	no	Estado.




                                                                                                                    159
tabela 3. 46
                             unidades de conservação do estado de são Paulo Por cateGoria

                                              categoria                                      Quantidade   superfície (ha)
      Proteção inteGral
      reserva estadual                                                                           1              55
      Parque ecológico                                                                           2             378
      estação ecológica                                                                          16         240.528,30
      Parque estadual                                                                            30         767.681,88
      Monumento natural estadual                                                                 1            3.297
                                              sub-total                                          50         1.011.940
      uso sustentável
      Floresta estadual                                                                          1           2.230,53
      área de Proteção ambiental                                                                 30        1.513.267,08
      área de Proteção ambiental Marinha                                                         3          1.123.108
      reserva extrativista                                                                       2           2.790,46
      reserva de desenvolvimento sustentável                                                     5            12.778
      área de relevante interesse ecológico                                                      3           1.699,02
                                              sub-total                                         44          2.655.873

                                                total                                           94          3.667.813

                                                          Fonte: Fundação Florestal (2010)


                                                                 FiGura 3. 58
                                   unidades de conservação do estado de são Paulo eM 2010




                                                              Fonte SMA/CPLA (2010)


      Existem	ainda	no	território	outras	importantes	Unidades	de	Conservação	sob	gestão	federal,	como	o	Parque	
      Nacional	da	Serra	da	Bocaina	e	a	Floresta	Nacional	de	Ipanema,	e	sob	gestão	dos	municípios,	espalhados	por	
      todo	o	Estado.	Também	existem	algumas	áreas	protegidas	reconhecidas	internacionalmente	pela	Organização	




160
das	Nações	Unidas	para	a	Educação,	Ciência	e	Cultura	(UNESCO),	como	as	Reservas	da	Biosfera	da	Mata	
Atlântica	e	a	Reserva	da	Biosfera	do	Cinturão	Verde	da	Cidade	de	São	Paulo.	Todas	essas	áreas	complementam	
a	estrutura	de	conservação	estadual.

A	importância	das	Áreas	Protegidas	para	a	manutenção	de	áreas	estratégicas	e	processos	ecológicos	vitais	já	
foi	assinalada	anteriormente,	porém,	a	eficácia	no	cumprimento	de	suas	funções	pré-estabelecidas	depende	da	
efetividade	de	manejo	das	Unidades.	

Com	o	objetivo	de	oferecer	um	dado	que	demonstre	em	que	medida	as	Unidades	de	Conservação	cumprem	com	
seus	objetivos	de	criação	e	manejo,	a	Fundação	Florestal	desenvolveu	o	Índice	de	Gestão	das	Unidades	de	Con-
servação.	Esse	índice	compõe-se	da	análise	de	quatro	variáveis	específicas:	Qualidade	dos	Recursos	Protegidos;	
Gestão;	Uso	Social	e/ou	Interação	Socioambiental;	e	Qualidade	de	Vida	da	população	beneficiária.

O	cálculo	do	índice	é	feito	de	acordo	com	metodologia	específica	denominada	EMAP	(Efetividade	de	Ma-
nejo	de	Áreas	Protegidas),	e	a	partir	da	análise	destas	variáveis	é	atribuída	uma	nota	de	0	a	100	para	cada	
Unidade	 de	 Conservação.	As	 notas	 correspondem	 a	 padrões	 de	 qualidade	 de	 gestão,	 conforme	 a	Tabela	
3.47	que	segue.


                                                        tabela 3. 47
                   Padrões de Qualidade do índice de Gestão de unidades de conservação

       Pontuação             Proporção entre situação ótima e o atual do indicador (%)          Padrão de Qualidade
           1                                          0-40                                     Padrão Muito Inferior
           2                                         41-55                                         Padrão Inferior
           3                                         56-70                                         Padrão Mediano
           4                                          71-85                                        Padrão Elevado
           5                                         86-100                                    Padrão de Excelência

                                                 Fonte: Fundação Florestal (2010)


O índice agrupado para as Unidades de Conservação de Proteção Integral e para as de Uso Sustentável
administradas pela Fundação Florestal, referente aos anos de 2008 e 2009, é apresentado na Tabela 3.48.


                                                        tabela 3. 48
           índice de Gestão de unidades de conservação do estado de são Paulo eM 2008 e 2009

                                                                    2008                                 2009
          unidades de conservação                                          Padrão de                            Padrão de
                                                   Pontuação                               Pontuação
                                                                           Qualidade                            Qualidade
               Proteção integral                        55               Padrão Inferior      67            Padrão Mediano

               uso sustentável                          49               Padrão Inferior      54             Padrão Inferior

                                                 Fonte: Fundação Florestal (2010)



Observamos	que	houve	uma	evolução	do	Índice	de	Gestão	para	as	duas	categorias	de	UC.	As	Unidades	de	Con-
servação	de	Proteção	Integral,	em	conjunto,	apresentaram	67	pontos,	passando	para	um	Padrão	de	Qualidade	de	
Gestão	Mediano	em	2009.	Já	as	Unidades	de	Conservação	de	Uso	Sustentável	obtiveram	54	pontos,	mantendo	
o	mesmo	Padrão	de	Qualidade	Inferior	de	2008,	porém	com	um	aumento	na	pontuação.	Vale	ressaltar	que	as	
UC	de	Uso	Sustentável,	pela	sua	própria	estrutura	organizacional,	menos	restritiva,	tendem	a	ter	uma	evolução	
mais	lenta	da	qualidade	de	gestão.	




                                                                                                                               161
referências
      FUNDAÇÂO	PARA	A	CONSERVAÇÃO	E	A	PRODUÇÃO	FLORESTAL	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	FF.	Dados	for-
      necidos.	São	Paulo,	2010.

      INSTITUTO	BRASILEIRO	DE	GEOGRAFIA	E	ESTATÍSTICA	–	IBGE.	Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. Rio	
      de	Janeiro:	IBGE,	2008.	

      INSTITUTO	FLORESTAL	–	IF.	Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2008/2009. Dados	forne-
      cidos	não	publicados.	São	Paulo,	2010.

      INSTITUTO	PARANAENSE	DE	DESENVOLVIMENTO	ECONÔMICO	E	SOCIAL	–	IPARDES.	Indicadores ambientais
      por bacias hidrográficas do Estado do Paraná. Curitiba:	IPARDES,	2007.	

      KRONKA,	F.	J.	N.	et	al. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2005.	São	Paulo:	Secretaria	do	Meio	
      Ambiente/Instituto	Florestal.	Imprensa	Oficial,	2005.

      RODRIGUES,	R.	R.;	BONONI,	V.	L.	R.,	orgs.	Diretrizes para conservação e restauração da biodiversidade do Estado de São
      Paulo.	São	Paulo:	Instituto	de	Botânica,	2008.

      SÃO	PAULO	(Estado).	Decreto nº 48.838, de 4 de fevereiro de 1998.	Declara	as	Espécies	da	Fauna	Silvestre	Ameaçadas	de	Extinção	
      e	as	Provavelmente	Ameaçadas	de	Extinção	no	Estado	de	São	Paulo	e	dá	providências	correlatas.	Disponível	em:	<http://www.al.sp.gov.
      br>.	Acesso	em:	dez.	2010.

      SÃO	PAULO	(Estado).	Decreto nº 53.494, de 02 de outubro de 2008.	Espécies	da	Fauna	Silvestre	Ameaçadas,	as	Quase	Ameaçadas,	
      as	Colapsadas,	Sobrexplotadas,	Ameaçadas	de	Sobrexplotação	e	com	dados	insuficientes	para	avaliação	no	Estado	de	São	Paulo.	2008a.	
      Disponível	em:	<http://www.al.sp.gov.br>.	Acesso	em:	dez.	2010.

      SÃO	PAULO	(Estado).	Secretaria	do	Meio	Ambiente.	Fundação	Parque	Zoológico	de	São	Paulo.	Fauna Ameaçada de Extinção no
      Estado de São Paulo: Vertebrados.	São	Paulo:	SMA/FPZSP,	2009.

      SÃO	PAULO	(Estado).	Secretaria	do	Meio	Ambiente.	Resolução nº48, de 21 de Setembro de 2004.	Lista	Oficial	das	Espécies	da	
      Flora	do	Estado	de	São	Paulo	Ameaçadas	de	Extinção.	Disponível	em:	<http://www.al.sp.gov.br>.	Acesso	em:	dez.	2010.

      SECRETARIA	DO	MEIO	AMBIENTE	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	SMA/SP.	Projeto	Ambiental	Estratégico	Desmata-
      mento	Zero.	Dados	fornecidos.	São	Paulo:	SMA/PAE	Desmatamento	Zero,	2010.

      SECRETARIA	DO	MEIO	AMBIENTE	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	SMA/SP.	Projeto	Ambiental	Estratégico	Mata	Ciliar.	
      Dados	fornecidos.	São	Paulo:	SMA/PAE	Mata	Ciliar,	2010.




162
3.6 ar
A	camada	atmosférica	foi	formada	durante	o	longo	processo	evolutivo	do	planeta	e	é	composta	por	diversos	
gases,	muitos	dos	quais	necessários	para	os	processos	de	respiração	celular	e	fotossíntese,	essenciais	para	a	manu-
tenção	da	vida.	Porém,	também	estão	presentes	no	ar	muitos	gases	e	partículas	prejudiciais	que	causam	danos	à	
saúde	humana	e	aos	recursos	naturais,	além	de	prejuízos	à	economia.	Muitos	destes	gases	poluentes	são	emitidos	
por	fontes	naturais	como	vulcões	e	incêndios	florestais,	mas	as	fontes	de	poluição	do	ar	que	estão	em	evidência	
são	as	de	origem	antrópica,	ou	seja,	a	poluição	causada	pela	ação	do	homem,	principalmente	por	meio	de	proces-
sos	de	queima	de	combustíveis	fósseis	em	veículos	automotores	e	em	processos	industriais.


3.6.1 Padrões de Qualidade do ar
Os	Padrões	de	Qualidade	do	Ar	(PQAr)	são	limites	de	concentração	de	um	determinado	poluente	na	atmosfera	
ambiente,	definidos	legalmente	e	adotados	pelos	órgãos	responsáveis	pelo	controle	da	poluição	do	ar	para	uma	
determinada	região.	Embora	os	padrões	sejam	ferramentas	de	gestão	da	poluição	atmosférica,	os	PQAr	são	nor-
malmente	es	 abelecidos	com	base	em	estudos	do	impacto	da	poluição	na	saúde	humana.	No	Brasil,	a	Resolução	
            t
CONAMA	nº	003/90,	estabeleceu	os	atuais	padrões	em	vigência	no	país.	A	verificação	do	atendimento	dos	
PQAr	se	dá	exclusivamente	pelo	monitoramento	ambiental.

Segundo	a	Resolução	CONAMA	nº	003/90,	entende-se	por	poluente	atmosférico	qualquer	forma	de	matéria	
ou	energia	com	intensidade	e	em	quantidade,	concentração,	tempo	ou	característica	em	desacordo	com	os	níveis	
estabelecidos,	e	que	tornem	ou	possam	tornar	o	ar:

I	–	impróprio,	nocivo	ou	ofensivo	à	saúde;

II	-	inconveniente	ao	bem-estar	público;

III	-	danoso	aos	materiais,	à	fauna	e	flora;

IV	-	prejudicial	à	segurança,	ao	uso	e	gozo	da	propriedade	e	às	atividades	normais	da	comunidade.

A	Resolução	CONAMA	nº	003/90	estabelece	ainda,	dois	tipos	de	Padrões	de	Qualidade	do	Ar	(PQAr):	pri-
mários	e	secundários.	Os	padrões	primários	de	qua	idade	do	ar	são	as	concentrações	de	poluentes	que,	se	ultra-
                                                     l
passadas,	poderão	afetar	a	saúde	da	população,	já	os	padrões	secundários	de	qualidade	do	ar	são	as	concentrações	
de	poluentes	abaixo	das	quais	se	prevê	o	mínimo	efeito	adverso	sobre	o	bem-estar	da	população,	assim	como	o	
mínimo	dano	à	fauna,	à	flora,	aos	materiais	e	ao	meio	ambiente	em	geral.	

A	criação	dos	padrões	secundários	visou,	principalmente,	criar	mecanismo	legal	para	políticas	de	prevenção	e	
proteção	de	áreas	prioritárias	à	preservação,	tais	como	parques	e	demais	áreas	de	proteção	ambiental.	

A	Tabela	3.49	apresenta	os	poluentes	regulamentados,	seus	PQAr	e	os	respectivos	tempos	de	amostragem	fixa-
dos	pela	Resolução	CO	 AMA.
                      N




                                                                                                                      163
tabela 3. 49
                                                   Padrões nacionais de Qualidade do ar

                          Poluente                          tempo de amostragem            Padrão primário (μg/m³)   Padrão secundário (μg/m³)
                                                                   24 horas      1
                                                                                                   240                        150
       Partículas totais em suspensão (Pts)
                                                                    MGA2                            80                         60
                                                                   24 horas      1
                                                                                                   150                        100
       Fumaça (FMc)
                                                                    MAA3                            60                         40
                                                                   24 horas      1
                                                                                                   150                        150
       Partículas inaláveis (MP10)
                                                                    MAA3                            50                         50
                                                                   24 horas      1
                                                                                                   365                        100
       dióxido de enxofre (so2)
                                                                    MAA3                            80                         40
                                                                    1 hora   1
                                                                                              40000 (35 ppm)             40000 (35 ppm)
       Monóxido de carbono (co)
                                                                   8 horas   1
                                                                                              10000 (9 ppm)              10000 (9 ppm)
       ozônio (o3)                                                  1 hora1                        160                        160
                                                                    1 hora                         320                        190
       dióxido de nitrogênio (no2)
                                                                    MAA3                           100                        100

                                                                   Fonte: CETESB (2010g)

      Nota:		 1	–	Não	deve	ser	excedido	mais	de	uma	vez	por	ano.
      	       2	–	Média	Geométrica	Anual.
      	       3	–	Média	Aritmética	Anual.


      Os	poluentes	podem	ser	classificados	em	duas	categorias:	primários	e	secundários.	Os	poluentes	emitidos	di-
      retamente	na	atmosfera	são	classificados	como	primários,	enquanto	que	os	poluentes	secundários	são	aqueles	
      formados	na	atmosfera	por	reações	químicas	envolvendo	os	poluentes	primários.

      A	qualidade	do	ar	é	determinada	pelos	níveis	de	concentração	de	certos	poluentes,	adotados	como	indicadores	
      universais	e	escolhidos	em	função	da	sua	ocorrência	e	dos	efeitos	que	causam.	Os	principais	poluentes	monito-
      rados	são:	Material	Particulado	(MP),	Dióxido	de	Enxofre	(SO2),	Monóxido	de	Carbono	(CO),	Ozônio	(O3)	e	
      Oxidantes	Fotoquímicos,	Hidrocarbonetos	(HC)	e	Dióxido	de	Nitrogênio	(NO2).


      3.6.2 resultados do monitoramento
      A	CETESB,	desde	a	década	de	1970,	mantém	redes	de	monitoramento	da	qualidade	do	ar	no	Estado	de	São	
      Paulo.	Estas	redes	são	compostas	por	diversas	estações	automáticas,	fixas	e	móveis,	que	possibilitam	o	acom-
      panhamento	dos	dados	em	tempo	real.	Como	evolução	no	processo	de	monitoramento	e	disponibilização	dos	
      dados,	 cabe	 destacar	 o	 lançamento,	 em	 2009,	 do	 Sistema	 de	 Informações	 da	 Qualidade	 do	Ar	 (QUALAR),	
      desenvolvido	para	proporcionar	ao	público	o	acesso	direto	à	base	de	dados	de	qualidade	do	ar	como	ferramenta	
      para	análise	dos	mesmos.

      O	Estado	apresenta	regiões	com	características	distintas	em	termos	de	fontes	de	poluição	e	grau	de	contamina-
      ção	do	ar	e	que,	por	este	motivo,	exigem	diferentes	formas	de	monitoramento	e	controle	da	poluição.	Todavia,	em	
      termos	gerais,	os	poluentes	que	mais	comprometeram	a	qualidade	do	ar	no	Estado,	em	2009,	foram	o	Material	
      Particulado	(MP)	e	o	Ozônio	(O3),	sendo,	portanto,	considerados	poluentes	prioritários	para	monitoramento	
      e	controle.	Por	sua	abrangên	 ia	e	importância,	foram	escolhidos	como	indicadores	da	poluição	do	ar	e	serão	
                                     c
      apresentados	neste	relatório.

      Material Particulado (MP)

      Material	 Particulado	 (MP)	 é	 o	 conjunto	 de	 poluentes	 constituído	 de	 poeiras,	 neblina,	 aerossol,	 fumaças	 ou	
      fuligens	e	todo	tipo	de	material	sólido	e	líquido	que	se	mantém	suspenso	na	atmosfera	devido	ao	seu	pequeno	




164
tamanho.	Dentre	as	principais	fontes	de	emissão	estão	os	processos	de	combustão	incompleta	realizada	pelos	
veículos	automotores	e	processos	industriais,	a	ressuspensão	da	poeira	do	solo	e	as	reações	químicas	da	atmosfe-
ra.	O	tamanho	das	partículas	está	diretamente	associado	ao	seu	potencial	para	causar	problemas	à	saúde,	sendo	
que	quanto	menores	as	dimensões,	maiores	os	efeitos	provocados.	As	partículas,	se	inaladas,	podem	atingir	os	
alvéolos	pulmonares	ou	ficarem	retidas	no	sistema	respiratório,	além	disso,	podem	causar	mal	estar,	irritação	
dos	olhos,	garganta,	pele,	dor	de	cabeça,	enjôo,	bronquite,	asma	e	câncer	de	pulmão.	Como	efeitos	gerais	ao	meio	
ambiente	estão	os	danos	à	vegetação,	diminuição	da	visibilidade	e	contaminação	do	solo.

As	partículas	com	diâmetro	de	até	10	micra	(MP10)	são	denominadas	partículas	inaláveis,	sendo	uma	das	prin-
cipais	responsáveis	pelos	danos	à	saúde	humana.	Na	Região	Metropolitana	de	São	Paulo	(RMSP),	em	2009,	
observou-se	uma	ligeira	redução	da	concentração	deste	poluente,	que	vinha	se	mantendo	estável	últimos	anos.	
Nos	anos	1990	era	notável	a	redução	sistemática	na	concentração	do	MP10	em	virtude	dos	programas	de	emis-
são	veicular,	porém,	em	anos	mais	recentes,	mesmo	com	a	significativa	redução	das	emissões	pelos	veículos,	o	
aumento	da	frota	e	o	comprometimento	das	condições	de	tráfego,	com	menores	velocidades	e	maiores	tempos	
de	viagem,	vêm	forçando	a	manutenção	dos	níveis	de	concentração	deste	poluente	na	atmosfera.	A	evolução	da	
concentração	média	anual	de	MP10	em	todas	as	estações	fixas	da	RMSP	é	apresentada	na	Figura	3.59	a	seguir.	
Ainda	na	RMSP,	o	padrão	de	qualidade	diário	de	MP10	(150	µg/m³)	foi	ultrapassado	apenas	uma	vez,	na	estação	
de	Parelheiros.


                                                                 FiGura 3. 59
                                     concentração Média anual de MP10 na rMsP de 2000 a 2009


                                              Concentrações Médias Anuais                          PQAr Anual
                         75



                               53
                                         51       50
                                                               47
                         50
                                                                         41                              41
                                                                                                                  39
         MP10 ( μg/m³)




                                                                                   37         37
                                                                                                                         34


                         25




                          0
                              2000     2001    2002       2003       2004       2005       2006        2007     2008   2009


                                              Fonte: CETESB (2010g), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Situação	crítica	ocorre	no	município	de	Cubatão,	muito	em	função	do	grande	pólo	industrial	existente.	A	es-
tação	localizada	na	Vila	Parisi,	área	industrial,	mostrou	que	os	níveis	de	material	particulado	têm	se	mantido	
acima	dos	padrões	anuais,	apesar	da	melhora	observada	de	2008	para	2009.	Na	região	central,	as	concentra-
ções	têm	se	mantido	praticamente	estáveis,	com	ligeira	queda	em	2009	(Figura	3.60).	Quanto	ao	padrão	diá-
rio,	em	2009,	ocorreram	duas	ultrapassagens	na	estação	da	Vila	Parisi	e	duas	na	estação	da	Vila	Mogi,	ambas	
localizadas	em	Cubatão.




                                                                                                                              165
FiGura 3. 60
                                            concentração Média anual de MP10 eM cubatão de 2000 a 2009


                                                 PQAr anual                 Cubatão Centro                    Cubatão - V. Parisi

                               125
                                                                                                                  108
                                                                     104
                                                                                                       99
                                                                                            93                                99
                                                  93                             91
                               100                        84
                                        88
               MP10 ( μg/m³)




                                                                                                                                      68
                                75



                                50
                                        39                             34                               36         37
                                                  36                            33          33
                                                                                                                              32      29

                                25
                                                                                 Ano

                                 0
                                     2000      2001    2002       2003       2004        2005       2006        2007      2008      2009


                                                       Fonte: CETESB (2010g), elaborado por SMA/CPLA (2010)




      Alguns	outros	municípios	do	Estado	também	apresentaram	problemas	relacionados	ao	MP10	em	2009,	como	
      Santa	Gertrudes,	onde	os	níveis	de	partículas	inaláveis	foram	bem	superiores	ao	padrão	anual	(50	µg/m³),	che-
      gando	a	ultrapassar	o	padrão	diário	(150	µg/m³)	uma	vez,	devido	principalmente	ao	pólo	de	indústrias	cerâmi-
      cas	existente	no	local.	Não	se	registrou	ultrapas	 agem	do	PQAr	de	MP10	nas	demais	estações.	
                                                       s


      ozônio (o3)

      O	Ozônio	é	o	principal	produto	da	mistura	de	poluentes	primários.	É	formado	pelas	reações,	na	presença	da	luz	
      solar,	entre	os	óxidos	de	nitrogênio	e	os	compostos	orgânicos	voláteis	que	são	liberados	na	queima	incompleta	e	
      na	evaporação	de	combustíveis	e	solventes.	O	ozônio,	quando	situado	na	baixa	atmosfera,	é	tóxico	e	pode	causar	
      danos	à	vegetação.	Além	disso,	a	névoa	fotoquímica	formada	pela	concentração	do	Ozônio	causa	diminuição	da	
      visibilidade	e	prejuízos	à	saúde.	Já	o	Ozônio	da	estratosfera,	que	fica	a	cerca	de	25	km	de	altitude,	tem	a	impor-
      tante	função	de	proteger	a	Terra,	como	um	filtro	dos	raios	ultravioletas	emitidos	pelo	Sol.	

      O	Ozônio	é	um	grande	motivo	de	preocupação,	pois	mesmo	que	seus	precursores	sejam	emitidos	em	maior	
      quantidade	em	áreas	urbanas,	o	vento	o	transporta	para	a	periferia	das	cidades	e	para	os	centros	agrícolas,	onde	
      também	se	pode	observar	altas	concentrações	deste	poluente.

      Muitos	poluentes	atmosféricos	têm	apresentado	quedas	significativas	em	sua	concentração,	principalmente	nas	
      áreas	urbanas,	porém,	o	Ozônio	tem	se	comportado	de	forma	diferente	e	não	apresenta	reduções	significativas	
      em	suas	concentrações	atmosféricas.	A	produção	de	Ozônio	pelas	reações	entre	os	poluentes	primários	depende	
      também	de	aspectos	meteorológicos,	fator	que	dificulta	a	ação	das	medidas	de	controle.	

      Na	RMSP,	que	apresenta	um	alto	potencial	para	formação	de	Ozônio	uma	vez	que	há	grande	emissão	de	pre-
      cursores,	principalmente	de	origem	veicular,	as	osci	ações	observadas	no	número	de	ultrapassagem	do	PQAr	se	
                                                          l
      devem	predominantemente às	variações	meteoro	ógicas,	que	influenciam	de	forma	mais	significativa	a	ocorrência	
                                                       l
      de	altas	concentrações	se	comparadas	às	pequenas	alterações	nas	quantidades	de	emissões	de	poluentes.




166
O	número	de	dias	em	que	o	PQAr	do	Ozônio	foi	violado	na	RMSP	ao	longo	dos	últimos	dez	anos	é	apresenta-
do	na	Figura	3.61	que	segue.	Em	2009	observou-se	aumento	no	número	total	de	ultrapassagens	do	PQAr	com	
relação	a	2008.	


                                                                                             FiGura 3. 61
                                                             núMero de dias de ultraPassaGeM do PQar de ozônio na rMsP


                                                      100
                                                                            89
                                                       90          84
                                                       80                              77
         Nº de dias de ultrapassagens do PQAr de O3




                                                            73                                                                   72
                                                       70
                                                                                                  62
                                                       60                                                                                      57
                                                                                                             51         52
                                                                                                                                        49
                                                       50

                                                       40

                                                       30

                                                       20

                                                       10

                                                        0
                                                            2000   2001    2002       2003       2004       2005       2006      2007   2008   2009


                                                                          Fonte: CETESB (2010g), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Em	2009,	o	padrão	de	qualidade	do	ar	foi	violado	em	57	dias,	totalizando	201	ultrapassagens,	das	quais	43	exce-
deram	o	nível	de	atenção	nas	estações	que	mediram	este	poluente.	

A	Figura	3.62	a	seguir	apresenta	a	evolução	do	número	de	ultrapassagens	de	Ozônio	nas	estações	localizadas	nas	
diferentes	regiões	do	Estado.	Verifica-se,	de	maneira	geral,	um	comportamento	semelhante	àquele	observado	na	
RMSP,	com	muitas	ultrapassagens	do	PQAr	do	Ozônio.




                                                                                                                                                      167
FiGura 3. 62
                                                                    núMero de dias de ultraPassaGeM do PQar de ozônio eM outras reGiões


                                                                                         São José dos Campos             Paulinia          Cubatão - Centro                   Sorocaba

                                                               40                                               39
                  Nº de dias de ultrapassagens do PQAr de O3




                                                               35
                                                                                                                              30
                                                               30

                                                               25
                                                                                                   21                                                                         20
                                                               20                                                                              19
                                                                                         18                      17
                                                                                                14
                                                                                    15           14
                                                               15                          13                                                                            13                 12
                                                               10       9                                            9                 9
                                                                            7                               8                                                                                                88
                                                                                                                          7                                                                              7
                                                                                6                       6                                                        6                 56   5        6
                                                               5                                                                           4        4                4
                                                                                                                                   2                        22                                                    2
                                                                    0               0                                                                   1                                            1
                                                               0
                                                                        2000            2001     2002           2003          2004             2005         2006              2007          2008             2009


                                                                                                  Fonte: CETESB (2010g), elaborado por SMA/CPLA (2010)

      Nota:				                                                             						Monitoramento	sem	representatividade	anual




      3.6.3 Medidas de controle e melhoria da qualidade do ar
      Tendo	em	mente	que	grande	parte	da	poluição	do	ar	se	origina	do	setor	de	transportes,	por	meio	das	emissões	
      dos	veículos	que	utilizam	motores	de	combustão	interna,	ao	longo	dos	anos	foram	adotadas	diversas	medidas	de	
      controle	visando	à	melhoria	da	qualidade	do	ar.	Neste	sentido,	destaca-se	o	Programa	de	Controle	da	Poluição	
      do	Ar	por	Veículos	Automotores	(PROCONVE),	instituído	em	âmbito	nacional	com	a	exigência	de	que	os	
      veículos	e	motores	novos	atendam	a	limites	máximos	de	emissão,	aferidos	em	ensaios	padronizados.	Além	disso,	
      o	programa	impõe	a	certificação	de	protótipos	e	proíbe	a	comercialização	de	modelos	de	veículos	não	homo-
      logados.	A	CETESB	participou	do	desenvolvimento	das	bases	técnicas	do	PROCONVE	e	é	o	órgão	técnico	
      conveniado	ao	Instituto	Brasileiro	do	Meio	Ambiente	e	Recursos	Naturais	Renováveis	(IBAMA)	para	a	homo-
      logação	de	veículos	no	país.	Desde	a	implantação	do	programa	nos	anos	90,	os	limites	máximos	de	emissões	para	
      os	veículos	automotores	novos	vêm	sendo	reduzidos	progressivamente.

      Todavia,	a	diminuição	da	emissão	dos	veículos	automotores	novos	por	si	só	não	é	suficiente,	pois	não	há	garantias	
      de	que	estes	limites	serão	respeitados	ao	longo	do	tempo.	Sendo	assim,	a	inspeção	veicular	se	torna	uma	medi-
      da	complementar	e	essencial	para	controlar	a	emissão	da	frota	veicular	já	existente.	A	Resolução	CONAMA	
      418/09	dispõe	sobre	a	Implantação	de	Programas	de	Inspeção	e	Manutenção	de	Veículos	em	uso,	considerando	
      que	a	falta	de	manutenção	ou	a	manutenção	incorreta	dos	veículos	podem	ser	responsáveis	pelo	aumento	da	
      emissão	de	poluentes	e	do	consumo	de	combustíveis.	Na	capital	do	Estado	de	São	Paulo	a	inspeção	veicular	já	é	
      obrigatória	e	a	tendência	é	que	ela	seja	estendida	em	breve	a	outros	municípios	paulistas.

      Vale	destacar	também	o	Programa	de	Controle	da	Poluição	do	Ar	por	Motociclos	e	Veículos	Similares	(PRO-
      MOT),	igualmente	instituído	em	âmbito	nacional	com	o	objetivo	de	promover	a	redução	progressiva	das	emis-
      sões	veiculares,	a	exemplo	do	PROCONVE.	A	preocupação	com	este	segmento	de	veículos	se	justifica	ao	olhar-
      mos	o	expressivo	aumento	da	frota	e	da	contribuição	da	emissão	de	alguns	poluentes	na	RMSP.	De	1994	a	2009,	
      as	motocicletas	aumentaram	sua	contribuição	de	menos	de	2%	da	emissão	total	de	monóxido	de	carbono	(CO)	
      e	hidrocarbonetos	(HC),	para	cerca	de	17%	de	CO	e	10%	de	HC.




168
Ainda,	outra	ação	promovida	pela	CETESB	anualmente	é	a	Operação	Inverno,	quando	são	intensificadas	as	
ações	de	controle	sobre	as	fontes	fixas	e	móveis	durante	os	meses	de	inverno	(maio	a	setembro),	devido	à	difi-
culdade	de	dispersão	de	poluentes	na	atmosfera	neste	período.	Quanto	ao	controle	das	fontes	móveis,	amplia-se	
a	fiscalização	da	emissão	excessiva	de	fumaça	preta	(partículas	de	carbono	elementar)	proveniente	dos	veículos	
automotores	à	diesel.	A	fiscalização	da	emissão	de	fumaça	preta	em	veículos	pesados	resultou,	em	2009,	em	mais	
de	3.000	veículos	autuados	(CETESB,	2010h).

Além	da	qualidade	dos	combustíveis,	da	concepção	tecnológica	dos	motores	e	de	suas	condições	de	manuten-
ção,	medidas	não	tecnológicas	são	essenciais	para	a	melhoria	da	qualidade	do	ar	nas	grandes	cidades.	As	regiões	
metropolitanas	e	outras	áreas	urbanizadas	do	Estado	necessitam	da	efetiva	implementação	de	uma	proposta	de	
ordenamento	territorial	que	minimize	a	segregação	espacial	e	as	diferenças	socioeconômicas	existentes	entre	suas	
diversas	regiões,	para	evitar	,	assim,	movimentos	pendulares	entre	as	regiões	periféricas	e	as	áreas	centrais,	por	
meio	de	uma	melhor	distribuição	dos	empregos	e	da	infraestrutura	de	serviços.	O	tráfego	urbano	deve	ser	plane-
jado	e	organizado	de	maneira	a	aumentar	a	atratividade	do	transporte	público	coletivo,	priorizando	o	uso	deste	
modal,	com	o	objetivo	de	diminuir	o	número	de	deslocamentos	motorizados	individuais	e	reduzir	as	emissões	
veiculares,	melhorando,	desta	forma,	a	qualidade	do	ar	nestes	locais.

	

referências
COMPANHIA	AMBIENTAL	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	– CETESB. Relatório de Qualidade do Ar no Estado de São
Paulo 2009.	2010g.	São	Paulo:	CETESB,	2010.	

COMPANHIA	AMBIENTAL	 DO	 ESTADO	 DE	 SÃO	 PAULO	 – CETESB.	 Relatório Operação Inverno 2009.	 2010h.	 São	
Paulo:	CETESB,	2010.	




                                                                                                                      169
3.7 Mudanças climáticas
      O	debate	e	os	estudos	sobre	mudanças	climáticas	estão	na	ordem	do	dia.	Embora	sempre	tenham	ocorrido	varia-
      ções	e	mudanças	climáticas	em	escalas	de	tempo	variáveis	e	decorrentes	de	causas	naturais,	no	último	século,	a	es-
      sas	causas	naturais	vieram	somar-se	aquelas	decorrentes	da	ação	humana,	em	especial	o	lançamento	na	atmosfera	
      de	grandes	quantidades	de	gases	estufa	e	aerossóis	e	as	mudanças	na	cobertura	do	solo	–	em	escala	global	–	com	a	
      transformação	de	áreas	florestais	em	áreas	de	agricultura	e	pastagem,	afetando	os	ciclos	biogeoquímicos	naturais.	
      Em	todo	o	mundo,	pesquisadores	estudam	as	muitas	variáveis	envolvidas	com	as	mudanças	climáticas	globais,	
      suas	causas	e	consequências,	realizando,	ainda,	projeções	de	mudanças	futuras	e	criando	modelos	matemáticos	
      do	sistema	climático.	Desta	forma,	procuram	estabelecer	possíveis	cenários	e	seus	impactos	sobre	os	sistemas	
      naturais	e	sobre	as	muitas	dimensões	da	vida	na	Terra	(FAPESP,	2008).	

      A	 atmosfera	 terrestre	 é	 uma	 camada	 relativamente	 fina,	 de	 gases	 e	 material	 particulado,	 que	 envolve	 a	Terra	
      devido	à	atuação	da	gravidade.	A	forma	como	esses	gases	se	dispõe	ao	longo	da	atmosfera	e	sua	interação	com	
      o	planeta	foi	determinante	para	o	surgimento	e	manutenção	da	vida,	processo	que	pode	ser	exemplificado	pelo	
      chamado	efeito	estufa.

      O	efeito	estufa	é	um	processo	natural	que	ocorre	quando	a	energia	emitida	pela	superfície	terrestre	é	absorvida	
      por	determinados	gases	presentes	na	atmosfera.	A	radiação	solar	que	chega	a	Terra	é	predominantemente	com-
      posta	pelo	comprimento	de	onda	curta	(radiação	solar	de	onda	curta),	sendo,	parte	desta	radiação,	refletida	e,	a	
      maior	parte,	absorvida	pela	superfície.	A	partir	dessa	absorção,	a	superfície	passa	a	emitir	energia	em	um	novo	
      comprimento	de	onda,	agora	na	forma	de	onda	longa.	Essa	energia	emitida	passa	a	ser	absorvida	por	determi-
      nados	gases	presentes	na	atmosfera,	os	chamados	Gases	de	Efeito	Estufa	(GEE),	como	o	dióxido	de	carbono	
      (CO2)	e	o	metano	(CH4).	Como	consequência,	o	calor	fica	retido	e	não	é	liberado	para	o	espaço,	ocorrendo	o	
      denominado	efeito	estufa.	O	efeito	estufa	é	de	vital	importância,	servindo	para	manter	o	planeta	aquecido,	e	as-
      sim,	garantir	a	manutenção	da	vida	na	Terra.	O	aumento	da	concentração	de	gases	de	efeito	estufa	na	atmosfera	
      é	que	tem	gerado	um	desequilíbrio	energético	no	planeta,	o	que	se	convencionou	chamar	de	aquecimento	global,	
      fenômeno	decorrente	da	intervenção	humana	nos	processos	que	caracterizam	o	efeito	estufa.

      Portanto,	a	atmosfera	tem	papel	primordial	e	essencial	para	a	vida	e	o	funcionamento	de	processos	físicos	e	biológicos	
      da	Terra,	sendo,	ainda,	responsável	por	fornecer	elementos	como	o	oxigênio,	dióxido	de	carbono	e	o	vapor	d’	água.	

      A	 atmosfera	 pode	 ser	 considerada	 como	 constituída	 principalmente	 pelo	 nitrogênio	 e	 oxigênio,	 que	 ocupam	
      algo	em	torno	de	99%	do	volume	de	ar	seco	e	limpo.	No	entanto,	esses	dois	gases	apresentam	pouca	influência	
      sobre	os	aspectos	climáticos.	Gases	como	o	dióxido	de	carbono	(CO2)	e	o	ozônio	(O3),	que	ocorrem	em	peque-
      nas	concentrações,	apresentam	influência	muito	mais	decisiva	nos	processos	climáticos	existentes.	O	dióxido	de	
      carbono,	embora	represente	apenas	0,03%	da	atmosfera,	apresenta	papel	primordial	no	processo	de	fotossíntese,	
      bem	como	se	destaca	por	ser	um	eficiente	absorvedor	de	energia	radiante	emitida	pela	Terra,	influenciando,	desta	
      forma,	o	fluxo	de	energia	através	da	atmosfera	e	fazendo	com	que	a	Troposfera	(primeira	camada	da	atmosfera)	
      retenha	o	calor	proveniente	da	superfície	terrestre.	Vale	ressaltar	que	atualmente	existem	divergentes	visões	sobre	
      a	influência	desse	gás	na	atmosfera.	

      Outro	importante	gás	relacionado	ao	efeito	estufa	é	o	metano	(CH4).	As	principais	fontes	antropogênicas	de	
      geração	desse	gás	são:	o	cultivo	de	arroz,	devido	à	condição	anaeróbica	das	áreas	alagadas;	os	animais	herbívoros,	
      devido	ao	processo	de	digestão;	e	a	ocorrência	de	depósitos	de	carvão,	óleo	e	gás	natural,	em	função	de	liberarem	
      metano	para	a	atmosfera	quando	escavados	ou	perfurados.	O	metano	é	cerca	de	trinta	vezes	mais	eficiente	que	
      o	dióxido	de	carbono	na	absorção	de	radiação	infra-vermelha,	portanto,	mesmo	com	concentrações	menores	na	
      atmosfera	pode	ser	mais	eficiente	na	formação	do	efeito	estufa	natural.

      O	ozônio	(O3)	é	um	gás	que	tem	papel	importante	na	absorção	de	radiação	ultravioleta,	sem	essa	absorção,	os	
      seres	vivos	estariam	mais	vulneráveis	aos	efeitos	da	radiação	solar	em	superfície.	Vale	destacar	que	a	presença	de	




170
ozônio	é	primordial	na	Estratosfera,	denominado,	portanto,	de	ozônio	estratosférico,	no	entanto,	também	pode	
ser	encontrado	na	Troposfera,	onde	passa	a	ser	chamado	de	ozônio	troposférico.	Na	Troposfera	esse	gás	é	con-
siderado	como	poluente,	formado	através	da	reação	entre	a	presença	de	luz	solar	e	os	óxidos	de	nitrogênio	(NO	
e	NO2),	lançados	na	atmosfera	pelos	processos	de	combustão	(veicular	e	industrial),	e	os	compostos	orgânicos	
voláteis,	emitidos	pelos	processos	evaporativos,	queima	incompleta	de	combustíveis	e	processos	industriais.	

As	atividades	realizadas	pelo	homem,	juntamente	com	as	emissões	naturais	do	planeta,	provocam	um	adicio-
nal	de	emissão	de	gases	de	efeito	estufa.	O	tipo	de	desenvolvimento	econômico	e	social	iniciado	pela	revolução	
industrial	contribuiu	ao	longo	dos	anos	para	o	aumento	da	concentração	desses	gases	na	atmosfera.	A	conse-
quência	disso	é	o	aumento	da	capacidade	de	absorção	de	energia	pela	atmosfera,	que	resulta	no	aquecimento	
global	do	planeta.	

Em	1988,	foi	criado	pela	Organização	Meteorológica	Mundial	(OMM)	e	o	Programa	das	Nações	Unidas	para	
o	Meio	Ambiente	(PNUMA),	o	Painel	Intergovernamental	sobre	Mudança	do	Clima	(IPCC),	que	se	trata	de	
um	grupo	aberto	a	todos	os	membros	das	Nações	Unidas	e	da	OMM.	A	função	do	IPCC	consiste	em	analisar,	
de	forma	exaustiva,	objetiva,	aberta	e	transparente,	a	informação	científica,	técnica	e	sócio-econômica	relevante	
para	entender	os	processos	de	risco,	que	supõe	a	mudança	climática	provocada	pelas	atividades	humanas,	suas	
possíveis	repercussões	e	as	possibilidades	de	adaptação	e	atenuação	da	mesma.	O	IPCC	não	realiza	investigação	
nem	controla	dados	relativos	ao	clima	e	outros	parâmetros	pertinentes,	baseia	sua	analise	na	literatura	científica	
e	técnica	existente.

Em	2007,	foi	publicado	o	4º	Relatório	de	Avaliação	do	Painel	Intergovernamental	sobre	Mudança	do	Clima	
(IPCC,	2007).	De	acordo	com	o	IPCC	(2007),	as	concentrações	atmosféricas	globais	de	dióxido	de	carbono,	
metano	e	óxido	nitroso	aumentaram	bastante	em	consequência	das	atividades	humanas.	No	caso	do	CO2,	o	au-
mento	global	se	deve	ao	uso	de	combustíveis	fósseis	e	à	mudança	no	uso	da	terra,	enquanto	para	o	CH4	e	o	N2O	
o	aumento	se	dá	pela	agricultura.	O	relatório	também	ressalta	que	o	aquecimento	do	sistema	climático	é	evidente	
e	pode	ser	constatado	nas	observações	dos	aumentos	das	temperaturas	médias	globais	do	ar	e	do	oceano,	do	
derretimento	generalizado	da	neve	e	do	gelo	e	da	elevação	do	nível	global	médio	do	mar.	


3.7.1 Modelos climáticos e cenários do iPcc
Marengo	(2007)	ressalta	que	a	modelagem	climática	em	grande	escala	consome	enormes	recursos	de	informática	
e	financeiros	e	até	mesmo	os	modelos	mais	sofisticados	são	representações	aproximadas	de	um	sistema	muito	
complexo,	de	forma	que	ainda	não	são	infalíveis	na	previsão	do	clima	futuro.	As	ferramentas	comumente	adotadas	
para	obter	e	avaliar	projeções	climáticas	passadas	e	futuras	são	os	modelos	de	clima,	que	podem	ser:	Modelos	
Globais	Atmosféricos	(GCM)	ou	Modelos	Globais	Acoplados	Oceano-Atmosfera	(AOGCM).	

Estes	 modelos	 podem	 simular	 climas	 futuros	 em	 nível	 global	 e	 regional	 como	 resposta	 a	 mudanças	 na	
concentração	de	gases	de	efeito	estufa	e	de	aerossóis,	no	entanto,	a	habilidade	desses	modelos	em	simular	climas	
regionais	depende	da	escala	horizontal,	chamada	também	de	resolução.	De	acordo	com	Marengo	(2007),	os	
modelos	podem	oferecer	informações	de	grande	utilidade	para	escala	continental,	e	considerando	a	extensão	
do	Brasil,	podem	ajudar	a	detectar	as	características	gerais	do	clima	futuro.	No	entanto,	esses	modelos	não	
representam	bem	as	mudanças	do	clima	na	escala	local,	tais	como	as	tempestades	ou	frentes	e	chuvas,	devido	
a	efeitos	orográficos	e	eventos	extremos	do	clima.	Para	isso,	é	necessário	usar	a	técnica	de	downscaling,	que	
consiste	 na	 regionalização	 dos	 cenários	 climáticos	 obtidos	 por	 modelos	 globais	 usando	 modelos	 regionais	
(downscaling	dinâmico)	ou	funções	estatísticas	(downscaling	empírico	ou	estatístico)	(MARENGO,	2007).	

As	 saídas	 dos	 modelos	 globais	 de	 clima	 contêm	 informações	 sobre	 os	 cenários	 SRES	 (Special	 Report	 on	
Emissions	 Scenarios,	 ou	 em	 português	 Relatório	 Especial	 sobre	 Cenários	 de	 Emissões	 –	 RECE),	 publicado	
em	2000	pelo	IPCC.	Os	cenários	de	emissão	representam	uma	visão	possível	do	desenvolvimento	futuro	de	




                                                                                                                       171
emissões	 de	 substâncias	 que	 têm	 um	 efeito	 radiativo	 potencial	 (gases	 de	 efeito	 estufa,	 aerossóis),	 baseados	
      numa	 combinação	 coerente	 e	 internamente	 consistente	 de	 assunções	 sobre	 forçamentos	 controladores,	 como	
      demografia,	desenvolvimento	socioeconômico,	e	mudança	na	tecnologia,	assim	como	suas	interações.	Os	cenários	
      SRES	mostram	diferentes	cenários	futuros	de	mudanças	climáticas,	denominados	de	A1,	A2,	B1	e	B2,	cujas	
      principais	características	são	apresentadas	na	Tabela	3.50.


                                                                   tabela 3. 50
                         PrinciPais características dos cenários de eMissões ProPostos Pelo iPcc

                                                                         a1

           Descreve um mundo futuro de crescimento econômico muito rápido, com a população global atingindo um pico em meados do
           século e declinando em seguida e a rápida introdução de tecnologias novas e mais eficientes. As principais questões subjacentes
         são a convergência entre as regiões, a capacitação e o aumento das interações culturais e sociais, com uma redução substancial das
          diferenças regionais na renda per capita. A família de cenários A1 se desdobra em três grupos que descrevem direções alternativas
           da mudança tecnológica no sistema energético. Os três grupos A1 distinguem-se por sua ênfase tecnológica: intensiva no uso de
          combustíveis fósseis (A1F1), fontes energéticas não-fósseis (A1T) ou um equilíbrio entre todas as fontes (A1B) (em que o equilíbrio
         é definido como não se depender muito de uma determinada fonte de energia, supondo-se que taxas similares de aperfeiçoamento
                                         apliquem-se a todas as tecnologias de oferta de energia e uso final).

                                                                         a2

        Descreve um mundo muito heterogêneo. O tema subjacente é a auto-suficiência e a preservação das identidades locais. Os padrões
       de fertilidade entre as regiões convergem muito lentamente, o que acarreta um aumento crescente da população. O desenvolvimento
           econômico é orientado primeiramente para a região e o crescimento econômico per capita e a mudança tecnológica são mais
                                              fragmentados e mais lentos do que nos outros contextos.

                                                                         b1

       Descreve um mundo convergente com a mesma população global, que atinge o pico em meados do século e declina em seguida, como
         no enredo A1, mas com uma mudança rápida nas estruturas econômicas em direção a uma economia de serviços e informação, com
         reduções da intensidade material e a introdução de tecnologias limpas e eficientes em relação ao uso dos recursos. A ênfase está nas
       soluções globais para a sustentabilidade econômica, social e ambiental, inclusive a melhoria da eqüidade, mas sem iniciativas adicionais
                                                              relacionadas com o clima.

                                                                         b2

        Descreve um mundo em que a ênfase está nas soluções locais para a sustentabilidade econômica, social e ambiental. É um mundo em
       que a população global aumenta continuamente, a uma taxa inferior à do A2, com níveis intermediários de desenvolvimento econômico
                                e mudança tecnológica menos rápida e mais diversa do que nos contextos B1 e A1.

                                                                  Fonte: IPCC (2007)




      A	Tabela	3.51	apresenta	as	estimativas	e	faixas	prováveis	para	o	aquecimento	médio	global	do	ar	e	elevação	do	
      nível	do	mar	para	seis	cenários	emissões	do	SRES,	para	o	final	do	século	XXI	(2090-2099)	relativos	a	1980-
      1999,	obtidos	no	4º	Relatório	de	Avaliação	(AR4)	do	IPCC	(2007).




172
tabela 3. 51
             ProJeção do aQueciMento Médio Global da suPerFície e da elevação do nível do Mar
                                         no Final do século xxi

                                   Mudança de temperatura (°c em 2090-               elevação do nível do mar (m em 2090-2099 relativa a
                                       2099 relativa a 1980-1999) 1                                       1980-1999

                                                                                     Faixa com base em modelo, excluindo-se as futuras
              caso                Melhor estimativa          Faixa provável
                                                                                        mudanças dinâmicas rápidas no fluxo de gelo

 concentrações constantes
                                          0,6                    0,3 - 0,9                                      NA
 do ano 2000 2

 cenário b1                               1,8                    1,1 - 2,9                                  0,18 - 0,38
 cenário a1t                              2,4                    1,4 - 3,8                                  0,20 - 0,45
 cenário b2                               2,4                    1,4 - 3,8                                  0,20 - 0,43
 cenário a1b                              2,8                    1,7 - 4,4                                  0,21 - 0,48
 cenário a2                               3,4                    2,0 - 5,4                                  0,23 - 0,51

 cenário a1F1                             4,0                    2,4 - 6,4                                  0,26 - 0,59

                                                                Fonte: IPCC (2007)

Notas:	 1 Essas	estimativas	são	avaliadas	a	partir	de	uma	hierarquia	de	modelos	que	abrangem	um	modelo	climático	simples,	varios	Modelos	do	Sitema	
Terrestre	de	Complexidade	Intermediária	e	um	grande	numero	de	Modelos	de	Circulação	Geral	da	Atmosfera-Oceano).
	2A	composição	constante	do	ano	2000	é	derivada	apenas	a	partir	de	Modelos	de	Circulação	Geral	da	Atmosfera-Oceano.	



Para	o	Brasil,	o	Instituto	Nacional	de	Pesquisas	Espaciais	(INPE)	vem	desenvolvendo	o	modelo	regional	Eta/
CPTEC	para	a	América	do	Sul.	De	acordo	com	a	2º	Comunicação	Nacional	do	Brasil	à	Convenção-Quadro	
das	Nações	Unidas	sobre	Mudanças	do	Clima	(BRASIL,	2010),	o	Eta	é	um	modelo	atmosférico	regional	com-
pleto	usado	pelo	Centro	de	Previsão	do	Tempo	e	Estudos	do	Clima	(CPTEC)	desde	1997,	para	as	previsões	do	
tempo	operacionais	e	sazonais.	O	modelo	foi	adaptado	a	fim	de	funcionar	como	um	Modelo	Climático	Regio-
nal	(MCR),	usado	para	produzir	cenários	regionalizados	de	mudança	futura	do	clima	para	a	2º	Comunicação	
Nacional.	No	entanto,	os	aperfeiçoamentos	planejados	dessa	versão	do	modelo,	incluem	a	vegetação	dinâmica	e	
alterações	no	uso	da	terra.	O	INPE	também	vem	elaborando	o	Modelo	Brasileiro	do	Sistema	Climático	Global	
(MBSCG),	com	o	objetivo	de	estabelecer	um	modelo	de	clima	global	adequado	a	projeções	de	mudança	do	clima	
no	longo	prazo.	Esse	modelo	inclui	representações	mais	realistas	de	fenômenos	que	atuam	em	uma	escala	de	
tempo	mais	ampla:	transições	mar-gelo,	aerossóis	e	química	atmosférica,	vegetação	dinâmica,	variabilidade	de	
CO2	e	outras	melhorias.

Vale	frisar	que	ainda	existem	várias	incertezas	nos	cenários	do	IPCC.	Uma	delas	é	a	estabilização	da	concentra-
ção	do	CO2	na	atmosfera,	dentro	do	ciclo	de	realimentação	clima-carbono.	Outra	está	nas	sinergias	e	antagonis-
mos	das	respostas	ambientais	e	esses	efeitos.	Aliado	a	isso,	observa-se	que	ainda	existem	muitas	lacunas	a	serem	
resolvidas	para	uma	melhor	análise	regional	das	mudanças	climáticas,	bem	como	existem	diferentes	visões	sobre	
como	efetivamente	as	mudanças	climáticas	poderão	atingir	as	diferentes	regiões	do	país.	


3.7.2 o estado de são Paulo e as Mudanças climáticas
No	 Estado	 de	 São	 Paulo,	 diversas	 pesquisas	 vêm	 sendo	 elaboradas	 visando	 identificar	 os	 impactos,	
vulnerabilidades	 e	 adaptações	 dos	 diferentes	 ecossistemas	 existentes,	 bem	 como	 dos	 diversos	 setores,	 às	
mudanças	climáticas	previstas.	

Em	agosto	de	2008,	a	Fundação	de	Amparo	à	Pesquisa	do	Estado	de	São	Paulo	(FAPESP)	lançou	o	Programa	
FAPESP	de	Pesquisa	em	Mudanças	Climáticas	Globais,	com	o	objetivo	de	estimular	a	pesquisa	sobre	o	tema,	
articulando	as	variáveis	resultantes	da	atividade	humana	com	aquelas	resultantes	de	causas	naturais.	Entretanto,	




                                                                                                                                                      173
antes	mesmo	da	criação	do	programa,	um	grande	número	de	pesquisas	em	mudanças	e	variações	climáticas	já	
      vinha	sendo	realizadas	no	Brasil	e	no	Estado	de	São	Paulo,	com	o	apoio	da	FAPESP,	do	Conselho	Nacional	de	
      Desenvolvimento	Científico	e	Tecnológico	(CNPq)	e	de	outras	agências	de	fomento	nacionais	e	internacionais.	

      No	âmbito	da	Secretaria	do	Meio	Ambiente	do	Estado	de	São	Paulo	(SMA/SP)	os	efeitos	das	mudanças	climáticas	
      também	já	vêm	sendo	estudados	e	discutidos	há	algum	tempo.	Em	1995,	a	SMA	estabeleceu	para	o	Estado	de	São	
      Paulo,	por	meio	da	Resolução	SMA	nº	22/95,	o	Programa	Estadual	de	Mudanças	Climáticas	do	Estado	de	São	
      Paulo	(PROCLIMA).	Esse	programa	teve	sua	implementação	gradualmente	assumida	e	atualmente	coordenada	
      pelo	 Setor	 de	 Clima	 e	 Energia	 (TDSC)	 da	 CETESB.	 Dentre	 as	 atividades	 do	 PROCLIMA,	 destacam-se:	 a	
      colaboração	com	a	esfera	federal	na	divulgação	e	implementação	dos	acordos	internacionais;	a	execução	do	Inventário	
      Nacional	de	Emissão	de	Metano	gerado	por	Resíduos,	que	faz	parte	da	1º	Comunicação	Nacional,	coordenada	pelo	
      Ministério	de	Ciência	e	Tecnologia;	participação	e	representação	da	CETESB/SMA	nas	reuniões	referentes	às	
      Mudanças	Climáticas;	capacitação	de	pessoal	para	prestar	assessoria	necessária	para	auxiliar	a	sociedade	a	prevenir	
      a	emissão	de	gases	de	efeito	estufa;	e	a	realização	de	seminários	e	simpósios	para	apresentar	o	problema	e	discutir	
      tecnologias	que	possibilitem	a	redução	dos	gases	de	efeito	estufa,	em	especial	os	gerados	por	resíduos.

      Também	 em	 1995	 foi	 instituído	 o	 Programa	 Estadual	 de	 Prevenção	 a	 Destruição	 da	 Camada	 de	 Ozônio	
      (PROZONESP),	 visto	 a	 importância	 da	 participação	 de	 São	 Paulo	 no	 quadro	 nacional	 de	 consumo	 de	
      Substâncias	que	Destroem	a	Camada	de	Ozônio	(SDO),	bem	como	a	necessidade	de	coordenar	as	ações	no	
      Estado	na	consecução	das	metas	estabelecidas	pelo	Programa	Brasileiro	de	Eliminação	da	Produção	e	Consumo	
      das	SDO	e	o	estabelecimento	de	parcerias	com	os	atores	sociais	envolvidos.	Em	resumo,	o	objeto	deste	Programa	
      é	a	contribuição	do	Governo	do	Estado	de	São	Paulo,	através	de	sua	Secretaria	do	Meio	Ambiente,	à	prevenção	
      da	destruição	da	Camada	de	Ozônio.

      Em	2005,	o	governo	instituiu	o	Fórum	Paulista	de	Mudanças	Climáticas	Globais	e	Biodiversidade,	através	do	
      Decreto	Estadual	49.369/05,	o	qual	é	presidido	pelo	governador,	visando	conscientizar	e	mobilizar	a	sociedade	
      paulista	para	a	discussão	e	tomada	de	posição	sobre	o	fenômeno	das	mudanças	climáticas	globais,	a	necessidade	
      da	conservação	da	diversidade	biológica	do	planeta	e	a	promoção	da	sinergia	entre	as	duas	temáticas.	Dentre	
      seus	objetivos	está	colaborar	com	a	elaboração	de	uma	Política	Estadual	de	Mudanças	Climáticas,	ressaltando	a	
      importância	do	tema	para	o	Estado	de	São	Paulo.

      Dando	continuidade	às	ações	ligadas	às	mudanças	climáticas,	no	dia	9	de	novembro	de	2009,	foi	sancionada	
      pelo	governador	a	Política	Estadual	de	Mudanças	Climáticas	(PEMC),	Lei	Estadual	nº	13.798/09,	que	tem	
      por	objetivo	disciplinar	as	adaptações	necessárias	aos	impactos	derivados	das	mudanças	climáticas,	bem	como	
      contribuir	para	reduzir	a	concentração	dos	gases	de	efeito	estufa	na	atmosfera,	estabelecendo	a	redução	de	20%	
      das	emissões	de	CO2	até	2020,	com	base	nas	emissões	de	2005.	

      Com	o	intuito	de	regulamentar	a	Lei	Estadual	nº	13.798/2009,	foi	instituído	o	Decreto	Estadual	nº	55.947,	
      em	24	de	junho	de	2010.	O	decreto,	institui	a	criação	do	Comitê	Gestor	da	Política	Estadual	de	Mudanças	
      Climáticas,	sob	a	coordenação	da	Casa	Civil,	com	o	objetivo	de	acompanhar	a	elaboração	e	a	implementação	
      dos	planos	e	programas	instituídos	por	este	decreto;	institui	o	Conselho	Estadual	de	Mudanças	Climáticas,	de	
      caráter	consultivo,	com	a	finalidade	de	acompanhar	a	implantação	e	fiscalizar	a	execução	da	PEMC;	disciplina	
      a	Comunicação	Estadual,	a	Avaliação	Ambiental	Estratégica	e	o	Zoneamento	Ecológico-Econômico,	tratados	
      na	referida	Lei;	exige	da	SMA	a	apresentação	de	critérios	que	definam	indicadores	de	avaliação	dos	efeitos	da	
      aplicação	da	PEMC;	dispõem	de	um	capítulo	sobre	os	Padrões	de	Desempenho	Ambiental	e	as	Contratações	
      Públicas	Sustentáveis;	de	um	capítulo	sobre	o	Licenciamento	Ambiental	e	os	Padrões	de	Referência	de	Emissão;	
      e	 ainda	 são	 previstos	 os	 seguintes	 Planos	 e	 Programas:	 Plano	 Estadual	 de	 Inovação	 Tecnológica	 e	 Clima;	
      Programa	Estadual	de	Construção	Civil	Sustentável;	Plano	Estadual	de	Energia;	Plano	Estadual	de	Transporte	
      Sustentável;	 Plano	 Estratégico	 para	 Ações	 Emergenciais	 e	 Mapeamento	 de	 Áreas	 de	 Risco;	 Programa	 de	
      Educação	Ambiental	sobre	Mudanças	Climáticas;	Programa	de	Incentivo	Econômico	a	Prevenção	e	Adaptação	
      de	Mudanças	Climáticas	e	de	Crédito	e	de	Economia	Verde;	Programa	de	Remanescentes	Florestais.




174
Outra	 atribuição	 definida	 pela	 Política	 Estadual	 de	 Mudanças	 refere-se	 à	 elaboração	 do	 Inventário	 das	
Emissões	por	Atividades	Antrópicas	dos	Gases	de	Efeito	Estufa.	Em	30	de	novembro	de	2010,	a	CETESB	
apresentou	o	estudo	intitulado	“1°	Relatório	de	Referência	do	Estado	de	São	Paulo	de	Emissões	e	Remoções	
Antrópicas	 de	 Gases	 de	 Efeito	 Estufa,	 período	 de	 1990	 –	 2008”.	 Elaborado	 por	 uma	 rede	 composta	 por	
instituições	 especializadas	 nos	 setores	 inventariados,	 diversos	 especialistas	 e	 coordenado	 pela	 CETESB/
SMA,	o	Inventário	Estadual	é	resultado	de	uma	iniciativa	inédita	no	Brasil,	de	elaboração	de	um	amplo	e	
detalhado	diagnóstico	das	emissões	de	gases	de	efeito	estufa	do	Estado	de	São	Paulo	no	período	1990-2008	
(CETESB,	2010i).	

O	Inventário	Estadual	foi	desenvolvido	com	apoio	da	Embaixada	Britânica	no	âmbito	do	Projeto	“Apoio	à	Política	
Climática	do	Estado	de	São	Paulo”,	desenvolvido	sob	a	responsabilidade	do	Programa	de	Mudanças	Climáticas	
do	Estado	de	São	Paulo	(PROCLIMA)	da	CETESB.	O	Decreto	Estadual	55.947/10	prevê	a	realização	de	
consulta	pública	e	a	apreciação	dos	documentos	pelo	Comitê	Gestor	de	Mudanças	Climáticas.	De	acordo	com	
decisão	tomada	pelo	Comitê	Gestor,	após	a	finalização	da	consulta	pública,	o	inventário	deverá	ser	apreciado	pela	
instância,	antes	de	ser	divulgado	oficialmente.

De	acordo	com	a	CETESB	(2010i),	o	documento	adota	o	mesmo	método	recomendado	pelo	IPCC	(Painel	
Intergovernamental	 de	 Mudanças	 Climáticas)	 para	 a	 elaboração	 de	 inventários	 nacionais,	 com	 adaptações	
para	adequá-lo	às	condições	objetivas	de	um	governo	estadual.	Ainda	assim,	buscou-se	seguir	fielmente	as	
diretrizes	 gerais	 do	 método,	 visando	 à	 elaboração	 de	 um	 documento	 cujos	 resultados	 sejam	 comparáveis	
àqueles	obtidos	pelos	Inventários	Brasileiros	de	Emissões	e	Remoções	Antrópicas	de	Gases	de	Efeito	Estufa.	
Seguindo	a	classificação	utilizada	pelo	IPCC,	o	inventário	foi	classificado	em	cinco	grandes	setores,	de	acordo	
com	a	origem	das	emissões:	energia;	processos	industriais;	uso	da	terra,	mudança	no	uso	da	terra	e	florestas;	
agropecuária	e	resíduos.

Os	Relatórios	de	Referência	do	Inventário	Estadual	de	Gases	de	Efeito	Estufa	do	Estado	de	São	Paulo	foram	
disponibilizados	para	consulta	pública	em	outubro	de	2010,	sendo	disponibilizados	os	seguintes	relatórios:


   •	 Inventário	de	Emissão	de	Metano	pelo	Cultivo	de	Arroz	Irrigado	por	Inundação	do	Estado	de	São	Pau-
      lo,	1990	a	2008;

   •	 Inventário	de	Emissões	de	Óxido	Nitroso	pelo	Manejo	de	Dejetos	e	dos	Solos	Agrícolas	no	Estado	de	
      São	Paulo,	1990	a	2008;

   •	 Inventário	das	Emissões	de	Gases	de	Efeito	Estufa	pela	Combustão	e	Fugitivas	de	Petróleo	no	Estado	de	
      São	Paulo,	1990	a	2008;

   •	 Inventário	das	Emissões	de	CO2	por	queima	de	combustíveis	no	Estado	de	São	Paulo,	1990	a	2008:	
      Abordagem	de	Referência	(Top Down);

   •	 Inventário	das	Emissões	de	Gases	de	Efeito	Estufa	associadas	ao	Transporte	Aéreo	do	Estado	de	São	
      Paulo,	1990	a	2008;

   •	 Inventário	das	Emissões	de	Gases	de	Efeito	Estufa	associadas	ao	Transporte	Ferroviário	do	Estado	de	
      São	Paulo,	1990	a	2008;

   •	 Inventário	de	Emissão	Atmosféricas	nos	Processos	Industriais	de	Alimentos	e	Bebidas	no	Estado	de	São	
      Paulo,	1990	a	2008;

   •	 Inventário	de	Emissões	de	Gases	de	Efeito	Estufa	associadas	aos	Processos	Industriais:	Produtos	Mine-
      rais,	Produção	de	Cimento	do	Estado	de	São	Paulo,	1990	a	2008;




                                                                                                                      175
•	 Inventário	de	Emissão	dos	Gases	de	Efeito	Estufa	associados	ao	Setor	de	Espumas	do	Estado	de	São	
            Paulo,	1990	a	2008;

         •	 Inventário	de	Emissão	Atmosféricas	dos	Gases	de	Efeito	Estufa	associadas	aos	Processos	Industriais	da	
            Produção	de	Papel	e	Celulose	do	Estado	de	São	Paulo,	1990	a	2008;

         •	 Inventário	de	Emissão	dos	Gases	de	Efeito	Estufa	dos	Clorofluorcarbonetos	(CFC),	Hidrofluorcarbo-
            netos	(HCFC),Hidrofluorcarbonos	(HFC),	Perfluorcarbonos	(PFC)	e	Hexafluoreto	de	Enxofre	(SF6),	
            no	setor	de	solventes	e	agentes	de	limpeza	do	Estado	de	São	Paulo,	1990	a	2008;

         •	 Inventário	de	Emissão	Atmosféricas	dos	Gases	de	Efeito	Estufa	associados	aos	Processos	Industriais	do	
            Setor	de	Vidro	no	Estado	de	São	Paulo,	1990	a	2008;

         •	 Inventário	de	Emissão	dos	Gases	de	Efeito	Estufa	no	Setor	de	Resíduos	e	Efluentes	do	Estado	de	São	
            Paulo,	1990	a	2008;

         •	 Inventário	de	Emissões	de	Gases	de	Efeito	Estufa	do	Setor	Uso	da	Terra,	Mudança	do	uso	da	Terra	e	
            Florestas	do	Estado	de	São	Paulo,	1994	a	2008.

      Estes	relatórios	apresentam	o	método	empregado	nas	estimativas	de	cada	setor,	as	premissas	e	os	dados	utiliza-
      dos,	e	sintetizam	os	resultados	obtidos	nos	trabalhos	desenvolvidos	pelas	instituições	parceiras.	Em	abril	de	2011	
      está	previsto	a	publicação	do	Inventário.

      Além	disso,	o	Estado	de	São	Paulo	vem	instituindo	programas	e	projetos	que	tendem	a	contribuir	com	a	temá-
      tica	de	mudanças	climáticas,	dentre	os	quais	podemos	destacar:


         •	 Projeto Ambiental Estratégico Mata Ciliar: tem	como	objetivo	promover	a	recuperação	das	matas	
            ciliares	no	Estado,	contribuindo	para	a	ampliação	da	cobertura	vegetal	de	13,9%	para	20%	do	território	
            estadual.	Entre	as	metas	específicas	do	Projeto	estão:	delimitar	e	demarcar	1,7	milhão	de	hectares	de	
            mata	ciliar;	interditar	e	proteger	1	milhão	de	hectares	para	regeneração	natural;	replantar	e	reflorestar	
            180	 mil	 hectares;	 fomentar	 a	 recuperação	 e	 a	 proteção	 das	 principais	 nascentes	 em	 cada	 município;	
            cumprir	o	contrato	com	o	Banco	Mundial	para	execução	de	projetos	de	restauração	de	mata	ciliar	em	15	
            microbacias	e	do	plano	de	Educação	Ambiental;	normatizar	critérios	e	metodologias	para	recuperação	
            de	mata	ciliar;	e	implementar	um	programa	de	gestão	de	produção	de	sementes	e	mudas.

         •	 Projeto Ambiental Estratégico Etanol Verde: visa,	dentre	outras	ações	voltadas	à	preservação	do	meio	
            ambiente,	eliminar	a	prática	da	queima	da	palha	da	cana-de-açúcar	no	Estado	através	do	Protocolo	Agro-
            ambiental	Paulista,	assinado	entre	a	SMA	e	os	produtores	de	açúcar	e	álcool.	Pelo	menos	90%	das	usinas	
            paulistas	já	aderiram	ao	Protocolo,	totalizando	155	unidades,	além	de	23	associações	de	fornecedores	
            de	cana.	Os	resultados	do	Etanol	Verde	já	são	extremamente	importantes	no	contexto	da	produção	de	
            cana-de-açúcar	no	Estado	de	São	Paulo,	e	a	expectativa	é	de	pleno	atingimento	das	metas	estabelecidas,	
            com	o	avanço	do	fim	da	queima	da	palha	da	cana	no	Estado.	Também	houve	progressos	significativos	na	
            preservação	e	recuperação	de	matas	ciliares,	no	uso	da	água	no	processo	industrial	e	na	implementação	
            do	inovador	zoneamento	agroambiental	do	setor	sucroalcooleiro	–	itens	que	passaram	a	compor	as	dire-
            trizes	técnicas	para	o	licenciamento	das	usinas.

         •	 Projeto Ambiental Estratégico Lixo Mínimo: tem	como	prioridade	promover	a	minimização	dos	re-
            síduos	sólidos	urbanos	por	meio	do	apoio	técnico	e	financeiro	aos	municípios.	Alinhado	aos	princípios	
            estabelecidos	na	Política	Estadual	de	Resíduos	Sólidos,	o	projeto	busca	estimular	a	adoção	de	práticas	
            ambientalmente	adequadas	de	reutilização,	reciclagem,	redução	e	recuperação	de	energia	e,	por	fim,	a	
            destinação	adequada	dos	rejeitos	inaproveitáveis.	As	metas	específicas	do	Lixo	Mínimo	são:	eliminar,	
            no	território	do	Estado,	os	aterros	em	situação	inadequada,	de	acordo	com	o	Índice	de	Qualidade	de	




176
Aterro	de	Resíduos	(IQR);	incentivar	a	adoção	de	soluções	regionais,	por	meio	de	ações	integradas	dos	
       municípios	nas	Unidades	de	Gerenciamento	de	Recursos	Hídricos	(UGRHI);	desenvolver	e	implemen-
       tar	o	Índice	de	Gestão	de	Resíduos	Sólidos	(IGR);	incentivar	a	implementação	de	Programas	de	Coleta	
       Seletiva,	visando	à	reciclagem;	e	executar	ações	de	educação	ambiental	no	Estado.

   •	 Projeto Ambiental Estratégico Desmatamento Zero:	tem	como	objetivo	instituir	uma	moratória	para	
      o	desmatamento;	tornar	mais	rigoroso	o	licenciamento	e	mais	efetivas	as	medidas	mitigadoras;	aprimorar	
      as	ações	de	fiscalização	da	Polícia	Ambiental	e	a	punição	dos	crimes	ambientais	para	garantir	a	conser-
      vação	da	biodiversidade,	o	projeto	se	destacou	na	proposição	de	novas	normas	para	a	atuação	do	Sistema	
      de	Meio	Ambiente.	

   •	 Projeto Ambiental Estratégico São Paulo Amigo da Amazônia:	visa	desenvolver	estratégias	para	re-
      duzir	 a	 demanda	 por	 madeira;	 intensificar	 a	 fiscalização	 da	 Polícia	 Militar	Ambiental	 na	 entrada	 de	
      madeira	ilegal	da	Amazônia	no	território	paulista;	fiscalizar	as	madeireiras	que	comercializam	no	ata-
      cado;	incentivar	o	empreendimento	de	florestas	plantadas,	bem	como	valorizar	empresas	que	utilizem	
      madeira	sustentável.	As	principais	metas	são:	implementar	ações	visando	a	diminuição	da	utilização	e	da	
      comercialização	de	madeira	proveniente	da	região	amazônica;	fiscalizar	o	transporte	e	o	comércio	ilegal	
      de	madeira	de	origem	nativa.

   •	 Projeto Ambiental Estratégico Serra do Mar:	 tem	 como	 objetivo	 recuperar	 as	 áreas	 ocupadas	 nas	
      encostas	do	Parque	Estadual	da	Serra	do	Mar,	eliminando	riscos	para	as	precárias	moradias;	proteger	
      a	biodiversidade	e	a	oferta	de	água,	restaurar	de	áreas	degradadas,	e	implementar	projetos	de	educação	
      ambiental	para	a	população	local.	Um	dos	principais	parceiros	neste	projeto	é	a	Secretaria	de	Habitação/
      Companhia	de	Desenvolvimento	Habitacional	e	Urbano	(CDHU).	

   •	 Economia Verde:	a	Secretaria	do	Meio	Ambiente	promoveu	durante	o	mês	de	dezembro	de	2010,	a	
      primeira	Bolsa	Internacional	de	Negócios	da	Economia	Verde	(BINEV),	com	o	objetivo	de	apresen-
      tar	uma	proposta	de	desenvolvimento	que	busca	instituir	novos	vetores	de	crescimento	econômico,	
      novas	fontes	de	empregabilidade	e	soluções	consistentes	para	a	melhoria	da	qualidade	ambiental	de	
      vida	no	Estado.


energia renovável

O	setor	energético	é	um	dos	grandes	responsáveis	pelas	emissões	de	gases	de	efeito	estufa,	em	função	de	grande	
parte	da	energia	utilizada	no	mundo	ter	como	fonte	os	combustíveis	fósseis.	A	busca	por	fontes	de	“energia	lim-
pa”,	ou	seja,	de	baixa	emissão	de	carbono,	é	um	dos	grandes	desafios	na	tentativa	de	minimizar	o	aquecimento	
global.	No	Estado	de	São	Paulo,	a	Secretaria	de	Saneamento	e	Energia	divulga	anualmente,	no	Balanço	Energé-
tico	do	Estado	de	São	Paulo	(BEESP),	a	composição	da	matriz	energética	do	Estado,	a	participação	setorial	no	
consumo	energético,	bem	como	a	estimativa	das	emissões	de	dióxido	de	carbono	provenientes	do	consumo	de	
combustíveis.	A	Figura	3.63	a	seguir,	apresenta	a	participação	dos	energéticos	no	consumo	final	de	energia	do	
Estado	de	São	Paulo	em	2009.




                                                                                                                          177
FiGura 3. 63
            ParticiPação dos enerGéticos no consuMo enerGético Final do estado de são Paulo eM 2009


                                                                      4%
                                                               6%
                                                                                              35%
                                                      9%                                                         Derivados de Petróleo

                                                                                                                 Biomassa

                                                                                                                 Eletricidade

                                                20%                                                              Álcool E lico

                                                                                                                 Gás Natural

                                                                                                                 Outras


                                                                              26%


                                                                 Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




      No	ano	de	2009,	as	fontes	renováveis	de	energia,	como	a	biomassa,	o	etanol	e	a	hidroeletricidade,	representaram	
      aproximadamente	57%	do	total	consumido	de	energia	no	Estado	de	São	Paulo,	fato	extremamente	importante	
      para	a	redução	das	quantidades	de	CO2	emitidas,	uma	vez	que	estas	fontes	renováveis	têm	balanço	de	carbono	
      considerado	nulo.	A	Figura	3.64	a	seguir,	apresenta	a	evolução	da	participação	da	energia	renovável	na	matriz	
      energética	paulista	de	1995	a	2009.

                                                                                    FiGura 3. 64
                                     ParticiPação renovável na Matriz enerGética do estado de são Paulo de 1995 a 2009


                                      0,60
                                                                                                                                                      0,57

                                      0,55
                                                                                                                                               0,54
             Par cipação Renovável




                                                                                                                                        0,52
                                      0,50
                                                                                                                                 0,50
                                              0,46                                                                        0,49
                                                      0,45                                                       0,48
                                                             0,44 0,44
                                      0,45                                                                0,46
                                                                                0,43             0,45
                                                                       0,45
                                                                                         0,44

                                      0,40



                                      0,35
                                             1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


                                                                 Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




      Podemos	observar	que	apesar	da	maior	parte	da	energia	utilizada	no	Estado	de	São	Paulo	ser	de	fonte	renovável,	
      os	combustíveis	fósseis	ainda	têm	relevância	na	matriz	energética,	pois	aproximadamente	35%	do	total	de	ener-




178
gia	consumida	em	2009	tiveram	como	fonte	o	petróleo	e	seus	derivados.	O	setor	de	transportes,	cuja	matriz	é	
majoritariamente	rodoviária,	foi	o	maior	responsável	pelo	consumo	dos	combustíveis	fósseis,	seguido	pelo	setor	
industrial.	Mesmo	com	a	crescente	participação	dos	combustíveis	renováveis	na	matriz	paulista,	o	diesel	ainda	é	
o	energético	mais	consumido	no	setor	de	transportes.


dióxido de carbono

Outro	indicador	importante	refere-se	à	intensidade	de	emissão	de	dióxido	de	carbono,	que	relaciona	o	Produto	
Interno	Bruto	do	Estado	de	São	Paulo	com	a	emissão	de	CO2	proveniente	do	uso	energético.	Esse	indicador	
tem	apresentado	queda	contínua	nos	últimos	anos,	como	consequência	do	aumento	da	participação	da	“energia	
limpa”	na	matriz	energética.	

A	Figura	3.65	a	seguir,	apresenta	a	evolução	da	intensidade	de	emissão	de	carbono,	de	1995	a	2009.


                                                                   FiGura 3. 65
                          intensidade de eMissão de carbono no estado de são Paulo de 1995 a 2009


                   0,14



                   0,12                    0,114           0,114

                                                   0,116           0,107
                           0,103
                                   0,111                                       0,101
                                                                                              0,097
                   0,10
        t CO2/R$




                                                                       0,103                            0,094
                                                                                    0,102                       0,091 0,090
                                                                                                                              0,086

                   0,08
                                                                                                                                 0,081


                   0,06



                   0,04
                           1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


                                               Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




Quanto	às	emissões	de	CO2,	o	setor	de	transportes	foi	responsável	por	mais	da	metade	das	emissões,	superando	
a	soma	das	emissões	de	todos	os	outros	setores.	De	forma	evidente,	o	modal	rodoviário	respondeu	pela	expres-
siva	maioria	das	emissões	do	setor.

A	seguir	são	apresentadas	as	participações	dos	setores	na	emissão	de	dióxido	de	carbono	(Figura	3.66)	e	mais	a	
frente	o	detalhamento	das	emissões	do	setor	de	transportes	(Figura	3.67).




                                                                                                                                         179
FiGura 3. 66
                        ParticiPação dos setores na eMissão de co2 do estado de são Paulo eM 2009


                                                         0,92%
                                             3,13% 3,10%       0,64%
                                                                                                           Transportes
                                             5,66%
                                                                                    56,82%                 Industrial

                                                                                                           Residencial

                                                                                                           Agropecuário

                                                                                                           Energé co
                                   29,73%
                                                                                                           Comercial

                                                                                                           Público



                                                  Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



                                                                     FiGura 3. 67
                           eMissão de co2 no setor de transPortes no estado de são Paulo eM 2009


                                                        3,61% 1,20%

                                         13,38%
                                                                                 81,81%              Rodoviário

                                                                                                     Aéreo

                                                                                                     Hidroviário

                                                                                                     Ferroviário




                                                  Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      referências
      BRASIL.	Ministério	da	Ciência	e	Tecnologia.	Coordenação-Geral	de	Mudanças	Globais	de	Clima,	2010.	2º Comunicação Nacional do
      Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Brasília:	MCT,	2010.	
      COMPANHIA	AMBIENTAL	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	CETESB.	Consulta	Pública	dos	Relatórios	de	Referência	para	o	Inven-
      tário	Estadual	de	Gases	de	Efeito	Estufa	do	Estado	de	São	Paulo.	2010i.	Disponível	em:	<http://www.cetesb.sp.gov.br>.	Acesso	em:	dez.2010.
      FUNDAÇÃO	DE	AMPARO	À	PESQUISA	DO	ESTADO	DE	SÃO	PAULO	–	FAPESP.	Contribuições da pesquisa paulista
      para o conhecimento sobre mudanças climáticas (1992-2008).	São	Paulo:	FAPESP,	2008.
      MARENGO,	J.	A.	Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Biodiversidade: Caracterização do Clima Atual e Definição
      das Alterações Climáticas para o Território Brasileiro ao longo do Século XXI. Brasília:	Ministério	do	Meio	Ambiente,	2007.
      PAINEL	INTERGOVERNAMENTAL	SOBRE	MUDANÇAS	DO	CLIMA	–	IPCC.	Sumário para os formuladores de políti-
      cas. Contribuição do Grupo de Trabalho I para o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança
      do Clima.	IPCC:	2007.
      SÃO	PAULO	(Estado).	Secretaria	de	Saneamento	e	Energia.	Balanço Energético do Estado de São Paulo 2010: Ano Base 2009.	
      São	Paulo:	SSE/SP,	2010.




180
3.8 saúde e Meio ambiente
A	área	da	Saúde	Ambiental	abre	novos	caminhos	para	pesquisas	e	estudos	e	possibilita	a	consolidação	de	ligações	
e	parcerias	entre	os	campos	da	saúde	e	meio	ambiente,	seus	profissionais	e	as	instituições	de	governo	responsáveis	
pela	elaboração	de	políticas	públicas	relacionadas	ao	tema.

A	 melhor	 compreensão	 da	 relação	 entre	 saúde	 e	 meio	 ambiente,	 seus	 determinantes	 populacionais,	 suas	
implicações	na	análise	da	situação	sanitária	e	ambiental,	no	desenvolvimento	de	políticas,	entre	outros	campos	
da	nossa	sociedade,	fez	com	que	o	tema	passasse	a	incorporar	outras	dimensões,	quer	sejam	da	saúde	ou	do	meio	
ambiente,	extrapolando	os	campos	de	conhecimento	e	demandando	dos	poderes	públicos	soluções	que	tenham	
como	ponto	de	partida	a	interação	dos	conhecimentos	anteriormente	estabelecidos	para	estas	ciências.

Gouveia	(1999),	já	apontava	o	distanciamento	dos	temas	saúde	e	meio	ambiente,	mostrando	que	a	dissociação	
destas	áreas	seria	prejudicial	tanto	a	uma	quanto	à	outra,	pois:


          “(...) a separação conceitual, e até prática, entre meio ambiente e saúde precisa ser revertida. Enquanto as políticas de saúde, os recursos
         e as instituições da área têm se concentrado principalmente no tratamento (...) as políticas e os movimentos ambientais se distanciaram
         dos temas relacionados à saúde. É preciso, portanto, uma reincorporação das questões do meio ambiente nas políticas de saúde e a
         integração dos objetivos da saúde ambiental numa ampla estratégia de desenvolvimento sustentável.”


Mais	 recentemente,	 Freitas	 e	 Porto	 (2006)	 apontaram	 para	 a	 necessidade	 de	 aproximação	 entre	 as	 políticas	
sanitárias	e	ambientais,	salientando	a	necessidade	imperiosa	de	ultrapassarmos	a	cisão	entre	estas	áreas	para	não	
nos	prendermos	ao	retrocesso	que	a	falta	deste	diálogo	causa	na	solução	de	problemas	que	afligem	a	sociedade	
em	sua	totalidade:


         “Não há dúvida de que os problemas relacionados à sustentabilidade ambiental e de saúde estão relacionadas ao processo histórico e
         social, como procuramos demonstrar. Porém, o que se constata (...) é a predominância de abordagens que tendem a restringir a saúde
         aos seus aspectos biológicos e o ambiente aos seus aspectos biofísicos.”


As	 respostas	 necessárias	 a	 problemas	 como	 as	 desigualdades	 socioambientais,	 a	 degradação	 ambiental	 ou	 os	
impactos	resultantes	destas	sobre	a	saúde	de	grupos	populacionais,	derivados	de	um	modelo	hegemônico	de	
desenvolvimento	lesivo	que	não	considera	aspectos	demográficos,	de	saúde	ou	de	utilização	de	recursos	naturais,	
só	 podem	 ser	 superadas	 com	 ações	 integradoras	 e	 de	 viés	 interdisciplinar,	 ou	 seja,	 ações	 do	 campo	 da	 saúde	
ambiental.	

Como	uma	boa	e	feliz	coincidência,	dez	anos	após	a	publicação	do	primeiro	texto	citado	ocorre	a	1ª	Conferência	
Nacional	 de	 Saúde	 Ambiental	 (CNSA),	 em	 Brasília	 no	 mês	 de	 dezembro	 de	 2009,	 iniciativa	 conjunta	 dos	
Ministérios	 das	 Cidades,	 da	 Saúde	 e	 do	 Meio	 Ambiente	 que	 visava,	 entre	 outras	 metas,	 a	 diminuição	 das	
consequências	decorrentes	das	três	dimensões	de	vulnerabilidades	entre	a	saúde	e	o	meio	ambiente,	conforme	
visto	na	Tabela	3.52.

                                                                 tabela 3. 52
                           diMensões das vulnerabilidades entre saúde e Meio aMbiente

              vulnerabilidade                                                         Problemas acarretados
     Saneamento ambiental inadequado                                        Prevalência de problemas de saúde pública
                                                          Impactos negativos na saúde da população, em função da industrialização e
        Modelo de desenvolvimento
                                                                 urbanização acelerada e da ocupação desordenada da terra
   Fenômenos ambientais de escala global            Impacto na saúde decorrente do aquecimento da Terra gerado pela mudança do clima

                                                                Fonte: CNSA (2010)




                                                                                                                                                         181
Dentre	os	resultados	da	1ª	CNSA	destaca-se	a	idéia	da	criação	de	uma	Política	Nacional	de	Saúde	Ambiental,	
      que	paute	os	investimentos,	ações	e	programas	(intersetoriais)	para	a	área,	atentando	para	as	possíveis	relações	
      entre	os	fatores	ambientais	e	a	saúde.	A	1ª	CNSA	propôs,	ainda,	uma	série	de	diretrizes	e	ações	que	apontam	
      para	a	necessidade	de	uma	maior	articulação	entre	as	áreas	de	saúde,	de	meio	ambiente	e	de	infraestrutura,	para	
      que,	desta	forma,	possa	se	iniciar	um	processo	efetivo	de	construção	de	políticas	públicas	na	área	da	saúde	am-
      biental.	

      O	Estado	de	São	Paulo	participou	ativamente	do	processo	de	construção	da	1ª	CNSA	com	a	realização	da	1ª	
      Conferência	Estadual	de	Saúde	Ambiental	(CESA),	realizada	no	mês	de	outubro	de	2009,	e	que	mobilizou	
      aproximadamente	2.000	pessoas.	A	Secretaria	de	Estado	do	Meio	Ambiente	foi	parte	ativa	neste	processo	des-
      locando	recursos	financeiros	e	humanos	para	a	realização	da	conferência	e,	ainda,	sendo	coorganizadora	junto	
      à	Secretaria	de	Estado	da	Saúde,	na	etapa	estadual.	Os	98	delegados	eleitos	pela	1ª	CESA	levaram	para	a	etapa	
      nacional	da	conferência	seis	diretrizes,	aqui	resumidas:


         •	 Garantia	e	aperfeiçoamento	do	controle	social	do	Sistema	Único	de	Saúde	(SUS);	

         •	 Estabelecimento	de	uma	política	de	saúde	ambiental	nas	três	esferas	de	governo;	

         •	 Estabelecimento	de	estratégias	de	educação	visando	o	desenvolvimento	sustentável;	

         •	 Priorização	de	políticas	integradas	de	saúde	e	meio	ambiente	para	recuperação	e	preservação	de	recursos	
            hídricos;

         •	 Promoção	de	políticas	públicas	que	combatam	o	aquecimento	global;	e

         •	 Definição	de	prioridades	visando	a	eliminação	da	exposição	dos	trabalhadores	aos	riscos	ambientais.


      A	cada	uma	destas	diretrizes,	se	relacionam	duas	ações	estratégicas	que	possibilitam	a	implementação	das	mes-
      mas.	A	1ª	CESA	foi	mais	um	passo	na	direção	do	estreitamento	entre	as	políticas	públicas	de	saúde	e	meio	
      ambiente	no	Estado	de	São	Paulo,	colocando	na	ordem	do	dia	as	lições	preconizadas	há	mais	de	dez	anos,	que	
      indicavam	o	melhor	caminho	para	o	campo	da	saúde	ambiental.


      3.8.1 Mortalidade infantil
      A	Taxa	de	Mortalidade	Infantil	(TMI)	–	óbitos	de	menores	de	1	ano	por	1.000	nascidos	vivos	–	é	considerada,	
      tradicionalmente,	como	um	dos	mais	sensíveis	indicadores	de	saúde	e	também	das	condições	socioeconômicas	e	
      ambientais	da	população.	Mede	o	risco	que	tem	um	nascido	vivo	de	morrer	antes	de	completar	um	ano	de	vida,	
      fato	que	está	ligado	às	condições	de	habitação,	saneamento,	nutrição,	educação	e	também	de	assistência	à	saúde,	
      principalmente	ao	pré-natal,	ao	parto	e	ao	recém-nascido.	

      No	Estado	de	São	Paulo,	verificou-se	na	última	década	uma	queda	acentuada	da	Taxa	de	Mortalidade	Infantil,	
      indicando	o	esforço	por	parte	do	governo	para	a	minoração	do	problema.	A	redução	é	notada	quando	observa-
      mos	(Tabela	3.53)	a	evolução	da	TMI	para	o	Estado	de	São	Paulo	desde	2004	(14,25	por	mil	nascidos	vivos)	
      até	2009	(12,48	por	mil	nascidos	vivos),	período	em	que	pudemos	verificar	um	decréscimo	de	12%.	A	redução	
      da	TMI	em	São	Paulo	é	ressaltada	pelo	fato	da	queda	também	ter	ocorrido	no	índice	de	óbitos	infantis,	um	de-
      créscimo	da	ordem	de	16%	entre	2004	e	2009,	indicando	o	acerto	da	política	de	saúde	para	a	prevenção	e	queda	
      das	taxas	de	mortalidade	nos	períodos	do	pré	e	pós-natal.	Para	que	a	mortalidade	infantil	em	São	Paulo	continue	
      em	redução	gradativa	e	contínua	é	extremamente	importante	que	o	trabalho	do	Governo	do	Estado,	em	parce-
      ria	com	as	prefeituras,	se	mantenha,	especialmente	em	relação	ao	aprimoramento	das	medidas	de	assistência	à	
      gestação	e	ao	parto.




182
tabela 3. 53
                         taxa de Mortalidade inFantil no estado de são Paulo de 2004 a 2009

        estado de são Paulo                  2004               2005              2006                2007         2008               2009
        População residente                39.326.776         39.949.487        40.484.029       40.653.736      41.139.672         41.633.802
           nascidos vivos                   626.804            619.107           604.026             595.509      601.872            598.383
           óbitos infantis                   8.933              8.323             8.024               7.786        7.561              7.470

               tMi (1)                       14,25              13,44             13,28               13,07        12,56              12,48

                                               Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)

Nota:	1	–	Nº	de	óbitos	infantis/Nº	de	nascidos	vivos*1000



As	Figuras	3.68	e	3.69	mostram	respectivamente	a	evolução	do	número	de	óbitos	infantis	e	a	Taxa	de	Mortali-
dade	Infantil	no	Estado	de	São	Paulo	de	2004	a	2009.


                                                                 FiGura 3. 68
                             núMero de óbitos inFantis no estado de são Paulo de 2004 a 2009


                                                                Número de óbitos infan s

               9.500


               9.000               8.933


               8.500                                  8.323
                                                                        8.024
               8.000                                                                     7.786
                                                                                                         7.561
                                                                                                                            7.470
               7.500


               7.000


               6.500
                              2004              2005              2006              2007               2008          2009


                                               Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                                                 183
FiGura 3. 69
                         taxa de Mortalidade inFantil no estado de são Paulo de 2004 a 2009


                                                     Taxa de Mortalidade Infan l

                 14,5
                                  14,25

                 14,0

                                             13,44
                 13,5                                         13,28
                                                                                13,07
                 13,0
                                                                                                   12,56
                                                                                                             12,48
                 12,5


                 12,0


                 11,5
                           2004           2005            2006              2007                2008       2009


                                          Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      A	seguir	(Tabela	3.54),	são	apresentados	os	valores	da	TMI	para	as	22	UGRHI	do	Estado	de	São	Paulo	em	
      2009,	ressaltando	a	necessidade	de	ações	específicas	para	reduzir	as	diferenças	das	TMI	inter-regionais,	com	
      vistas	a	se	alcançar	uma	situação	mais	equilibrada	nesse	indicador.	Destaca-se	que	das	22	UGRHI,	12	delas	
      apresentam	taxas	menores	que	a	TMI	estadual,	entre	elas	a	UGRHI	04	(Pardo),	que	apresenta	a	menor	taxa	
      dentre	todas	as	bacias	(9,39	mortes	por	mil	nascidos	vivos).	Entre	as	que	apresentam	as	maiores	taxas	merecem	
      atenção	as	UGRHI	01	(Mantiqueira)	e	07	(Baixada	santista),	com	23,33	e	18,83	mortes	por	mil	nascidos	vivos	
      respectivamente.




184
tabela 3. 54
                                        taxa de Mortalidade inFantil Por uGrHi eM 2009

                     uGrHi                           População residente            nascidos vivos        óbitos infantis             tMi (1)

 01 – Mantiqueira                                           68.719                       986                    23                    23,33
 02 – Paraíba do sul                                      2.015.719                    27.936                   354                   12,67
 03 – litoral norte                                         274.514                     4.336                   63                    14,53
 04 – Pardo                                               1.083.893                    14.375                   135                   9,39
 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí                         5.041.586                    68.918                   745                   10,81
 06 – alto tietê                                         19.750.628                    306.577                 3.780                  12,33
 07– baixada santista                                     1.687.096                    24.222                   456                   18,83
 08 – sapucaí/Grande                                        693.425                     9.294                   144                   15,49
 09 – Mogi-Guaçu                                          1.461.515                    19.127                   235                   12,29
 10 – sorocaba/Médio tietê                                1.861.631                    25.534                   357                   13,98
 11 – ribeira de iguape/litoral sul                         385.073                     5.503                   70                    12,72
 12 – baixo Pardo/Grande                                    331.989                     4.445                   46                    10,35
 13 – tietê/Jacaré                                        1.511.834                    19.035                   227                   11,93
 14 – alto Paranapanema                                     746.704                    10.372                   161                   15,52
 15 – turvo/Grande                                        1.242.827                    14.757                   158                   10,71
 16 – tietê/batalha                                         513.029                     6.268                   80                    12,76
 17 – Médio Paranapanema                                    683.485                     9.132                   102                   11,17
 18 – são José dos dourados                                 226.467                     2.426                   27                    11,13
 19 – baixo tietê                                           743.489                     9.286                   115                   12,38
 20 – aguapeí                                               365.476                     4.323                   61                    14,11
 21 – Peixe                                                 462.940                     5.373                   64                    11,91
 22 – Pontal do Paranapanema                                481.763                     6.087                   63                    10,35

          estado de são Paulo                            41.633.802                   598.383                  7.470                 12,48

                                                Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010)


Nota:	1	–	Nº	de	óbitos	infantis/Nº	de	nascidos	vivos*1000



Para	uma	comparação	mais	abrangente,	apresentamos	a	seguir	(Tabela	3.55)	dados	sobre	a	taxa	de	mortalidade	
no	período	pós	neonatal10	de	diversos	países	para	o	ano	de	2009,	disponibilizados	na	base	de	dados	do	Institute	
for	Health	Metrics	and	Evaluation	(IHME)	da	Universidade	de	Washington.	Os	dados	possibilitam	a	com-
paração	das	taxas	para	187	países	e,	por	meio	desta,	vê-se	que	a	situação	paulista	(65º	lugar)	para	esta	seleção,	
se	não	é	confortável	quando	comparada	com	outras	nações	mais	desenvolvidas,	tem	um	desempenho	mediano	
se	comparado	com	países	de	número	populacional	similar,	como	a	Colômbia	(80º	lugar)	com	uma	população	
de	aproximadamente	44	milhões	de	habitantes	e	a	Ucrânia	(64º	lugar)	com	uma	população	aproximada	de	45	
milhões	de	habitantes.




10		Compreende	a	relação	entre	os	óbitos	infantis	do	período	de	28	a	364	dias	de	vida	completos,	ocorridos	e	registrados	numa	determinada	unidade	geo-
gráfica	e	período	de	tempo,	e	os	nascidos	vivos	no	mesmo	período	e	localidade,	segundo	a fórmula:	Taxa	de	Mortalidade	Pós	Neonatal	=	Óbitos	Infantis	
de	28	a	364	Dias/Nascidos	Vivos*1000.




                                                                                                                                                         185
tabela 3. 55
                       Mortalidade no Período Pós neonatal eM diversos Países no ano de 2009

                                         País                         Mortalidade no período pós neonatal
                      1 - emirados árabes unidos                                    0,56
                      2 - itália                                                    0,78
                      3 - islândia                                                  0,80
                      4 - eslovênia                                                 0,85
                      5 - Finlândia                                                 0,86
                      6 - suécia                                                    0,89
                      7 - chipre                                                    0,91
                      8 - luxemburgo                                                0,91
                      9 - singapura                                                 0,92
                      10 - Portugal                                                 0,99
                      42 - chile                                                    2,27
                      64 – ucrânia                                                  3,72
                      65 - estado de são Paulo                                      3,81
                      69 - argentina                                                3,96
                      75 - uruguai                                                  4,61
                      80 - colômbia                                                 5,33
                      81 - venezuela                                                5,64
                      94 - Paraguai                                                 7,61
                      101 - brasil                                                  8,55
                      103 – Peru                                                    8,58
                      116 - equador                                                 11,47
                      135 - bolívia                                                 17,59

                                                         Fonte: IHME (2010)




      3.8.2 Mortalidade por doenças de veiculação hídrica
      O	modelo	de	crescimento	econômico	brasileiro	tem	gerado	grandes	concentrações	de	renda	e	de	infraestrutura,	
      tendo	 como	 consequência,	 significativos	 segmentos	 da	 sociedade	 se	 distanciando	 de	 um	 nível	 de	 qualidade	
      de	 vida	 satisfatório,	decorrendo,	daí,	a	 ocorrência	de	diversas	doenças	 relacionadas	 ao	 saneamento	ambiental	
      inadequado.	

      Alguns	dos	impactos	causados	na	saúde	humana	pela	poluição	da	água,	bem	como	pelos	efeitos	de	condições	de	
      moradia	inadequada	e	da	falta	de	acesso	aos	serviços	básicos	de	saneamento,	sobretudo	nas	áreas	metropolitanas,	
      podem	levar	a	situações	de	descontrole	sanitário,	ocasionando	surtos	de	doenças	de	veiculação	hídrica.

      No	 Estado	 de	 São	 Paulo,	 apesar	 dos	 avanços	 nos	 serviços	 de	 saneamento	 (abastecimento	 de	 água,	 coleta	 e	
      tratamento	de	esgotos	sanitários,	manejo	de	resíduos	sólidos	e	drenagem	de	águas	pluviais	urbanas)	observados	
      no	Estado	de	São	Paulo,	a	ocorrência	de	doenças	de	veiculação	hídrica	continua	sendo	um	indicador	indireto	
      da	inexistência	e/ou	baixa	eficiência	destes	serviços.	Podemos	observar	na	Tabela	3.57	e	na	Figura	3.71	que	a	
      mortalidade	por	doenças	de	veiculação	hídrica	no	Estado	de	São	Paulo	vêm	se	mantendo	num	mesmo	nível	
      desde	2005.

      Os	dados	de	morbidade	hospitalar	oriundos	do	Sistema	de	Informações	Hospitalares	(SIH)	do	Sistema	Único	
      de	Saúde	(SUS),	gerido	pelo	Ministério	da	Saúde	(MS),	em	conjunto	com	as	Secretarias	Estaduais	de	Saúde	e	
      as	Secretarias	Municipais	de	Saúde,	têm	se	mostrado	como	a	melhor	fonte	para	se	compreender	a	extensão	do	
      problema	(LIBANIO	et	al.,	2005).	Podemos	observar	na	Tabela	3.56	e	na	Figura	3.70	que	o	valor	gasto	pelo	




186
SUS	com	internações	devido	a	doenças	de	veiculação	hídrica	no	Estado	de	São	Paulo	em	2009,	apresentou	uma	
leve	queda	em	relação	ao	ano	de	2006.	Porém,	vale	ressaltar	que	de	janeiro	a	novembro	de	2010,	o	valor	gasto	já	
tinha	ultrapassado	o	montante	de	2009	e	somava	pouco	mais	de	R$	13	milhões.	


                                                                                   tabela 3. 56
       Gasto de Morbidade coM doenças de veiculação Hídrica no estado de são Paulo de 2006 a 2009

                                 doença                                2006                        2007                      2008                     2009
 diarréia e gastroenterite                                        R$ 5.475.054,72             R$ 4.816.787,71           R$ 5.657.754,48          R$ 5.740.712,49
 outras doenças inf. intestinais                                  R$ 5.196.663,73             R$ 4.804.257,97           R$ 3.129.188,76          R$ 3.058.389,36
 leptospirose                                                      R$ 354.198,05               R$ 430.109,84            R$ 423.223,38             R$ 517.853,21
 Hepatite aguda b                                                  R$ 137.685,41               R$ 128.660,48             R$ 333.271,20           R$ 162.453,24
 outras hepatites virais                                           R$ 511.196,76               R$ 538.719,73            R$ 563.534,57            R$ 576.076,48
 leishmaniose                                                      R$ 119.141,75               R$ 108.628,97            R$ 168.283,73             R$ 143.279,74
 esquistossomose                                                   R$ 27.615,10                 R$ 30.075,05             R$ 23.882,75             R$ 39.428,73
 outras helmintíases                                               R$ 103.011,79               R$ 106.903,82            R$ 223.309,40             R$122.893,66
 outras doenças inf. e parasitárias                               R$3.136.072,70              R$ 3.166.198,79          R$ 2.476.604,92           R$ 2.150.102,93
                                        total                 r$15.060.640,01                 r$14.130.342,36          r$ 12.999.053,19      r$12.511.189,84

                                                                  Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

Nota:	Valor	total	=	Valor	referente	as	Autorização	de	Internação	Hospitalar	(AIH)	pagas	no	período,	na	unidade	monetária	da	época.



                                                                                   FiGura 3. 70
                                           evolução do Gasto de Morbidade coM doenças de veiculação Hídrica
                                                          no estado de são Paulo de 2006 a 2009


                                                            Gasto com morbidade de doenças de veículação hídrica

                                          16,0

                                                           15,1
                                          15,0

                                                                                       14,1
                Milhões de Reais (R$)




                                          14,0
                                                                                                                13,0
                                          13,0
                                                                                                                                          12,5
                                          12,0


                                          11,0


                                          10,0
                                                    2006                        2007                      2008                      2009


                                                                  Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                                                                                                                   187
tabela 3. 57
                Mortalidade Por doenças de veiculação Hídrica no estado de são Paulo de 2005 a 2009

                       doença                          2005                 2006                2007                 2008                 2009
      diarréia e gastroenterite                         587                  727                 660                  664                 504
      outras doenças inf. intestinais                    24                  34                   44                  59                   87
      leptospirose                                       47                  75                   79                  58                   69
      Hepatite viral                                    883                  835                 856                  855                 924
      leishmaniose                                       14                  16                   13                  23                   17
      esquistossomose                                    76                  85                   83                  72                   87
      outras helmintíases                                19                   8                   4                    7                    4
      outras doenças inf. e parasitárias                266                  280                 259                  267                 261
                       total                           1.916               2.060                1.998                2.005               1.953

                                             Fonte: SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)


                                                                     FiGura 3. 71
        evolução da Mortalidade Por doenças de veiculação Hídrica no estado de são Paulo de 2005 a 2009



                                                      Mortalidade por doenças de veículação hídrica

                  2.100
                                                         2.060
                  2.050
                                                                                  1.998                2.005
                  2.000

                                                                                                                               1.953
                  1.950

                                          1.916
                  1.900


                  1.850


                  1.800
                                   2005                  2006                  2007                   2008                  2009


                                             Fonte: SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      3.8.3 Mortalidade por doenças do aparelho respiratório
      Um	dos	efeitos	da	poluição	atmosférica	na	saúde	da	população	é	o	aumento	de	internações	hospitalares	por	
      doenças	respiratórias	em	direta	correlação	com	a	queda	da	qualidade	do	ar.	As	alterações	ocorridas	no	país	e	no	
      Estado	de	São	Paulo	nas	últimas	décadas	do	século	XX	e	no	início	do	século	XXI	forçou	os	sistemas	de	saúde	e	
      de	meio	ambiente	a	repensarem	a	forma	de	gerir	novos	problemas,	pois,	segundo	Caiaffa	(2008):


               (...) o impacto do surgimento das cidades contemporâneas nos últimos cinqüenta anos, tal como ocorreu anteriormente na Europa,
               interligou-se à profunda mudança do perfil demográfico do país, com declínio do coeficiente de mortalidade geral, redução da mortalidade
               infantil, aumento da expectativa de vida e conseqüente modificação do perfil epidemiológico. (...). Assim, de forma cosmopolita, o viver
               na cidade pode ser benéfico, conhecido como a “vantagem do urbano”, ou pode ser nocivo, conhecido como a “penalidade do urbano”.
               (...) Nesta direção, o conceito de saúde deveria incorporar o cotidiano dos indivíduos vivendo nas cidades, sob a ótica ampliada de que
               o estudo individualizado dos fatores determinantes na saúde e suas conseqüências, antes reducionista, não pode ignorar as relações de
               interdependência que existem entre o indivíduo e o meio físico, social e político onde ele vive e se insere.




188
O	 nível	 de	 poluentes	 atmosféricos,	 o	 número	 de	 internações	 hospitalares	 –	 morbidade	 –	 de	 crianças	 (aqui	
compreendidas	na	faixa	de	menos	de	um	ano	a	nove	anos)	e	de	idosos	(na	faixa	etária	de	60	anos	ou	mais),	
os	valores	no	orçamento	da	saúde	pública	gastos	com	o	tratamento	destas	afecções	e	os	óbitos	decorrentes	das	
doenças	respiratórias	no	Estado	de	São	Paulo,	serão	tratados	neste	tópico.	Vale	ressaltar	que	os	grupos	etários	
escolhidos	(crianças	e	idosos)	são	os	que	apresentam	maior	suscetibilidade	aos	efeitos	da	poluição	atmosférica	
no	aparelho	respiratório	(MARTINS,	2002).

A	análise	dos	dados	de	internação	para	a	faixa	etária	de	menos	de	um	ano	a	nove	anos	indica	a	manutenção	do	
que	é	visto	há	tempos:	o	aumento	das	internações	coincide	com	os	períodos	em	que	a	dispersão	dos	poluentes	é	
mais	prejudicada	(Outono,	Inverno	e	início	da	Primavera),	com	a	queda	abrupta	nos	meses	em	que	a	temperatura	
alcança	 valores	 mais	 altos,	 conforme	 indicam	 a	 Tabela	 3.58	 e	 a	 Figura	 3.72,	 que	 apresentam	 o	 número	 de	
internações	ao	longo	de	2009	para	duas	das	doenças	do	aparelho	respiratório	mais	constatadas	em	crianças,	
Pneumonia	e	Asma.	


                                                                tabela 3. 58
núMero de internações HosPitalares Por doenças no aParelHo resPiratório no estado de são Paulo
                        eM 2009 (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos)

   doença       Jan          Fev         Mar        abr        Mai          Jun          Jul       ago    set      out          nov   dez
 Pneumonia     2.508     2.416           4.064    6.153      7.282       6.210          6.247    5.649   5.450    4.858     4.446     3.663

    asma        500          594         1.129    1.146      1.215       1.047          915        765   875       743          748   692

                                                 Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



                                                                FiGura 3. 72
evolução do núMero de internações HosPitalares Por doenças no aParelHo resPiratório no estado
                  de são Paulo eM 2009 (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos)


                                                       Pneumonia                          Asma

             8.000

             7.000

             6.000

             5.000

             4.000

             3.000

             2.000

             1.000

                0
                       Jan         Fev     Mar      Abr      Mai      Jun         Jul      Ago     Set   Out     Nov      Dez


                                                 Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



Ao	 exercer	 enorme	 pressão	 sobre	 os	 serviços	 de	 saúde	 estas	 duas	 afecções	 elevam	 igualmente	 os	 gastos	 de	
internações.	Vê-se,	pelos	 dados	levantados	junto	ao	Ministério	 da	Saúde	 (MS),	que	 o	aumento	 dos	 gastos	 é	
constante	para	este	grupo	etário	(Tabela	3.59).	




                                                                                                                                              189
tabela 3. 59
      Gasto de Morbidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009 (Faixa
                                      etária de Menos de 1 ano a 9 anos)

                doença                              2006                         2007                          2008                        2009
          Pneumonia e asma               R$ 38.323.609,35                 R$ 40.106.881,86              R$ 46.744.490,14             R$ 55.986.210,33

                                                             Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

      Nota:	Valor	total	=	Valor	referente	as	Autorização	de	Internação	Hospitalar	(AIH)	pagas	no	período,	na	unidade	monetária	da	época.


      Pela	Tabela	3.60	e	pela	Figura	3.73,	podemos	notar	uma	queda	nas	mortes	ocorridas	por	doenças	no	aparelho	
      respiratório	para	faixa	etária	de	menos	de	um	ano	a	nove	anos,	da	ordem	de	21%	entre	os	anos	de	2006	e	2009.	


                                                                             tabela 3. 60
               Mortalidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009
                                     (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos)

                                                                                                                       restante
                                                                         outras infecções      doenças crônicas
                                                                                                                      de doenças
            ano           influenza (gripe)          Pneumonia           agudas das vias        das vias aéreas                               total
                                                                                                                      do aparelho
                                                                         aéreas inferiores        inferiores
                                                                                                                      respiratório
           2006                  1                         523                   57                    25                  222                 828
           2007                  1                         493                   47                    25                  189                 755
           2008                  0                         417                   60                    23                  157                 657
           2009                 52                         427                   6                     26                  139                 650

                                                    Fonte SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




                                                                             FiGura 3. 73
      evolução da Mortalidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009
                                   (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos)


                                                      Mortalidade por doenças do aparelho respiratório
                    900

                                              828

                    800
                                                                           755


                    700
                                                                                                       657
                                                                                                                                    650

                    600




                    500
                                      2006                            2007                        2008                       2009


                                                    Fonte SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)




190
Ao	abordarmos	a	outra	faixa	etária	(60	anos	ou	mais)	que	é	agredida	de	forma	mais	severa	pela	poluição	atmos-
férica,	percebe-se	uma	elevação	nos	números,	quer	seja	de	gastos	com	internações	ou	de	mortalidade	por	doenças	
respiratórias.	Esse	fato,	aliado	à	forte	correlação	entre	a	mortalidade	de	idosos	e	as	doenças	do	aparelho	respira-
tório	(DAUMAS,	2004),	demonstra	que	ações	que	incorram	na	diminuição	destes	índices	devem	ser	tomadas	
com	a	máxima	urgência.

A	Figura	3.74	mostra,	para	algumas	das	doenças	mais	constatadas	em	idosos,	a	evolução	do	número	de	internações	
por	doenças	do	aparelho	respiratório	na	última	década.	O	aumento	de	15%	no	numero	de	internações,	de	2001	para	
2009,	demonstra	cabalmente	como	tem	sido	afetada	a	saúde	da	população	idosa	por	conta	da	poluição	atmosférica.	
                                                                                                              	


                                                                  FiGura 3. 74
evolução do núMero de internações HosPitalares Por doenças no aParelHo resPiratório no estado
                      de são Paulo eM 2009 (Faixa etária de 60 anos ou Mais)


                                              Pneumonia, Bronquite, Enfisema e outras doenças pulmonares crônicas
                                              e outras doenças do aparelho respiratório


                  68.000
                                                                                                          65.988
                  66.000


                  64.000


                  62.000
                                                                             61.011
                  60.000


                  58.000
                                             57.154
                  56.000
                                         2001                           2005                          2009


                                                  Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



Quando	analisamos	os	custos	de	morbidade	para	um	grupo	de	doenças	respiratórias	agravadas	pela	poluição	
atmosférica,	acabamos	também	estimando	o	impacto	econômico	da	poluição	do	ar	na	saúde	da	parcela	da	popu-
lação	estudada	e,	a	partir	disso,	percebemos	a	necessidade	premente	de	se	traçar	uma	estratégia	conjunta	entre	
ações	que	permeiem	tanto	a	área	da	saúde	como	a	de	meio	ambiente.	O	crescimento	dos	gastos,	assim	como	a	do	
número	internações	hospitalares,	é	constante,	e	pode	ser	visto	na	Tabela	3.61	que	segue.

                                                                  tabela 3. 61
    Gasto de Morbidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009
                                 (Faixa etária de 60 anos ou Mais)

                       doença                                   2006                  2007                   2008                     2009
 Pneumonia, bronquite, enfisema e outras
 doenças pulmonares crônicas e outras doenças             R$ 42.770.044,45      R$ 52.780.485,72       R$ 61.727.488,28        R$ 78.786.115,72
 do aparelho respiratório

                                                  Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)

	Nota:	Valor	total	=	Valor	referente	as	Autorização	de	Internação	Hospitalar	(AIH)	pagas	no	período,	na	unidade	monetária	da	época.




                                                                                                                                                  191
A	Tabela	3.62	e	a	Figura	3.75	mostram	a	evolução	da	mortalidade	por	doenças	do	aparelho	respiratório	em	
      idosos,	de	2006	a	2009.
                                                                    tabela 3. 62
      Mortalidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009 (Faixa etária
                                            de 60 anos ou Mais)

                                                                                                               restante
                                                                outras infecções      doenças crônicas
                                                                                                              de doenças
           ano        influenza (gripe)       Pneumonia         agudas das vias        das vias aéreas                            total
                                                                                                              do aparelho
                                                                aéreas inferiores        inferiores
                                                                                                              respiratório

           2006               8                  9.448                   13                  8.479               3.141            21.089
           2007               21                10.403                   11                  8.368               3.004            21.807
           2008               10                11.203                  15                   8.287               2.953            22.468
           2009               52                13.348                   33                  7.828               3.153            24.414

                                             Fonte SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



                                                                    FiGura 3. 75
      evolução da Mortalidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009
                                      (Faixa etária de 60 anos ou Mais)


                                               Mortalidade por doenças do aparelho respiratório

                   25.000
                                                                                                                         24.414

                   24.000



                   23.000

                                                                                                 22.468
                   22.000

                                                                    21.807

                   21.000
                                     21.089


                   20.000
                                      2006                      2007                       2008                     2009


                                             Fonte SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)



      O	 aumento	 de	 16%	 no	 número	 de	 óbitos	 de	 idosos	 verificado	 no	 período	 indica	 uma	 situação	 preocupante,	
      merecendo	maior	atenção	por	parte	do	poder	público,	principalmente	se	pensarmos	no	processo	de	transição	
      demográfica	pelo	qual	o	Estado	de	São	Paulo	passará,	onde,	a	partir	de	2025,	está	previsto	para	suas	populações	
      mais	idosas	ultrapassarem	as	mais	jovens.


      referências
      CAIAFFA,	W.	T.	et	al	.	Saúde	urbana:	“a	cidade	é	uma	estranha	senhora,	que	hoje	sorri	e	amanhã	te	devora”.	Ciênc. saúde coletiva, 	Rio	
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                                                                                                                                               193
194
4
visões ambientais
196
Neste	capítulo	são	apresentados	cinco	textos	analíticos.	Trata-se	de	reflexões	acerca	de	temas	estratégicos	que	
buscam	apre	 nder	as	relações	entre	desenvolvimento	e	meio	ambiente	no	Estado	de	São	Paulo.	É	importante	
             e
ressaltar	que	os	textos	são	assinados	por	especialistas	dentro	de	cada	área	específica	abordada	e	representam	so-
mente	a	opinião	destes,	não	refletindo	a	posição	desta	Secretaria	do	Meio	Ambiente,	muito	menos	do	Governo	
do	Estado	de	São	Paulo.

O	primeiro	e	o	segundo	texto	intitulados	respectivamente	de	“O	fortalecimento	da	segurança	alimentar	e	am-
biental	no	Estado	de	São	Paulo	na	concepção	do	novo	Código	Florestal	brasileiro”	e	“O	Código	Florestal	tem	
base	científica?”,	têm	como	objetivo	analisar	como	a	iniciativa	de	alterar	o	Código	Florestal	brasileiro,	uma	lei	
estruturante	dos	esforços	do	País	pela	conservação	de	seus	recursos	naturais,	e	em	especial	de	sua	mega	biodiver-
sidade,	poderá	se	tornar,	também	no	Estado	de	São	Paulo,	um	instrumento	na	busca	pela	segurança	alimentar,	
social	e	ambiental,	fazendo	ampla	a	sua	atuação	por	uma	melhor	qualidade	da	vida	da	população.	

O	terceiro	texto	trata	sobre	os	“Desafios	para	São	Paulo:	biodiversidade,	bioenergia	e	biotecnologia”,	abordan-
do	aspectos	referentes	ao	modelo	de	desenvolvimento	do	Estado	quanto	à	proteção	de	sua	biodiversidade	e	à	
composição	de	sua	matriz	energética,	no	que	diz	respeito	à	busca	pela	sustentabilidade	e	ao	aquecimento	global.

O	quarto	texto	discorre	sobre	“A	Alcoolquímica	no	cenário	futuro	da	cana-de-açúcar”,	analisando	possíveis	pro-
cessos	de	produção	industrial	a	partir	do	cultivo	da	cana-de-açúcar,	além	dos	até	aqui	já	praticados	açúcar,	etanol	
e	geração	de	energia.

E,	por	fim,	o	quinto	texto	aborda	o	tema	“Transição	demográfica	e	envelhecimento	populacional	no	Estado	de	
São	Paulo”,	que	trata	da	inversão	da	realidade	demográfica	do	Estado,	o	qual	verá,	no	ano	de	2025,	suas	popu-
lações	mais	idosas	ultrapassarem	as	mais	jovens,	impondo	a	necessidade	de,	desde	já,	iniciarmos	a	construção	
de	um	Estado	mais	sofisticado,	com	infinitamente	maior	e	melhor	escolaridade	e	capaz	de	prover	de	respostas	
satisfatórias	suas	populações	mais	bem	formadas	e,	por	força	de	consequência,	mais	exigentes.	




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4.1 o fortalecimento da segurança alimentar e ambiental no estado de são
      Paulo na concepção do novo código Florestal brasileiro
      eduardo Pires castanho Filho11



      ambiente institucional e científico
      A	agropecuária	desde	sempre	provoca	reflexões	às	vezes	apaixonadas,	seja	quanto	às	questões	por	ela	enfrentadas,	
      seja	como	resolvê-las	ou	pelo	menos	equacioná-las.	Para	que	se	possam	solucionar	problemas,	são	necessários	
      um	arcabouço	teórico	consistente	e	uma	base	sócio	política	estabilizada	e	democrática,	já	que	os	fundamentos	de	
      qualquer	atividade	estão	na	Lei.	

      Mudanças	preconizadas	nos	marcos	regulatórios	devem	passar	por	alteração	legislativa.	E,	esse	processo,	deve	
      ser	alvo	de	ampla	consulta	e	participação	da	população,	notadamente	dos	setores	mais	diretamente	envolvidos	
      pela	norma	que	se	pretende	criar	ou	alterar.	Aparentemente	uma	obviedade,	porém,	raramente	observada.	Parte	
      da	legislação	é	feita	sem	cumprir	essa	premissa	e	acaba	produzindo	leis	que	prejudicam	aqueles	que	teoricamente	
      deveriam	ser	favorecidos,	atendendo	a	interesses	de	grupos	articulados	politicamente,	mas	distantes	da	proble-
      mática	que	pretenderam	regulamentar.

      A	par	desse	pano	de	fundo,	outra	condição	absolutamente	necessária,	diz	respeito	ao	instrumental	conceitual	
      que	embasa	as	discussões	que	desembocam	na	elaboração	de	normas	legais	e	de	políticas	públicas.	Essa	base	
      teórica,	no	caso	da	agropecuária	e	do	meio	rural,	deve	focar-se	em	análises	científicas,	abrangendo	não	apenas	
      aspectos	biológicos,	ambientais	e	agronômicos,	mas	também	econômicos,	políticos	e	sociológicos,	além	de	histó-
      ricos,	culturais,	jurídicos	e	psicológicos,	sem	esquecer	os	simbólicos,	enfim,	toda	a	“superestrutura”.

      Esse	instrumental	complexo	precisa	converter-se	em	ferramentas	operacionais	que	dêem	sentido	às	propostas	e	
      as	convertam	em	ações	capazes	de	viabilizar	a	vontade	pretensamente	expressa	nas	normas	legais.	


      a avaliação ecossistêmica do Milênio (aeM)
      Atualmente	as	análises	envolvendo	a	agropecuária,	e	que	lhe	conferem	um	caráter	mais	abrangente	do	que	as	tra-
      dicionais,	derivam	da	Avaliação	Ecossistêmica	do	Milênio	(VICTOR,	sd),	que	foi	proposta	à	Assembléia	Geral	
      da	ONU	em	2000,	com	o	objetivo	de	“avaliar	as	consequências	que	as	mudanças	nos	ecossistemas	trazem	para	
      o	bem-estar	humano	e	as	bases	científicas	das	ações	necessárias	para	melhorar	a	preservação	e	uso	sustentável	
      desses	ecossistemas	e	sua	contribuição	ao	bem-estar	humano”.	A	AEM	veio	suprir	uma	necessidade	metodoló-
      gica,	ainda	que	não	tenha	se	proposto	a	gerar	conhecimentos	primários,	mas	a	sistematizar,	avaliar,	sintetizar,	
      interpretar,	integrar	e	divulgar	as	informações	existentes	de	forma	útil	e	capaz	de	ser	apropriada	por	parte	dos	
      tomadores	de	decisão	e	da	sociedade.

      Ao	envolver	mais	de	uma	milhar	de	cientistas	de	quase	uma	centena	de	países	criou-se	um	foro	privilegiado	para	
      o	desenvolvimento	das	avaliações	e	discussões	de	alternativas	para	o	futuro	do	mundo	e	de	humanidade.	

      A	metodologia	da	AEM	é	inovadora	em	vários	aspectos.	Primeiro,	porque	foca	sua	avaliação	nos	bens	e	serviços	
      dos	ecossistemas,	justamente	onde	se	situa	a	interface	do	meio	ambiente	com	o	bem-estar	da	humanidade.	Como	
      bens	e	serviços	ambientais	incluem-se	desde	a	água,	regulação	climática	e	estética,	até	oferta	de	alimentos	e	segu-




      11		Engenheiro	agrônomo,	pesquisador	científico	do	Instituto	de	Economia	Agrícola	(IEA).




198
rança	alimentar,	de	modo	que	todos	os	fatores	que	condicionam	a	vida	humana	na	Terra	devem	ser	analisados12.	
E,	conseqüência	lógica,	para	que	os	serviços	ambientais	sejam	preservados,	os	ecossistemas	provedores	desses	
atributos	precisam	igualmente	ser	perpetuados.

Assim,	o	principal	foco	desse	estudo	foi	quais	os	benefícios	que	as	pessoas	obtêm	dos	ecossistemas,	enfatizando	
que	não	existe	um	serviço	mais	importante	do	que	outro:	todos	são	igualmente	imprescindíveis	para	o	atendi-
mento	do	que	o	estudo	se	propôs,	e	todos	dependem	da	perpetuação	de	seus	respectivos	ecossistemas.

No	balanço	encerrado	em	2005,	60%	dos	tipos	de	serviços	avaliados	apresentaram	graus	variados	de	degradação,	
o	que	refletiu	uma	realidade	preocupante,	que	requer	esforços	para	reverter	o	quadro	apresentado,	tanto	quanto	
a	questão	climática,	que	possui	um	foro	específico.

Dentre	os	serviços	que	apresentaram	ganhos	encontravam-se	a	agricultura,	a	pecuária,	a	aquicultura	e	o	se-
questro	 de	 CO2.	 	As	 produções	 madeireiras	 e	 de	 fibras;	 as	 regulações	 de	 doenças	 e	 de	 água,	 bem	 como	 o	
turismo	e	a	recreação,	mantinham-se	ora	com	ganhos	ora	com	perdas.	Todos	os	demais	apresentavam	algum	
grau	de	degradação.

Isso	significa,	em	termos	de	diretrizes	políticas,	que	os	agroecossistemas	devem	ser	mantidos	e	melhorados	e	que	
os	ecossistemas	que	se	apresentaram	deteriorados	precisam	ter	prioridade	na	sua	melhoria.	

Um	dos	principais	problemas	apontados	pela	AEM	revelou	a	ausência	de	mecanismos	de	mercado	para	uma	série	
de	serviços,	o	que	dificultava	a	manutenção	dos	seus	ecossistemas,	já	que	vários	dos	serviços	listados	têm	até	uma	
importância	reconhecida	pela	população,	porém,	carecem	de	condições	econômicas	mínimas	de	sustentação.

Num	primeiro	momento,	portanto,	a	presença	do	Estado	é	indispensável	para	realocar	recursos	da	sociedade	
criando	e	viabilizando	mercados	não	existentes	e,	assim,	assegurar	a	manutenção	e	melhoria	dos	serviços	comuns	
fazendo	a	articulação	entre	os	benefícios	sociais	e	o	mercado.

Será	preciso	também	que	as	instituições	envolvidas	busquem	maior	transparência	e	prestação	de	contas	sobre	o	
desempenho	do	governo	e	do	setor	privado	quanto	aos	objetivos	perseguidos.	

Quanto	à	tecnologia,	é	necessário	promover	aquelas	que	possibilitem	um	maior	rendimento	das	culturas	
sem	impactos	negativos	e,	também,	promovam	a	revitalização	dos	serviços	dos	ecossistemas	através	da	sua	
complexificação.	

É	óbvio	que	novas	posturas	sociais	e	comportamentais,	como	mudanças	nos	padrões	de	consumo,	são	de-
sejáveis	e	isso	deve	fazer	parte	de	políticas	de	comunicação	e	educação,	integrando	grupos	dependentes	dos	
serviços	dos	ecossistemas.	



agropecuária paulista e seus serviços
Focando	 a	 análise	 no	 Estado	 de	 São	 Paulo,	 percebem-se	 algumas	 tendências	 na	 agropecuária	 que	 podem	
ajudar	na	proposição	de	políticas	públicas	ecossistêmicas	e	subsidiar	a	legislação	pertinente,	notadamente	a	
Legislação	Florestal.



12		De	acordo	com	a	AEM	os	serviços	ambientais	podem	ser	classificados	em	quatro	blocos:	
1) Serviços de abastecimento ou provisão:	alimentar	(incluindo	frutos	do	mar,	caça,	culturas	agropecuárias,	alimentos	selvagens	e	especiarias);	água;	
princípios	ativos,	recursos	genéticos;	energia	(hídrica,	combustíveis	de	biomassa).	
2) Serviços de suporte:	intemperismo	de	rochas	e	formação	de	solos;	ciclagem	e	dispersão	de	nutrientes;	dispersão	de	sementes;	reservatório	de	material	
genético;	produção	primária;	controle	de	erosão	e	sedimentação.
3) Serviços de regulação	:	seqüestro	de	carbono	e	regulação	climática;	resíduos	de	decomposição	e	desintoxicação;	purificação	e	regularização	fluxos	de	
água	e	ar;	polinização	de	culturas;	controle	biológico	de	pragas	e	doenças.	
4) Serviços culturais:	inspiração	intelectual,	cultural	e	espiritual;		experiências		recreativas		(incluindo	o	ecoturismo);	descobertas	científicas.	(Victor,	2010).




                                                                                                                                                                       199
Os	censos	agropecuários	indicam	claramente	uma	redução	no	tamanho	das	propriedades/unidades	produtivas	
      (Ppdds/UPAs)	e	também	da	área	total	dedicada	às	atividades	agropecuárias,	levando	a	que	determinadas	políticas	
      tenham	que	ser	feitas	para	conjuntos	de	Ppdds/UPAs	e	não	para	cada	uma	isoladamente,	como	particularmente	
      é	o	caso	da	política	ambiental.	Esse	fenômeno	da	redução	de	tamanho	teve	como	uma	das	consequências	um	
      acréscimo	nos	custos	administrativos,	o	que	tem	levado	muitos	proprietários/	produtores	rurais	a	optarem	por	
      associações	do	tipo	parceria	ou	mesmo	pelo	arrendamento	de	suas	terras	para	grandes	grupos	agroindustriais.	    	
      As	exigências	burocráticas	das	legislações	sanitária,	trabalhista,	fiscal	e	ambiental	também	contribuem	para	que	
      os	pequenos	e	médios	produtores	se	afastem	da	administração	direta	de	seus	negócios,	tanto	pela	complexidade	
      das	normas	quanto	pelos	custos	acarretados	no	seu	cumprimento.

      No	entanto,	a	produção	deverá	continuar	crescendo	em	face	do	aumento	da	produtividade,	que	encontrará	a	
      principal	barreira	na	relativa	escassez	de	fertilizantes.

      Novas	tecnologias	sustentáveis	proporcionarão	um	aumento	da	agricultura	periurbana	e	uma	integração	dos	
      agronegócios,	entendidos	como	processo	que	vai	desde	o	suprimento	à	produção	até	o	consumidor	final.

      Concomitantemente,	surgirão	novas	oportunidades	de	investimentos	no	meio	rural,	através	de	novos	“produtos”,	
      representados	 pelos	 bens	 e	 serviços	 ecossistêmicos	 derivados	 do	 aumento	 das	 “áreas	 naturais”,	 a	 chamada	
      “complexificação”	dos	agroecossistemas	em	busca	de	especialização	regional.

      A	agropecuária	deverá	voltar-se	cada	vez	mais	para	nichos	de	mercado	e	recorrer	às	certificações	de	produtos	e	
      processos	produtivos,	adotando	cada	vez	mais	o	conceito	de	multifuncionalidade.	

      Ao	mesmo	tempo,	conviverá	com	uma	redução	contínua	de	sua	população	residente	e	da	força	de	trabalho,	que	
      por	sua	vez,	demandará	maior	qualificação	e	treinamento	contínuo.

      É	 importante	 verificar	 que	 independentemente	 do	 que	 de	 fato	 possa	 acontecer,	 há	 necessidade	 de	 incorporar	
      conceitos	novos	sobre	o	papel	dos	diversos	ecossistemas	nos	processos	de	atendimento	das	necessidades	humanas.

      Florestas	intactas,	silvicultura,	agropecuária	e	terras	urbanas	têm	cada	uma	seu	papel	no	desenvolvimento.		É	
      importante	ter	muita	clareza	sobre	a	convivência	entre	os	vários	tipos	de	uso	do	solo	e	os	serviços	que	podem	ser	
      gerados	de	forma	harmônica	e	duradoura,	o	que	qualquer	legislação	que	vise	a	sustentabilidade	precisa	levar	em	
      conta,	e	essa	deve	ser	a	espinha	dorsal	das	mudanças	no	Código	Florestal.	

      Da	 complexidade	 de	 uma	 floresta	 intacta	 à	 simplificação	 de	 uma	 monoculltura,	 ou	 até	 mesmo	 no	 ambiente	
      urbano,	existe	toda	uma	gama	de	serviços	prestados	à	sociedade	cada	um	com	sua	importância,	algo	que,	enfatiza-
      se,	tem	que	ser	refletido	na	legislação	setorial.

      Ao	lado	disso,	a	cada	dia	que	passa,	maior	é	a	demanda	por	produtos	naturais,	orgânicos	ou	isentos	de	agrotóxicos	
      e	os	mercados	a	eles	associados	crescem	a	taxas	explosivas.	Esses	tipos	de	produção	aproximam,	via	mercado,	esses	
      dois	papéis	modernos	do	espaço	rural	e	podem	proporcionar	uma	solução	importante	na	questão	do	emprego,	
      desde	que	haja	uma	legislação	que	os	estimule.	Na	realidade	esses	processos	são	basicamente	aqueles	empregados	
      pelos	 programas	 de	 qualidade.	 Ou	 seja,	 produzir	 com	 o	 máximo	 aproveitamento	 possível	 dos	 insumos,	 sem	
      desperdícios,	reciclando,	poupando	energia	e	matérias	primas,	aproveitando	sub	produtos,	reduzindo	custos	e	
      aumentando	a	produtividade.	Na	produção	agropecuária	e	nas	cadeias	dos	agronegócios	que	lhes	são	inerentes,	
      os	procedimentos	são	semelhantes	e,	assim,	todo	processo	de	produção	deve	estar	em	perfeita	sintonia	com	essas	
      condições,	que	são	básicas	para	a	obtenção	de	um	produto	de	qualidade	e	ambientalmente	adequado.	Não	há	
      produção	eficiente,	dos	pontos	de	vista	econômico,	social	e	ambiental,	se	a	base	sobre	a	qual	ela	se	assenta	não	é	
      adequada:	solos	erodidos,	cursos	d’água	assoreados,	águas	poluídas,	pastagens	degradadas,	áreas	sem	um	mínimo	
      de	cobertura	florestal,	cada	vez	menos	permitirão	produzir	competitivamente.	Dessa	forma	os	processos	têm	
      que	começar	por	preservar,	manter,	conservar	e	melhorar	a	quantidade	e	a	qualidade	dos	recursos	ambientais	
      existentes	na	propriedade.




200
A	 expectativa	 é,	 portanto,	 que	 a	 produção	 agropecuária	 tradicional	 migre	 de	 produtos	 baseados	 em	
agroecossistemas	muito	simplificados	para	outros	de	maior	complexidade,	capazes	de	produzir	uma	gama	maior	
de	serviços	ecossistêmicos,	portanto,	maiores	benefícios	sociais.	Esse	processo,	no	entanto,	acarreta	um	custo	
financeiro	inicial	maior.	

É	 nesse	 momento	 que	 esse	 diferencial	 deverá	 ser	 objeto	 de	 políticas	 do	 Poder	 Público	 visando	 financiar	 a	
transição	e	garantir	sua	continuidade,	por	que	não	existe	possibilidade	disso	ser	intermediado	pelos	mecanismos	
de	mercado	existentes.	Assim,	a	eliminação	de	subsídios	que	promovem	o	uso	excessivo	dos	serviços	de	alguns	
ecossistemas	e	a	transferência	desses	subsídios	para	o	pagamento	de	serviços	não	comercializáveis,	fornecidos	
por	eles,	deve	ser	cada	vez	mais	utilizada,	aliada	ao	uso	intensificado	de	ferramentas	econômicas	e	abordagens	
baseadas	no	mercado	para	a	gestão	dos	serviços	dos	ecossistemas.	

Aliado	a	isso,	a	tendência	estrutural	de	aumento	geral	do	desemprego,	impõe	a	busca	de	alternativas	de	postos	
de	trabalho	nos	setores	que	tecnologicamente	ainda	são	absorvedores	de	mão	de	obra,	fato	que,	numa	primeira	
instância,	aponta	atualmente	para	o	rural,	dentro	dessa	nova	visão.	

A	geração	de	empregos	rurais	pode	se	dar	tanto	pela	produção	de	bens	(alimentos,	fibras,	insumos	energéticos,	
matérias	 primas	 industriais),	 como	 pela	 prestação	 de	 serviços	 ambientais	 (melhoria	 da	 produção	 de	 água,	
conservação	 de	 solo,	 proteção	 da	 biodiversidade,	 estocagem	 de	 carbono,	 estabilização	 de	 encostas,	 turismo,	
atividades	científicas,	educativas	e	recreativas).

A	pluralidade	de	leis	regulando	aspectos	específicos	das	atividades	agropecuárias	dão	uma	idéia	da	necessidade	
que	 existe	 de	 se	 absorver	 os	 conceitos	 de	 serviços	 ecossistêmicos,	 visando	 racionalizar	 inclusive	 a	 economia	
setorial	e	estabelecer	políticas	que	tenham	o	cunho	de	atendimento	das	necessidades	da	sociedade.


distorções científicas e técnicas – água e aquecimento
Estas	considerações	se	fazem	necessárias	para	esclarecer	certos	absurdos	técnicos	que	são	veiculados	de	forma	
muitas	 vezes	 leviana	 e	 que	 distorcem	 a	 imagem	 da	 agropecuária	 perante	 as	 camadas	 urbanas	 da	 população,	
desprovidas	de	conhecimento	técnico	setorial.

São	questões	técnicas	tratadas	de	modo	superficial	e	que	chegam	a	conclusões	incorretas	e	por	vezes	inverídicas.

Tomem-se	 dois	 exemplos	 que	 são	 usados	 constantemente	 para	 justificar	 posturas	 auto	 proclamadas	 como	
ambientalistas	e	que	vilanizam	sistematicamente	a	agropecuária,	desconsiderando	seu	papel	ecossistêmico.

São	os	casos	da	produção	e	consumo	de	água	pelas	atividades	agropecuárias	e	da	sua	participação	num	suposto	
aquecimento	do	planeta.

O	 ciclo	 hidrológico	 descreve	 o	 movimento	 da	 água	 na	 atmosfera,	 biosfera	 e	 litosfera,	 como	 gás,	 líquido	 ou	
sólido.	O	processo	é	bastante	influenciado	pela	energia	do	sol	e	pela	gravidade.	Uma	das	representações	do	ciclo	
hidrológico	 é	 feita	 pela	 equação	 de	 balanço	 hídrico,	 onde	 a	 precipitação	 é	 distribuída	 em	 evapotranspiração,	
deflúvio,	recarga	de	água	subterrânea	e	mudança	no	estoque	de	água	do	solo.

Verifica-se	que	a	água	disponível	para	utilização	fora	da	evapotranspiração	é	de	perto	de	10%	da	precipitação	
do	local,	no	prazo	de	alguns	dias.	Ora,	fazer	como	algumas	manifestações	fazem	contra	a	agricultura,	dizendo	
que	sem	suas	atividades	a	produção	de	água	seria	igual	à	precipitação,	pode	ser	considerada	uma	desonestidade	
intelectual.	O	“consumo”	de	água	pelas	plantas	é	igual	à	evapotranspiração	que	é,	em	síntese,	a	quantidade	de	
água	necessária	para	as	culturas	crescerem	de	forma	otimizada	e	varia	de	espécie	para	espécie,	assim	como	varia	a	
quantidade	de	água	necessária	para	produzir	certa	quantidade	de	qualquer	produto.	É	possível	aquilatar	tanto	os	
consumos	como	a	necessidade	de	água	para	formar	um	quilo	de	alguns	produtos,	bem	como	a	demanda	de	água	
por	hectare	e	por	ano	para	cada	um.	Fazendo-se	as	devidas	comparações	fica	evidente	que	as	atividades	agrope-




                                                                                                                              201
cuárias	geram	um	deflúvio	ou	escoamento	que	“produz”	o	volume	de	água	que	é	utilizado	em	outras	atividades	
      e,	diferentemente	do	que	se	propaga,	esse	volume	é	maior	do	que	em	ecossistemas	florestais.	A	diferença	é	que	
      estes	últimos	perenizam	os	fluxos	hidrológicos	e	mantém	as	reservas	subterrâneas	intactas	ou	mesmo	crescentes:	
      daí	decorre	a	tão	propalada	e	necessária	proteção	aos	mananciais	com	ecossistemas	florestais.	A	pecuária,	que	na	
      visão	de	alguns	seria	a	grande	vilã	quanto	ao	consumo	de	água,	já	que	para	se	“fazer”	um	quilo	de	carne	seriam	
      necessários	de	8	a	15	mil	litros,	dependendo	da	fonte	de	informação,	acaba	sendo	a	grande	produtora	de	água	do	
      meio	rural,	dada	sua	baixa	produtividade:	120	kg/ha/ano,	o	que	fornece	uma	“sobra”	de	mais	de	12	milhões	de	
      litros/ha/ano,	quando	num	ecossistema	florestal	essa	quantidade	fica	ao	redor	de	4milhões	de	litros,	levando	em	
      conta	todos	os	processos	descritos	nos	esquemas	do	ciclo	hidrológico.

      O	que	é	importante	reter	é	que	não	se	pode	consumir	água	além	do	deflúvio	ou	dos	escoamentos,	para	que	
      exista	 abastecimento	 de	 água	 para	 outros	 fins.	 As	 culturas	 irrigadas,	 por	 exemplo,	 precisam	 ser	 muito	 bem	
      dimensionadas	e	gerenciadas	para	não	consumirem	todo	esse	excedente.	

      O	consumo	superior	à	disponibilidade	é	a	causa	fundamental	da	“escassez”	de	água,	como	por	exemplo,	na	Grande	
      São	Paulo,	que	precisa	“importar”	o	líquido	de	bacias	hidrográficas	mais	distantes,	visto	que	a	demanda	de	sua	
      população	é	maior	do	que	a	capacidade	de	suas	próprias	bacias	produzirem	para	o	seu	abastecimento	hídrico.	
      Esse	é	um	exemplo	didático	da	integração	que	existe	entre	serviços	ecossistêmicos	e	necessidade	de	criarem-se	
      condições	de	mercado	para	alguns	deles.

      Da	mesma	forma	desinformação	e	alarmismo	induzem	a	colocar	a	agropecuária	como	responsável	por	parte	
      crescente	de	um	aquecimento	global.	O	efeito	estufa,	fenômeno	natural	e	produzido	pela	História	da	Terra,	
      tem	o	CO2	como	um	agente	fundamental,	formador	de	tecidos	vegetal	e	animal-	formador	da	vida,	através	
      das	pirâmides	energéticas	e	seus	níveis	tróficos.	A	agricultura	como	agente	desse	processo,	porém,	não	pode	
      expelir	mais	carbono	do	que	consome,	pois	integra	o	ciclo.	O	próprio	desmatamento,	sem	que	haja	queima,	
      não	 contribui	para	um	eventual	aumento	do	 teor	de	CO2	na	atmosfera.	Por	 outro	lado,	 é	evidente	que	 as	
      atividades	agrosilvopastoris	são	as	grandes	responsáveis	pela	absorção	do	CO2	atmosférico	na	parte	sólida	
      da	crosta	terrestre,	juntamente	com	os	oceanos,	já	que	as	florestas	nativas	intactas	estão	em	homeostase	e,	
      portanto,	neutras	nesse	aspecto.

      Dessa	forma,	as	discussões	que	atualmente	tem	por	objeto	as	atividades	agropecuárias	nem	de	longe	consideram	o	
      papel	ecossistêmico	dessas	atividades,	gerando	uma	visão	fragmentada	e	antagônica	da	realidade,	principalmente	
      do	meio	rural.	Além	do	mais,	maior	concentração	de	CO2	contribui	para	aumentar	a	produtividade	primária	
      nas	cadeias	tróficas,	evidentemente	que	dentro	de	certos	limites,	e,	portanto,	aumenta	a	capacidade	da	Terra	em	
      absorver	esses	gases	transformando-os	em	tecidos	vivos	(CASTANHO,	2009).	

      A	eliminação	dos	desmatamentos	e	das	queimadas,	a	adoção	de	técnicas	sustentáveis	pela	agropecuária,	o	aumento	
      de	 produtividade	 das	 pastagens,	 o	 incremento	 das	 áreas	 florestais,	 a	 proteção	 da	 biodiversidade	 e	 assim	 por	
      diante,	são	compromissos	que	devem	ser	assumidos	porque	apontam	para	um	mundo	melhor,	mais	equilibrado	
      e	mais	sustentável,	transitando	de	ecossistemas	simples	para	os	de	maior	complexidade.	Atribuir	à	agricultura	e	
      à	pecuária	parcela	de	responsabilidade	pela	emissão	de	gases	efeito-estufa	é	desconhecer	completamente	como	
      se	processam	essas	atividades.	E	se	desconhece	mesmo,	é	só	ver	o	caso	do	metano:	há	quem	atribua	ao	gado	
      estabulado,	que	come	comida	de	humano,	melhor	performance	carbônica	do	que	àquele	que	come	comida	de	
      gado	e	vive	nos	pastos.	Colocar	os	efeitos	de	queimadas,	no	mais	das	vezes	criminosas,	como	emissão	de	gases	
      estufa	pela	pecuária	é,	no	mínimo,	leviano.	O	crescimento	das	pastagens	e	a	estocagem	de	carbono,	que	é	feita	
      por	elas,	não	são	levadas	em	consideração	e	mesmo	o	metano	que	já	foi	21	vezes	mais	“nocivo”	que	o	CO2,	depois	
      de	passar	por	6	vezes,	hoje	é	4,	e	seu	teor	diminui	na	atmosfera.	

      Por	esse	prisma	pouco	científico,	apenas	as	florestas	nativas	tem	capacidade	de	fornecer	bens	e	serviços	“bons”.	
      Por	essa	visão,	decorrente	de	uma	ideologização	dos	problemas	oriundos	da	separação	histórica	rural-urbana,	
      as	atividades	humanas	são	“nocivas”	por	princípio	e	precisam	ser	duramente	combatidas	ou	mesmo	eliminadas.	




202
Está-se	 criando	 inclusive	 uma	 xenofobiologia,	 onde	 tudo	 que	 é	 exótico	 é	 ruim	 e	 deve	 ser	 combatido,	 não	
se	dando	conta	que,	qualquer	introdução	de	novas	espécies,	executada	com	rigor	técnico,	se	configura	num	
aumento	de	biodiversidade.

Agropecuária	como	reguladora	do	clima	e	dos	fluxos	hidrológicos,	além	de	absorvedora	de	carbono,	acaba	
sendo	ignorada	quando	se	discutem	legislações	para	o	setor,	impondo-	se-	lhe	medidas	restritivas	e	mesmo	
coercitivas	sem	base	científica.	


as mudanças no código Florestal brasileiro
Percebe-se,	 portanto,	 que	 enquanto	 as	 demandas	 ambientais	 mundiais	 focam	 em	 assuntos	 como	 mudanças	
climáticas,	 descarbonização	 dos	 modelos	 econômicos	 e	 outros	 conceitos	 além	 de	 apenas	 o	 PIB	 para	 medir	
desenvolvimento,	como	os	derivados	da	AEM,	aqui	no	Brasil,	ainda	se	discutem	alterações	do	Código	Florestal	
Brasileiro	com	conceitos	de	45	anos	atrás.	

Nenhuma	 incorporação	 dos	 avanços	 da	 ciência	 ocorridos	 nessas	 quase	 cinco	 décadas,	 como	 os	 relatados	
nas	 análises	 anteriores,	 são	 levados	 em	 consideração	 e	 muito	 menos	 incorporados	 à	 legislação	 quando	 se	
debatem	mudanças	que	deveriam	estar	protegendo	os	ecossistemas	brasileiros.	Continuam	aferrados	a	um	
texto	produzido	nos	idos	de	1965,	perdendo	oportunidade	única	de	colocar	a	questão	em	patamares	mais	
modernos	e	científicos.

Essa	Lei	ordena	relações	que	se	dão	no	mesmo	espaço	físico,	onde	convivem	a	produção	privada	para	o	mercado	
e	 a	 produção	 de	 outros	 serviços	 ecossistêmicos,	 que	 são	 públicos	 e	 que	 deveriam	 também	 ser	 valorados	 e	
remunerados.	 Além	 disso,	 nesse	 mesmo	 espaço	 coexistem	 desde	 ecossistemas	 complexos	 e	 intocados,	 até	
ecossistemas	degradados	que	precisam	ser	alvo	de	políticas	públicas	específicas.	

Tratar	adequadamente	esses	novos	conceitos	é	o	real	desafio	para	os	que	querem	que	o	Código	Florestal	atinja	
seus	objetivos	ambientais,	sociais	e	econômicos.	Não	se	pode	permanecer	como	atualmente,	onde	a	maior	parte	
dos	que	são	regidos	por	ele	estão	na	“ilegalidade”.	Obstar	sua	mudança	não	vai	modificar	essa	situação,	muito	
menos	resolver	a	questão	ambiental	brasileira	no	que	tange	ao	espaço	rural.	Se	uma	lei	em	vigor	há	mais	de	45	
anos	não	conseguiu	conter	a	devastação,	porque	sua	manutenção	conseguiria?

No	entanto,	a	discussão	travada,	pelo	visto,	passa	longe	disso,	eivada	de	uma	carga	de	“ismos”	e	desqualificações	
de	lado	a	lado	que	só	leva	ao	impasse	e	ao	crescimento	de	animosidades.

As	vertentes	contra	ou	favoráveis	às	alterações	na	legislação	dizem	querer	uma	produção	sustentável.	Para	que	
isso	aconteça	seria	preciso	discutir	os	vários	tipos	de	produtos	e	serviços	derivados	dos	diferentes	ecossistemas	e	
como	adequá-los	à	sustentabilidade	e,	para	isso,	o	instrumental	oferecido	pela	AEM	é	precioso.	

Para	haver	uma	legislação	efetiva,	devem-se	incorporar	novos	conceitos	gestados	à	luz	da	ciência,	prevendo	
revisões	periódicas	para	incorporar	avanços	posteriores.	Tais	conceitos	auxiliariam	a	resolver	os	problemas	
políticos	 que	 emergem	 das	 responsabilidades	 de	 cada	 agente	 no	 processo:	 os	 vários	 tipos	 de	 serviços	
ecossistêmicos	prestados	e	suas	gradações	sociais;	sobre	quem	recairiam	os	custos	da	produção	desses	serviços,	
e	assim	por	diante.

Em	qualquer	avaliação	ambiental	a	unidade	de	análise	e	intervenção	é	o	ecossistema,	e	o	princípio	mais	bá-
sico	o	da	manutenção	da	diversidade.	Cada	ecossistema	merece	tratamento	específico.	Assim,	para	cada	caso,	
o	 projeto	 técnico,	 com	 as	 bacias	 hidrográficas	 e	 os	 biomas	 como	 focos	 de	 análise,	 deve	 ser	 o	 instrumento,	
por	excelência	da	Lei,	que	deve	estabelecer	formas	de	pagamento	pelos	serviços	ecossistêmicos	prestados	à	
sociedade	e	não	como	é	atualmente	onde	se	propõe	penalizar	o	produtor	do	serviço,	na	contra	mão	do	que	é	
preconizado	pela	AEM.




                                                                                                                              203
Uma	forma	de	dar	início	a	uma	política	pública	de	pagamentos	por	serviços	ecossistêmicos	seria	utilizar	valores	
      baseados	no	custo	de	oportunidade	médio	das	terras	do	Estado.	

      Fazendo-se	uma	hipotética	evolução	para	30	anos,	que	seria	o	prazo	previsto	para	a	adequação	ambiental,	esse	
      dispêndio	estaria	ao	redor	de	R$	37	milhões	no	primeiro	ano,	acumulando	quantias	semelhantes	por	ano	até	
      que	se	chegasse	ao	ponto	desejado.	No	último	ano	e	a	partir	daí,	haveria	uma	estabilização	em	torno	de	R$	
      1	bilhão	anuais,	ou	seja,	de	2,5	a	3%	do	valor	atual	da	produção	agropecuária	estadual,	volume	perfeitamente	
      absorvível	pelo	atual	sistema	de	impostos	vigente	no	Estado,	representando	não	mais	do	que	30%	do	ICMS	
      arrecadado	no	setor	rural.

      Hoje	 na	 legislação	 os	 aspectos	 mais	 controversos	 dizem	 respeito	 a	 dois	 conceitos:	 Área	 de	 Preservação	
      Permanente	(APP)	e	Reserva	Legal	(RL).	Na	concepção	original	do	Código,	essas	áreas	eram	complementares	
      e	podiam	ser	superpostas	já	que	suas	funções	eram	a	proteção	dos	recursos	naturais.	Em	2001,	houve	uma	
      mudança	 substancial,	 criando-se	 dois	 tipos	 de	 florestas	 de	 proteção	 dentro	 de	 uma	 mesma	 propriedade,	
      remetendo	 inclusive	 a	 funções	 estipuladas	 na	 Constituição,	 que	 são	 imperativas	 do	 Poder	 Público	
      (CASTANHO,	2009).	

      A	 Reserva	 Legal,	 tal	 como	 formulada	 atualmente,	 se	 constitui	 numa	 anomalia	 jurídica	 e,	 além	 disso,	
      técnica,	 porque	 ao	 estabelecer	 um	 percentual	 fixo	 por	 propriedade	 para	 reserva	 florestal,	 não	 se	 baseou	
      em	nenhuma	avaliação	lastreada	em	conceitos	científicos	ou	técnicos.	Tais	conceituações	deveriam	indicar	
      que	o	tamanho	de	uma	reserva	florestal	deveria	ser	de	um	percentual	fixo	por	propriedade,	para	que	os	
      objetivos	de	conservação,	definidos	na	MP,	fossem	alcançados.	Pelo	contrário,	esse	método	leva	à	extinção	
      de	 espécies	 que	 necessitam	 grandes	 territórios	 para	 sua	 manutenção,	 intensifica	 a	 endogamia	 em	 áreas	
      pequenas	e	confinadas,	além	de	favorecer	o	descontrole	populacional	pela	quebra	de	cadeias	tróficas,	com	
      o	reaparecimento	de	epidemias	há	muito	controladas.	Além	disso,	a	MP,	ao	determinar	um	percentual	fixo	
      em	cada	propriedade,	discrimina	indivíduos,	ao	pretender	tratar	igualmente	coisas	que	são	absolutamente	
      desiguais.	A	mesma	unidade	de	área	pode	variar	em	muitos	aspectos,	além	obviamente	do	tamanho:	físicos,	
      químicos,	biológicos,	climáticos,	locacionais,	históricos,	pela	incorporação	de	tecnologia	e	capital,	pela	sua	
      fragilidade	ambiental,	pela	sua	rentabilidade,	pela	exploração	técnica	e	pelo	tipo	de	cultura	que	é	feita,	além	
      de	vários	outros	aspectos.	


      impactos socioeconômicos
      É	óbvio	que	essa	regra	dos	20%,	se	aplicada	como	está,	reduzirá	a	renda	e	o	emprego	do	setor,	principalmente	
      no	Estado	de	São	Paulo,	no	Sudeste	e	no	Sul	do	País,	podendo	ter	um	impacto	não	desprezível	na	questão	da	
      segurança	alimentar.

      A	área	para	recomposição	da	reserva	legal	equivale	a	mais	da	metade	de	toda	área	estadual	ocupada	com	pasta-
      gens,	que	era	de	8,07	milhões	de	hectares	em	2008,	implicando	na	redução	da	área	agropecuária	paulista	(lavou-
      ras,	pastagens	e	florestas	econômicas)	dos	atuais	20,5	milhões	de	hectares	para	16,4	milhões	de	hectares.	Desses	
      20,5	milhões	de	hectares,	quase	2,5	milhões	são	ocupados	com	florestas	de	propriedade	privada,	corresponden-
      do,	grosso	modo,	à	área	de	preservação	permanente	existente	no	Estado	de	São	Paulo,	sendo	2	milhões	relativas	
      às	matas	ciliares	e	meio	milhão	aos	terrenos	inclinados	e	topos	de	morro.	Assim,	precisariam	ser	destinados	à	
      reserva	legal	mais	de	4	milhões	de	hectares.

      Estimativas	 dos	 impactos	 podem	 ser	 feitas	 pelo	 valor	 médio	 da	 produção	 por	 unidade	 de	 área,	 que	 em	
      2008,	era	de	pouco	mais	de	R$	2.000,00/hectare.	Assim,	a	redução	da	renda	agropecuária	bruta	paulista	
      atingiria	o	montante	de	mais	de	R$	8	bilhões,	que	somados	aos	custos	da	recomposição	que	demandarão	
      no	mínimo	mais	R$	16	bilhões,	atingiriam	R$	24	bilhões,	ou	seja,	56%	da	riqueza	gerada	pela	agropecuária	
      paulista	em	2008.




204
Além	disso,	essa	dualidade	de	tipos	de	florestas	de	proteção	não	consegue	enxergar	uma	política	pública	
que	de	fato	permitisse	que	o	Estado	tivesse	uma	preservação	eficiente,	sem	desorganizar	e	penalizar	a	pro-
dução	existente13.

A	sustentabilidade	deve	nortear	esses	debates	e	as	propostas	de	mudança.	Não	se	pode	perder	essa	oportunida-
de,	correndo	o	risco	de	se	destruir	o	que	foi	construído	durante	séculos.	



referências
VICTOR,	R.	Avaliação	Ecossistêmica	do	Milênio	-	Ecossistemas	e	bem-	estar	humano.	Instituto	Florestal.	56	páginas.	Disponível	em:	
<http://www.rbma.org.br/mercadomataatlantica/pdf/sem_ma_serv_amb_18.pdf>	Acesso	em:	ago.	2010.	

CASTANHO,	E.	P.	“Oportunidades em mudanças na reserva legal”.	TD-n°.13/2009.	Textos	para	discussão.	Site	do	IEA,	jul.	2009.




13		Este	texto	foi	baseado	em	trabalhos	já	publicados,	especialmente:
“Oportunidades em mudanças na reserva legal”.	TD-n°.13/	2009.	Textos	para	discussão.	Site	IEA,	jul.	2009.
“Agricultura e aquecimento global”. Análises	e	Indicadores	do	Agronegócio;	Site IEA. Vol.5.		N°2.		4	p.	Fev, 2010.
“Aquecimento global, agropecuária e reserva legal” Mercado Futuro. Site de Antonio Reche. Abril , 2010;
“Modernizar e tecnificar o Código Florestal”. Análises	e	Indicadores	do	Agronegócio;	Site IEA. Vol.5.		N°6.		3	p.	jun. 2010. Em colaboração com
Antonio Carlos de Macedo.
“Código florestal deve incorporar avanços da ciência”. Mercado	Futuro.	Site	de	Antonio	Reche.	Julho,	2010; “Agropecuária na avaliação do milênio”.
TD	nº	24/	2010.	14p.	Textos	para	discussão.	Site	IEA,	outubro.	2010.




                                                                                                                                                     205
4.2 o código Florestal tem base científica?14

      Jean Paul Metzger15



      introdução
      Existem	muitas	dúvidas	sobre	qual	foi	o	embasamento	científico	que	permitiu	definir	os	parâmetros	e	os	critérios	
      da	 lei	 4.771/65	 de	 15	 de	 Setembro	 de	 1965,	 mais	 conhecida	 como	 Código	 Florestal.	 Dentre	 estas	 dúvidas,	
      podemos	incluir	as	bases	teóricas	que	permitiram	definir:

      i)	as	larguras	das	Áreas	de	Preservação	Permanente	(APP);

      ii)	a	extensão	das	Reservas	Legais	(RL)	nos	diferentes	biomas	brasileiros;

      iii)	a	necessidade	de	se	separar	RL	da	APP,	e	de	se	manter	RL	com	espécies	nativas;	e

      iv)	a	possibilidade	de	se	agrupar	as	RL	de	diferentes	proprietários	em	fragmentos	maiores.

      Neste	artigo,	eu	procuro	analisar	estas	questões,	tentando	entender	se	os	avanços	da	ciência	nos	últimos	45	anos	
      permitem,	ou	não,	sustentar	o	Código	Florestal	de	1965	e	suas	modificações	ocorridas	posteriormente.	Esse	
      trabalho	não	tem	por	objetivo	fazer	uma	compilação	completa	de	trabalhos	científicos	relacionados	ao	Código	
      Florestal,	objetivo	esse	que	demandaria	um	tempo	e	esforço	muito	mais	amplo.	Dada	a	minha	especialidade,	eu	
      vou	me	limitar	à	discussão	dos	quatro	pontos	acima,	para	os	quais	a	ecologia	tem	importantes	contribuições.	
      Ademais,	 eu	 me	 ative	 a	 trabalhos	 feitos	 em	 ecossistemas	 brasileiros,	 para	 considerar	 a	 complexidade	 e	 as	
      particularidades	destes	sistemas.	Limitei	também	a	busca	a	trabalhos	com	amplo	respaldo	internacional,	dando	
      assim	 preferência	 a	 artigos	 publicados	 em	 revistas	 científicas	 internacionais	 e/ou	 compilados	 pelos	 sistemas	
      Scopus	(http://www.scopus.com/)	ou	ISI	Web	of	Knowledge	(http://apps.isiknowledge.com/).


      Qual a extensão mínima das áreas de Preservação Permanente?
      O	Código	Florestal	estipula	uma	série	de	larguras	mínimas	de	áreas	de	proteção	ao	longo	de	cursos	d´água,	
      reservatórios	e	nascentes.	Qual	foi	a	base	científica	usada	para	definir	que	corredores	ripários	deveriam	ter	no	
      mínimo	30	m	de	proteção	ao	longo	de	cada	margem	do	rio	(além	do	limite	das	cheias	anuais)?	Será	que	essa	
      largura	não	deveria	variar	com	a	topografia	da	margem,	com	o	tipo	de	solo,	com	o	tipo	de	vegetação,	ou	com	o	
      clima,	em	particular	com	a	pluviosidade	local?	

      A	efetividade	destas	faixas	de	vegetação	remanescente	certamente	depende	de	uma	série	de	fatores,	dentre	eles	
      o	 tipo	 de	 serviço	 ecossistêmico	 considerado	 e	 a	 largura	 de	 vegetação	 preservada.	 Por	 exemplo,	 há	 dados	 que	
      indicam	que	larguras	de	30	m	seriam	suficientes	para	as	matas	ripárias	retirarem	da	água	do	lençol	freático	boa	
      parte	dos	nitratos	vindos	dos	campos	agrícolas	(PINAY	&	DÉCAMPS,	1988).	No	entanto,	dada	suas	múltiplas	
      funções,	incluindo	a	fixação	de	solo,	proteção	de	recursos	hídricos	e	conservação	de	fauna	e	flora,	deve-se	pensar	
      na	largura	mínima	suficiente	para	que	esta	faixa	desempenhe	de	forma	satisfatória	todas	as	suas	funções.	Por	
      consequência,	a	definição	desta	largura	no	âmbito	do	Código	Florestal	deveria	respeitar	a	função	mais	exigente.	
      Eu	não	pretendo	aqui	fazer	uma	ampla	revisão	sobre	a	influência	da	largura	das	APP,	mas	penso	que	a	conservação	
      da	biodiversidade	possa	ser	um	dos	fatores	mais	limitantes	para	a	definição	de	larguras	mínimas,	e	por	isso	foquei	
      minha	revisão	neste	aspecto,	dando	ênfase	ao	caso	das	matas	ripárias.	




      14		Este	artigo	já	foi	publicado	na	Revista	“Natureza	&	Conservação”,	volume	8,	em	julho	de	2010.
      15		Professor	do	Departamento	de	Ecologia	do	Instituto	de	Biociências	da	Universidade	de	São	Paulo	(USP)




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Em	termos	biológicos,	os	corredores	são	reconhecidos	como	elementos	que	facilitam	o	fluxo	de	indivíduos	ao	
longo	da	paisagem.	Em	paisagens	fragmentadas,	quando	o	habitat	original	encontra-se	disperso	em	inúmeros	
fragmentos,	isolando	e	reduzindo	o	tamanho	das	populações	nativas,	a	sobrevivência	das	espécies	depende	
de	suas	habilidades	de	se	deslocarem	pela	paisagem.	Nestas	condições,	os	corredores	podem	ter	papel	capital,	
pois	muitas	espécies	não	conseguem	usar	ou	cruzar	áreas	abertas	criadas	pelo	homem,	nem	quando	se	trata	de	
áreas	muito	estreitas	como	estradas	(DEVELEY	&	STOUFFER,	2001),	e	a	existência	de	uma	continuidade	
na	cobertura	vegetacional	original	é	assim	essencial.	Dentre	os	benefícios	dos	corredores,	já	comprovados	por	
pesquisa	 no	 Brasil,	 estão	 o	 aumento	 da	 diversidade	 genética	 (ALMEIDA	VIEIRA	 &	 DE	 CARVALHO,	
2008),	 o	 aumento	 da	 conectividade	 da	 paisagem,	 possibilitando	 o	 uso	 de	 vários	 pequenos	 fragmentos	
remanescentes	de	habitat,	que	isoladamente	não	sustentariam	as	populações	(AWADE	e	METZGER,	2008;	
BOSCOLO	et al.	2008;	MARTENSEN	et al.	2008),	a	amenização	dos	efeitos	da	fragmentação	(PARDINI	
et	al.	2005),	e	o	potencial	de	amenizar	os	impactos	de	mudanças	climáticas,	numa	escala	temporal	mais	ampla	
(MARINI	et	al.	2009).	

A	 importância	 de	 florestas	 ripárias	 foi	 evidenciada	 em	 diferentes	 biomas	 brasileiros,	 e	 para	 diferentes	
grupos	 taxonômicos.	 A	 maior	 parte	 dos	 estudos	 foi	 feita	 na	 Floresta	 Atlântica	 (METZGER	 et	 al.	 1997;	
UEZU	 et	 al.	 2005;	 MARINHO-FILHO	 &	VERISSIMO,	 2007;	 KEUROGHLIAN	 &	 EATON,	 2008;	
MALTCHIK	et al.	2008;	MARTENSEN	et al.	2008),	mas	existem	dados	também	para	Floresta	Amazônica	
(LIMA	 &	 GASCON,	 1999;	 MICHALSKI	 et	 al.	 2006;	 LEES	 &	 PERES,	 2008),	 Caatinga	 (MOURA	 &	
SCHLINDWEIN,	2009),	Pantanal	(QUIGLEY	&	CRAWSHAW,	1992)	e	Cerrado	(TUBELIS	et	al.	2004).	
Em	 relação	 aos	 grupos	 taxonômicos,	 há	 dados	 para	 árvores	 (METZGER	 et	 al.	 1997),	 anfíbios	 (LIMA	 &	
GASCON,	1999;	MALTCHIK	et al.	2008),	aves	(TUBELIS	et	al.	2004;	UEZU	et	al.	2005;	MARTENSEN	
et al.	2008),	grandes	mamíferos	(QUIGLEY	&	CRAWSHAW,	1992;	MARINHO-FILHO	&	VERISSIMO,	
2007;	 KEUROGHLIAN	 &	 EATON,	 2008;	 LEES	 &	 PERES,	 2008),	 pequenos	 mamíferos	 (LIMA	 &	
GASCON,	1999)	e	abelhas	(MOURA	&	SCHLINDWEIN,	2009).	Não	há	dúvidas	que	independentemente	
do	bioma	ou	do	grupo	taxonômico	considerado,	toda	paisagem	deveria	manter	corredores	ripários,	dado	os	seus	
benefícios	para	a	conservação	das	espécies.	

Os	 benefícios	 dos	 corredores	 podem	 estar	 relacionados	 à	 largura,	 extensão,	 continuidade	 e	 qualidade	 dos	
corredores	 (LAURANCE	 e	 LAURANCE,	 1999),	 à	 topografia	 e	 largura	 das	 áreas	 de	 influência	 ripária	
(METZGER	et al.	1997),	entre	outros	fatores,	mas	sem	dúvida	o	fator	mais	importante	é	a	largura.	Esta	largura	
afeta	a	qualidade	do	habitat,	regulando	a	área	impactada	pelos	efeitos	de	borda,	i.e.	pelas	as	modificações	micro-
climáticas	 e	 pelo	 aumento	 das	 perturbações	 que	 ocorrem	 nas	 bordas	 destes	 habitats.	 Em	 ambiente	 florestal,	
há	aumento	da	luminosidade	e	do	ressecamento	do	ar	e	do	solo,	além	de	um	aumento	na	entrada	de	espécies	
invasoras	e	generalistas	(vindas	de	áreas	antrópicas),	e	de	perturbações	ocasionais	(rajadas	de	vento,	queimadas)	
que	excluem	algumas	espécies	nativas,	mais	especializadas	em	sombra,	e	levam	a	uma	maior	mortalidade.	Esses	
efeitos	de	borda	podem	variar	em	extensão	em	função	das	espécies	e	dos	processos	considerados,	e	também	de	
acordo	com	as	características	físicas	do	local,	em	particular	com	a	orientação	solar,	a	latitude	e	o	tipo	de	matriz	
de	ocupação	adjacente,	que	influenciam	na	quantidade	de	radiação	solar	incidente.	De	uma	forma	geral,	os	efeitos	
mais	 intensos	 ocorrem	 nos	 100	 primeiros	 metros	 (LAURANCE	 et	 al.	 2002),	 o	 que	 implica	 que	 corredores	
com	 menos	 de	 200	 m	 são	 formados	 essencialmente	 por	 ambientes	 de	 borda,	 altamente	 perturbados.	Assim,	
alguns	autores	sugerem	que	corredores	estreitos	perderiam	parte	de	sua	utilidade,	por	favorecerem	unicamente	
espécies	generalistas,	que	suportam	os	efeitos	de	borda	(SANTOS	et	al.	2008;	LOPES	et	al.	2009).	Espécies	
mais	 estritamente	 florestais	 necessitariam	 de	 corredores	 de	 pelo	 menos	 200	 m	 de	 largura	 (LAURANCE	 e	
LAURANCE,	1999;	LEES	&	PERES,	2008).

Trabalhos	que	consideraram	a	funcionalidade	biológica	dos	corredores	em	função	da	largura	indicam	valores	
mínimos	superiores	a	100	m.	Na	Amazônia,	larguras	de	140	a	190	m	são	necessárias	para	haver	certa	similaridade	
entre	as	comunidades	de	pequenos	mamíferos	e	de	anfíbios	de	serapilheira	entre	elementos	florestais	lineares	e	




                                                                                                                           207
uma	área	controle	de	floresta	contínua	(LIMA	&	GASCON,	1999).	Ainda	na	Amazônia,	Lee	&	Peres	(2008)	
      recensearam	aves	e	mamíferos	em	32	corredores,	e	observaram	que	a	acumulação	de	espécies	ocorreu	até	400	m	de	
      largura	para	os	dois	grupos.	A	partir	desse	conjunto	de	dados,	que	devem	representar	situações	encontradas	em	
      outras	regiões	da	Amazônia,	os	autores	sugerem	que	as	APP	ao	longo	de	rios	deveriam	manter	pelo	menos	200	
      m	de	área	florestada	de	cada	lado	do	rio	para	que	haja	uma	plena	conservação	da	biodiversidade.	A	manutenção	
      de	corredores	de	60	m	(30	m	de	cada	lado	do	rio),	conforme	a	legislação	atual,	resultaria	na	conservação	de	apenas	
      60%	das	espécies	locais.	No	Cerrado,	Tubelis	et	al.	(2004)	sugerem	que	as	matas	de	galeria	tenham	pelos	menos	
      120	m	de	largura	para	a	devida	proteção	das	aves.	Na	Mata	Atlântica,	Metzger	et	al.	(1997,	1998)	trabalharam	
      com	15	corredores	de	mata	ripária	ao	longo	do	rio	Jacaré-Pepira,	no	interior	do	estado	de	São	Paulo.	Nestes	
      corredores,	que	variaram	de	30	a	650	m	de	largura,	os	autores	levantaram	a	diversidade	de	árvores	e	arbustos,	e	
      puderam	observar	que	apenas	55%	delas	estava	presente	em	corredores	de	menos	de	50	m,	enquanto	80%	estava	
      presente	em	corredores	com	mais	100	m.	Esses	dados	confirmam	que	corredores	de	apenas	30	m	têm	capacidade	
      muito	limitada	de	manutenção	da	biodiversidade.

      Desta	 forma,	 o	 conhecimento	 científico	 obtido	 nestes	 últimos	 anos	 permite	 não	 apenas	 sustentar	 os	 valores	
      indicados	no	Código	Florestal	de	1965	em	relação	à	extensão	das	Áreas	de	Preservação	Permanente,	mas	na	
      realidade	indicam	a	necessidade	de	expansão	destes	valores	para	limiares	mínimos	de	pelos	menos	100	m	(50	
      m	de	cada	lado	do	rio),	independentemente	do	bioma,	do	grupo	taxonômico,	do	solo	ou	do	tipo	de	topografia.


      Qual a quantidade mínima de rl em termos de conservação da biodiversidade?
      A	extensão	das	Reservas	Legais	varia	entre	biomas,	sendo	mais	ampla	na	Amazônia,	e	mais	restrita	em	outras	
      regiões	do	Brasil.	Há	dados	científicos	que	permitam	sustentar	os	valores	de	20,	35	e	80%	de	RL?	

      O	 adequado	 debate	 dessas	 questões	 necessita	 considerar,	 antes	 de	 mais	 nada,	 a	 função	 das	 RL.	 Apesar	 de	
      inicialmente	essas	reservas	terem	sido	planejadas	como	reservas	de	“exploração	florestal”,	elas	são	hoje	em	dia	
      consideradas,	segundo	o	Código	Florestal,	como	áreas	voltadas	ao:
               [...] uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao
               abrigo e proteção de fauna e flora nativas (Código Florestal).



      Trata-se,	 basicamente,	 de	 elementos	 da	 paisagem	 que	 deveriam	 promover	 ou	 auxiliar	 a	 conservação	 da	
      biodiversidade.	

      Neste	âmbito,	a	definição	da	extensão	das	RL	poderia	ser	pautada,	teoricamente,	em	questões	relacionadas	com	
      Populações	Mínimas	Viáveis,	ou	com	áreas	mínimas	para	se	manter	populações	viáveis	de	grande	predadores.	
      Infelizmente,	as	evidências	empíricas	descartam	a	existência	de	um	valor	único,	válido	para	todas	as	populações	
      e	comunidades,	e	apontam	para	áreas	muito	extensas	para	se	conservar	a	integridade	de	um	sistema	ecológico	
      (SOULÉ	&	SIMBERLOFF,	1986).	Esta	literatura	é	certamente	útil	para	definição	das	áreas	das	Unidades	de	
      Conservação,	mas	é	de	pouco	valor	no	caso	das	RL.	Por	outro	lado,	há	um	conjunto	de	dados	e	teorias,	mais	
      recentes,	que	são	de	grande	valia	nesta	questão:	os	limiares	de	percolação	e	de	fragmentação.	

      O	limiar	de	percolação	é	a	quantidade	mínima	de	habitat	necessária	numa	determinada	paisagem	para	que	uma	
      espécie,	que	não	tem	capacidade	de	sair	do	seu	habitat,	possa	cruzar	a	paisagem	de	uma	ponta	a	outra.	A	teoria	
      da	percolação	foi	desenvolvida	inicialmente	na	física,	para	solucionar	questões	sobre	a	quantidade	mínima	de	
      material	condutor	necessário	para	prover	condutividade	elétrica,	e	agora	é	amplamente	utilizada	em	ecologia	
      para	questões	de	conectividade	biológica.	Em	simulações	feitas	em	computador,	foi	possível	definir	o	limiar	de	
      percolação	 como	 sendo	 de	 59,28%	 em	 paisagens	 aleatórias,	 homogêneas	 (STAUFFER,	 1985).	 Acima	 deste	
      valor,	o	habitat	encontra-se	ainda	mais	agrupado,	em	grandes	fragmentos,	favorecendo	os	fluxos	biológicos	pela	
      paisagem,	inclusive	de	espécies	que	não	se	deslocam	fora	do	seu	habitat.	No	limiar,	há	uma	mudança	brusca	




208
na	estrutura	da	paisagem,	com	redução	no	tamanho	dos	fragmentos,	aumento	no	número	e	no	isolamento	dos	
fragmentos,	e	logo	perda	repentina	da	conectividade	da	paisagem.	Isso	resulta	em	paisagens	fragmentadas,	com	
baixa	 capacidade	 de	 manter	 diversidade	 biológica	 (METZGER	 &	 DÉCAMPS,	 1997).	 Apesar	 deste	 valor	
ter	 sido	 definido	 para	 paisagens	 aleatórias,	 estudos	 considerando	 três	 padrões	 distintos	 de	 fragmentação	 na	
Amazônia	 sustentam	 a	 ocorrência	 de	 mudanças	 bruscas	 em	 valores	 próximos	 a	 60%	 (OLIVEIRA-FILHO	
&	 METZGER,	 2006).	 Na	 realidade,	 ocorrem	 mudanças	 estruturais	 bruscas	 em	 diferentes	 momentos.	
Em	 particular,	 há	 uma	 perda	 brusca	 no	 tamanho	 médio	 dos	 fragmentos	 por	 volta	 de	 70	 a	 80%	 de	 habitat	
remanescente,	 além	 do	 esperado	 aumento	 do	 isolamento,	 da	 fragmentação	 e	 redução	 da	 conectividade	 para	
valores	intermediários	(30	a	60%).	Todas	essas	modificações	levam	a	uma	redução	na	capacidade	da	paisagem	de	
sustentar	diversidade	biológica.	Esse	conjunto	de	dados	indica	a	necessidade	de	se	manter	60	a	70%	do	habitat	
original	para	que	a	paisagem	tenha	uma	estrutura	adequada	para	fins	de	conservação.	Valores	mais	baixos	de	
cobertura	nativa	ainda	poderiam	resultar	em	estruturas	favoráveis	para	conservação,	mas	isso	unicamente	no	
caso	de	haver	forte	agregação	deste	habitat	(METZGER,	2001).	Porém,	como	o	controle	sobre	a	agregação	das	
RL	não	é	uma	tarefa	fácil	em	termos	operacionais,	esta	opção	não	deveria	ser	considerada.	Na	Amazônia,	onde	
temos	um	vasto	patrimônio	biológico	e	genético	ainda	pouco	conhecido,	e	relativamente	conservado,	dever-se-
ia	manter	paisagens	com	pelo	menos	60%	de	cobertura	(METZGER,	2002),	ou	de	preferência	com	mais	de	
70%,	para	se	evitar	os	efeitos	iniciais	da	redução	brusca	do	tamanho	dos	fragmentos.	Essas	paisagens	poderiam	
permear	as	Unidades	de	Conservação	e	as	Terras	Indígenas,	facilitando	desta	forma	o	fluxo	de	boa	parte	das	
espécies	 entre	 estas	 unidades,	 contribuindo	 para	 a	 conservação	 da	 biodiversidade	 numa	 escala	 regional.	 Se	 a	
extensão	das	APP	estiver	entre	10	a	20%,	como	apontam	dados	preliminares	de	Miranda	et	al.	(2008),	as	RL	
deveriam	 ser	 de	 pelo	 menos	 50%,	 e	 preferencialmente	 mais	 de	 60%.	 Os	 valores	 estipulados	 atualmente	 pelo	
Código	Florestal	para	a	Amazônia	são	um	pouco	mais	altos	(80%,	incluindo	as	APP),	e	podem	ser	justificados	
pelo	princípio	de	precaução,	dada	à	imensa	riqueza	biológica	encontrada	nestes	sistemas,	pelo	conhecimento	
ainda	restrito	sobre	os	efeitos	em	longo	prazo	do	desmatamento	na	Amazônia,	e	pelas	amplas	possibilidades	de	
exploração	sustentável	de	produtos	florestais.	

Em	outras	regiões	mais	intensamente	ocupadas,	onde	a	taxa	de	conversão	de	habitat	nativo	para	uso	humano	foi	
mais	intenso	(e.g.	na	Mata	Atlântica,	no	Cerrado,	na	Caatinga),	esse	limiar	não	poderia	ser	aplicado,	a	não	ser	que	
se	pense	em	amplas	ações	de	restauração.	Porém,	nesses	casos	de	maior	perda	da	cobertura	nativa,	há	um	outro	
conjunto	de	dados,	que	surgiu	nos	últimos	vinte	anos,	que	permite	avaliar	a	extensão	da	RL:	trata-se	do	limiar	
de	 fragmentação	 (ANDRÉN,	 1994;	 FAHRIG,	 2003).	 Segundo	 revisões	 feitas	 por	 esses	 autores,	 baseadas	
essencialmente	em	espécies	de	áreas	temperadas,	existiria	um	limiar	de	cobertura	de	habitat	abaixo	do	qual	os	
efeitos	da	fragmentação	(i.e.,	da	sub-divisão	do	habitat)	se	somariam	aos	efeitos	da	perda	do	habitat.	Assim,	
acima	deste	limiar,	que	em	geral	é	indicado	por	volta	de	30%	de	habitat	remanescente,	os	efeitos	sobre	a	redução	
populacional	ou	a	perda	de	diversidade	biológica	seriam	principalmente	devido	à	perda	do	habitat,	enquanto	
que	abaixo	deste	limiar	haveria	também	um	efeito	forte	da	distribuição	espacial	do	habitat,	em	particular	de	sua	
sub-divisão.	Esse	limiar	não	é	unânime	e	nem	sempre	há	suporte	empírico	para	ele,	como	têm	demonstrados	
alguns	resultados	obtidos	em	zona	tropical	que	relatam	efeitos	de	fragmentação	ao	longo	de	todo	o	processo	
de	perda	de	habitat	(DEVELEY	&	METZGER,	2006),	ou	então	que	indicam	que	esse	limiar	pode	variar	
em	função	do	grupo	de	organismos	considerados,	em	particular	em	função	da	sensibilidade	deles	à	perda	de	
habitat	(LINDENMAYER	&	LUCK,	2005).	Porém,	há	claras	evidências,	inclusive	obtidas	recentemente	no	
Brasil,	que	paisagens	com	menos	de	30%	de	habitat	tendem	a	ter	apenas	fragmentos	pequenos	e	muito	isolados,	
e	suportam	por	conseqüência	comunidades	muito	empobrecidas,	e	isso	para	diferentes	grupos	taxonômicos	
(MARTENSEN	 et	 al.	 2008;	 METZGER	 et	 al.	 2009).	 O	 limiar	 de	 30%	 poderia	 ser	 considerado,	 assim,	
como	um	limite	mínimo	de	cobertura	nativa	que	uma	paisagem	intensamente	utilizada	pelo	homem	deveria	
ter,	permitindo	conciliar	uso	econômico	e	conservação	biológica.	Dado	que	as	estimativas	de	porcentagem	de	
APP	variam	para	a	grande	maioria	dos	estados	brasileiros	de	10	a	20%	do	território	(MIRANDA	et	al.	2008),	
já	excluindo	as	Unidades	de	Conservação	(inclusive	as	de	Uso	Sustentável)	e	Terras	Indígenas,	o	valor	de	20%	
para	RL	permitiria	manter,	na	maioria	dos	casos,	uma	cobertura	acima	deste	limiar.	




                                                                                                                             209
Desta	forma,	a	literatura	sobre	limiares	em	ecologia	sustenta	a	definição	de	limites	mínimos	de	RL	de	50%	ou	
      preferencialmente	60%	na	Amazônia,	e	de	pelo	menos	20%	em	regiões	mais	intensamente	ocupadas,	isso	sem	
      incluir	as	APP	nestes	percentuais.	


      reserva legal: sua função pode ser mantida com a incorporação das aPP ou com o uso
      de espécies exóticas?
      Há	fortes	pressões	para	se	flexibilizar	o	Código	Florestal,	no	intuito	principal	de	facilitar	a	expansão	econômica	
      e	a	regularização	de	atividades	agrícolas,	e	isso	poderia	ser	obtido	por	duas	formas:

             i) a inclusão das APP no cômputo das RL; e

             ii) o uso de espécies de interesse econômico, em geral exóticas, numa parte destas reservas.

      Mais	uma	vez,	a	questão	levantada	aqui	é	de	saber	quais	são	as	bases	científicas	para	essas	mudanças.

      A	inclusão	das	Áreas	de	Preservação	Permanente	no	cômputo	da	Reserva	Legal	já	é	prevista	no	Código	Florestal,	
      podendo	ocorrer	para	todas	as	propriedades	em	áreas	florestadas	da	Amazônia	Legal,	ou	então	quando	APP	e	
      RL	somam	50%	ou	mais	da	propriedade	nas	demais	regiões	do	Brasil	(ou	seja,	quando	as	APP	cobrem	mais	de	
      30%	da	propriedade),	ou	25%	no	caso	das	propriedades	pequenas,	que	são	aquela	com	30	ou	50	ha,	em	função	da	
      localização	no	país.	A	questão	é	de	saber	se	a	inclusão	da	APP	no	cômputo	da	RL	pode	ser	generalizada,	ao	invés	
      de	ocorrer	apenas	nas	três	situações	mencionadas	acima.	Esta	ampla	inclusão	é	defendida	por	aqueles	que	consi-
      deram	insuficientes	as	áreas	disponíveis	atualmente	para	expansão	agrícola,	urbana	ou	industrial	(MIRANDA	
      et al.	2008).	Por	outro	lado,	essa	inclusão	é	rebatida	de	diversas	formas,	sendo	o	argumento	mais	comum	o	fato	
      de	ca.	3	milhões	de	km2	serem	área	mais	do	que	suficiente	para	a	expansão	das	atividades	econômicas,	além	da	
      existência	de	amplas	áreas	já	utilizadas,	mas	que	se	encontram	degradadas,	e	que	deveriam	ser	alvo	de	projetos	de	
      recuperação	para	futura	exploração.	Esses	argumentos	são	sem	dúvida	pertinentes,	porém	eu	gostaria	de	acres-
      centar	ao	debate	uma	outra	linha	de	raciocínio,	apresentada	a	seguir.	

      Como	dito	anteriormente,	as	RL	visam	essencialmente	à	conservação	da	biodiversidade	e	ao	uso	sustentável	de	
      recursos	naturais,	enquanto	as	APP	têm	como:

               [...] função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna
               e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (artigo primeiro do Código Florestal).


      As	APP	basicamente	evitam	a	erosão	de	terrenos	declivosos	e	a	colmatagem	dos	rios,	asseguram	os	recursos	
      hídricos,	propiciam	fluxo	gênico,	e	prestam	assim	serviços	ambientais	capitais.	Certamente	essas	áreas	também	
      contribuem	para	a	conservação	da	biodiversidade,	porém	considerá-las	equivalentes	às	RL	seria	um	grande	erro.	
      Por	 se	 situarem	 justo	 adjacentes	 às	 áreas	 ripárias,	 em	 terrenos	 declivosos,	 ou	 ainda	 em	 restingas,	 tabuleiros,	
      chapadas,	e	em	áreas	elevadas	(acima	de	1.800	m	de	altitude),	as	APP	apresentam	embasamento	geológico	e	
      pedológico,	clima	e	dinâmica	hidro-geomorfológica	distintas	daquelas	situadas	distantes	dos	rios,	em	terrenos	
      planos,	mais	longe	das	influências	marinhas,	ou	em	altitudes	mais	baixas.	Em	conseqüência	disso,	a	composição	
      de	espécies	da	flora	e	da	fauna	nativa	varia	enormemente	quando	se	comparam	áreas	situadas	dentro	e	fora	das	
      APP.	As	evidências	mais	claras	destas	variações	foram	obtidas	ao	longo	dos	rios,	mostrando,	em	particular,	que	
      a	composição	arbórea	muda	em	função	da	distância	ao	leito	do	rio,	sendo	que	as	diferenças	mais	bruscas	são	
      obtidas	nos	primeiros	10-20	m	(OLIVEIRA-FILHO	1994a,b;	METZGER	et al.	1997;	RODRIGUES	&	
      LEITÃO-FILHO,	2004).	Ou	seja,	as	APP	não	protegem	as	mesmas	espécies	presentes	nas	RL,	e	vice-versa.	
      Em	termos	de	conservação	biológica,	essas	áreas	se	complementam,	pois	são	biologicamente	distintas,	e	seria	
      um	grande	erro	ecológico	considerá-las	como	equivalentes.	Todo	planejamento	territorial	deveria	considerar	a	
      heterogeneidade	biológica,	e	um	dos	primeiros	passos	neste	sentido	é	distinguir	RL	e	APP,	mantendo	estratégias	
      distintas	para	a	conservação	nestas	duas	situações.	




210
O	segundo	mecanismo	de	flexibilização	das	RL	também	já	está	parcialmente	contemplado	no	Código	Florestal,	
uma	vez	que	em:
         [...] pequenas propriedades ou de posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos
         por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas (terceiro parágrafo do artigo 16).


O	que	se	discute,	mais	recentemente,	é	a	ampliação	desta	flexibilização,	permitindo	que	até	50%	da	RL	possa	ser	
composta	por	espécies	exóticas,	como	o	dendê	ou	o	Eucalipto.	Qual	seria	a	efetividade	da	RL	em	termos	de	conser-
vação	biológica	neste	caso?	Creio	que	já	temos	dados	concretos	para	responder	essa	pergunta,	em	particular	vindos	
de	estudos	de	sistemas	consorciados	na	Bahia,	e	de	plantações	de	Eucalipto	na	Amazônia	e	na	Mata	Atlântica.	Na	
região	de	Ilhéus,	um	grupo	de	pesquisadores	das	Universidades	Estaduais	de	Campinas,	São	Paulo	e	Santa	Cruz	
estudou	o	valor,	em	termos	de	conservação,	de	um	sistema	denominado	“cabruca”,	que	são	plantações	de	cacau	som-
breadas	por	um	dossel	de	mata	(FARIA	et	al.	2006,	2007;	PARDINI	et	al.	2009).	A	principal	conclusão	que	esses	
pesquisadores	chegaram	é	que	o	valor	da	cabruca	depende	do	contexto	no	qual	ela	se	encontra.	Em	paisagens	pre-
dominantemente	florestais,	com	amplas	extensões	de	florestas	maduras	(ca.	50%),	e	também	com	presença	de	man-
chas	de	florestas	secundárias	(16%)	e	áreas	produtivas	florestadas	(no	caso,	cabrucas,	que	cobrem	6%	da	paisagem,	
e	 seringais),	 as	 cabrucas	 conseguem	 manter	 uma	 parcela	 considerável	 das	 comunidades	 estudadas	 (samambaia,	
sapos,	lagartos,	morcegos	e	aves).	No	entanto,	em	outra	paisagem	vizinha,	na	qual	as	cabrucas	dominam	a	paisagem	
(ca.	82%),	e	os	remanescentes	florestais	são	reduzidos	(ca.	5%)	e	fragmentados,	estes	sistemas	são	extremamente	
emprobrecidos,	e	mantêm	uma	parcela	pequena	da	biodiversidade	regional	(FARIA	et al.	2006,	2007).	Ou	seja,	
a	ocorrência	ou	manutenção	da	fauna	e	flora	nativa	em	cabrucas	depende	da	existência	de	uma	fonte	de	espécie	
próxima	relativamente	extensa.	Isso	significa	que	em	paisagens	predominantemente	florestais,	tais	quais	as	que	se	
quer	conservar	na	Amazônia,	sistemas	similares	ao	das	cabrucas	poderiam	ser	considerados	como	boas	alternativas	
de	uso	sustentável	de	recursos	naturais	em	parte	da	RL	(sendo	que	a	extensão	destas	áreas	deve	ser	estudada	com	
cuidado).	No	entanto,	em	outras	regiões	do	Brasil,	onde	a	vegetação	nativa	já	está	consideravelmente	reduzida	e	
fragmentada,	RL	formadas	por	sistemas	que	intercalam	espécies	plantadas	de	interesse	econômico	com	espécies	
nativas	teriam	reduzido	valor	conservacionista,	e	esta	opção	deveria	ser	evitada.	

No	caso	das	plantações	de	espécies	de	uso	comercial,	em	geral	exóticas,	como	o	Eucalipto,	a	situação	é	distinta.	
Estudos	promovidos	no	Rio	Grande	do	Sul	mostram	que	estas	monoculturas	arbóreas	podem	conter	parte	da	
biota	nativa,	porém	isso	depende	fortemente	do	tipo	de	manejo	da	plantação,	e	em	particular	da	manutenção	
da	regeneração	de	espécies	nativas	no	sub-bosque,	e	da	ligação	das	áreas	plantadas	com	fontes	de	espécies	na-
tivas	próximas	(FONSECA	et	al.	2009).	Infelizmente,	a	grande	maioria	dos	reflorestamentos	comerciais	não	
segue	essas	regras.	Num	dos	mais	completos	estudos	sobre	esses	reflorestamentos	feitos	no	país,	no	projeto	Jarí	
(Amazônia),	Barlow	et	al.	(2007a,	b)	mostraram,	para	diferentes	grupos	taxonômicos,	haver	baixa	similaridade	
de	espécies	entre	florestas	nativas	maduras	e	áreas	de	reflorestamento,	deixando	claro	o	limitado	valor	destas	
plantações	em	conservar	espécies	nativas.	

Logo,	independentemente	da	cobertura	florestal	remanes	 ente	na	paisagem,	não	é	aconselhável	a	substituição	de	
                                                       c
RL	de	espécies	nativas	por	plantações	homogêneas	de	espécies	exóticas.	Por	outro	lado,	sistemas	consorciados	
de	espécies	nativas	e	de	interesse	econômico	podem	ser	opções	interessantes	para	parte	das	RL	da	Amazônia,	
num	contexto	de	ampla	cobertura	florestal	nativa.	Ademais,	a	fusão	de	APP	e	RL	seria	temerária	em	termos	
biológicos	simplesmente	porque	estas	têm	funções	e	composições	de	espécies	distintas,	e	desempenham	assim	
papeis	complementares	em	termos	de	conservação	da	biodiversidade.



devemos manter pequenos fragmentos de vegetação nativa sob forma de rl?
O	valor	de	pequenos	fragmentos	de	RL	para	a	conservação	da	biodiversidade	vem	sendo	questionado,	levando	
a	propostas	de	não	mais	contabilizar	essas	reservas	por	propriedade,	mas	sim	por	bacia	hidrográfica	ou	mesmo	
por	bioma,	de	forma	a	agrupar	essas	áreas	em	fragmentos	maiores,	e	assim	aumentar	seu	valor	biológico.	Esse	




                                                                                                                                                                211
mecanismo	é	conhecido	como	“regime	de	condomínio”,	e	já	foi	inserido	no	Código	Florestal.	Essa	opção	de	agregação	
      das	 RL	 tem	 respaldo	 em	 ampla	 discussão	 ocorrida	 nas	 décadas	 de	 1970	 e	 1980,	 que	 considerava	 duas	 opções	
      principais	 de	 conservação:	 um	 único	 fragmento	 grande,	 ou	 vários	 pequenos	 fragmentos	 de	 área	 equivalente	 ao	
      fragmento	grande	(em	Inglês,	“Single	Large	or	Several	Small”,	comumente	denominada	de	SLOSS;	(SIMBERLOFF	
      &	ABELE,	1976,	1982;	DIAMOND,	1975,	1976).	Apesar	desta	questão	não	considerar	fatores	essenciais	para	
      uma	devida	comparação,	em	particular	o	tamanho	dos	fragmentos	pequenos	e	o	grau	de	isolamento	entre	eles,	a	
      discussão	evidenciou	que	muitos	fragmentos	pequenos	podem	abrigar	mais	espécies	do	que	um	fragmento	grande,	
      por	representarem	áreas	com	características	distintas,	e	logo	com	composições	menos	similares.	Por	outro	lado,	
      um	fragmento	grande	é	a	melhor	opção	em	termos	de	manutenção	das	espécies	por	longo	prazo,	pois	fragmentos	
      grandes	contêm	em	geral	populações	maiores,	que	são	assim	mais	resistentes	a	flutuações	ambientais,	demográficas	
      ou	genéticas	(SHAFFER,	1987),	além	de	serem	menos	impactados	pelos	efeitos	de	borda.	Enfim,	estratégias	de	
      conservação	que	permitam	manter	as	espécies	em	longo	prazo	devem	dar	prioridade	a	grandes	fragmentos,	o	que	
      sustentaria	a	proposta	de	agregação	de	RL	de	diferentes	propriedades	numa	única	área.	

      Os	 benefícios	 desta	 estratégia	 dependem	 também	 da	 representatividade	 biológica	 da	 rede	 de	 RL,	 e	 da	
      manutenção	de	paisagens	permeáveis	entre	os	grandes	núcleos	de	conservação	da	biodiversidade,	que	são	as	
      Unidades	de	Conservação	de	proteção	integral.	Ou	seja,	a	efetividade	do	agrupamento	de	RL	em	fragmentos	
      grandes	depende	destes	fragmentos	representarem	comunidades	biológicas	similares	àquelas	que	estariam	
      presentes	nos	pequenos	fragmentos	de	RL.	Caso	isso	não	ocorra,	há	grandes	riscos	de	extinção	de	espécies	
      características	 das	 áreas	 mais	 propícias	 para	 uso	 econômico,	 mantendo	 apenas	 a	 biota	 de	 áreas	 menos	
      propícias	 ao	 uso	 (e.g.,	 solos	 pobres	 ou	 pedregosos,	 ou	 terrenos	 em	 áreas	 íngremes).	 Em	 casos	 extremos,	
      se	 a	 compensação	 puder	 ser	 feita	 em	 qualquer	 região	 de	 um	 mesmo	 bioma,	 pode	 haver	 extinção	 das	
      espécies	presentes	na	Mata	Atlântica	da	Bahia,	e	manutenção	apenas	daquelas	presentes	na	Serra	do	Mar.	
      Esta	situação	certamente	não	seria	desejável,	uma	vez	que	estas	áreas	não	são	equivalentes,	pois	possuem	
      condições	ambientais	e	histórias	evolutivas	distintas,	e	logo	têm	composições	de	espécies	distintas,	sendo	
      ambas	relevantes	em	termos	de	conservação.

      Ademais,	a	concentração	excessiva	de	RL	numa	única	região,	mesmo	que	situada	em	áreas	biologicamente	
      equivalentes,	poderia	levar	a	existência	de	desertos	biológicos,	formados	por	amplas	monoculturas	em	paisagens	
      homogêneas.	Por	exemplo,	se	ao	invés	de	termos	duas	paisagens	com	30%	de	vegetação	nativa,	tivermos	uma	de	
      50	e	outra	de	10%,	a	paisagem	de	10%	será	formada	unicamente	por	fragmentos	muito	isolados,	e	poderá	ser	
      uma	importante	barreira	para	movimentação	das	espécies	em	escala	regional.	Esta	situação	não	é	desejável	em	
      termos	biológicos,	nem	em	termos	econômicos,	uma	vez	que	as	RL	têm	importante	papel	no	funcionamento	
      da	paisagem.	Em	particular,	as	RL	propiciam	importantes	serviços	ambientais,	como	o	controle	de	pragas,	
      e	 aumento	 da	 polinização	 e	 da	 produtividade	 de	 algumas	 culturas	 (DE	 MARCO	 &	 COELHO,	 2004).	
      Ademais,	são	as	RL	que	permitem	que	a	cobertura	de	vegetação	nativa	da	paisagem	fique	acima	dos	limiares	
      ecológicos	citados	anteriormente,	protegendo	assim	parte	da	biota	nativa,	e	favorecendo	os	fluxos	biológicos	
      entre	Unidades	de	Conservação.	Mesmo	fragmentos	muito	pequenos	podem	ser	importantes	neste	sentido.	
      O	exemplo	mais	claro	é	o	da	Mata	Atlântica,	onde	fragmentos	com	menos	de	50	ha	representam	um	terço	
      da	cobertura	florestal	do	bioma,	e	desempenham	papel	fundamental	na	redução	do	isolamento	entre	grandes	
      fragmentos	(RIBEIRO	et	al.	2009).	

      Desta	forma,	o	“regime	de	condomínio”	é	salutar	para	a	manutenção	ou	a	criação	de	grandes	fragmentos,	formados	
      pela	agregação	de	diversas	RL	particulares,	porém	é	necessária	a	existência	de	um	mecanismo	que	limite	o	uso	
      deste	 recurso,	 para	 não	 criar	 paisagens	 depauperadas	 de	 vegetação,	 principalmente	 em	 áreas	 planas,	 onde	 as	
      APP	são	também	menos	extensas.	É	possível	estabelecer	um	limite	percentual	de	áreas	de	RL	em	condomínio,	
      e/ou	limitar	o	uso	deste	mecanismo	a	bacias	hidrográficas	de	extensão	geográfica	intermediárias,	da	ordem	de	
      10	a	50	mil	ha.	Nesta	situação,	há	menores	chances	de	haver	grandes	disparidades	de	cobertura	vegetacional,	
      e	ao	mesmo	tempo	aumenta	a	representatividade	da	heterogeneidade	ambiental,	criando-se	assim	redes	de	RL	
      biologicamente	complementares,	com	maior	diversidade	biológica.	




212
conclusões
Contrariamente	ao	que	se	tem	dito,	o	estado	das	pesquisas	atuais	oferece	forte	sustentação	para	critérios	e	
parâmetros	 definidos	 pelo	 Código	 Florestal,	 sendo	 que	 em	 alguns	 casos	 haveria	 necessidade	 de	 expansão	
da	 área	 de	 conservação	 definida	 por	 esses	 critérios,	 em	 particular	 na	 definição	 das	 Áreas	 de	 Preservação	
Permanente.	 A	 literatura	 científica	 levantada	 mostra	 ainda	 que	 as	 recentes	 propostas	 de	 alteração	 deste	
Código,	 em	 particular	 alterando	 a	 extensão	 ou	 as	 regras	 de	 uso	 das	 Reservas	 Legais,	 podem	 trazer	 graves	
prejuízos	ao	patrimônio	biológico	e	genético	brasileiro.	Os	dados	aqui	apresentados,	que	retratam	avanços	
recentes	da	ciência	na	área	de	ecologia	e	conservação,	deveriam	ser	considerados	em	qualquer	discussão	sobre	
modificação	 do	 Código	 Florestal,	 e	 na	 procura	 da	 melhor	 configuração	 de	 nossas	 paisagens,	 que	 permita	
maximizar	 os	 serviços	 ecossistêmicos	 e	 o	 potencial	 de	 conservação	 da	 biodiversidade	 da	 biota	 nativa,	 sem	
prejudicar	o	desenvolvimento	econômico	nacional.	


agradecimentos
Agradeço	as	edições	e	sugestões	prestadas	por	Roberto	Varjabedian	e	Alexandre	Igari	numa	versão	preliminar	
deste	artigo.	



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4.3 desafios para são Paulo: biodiversidade, bioenergia e biotecnologia
      oswaldo lucon16



      introdução
      Ao	final	da	primeira	década	do	século	XXI,	o	Estado	de	São	Paulo	se	encontra	diante	de	grandes	desafios,	dentre	
      os	quais	estão	os	impactos	ambientais,	a	competitividade	econômica	e	a	incusão	social.	Nesse	contexto,	mútuos	
      benefícios	 podem	 ser	 obtidos	 através	 do	 trinômio	 biodiversidade,	 bioenergia	 e	 biotecnologia.	 Em	 termos	 de	
      proteção	da	biodiversidade,	o	Estado	precisa	recuperar	áreas	que	foram	degradadas,	garantindo	ainda	que	a	o	capital	
      natural	existente	resista	à	pressão	pela	conversão	de	florestas	e	cerrados	em	áreas	agrícolas,	de	pecuária,	industriais	e	
      urbanas.	A	bioenergia,	garantidora	de	uma	considerável	parcela	de	fontes	renováveis	na	matriz	paulista,	contribuiu	
      no	passado	para	esses	impactos	e	hoje	precisa	assegurar	ao	governo,	mercados	e	sociedade	civil,	que	cumpre	com	os	
      crescentes	requisitos	de	sustentabilidade.	A	opção	energética,	além	de	contribuir	de	maneira	efetiva	para	combater	
      os	problemas	causados	pelo	aquecimento	global,	representa	fonte	de	receitas	para	a	economia	do	Estado,	o	que,	
      como	tal,	requer	ganhos	de	escala	e	produtividade.	Uma	possível	solução	para	esses	desafios	está	na	biotecnologia,	
      que	pode	ajudar	a	preservar	espécies	nativas	e	desenvolver	alternativas	economicamente	mais	produtivas.	

      biodiversidade
      No	Estado	de	São	Paulo	a	área	coberta	por	florestas	nativas	caiu	de	85%	em	1500	para	13%	em	2000.	Cerca	
      de	60%	dos	remanescentes	de	floresta	nativa	estão	na	Serra	do	Mar	e	Vale	do	Ribeira.	Destes,	50%	estão	em	
      parques	estaduais.

                                                              FiGura 4. 1
                                     MaPa dos reManescentes Florestais do estado de são Paulo




                   Legenda
                                                                                             Cidades
                   Rios e represas
                   Mata Atlântica                                                            1 - São José do Rio Preto
                   Cerrado                                                                   2 - Ribeirão Preto
                   Área urbana                                                               3 - Campinas
                   Rodovia                                                                   4 - São Paulo
                   Fonte: Instituto Florestal                                                5 - Santos


                                                         Fonte: BIOTA-FAPESP (sd)



      16		Assessor	Técnico	da	Secretaria	do	Meio	Ambiente	do	Estado	de	São	Paulo	(SMA/SP).




216
Considerado	 o	 país	 da	 megadiversidade,	 o	 Brasil	 possui	 a	 maior	 diversidade	 biológica	 do	 planeta,	 com	 alto	
índice	de	espécies	endêmicas.	Esta	diversidade	biológica	é	muito	expressiva	tanto	em	relação	às	potencialidades	
genéticas	como	em	relação	ao	número	de	espécies	e	de	ecossistemas	(MMA,	1998).	A	preocupação	internacional	
sobre	a	conservação	da	biodiversidade	tem	como	principal	marco	a	elaboração	da	Convenção	sobre	a	Diversidade	
Biológica	 (CDB)	 durante	 a	 Conferência	 das	 Nações	 Unidas	 sobre	 Meio	 Ambiente	 e	 Desenvolvimento	
(CNUMAD),	no	Rio	de	Janeiro,	em	junho	de	1992.	Dentre	as	complexas	questões	tratadas	na	CDB	estão:	
(i)	tratar	a	diversidade	biológica	em	toda	a	sua	amplitude;	(ii)	tratar	da	conservação	da	diversidade	biológica,	
da	utilização	sustentável	de	 seus	componentes,	 e	 da	repartição	justa	 e	eqüitativa	dos	 benefícios	 derivados	 da	
utilização	dos	recursos	genéticos;	(iii)	incluir	todas	as	formas	diferentes	de	manejo	da	diversidade	biológica;	(iv)	
Contemplar	os	principais	instrumentos	para	subsidiar	o	planejamento	do	uso	e	gerenciamento	da	diversidade	
biológica.	 O	 objetivo	 principal	 da	 CDB	 é	 preservar	 a	 biodiversidade,	 bem	 como	 o	 uso	 sustentável	 de	 seus	
componentes	e	fomentar	a	repartição	dos	benefícios	oriundos	da	utilização	dos	recursos	genéticos.	Em	outubro	
de	 2010	 ocorreu	 a	 10.ª	 Conferência	 das	 Partes	 da	 Convenção	 sobre	 Diversidade	 Biológica,	 a	 COP	 10,	 em	
Nagoya,	 no	 Japão.	 Em	 paralelo	 ocorreu	 a	 MOP	 5,	 reunião	 do	 Protocolo	 de	 Cartagena	 sobre	 Biossegurança.	
A	relação	entre	biodiversidade	e	biotecnologia	é	o	foco	deste	protocolo,	já	que	é	importante	assegurar	que	o	
desenvolvimento	da	biotecnologia	não	traga	danos	à	biodiversidade.	Na	MOP	5,	as	partes	discutiram	um	regime	
de	 responsabilidade	 e	 compensação	 por	 danos	 que	 organismos	 geneticamente	 modificados	 vivos	 (OVMs)	
possam	causar	à	biodiversidade	(LIMA,	2010).

Quanto	maior	o	desmatamento,	maiores	serão	os	impactos	sobre	a	biodiversidade.	Um	tema	bastante	polêmico	
com	fortes	impactos	na	biodiversidade	é	a	alteração	do	Código	Florestal	(Lei	4.771/1965),	em	discussão	no	
Congresso	Nacional.	Consideradas	necessárias	por	parte	dos	agricultores	e	um	retrocesso	pelos	ambientalistas,	
as	 mudanças	 incluem	 (i)	 uma	 moratória	 para	 atividades	 agropecuárias	 existentes	 em	 áreas	 desmatadas	 até	
22.07.2008;	(ii)	um	“direito	adquirido”	de	proprietários	que	comprovarem	que	foi	respeitado	o	índice	de	reserva	
legal	em	vigor	na	época	da	abertura	da	área,	ficando	dispensados	da	sua	recomposição	ou	compensação;	(iii)	
a	manutenção	das	atividades	agropecuárias	e	florestais	consolidadas	em	APPs,	Reserva	Legal	e	Áreas	de	Uso	
Restrito	até	que	União,	Estados	e	Municípios	elaborem	programas	de	regularização	ambiental	–	PRA´s,	que	
devem	 considerar	 o	 ZEE	 (Zoneamento	 Ecológico	 Econômico),	 os	 Planos	 de	 Recursos	 Hídricos	 e	 estudos	
técnicos	 e	 científicos	 de	 órgãos	 oficiais	 de	 pesquisa,	 além	 de	 outras	 condicionantes	 relativas	 aos	 aspectos	
socioambientais	e	econômicos;	(iv)	se	fundamentado	nesses	critérios,	o	PRA	poderá	regularizar	até	100%	das	
atividades	 consolidadas	 nas	APPs,	 desde	 que	 não	 ocorram	 novos	 desmatamentos;	 deverão	 ser	 estabelecidas,	
inclusive,	medidas	mitigadoras	e	formas	de	compensação;	(v)	a	alteração	de	áreas	de	preservação	permanente	
(APPs),	criando-se	uma	faixa	para	cursos	d’água	de	menos	de	cinco	metros	de	largura,	cuja	faixa	mínima	de	
proteção	deverá	ser	de	15	metros,	ao	invés	dos	atuais	30	metros;	(vi)	dispensa	da	faixa	de	proteção	(que	varia	
de	30	a	100	metros)	as	acumulações	de	água	-	açudes,	lagoas	e	represas	-	com	área	inferior	a	um	hectare;	(vii)	
permissão	ao	acesso	de	pessoas	e	animais	para	a	obtenção	de	água	sem	o	excesso	de	restrições	da	norma	atual;	
(viii)	mantidos	os	percentuais	de	Reserva	Legal	da	atual	legislação	(20%	em	SP),	poderá	ser	feito	o	cômputo	da	
APP	na	Reserva,	desde	que	não	ocorram	novos	desmatamentos,	que	a	APP	esteja	conservada	ou	em	regeneração	
e	o	proprietário	tenha	feito	o	cadastro	ambiental;	(ix)	as	propriedades	com	áreas	de	até	quatro	módulos	fiscais,	
a	chamada	pequena	propriedade,	ficam	desobrigadas	da	recomposição	florestal	ou	compensação	ambiental;	(x)	
as	propriedades	com	área	acima	de	quatro	módulos	fiscais	também	terão	direito	à	isenção	até	esse	limite,	mas	
ficam	obrigadas	a	regularizar	a	Reserva	Legal	sobre	a	área	excedente;	será	permitido	o	cômputo	das	APPs,	o	
que	beneficia	principalmente	as	médias	propriedades;	(xi)	a	recomposição	na	propriedade	tem	prazo	de	20	anos	
(1/10	a	cada	dois	anos),	podendo	ser	utilizadas	espécies	exóticas	intercaladas	com	nativas,	em	até	50%;	(xii)	para	
a	compensação	da	Reserva	Legal,	será	possível	a	utilização	de	arrendamento	(por	meio	de	servidão	ambiental,	
fora	 da	 bacia	 hidrográfica	 e	 do	 Estado	 –	 onde	 localizar-se	 a	 propriedade	 –	 desde	 que	 no	 mesmo	 Bioma),	
ou	 aquisição	 de	 Cota	 de	 Reserva	 Ambiental	 (título	 que	 representa	 vegetação	 nativa	 sob	 regime	 de	 servidão	
ambiental,	de	Reserva	Particular	do	Patrimônio	Natural	ou	Reserva	Legal	instituída	voluntariamente	sobre	a	
vegetação	que	exceder	os	percentuais	estabelecidos	na	lei)	ou	doação	ao	Poder	Público	(de	área	localizada	no	




                                                                                                                             217
interior	de	Unidade	de	Conservação,	pendente	de	regularização	fundiária	ou	contribuição	para	Fundo	Público,	
      que	tenha	essa	finalidade);	(xiii)	o	Programa	de	Recuperação	Ambiental	(PRA)	poderá	regularizar	as	atividades	
      rurais	consolidadas	em	Áreas	de	Proteção	Permanente	(sempre	exigida	uma	forma	de	compensação,	por	critérios	
      fixados	quando	da	edição	do	PRA)	ou	de	Reserva	Legal	(onde	o	PRA	poderá	ou	não	exigir	uma	compensação;	
      se	necessária,	essa	compensação	poderá	ser	feita	por	recomposição	na	propriedade	em	20	anos,	por	regeneração	
      natural	ou	por	compensação	via	aquisição	de	Cota	de	Reserva	Ambiental)(AGÊNCIA	CÂMARA,	2010).


      biotecnologia
      O	 agronegócio	 de	 cana-de-açúcar	 movimentou	 em	 2008	 R$	 40	 bilhões,	 sendo	 metade	 da	 safra	 destinada	 à	
      fabricação	 de	 etanol,	 o	 que	 faz	 do	 Brasil	 o	 segundo	 maior	 produtor	 do	 combustível	 no	 mundo.	 O	 primeiro	
      lugar	 cabe	 aos	 Estados	 Unidos,	 que	 extraem	 etanol	 de	 milho	 a	 poder	 de	 pesados	 subsídios.	 Dois	 terços	 da	
      produção	nacional	estão	no	Estado	de	São	Paulo.	Avalia-se	que	o	Brasil	precisará	dobrar	sua	produção	num	
      horizonte	de	5	a	7	anos	se	quiser	suprir	as	demandas	locais	e	internacionais	do	combustível,	o	que	exigirá	a	
      construção	de	novas	usinas,	o	crescimento	das	áreas	plantadas,	melhorias	no	manejo	e,	principalmente,	ganhos	de	
      produtividade	(MARQUES,	2009).	O	rendimento	da	cana-de-açúcar	pode	ser	aumentado	localmente	por	meio	
      do	aprimoramento	do	manejo	e	do	aumento	de	insumos,	além	da	utilização	de	abordagens	genéticas	tradicionais	
      voltadas	para	a	otimização	da	resistência	a	doenças	e	o	incremento	do	armazenamento	de	sacarose.	Contudo,	para	
      se	atingirem	maiores	rendimentos,	será	necessário	o	uso	das	abordagens	genômicas	de	alto	desempenho.	Para	se	
      ter	uma	idéia,	o	limite	teórico	máximo	de	rendimento	da	cana	é	de	cerca	de	220	toneladas	por	hectare	por	ano,	o	
      teto	de	rendimento	atual	é	de	100	toneladas	por	hectare	e	a	produção	comercial	atual	é	de	cerca	de	70	toneladas	
      anuais	por	hectare.	O	teto	de	rendimento,	por	sua	vez,	é	estabelecido	por	gargalos	fisiológicos:	características	da	
      cultura,	fenologia	e	características	da	arquitetura	da	célula,	os	obstáculos	que	se	podem	superar	com	as	novas	
      ferramentas	da	genômica	(FAPESP,	2009).	Em	São	Paulo,	a	pesquisa	para	a	bioenergia	da	FAPESP	tem	um	
      orçamento	 previsto	 de	 R$100	 milhões	 no	 período	 2008-2013	 (Marques,	 2009),	 tendo	 sido	 aplicados	 R$65	
      milhões	até	o	final	de	2010	(FAPESP,	2010)


      bioenergia
      Desde	o	final	dos	anos	1970,	o	Estado	foi	o	grande	laboratório	do	Programa	do	Álcool,	com	sua	produção	em	
      larga	escala	de	cana-de-açúcar,	com	a	adaptação	dos	veículos	às	misturas	obrigatórias	de	etanol	com	gasolina,	
      com	a	expansão	da	produção	automobilística	para	suprir	um	grande	mercado	consumidor,	com	a	adequação	da	
      logística	e	da	infraestrutura	ao	novo	combustível.	O	fator	que	motivou	essa	transição	não	era	originariamente	
      ambiental,	 mas	 a	 segurança	 energética	 em	 face	 da	 crise	 do	 petróleo.	 Havia,	 também,	 interesses	 por	 parte	 da	
      agricultura	local	em	garantir	seus	mercados.	Os	ganhos	ambientais	surgiram	imediatamente	no	ar	das	grandes	
      idades,	tanto	com	a	eliminação	do	chumbo	tetraetila	da	gasolina	quanto	com	a	redução	considerável	de	emissões	
      de	material	particulado	de	óxidos	de	enxofre	e	monóxido	de	carbono.	A	produção	de	açúcar	e	álcool,	bastante	
      tradicional,	viu-se	impulsionada	pela	necessidade	de	ganhos	de	escala	e	de	adequação	à	legislação	ambiental	e	
      trabalhista.	Eram	freqüentes	na	imprensa	as	denúncias	de	contaminação	de	cursos	d´água	com	lançamentos	de	
      vinhaça,	de	queimadas	sem	controle	e	de	condições	sub-humanas	de	trabalho	dos	“bóias-frias”.

      No	início	da	década	de	1990,	um	novo	fator	ambiental	foi	agregado	em	favor	da	bioenergia	e	de	outras	fontes	
      renováveis:	a	possibilidade	de	mitigação	das	emissões	dos	gases	de	efeito	estufa.	O	bioetanol,	como	substituto	
      da	gasolina,	reincorpora	o	carbono	que	foi	emitido	para	a	atmosfera.	O	bagaço	da	cana,	subproduto	da	moagem,	
      pode	ser	aproveitado	em	caldeiras	de	alta	pressão	para	gerar	eletricidade.	Os	benefícios	do	combustível	renovável	
      passaram	 a	 ser	 quantificados	 em	 toneladas	 de	 CO2	 evitado.	As	 montadoras	 nacionais	 de	 automóveis,	 que	 já	
      produziam	o	carro	a	álcool,	aceleraram	no	meio	da	década	de	2000	o	desenvolvimento	da	tecnologia	de	motores	
      e	sistemas	flexíveis	,	que	podem	utilizar	qualquer	mistura	de	gasolina	ou	de	etanol.	O	etanol	de	cana,	produzido	




218
com	alta	eficiência,	oferece	consideráveis	ganhos	ambientais.	Contudo,	alguns	de	seus	impactos	negativos	ainda	
geram	questionamentos.	Estes	incluem,	em	nível	local,	a	poluição	do	ar	causada	pela	queima	da	palha	da	cana.	
Em	nível	global,	tem-se	principalmente	a	perda	de	biodiversidade	devida	à	monocultura.	A	legislação	ambiental	
e	as	iniciativas	voluntárias	evoluíram	bastante	nesse	sentido,	reduzindo	a	queima	da	palha	e	promovendo	o	reuso	
da	água,	dentre	outras	boas	práticas.	Apesar	dos	avanços	voluntários	pontuais,	a	questão	da	recomposição	das	
matas	nativas	ainda	não	está	equacionada.

Dezenas	de	iniciativas	de	certificação	ambiental	da	produção	de	etanol	visam	explicitamente	minimizar	esses	
impactos.	Algumas,	 de	 maneira	 implícita,	 são	 utilizadas	 para	 proteger	 a	 agricultura	 local	 de	 países	 de	 clima	
temperado,	fortemente	subsidiada	e	sem	condições	de	competitividade	em	livres	mercados.	Análises	complexas,	
baseadas	 em	 modelagens	 com	 premissas	 questionáveis,	 buscam	 estabelecer	 relações	 de	 causa	 e	 efeito	 entre	 a	
produção	de	etanol	em	regiões	como	São	Paulo	e	o	desmatamento	na	Amazônia.	

Independentemente	 do	 mérito,	 as	 questões	 entre	 comércio	 internacional	 e	 mudanças	 climáticas	 ainda	 não	
apresentaram	 um	 nível	 de	 convergência	 satisfatório,	 que	 aplique	 critérios	 considerados	 fortes	 e	 eqüitativos.	
Tampouco	se	nota	no	contexto	global	uma	regulação	sobre	os	combustíveis	fósseis	proporcional	ao	dano	que	
causam	ao	ambiente.


o petróleo do pré-sal, a segurança energética e o aquecimento global
Com	a	descoberta	do	petróleo	na	camada	pré-sal,	o	Brasil	está	diante	de	uma	importante	opção,	com	reflexos	
no	longo	prazo:	a	dependência	econômica	do	petróleo	e	a	infraestrutura	direcionada	para	atividades	econômicas	
intensivas	em	emissões	de	carbono.	Os	recursos	obtidos	pela	União	com	a	renda	do	petróleo	do	pré-sal	serão	
destinados	ao	Novo	Fundo	Social	(NFS),	que	realizará	investimentos	no	Brasil	e	no	exterior	com	o	objetivo	de	
evitar	a	chamada	“doença	holandesa”,	quando	o	excessivo	ingresso	de	moeda	estrangeira	gera	forte	apreciação	
cambial,	 enfraquecendo	 o	 setor	 industrial.	 De	 acordo	 com	 o	 governo	 federal,	 a	 implantação	 deste	 fundo	
será	articulada	com	uma	política	industrial	voltada	as	áreas	de	petróleo	e	gás	natural,	criando	uma	cadeia	de	
fornecedores	de	bens	e	serviços	nas	indústrias	de	petróleo,	refino	e	petroquímico.	Parte	das	receitas	oriundas	dos	
investimentos	do	fundo	irá	retornar	à	União,	que	aplicará	os	recursos	em	programas	de	combate	à	pobreza,	em	
inovação	científica	e	tecnológica	e	em	educação	(VEJA	ON-LINE,	2009).

Considerável	 parcela	 dos	 impactos	 ambientais	 globais	 provém	 do	 uso	 de	 petróleo	 e	 de	 outros	 combustíveis	
de	origem	fóssil.	O	suprimento	de	petróleo	é	visto	por	muitos	como	praticamente	um	sinônimo	de	segurança	
energética,	uma	vez	que	os	setores	convencionais	da	economia	se	apóiam	na	utilização	especialmente	de	seus	
derivados	para	a	produção	de	eletricidade,	para	grande	parte	da	indústria	e	para	o	ramo	de	serviços,	como	o	
transporte	rodoviário	de	pessoas	e	cargas.	Muitos	países	são	dependentes	de	importações	de	petróleo.	A	economia	
de	diversos	outros	está	apoiada	na	produção	desse	energético	para	exportação.	

A	 opção	 de	 explorar	 petróleo	 de	 altas	 profundidades	 era	 vista	 pelo	 Presidente	 Obama	 (EUA)	 como	 uma	
forma	de	se	obter	a	garantia	do	suprimento	de	energia,	até	que	o	desastre	na	plataforma	de	extração	Deepwater	
Horizon,	no	Golfo	do	México	se	tornou	um	importante	precedente	para	se	avaliarem	impactos	ambientais	da	
exploração	de	petróleo	em	altas	profundidades.	O	Brasil,	obrigatoriamente,	terá	de	prestar	atenção	nas	lições	do	
desastre.	O	país	extrai	do	oceano	90%	do	petróleo	que	produz,	em	826	poços	marítimos,	200	deles	em	águas	
profundas.	A	exploração	e	o	transporte	de	petróleo	já	provocaram	vários	acidentes	no	litoral	brasileiro,	dentre	os	
quais	o	vazamento	na	refinaria	Duque	de	Caxias	na	Baía	de	Guanabara	no	ano	2000,	o	incêndio	da	plataforma	
de	 Enchova	 na	 Bacia	 de	 Campos	 em	 1984	 e	 a	 explosão	 da	 plataforma	 P-36,	 também	 nessa	 Bacia	 em	 2001	
(SALVADOR	e	COSTA,	2010).




                                                                                                                              219
Outros	impactos	ambientais	incluem	os	da	prospecção	sísmica	do	petróleo,	que	utiliza	tecnologia	semelhante	
      ao	sonar	de	baleias	e	golfinhos.	Suspeita-se	que	o	encalhe	de	golfinhos	e	baleias	nas	praias	pode	ter	relação	com	
      os	pulsos	sonoros	disparados	pelos	navios	de	sísmica.	Tartarugas	também	poderiam	ser	afetadas,	desviando-se	
      de	suas	rotas	de	migração.	Algumas	evidências	sugerem	que	a	atividade	tenha	ainda	efeitos	negativos	sobre	a	
      pesca	comercial,	por	afugentar	os	peixes,	além	de	possivelmente	alterar	seus	padrões	de	acasalamento	e	desova	
      (CHRISTANTE,	2009).	

      Além	dos	problemas	intrínsecos	ao	consumo	de	combustíveis	fósseis	–	especialmente	o	aquecimento	global	e	a	
      poluição	do	ar	local	(o	diesel	brasileiro	é	um	dos	piores	do	mundo	em	termos	de	qualidade)	-	os	hidrocarbonetos	
      do	pré-sal	possuem	um	alto	teor	de	CO2,	que	será	despejado	na	atmosfera	ou,	com	consideráveis	custos	energéticos	
      e	econômicos,	em	parte	separado	e	reinjetado	no	próprio	reservatório.	Os	investimentos	nessa	tecnologia	e	em	
      toda	a	infraestrutura	da	cadeia	desse	petróleo	representam	derivações	–	com	consideráveis	riscos	de	insucesso	-	
      do	que	poderia	ser	investido	em	eficiência	energética	e	em	fontes	renováveis	de	energia	(CHRISTANTE,	2009).	
      A	exploração	do	petróleo	da	camada	pré-sal	prevê	investimentos	de	algo	entre	150	e	600	bilhões	de	dólares	para	
      retirar	petróleo	de	profundidades	acima	de	7	km.	Ainda	não	estão	totalmente	superados	os	desafios	tecnológicos	
      para	explorar	esse	petróleo	e	existe	a	chance	de	a	rocha-reservatório,	que	armazena	o	petróleo	e	os	gás	em	seus	
      poros,	não	se	prestar	à	produção	em	larga	escala	a	longo	prazo.	Além	disso,	há	o	receio	de	que	a	alta	concentração	
      de	dióxido	de	carbono	presente	no	petróleo	do	local	possa	danificar	as	instalações.	(VEJA	ON-LINE,	2009)


      as políticas climáticas nacional e paulista
      Em	 relação	 às	 mudanças	 climáticas,	 os	 compromissos	 assumidos	 internacionalmente	 pelo	 Brasil	 prevêem	 a	
      redução	de	emissões	de	gases	de	efeito	estufa	principalmente	no	setor	de	mudança	no	uso	da	terra	–	basicamente	
      o	 desmatamento	 evitado.	 Isso	 é	 muito	 importante,	 uma	 vez	 que	 esse	 é	 o	 setor	 predominante	 em	 termos	 de	
      emissões	 nacionais,	 além	 de	 uma	 urgente	 questão	 quanto	 à	 proteção	 da	 biodiversidade.	 Entretanto	 o	 setor	
      Energia	prevê	um	vigoroso	aumento	nas	emissões.	O	governo	federal	se	comprometeu	com	uma	meta	de	redução	
      voluntária	baseada	num	cenário	tendencial	de	crescimento	para	2020.	Sobre	o	total	projetado	de	crescimento	
      para	2020,	são	2,7	bilhões	de	toneladas	de	CO2	equivalente.	seriam	emitidos,	conforme	apontado	na	Tabela	
      4.1.	Considerando	esse	total	a	proposta	de	redução	varia	entre	36,1%	a	38,9%.	A	redução	de	36,1%	a	38,9%	do	
      cenário	tendencial	de	2020	equivale	a	uma	meta	de	redução	que	varia	de	25	a	21,5%	das	emissões	de	2020,	sobre	
      os	níveis	de	2005.


                                                                tabela 4. 1
             ProPosta brasileira de redução de eMissões levada à conFerência de coPenHaGue eM 2009

                                                      emissões           redução das
                       emissões       emissões                                                 % de redução das      total a ser emitido
                                                      no cenário           emissões
                        em 2005        em 2007                                                emissões em relação   em 2020 (milhões de
                                                    tendencial de      (milhões de tco2
          setores       (milhões       (milhões                                                ao cenário de 2020    tco2 equivalente)
                                                    2020 (milhões        equivalente)
                        de tco2        de tco2
                                                       de tco2
                      equivalente)   equivalente)
                                                     equivalente)      Mínima        Máxima   Mínima    Máxima      Mínimo     Máximo
      agropecuária         487           479            627               133         166     21,21%     26,48%       494        461
      indústria e
                           86            60              92                8           10     8,70%      10,87%        84         82
      resíduos
      energia             362            381            901               166         207     18,42%     22,97%       735        694
      desmatamento        1268           770            1084              669         669     61,72%     61,72%       415        415

           total          2203          1690            2703              976         1052    36,11%     38,92%       1728       1652

                                                              Fonte: Brasil (2009)




220
Considerando	o	total	de	emissões	previsto	para	2020	com	a	redução	cumprida	no	ano,	haveria	um	aumento	
considerável	da	emissão	dos	setores	de	indústrias	e	resíduos,	bem	como	de	energia.	Apenas	no	setor	de	energia	
significa	um	aumento	entre	82,1%	e	92,9%,	com	a	meta	sendo	cumprida,	tendo	como	base	o	cenário	tendencial	
de	2020.	Isto	significa	que	o	crescimento	da	emissão	do	setor	energético	será	de	aproximadamente	6%	ao	ano.	

Numa	primeira	análise,	pode-se	entender	que	as	emissões	energéticas	serão	“compensadas”	pelo	desmatamento	
que	 deverá	 ser	 contido.	 Entretanto,	 enquanto	 as	 emissões	 mitigadas	 pelo	 desmatamento	 são	 contabilizadas	
uma	única	vez,	as	que	provêm	do	consumo	de	energia	se	refletem	durante	décadas,	devido	às	decisões	tomadas	
sobre	a	infraestrutura.	Grandes	obras	de	infraestrutura	são	realizadas	principalmente	com	recursos	da	União.	A	
concentração	de	receitas	e	investimentos	também	está	na	esfera	federal.	Políticas	nacionais	prevêem	o	aumento	
nas	emissões	de	gases	de	efeito	estufa	no	setor	de	energia,	conseqüência	de	uma	maior	produção	de	eletricidade	
por	termelétricas,	pela	exploração	do	petróleo	da	camada	pré-sal	na	costa	e	pelos	massivos	investimentos	em	
infraestrutura	de	transporte	e	de	produção	baseada	nos	modelos	tradicionais.	Também	muitas	das	decisões	que	
afetam	São	Paulo	partem	da	União	por	disposição	constitucional.	Podem-se	citar	a	qualidade	de	combustíveis,	
padrões	de	eficiência	de	produtos	(em	especial	veículos),	regulação	de	produção	e	consumo,	legislação	de	trânsito	
e	boa	parte	da	ambiental.

Metade	das	emissões	de	gases	de	efeito	estufa	do	Estado	de	São	Paulo	–	cerca	de	80	milhões	de	toneladas	de	
CO2	provêm	do	Setor	Energia.	No	Estado,	a	Lei	13.798/2009	prevê	como	meta	a	redução	global	de	20%	(vinte	
por	cento)	das	emissões	de	dióxido	de	carbono	relativas	a	2005	até	2020.	A	meta	é	absoluta	–	e	não	baseada	em	
projeções	tendenciais.


                                                         tabela 4. 2
       eMissões (MilHões de toneladas) do estado de são Paulo eM 2005, resultados PreliMinares

                                                                     total de Gases de efeito estufa em co2
                              2005                                                                            somente co2
                                                                                  equivalente
energia                                                                              81,22                       79,79
uso do solo, mudança no uso do solo e florestas                                      13,16                       13,16
resíduos                                                                              9,37                       0,02
agropecuária                                                                         28,61                       0,40
indústria                                                                            11,10                       3,98

                              total                                                 143.46                       97.36

                                                  Fonte: CETESB/PROCLIMA (2010)


A	adoção	de	uma	lei	prevendo	a	descarbonização	da	economia	paulista	possui	diversos	fatores	motivantes:	a	
manutenção	e	incremento	da	competitividade	econômica,	a	geração	de	empregos	em	uma	economia	baseada	
em	produtos	de	alto	valor	agregado,	a	proteção	do	sistema	climático	global,	a	conservação	da	biodiversidade	e	a	
preservação	de	outros	recursos	naturais	através	das	gerações.	A	urgência	da	ação	paulista	tem	por	base	o	objetivo	
final	 da	 Convenção-Quadro	 das	 Nações	 Unidas	 sobre	 Mudanças	 Climáticas	 -	 e	 de	 quaisquer	 instrumentos	
jurídicos	com	ela	relacionados	que	adote	a	Conferência	das	Partes	–	que	é	o	de	“alcançar	a	estabilização	das	
concentrações	de	gases	de	efeito	estufa	na	atmosfera	num	nível	que	impeça	uma	interferência	antrópica	perigosa	no	
sistema	climático.	Esse	nível	deverá	ser	alcançado	num	prazo	suficiente	que	permita	aos	ecossistemas	adaptarem-
se	naturalmente	à	mudança	do	clima,	que	assegure	que	a	produção	de	alimentos	não	seja	ameaçada	e	que	permita	
ao	desenvolvimento	econômico	prosseguir	de	maneira	sustentável”.	O	aquecimento	global	é	hoje	um	fenômeno	
bastante	conhecido.	Para	combatê-lo	é	necessário	primeiro	atacar	suas	causas,	reduzindo	as	emissões	dos	gases	
de	efeito	estufa.	Isto	deve	ser	feito	com	a	máxima	urgência,	porque	o	sistema	climático	da	Terra	é	dinâmico	e	a	
capacidade	dos	ecossistemas	em	se	adaptar	a	essa	realidade	é	limitada	e	está	se	esgotando.	Para	se	emitir	menos	
gases	estufa	é	preciso,	intrinsicamente,	consumir	menos	e	melhor,	adotando-se	padrões	eficientes	e	sustentáveis	




                                                                                                                            221
que	reduzam	a	pressão	sobre	os	recursos	naturais.	Deve-se	ter	em	conta	sempre	a	inércia	dos	sistemas	humanos	
      e	naturais:	novas	políticas	e	tecnologias	levam	tempo	para	serem	postas	em	prática.	Leva	ainda	mais	tempo	para	
      os	sistemas	naturais	assimilarem	seus	impactos	benéficos	(Figura	4.2).	


                                                                          FiGura 4. 2
      MitiGação de iMPactos aMbientais neGativos: escala de teMPo Para os eFeitos de uMa nova tecnoloGia


                                                                                                                   “business
                                                Inércia dos                                                        as usual”:
                                                                                                                   impactos
                                                sistemas                                                           sem as
                                                humanos                                       Tecnologias          medidas


                                                                                                                                impactos
                 Impactos cumulativos




                                                                                                                                mitigados

                                                                                                              Inércia dos
                                                                              Acordos
                                                                                                              sistemas naturais:
                                                                                                              clima, seres vivos,
                                                                                                              correntes etc.
                                                      Reconhecimento
                                           Metas
                                        intrínsecas



                                                                                                     Impactos desejáveis




                                                                              Tempo
                                                                  Fonte: Goldemberg e Lucon (2009)


      conclusões
      São	Paulo	e	o	Brasil	estão	diante	de	uma	importante	opção	quanto	ao	seu	futuro	energético,	ambiental,	social	e	
      econômico.	De	um	lado,	estão	as	energias	renováveis	e	a	eficiência	energética.	De	outro,	a	exploração	do	petróleo	
      e	 a	 infraestrutura	 produtiva	 carbono-intensiva.	 É	 uma	 aposta	 considerável,	 ainda	 que	 ambas	 as	 alternativas	
      tenham	como	pano	de	fundo	o	desenvolvimento	do	país.	As	trajetórias	e	compromissos	do	estado	e	do	país	são	
      conflitantes	no	que	se	refere	às	emissões	de	gases	de	efeito	estufa	e	isso	precisa	ser	equacionado	o	quanto	antes,	
      preferencialmente	em	favor	da	proteção	do	sistema	climático	global	e	da	biodiversidade.	Dentre	as	alternativas	
      para	mitigar	as	emissões,	já	se	tem	o	uso	sustentável	da	bioenergia,	com	o	auxílio	da	biotecnologia.	A	proteção	da	
      biodiversidade	depende	da	mitigação	de	diversos	impactos,	tanto	reduzindo-se	o	consumo	de	combustíveis	fósseis	
      quanto	respeitando-se	as	fronteiras	dos	ecossistemas.	Muitas	dessas	medidas	estão	na	esfera	de	competência	da	
      União,	o	que	torna	ainda	mais	difícil	a	tarefa	para	o	Estado	de	São	Paulo.


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222
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                                                                                                                                   223
4.4 a alcoolquímica no cenário futuro da cana-de-açúcar
      alfred szwarc17



      introdução
      Referência	internacional	no	uso	de	etanol	como	combustível	automotivo,	o	Brasil	tem	se	notabilizado	por	desen-
      volver,	em	larga	escala,	a	experiência	mais	bem	sucedida	no	mundo	de	substituição	de	combustíveis	fósseis	por	
      uma	fonte	de	energia	mais	limpa	e	renovável.	O	etanol,	juntamente	com	o	bagaço	da	cana,	largamente	utilizado	
      para	geração	de	energia	térmica	e	elétrica,	representa	18,1%	da	oferta	interna	de	energia,	o	que	qualifica	a	cana-
      de-açúcar	como	a	segunda	maior	fonte	de	energia	na	matriz	energética	nacional18.

      Pelo	fato	do	país	ser	tecnologicamente	avançado	na	produção	de	etanol,	e	por	estar	continuamente	expandindo	
      a	sua	produção	em	bases	competitivas	com	os	derivados	do	petróleo,	possui	condições	para	diversificar	e	ampliar	
      a	gama	de	aplicações	do	produto.	Uma	das	principais	alternativas	é	o	desenvolvimento	da	alcoolquímica,	que	se	
      baseia	na	utilização	do	etanol	(álcool	etílico)	como	matéria-prima	para	a	fabricação	de	produtos	químicos	com	
      amplo	uso	industrial	como	eteno,	butadieno,	acetaldeído,	acetona,	ácido	acético,	acetato	de	etila	e	etileno	glicol,	
      entre	outros.

      A	alcoolquímica	não	é	exatamente	uma	novidade,	havendo	registros	de	sua	utilização	em	escala	comercial	no	país	
      desde	a	década	de	1940.	A	Rhodia,	por	exemplo,	introduziu	o	uso	do	etanol	em	sua	cadeia	produtiva	em	1944.	
      Até	a	inauguração	das	centrais	petroquímicas	na	década	de	1970,	empresas	como	a	Salgema,	Union	Carbide,	
      Eletrocloro,	Solvay	e	Companhia	Alcoolquímica	Nacional	utilizaram	o	etanol	como	matéria	prima	para	fabricar	
      eteno,	insumo	fundamental	para	a	produção	de	importantes	polímeros	como	o	polietileno	e	o	PVC.	Além	dessas	
      empresas,	a	Companhia	Pernambucana	de	Borracha	Sintética,	também	utilizando	a	rota	do	etanol,	produziu	
      butadieno,	base	de	seus	produtos.

      Somente	nos	anos	setenta,	depois	de	implantada	a	alcoolquímica	no	país,	é	que	surgiu	a	indústria	petroquímica,	
      possibilitando	uma	enorme	oferta	de	derivados	de	petróleo	e	de	gás	natural	a	preços	mais	atrativos	que	o	etanol,	
      o	que	afetou	significativamente	a	sua	competitividade,	particularmente	na	produção	de	eteno.	Contudo,	as	crises	
      mundiais	de	fornecimento	de	petróleo	ocorridas	em	1973	e	em	1979,	que	elevaram	substancialmente	o	preço	de	
      seus	derivados,	deram	à	alcoolquímica	novo	fôlego,	possibilitando	a	sua	expansão	até	meados	da	década	de	1980.	
      Posteriormente,	com	a	queda	nos	preços	do	petróleo	e	a	eliminação	de	subsídios	para	o	etanol,	a	alcoolquímica	
      perdeu	novamente	atratividade.

      Mais	recentemente,	o	ciclo	de	aumento	nos	preços	do	petróleo	registrado	a	partir	de	2004,	e	que	atingiu	o	pico	
      de	148	dólares	o	barril	em	2008,	trouxe	novamente	à	tona	o	interesse	pela	alcoolquímica.	Outras	razões	também	
      vieram	contribuir	para	o	seu	renascimento,	sendo	a	questão	ambiental	um	fator	estratégico.	A	preocupação	com	
      a	poluição	e	o	aquecimento	global	tem	estimulado	a	utilização	de	processos	industriais	mais	eficientes	e	menos	
      impactantes,	especialmente	em	termos	de	emissão	de	substâncias	intensificadoras	do	efeito	estufa.	Além	disso,	
      a	exaustão	das	reservas	conhecidas	de	petróleo,	e	o	fato	de	que	a	exploração	das	grandes	reservas	que	vem	sendo	
      descobertas	envolve	maiores	riscos	ambientais	e	custos	mais	elevados,	tem	incentivado	a	indústria	química	a	
      diversificar	as	suas	fontes	de	matérias	primas	e	buscar	alternativas	de	origem	renovável.




      17		Engenheiro	Mecânico,	M.Sc.	em	Engenharia	Ambiental	e	Especialista	em	Bicombustíveis.	É	diretor	da	ADS	tecnologia	e	desenvolvimento	sustentável	
      e	consultor	técnico	da	UNICA	(União	da	Indústria	da	Cana-de-açúcar).
      18		Ano-base	2009,	Ministério	de	Minas	e	Energia	e	Empresa	de	Pesquisa	Energética,	2010.




224
consolidação da alcoolquímica
Em	2007,	quando	os	investimentos	na	indústria	da	cana-de-açúcar	não	paravam	de	se	multiplicar,	três	projetos	
importantes	na	área	da	alcoolquímica	foram	anunciados,	sendo	dois	voltados	para	a	produção	de	polietileno	e	
um	para	a	produção	de	PVC.	O	interesse	pelo	polietileno	é	justificado	por	se	tratar	do	plástico	mais	utilizado	
no	 mundo	 (indústria	 automobilística,	 de	 cosméticos,	 de	 embalagens,	 brinquedos,	 higiene,	 limpeza	 etc.)	 e,	
por	conseguinte,	apresentar	altas	taxas	de	crescimento.	Como	o	polietileno	produzido	a	partir	do	etanol	tem	
características	e	propriedades	idênticas	às	do	produto	de	origem	fóssil,	pode	ser	utilizado	nas	mesmas	aplicações.	
Quanto	 ao	 PVC,	 trata-se	 de	 um	 tipo	 de	 plástico	 largamente	 utilizado	 na	 construção	 civil	 e	 no	 saneamento	
básico,	mas	também	com	importantes	aplicações	em	outras	áreas	como	na	medicina,	indústria	automobilística,	
embalagens,	brinquedos	etc.	Analogamente	ao	que	acontece	com	o	polietileno,	o	PVC	fabricado	com	matéria	
prima	derivada	de	etanol	apresenta	a	mesma	versatilidade	e	características	do	produto	de	origem	fóssil.

Projetos	anunciados	em	2007	e	seu	estágio	atual:

A	Braskem,	gigante	brasileira	do	setor	petroquímico,	desenvolveu	um	projeto	de	alcoolquímica	para	a	produção	
de	200	mil	toneladas	anuais	de	polietileno.	Por	ocasião	do	anúncio	do	projeto	a	direção	da	empresa	previu	que	
uma	parcela	de	sua	clientela	estaria	disposta	a	pagar	um	prêmio	pelo	produto	por	este	ser	produzido	a	partir	da	
cana-de-açúcar,	uma	matéria-prima	renovável	e	sustentável.	A	fábrica	da	Braskem,	instalada	no	Rio	Grande	do	
Sul,	foi	inaugurada	em	2010	e	torna	a	empresa	líder	mundial	na	produção	de	bioplásticos,	frequentemente	tam-
bém	chamados	“plásticos	verdes”.	O	volume	de	etanol	necessário	para	atender	a	produção	é	de	aproximadamente	
450	de	milhões	de	litros	por	ano.	Estimativas	de	ciclo	de	vida	feitas	pela	empresa	indicam	que,	desde	a	origem	
da	matéria	prima	no	canavial	até	a	fabricação	do	polietileno,	cada	tonelada	de	bioplástico	produzido	está	relacio-
nada	à	fixação	de	2.0	a	2,5	toneladas	de	gás	carbônico	(CO2)	da	atmosfera	pela	biomassa.	O	cálculo	tem	como	
premissa	que	a	cana-de-açúcar	utilizada	na	produção	do	etanol	necessário	para	o	processo	industrial	absorve	7,4	
toneladas	de	CO2	por	meio	da	fotossíntese	ao	longo	de	seu	ciclo	de	crescimento,	enquanto	que	a	produção	do	po-
lietileno	emite	4,9	toneladas	de	CO2	por	tonelada.	Em	uma	prova	de	confiança	no	etanol,	a	Braskem	desenvolveu	
um	processo	para	a	produção	em	larga	escala	de	polipropileno.	Esse	produto	é	o	segundo	plástico	mais	utilizado	
no	mundo	e,	devido	às	suas	características	de	elevada	resistência	a	impactos	e	facilidade	de	moldagem	é	bastante	
utilizado	na	produção	de	autopeças,	gabinetes	de	eletrodomésticos,	componentes	de	ferramentas	etc.	A	intenção	
declarada	pela	empresa	é	de	estabelecer	uma	produção	inicial	de	30	mil	toneladas	por	ano,	que	tem	previsão	de	
chegar	ao	mercado	em	2013.	A	fabricante	estima	que	cada	tonelada	de	polipropileno	produzida	deve	apresentar,	
no	ciclo	de	vida,	um	impacto	na	emissão	de	CO2	equivalente	à	estimada	para	o	polietileno.

A	Dow	Chemical,	maior	empresa	química	dos	EUA	e	maior	produtora	mundial	de	polietileno,	anunciou	um	
projeto	ambicioso	visando	a	produção	de	350	mil	toneladas	anuais	de	polietileno,	em	um	complexo	industrial	a	
ser	construído	em	Minas	Gerais.	A	empresa	chegou	a	contratar	o	fornecimento	anual	de	700	milhões	de	litros	de	
etanol,	todavia	a	crise	financeira	global	de	2008	e	dificuldades	com	parceiros	afetaram	o	andamento	do	projeto,	
que	teve	o	seu	desenvolvimento	interrompido.	Com	a	melhoria	do	cenário	econômico	e	crescimento	do	mercado	
de	plásticos	a	Dow	informou,	em	dezembro	de	2010,	que	estava	retomando	o	projeto.

A	Solvay	Indupa,	tradicional	fabricante	belga	de	produtos	químicos,	anunciou	a	intenção	de	construir	uma	plan-
ta	industrial	em	Santo	André,	SP,	para	a	fabricação	de	60	mil	toneladas	anuais	de	eteno,	destinadas	à	produção	
de	PVC.	Para	isso	a	empresa	fechou	um	contrato	para	o	fornecimento	de	150	milhões	de	litros	de	etanol	por	
ano.	Da	mesma	forma	que	a	Dow,	a	Solvay	também	interrompeu	o	projeto	por	conta	da	crise	financeira	global,	
mas	já	anunciou	a	sua	retomada.

Além	dos	projetos	mencionados,	existem	outros	que	vem	sendo	desenvolvidos	há	tempos.	A	Braskem	produz	o	
ETBE,	um	aditivo	para	a	gasolina	que	tem	cerca	de	40%	de	sua	formulação	derivada	de	etanol	e	que	é	destinado	
exclusivamente	para	exportação.	A	unidade	de	ETBE	consome	cerca	de	150	milhões	de	litros	por	ano	de	etanol.	
Outro	caso	é	o	da	Rhodia:	a	empresa	produz	de	15%	a	20%	de	seus	produtos	pela	rota	do	etanol,	consumindo	




                                                                                                                           225
cerca	de	500	milhões	de	litros	por	ano,	o	que	a	torna	uma	das	principais	consumidoras	industriais	do	produto.	
      Além	disso,	fechou	contrato	com	a	Sipchem,	petroquímica	da	Arábia	Saudita,	para	prover	a	tecnologia	de	fa-
      bricação	de	acetato	de	etila	usando	a	rota	do	etanol	e,	a	partir	de	2013,	quando	deve	ser	iniciada	a	produção,	irá	
      fornecer	70	milhões	de	litros	de	etanol	por	ano.

      Em	2010,	a	Coca-Cola	lançou	no	Brasil	as	garrafas	denominadas	“PlantBottle”,	utilizadas	nos	EUA	e	no	Ca-
      nadá	desde	2009.	Consideradas	pela	fabricante	de	bebidas	como	um	passo	positivo	em	direção	da	sustenta-
      bilidade,	são	produzidas	de	bio-PET,	plástico	que	apresenta	as	mesmas	propriedades	que	o	PET	tradicional,	
      mas	que	contêm	na	sua	composição	até	30%	de	eteno	derivado	de	etanol,	substituindo	parcialmente	o	eteno	
      de	 origem	 fóssil.	 Embora	 o	 bio-PET	 seja	 atualmente	 importado,	 a	 Coca-Cola	 vem	 trabalhando	 com	 seus	
      fornecedores	para	que	o	produto	seja	produzido	no	Brasil	e	demonstra	expectativas	de	que	a	fração	de	eteno	
      que	compõe	o	bio-PET	seja,	em	futuro	próximo,	100%	derivada	de	etanol.	A	tendência	de	crescimento	no	
      uso	do	bio-PET	é	significativa	e	vem	ganhando	atenção	internacional.	A	Petrobras	assinou	no	começo	de	
      2011	um	contrato	de	10	anos	para	o	fornecimento	anual	de	143	milhões	de	litros	de	etanol	para	a	produção	
      de	bio-PET	em	Taiwan.

      Um	projeto	inovador	de	produção	de	plástico	a	partir	do	açúcar	da	cana	vem	sendo	conduzido	na	Usina	da	
      Pedra,	em	Ribeirão	Preto	(SP),	onde	uma	unidade	piloto	produz,	desde	2002,	cerca	de	60	toneladas	por	ano	de	
      PHB.	Embora	não	utilize	o	etanol	como	matéria	prima,	mas	o	açúcar,	a	origem	da	matéria	prima	é	a	mesma.	O	
      PHB,	além	de	ser	de	origem	renovável	é	100%	biodegradável,	o	que	agrega	valor	ao	produto.	Embora	ainda	te-
      nha	custo	elevado	e	aplicação	limitada,	praticamente	toda	a	produção	é	exportada	para	os	EUA,	Japão	e	Europa.	
      Uma	nova	planta	industrial,	com	produção	de	10	mil	toneladas	por	ano,	está	prevista	para	entrar	em	operação	
      nos	próximos	anos.

      Os	diversos	processos	que	vem	sendo	desenvolvidos	na	área	da	alcoolquímica	requerem	investimentos	em	ino-
      vação	tecnológica	na	busca	por	novas	aplicações,	aumento	do	rendimento	industrial,	melhor	eficiência	energética	
      e	maior	competitividade	comercial.	Além	desses	investimentos,	que	geram	conhecimento	científico	e	know-how,	
      também	 são	 necessários	 investimentos	 adicionais	 nas	 novas	 unidades	 industriais.	 Para	 que	 todo	 esse	 esforço	
      possa	ser	traduzido	em	sucesso,	as	empresas	que	utilizam	ou	pretendem	utilizar	a	alcoolquímica	tem	que	estar	
      seguras	quanto	ao	fornecimento	do	etanol	e	à	competitividade	do	produto	no	longo	prazo.	Previsibilidade	no	
      fornecimento	de	etanol	é	uma	palavra-chave	e	requer	contratos	de	fornecimento	por	10	anos	ou	mais.	A	questão	
      dos	preços	do	etanol	em	relação	às	matérias	primas	de	origem	fóssil	é,	certamente,	um	fator	crítico	para	a	con-
      solidação	da	alcoolquímica	e	requer	uma	nova	abordagem,	que	valorize	as	externalidades	ambientais	e	sociais	
      positivas	relacionadas	com	a	produção	e	utilização	do	etanol.


      Perspectivas para o setor sucroalcooleiro
      A	consolidação	da	alcoolquímica	abre	novas	perspectivas	para	o	setor	sucroalcooleiro.	De	acordo	com	a	União	
      da	Indústria	da	Cana-de-Açúcar	(UNICA),	o	mercado	de	etanol	para	as	indústrias	químicas	e	farmacêuti-
      cas	movimenta	no	país	um	volume	superior	a	1,5	bilhão	de	litros	por	ano,	que	pode	dobrar	em	alguns	anos.	
      Essa	expectativa	tem	levado	diversas	empresas	do	setor	a	rever	suas	estratégias	de	produção	e	comercializa-
      ção	com	vistas	a	aumentar	sua	participação	nesse	mercado,	que	representa	de	5%	a	10%	da	sua	produção	de	
      etanol.	Como	o	uso	automotivo	do	etanol	deve	continuar	a	se	expandir,	as	empresas	do	setor	interessadas	
      na	alcoolquímica	precisarão	investir	no	aumento	da	capacidade	produtiva.	Esse	aumento	tende	a	acontecer	
      principalmente	nas	regiões	em	que	é	possível	o	aproveitamento	de	terras	ociosas	e	degradadas,	principalmente	
      nos	estados	de	Goiás,	Mato	Grosso	e	Mato	Grosso	do	Sul.	No	estado	de	São	Paulo,	dada	a	limitação	de	dis-
      ponibilidade	de	terras	para	expansão	agrícola	e	considerando	os	custos	elevados	dessas	terras,	o	crescimento	
      da	produção	irá	requerer,	em	grande	parte	dos	casos,	mudanças	tecnológicas	que	possibilitem	aumento	de	
      produtividade	agrícola	e	industrial.




226
A	necessidade	de	aumento	da	produção	para	suprir	as	necessidades	do	mercado	tem	estimulado	a	pesquisa	e	
o	desenvolvimento	tecnológico	visando	o	aproveitamento	total	da	biomassa	da	cana.	Esse	esforço	de	inovação	
aponta	para	uma	nova	configuração	do	setor	no	futuro	e	representa	um	avanço	significativo	em	relação	ao	estágio	
atual,	baseado	essencialmente	no	aproveitamento	da	sacarose	para	a	produção	de	açúcar	e	de	etanol	e	no	uso	
energético	do	bagaço.

A	transformação	das	tradicionais	“usinas	de	açúcar	integradas	com	as	destilarias	anexas”	em	“biorrefinarias”	é	o	
caminho	que	se	apresenta.	A	biorrefinaria	pode	ser	definida	como	um	complexo	agroindustrial	integrado	onde	a	
produção	e	aproveitamento	da	biomassa	são	maximizados,	resultando	em	diversos	produtos	e	energia.	O	concei-
to	é	similar	ao	adotado	nas	refinarias	de	petróleo,	onde	são	produzidos,	de	forma	integrada	e	otimizada,	diversos	
produtos	para	várias	aplicações.	Uma	melhor	eficiência	produtiva	poderá	ser	traduzida	também	em	benefícios	
ambientais	do	uso	de	novas	variedades	de	cana;	de	métodos	mais	avançados	de	plantio,	formação	do	canavial	e	
colheita;	do	processamento	integral	da	biomassa;	do	reaproveitamento	do	uso	da	água	e	da	redução	de	geração	
de	resíduos,	de	efluentes	líquidos	e	de	emissões	atmosféricas.

A	geração	de	energia	em	uma	biorrefinaria	pode	ser	incrementada	por	meio	da	produção	de	biogás	a	partir	da	
vinhaça	e	outros	resíduos	orgânicos	disponíveis,	complementando	as	necessidades	energéticas	da	planta	indus-
trial	ou	sendo	usado	como	combustível	em	motores	estacionários,	máquinas	agrícolas	e	veículos	de	transporte.

A	crescente	mecanização	da	colheita	da	cana-de-açúcar	e	o	consequente	abandono	da	queima	da	palha	da	cana	
no	campo	(prática	adotada	para	facilitar	o	corte	manual,	mas	que	gera	emissão	indesejável	de	poluentes	atmos-
féricos),	disponibiliza	uma	grande	quantidade	de	biomassa	que,	se	adequadamente	aproveitada,	perde	o	estigma	
de	material	indesejável	e	ganha	o	status	de	subproduto	com	valor	econômico.	Atualmente	algumas	empresas	
do	setor	sucroalcooleiro	já	estão	gradualmente	incorporando	a	palha	no	bagaço	para	uso	como	combustível	nas	
caldeiras,	todavia,	uma	biorrefinaria	poderá	dar	utilização	mais	nobre	a	esse	resíduo,	pelo	menos	em	parte,	por	
meio	das	rotas	tecnológicas	mencionadas	a	seguir.

Uma	rota	tecnológica	fundamental	para	a	biorrefinaria	do	futuro	é	a	hidrólise,	que	possibilita	a	conversão	da	
celulose	e	da	hemi-celulose	existentes	no	bagaço	e	na	palha	da	cana	em	açúcares,	que	posteriormente	poderão	ser	
transformados	em	diversos	produtos	como	etanol,	butanol	e	moléculas	de	hidrocarbonetos	(caso	do	farneseno,	
já	apelidado	de	“diesel	da	cana”).	Essa	rota	também	possibilita	a	utilização	da	lignina	existente	na	biomassa	para	
a	geração	de	energia	ou	como	matéria	prima	para	várias	aplicações	(espumas	fenólicas,	tratamento	de	efluentes	
para	remoção	de	metais	pesados	etc.).	Outra	rota	tecnológica	chave	é	a	gaseificação	da	biomassa,	para	a	produção	
de	gás	de	síntese	(gás	rico	em	monóxido	de	carbono	e	hidrogênio),	que	pode	ser	convertido	por	meio	de	reatores	
catalíticos	em	uma	ampla	gama	de	produtos.

Embora	nenhuma	dessas	rotas	ainda	esteja	suficientemente	desenvolvida	para	aplicação	comercial,	importantes	
avanços	já	foram	feitos	possibilitando	a	construção	de	unidades-piloto	e	operação	experimental.	A	hidrólise	vem	
sendo	pesquisada	no	Brasil	por	diversas	universidades	e	instituições	científicas,	destacando-se	os	trabalhos	de-
senvolvidos	pelo	Centro	de	Tecnologia	Canavieira	-	CTC	e	por	algumas	empresas,	como	a	Dedini,	a	Petrobras	
e	a	Oxiteno.	A	gaseificação	do	bagaço	e	da	palha	tem	recebido	menos	atenção,	muito	em	função	dos	elevados	
custos	de	desenvolvimento	dessa	tecnologia	e	carência	de	pesquisadores	na	área.	Dos	estudos	em	andamento	
pode-se	destacar	o	projeto	do	Instituto	de	Pesquisas	Tecnológicas	do	Estado	de	São	Paulo	–	IPT.

As	duas	rotas	tecnológicas,	alcançada	a	etapa	de	viabilidade	comercial,	possibilitam	significativo	aumento	da	pro-
dutividade	na	produção	de	etanol,	que	pode	inclusive	vir	a	dobrar.	Essa	perspectiva	tem	implicações	econômicas	
e	ambientais	positivas,	uma	vez	que	as	necessidades	de	aumento	contínuo	de	produção	poderão	ser	feitas	sem	
que	seja	necessário	aumento	proporcional	de	terras,	insumos	e	equipamentos	agrícolas,	incrementando	dessa	
forma	a	capacidade	do	etanol	em	contribuir	para	a	mitigação	dos	gases	de	efeito	estufa.




                                                                                                                      227
considerações finais
      A	alcoolquímica	representa	uma	grande	oportunidade	de	negócios	para	a	indústria	da	cana-de-açúcar,	entretan-
      to	enfrenta	o	desafio	da	competição	com	os	derivados	de	petróleo	e	o	gás	natural.	Pesa	a	favor	da	alcoolquímica	
      a	possibilidade	de	efetivos	ganhos	ambientais	em	relação	à	petroquímica,	principalmente	quanto	à	redução	de	
      gases	de	efeito	estufa.	Além	disso,	a	alcoolquímica	é	uma	alternativa	tecnicamente	viável	para	suprir	um	mercado	
      que	apresenta	demanda	crescente	por	produtos	fabricados	de	forma	sustentável.

      Muitas	das	unidades	produtoras	de	açúcar	e	etanol	existentes	no	país,	especialmente	as	instaladas	no	estado	de	
      São	Paulo,	já	se	encontram	em	um	estágio	que	permite	classificá-las	como	precursoras	das	biorrefinarias,	pois	
      tem	na	inovação	tecnológica	importante	ferramenta	para	o	crescimento	da	produção.	É	perfeitamente	possível	
      que	em	futuro	próximo	seja	possível	processar	a	totalidade	da	biomassa	existente	na	cana-de-açúcar	e,	dessa	
      forma,	aumentar	a	produção	de	etanol,	inclusive	contemplando	o	abastecimento	da	alcoolquímica.	Outros	pro-
      dutos,	alguns	novos	no	mercado,	caso	do	“diesel	de	cana”,	que	apresenta	diversas	vantagens	técnicas	e	ambientais	
      em	relação	ao	diesel	derivado	de	petróleo,	também	poderão	ser	viabilizados.




228
4.5 transição demográfica e envelhecimento populacional no estado de
são Paulo
carlos eugenio de carvalho Ferreira19
bernadette cunha Waldvogel20


O	 fenômeno	 do	 envelhecimento	 populacional	 vem	 atingindo	 praticamente	 todos	 os	 países	 do	 mundo,	 com	
maior	ou	menor	intensidade,	e	constitui	processo	sem	paralelo	na	história	da	humanidade.	O	decréscimo	da	
fecundidade	observado	na	população	mundial,	acompanhado	de	aumento	contínuo	da	longevidade,	determinou	
importante	retração	nos	ritmos	de	crescimento	demográfico	e	rápido	processo	de	envelhecimento	populacio-
nal.	Segundo	o	relatório	sobre	envelhecimento	populacional	das	Nações	Unidas	de	2007	(World	Population	
Ageing),	aproximadamente	600	milhões	de	pessoas	possuíam	mais	de	60	anos,	em	2000,	no	conjunto	da	po-
pulação	mundial,	devendo	alcançar	2	bilhões	em	2050.	Essa	projeção	indica,	portanto,	que	a	população	idosa	
mundial	poderá	triplicar	de	volume	em	um	espaço	de	50	anos.	Na	atualidade,	esse	segmento	cresce	a	uma	taxa	de	
2,6%	ao	ano,	enquanto	a	população	total	aumenta	1,1%	anualmente.	A	tendência	é	de	que,	até	meados	do	século,	
a	população	idosa	continue	crescendo	em	ritmo	superior	ao	das	demais	faixas	etárias.


                                                                     FiGura 4. 3
                                          PoPulação Mundial de 60 anos e Mais (1950/2050)


            Em milhões
              2.500


                                                                                                                              1.968
              2.000



              1.500
                                                                                                      1.193

              1.000

                                                                                609

                500
                                                        350
                                205


                    0
                                1950                   1975                    2000                    2025                    2050


                                                                  Fonte: United Nations



Uma	população	envelhece	quando	o	aumento	da	proporção	de	idosos	(pessoas	com	mais	de	60	anos)	está	as-
sociado	ao	decréscimo	da	proporção	de	crianças	(menores	de	15	anos).	A	queda	da	fecundidade	é	o	principal	
fator	determinante	desse	processo	de	redução	progressiva	do	ritmo	de	crescimento	dos	nascimentos,	enquanto	

19		Economista,	Mestre	em	Demografia	(Louvain,	Bélgica),	Doutor	em	Saúde	Pública	(USP).	Coordenador	da	Divisão	de	Projeções	Populacionais	da	
Fundação	Seade
20	 	 Estatística,	 Mestre	 em	 Demografia	 (Cedeplar/UFMG),	 Doutora	 em	 Saúde	 Pública	 (USP).	 Gerente	 de	 Indicadores	 e	 Estudos	 de	 População	 da	
Fundação	Seade.




                                                                                                                                                              229
o	dos	idosos	permanece	crescente,	estando	relacionado	ao	aumento	da	longevidade	e	do	volume	das	gerações	
      mais	antigas.	Desta	forma,	a	estrutura	etária	da	população	se	altera	radicalmente	e	a	forma	piramidal,	geralmente	
      utilizada	para	representar	a	distribuição	por	idade	de	uma	população,	vai	perdendo	sua	forma	original	com	o	
      progressivo	estreitamento	da	base.


      a transição demográfica no estado de são Paulo
      O	processo	de	transição	demográfica	da	população	brasileira	e,	mais	especificamente,	da	paulista,	contempla	a	
      queda	acentuada	da	fecundidade	para	níveis	inferiores	ao	da	reposição	e	o	aumento	progressivo	da	esperança	de	
      vida	ao	nascer.

      No	 Estado	 de	 São	 Paulo,	 a	 diminuição	 da	 fecundidade	 foi	 contínua	 de	 1983	 até	 o	 início	 dos	 anos	 1990,	
      quando	ocorreu	uma	relativa	estabilização.	A	partir	de	2000,	a	redução	tem	sido	sistemática,	como	se	pode	
      observar	na	Figura	4.4.

                                                             FiGura 4. 4
                                     taxa de Fecundidade (1) no estado de são Paulo (1980-2009)


                    N. médio
                    de filhos
                  3,7
                  3,5
                  3,3
                  3,1
                  2,9
                  2,7
                  2,5
                  2,3
                  2,1
                  1,9
                  1,7
                  1,5
                  19 0
                  19 1
                  19 2
                  19 3
                     84

                  19 5
                  19 6
                  19 7
                     88

                  19 9
                  19 0
                  19 1
                     92

                  19 3
                  19 4
                     95

                  19 6
                  19 7
                  19 8
                  20 9
                     00

                  20 1
                  20 2
                     03

                  20 4
                  20 5
                  20 6
                     07

                  20 8
                     09
                     8
                     8
                     8
                     8

                     8
                     8
                     8

                     8
                     9
                     9

                     9
                     9

                     9
                     9
                     9
                     9

                     0
                     0

                     0
                     0
                     0

                     0
                  19




                  19




                  19




                  19



                  19




                  20



                  20




                  20




                                                          Fonte: Fundação Seade

      Nota:	(1)		Número	médio	de	filhos	por	mulher



      Assim,	a	taxa	de	fecundidade	do	Estado	de	São	Paulo,	elaborada	com	base	nas	informações	do	Registro	Civil	
      produzidas	na	Fundação	Seade,	passou	de	3,4	filhos	em	média	por	mulher,	no	início	da	década	de	1980,	para	
      cerca	de	2,3	filhos,	nos	anos	1990.	Os	indicadores	para	a	década	seguinte	indicam	que	a	fecundidade	reduziu-
      se	consideravelmente,	passando	a	valores	inferiores	ao	nível	de	reposição	(2,1	filhos	por	mulher)	até	alcançar	o	
      mínimo	de	1,7	filho,	em	2007,	que	permanece	até	2009.

      A	tendência	da	fecundidade	alterou	significativamente	a	evolução	do	número	de	nascidos	vivos	no	Estado	de	São	
      Paulo,	no	período	de	1970	a	2009,	como	mostra	a	Figura	4.5.

      Nesse	período,	os	nascimentos	no	Estado	alcançaram	um	volume	máximo	em	1982	(772	mil	nascidos	vivos),	
      passando	a	diminuir	até	o	início	dos	anos	1990,	quando	ocorreu	uma	recuperação	relativa,	mas	sem	chegar	ao	
      nível	máximo	registrado	anteriormente.	A	primeira	década	do	novo	século	apresentou	decréscimo	sistemático	do	
      número	de	nascidos	vivos,	atingindo	598	mil	em	2009.




230
A	tendência	de	queda	do	número	de	nascimentos	em	São	Paulo	determina	a	formação	de	gerações	cada	vez	
menores,	que	reproduzem	uma	população	jovem	decrescente	ao	longo	do	tempo.


                                                   FiGura 4. 5
                             nascidos vivos no estado de são Paulo (1970-2009)


        Em mil

         800

         750

         700

         650

         600

         550

         500

         450

         400
                  73




                                            85




                                                                                            06
                                                                             97
                               79


                                      82




                                                    88




                                                                        94




                                                                                  00
           70




                                                             91




                                                                                                 09
                        76




                                                                                       03
          19


                 19


                       19


                             19


                                    19


                                           19


                                                   19


                                                           19


                                                                   19


                                                                             19


                                                                                  20


                                                                                       20


                                                                                            20


                                                                                                 20
                                                Fonte: Fundação Seade


A	evolução	do	indicador	sintético	de	nível	da	mortalidade	–	a	esperança	de	vida	ao	nascer	–	no	período	1940-
2009,	indica	progresso	contínuo	na	luta	contra	a	mortalidade	e	nítido	aumento	da	vida	média	da	população	
paulista	(Tabela	4.3).

Os	maiores	ganhos	de	esperança	de	vida	foram	registrados	entre	1940	e	1960,	como	resultado	da	redução	da	
incidência	e	da	letalidade	de	muitas	doenças	infecciosas	e	parasitárias	responsáveis	pela	elevada	frequência	de	
mortes	evitáveis,	sobretudo	na	população	infantil.	

Durante	a	década	de	1970,	as	intervenções	governamentais	na	área	da	saúde	pública,	com	ênfase	na	expansão	da	
rede	de	água	e	esgoto	e	de	serviços	básicos,	resultaram	na	diminuição	das	taxas	de	mortalidade	e	no	aumento	da	
esperança	de	vida	em	várias	regiões	do	país	e,	mais	especificamente,	no	Estado	de	São	Paulo.	

Na	década	de	1980,	manteve-se	a	tendência	de	redução	da	mortalidade	em	São	Paulo,	principalmente	da	infan-
til,	o	que	representou	contribuição	importante	para	o	crescimento	da	esperança	de	vida	ao	nascer.	Entretanto,	
intensificou-se	o	aumento	da	mortalidade	masculina	precoce	por	acidentes	e	violências,	principalmente	na	faixa	
etária	de	15	a	39	anos,	o	que	se	refletiu	negativamente	no	cômputo	da	vida	média,	reduzindo-se	assim	os	ganhos	
em	esperança	de	vida.

O	início	do	novo	século	veio	acompanhado	de	redução	significativa	das	causas	violentas,	com	reflexos	positivos	
importantes	sobre	a	esperança	de	vida	paulista.

Cabe	destacar,	nesse	processo	de	transição	da	mortalidade,	a	tendência	de	aumento	da	esperança	de	vida	aos	60	
anos	de	idade,	que	reflete	maior	longevidade	da	população	e	contribui,	por	sua	vez,	para	o	processo	de	envelhe-
cimento	demográfico.




                                                                                                                   231
tabela 4. 3
                    esPerança de vida ao nascer e aos 60 anos no estado de são Paulo (1940-2009)

                                                                    esperança de vida (em anos)
                                         anos
                                                                 ao nascer             aos 60 anos
                                         1940                      45,4                   13,3
                                         1960                      60,0                   15,8
                                         1980                      66,7                   17,5
                                         2000                       71,6                  19,6
                                         2005                       73,7                  20,2
                                         2009                       74,4                  20,5

                                                      Fonte: Fundação Seade

      A	queda	da	fecundidade,	que	resultou	na	diminuição	dos	nascimentos	e	na	redução	acentuada	do	crescimento	
      vegetativo,	teve	impacto	significativo	sobre	a	evolução	das	taxas	de	crescimento	populacional	do	Estado,	que	
      apresentaram	ritmo	decrescente	(Tabela	4.4).	Entre	1970	e	1980,	a	taxa	de	crescimento	era	de	3,51%	ao	ano	e	foi	
      se	reduzindo	até	atingir	1,10%	ao	ano	na	última	década	(2000-2010).

      Embora	o	saldo	migratório	para	o	Estado	de	São	Paulo,	que	já	foi	elevado	no	passado,	tenha	também	diminuído,	
      é	a	redução	do	crescimento	vegetativo	que	responde	fundamentalmente	pela	retração	do	ritmo	de	crescimento	
      demográfico	no	Estado.

                                                             tabela 4. 4
                              evolução da PoPulação do estado de são Paulo (1970-2010)

                                                                   crescimento        taxa anual de
                                  anos          População
                                                                  absoluto anual     crescimento (%)

                                  1970          17.670.013            728.323              3,51
                                  1980          24.953.238            589.367              2,12
                                  1991          31.436.273            615.345              1,82
                                  2000          36.974.378            427.778              1,10
                                  2010          41.252.160                 -                 -

                                                   Fonte: Fundação Seade e IBGE


      Em	síntese,	o	rápido	processo	de	transição	demográfica	no	Estado	de	São	Paulo	introduziu	mudanças	signifi-
      cativas	nos	padrões	e	tendências	populacionais.	A	fase	de	população	eminentemente	jovem	associada	a	elevadas	
      taxas	de	crescimento	populacional	está	sendo	substituída	por	um	perfil	etário	cada	vez	mais	envelhecido	e	asso-
      ciado	a	baixas	taxas	de	crescimento	demográfico.

      Se	a	diminuição	do	ritmo	de	crescimento	demográfico	reduz	pressões	em	diversos	setores	da	sociedade	e	con-
      templa	o	planejamento	com	maior	fôlego	para	realizações	almejadas,	as	tendências	do	novo	perfil	etário	da	po-
      pulação	alertam	para	o	fato	de	que	as	demandas	sociais	no	âmago	da	sociedade	paulista	estão	paulatinamente	se	
      alterando	e	pendendo	para	o	segmento	mais	idoso	da	população.

      as transformações na estrutura etária paulista
      A	evolução	da	pirâmide	etária	do	Estado	de	São	Paulo,	entre	1950	e	2050,	deixa	evidente	o	impacto	do	processo	
      de	envelhecimento	e	as	profundas	mudanças	que	estão	em	andamento	na	composição	por	idade	da	população.

      No	passado,	a	estrutura	por	idade	da	população	se	assemelhava	a	uma	pirâmide	com	base	muito	ampla,	que	
      representava	os	mais	jovens,	e	cúspide	estreita,	onde	se	concentravam	as	idades	mais	avançadas.	O	processo	de	
      envelhecimento	demográfico	vem	distorcendo	a	forma	tradicional	da	pirâmide,	como	pode	ser	visto	na	Figura	
      4.6,	que	apresenta	as	pirâmides	de	1950	a	2050.	




232
FiGura 4. 6
             PirâMides etárias da PoPulação residente, Por sexo, no estado de são Paulo (1950-2050)


                  Homens                                                                          Mulheres
                                                          75 e +
                                                          70 a 74                                       1950
                                                          65 a 69
                                                          60 a 64
                                                          55 a 59
                                                          50 a 54
                                                          45 a 49
                                                          40 a 44
                                                          35 a 39
                                                          30 a 34
                                                          25 a 29
                                                          20 a 24
                                                          15 a 19
                                                          10 a 14
                                                          05 a 09
    %                                                     00 a 04
                                                                                                                        %
        10    9    8   7   6   5   4   3   2   1     0              0    1    2   3   4   5   6     7   8      9   10



                  Homens                                                                          Mulheres
                                                          75 e +
                                                          70 a 74
                                                          65 a 69                                       2000
                                                          60 a 64
                                                          55 a 59
                                                          50 a 54
                                                          45 a 49
                                                          40 a 44
                                                          35 a 39
                                                          30 a 34
                                                          25 a 29
                                                          20 a 24
                                                          15 a 19
                                                          10 a 14
                                                          05 a 09
    %                                                     00 a 04
                                                                                                                        %
        10    9    8   7   6   5   4   3   2   1     0              0    1    2   3   4   5   6     7   8      9   10



                  Homens                                                                          Mulheres
                                                          75 e +
                                                          70 a 74
                                                          65 a 69
                                                                                                        2050
                                                          60 a 64
                                                          55 a 59
                                                          50 a 54
                                                          45 a 49
                                                          40 a 44
                                                          35 a 39
                                                          30 a 34
                                                          25 a 29
                                                          20 a 24
                                                          15 a 19
                                                          10 a 14
                                                          05 a 09
    %                                                     00 a 04
                                                                                                                        %
        10    9    8   7   6   5   4   3   2   1     0              0    1    2   3   4   5   6     7   8      9   10

                                               Fonte: Fundação Seade e IBGE




Em	1950,	a	base	da	pirâmide	da	população	do	Estado	de	São	Paulo,	representada	pelo	grupo	de	0	a	4	anos,	
corresponde	à	maior	participação	relativa	no	total	da	população.	Os	grupos	etários	subsequentes	reduzem	sua	
participação	à	medida	que	as	idades	avançam,	delineando,	assim,	a	forma	clássica	de	uma	pirâmide.




                                                                                                                            233
Já	em	2000,	o	traçado	geométrico	apresenta	mutações	em	consequência	do	estreitamento	da	base	da	pirâmide	e	
      do	alargamento	das	faixas	etárias	mais	avançadas.	A	queda	da	fecundidade	e	a	consequente	redução	do	número	
      de	nascimentos	no	Estado,	durante	a	década	de	1980,	foi	impactante	na	estrutura	etária	da	população	paulista,	ao	
      reduzir	drasticamente	a	participação	da	população	jovem.	Por	outro	lado,	os	grupos	etários	que	estão	chegando	
      ao	topo	da	pirâmide	pertencem	a	gerações	crescentes	devido	à	elevada	fecundidade	no	passado	e	também	por	se	
      beneficiarem	de	maior	longevidade.

      As	 projeções	 demográficas	 para	 2050	 indicam	 profunda	 transformação	 na	 estrutura	 etária	 da	 população.	 A	
      geometria	da	figura	deixa	de	ser	a	da	pirâmide	tradicional,	passando	a	exibir	uma	figura	que	se	parece	com	uma	
      pirâmide	invertida,	em	que	a	base	tornou-se	mais	estreita	do	que	o	topo.	Isso	significa	dizer	que,	ao	contrário	do	
      que	acontecia	em	1950,	as	faixas	etárias,	a	partir	da	base,	vão	aumentando	sua	participação	em	relação	ao	total	
      da	população.	

      Esses	 três	 momentos	 da	 demografia	 paulista	 mostram	 a	 trajetória	 do	 processo	 de	 envelhecimento	 e	 o	 novo	
      retrato	da	população,	em	que	a	idade	mediana,	que	era	de	20,7	anos	em	1950,	passa	a	27,5	anos	em	2000	e,	
      possivelmente,	atingirá	45,2	anos	em	2050.

      A	profunda	transformação	no	padrão	etário	da	população	paulista	fica	evidente	ao	se	considerar	que,	enquanto	
      em	2010	a	metade	da	população	paulista	tem	menos	de	32	anos	de	idade,	no	horizonte	de	40	anos	a	metade	da	
      população	paulista	terá	mais	de	45	anos.

      Tal	 panorama	 interfere	 em	 todas	 as	 dimensões	 da	 vida	 e	 terá	 profundo	 impacto	 nas	 demandas	 de	 todos	 os	
      setores	da	sociedade,	tais	como	educação,	saúde,	previdência	social,	etc.


      evolução das populações de jovens e idosos em são Paulo
      As	projeções	demográficas	produzidas	pela	Fundação	Seade	para	o	Estado	de	São	Paulo	indicam	que,	em	
      2025,	a	quantidade	de	pessoas	com	mais	de	60	anos	deverá	ultrapassar	o	número	de	jovens	com	idade	até	
      14	 anos.	 Trata-se	 de	 situação	 singular	 na	 história	 da	 população	 paulista,	 diretamente	 resultante	 de	 duas	
      tendências	populacionais	opostas:	decréscimo	dos	efetivos	mais	jovens	e	contínuo	aumento	dos	contingentes	
      mais	idosos.	A	Figura	4.7	apresenta	essa	tendência	histórica	e	indica	que	o	ponto	de	encontro	das	duas	curvas,	
      em	2025,	se	dará	com	um	contingente	de	8,6	milhões	de	indivíduos,	se	os	parâmetros	da	projeção	ocorrerem	
      exatamente	como	esperado.




234
FiGura 4. 7
                        PoPulação JoveM e idosa no estado de são Paulo (1950-2050)


           População

          16.000.000

          14.000.000

          12.000.000

          10.000.000

           8.000.000

           6.000.000

           4.000.000

           2.000.000

                   0
                        1950   1960   1970    1980     1990      2000        2010   2020     2030   2040   2050


                                         Jovem (0 a 14 anos)                  Idosa (60 anos e +)


                                              Fonte: Fundação Seade e IBGE



A	evolução	populacional	no	período	de	1950	a	2050	torna	evidente	o	impacto	das	transformações	que	ocorrem	
na	estrutura	etária	da	população	paulista	e	a	transferência	progressiva	da	participação	dos	jovens	para	os	idosos,	
em	relação	à	população	total.	

O	segmento	populacional	com	menos	de	14	anos	de	idade	era	composto,	em	1950,	por	3,5	milhões	de	crianças.	
Esse	número	cresceu	até	2000,	quando	atingiu	um	total	de	9,7	milhões.	A	partir	deste	ano,	as	projeções	indicam	
decréscimo	do	número	de	crianças,	em	decorrência	do	nascimento	de	gerações	cada	vez	menores,	devendo	atin-
gir	6,6	milhões	em	2050.

Em	1950,	a	população	paulista	acima	de	60	anos	de	idade	era	de	402	mil	pessoas	e	a	projeção	para	2050	
indica	um	efetivo	de	14,7	milhões,	ou	seja,	aumento	de	mais	de	36	vezes	em	cem	anos.	Vale	ressaltar	que	
em	2010	o	contingente	jovem	era	o	dobro	do	idoso,	mas	em	2050	a	relação	se	inverterá	e	o	segmento	idoso	
será	duas	vezes	maior.

Estas	cifras	tornam-se	ainda	mais	realistas	quando	se	considera	que	a	geração	formada	pelas	pessoas	com	mais	de	
60	anos,	em	2050,	já	existe,	podendo	ser	identificada	no	recenseamento	de	2010	como	a	população	com	mais	de	
20	anos	de	idade.	Evidentemente,	em	2050,	o	censo	contará	os	sobreviventes	dessa	geração,	que	permaneceram	
residindo	no	Estado,	e	os	eventuais	imigrantes	da	mesma	faixa	etária.

As	 relações	 entre	 os	 segmentos	 populacionais	 em	 idade	 predominantemente	 inativa	 e	 aqueles	 em	 idade	
potencialmente	ativa	sofrerão	alterações	importantes,	como	é	possível	intuir	com	as	tendências	das	razões	
de	dependência.




                                                                                                                      235
evolução das razões de dependência
      A	 razão	 de	 dependência	 é	 um	 indicador	 da	 participação	 da	 população	 potencialmente	 inativa,	 em	 relação	 à	
      população	potencialmente	produtiva.	Foi	convencionada	a	utilização	da	soma	dos	menores	de	15	anos	e	dos	
      maiores	de	60	anos	para	relacionar	com	a	população	potencialmente	produtiva	de	15	a	59	anos	de	idade.	

      A	evolução	da	razão	de	dependência,	para	o	período	1950	a	2050,	está	representada	no	Gráfico	6	e	mostra	três	
      fases	distintas:



         •	 de	1950	a	1970,	quando	os	níveis	da	dependência	situavam-se	em	patamar	elevado,	em	torno	de	75%,	e	
            o	peso	concentrava-se	na	população	jovem	(0	a	14	anos);

         •	 de	1980	a	2010,	em	que	os	níveis	de	dependência	se	reduzem	sistematicamente;

         •	 de	2010	a	2050,	em	que	a	razão	de	dependência	tenderá	a	aumentar,	em	função	do	crescimento	da	po-
            pulação	idosa,	atingindo,	próximo	de	2050,	os	mesmos	patamares	elevados	já	registrados	anteriormente,	
            entre	1959	e	1970.


                                                              FiGura 4. 8
                                 razão de dePendência no estado de são Paulo (1950-2050)


               %

                100


                 90


                 80


                 70


                 60


                 50


                 40
                       1950     1960    1970    1980       1990      2000      2010   2020   2030   2040   2050

                                                       Fonte: Fundação Seade e IBGE



      O	gráfico	da	evolução	da	razão	de	dependência	também	demonstra	que	os	menores	níveis	de	dependência,	du-
      rante	o	processo	de	transição	demográfica	paulista,	situam-se	entre	2000	e	2020,	com	valores	próximos	de	50%.	
      Esse	período	caracteriza-se	pelo	fato	de	o	segmento	jovem	se	reduzir	significativamente	e	o	dos	idosos,	que	vem	
      crescendo,	ainda	não	atingir	volumes	mais	expressivos.

      Trata-se	de	situação	singular	durante	o	processo	de	transição	demográfica,	denominada	“janela	demográfica	de	
      oportunidades”	ou	“ bônus	demográfico”,	por	refletir	uma	conjuntura	demográfica	favorável	ao	processo	de	desen-




236
volvimento	socioeconômico.	As	pressões	determinadas	pelas	necessidades	dos	segmentos	inativos	da	população	
seriam	relativamente	menores	e	haveria,	portanto,	mais	fôlego	na	sociedade	para	investimentos	visando	o	desen-
volvimento	e	adaptação	à	nova	realidade	demográfica	que	já	começa	a	se	delinear.


considerações finais
As	análises	prospectivas	apresentadas	indicam	que,	diante	das	tendências	de	declínio	da	fecundidade	e	da	morta-
lidade,	a	população	do	Estado	de	São	Paulo	continuará	em	rápido	processo	de	envelhecimento,	o	que	acarretará	
importantes	transformações	na	vida	econômica,	cultural,	lazer,	saúde,	na	organização	das	cidades,	etc.

Por	outro	lado,	a	diminuição	das	taxas	de	crescimento	populacional	trará,	sem	dúvida,	um	efeito	redutor	de	
pressões	sobre	diversos	setores	do	planejamento,	como	educação,	meio	ambiente,	habitação,	etc.,	permitindo	o	
maior	aperfeiçoamento	e	a	realocação	de	recursos	na	sociedade.

A	rápida	queda	da	fecundidade	tem	relação	direta	com	a	redução	da	demanda	por	vagas	no	ensino	fundamental,	
gerando	maior	fôlego	para	a	melhoria	da	qualidade	da	educação,	ampliação	da	cobertura	do	ensino	médio	e	pro-
fissionalizante	e	cursos	voltados	para	adultos	e	idosos.	

As	modificações	na	estrutura	etária	vão	introduzir	profundas	alterações	no	perfil	de	morbidade	da	população.	
As	doenças	de	natureza	crônico-degenerativa,	mais	frequentes	nas	pessoas	idosas,	ganham	peso	relativo	cada	vez	
maior	e	demandam	recursos	mais	especializados	e	mais	sofisticados,	além	de	um	tempo	de	internação	hospitalar,	
em	média,	mais	prolongado.	Setores,	como	o	da	geriatria	e	da	gerontologia,	entre	outros,	tendem	a	desempenhar	
papel	crucial	nesse	novo	contexto	sociodemográfico.

Os	veículos,	as	vias	públicas,	os	semáforos	de	pedestres,	as	vias	de	acesso,	os	equipamentos	urbanos	em	geral,	
passarão	necessariamente	por	adaptações,	que	já	acontecem	e	que	tendem	a	se	intensificar	no	futuro.

A	transição	de	um	perfil	populacional	jovem	com	elevadas	taxas	de	crescimento	para	uma	população	com	idade	
média	mais	avançada	e	baixa	taxa	de	crescimento	afetará	diretamente	o	consumo	da	população.	Seja	na	residên-
cia,	no	trabalho	ou	no	lazer,	novas	demandas	serão	geradas	com	implicações	diretas	no	planejamento	e	na	pro-
dução	de	bens	e	serviços.	A	estrutura	do	consumo,	portanto,	sofrerá	importantes	alterações	em	sua	composição,	
em	decorrência	das	novas	ponderações	demográficas.

No	mercado	de	trabalho,	a	permanência	prolongada	do	trabalhador	com	mais	idade	poderá	ser	uma	nova	ten-
dência	que	se	relaciona,	por	um	lado,	com	os	maiores	níveis	de	instrução	e	especialização	da	força	de	trabalho	e,	
por	outro,	com	os	incentivos	legais	e	a	elevação	dos	limites	da	idade	para	aposentadoria.

No	âmbito	da	previdência	social,	a	relação	entre	contribuintes	e	aposentados	sofre	pressões	tanto	do	processo	de	
envelhecimento	demográfico	como	da	persistência	do	desemprego	e	da	informalidade	no	mercado	de	trabalho.	O	
crescimento	rápido	da	população	de	aposentados,	que	tem	origem	na	proporção	crescente	de	pessoas	entrando	
em	aposentadoria	e	no	maior	tempo	de	permanência	desfrutando	do	benefício,	relaciona-se	tanto	com	o	novo	
padrão	demográfico	como	com	as	características	do	mercado	de	trabalho.	A	dinâmica	desses	fatores	interfere	
diretamente	na	relação	almejada	entre	contribuintes	e	aposentados.

Em	síntese,	as	transformações	demográficas	previstas	para	as	próximas	décadas	indicam	a	necessidade	de	redi-
mensionamento	das	demandas	em	praticamente	todos	os	setores	da	sociedade,	visando	realocação	de	recursos	e	
equilíbrio	entre	gerações.	




                                                                                                                     237
Esta revista foi impressa em papel fabricado com madeira de reflorestamento certificado com o
           selo do FSC (Conselho de Manejo Florestal) e de outras fontes controladas.
         A certificação segue padrões internacionais de controles ambientais e sociais.


                                     ©
                                         Fontes Mistas
                                         Grupo de produto proveniente de florestas
                                         bem manejadas e fontes controladas

                               FSC       www.fsc.org cert no. SW-COC-000000
                                         © 1996 Forest Stewardship Council




                           secretaria do Meio ambiente

                     Av. Professor Frederico Hermann Jr., 345
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                               www.ambiente.sp.gov.br
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QUA L I DA D E A M B I E N TA L
R E L AT Ó R I O 2 0 1 1
    ISBN 978-85-86624-91-9
                             SECRETARIA DO
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Relatório de Qualidade Ambiental 2011

  • 1. M E I O A M B I E N T E P A U L I S TA RelatóRio de Qualidade ambiental 2011 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO S E C R E TA R I A D O M E I O A M B I E N T E
  • 2. Governo do estado de são Paulo Geraldo Alckmin Governador secretaria do Meio aMbiente Bruno Covas Secretário coordenadoria de Planejamento ambiental Nerea Massini Coordenadora
  • 3. Ficha catalográfica – preparada pela Biblioteca - Centro de Referências de Educação Ambiental S24m São Paulo (Estado). Secretaria do Meio Ambiente / Coordenadoria de Planejamento Ambiental. Meio Ambiente Paulista: Relatório de Qualidade Ambiental 2011. Organização: Fabiano Eduardo Lagazzi Figueiredo. São Paulo: SMA/CPLA, 2011. 256p. ; 21 x 29,7 cm. Vários autores. Bibliografia. ISBN – 978-85-86624-91-9 1 . Meio ambiente paulista 2. Qualidade ambiental – São Paulo (Est.) I. Título II. Figueiredo, Fabiano Eduardo Lagazzi.
  • 4. Meio aMbiente Paulista relatório de Qualidade ambiental 2011 organizador Fabiano Eduardo Lagazzi Figueiredo São Paulo, 2011 1ª edição Governo do estado de são Paulo secretaria do Meio aMbiente coordenadoria de Planejamento ambiental INSTITUTO Instituto de Botânica FLORESTAL
  • 6. Governo do estado de são Paulo Geraldo Alckmin Governador secretaria do Meio ambiente Bruno Covas Secretário coordenadoria de Planejamento ambiental Nerea Massini Coordenadora departamento de informações ambientais Arlete Tieko Ohata Diretora centro de diagnósticos ambientais Fabiano Eduardo Lagazzi Figueiredo Diretor equipe técnica Aline Bernardes Candido – SMA/CPLA Denis Delgado Santos – SMA/CPLA Edgar Cesar de Barros – SMA/CPLA Eloisa Marina Gimenez Torres – SMA/CPLA Fabiano Eduardo Lagazzi Figueiredo – SMA/CPLA Fernando Augusto Palomino – SMA/CPLA Fredmar Corrêa – SMA/CPLA Gabriela Antoniol (Estagiária) – SMA/CPLA Heitor da Rocha Nunes de Castro – SMA/CPLA Marcio da Silva Queiroz – SMA/CPLA Nádia Gilma Beserra de Lima – SMA/CPLA Paulo Eduardo Alves Camargo-Cruz – SMA/CPLA Antonio Carlos Moretti Guedes – SMA/IG Claudio José Ferreira – SMA/IG Mara Akie Iritani – SMA/IG Maria José Brollo – SMA/IG Sonia Aparecida Abissi Nogueira – SMA/IG
  • 8. colaboradores Alfred Szwarc Ana Cristina Pasini da Costa Bernadette Cunha Waldvogel Boris Alexandre Cesar Carlos Eduardo Beato Carlos Eduardo Komatsu Carlos Eugenio de Carvalho Ferreira Carlos Ibsen Vianna Lacava Carmen Lúcia V. Midaglia Claudia Conde Lamparelli Diego Vernille da Silva Eduardo Pires Castanho Filho Helena de Queiroz Carrascosa Von Glehn Hylder Barbosa Jean Paul Metzger João Luiz Potenza Luciana Martins Fedeli Britzki Marcello de Souza Minelli Marco Nalon Maria Helena R. B. Martins Marilda de Souza Soares Marta Conde Lamparelli Marta Pereira Militão da Silva Neide Araújo Nelson Menegon Jr. Oswaldo Lucon Paulo Magalhães Bressan Priscila Costa Carvalho Renata Inês Ramos Ricardo Vedovello Richard Hiroshi Ouno Rodrigo Antonio Braga Moraes Victor Rosa Maria Mancini Rosângela Pacini Modesto Sinésio Pires Ferreira Thais Michelle Oliveira Tiago de Carvalho Franca Rocha Uladyr Ormindo Nayne Vanessa Gontijo de Oliveira Vera Lúcia Bononi Wanda Maldonado Projeto Gráfico Griphos Comunicação & Design capa Vera Severo Fotos da capa Capa: Foto superior – Vera Severo Foto inferior – Antonio Augusto da Costa Faria 4ª Capa: Maria do Rosário F. Coelho Orelha da 1ª capa: Foto superior – Fausto Pires de Campos Foto inferior – Clayton Ferreira Lino Orelha da 4ª capa: Foto superior – Acervo do Instituto Florestal Foto inferior – Pedro Bernardo editoração eletrônica Teresa Lucinda Ferreira de Andrade ctP, impressão e acabamento Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
  • 10. apresentação do secretário Buscando trazer à sociedade a situação do meio ambiente no Estado de São Paulo, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente apresenta o seu Relatório de Qualidade Ambiental 2011, fruto do trabalho de seus técnicos em formular um documento sintetizador, que reflita as ações desta Secretaria visando compatibilizar as exigências de um desenvolvimento econômico, com equidade social e preservação da qualidade ambiental. As linhas de atuação desta Secretaria são fortemente pautadas pelo respeito às condições socioambientais do território e passam, necessariamente, pelo conhecimento do status ambiental do Estado. A conscientização da sociedade e a importância que a agenda ambiental assumiu no Brasil e no mundo, neste século XXI, tornam imprescindível a existência de um documento que balize a tomada de decisões, indicando os caminhos possíveis para a melhora da qualidade ambiental como um todo. O Relatório de Qualidade Ambiental tem aqui a sua função na sociedade paulista: a de prestar contas – através da apresentação de informações – e assegurar que a gestão ambiental paulista seja transparente, ética e eficiente em suas ações, permitindo o espaço às manifestações diversas e ao diálogo aberto com a sociedade, caminhando juntos em busca da melhor qualidade de vida para o nosso Estado. Bruno Covas Secretário Secretaria do Meio Ambiente
  • 12. apresentação da coordenadora O Relatório de Qualidade Ambiental 2011 traz um panorama do meio ambiente do Estado de São Paulo, demonstrado através dos dados, índices e indicadores que compõe o documento, concentrados nos principais temas em que o ambiente paulista pode ser decomposto, como recursos hídricos, recursos pesqueiros, saneamento ambiental, solo, biodiversidade, ar, mudanças climáticas e saúde ambiental. As informações contidas no Relatório, obtidas de diversos órgãos da administração pública, retratam o estado em que o meio ambiente paulista se encontra e suas imbricações com os setores produtivos (agrícolas/ industriais), econômicos e com a saúde humana. Estas informações são complementadas por textos analíticos que permitem a construção de um cenário mais amplo, possibilitando a revisão das linhas de ação em busca de maior eficiência do poder público na área ambiental. O Relatório de Qualidade Ambiental proporciona aos gestores públicos estaduais e municipais uma fonte de informações que auxilia diretamente nas decisões concernentes ao meio ambiente, qualificando e harmonizando o processo decisório com a política ambiental paulista. Oferecer à sociedade paulista um instrumento que possibilite a inserção da sustentabilidade ambiental como primordial nas discussões sobre o desenvolvimento no Estado de São Paulo, é o objetivo e sentido deste Relatório de Qualidade Ambiental. É fundamental que este documento cumpra o seu papel de orientação, posicionamento e alerta, particularmente no momento em que o meio ambiente tem um crescente relevo nas decisões sobre o desenvolvimento paulista. Nerea Massini Coordenadora Coordenadoria de Planejamento Ambiental Secretaria do Meio Ambiente
  • 14. abordagem básica O Relatório de Qualidade Ambiental do Estado de São Paulo 2011 (RQA) é composto por três partes prin- cipais (Capítulos 2, 3 e 4) e por um banco de dados. Segue-se, com isso, o conceito de oferecer informações em múltiplos níveis para usuários e leitores com necessidades, disponibilidade e interesses diferenciados. A estrutura do relatório reflete este conceito. Após uma breve introdução (Capítulo 1), o Capítulo 2 traz uma descrição do Estado de São Paulo e das Unida- des de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) em que o mesmo se subdivide, apresentando dados que apontam as principais dinâmicas demográficas, sociais, econômicas e de ocupação do território. No Capítulo 3 são compiladas informações referentes aos temas em que o status ambiental do Estado pode ser decomposto, apresentando-se descrições sumárias (diagnósticos) sobre a situação corrente e tendências futuras dos recursos hídricos, recursos pesqueiros, saneamento ambiental, solo, biodiversidade, ar, mudanças climáticas e saúde am- biental. No Capítulo 4 são encontrados os textos analíticos. Trata-se de reflexões acerca de temas estratégicos que buscam compreender as relações entre desenvolvimento e meio ambiente no Estado de São Paulo. O RQA completa-se ainda com um banco de dados que inclui extenso conjunto de variáveis e indicadores econômicos, sociais e ambientais, que está disponível no site da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (www.ambiente. sp.gov.br/cpla).
  • 15. siglas ABNT - Associação Brasileira de Normas e Técnicas AC - Área Contaminada AEM - Avaliação Ecossistêmica do Milênio AI - Área Contaminada sob Investigação AMR - Área em processo de Monitoramento para Reabilitação AOGCM - Modelos Globais Acoplados Oceano-Atmosfera APA - Área de Proteção Ambiental APP - Área de Preservação Permanente AR - Área Reabilitada BEESP - Balanço Energético do Estado de São Paulo BINEV - Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde CBRN - Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais CDB - Convenção sobre a Diversidade Biológica CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano CEDEC - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil CESA - Conferência Estadual de Saúde Ambiental CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CFEM - Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNSA - Conferência Nacional de Saúde Ambiental CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo COP - Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica CPTEC - Centro de Previsão do Tempo e Estudos do Clima CPLA - Coordenadoria de Planejamento Ambiental CRHi - Coordenadoria de Recursos Hídricos DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral EMAP - Efetividade de Manejo de Áreas Protegidas EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMPLASA - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano ESP - Estado de São Paulo ETE - Estação de Tratamento de Esgoto FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo FF - Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas GCM - Modelos Globais Atmosféricos GEE - Gás de Efeito estufa
  • 16. IAA - Índice de Atendimento de Água IAP - Índice de Qualidade de Água para fins de Abastecimento Público IB - Índice de Balneabilidade IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBot - Instituto de Botânica ICCA - Associação Internacional de Congressos e Convenções ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICTEM - Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto do Município IDH - Índice de Desenvolvimento Humano IEA - Instituto de Economia Agrícola IET - Índice de Estado Trófico IF - Instituto Florestal IG - Instituto Geológico IGR - Índice de Gestão dos Resíduos Sólidos IHME - Institute for Health Metrics and Evaluation INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPAS - Indicador de Potabilidade das Águas Subterrâneas IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPRS - Índice Paulista de Responsabilidade Social IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPVS - Índice Paulista de Vulnerabilidade Social IQA - Índice de Qualidade de Água IQC - Índice de Qualidade de Usinas de Compostagem IQG - Índice de Qualidade de Gestão de Resíduos Sólidos IQR - Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza IVA - Índice de Qualidade de Água para proteção da Vida Aquática LUPA - Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo MBSCG - Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global MCidades - Ministério das Cidades MCR - Modelo Climático Regional MMA - Ministério do Meio Ambiente MPA - Ministério da Pesca e Aquicultura MS - Ministério da Saúde NFS - Novo Fundo Social OMM - Organização Meteorológica Mundial ONU - Organização das Nações Unidas PAE - Projeto Ambiental Estratégico PCJ - Piracicaba/Capivari/Jundiaí PEMC - Política Estadual de Mudanças Climáticas PERH - Plano Estadual de Recursos Hídricos PIB - Produto Interno Bruto
  • 17. PMS - Plano Municipal de Saneamento PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PPDC - Plano Preventivo de Defesa Civil PQAr - Padrão de Qualidade do Ar PRA - Programa de Recuperação Ambiental PROCLIMA - Programa Estadual de Mudanças Climáticas do Estado de São Paulo PROCONVE - Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores PROMOT - Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares PROZONESP - Programa Estadual de Prevenção a Destruição da Camada de Ozônio QUALAR - Sistema de Informações da Qualidade do Ar RAIS - Relação Anual de Informações Sociais RL - Reserva Legal RMBS - Região Metropolitana da Baixada Santista RMC - Região Metropolitana de Campinas RMSP - Região Metropolitana de São Paulo RQA - Relatório de Qualidade Ambiental RSD - Resíduos Sólidos Domiciliares SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SDO - Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados SELT - Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo SIH - Sistema de Informações Hospitalares SMA - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação SRES - Special Report on Emissions Scenarios ST - Substâncias Tóxicas SUS - Sistema Único de Saúde TCRA - Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental TDSC - Setor de Clima e Energia TMI - Taxa de Mortalidade Infantil UC - Unidade de Conservação UGRHI - Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) UNESP - Universidade Estadual Paulista UNICA - União da Indústria da Cana-de-Açúcar UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas UPA - Unidade de Produção Agrícola USP - Universidade de São Paulo ZEE - Zoneamento Ecológico Econômico
  • 18. sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................1 2. CARACTERIZAÇÃO E DIVISÃO GEOGRÁFICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ........................5 2.1 Caracterização das Bacias Hidrográficas .............................................................................10 2.2 Caracterização das Dinâmicas Territoriais ...........................................................................44 3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ...................................................63 3.1 Recursos Hídricos ...............................................................................................................65 3.2 Recursos Pesqueiros ......................................................................................................... 101 3.3 Saneamento Ambiental .................................................................................................... 107 3.4 Solo .................................................................................................................................. 123 3.5 Biodiversidade..................................................................................................................144 3.6 Ar ..................................................................................................................................... 163 3.7 Mudanças Climáticas ........................................................................................................ 170 3.8 Saúde e Meio Ambiente.................................................................................................... 181 4. VISÕES AMBIENTAIS ............................................................................................................. 195 4.1 O fortalecimento da segurança alimentar e ambiental no Estado de São Paulo na concepção do novo Código Florestal brasileiro .............................................................198 4.2 O Código Florestal tem Base Científica?............................................................................206 4.3 Desafios para São Paulo: biodiversidade, bioenergia e biotecnologia ...............................216 4.4 A Alcoolquímica no cenário futuro da cana-de-açúcar.......................................................224 4.5 Transição demográfica e envelhecimento populacional no Estado de São Paulo ...............229
  • 21. 2
  • 22. Num grande número de países atribui-se importância crescente para um processo de transição para o desen- volvimento sustentável, cujo ritmo e cuja intensidade, no Brasil e no Estado de São Paulo, encontram-se aquém da urgência que as evidências científicas não cessam de trazer à tona. O ponto de partida desta transição reside na pergunta formulada, desde o início desta década, pela Avaliação do Milênio (UNEP, 2003): qual o estado atual e as tendências referentes aos ecossistemas e como se associam ao bem estar humano? A resposta para o Estado de São Paulo inspira preocupação quando se leva em conta a qualidade do ar, a poluição hídrica, o esgotamento das fontes de água para abastecimento da população metropolitana, a concentração demográfica em áreas de risco, a erosão em terras agrícolas ou a tão pequena parcela remanescente (e ameaçada) de Mata Atlântica, entre outros fatores. A despeito dos enormes desafios, a força da sociedade civil paulista, o surgimento de organizações públicas, pri- vadas e associativas voltadas à preservação e ao uso sustentável da biodiversidade, o engenho de seu empre ariado s e o amadurecimento de suas instituições, fazem do Estado de São Paulo o líder nacional e uma impor ante figura t no cenário internacional, no processo de transição para uma economia voltada ao uso sustentável dos recursos de que depende. O protocolo que antecipou o fim das queimadas na colheita de cana-de-açúcar, a recuperação de 400 mil hectares em matas ciliares e o compromisso do Estado com a produção florestal sus entável na Amazô- t nia são exemplos expressivos desta transição. Este processo não depende apenas do Governo, mas também do setor privado e da sociedade civil. Acelerar a transição para o desenvolvimento sustentável é muito mais difícil que estimular a construção de estradas, a insta- lação de novas fábricas ou plantações. A sociedade sabe o que significa e adere, em geral sem hesitar, ao preceito de que é necessário crescer e criar empregos. No entanto, é menor a clareza sobre como fazê-lo de maneira susten- tável, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa, interrompendo o processo de devastação da biodiversidade e diminuindo o uso da matéria e da energia necessários aos processos produtivos. Sob a perspectiva econômica, o maior objetivo do desenvolvimento sustentável consiste em promover o que diversos relatórios produzidos na Europa, no Japão e nos Estados Unidos, chamam hoje de desligamento ou descasamento entre produção e uso de recursos: crescer reduzindo a pressão sobre os recursos materiais dos quais dependem as sociedades humanas (VAN DER VOET, 2005). É por isso que esta transição envolve também a maneira como Governo, sociedade civil e setor privado se re- lacionam com as informações socioambientais. Nesse sentido, o Estado de São Paulo, desde 2010, tomou a deci- são de modificar o conteúdo de seu Relatório de Qualidade Ambiental (RQA), procurando, mais do que expor informações sobre o estado do meio ambiente paulista, compreender os processos que explicam a maneira como se estabelece a relação entre sociedade e natureza e, a partir daí, melhorar as políticas públicas que contribuem para o desenvolvimento sustentável. Essa inovação metodológica na elaboração do RQA paulista se traduz na incorporação na apresentação dos textos analíticos, que compõe o Capítulo 4 deste documento. Este conteúdo analítico visa apontar para relações causais que permitam compreender as razões da degradação ambiental, contribuindo, desta forma, para o tão ne- cessário processo de transição em direção ao desenvolvimento sustentável. Além disso, o método utilizado aqui vai na mesma direção com o que vem sendo feito na União Européia e no Japão, por exemplo, onde os relatórios ambientais têm uma ambição claramente analítica. A metodologia utilizada se baseia também, no que preconiza uma das principais vertentes voltadas ao estudo do tema: a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, um programa de pesquisas lançado no início da década, com apoio das Nações Unidas, que insiste na constatação de que as sociedades humanas vivem hoje além de seus meios e que a capacidade de seus ecos istemas garantirem a reprodução e o desenvolvimento humano está se- s riamente ameaçada. Os textos que compõem o atual RQA procuram fazer esta constatação, compreender suas causas, a maneira como atualmente a sociedade paulista se organiza para enfrentar os problemas daí decorrentes, a inserção de suas atividades econômicas no contexto global e as medidas necessárias para intensificar a transição para o desenvol imento sustentável. v 3
  • 23. É importante ressaltar que a estrutura do RQA segue o conceito de oferecer informações em múltiplos níveis para usuários e leitores com necessidades, disponibilidade e interesses diferenciados. Os capítulos do relatório refletem este conceito. O Capítulo 2 apresenta uma caracterização do Estado de São Paulo e das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) em que o Estado se subdivide, apresentando dados que apontam as principais dinâmicas demográficas, sociais, econômicas e de ocupação do território. No Capítulo 3 são compiladas informações referentes aos temas em que o status ambiental do Estado pode ser decomposto, apresentando-se descrições sumárias (diagnósticos) sobre a situação corrente e tendências futuras dos recur- sos hídricos, recursos pesqueiros, saneamento ambiental, solo, biodiversidade, ar, mudanças climáticas e saúde ambiental. No Capítulo 4 podem ser encontrados os textos analíticos. Trata-se de reflexões acerca de temas estratégicos que buscam apre nder as relações entre desenvolvimento e meio ambiente no Estado de São Paulo. e Conforme já observado, o RQA completa-se com um banco de dados que inclui extenso conjunto de variáveis e indicadores econômicos, sociais e ambientais, que está disponível no site da Secretaria de Estado do Meio Am- biente (www.ambiente.sp.gov.br/cpla). Três observações iniciais são necessárias: 1. Os textos analíticos não pretendem “esgotar” os temas em que se inserem, nem tampouco oferecer visão completa ou definitiva sobre o estado em que se encontra a relação entre a sociedade paulista e os ecos- sistemas em que ela se apóia. Não se trata de um levantamento de todos os problemas ambientais, mas de uma seleção passível de ser abordada nos limites de textos que procuram compreender as razões que provocam a degradação ambiental, os trunfos que permitem sua reversão e, tanto quanto possível, as políticas (para o setor público, privado e associativo) necessárias para fortalecer estes trunfos. 2. É preciso assinalar que este trabalho não tem a ambição de produzir informações primárias originais. Os textos são estruturados em torno de informações coletadas junto a órgãos oficiais e de trabalhos produzi- dos pela comunidade científica de São Paulo (formada por Universidades, Institutos de Pesquisa, ONGs e, em menor proporção, no setor privado). 3. Os textos descritivos (Capítulos 2 e 3 do RQA) se subdividem em dois conjuntos. Primeiramente (Ca- pítulo 2 – Caracterização e Divisão Geográfica do ESP) é dado um foco geográfico, agrupando as in- formações por Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI. Em seguida (Capítulo 3 – Diagnóstico Ambiental do ESP), as informações são apresentadas por temas. referências UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME – UNEP. Ecosystems and Human Well-being. A Framework for As- sessment. Washington: Island Press, 2003. VAN DER VOET, Ester; et.al. Policy Review on Decoupling: Development of indicators to assess decoupling of economic development and environmental pressure in the EU-25 and AC-3 countries. Leiden: European Commission, DG Environ- ment, 2005. 4
  • 24. 2 caracterização e divisão Geográfica do estado de são Paulo 5
  • 25. 6
  • 26. Localizado na região Sudeste do Brasil (Figura 2.1), o Estado de São Paulo é o ente federativo de maior peso eco- nômico no País. Sua importância é atestada através da consistência de indicadores que refletem tanto a grandeza de sua indústria, de suas atividades ligadas ao agronegócio e ao setor financeiro, de seu comércio internacional e de sua população, quanto à capacidade de suas instituições de Pesquisa & Desenvolvimento promoverem avanços importantes em ciência e tecnologia, para apoiar, qualificar, fazer confiável e perpetuar o seu modelo de desen olvimento. v FiGura 2. 1 reGiões e estados constitutivos do brasil Fonte: IBGE, elaborado por SMA/CPLA (2010) Composto por 645 municípios e abrangendo uma área de 248.209 km2, o que corresponde a apenas 2,9% do território nacional, São Paulo apresenta a maior economia do país, com um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 1 trilhão, perfazendo 33% de toda a riqueza produzida no país, somada em pouco mais de R$ 3 trilhões para o ano de 2008 (SEADE, 2010a e IPEA, 2010). O Estado também possui a maior população entre as unidades federativas, com 41.252.160 habitantes, 21,6% do total de 190.732.694 habitantes contabilizados 7
  • 27. no Brasil, de acordo com dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010a). Com um PIB maior que o da Argentina, uma população equivalente à da Espanha e ocupando uma área quase igual à do Reino Unido, o Estado de São Paulo se torna um ator de peso nos cenários nacional e internacional. Tais comparações, apesar de generalistas, mostram a importância de São Paulo nos mais diversos âmbitos. Vale também destacar o Estado de São Paulo como sendo um dos principais destinos turísticos do Brasil. Com imensa di ersidade cultural, paisagística e de atrativos, é o estado que mais emite e mais recebe turistas no país. v Dos 30 destinos turísticos brasileiros mais visitados, cinco estão em São Paulo: Praia Grande, Ubatuba, Cara- guatatuba, Santos e a capital São Paulo (SELT/FIPE, 2008). Com relação a sua biodiversidade, os biomas originais encontrados em território paulista são a Mata Atlântica e o Cerrado. À época do descobri ento, a Mata Atlântica recobria aproximadamente 81% da área do Estado, m com o restante sendo ocupado prin ipalmente pelo Cerrado e pelos campos naturais. Pastagens para o gado, c culturas agrícolas, reflorestamento de espécies comerciais, extensas áreas de cana-de-açúcar e áreas urbanizadas, foram tomando conta dos espaços deixados pelos ecossistemas originais, cujos remanescentes atualmente co- brem 17,5% do território (IF, 2010). A cidade de São Paulo, capital homônima do Estado, é a maior cidade do país e do Hemisfério Sul, contando com uma população de 11,2 milhões de habitantes. Já a Região Metropolitana de São Paulo que, além da capital, é composta por mais 38 municípios, possui, dentro de seus limites, população de aproximadamente 20 milhões habitantes. O tamanho da maior metrópole do país é similar ao da cidade norte-americana de Nova York e está entre as cinco maiores conurbações do mundo. O Estado de São Paulo conta ainda com as regiões metropo- litanas de Campinas e da Baixada Santista, que possuem população estimada de 2,8 milhões e 1,7 milhão de habitantes, res ectivamente (IBGE, 2010a). p A proximidade geográfica e os laços sociais e econômicos entre as três regiões metropolitanas e suas adjacên ias, c juntamente com as regiões do Vale do Paraíba, de Sorocaba e de Piracicaba, fizeram com que esta região cres- cesse de forma vertiginosa nas últimas décadas. Essa conformação é denominada Macrometrópole Paulista, um aglo erado de pessoas, indústrias e serviços que possui os maiores aeroportos de passageiros do país (Guarulhos m e Congonhas), o maior aeroporto de cargas (Viracopos), o maior porto (Santos) e parte das melhores rodo ias e v infra-estrutura instalada. Também estão localizadas na região, universidades e institutos de pesquisa renomados como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), a Universidade Estadual Paulista (UNESP), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), além de inúmeras empresas e indústrias de grande importância nacional. Esta macrometró- pole, formada por 102 municípios, segundo a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (EMPLASA, 2008), detém 11% do território do Estado e 0,3% do País. Abriga 70% da população paulista e 15% da brasileira, além de produzir cerca de 80% do PIB estadual e 27% do nacional. Apesar da envergadura desta macrometrópole, existem algumas cidades do interior do Estado, situadas fora da mesma, que estão entre as que mais crescem, se consolidando como importantes pólos regionais. São cidades de porte grande ou médio espalhadas por todo o território paulista, como: Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Bauru, São José do Rio Preto, Araçatuba, Marília, Araraquara, São Carlos, Barretos, entre outras. Estão estrate- gicamente situadas em locais dotados de boa infra-estrutura de transportes e de tecnologia, o que possibilita o desenvolvimento e a conexão das mesmas com outras regiões do Brasil. Territorialmente, com o objetivo de propor formas de gestão descentralizada, o Estado de São Paulo, atra- vés de sua Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei Estadual nº 7.663/91), adotou as bacias hidrográ- ficas como unidades de gestão e planejamento. Dessa forma, foram discutidas e aprovadas pelo Conselho 8
  • 28. Estadual de Recursos Hídricos, 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI), que integram a atual divisão hidrográfica do Estado. As UGRHI constituem unidades territoriais “com dimen- sões e características que permitam e justifiquem o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos” (artigo 20 da Lei Estadual n° 7.663/91) e, em geral, são formadas por partes de bacias hidrográficas ou por um conjunto delas. A Figura 2.2 que segue mostra a divisão hidrográfica do Estado, caracterizando as UGRHI quanto a sua vocação econômica, conforme definido na Lei Estadual nº 9.034/94, que dispõe sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos. FiGura 2. 2 unidades de GerenciaMento de recursos Hídricos do estado de são Paulo e suas vocações econôMicas Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota-se que as regiões mais urbanizadas (UGRHI 06, 05, 10, 07 e 02) têm perfil industrial, que tende a se es- praiar para partes do interior que atualmente se encontram em processo de industrialização. O oeste paulista é predominantemente ligado a atividades do setor primário, enquanto o sul do Estado, a Serra da Mantiqueira e o Litoral Norte têm vocação para a conservação, pelo fato de possuírem significativos remanescentes de ve- getação nativa. Mais adiante se abordará com maior detalhe as características gerais dessas UGRHI. 9
  • 29. 2.1 caracterização das bacias Hidrográficas 2.1.1 regiões Hidrográficas O Estado de São Paulo possui em seu território sete bacias hidrográficas, definidas e delimitadas pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004 – 2007 (SÃO PAULO, 2005). Essas bacias são também comumente cha- madas de regiões hidrográficas, sendo, nestas sete regiões, que as 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do Estado se inserem. As regiões hidrográficas nada mais são que as principais vertentes hidrográficas do Estado, delimitadas natural- mente pelos divisores de água e constituídas por seus rios estruturantes e tributários. Vale ainda destacar que são esses rios estruturantes que dão nomes às regiões hidrográficas, em virtude da importância que os mesmos têm para a formação das bacias. A Figura 2.3 mostra as regiões/bacias hidrográficas do Estado de São Paulo. FiGura 2. 3 reGiões HidroGráFicas do estado de são Paulo Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) As tabelas que seguem apresentam um detalhamento das regiões hidrográficas do Estado, indicando quais UGRHI compõe as mesmas, bem como apresentando algumas características gerais. 10
  • 30. tabela 2. 1 reGião HidroGráFica da vertente Paulista do rio ParanaPaneMa uGrHi área (Km2) População 2010 14 – Alto Paranapanema 22.689 722.155 17 – Médio Paranapanema 16.749 666.039 22 – Pontal do Paranapanema 12.395 478.740 total 51.833 1.866.934 Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) tabela 2. 2 reGião HidroGráFica aGuaPeí/Peixe uGrHi área (Km2) População 2010 20 – Aguapeí 13.196 363.986 21 – Peixe 10.769 447.830 total 23.965 811.816 Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) tabela 2. 3 bacia HidroGráFica do rio tietê uGrHi área (km2) População 2010 05 – Piracicaba/Capivari/Jundiaí 14.178 5.082.182 06 – Alto Tietê 5.868 19.510.594 10 – Sorocaba/Médio Tietê 11.829 1.845.831 13 – Tietê/Jacaré 11.779 1.480.934 16 – Tietê/Batalha 13.149 512.199 19 – Baixo Tietê 15.588 753.594 total 72.391 29.185.334 Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) tabela 2. 4 reGião HidroGráFica de são José dos dourados uGrHi área (km2) População 2010 18 – São José dos Dourados 6.783 224.153 total 6.783 224.153 Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) tabela 2. 5 reGião HidroGráFica da vertente Paulista do rio Grande uGrHi área (km2) População 2010 01 – Mantiqueira 675 64.802 04 – Pardo 8.993 1.108.472 08 – Sapucaí/Grande 9.125 670.716 09 – Mogi–Guaçu 15.004 1.450.200 12 – Baixo Pardo/Grande 7.239 333.077 15 – Turvo/Grande 15.925 1.234.068 total 56.961 4.861.335 Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) 11
  • 31. tabela 2. 6 bacia do rio Paraíba do sul uGrHi área (km2) População 2010 02 – Paraíba do Sul 14.444 1.992.468 total 14.444 1.992.468 Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) tabela 2. 7 reGião HidroGráFica da vertente litorânea uGrHi área (km2) População 2010 03 – Litoral Norte 1.948 281.778 07 – Baixada Santista 2.818 1.663.082 11 – Ribeira de Iguape/Litoral Sul 17.068 365.260 total 21.834 2.310.120 Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) Merece destaque a Bacia Hidrográfica do Rio Tietê, que conta com mais de 29 milhões de habitantes (71% de toda população paulista) e ocupa quase de 30% do território estadual. Além disso, a região abrange duas das mais importantes UGRHI do Estado: a do Alto Tietê e a do Piracicaba/Capivari/Jundiaí, que além de serem as mais populosas, são marcadas pelo grande enfoque industrial de suas atividades econômicas, além do grande número de universidades e estabelecimentos de serviços. 2.1.2 unidades de Gerenciamento de recursos Hídricos (uGrHi) Como já citado, o Estado de São Paulo se subdivide em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI), cada uma composta por diversos municípios. Vale ressaltar que um determinado município pode compor mais de uma UGRHI, já que esta divisão não é definida pelo limite territorial dos municípios, mas sim pelo seu divisor de águas. Quando isso ocorre, o município é considerado pertencente à UGRHI em que sua sede municipal se situa. A seguir são apresentadas algumas características gerais das 22 UGRHI do Estado. uGrHi 01 – Mantiqueira A UGRHI 01 – Mantiqueira está caracterizada, quanto à sua vocação, como de conservação. Das vinte e duas bacias hidrográficas que compõem o Estado de São Paulo, a da Mantiqueira é a de menor espaço territorial, com 675 km2. Está conformada pelo menor número de municípios, apenas três (Figura 2.4), e apre enta o menor s contingente populacional dentre todas as bacias paulistas, segundo dados do IBGE (2010a), que contabilizou, em 2010, uma população de aproximadamente de 65 mil habitantes, aproximadamente 0,2% da população do Estado. Estima-se que em 2020 sua população alcance 77 mil habitantes (SEADE, 2010b). 12
  • 32. FiGura 2. 4 uGrHi 01 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Em um Estado pobre em águas de superfície, é sempre importante ter-se em mente a disponibilidade hídrica de suas regiões constitutivas. Assim, a UGRHI 01 convive com a confortável situação de seus mananciais de superfície e subterrâneos disporem juntos de 10 m³/s para cobrir uma demanda da ordem de 1 m³/s (SMA/ CRHi, 2010). Como uma região voltada à conservação, expõe extensa cobertura vegetal nativa, que lhe confere, juntamente com uma visão panorâmica dos contrafortes e faldas da Serra da Mantiqueira, um ambiente favorável ao desen- volvimento das atividades do turismo, que caracteriza a principal atividade econômica da região. Campos do Jordão, com seus 48 mil habitantes (IBGE, 2010a), ou 74% de toda população da bacia, tem con istente vida econômica, ditada pela condição de ser um dos mais importantes destinos turísticos do s Estado e pela exploração, em grande escala, de água mineral. Outras atividades minerárias, desenvolvidas em menor escala e voltadas, na maioria das vezes, para atender o mercado regional, são as de argila refratá- ria, quartzito, dolomito e calcário, com intensidades de trabalho incapa es de causar impactos ambientais z significativos. No mais, a economia da região, embora promova o uso e a ocupação do solo rural destinando parte importante de seu território às pastagens, tem como resultado uma pecuária de pouco significado. A outra parte está ocu- pada, em sua maioria, por parcelas menores destinadas ao reflorestamento e por vegetação natural, fato este que explica a sua condição de Bacia Hidrográfica com vocação para a conservação ambiental. Seus sítios urbanos, principalmente os de Campos do Jordão, estão compostos, em sua maior parte, por topo­ grafia desenhada em fortes declives, com não raros episódios de deslizamentos, ocorridos em virtude da densa ocupação. A população é formada, em sua boa parte, por migrantes atraídos pelas possibilidades de trabalho propiciadas pela atividade turística e pelo conjunto de serviços associados a ela. 13
  • 33. uGrHi 02 – Paraíba do sul A UGRHI 02 – Paraíba do Sul está classificada como industrial e, como todas as demais bacias hidrográ- ficas as im consideradas (PCJ, Alto Tietê, Baixada Santista e Sorocaba/Médio Tietê), chama a atenção pela s enorme po encialidade que seus modelos de desenvolvimento têm de promover passivos socioambientais de t toda ordem. São 34 os seus municípios constitutivos, como pode ser visto na Figura 2.5 que segue, sua extensão territorial é de 14.444 km² e sua população, segundo o IBGE (2010a), chegou a quase dois milhões de ha itantes no ano b de 2010, correspondendo a quase 5% do total do Estado. Está previsto que em 2020 a bacia apresentará uma população da ordem de 2,2 milhões de habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 5 uGrHi 02 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Com relação ao balanço hídrico, os números mostram uma situação muito confortável da região, a saber: para uma disponibilidade total de 93 m³/s, a demanda total gira em torno de 14 m³/s (SMA/CRHi, 2010). A área pólo do desenvolvimento da bacia é composta pelo Aglomerado Urbano de São José dos Campos, parte integrante da Macrometrópole Paulista, formado por 10 municípios (Aparecida, Caçapava, Guaratinguetá, Jacareí, Pindamonhangaba, Potim, Roseira, São José dos Campos, Taubaté e Tremembé). A eles, juntam-se os municípios de Guararema e Santa Isabel (integrantes da Região Metropolitana de São Paulo), Cruzeiro e Lorena. Juntos, abrigam uma população de 1,8 milhão de habitantes (IBGE, 2010a), ou 90% do todo da população da bacia. 14
  • 34. Suas indústrias aeroespacial, automobilística, de celulose e papel, química, mecânica, eletrônica e extrativista, além de seus centros de pesquisas tecnológicas, põem-se acompanhados por um conjunto importante de ativida- des de serviços, que exigem uma mão-de-obra com alta especialização. Estão concentradas nas áreas conurbadas dos municípios da mencionada Aglomeração Urbana de São José dos Campos, de influência direta da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro e que se consti- tui no principal eixo de desenvolvimento do uso e da ocupação do solo de todo o território da UGRHI. Ao trabalharem para a consolidação da macrometrópole, que se está a construir ao redor da capital do Estado, estruturam um corredor de indução da formação, da ainda pouco visível, mas bastante provável, megalópole, que irá surgir do encontro desta gigantesca metrópole paulista com a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Suas economias agropecuárias, à exceção da florescente silvicultura regional que a cada tempo ganha maior espa o no todo dos sítios rurais da UGRHI, são pobres, conservadoras, pouco arejadas e, por conseguinte, ç de baixo desenvolvimento tecnológico e pouco motivadas a um arranque em direção a qualquer melhor ponto futuro. Ainda, o turismo, é uma atividade econômica que merece destaque na região. A presença do rio Paraíba do Sul, per orrendo grande parte dos municípios da UGRHI e represado pelos reservatórios de Paraibuna/ c Paraitinga, Santa Branca, Jaguari e Funil, favorece a prática de esportes náuticos, observado principalmente pela alta con entração de casas de veraneio no entorno dos reservatórios. Além disso, estão concentrados na c bacia, diversos circuitos turísticos oficiais do Estado de São Paulo, tais como: Circuito Religioso, do Vale Histórico, Caipira e Mantiqueira. A paisagem das Serras da Mantiqueira, do Mar e da Bocaina, favorece o tu- rismo de aventura, o ecoturismo e o turismo rural, devido aos extensos remanescentes de Mata Atlântica com potencial cênico notá el, bem como à presença de antigas propriedades rurais, que guardam a memória dos v tempos áureos do ciclo do café, pelo qual passou a região. Ainda vale destacar o turismo religioso, praticado em Aparecida, Cachoeira Paulista e Guaratinguetá, além da presença de um patrimônio histórico preservado em grande parte dos muni ípios, que favorece o turismo cultural e está entre os principais elementos da atra- c tividade turística da região. uGrHi 03 – litoral norte A UGRHI 03 – Litoral Norte tem por vocação explicitada a conservação. Juntamente com as da Baixada Santis- ta, do Ribeira de Iguape/Litoral Sul e do Alto Paranapanema, está direcionada a cumprir um papel importante na conservação dos ambientes naturais contínuos e conservados da Serra do Mar, que atravessa de forma inin- terrupta a fachada atlântica do Estado. Sua extensão territorial é de 1.948 km² e abriga quatro municípios (Figura 2.6). O Litoral Norte comporta 0,7% da população estadual, que em 2010, totalizou quase 282 mil habitantes (IBGE, 2010a) e, em 2020, está prevista para chegar a 330 mil habitantes (SEADE, 2010b), não considerando as eventuais mudanças comportamentais de sua demografia, por força das iniciativas ligadas às atividades a serem desenvolvidas para a exploração de petróleo na camada pré-sal do Campo de Tupi, na Bacia de Santos. Quanto à realidade de cada um de seus municípios, eles se equivalem e sua convivência, pelas relações de complementaridade, tipifica um Aglomerado Urbano. 15
  • 35. FiGura 2. 6 uGrHi 03 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nesta UGRHI está situado o Porto de São Sebastião, com características que o predispõem a se consolidar como ponto de atracação de navios de grande porte com alta capacidade de carga, com destaque para o Terminal Petrolífero Almirante Barroso, da Petrobrás, com seu retroporto em expansão. Com uma economia rural nada expressiva, toda a vida se dá num ambiente urbano caracterizado por uma voca ão ç de lazer de ocasião ou de segunda residência, em temporadas bem definidas por um turismo de veraneio que domi- na a economia local e traz riscos permanentes de impactos socioambientais com proporções importantes. Segundo dados do IBGE (2007) a concentração de casas de veraneio, em 2007, chegava a 47% dos domicílios particulares dos municípios da UGRHI, evidenciando a importância do turismo de segunda residência na região. A região reúne atrativos dos mais variados, desde praias badaladas, com vida noturna agitada, até recantos mais tran- quilos e preservados, com praias e ilhas desertas. Ubatuba e Caraguatatuba, por exemplo, estão entre os 30 destinos mais visitados do Brasil. Em Ubatuba, vale destacar o turismo de observação de aves, que tem crescido muito em âmbi- to mundial. No Parque Estadual da Serra do Mar, a Mata Atlântica preservada é um valioso atrativo, onde podem ser praticadas atividades de ecoturismo e turismo de aventura. Já o Parque Estadual de Ilhabela tem natureza exuberante e atrai muitos visitantes para as suas cachoeiras e trilhas, além de reunir os atributos necessários para a prática de diversos esportes aquáticos. Os quatro municípios do Litoral Norte são reconhecidos como estâncias balneárias. O comportamento sazonal de sua economia e sua condição de área de apoio ao porto, importante ponto de pas agem de produtos, tornam o litoral norte um lugar de incertezas econômicas. Tais incertezas permanen- s temente conspiram contra a qualidade de vida da região, seja porque pouco facilitam a tomada de decisão e implantação de políticas públicas que venham a melhorá-la, seja pela falta de iniciativas privadas mais con- sistentes nas áreas da economia que não sejam a da cadeia produtiva da construção civil, esta sim, de muita capacidade e com grande perspectiva de crescimento. 16
  • 36. Esses desconfortos estão convivendo, agora, com os possíveis avanços dos investimentos para a exploração do petróleo na camada pré-sal do Campo de Tupi, na Bacia de Santos, e na plataforma marinha de influência do Litoral Norte. Esse fato faz da região um local estratégico para hospedar, hoje, um esperado contingente de novos profissionais da cadeia do setor petroleiro, acompanhados de todos os serviços periféricos necessários para a sua acomodação ao novo local de moradia. É preciso considerar que suas áreas apropriadas à ocupação urbana têm dimensões que estão limitadas pelo mar e pela montanha, na sua porção continental ou insular. Em boa parte, são lindeiras a áreas de conservação de meia encosta, inapropriadas à ocupação. Trabalha-se na região com uma segurança hídrica invejável, ou seja, seus 39 m³/s de disponibilidade hídrica total, têm a função de atender uma demanda média total da ordem de 1,4 m³/s (SMA/CRHi, 2010). uGrHi 04 – Pardo A UGRHI 04 – Pardo vive o mesmo momento que as bacias hidrográficas do Sapucaí/Grande, do Mogi-Gua- çu, do Baixo Pardo/Grande e do Tietê/Jacaré. Nela, trabalha-se para fazer bem sucedido o processo de transição da vocação agropecuária para a industrial. Com ele, vão-se desenhar, em definitivo, as vocações territoriais das vinte e duas bacias hidrográficas do Estado. Ocupa uma extensão de território de 8.993 km², espalhados por 23 municípios, conforme Figura 2.7 a seguir, e habita- dos, em 2010, por aproximadamente 1,1 milhão de habitantes – 2,7% do total do Estado (IBGE, 2010a). Para 2020, estima-se que seja algo próximo a 1,2 milhão de habitantes (SEADE, 2010b). A cidade pólo do desenvolvimento da bacia é Ribeirão Preto que, em 2010, contava com 605 mil habitan es, ou 55% do total da população da bacia. t FiGura 2. 7 uGrHi 04 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) 17
  • 37. Seu balanço hídrico apresenta uma disponibilidade hídrica total de 44 m³/s e sua demanda algo como 14 m³/s, o que já começa a tipificar uma situação de atenção quanto aos recursos, já que a demanda representa pouco mais de 30% da vazão mínima registrada na bacia (SMA/CRHi, 2010). O setor primário de sua economia tem na cana-de-açúcar seu ponto forte. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA, 2009), só ela ocupava em 2009, 39% do território da bacia hidrográfica, enquanto todas as suas pastagens ocupavam emblemáticos 25%, característica esta que não se observa na maior parte das demais UGRHI, onde a pecuária tem expressão territorial maior que a das culturas – temporárias e perenes –, mesmo quando somadas. A bacia hidrográfica do Pardo abriga nove usinas de açúcar e álcool, o que explica o esforço de concentrar nas culturas da cana a maior parte da produção agrícola, fazendo da UGRHI 04, um pólo estratégico para a produção de energia limpa, no qual o Estado se empenha com toda convicção. Com relação ao segundo e ao terceiro setor, merece destaque o município de Ribeirão Preto, que abriga grande parte dos estabelecimentos industriais, de comércio e serviços existentes na bacia, seguidos de Mococa, São José do Rio Pardo e Tambaú, os outros três municípios de maior expressão na economia regional para os setores citados. Verifica-se ainda na região, a existência de um potencial para o desenvolvimento turístico nos segmentos rural, de aventura, religioso e ecoturismo. As grandes fazendas de café que foram prósperas no final do século XIX e início do século XX são atrativos de grande valor arquitetônico, histórico e cultural. No segmento do turismo religioso, o Caminho da Fé, inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, foi criado em 2003 para servir de apoio às pessoas que peregrinam ao Santuário de Nossa Senhora de Apare- cida. Ribeirão Preto destaca-se com a realização de turismo de negócios e eventos, especialmente ligados ao setor sucroenergético. Este quadro de situação revela, sim, a condição da bacia hidrográfica do Rio Pardo de estar vivendo um mo ento m em que transita de uma vocação marcadamente agropecuária para a realidade de uma região com uma economia que se apóia na força do binômio indústria/serviços, com maior capacidade de geração de riquezas. Essa mudança de perfil é importante para que se possa caracterizar os impactos ambientais que venham a ocor- rer de agora em diante. E essas mudanças se fazem ainda mais presentes quando se sabe que a Aglomeração Urbana de Ribeirão Preto já ostenta a condição de abrigar iniciativas importantes, economicamente expressivas e gerencialmente bem sucedidas, de Arranjos Produtivos Locais, tais como os das indústrias de instrumentação médico-hospitalar e odontológicos, de precisão e de automação. Porém, este esforço por fazer-se uma região com vocação industrial esbarra numa segurança hídrica frágil, como já citado anteriormente. uGrHi 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí A UGRHI 05 – Piracicaba/Capivari/Jundiaí, o PCJ, tem sua vocação definida como industrial. Os 14.178 km² que seu espaço territorial abarca, continham, em 2010, uma população da ordem de 5,1 mi hões l de habitantes (IBGE, 2010a), espalhada, de forma muito desigual, por seus 57 municípios (Figura 2.8). Em 2020, são esperados 5,7 milhões de habitantes (SEADE, 2010b). Atualmente, o PCJ comporta pouco mais de 12% da população paulista. 18
  • 38. FiGura 2. 8 uGrHi 05 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Os recursos hídricos existentes na bacia hidrográfica não estão de todo disponíveis para saciar as suas deman- das. Uma parte considerável deles, pertencente ao do Rio Piracicaba, é transferida para o Sistema Cantareira (algo em torno de 30 m3/s), sendo responsável por 50% do abastecimento doméstico demandado pela Região Metro olitana de São Paulo. p O PCJ trabalha com uma demanda total da ordem de 81 m³/s, coberta sem qualquer segurança hídrica por uma disponibilidade hídrica total de 65 m³/s (SMA/CRHi, 2010). Esta situação crítica se revela bastante presente na distribuição das reservas de águas interiores na UGRHI 05, porque se torna necessário alimentar, também, um sistema de exportações internas. Isso se dá pela transposição das águas da Bacia Hidrográfica do Piracicaba (com recursos de sua sub-bacia do Rio Atibaia), para as dos rios Jundiaí (visando garantir o abastecimento de Jundiaí) e do Capivari (visando assegurar o completo abastecimento de Campinas). O mesmo ocorre, internamente, da sub-bacia do Atibaia para a do Baixo Piracicaba e da sub-bacia do Jaguari para as do Atibaia e do Baixo Piracicaba. A UGRHI abriga a Região Metropolitana de Campinas e seus 19 municípios1, parte da Aglomeração Urbana de Piracicaba-Limeira2, e da Aglomeração Urbana de Sorocaba-Jundiaí3. Todos esses conjuntos de municípios – os postos na Região Metropolitana de Campinas e nas aglomerações urbanas citadas – são parte integrante da Macrometrópole Paulista, men ionada anteriormente. c 1 Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos, Vinhedo. 2 Araras, Conchal, Cordeirópolis, Estiva Gerbi, Iracemápolis, Leme, Limeira, Mogi-Guaçu, Moji-Mirim, Piracicaba, Rio Claro, Santa Gertrudes. 3 Atibaia, Bragança Paulista, Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Itu, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Porto Feliz, Salto, Sorocaba, Várzea Paulista. 19
  • 39. A bacia hidrográfica do PCJ consolidou-se como um lugar importante na opção por alternativas de localização de indústrias da Região Metropolitana de São Paulo, quando esta passou a viver a transição de suas vocações industriais, para assumir o seu status de núcleo de formulação de estratégias empresariais e financeiras, próprias dos centros urbanos com expressão mundial. Implantou-se, então, um parque industrial diversificado na bacia, com maior concentração nos municípios de Indaiatuba, Paulínia e Sumaré, com destaque para produção de tecnologias e componentes para telecomuni- cações e informática, montadoras de veículos automotivos, refinarias de petróleo, fábricas de celulose e papel e, como não poderia deixar de ser, indústrias alimentícias e sucroalcooleiras. Só de usinas de açúcar e álcool, a bacia hidrográfica do PCJ abriga doze unidades. Este aglomerado de plantas industriais, com tão diversos objetivos, tornou-se, por força de suas cada vez maiores exigências tecnológicas, um fornecedor confiável de oportunidades a centros de pesquisa e universidades do País, na busca por alargar, de forma constante, suas capacidades de gestão e de produção. Essa transformação da região em um centro produtivo industrial com tais dimensões, foi acompanhada também por uma imensa rede de serviços, com todas as exigências necessárias para fazer da região um espaço sul-ameri- cano de produção, produtividade e liderança. A força de sua capacidade empreendedora, em nível urbano, não rouba a necessidade de empreender avanços e con- quistas na sua agropecuária, dominada pela presença da cana-de-açúcar e da citricultura e que tem em Piracicaba o centro de maior relevância na busca pela cada vez mais significativa produtividade para suas áreas plantadas. Ainda vale destacar a presença de diversas estâncias hidrominerais, climáticas e turísticas na UGRHI 05, as quais integram diversos circuitos turísticos paulistas. O Circuito das Frutas, formado por 10 municípios des- ta UGRHI, enfatiza a importância do turismo rural na região. Os produtores de frutas exploram a atividade turísti a através da visita às suas propriedades rurais, onde se pode vivenciar a produção artesanal do vinho e c de doces, a produção das frutas e a vida em contato com as raízes históricas e culturais do interior paulista. No município de Holambra, que responde sozinho por um terço da produção de flores e plantas ornamentais do país, pode-se testemunhar a influência holandesa na arquitetura e nos moinhos que compõem a paisagem. No circuito das águas, que são conhecidas internacionalmente por seu poder de cura, fazem parte os municípios de Amparo, Jaguariúna, Monte Alegre do Sul e Pedreira. Na Região Metropolitana de Campinas destaca-se o potencial para o turismo de negócios e de ciência e tecnologia. Já o Circuito Turístico entre Serras e Águas, com potencial para o turismo rural, ecoturismo e turismo de aventura nas exuberantes formações da Serra da Manti- queira, conta com a participação de onze municípios da UGRHI 05 e dois da UGRHI 06. uGrHi 06 – alto tietê A UGRHI 06 – Alto Tietê e sua vocação industrial obrigam a Região Metropolitana de São Paulo a se aproxi- mar cada vez mais de seu objetivo maior: o de ser um aglomerado urbano de expressão globalizada. O que se tem de concreto é que a região está posicionada como o centro do sistema urbano contínuo que com- põe os domínios da Macrometrópole Paulista, composta por 102 municípios, que contêm 70% da população do Estado e gera 80% de suas riquezas. Seu território, de 5.868 km², abriga população que, em 2010, conformou aproximadamente 20 milhões de habi- tantes (IBGE, 2010a), pouco mais de 47% do contingente populacional paulista do momento, a viver em seus 34 municípios (Figura 2.9). Calcula-se que sua população em 2020, chegará próximo aos 22 milhões de habitantes (SEADE, 2010b). 20
  • 40. FiGura 2. 9 uGrHi 06 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) A UGRHI 06 vive um enorme desequilíbrio hídrico. A disponibilidade hídrica total da bacia é da ordem de 31 m³/s, enquanto sua demanda total de abastecimento é de 55 m³/s (SMA/CRHi, 2010). Como já registrado na caracterização da UGRHI 05 – PCJ, esse déficit é superado por importações de vazões interbacias e intrabacias, gerando um comportamento bastante peculiar. É preciso que se registre que esse respeitável contingente de pessoas que habita a Região Metropolitana de São Paulo guarda uma tradição que, felizmente, agora se esgota: o de crescer aos saltos. Entre 1872 (com 30 mil habitantes) e 1900 (com 240 mil habitantes), o município de São Paulo viu sua popu- lação crescer oito vezes. Em 1920, já tinha 580 mil habitantes. Em 1940, 1 milhão e 300 mil, ou seja, 5,5 vezes mais do que em 1900. Hoje, com 11 milhões de habitantes (IBGE, 2010), abriga população 8,5 vezes maior do que a de 1940 (SÃO PAULO, 2007). Como se não bastassem esses saltos populacionais, que por si só são obstáculos à construção de sua melhor qua- lidade de vida, é preciso considerar que 40% da ocupação humana ocorrida entre 1940 e 1990, primeiro em São Paulo e depois em sua Região Metropolitana, se deu em áreas com restrições ambientais sérias. Soma-se a isso, o fato de que entre 1990 e 1996, a população favelada da Região Metropolitana de São Paulo au entou em 50% m seus números originais, sendo, em boa parte, acomodada em áreas de proteção de mananciais. A tendência para a desconcentração econômica observada, que marca o passado recente e o presente da Região Metropolitana de São Paulo, anotada já na caracterização da UGRHI 05 – PCJ, vem fazendo com que a região perca de forma substantiva a sua par icipação nos PIB nacional e do Estado. t 21
  • 41. Duas tendências trabalham para reverter a situação aqui colocada: • Aproveitando a sua condição de centro financeiro e de decisão de estratégias empresariais, a Região Metropolitana tenta conformar um centro de atividades do setor terciário avançado. De um lado, busca gerenciar as atividades dos setores com plantas produtivas instaladas em regiões abarcadas por sua área de influência, no interior do País. De outro lado, busca centralizar na região todo o gerenciamento da ati- vidade econômica do agronegócio, um setor em sustentável desenvolvimento, pelo fato de se beneficiar da condição do Brasil ser fornecedor de alimentos de um mundo em franca expansão do poder de compra de parte significativa de suas, hoje ainda, populações periféricas; e • Constata-se, desde 2004, uma participação crescente da indústria na formação do PIB metropoli- tano, o que surpreende porque as expectativas são as de que São Paulo caminhe para a condição de metrópole pós-industrial, apontando para o fato de que vive a oportunidade de trabalhar formas de convivência harmônica, possibilitando complementar as atividades industriais e terciárias avançadas que pratica. Contando com diversos circuitos turísticos, a UGRHI 06 se destaca, também, pela diversidade de atra- tivos, que abrangem praticamente todos os segmentos turísticos: ecoturismo, turismo rural, de saúde, de aventura, religioso, de negó ios, de compras, de eventos, cultural, gastronômico, científico-tecnológico, c educacional, entre outros. A capital São Paulo, um dos principais destinos do país, possui o maior parque hoteleiro no Brasil, concentra 75% das grandes feiras e realiza 90 mil eventos por ano. Em 2006 e 2007, São Paulo foi a cidade das Américas que sediou o maior número de eventos internacionais vinculados à Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA), tendo ficado em 23º lugar no mundo, su- perando destinos como Nova Iorque, Vancouver, Madri e Tóquio. uGrHi 07 – baixada santista A UGRHI 07 – Baixada Santista está classificada, também, como industrial e, está inteiramente formada pelos municípios que integram a Região Metropolitana da Baixada Santista. É importante que se registre, também, que é parte da Macrometrópole Paulista, já delineada quando aqui se tratou de analisar as características da UGRHI 06. Num território de 2.818 km², contemplando nove municípios, como pode ser visto na Figura 2.10, a Baixada Santista tem população permanente de aproximadamente de 1,7 milhão de habitantes, 4% do total do Estado (IBGE, 2010a). Como a bacia hidrográfica do Litoral Norte, convive também com população flutuante ex- pressiva, como consequência de sua vocação turís ica de segunda residência ou para o lazer. Essa semelhança t se dá, também, quanto às suas áreas habitáveis, que se encontram comprimidas entre o mar e a serra e, como o que ocorre no Litoral Norte, faz oportuna a apropriação de sítios impróprios à ocupação urbana, que são na maioria das vezes áreas de risco, por serem manguezais ou terras com pouca estabilidade geológica situadas em encostas de morro. 22
  • 42. FiGura 2. 10 uGrHi 07 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Seu balanço hídrico apresenta uma situação de atenção, já que sua disponibilidade hídrica total é de 58 m³/s e a demanda gira em torno de 18 m³/s (31% da vazão total disponível) (SMA/CRHi, 2010). Com uma economia espremida entre as atividades portuárias, as do Pólo Industrial de Cubatão e as terciárias, de apoio ao turismo de lazer, em muito incentivado pelo monumental complexo viário de acesso ao porto, a Baixada Santista não conta com uma atividade agropecuária a ser considerada, dada a sua total inexpressividade. O turismo é evidenciado principalmente nas estações do ano mais quentes (primavera e verão), devido à sua orla marítima extensa. Além da forte expressão do turismo de segunda residência na região, podemos destacar a presença do circuito turístico Costa da Mata Atlântica, que evidencia toda a riqueza natural do Parque Estadual da Serra do Mar e conta com a participação de todos os municípios da UGRHI. Em Santos, a presença do por- to, juntamente com um terminal de passageiros que tem capacidade para receber 6.500 pessoas por dia, é fator essencial ao desenvolvi ento do turismo náutico no município. m Outro segmento que é observado na região é o turismo cultural, favorecido devido à região ter vivenciado mo- mentos marcantes da história do Brasil. Merece destaque São Vicente, primeira cidade brasileira, fundada em 1532 pelo navegador português Martim Afonso de Sousa. O turismo religioso desponta também como um importante segmento na região, o que é evidenciado pelo pro- jeto “Caminhos de Anchieta”, que visa desenvolver o turismo nos lugares de passagem e peregrinação do Beato José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo. A região ainda dispõe de espaços estruturados para eventos e convenções de grande porte, um parque hoteleiro em grande crescimento e uma gastronomia diversificada. 23
  • 43. Da mesma forma que o Litoral Norte, está a viver momentos de mudança dessas expectativas econômicas pouco ágeis. A exploração previsível do Campo de Tupi, e suas copiosas reservas de petróleo das camadas pré-sal da Ba- cia de Santos, está a desenhar um futuro de empreendedorismo dinâmico para a região. Nela, muito se acredita em seus desdobramento a curto prazo, tanto assim que já se registram mudanças importantes nas estratégias do mercado imobiliário de Santos, a trabalhar agora com mudanças visíveis de tendências para o uso e a ocupação de seu solo urbano, e isso não pode ser visto como um acontecimento localizado. O município de Santos apresentou, na década que agora se encerra, comportamento populacional com números que trabalham na direção de uma estabilização de seu desenvolvimento. Assim, em 2000, tinha quase 418 mil habitan es e, em 2010, 420 mil. Porém, esta previsão está sendo desmentida pelos reflexos das possibilidades de t se incrementar a economia regional a partir da atividade petroleira, num futuro quase que imediato. Para o todo da bacia da Baixada Santista, está prevista uma população de aproximadamente 1,9 milhão de ha- bitantes em 2020 (SEADE, 2010b), sem se considerar, como ocorre com a do Litoral Norte, eventuais fluxos migra órios significativos em direção à região, por força das iniciativas para a exploração do Campo de Tupi. t uGrHi 08 – sapucaí/Grande A UGRHI 08 – Sapucaí/Grande tem sua vocação definida como predominantemente agrária, mas em transição para ser parte das que têm, no Estado, perfil industrial. Com um território de 9.125 km², é composta por 22 municípios (Figura 2.11), que abrigavam uma popula- ção, em 2010, de 670 mil habitantes (1,6% do Estado), com quase a metade dela residindo em Franca (IBGE, 2010a). Em 2020, a previsão é de que a população da bacia chegue a 780 mil habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 11 uGrHi 08 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) 24
  • 44. Sua segurança hídrica se mostra em situação de relativo conforto. Sua disponibilidade total é de 46 m³/s, en- quanto que a demanda está próxima de 5 m³/s (SMA/CRHi, 2010). A tendência à industrialização que se verifica, dá-se pelo desenvolvimento do Pólo Calçadista de Franca, um Ar- ranjo Produtivo Local, que abriga o conjunto de suas fábricas, as plantas industriais das empresas periféricas de seus fornecedores e as instituições destinadas à formação de mão-de-obra especializada, todas essas instituições voltadas a suprir suas necessidades de produção. Seus mentores têm hoje, um objetivo estratégico: superar a concorrência internacional, imbatível quando para suprir o mercado de calçados de média e baixa qualidades, dominado de maneira absoluta pela China. Resta ao Brasil, assim, buscar capacidade competitiva nos mercados de produtos com desenho e acabamento de alta sofisticação, uma fronteira nova para os negócios do calçado brasileiro. Segundo o IEA (2009), suas áreas de pastagem, cobrindo cerca de 2 mil km², estão destinadas, em especial, à pecuária bovina de corte, o que representou 22% do território da Bacia em 2009. Estas áreas são supera as pela d presença da cana-de-açúcar, plantada em 4,6 mil km², ou 50% do território, onde estão localizadas oito usinas de açúcar e álcool. Os municípios de Aramina, Buritizal, Igarapava, Ituverava, Miguelópolis, Pedregulho e Rifaina fazem parte do Circuito Turístico dos Lagos, marcado pela paisagem da região do rio Grande. O ecoturismo pode ser praticado nas matas preservadas da região, onde há cachoeiras e grutas. Ainda existe um potencial para a prática do turis o cultural, em função da existência de um patrimônio histórico e m cultural preservado na região. uGrHi 09 – Mogi-Guaçu A UGRHI 09 – Mogi-Guaçu também está classificada como em transição para a condição de industrial, embora suas características estejam, nesse sentido, mais bem explicitadas do que as da UGRHI 08, por exemplo. Um conjunto importante de seus municípios está listado entre os que compõem a Macrometrópole Paulista, pertencentes ao Aglomerado Urbano de Piracicaba-Limeira. São eles: Araras, Conchal, Estiva Gerbi, Leme, Mogi Guaçu e Mogi Mirim. Seu território cobre uma área de 15.004 km² e é composto por 38 municípios, vide Figura 2.12 que segue. Sua população, em 2010, era de 1,5 milhão de habitantes, segundo IBGE (2010a), perfazendo 3,5% do total da população do Estado. Em 2020, prevê-se que tenha 1,6 milhão de habitantes (SEADE, 2010b). 25
  • 45. FiGura 2. 12 uGrHi 09 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Um fato relevante a ser considerado é que a maior parte de sua população está localizada na sub-bacia do Alto Mogi (com cerca de 600 mil habitantes), formada pelos municípios de Aguaí, Araras, Conchal, Enge- nheiro Coelho, Espírito Santo do Pinhal, Estiva Gerbi, Leme, Mogi Guaçu, Mogi Mirim e Santa Cruz da Conceição. A pressão por água de abastecimento doméstico na região vem se somar àquela de sua produção agroindustrial, onde se concentra o forte de seu desempenho econômico, com grande presença do setor de açúcar e álcool, que conta com mais de 30 usinas instaladas, além do setor de celulose e papel, óleos vegetais, frigoríficos e bebidas. Por suas sub-bacias ocorrem, com ênfase, episódios críticos, originários indistintamente de atividades industriais ou de uso doméstico, que ameaçam o seu equilíbrio hídrico, hoje numa boa situação, apresentando uma disponi- bilidade hídrica total de 72 m³/s e uma demanda de aproximadamente 19 m³/s (SMA/CRHi, 2010). No mais, são destaques de desempenho econômico diferenciado as Estâncias Hidrominerais de Águas de Lin- dóia, Lindóia, Serra Negra e Socorro, que fazem parte do Circuito das Águas, conhecido internacionalmente pelo poder de cura de suas águas. A prática de esportes de aventura merece destaque nesses municípios. Socorro é conhecida pela prática do rafting, já em Águas de Lindóia, verifica-se a ocorrência do off-road na Serra do Brejal e, ainda vale frisar, que Serra Negra faz parte da rota de motoqueiros. uGrHi 10 – sorocaba/Médio tietê A UGRHI 10 – Sorocaba/Médio Tietê, de vocação industrial, tem os municípios de Cabreúva, Itu, Porto Feliz e Sorocaba, pertencentes ao Aglomerado Urbano de Sorocaba-Jundiaí, como parte da Macrometrópole Paulista. 26
  • 46. Com um território de 11.829 km², seus 33 municípios (Figura 2.13) abrigavam uma população, em 2010, de 1,8 milhão de habitantes, 4,5% da população estadual (IBGE, 2010a). Sua popu ação, em 2020, está prevista para l chegar a 2,2 milhões de habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 13 uGrHi 10 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Seu balanço hídrico apresenta uma situação de atenção, com uma disponibilidade total de 39 m³/s e uma de- manda de 12,4 m³/s (SMA/CRHi, 2010). Sua região de melhor desempenho econômico é a da sub-bacia do Médio Sorocaba. Nela, convivem seus três municípios com maior presença na atividade secundária, com empreendimentos industriais de grande porte: Alumínio, Sorocaba e Votorantim. A bacia do Sorocaba Médio/Tietê começou a industrializar-se a partir da década de 1970, intensifi ando-se a c partir dos anos 1980, quando recebeu boa parte das indústrias que, saindo de uma São Paulo que começava a apresentar sucessivas dificuldades ao desenvolvimento de seu parque industrial, deslocaram-se para o interior, dando prioridade às regiões dotadas de infra-estrutura viária e de fácil acesso a matérias-primas, en ontrando c na UGRHI 10, a prática de uma agropecuária consistente e reservas minerais abundantes. Este fato propiciou que, na bacia, se instalassem grandes complexos industriais de base mineral – o alumínio e o cimento –, o que acelerou sobremaneira o seu significado econômico para o desenvolvimento do Estado. Com isso, abriu-se espaço para que, em suas regiões mais industrializadas se desenvolvessem centros diversifica- dos e sofisticados de serviços, com especial destaque aos centros universitários de Botucatu, Itu e Sorocaba. 27
  • 47. Em concomitância com esses avanços, a região foi se tornando um espaço importante para a implantação de cadeias produtivas com base na agropecuária. A presença de vastas áreas com florestas plantadas de Pinus e Eucalipto, serve para sinalizar a importância do setor agroindustrial de papel e celulose. Suas florestas plantadas dividem o solo rural da região com a cana-de-açúcar, que vai assumindo partes importantes dessas paragens, fa- zendo com que a presença das pastagens diminua, mas não se torne menos importante nos espaços de produção agropecuária da bacia. Encontra-se ainda na região, o Circuito Turístico Itupararanga, formado pelas cidades localizadas na área de influência da APA de Itupararanga. Com atrativos voltados para o ecoturismo, o turismo rural e o de aventura, a maior parte da infraestrutura turística está concentrada nos municípios de São Roque e Ibiúna. Estes dois municípios, juntamente com Itu, receberam o título de estâncias turísticas do Estado de São Paulo. O Roteiro Turístico dos Bandeirantes, também contempla a região, reunindo cidades às margens do Rio Tietê, por onde as antigas expedições bandeirantes passaram a partir do século XVI, em busca de metais preciosos e apresamento de índios. Além de Cabreúva, Itu, Porto Feliz e Tietê, também inclui Araçariguama, que tem a mina de ouro mais antiga do Brasil, datada de 1605. Outro roteiro que merece destaque é o do Pólo Cuesta, com seu cenário diferenciado de formações rochosas, ideal para a prática de ecoturismo, turismo de aventura e rural. As represas existentes e o Rio Tietê são elementos ideais para a prática da pesca e de esportes náuticos. uGrHi 11 – ribeira de iguape/litoral sul A UGRHI 11 – Ribeira de Iguape/Litoral Sul está classificada como de conservação, entre outras razões porque divide com a bacia hidrográfica do Alto Paranapanema, de mesma vocação, a defesa da ambiência natural da Ser- ra do Mar e, por própria conta, das regiões que compõem o Vale do Ribeira e do Complexo Lagunar Estua ino r de Iguape e Cananéia, na foz do rio Ribeira de Iguape. Sua extensão territorial é de 17.068 km². Sua população alcançou 365 mil habitantes em 2010, perfazendo 0,9% do total estadual, segundo IBGE (2010a). São 23 os seus municípios, vide Figura 2.14, que em 2020 deverão contar com aproximados 420 mil habitantes (SEADE, 2010b). 28
  • 48. FiGura 2. 14 uGrHi 11 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) A bacia vive uma despreocupada relação com sua segurança hídrica. A disponibilidade hídrica total é de 229 m³/s, enquanto a demanda chega a pouco mais de 3 m³/s (SMA/CRHi, 2010). Sua economia tem atividade secundária de muito pequena expressão, o que também se reflete na atividade do setor terciário, o de serviços. Já sua atividade primária está baseada na produção de banana e de chá. Existe na UGRHI uma grande diversidade de atividades turísticas que podem ser desenvolvidas, da prática de turismo de sol e praia no Lagamar à prática do espeleoturismo nas cavernas do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). No Pólo Turístico de Lagamar, os lagos à beira-mar formam uma paisagem diferenciada, onde pode ser praticada a pesca esportiva. Em Ilha Comprida, dunas e zonas balneares se destacam no cenário. No Vale do Ribeira, a biodiversidade da Mata Atlântica, tombada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como Patrimônio Natural da Humanidade é um dos principais atra- tivos. Os Parques Estaduais de Jacupiranga e da Ilha do Cardoso são representantes desse bioma e apresentam grande potencial para a prática do ecoturismo. O Vale do Ribeira é uma região considerada por muitos como o paraíso dos ecoturistas, por possibilitar a prática de grande variedade de esportes de aventura, como canyoning, rafting, rapel, cascading, espeleoturismo, trekking, bóia-cross, etc. Já os sítios arqueológicos, quilombos, artesanato, gastronomia e bens tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHA- AT) fazem parte dos atrativos culturais da região. 29
  • 49. Essa gama de atrativos, aliada à vocação conservacionista, evidencia uma potencialidade da região que deve ser estimulada cada vez mais pelo poder público. uGrHi 12 – baixo Pardo/Grande A UGRHI 12 – Baixo Pardo/Grande está classificada como a que busca a sua industrialização. Sua dimensão territorial é de 7.239 km². Sua população em 2010 era de 333 mil habitantes, 0,8% da população de São Paulo (IBGE, 2010a), que ocupam os seus 12 municípios (Figura 2.15). Em 2020 espera-se contar com 350 mil habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 15 uGrHi 12 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Sua segurança hídrica expressa uma situação de atenção, já que sua disponibilidade hídrica total é de 31 m³/s e sua demanda alcança pouco mais de 12 m³/s, mais que 30% da vazão disponível (SMA/CRHi, 2010). O que explica a bacia ter como vocação deixar de ser agropecuária e caminhar em direção a sua condição de in- dustrial, se deve ao grande aumento do número de indústrias de transformação, como também de suas atividades terciárias, observado ao longo da última década. No município de Barretos acontece a internacionalmente conhecida Festa do Peão Boiadeiro, considerada a maior festa de rodeio do Brasil, atraindo centenas de milhares de visitantes todos os anos. Além do espe- táculo dos peões nas provas de rodeio, shows com artistas renomados, exposições e gastronomia compõem o atrativo. 30
  • 50. Nas atividades primárias, cana-de-açúcar, laranja e pastagens dominam o uso e a ocupação de seu solo rural. A cana ocupava algo como 54% de todo o território da UGRHI em 2009 e, no mesmo ano as pastagens se esten- diam por 14% do território (IEA, 2009). uGrHi 13 – tietê/Jacaré A UGRHI 13 – Tietê/Jacaré é uma bacia hidrográfica vivendo em transição da condição de produtora agro- pecuária para industrial. A extensão de seu território é de 11.779 km². Sua população em 2010, conformava 3,6% do total estadual, com quase 1,5 milhão de habi antes (IBGE, 2010a), abrigada em seus 34 municípios (Figura 2.16). Sua população, t em 2020, está estimada para ser de quase 1,7 milhão de habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 16 uGrHi 13 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Seu balanço hídrico também apresenta uma situação de atenção, pois está ditado por uma vazão total disponível de 50 m³/s e uma demanda total de 24 m³/s (SMA/CRHi, 2010). O setor primário da UGRHI 13 – Tietê/Jacaré trabalha no apoio às cadeias produtivas para a produ ão de açú- ç car e álcool, com usinas instaladas nas regiões de entorno de Araraquara e Jaú, de suco de laranja, em Araraquara, de celulose e papel e de bebidas em Agudos, Araraquara e Bauru e de couro, de origem bovina, em Jaú e Bocaina. As usinas de açúcar e álcool localizadas na bacia somam 22 unidades. 31
  • 51. São componentes fortes do setor secundário da região o Pólo Calçadista de Jaú, o Arranjo Produtivo Local de bordados de Ibitinga, além do Pólo Turístico de Barra Bonita e Igaraçu do Tietê. Os Circuitos Caminhos do Tietê, Chapada Guarani e Centro Oeste Paulista, reúnem os principais atrativos tu- rísticos desta UGRHI. Cortada pelo rio Tietê, a região oferece cenário e clima agradáveis, propícios à realização de passeios, prática de esportes náuticos e pesca esportiva. Além disso, a identidade histórica e a força do setor agrícola propiciam a prática do turismo rural na região. A Chapada Guarani, marcada por grandes eventos históricos da época dos bandeirantes e auge do café, é dotada de grande beleza paisagística e é hoje referência para a prática de turismo de aventura e ecoturismo. O município de Brotas é conhecido como a capital da aventura e a hidrografia da região é ideal para a prática de canoagem e rafting. Em Barra Bonita, a eclusa, que é explorada turisticamente, é o principal atrativo, juntamente com os esportes náuticos e atividades recreativas que são praticados na represa. E em São Carlos, o turismo de negócios e científico-tecnológico são os principais segmentos. Vale ainda destacar, a existência de um Pólo Industrial de Alta Tecnologia no município de São Carlos, em função, principalmente, da existência de diversos centros de pesquisa de geração de tecnologia, além da Hidrovia Tietê-Paraná, que propicia à região contar com uma estrutura intermodal de serviços portuários, localizada em Pederneiras, e que fomenta a atividade econômica na região. uGrHi 14 – alto Paranapanema A UGRHI 14 – Alto Paranapanema está classificada como de conservação, como já se registrou quando se tratava de caracterizar a bacia hidrográfica do Ribeira de Iguape/Litoral Sul. As nascentes do Paranapanema estão nos contrafortes da Serra do Mar, em sua fachada que se volta para o inte ior, o que lhe confere a condição de objetivar, por vocação, os feitos para a conservação do r ambiente natural. Sua extensão territorial é de 22.689 km². É composta por 34 municípios, de acordo com a Figura 2.17 a seguir, que ostentaram uma população, em 2010, de 722 mil habitantes (1,8% do total do Estado) segundo o IBGE (2010a), estan o previsto que, em 2020, a bacia deva ter uma população de 820 mil habitantes d (SEADE 2010b). 32
  • 52. FiGura 2. 17 uGrHi 14 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Seu balanço hídrico aponta para uma folgada situação de segurança. Sua disponibilidade total é de 114 m³/s, enquanto sua demanda anda por volta de 10 m³/s (SMA/CRHi, 2010). Suas atividades econômicas estão divididas, basicamente, entre as voltadas à agropecuária e às de mineração. Com relação ao uso e ocupação do solo na bacia, vale destacar a presença da cana, que ocupava, em 2009, uma área de 911 km² ou 4% do total do território. A presença de pastagens na região também merece destaque, já que ocupavam no mesmo ano, 28% do território, equivalente a 6.300 km² (IEA, 2009). As atividades de mineração estão baseadas na exploração de minerais não metálicos e se concentram nos muni- cípios de Bom Sucesso de Itararé, Guapiara, Itapeva, Nova Campina, Ribeirão Branco e Ribeirão Grande. Têm destaque as de calcário, em Guapiara e Itapeva, para a fabricação de cal hidratada, e em Ribeirão Branco para a fabricação de cimento. As áreas legalmente protegidas da Bacia – Áreas de Proteção Ambiental, Estações Experimentais, Estações Eco ógicas, Florestas Nacionais, Florestas Estaduais e Parques Estaduais – cobrem cerca de 15% de seu terri- l tório e invadem bordas das bacias hidrográficas circunvizinhas, capacitando-a para cumprir o que estabelece a sua classificação vocacional. Entre as Unidades de Conservação que se concentram nesta UGRHI, se destacam o Parque Estadual de In- tervales, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), o Parque Estadual Carlos Botelho e a Estação Ecológica de Xituê. A região possui um grande potencial hídrico e um dos maiores índices de biodiversidade do planeta. As atividades que podem ser praticadas pelos turistas vão desde uma simples caminhada e contemplação 33
  • 53. da natureza, ao turismo cultural e prática de esportes de aventura. As cachoeiras, riachos, cavernas e corredeiras oferecem o am iente propício para isso. b O Caminho dos Tropeiros, circuito turístico que conta com a participação de 14 municípios desta UGRHI e outros oito da UGRHI 10, foi criado em 2003, e proporciona ao visitante a oportunidade de reviver a história, a cultura e os cenários da época em que bens de consumo eram trazidos a São Paulo nos lombos de burros. No trecho paulista, o roteiro vai de Itararé a Sorocaba. uGrHi 15 – turvo/Grande A UGRHI 15 – Turvo/Grande está classificada como de vocação agropecuária. Sua extensão territorial é de 15.925 km². Seus 64 municípios (Figura 2.18) abrigavam uma população, em 2010, de 1,2 milhão de habitantes, o que corresponde a quase 3% da população de São Paulo (IBGE, 2010a). Para 2020 sua população está estimada em 1,3 milhão de habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 18 uGrHi 15 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Sua segurança hídrica é tida como em estado de atenção, pois sua disponibilidade hídrica total é de 39 m³/s, enquanto as demandas por consumo são da ordem de 17 m³/s (SMA/CRHi, 2010), mais de 30% do total disponível. 34
  • 54. A atividade primária de sua economia tem na cana-de-açúcar e na laranja seus principais produtos. A cana vai alimentar as 18 usinas de açúcar e álcool da região. A laranja vai abastecer unidades de esmagamento para a pro- dução de suco na região de Catanduva. É também importante a presença da pecuária, a alimentar frigoríficos e laticínios da região. Das atividades industriais de sua economia, são destaques as indústrias de eletrodomésticos, em Catanduva, móveis, confecções e metalúrgicas (carrocerias) em Votuporanga, material elétrico (transformadores de energia) em Fernandópolis e fundição e autopeças de borrachas em Monte Alto, que convivem com um parque industrial diversificado e dinâmico, localizado em São José do Rio Preto, contando com centenas de indústrias. Nessas em- presas prepondera a produção de bens não duráveis relativos às indústrias de bebidas, eletrodomésticos, papel, móveis, artefatos de borracha, etc. Existe ainda nesta UGRHI um grande potencial para o desenvolvimento do turismo de esportes náuticos e de atividades recreativas aquáticas, graças aos atributos hidrográficos da região. uGrHi 16 – tietê/batalha A UGRHI 16 – Tietê/Batalha também está classificada como de vocação agropecuária. Seu território mede 13.149 km². Está composto por 33 municípios (Figura 2.19), com população calculada, para 2010, de 512 mil habitantes (1,2% do total da população paulista), de acordo com a o IBGE (2010a). Em 2020 sua população deve somar algo como 550 mil habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 19 uGrHi 16 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) 35
  • 55. Seu balanço hídrico mostra-se na posse de uma situação confortável, com sua disponibilidade total sendo de 40 m³/s e sua demanda registrando um nível aproximado de consumo de 8 m³/s (SMA/CRHi, 2010). Na sua economia, as questões da agropecuária se desenvolvem na maior porção de suas áreas rurais, apoiadas nas atividades do cultivo da cana-de-açúcar e da laranja e criação, em escala preponderante, de rebanhos bovinos. São partes de cadeias produtivas que buscam agregar valor a produtos primários. Assim, estão instaladas na ba ia, c nove usinas de açúcar e álcool, além de algumas unidades esmagadoras de laranja e frigoríficos de porte. Cerca de 31% da área da bacia está destinada ao plantio da cana, enquanto 26% a áreas de pastagens (IEA, 2009). As cidades de Itápolis, Lins, Matão, Novo Horizonte e Taquaritinga concentram a força industrial e, por conse- quência, a força dos serviços da bacia. A Hidrovia Tietê-Paraná é um atrativo potencial para que seja desenvolvido o turismo náutico nesta UGRHI. A Estância Hidromineral Ibirá oferece a possibilidade da prática de atividades de lazer e de turismo de saúde, nas fontes hidrominerais com propriedades terapêuticas. uGrHi 17 – Médio Paranapanema A UGRHI 17 – Médio Paranapanema está classificada como agropecuária. Sua extensão territorial é de 16.749 km². Sua população, em 2010, girava em torno de 666 mil habitantes, 1,6% da população do Estado (IBGE, 2010a). Eles se acomodam em seus 42 municípios (Figura 2.20), que deverão abrigar, em 2020, presumíveis 750 mil habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 20 uGrHi 17 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) 36
  • 56. A bacia goza de confortável condição em relação à sua segurança hídrica, pois sua vazão total disponível é de 82 m³/s e sua demanda total de água de 8 m³/s (SMA/CRHi, 2010). A grande força de sua economia está depositada nas atividades desenvolvidas pelo setor primário, agropecuário. Seu segmento mais expressivo é o da cadeia produtiva do setor sucroalcoleiro, que mantém, na região, 17 usinas em atividade. Ainda merecem destaque a bovinocultura e a suinocultura que têm grande representatividade no segmento para o todo do Estado. Contando com as Estâncias Turísticas de Avaré e Paraguaçu Paulista, com a Estância Climática de Campos Novos Paulista e a Estância Hidromineral de Águas de Santa Bárbara, esta UGRHI participa ainda de circuitos turísticos oficiais do Estado de São Paulo, como o Pólo Cuesta e o Circuito Oeste Paulista. As represas no rio Paranapanema possibilitam a prática de atividades de lazer e entretenimento aquático e a prática de esportes náuticos. uGrHi 18 – são José dos dourados A UGRHI 18 – São José dos Dourados é, por vocação, uma bacia hidrográfica agropecuária. Tem uma extensão territorial de 6.783 km². É composta por 25 municípios, vistos na Figura 2.21. Tem uma população que, em 2010, atingiu 224 mil habitantes, abarcando 0,5% do total do Estado (IBGE, 2010a). Para 2020, a bacia deve contar com uma população estimada em 235 mil habitantes (SEADE, 2010b). Seu município pólo é Jales, que contou com população de 47 mil habitantes no ano de 2010, o que representou 21% do todo da população da UGRHI (IBGE, 2010a). FiGura 2. 21 uGrHi 18 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) 37
  • 57. Sua segurança hídrica se encontra em estado de atenção, já que sua disponibilidade hídrica total é de 16 m³/s, en- quanto sua demanda de consumo chega a pouco mais de 5 m³/s, 32% do total disponível (SMA/CRHi, 2010). Com uma economia basicamente agropecuária, tem na cana-de-açúcar, que alimenta suas cinco usinas de açú- car e álcool, e na laranja, as suas culturas predominantes. Elas dividem com sua pecuária – de corte e de leite – o conjunto forte da produção de riquezas da região. Nesta UGRHI, as Estâncias Turísticas de Ilha Solteira e Santa Fé do Sul destacam-se pelo turismo desenvolvi o na Represa de Ilha Solteira, que é voltado para a prática de atividades recreativas e náuticas, d além da pesca esportiva. uGrHi 19 – baixo tietê A UGRHI 19 – Baixo Tietê tem por vocação a agropecuária. Seu território abrange uma área de 15.588 km². Fazem parte dela 42 municípios (Figura 2.22), totalizando uma população, em 2010, de 754 mil habitantes, 1,8% da população do Estado (IBGE, 2010a). Em 2020, espera-se que a bacia tenha uma população de aproximados 790 mil habitantes (SEADE, 2010b). FiGura 2. 22 uGrHi 19 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Seu balanço hídrico sugere que a bacia hidrográfica viva confortavelmente. Sua vazão total disponível é de 36 m³/s e sua demanda total de água para consumo é de 4 m³/s (SMA/CRHi, 2010). 38
  • 58. São ambientes pólos de seu desenvolvimento o Aglomerado Urbano de Araçatuba e Birigui, além do município de Penápolis. Neles estão concentrados, em números de 2010, 348 mil habitantes, ou 46% da população existen- te na bacia neste ano (IBGE, 2010a). Seu espaço rural está dividido, grosso modo, entre as terras ocupadas pela cultura da cana-de-açúcar, com todos os seus municípios convivendo com plantios de cana, e pelas pastagens, uma paisagem tradicional da região. Toda essa cana plantada é trabalhada para atender à demanda das 28 usinas de açúcar e álcool insta- ladas na bacia. O plantel do gado criado em suas pastagens vai servir às necessidades dos frigoríficos, dos curtumes e da indús- tria de leite em pó, instalados nos municípios de Araçatuba, Birigui, Penápolis e Andradina. Em Araçatuba, em função da presença de seu Porto Hidroviário, às margens da Hidrovia Tietê-Paraná, veri- ficam-se oportunidades de diversificação de seu parque industrial, que hoje se destaca pelas indústrias da área médica, que produzem fios cirúrgicos e equipamentos hospitalares. Birigui, por sua vez, abriga o Arranjo Produtivo Local Calçadista, que produz calçados para o público infantil e artefatos de couro sintético. Esta UGRHI apresenta grande potencial para desenvolvimento do turismo náutico e de pesca esportiva, espe- cialmente nos municípios localizados às margens do rio Tietê. As represas possuem grande potencial para a prática de atividades recreativas. A Estância Turística de Pereira Barreto tem potencial para a prática do turismo cultural e rural, uma vez que tem sua história ligada à chegada dos imigrantes japoneses em 1920, que foram atraídos para trabalhar nas fazendas da região. uGrHi 20 – aguapeí A UGRHI 20 – Aguapeí está classificada também como de vocação agropecuária. As semelhanças das UGRHI 20, 21 e 22 com a bacia hidrográfica de São José dos Dourados (UGRHI 18) são evidentes. Estão situadas num mesmo sítio geográfico, possuem mesmas características paisagísticas e vivem a braços com mesmos problemas logísticos. São eles: as distâncias que as separam dos centros de maior consumo e das áreas portuárias de exportação de seus produtos; a dependência da estrutura de alta qualidade, porém muito cara, do transporte rodoviário; e as incertezas nas operações das combalidas malhas ferroviárias e do Complexo Hidroviário do Estado, ainda pouco explorado por razões das mais diversas, mas infinitamen- te mais baratos que o rodoviário. Sua extensão territorial é de 13.196 km². Seus 32 municípios (Figura 2.23) abrigavam uma população, em 2010, de 364 mil habitantes (0,9% da população paulista), segundo o IBGE (2010a), estando previsto que não passará de 375 mil habitantes em 2020 (SEADE, 2010b). A Estância Turística de Tupã é seu município pólo. Os 63 mil habitantes calculados para 2010 conformam aproximados 17% do todo da população da bacia. 39
  • 59. FiGura 2. 23 uGrHi 20 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) A segurança hídrica da UGRHI está avaliada como bastante confortável pelos números que apresenta. Assim, sua vazão total disponível é de 41 m³/s, enquanto sua demanda é algo como 3 m³/s (SMA/CRHi, 2010). O uso e ocupação de solo da Bacia se dão segundo as culturas da cana-de-açúcar e da bovinocultura, seus prin- cipais produtos agropecuários. A cana cobria em 2009, 15% do todo do território da bacia, garantindo a sustentação da produção das oito usinas instaladas na região. As pastagens, por sua vez, cobriam 41% de seu espaço territorial (IEA, 2009). A Estância Turística de Tupã recebeu grande influência das colônias que se instalaram naquela região na época do cultivo do café. Letos, russos, japoneses, portugueses, italianos, espanhóis e sírios ajudaram a escrever a histó- ria do município que hoje é propenso ao desenvolvimento do turismo cultural e rural. Boa parte da região apresenta grande potencial para a prática da pesca esportiva, do turismo náutico e de ativi- dades recreativas nas águas dos rios Paraná e Aguapeí. Merece destaque o município de Panorama, eleito recen- temente pela Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo (SELT) um dos 16 municípios indutores estaduais do turismo. uGrHi 21 – Peixe A UGRHI 21 – Peixe, também agropecuária, guarda as mesmas semelhanças já detectadas em relação às espe- cificidades das bacias hidrográficas de São José dos Dourados e Aguapeí. 40
  • 60. Com extensão territorial de 10.769 km², espalhados por 26 municípios (Figura 2.24), tinha uma população, em 2010, de 448 mil habitantes (IBGE, 2010a), não indo além de 500 mil, quando em 2020 (SEADE, 2010b). Atualmente comporta cerca 1,1% da população total de São Paulo. Seu município pólo é Marília, com população de 217 mil habitantes em 2010 ou 48% do todo da bacia (IBGE, 2010a). FiGura 2. 24 uGrHi 21 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Sua segurança hídrica está assegurada. Sua disponibilidade hídrica total é de 38 m³/s, bem superior aos 2 m³/s da demanda por suas águas (SMA/CRHi, 2010). Seu desempenho econômico está muito próximo àquele observado na bacia hidrográfica do Aguapeí, com sua força de produção agropecuária dividida entre a cultura da cana-de-açúcar e a bovinocultura. Suas pastagens ocupavam, em 2009, 50% do todo da área da bacia. A cana cobria no mesmo ano 16% do terri- tório e abastecia suas seis usinas de açúcar e álcool (IEA, 2009). Existe ainda um grande potencial para a prática da pesca esportiva e de atividades voltadas para o turismo náutico no rio do Peixe. 41
  • 61. uGrHi 22 – Pontal do Paranapanema A UGRHI 22 – Pontal do Paranapanema é também classificada como de vocação agropecuária. Repete-se, aqui, as questões de similaridade levantadas para as bacias hidrográficas de São José dos Dourados, Aguapeí e Peixe. Sua extensão territorial é de 12.395 km². São 21 municípios (Figura 2.25) habitados em 2010 por uma popula- ção de 479 mil habitantes, abarcando 1,2% da população do Estado (IBGE, 2010a), estando estimado que, em 2020, esta população não deva ultrapassar os 510 mil habitantes (SEADE, 2010b). Seu município pólo é Presidente Prudente, com uma ascendência muito forte sobre os demais municípios da UGRHI. Sua população, em 2010, era de 208 mil habitantes ou 43% da população total da bacia (IBGE, 2010a). FiGura 2. 25 uGrHi 22 e seus MunicíPios constitutivos Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) Em relação à sua segurança hídrica vive situação confortável. Sua disponibilidade hídrica total é de 47 m³/s, e sua demanda total gira em torno de 1 m³/s (SMA/CRHi, 2010). Suas nove usinas de açúcar e álcool tiveram à sua disposição uma safra de cana, que ocupou, em 2009, 18% do seu território, segundo o IEA (2009). Ainda, suas pastagens ocupavam 71% do território no mesmo ano. Nos rios Paraná e Paranapanema podem ser praticadas atividades de recreação, pesca esportiva e esportes náu- ticos, com destaque para a região da Estância Turística de Presidente Epitácio. O Parque Estadual Morro do Diabo, localizado no município de Teodoro Sampaio, além de ser o maior fragmento de floresta de todo o oeste paulista, com aproximadamente 33 mil hectares, oferece o cenário ideal para a prática do ecoturismo. 42
  • 62. referências EMPRESA PAULISTA DE PLANEJAMENTO METROPOLITANO S.A. – EMPLASA. Macrometrópole Paulista – Indica- dores 2008. São Paulo: EMPLASA, 2008. FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. Produto Interno Bruto. 2010a. Disponível em: <http://www.seade.sp.gov.br>. Acesso em: dez.2010. FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. Projeções Populacionais. 2010b. Disponível em: <http://www.seade.sp.gov.br>. Acesso em: nov.2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo Demográfico. 2010a. Disponível em <http:// www.ibge.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Contagem Populacional. 2007. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: nov. 2010. INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA: Banco de dados. 2009. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br>. Acesso em: nov. 2010. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. Banco de Dados. 2010. Disponível em <http://www.ipeadata. gov.br>. Acesso em: dez. 2010. INSTITUTO FLORESTAL – IF. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2008/2009. Dados forne- cidos não publicados. São Paulo, 2010. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento. DAEE. Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007. 2005. São Paulo, 2005. SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Planejamento/ Departamento de Estatística e Produção de Informação. Histórico Demográfico do Município de São Paulo. São Paulo, 2007. SECRETARIA DE ESPORTES, LAZER E TURISMO DO ESTADO DE SÃO PAULO / FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS – SELT/FIPE. Caracterização da demanda turística do Estado de São Paulo. Relatório de Pes- quisa, não publicado. São Paulo, 2008. SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SMA/SP. Coordenadoria de Recursos Hídricos. Da- dos fornecidos. São Paulo: SMA/CRHi, 2010. 43
  • 63. 2.2 caracterização das dinâmicas territoriais Para que se avalie a qualidade ambiental de qualquer região, é imprescindível que se conheça as dinâmicas que ocorrem na sociedade e no território que ela ocupa. As atividades humanas, retratadas pelas dinâmicas demo- gráficas, sociais, econômicas e de ocupação do território, produzem pressões no ambiente, pressões estas que vão alterar seu estado, podendo gerar impactos na saúde humana e nos ecossistemas, levando a sociedade a emitir respostas, seja por meio da elaboração de novas políticas públicas ou produção de informação como subsídio a tomada de decisão. Nesse sentido, o adensamento populacional no território implica em uma maior pressão sobre o meio ambiente, sendo fundamental conhecer as condições dessa ocupação, subsidiando o poder público na tomada de decisões e elaboração de novas políticas relacionadas ao ordenamento territorial. 2.2.1 dinâmica demográfica e social Localizado na região Sudeste do Brasil, o Estado de São Paulo ocupa 248.209 km2, ou 2,9% do território na- cional. De todas as unidades federativas, é aquela com a maior população, somando 41,2 milhões de pessoas, conforme dados do Censo 2010 realizado pelo IBGE. Isso representa 21,6% da população total do Brasil, que alcança pouco mais de 190,7 milhões de pessoas. O município de São Paulo, capital do Estado, é a cidade mais populosa do país, com 11,2 milhões de habitantes, sendo também o núcleo da Região Metropolitana de São Paulo, composta por 39 municípios e ocupada por 19,7 milhões de habitantes. O Estado conta ainda com duas outras regiões metropolitanas, a de Campinas (19 municípios) e a da Baixada Santista (9 municípios), com 2,8 e 1,7 milhões de habitantes, respectivamente. Se compararmos as 22 UGRHI do Estado, podemos perceber uma grande discrepância quanto à distribuição espacial da população, ficando evidenciado um grande adensamento populacional no entorno da cidade de São Paulo e nas bacias mais próximas a mesma. Vale destacar a UGRHI 06 (Alto Tietê), que contempla o município de São Paulo e conta com 19,5 milhões de habitantes, ou 47% da população total do Estado. Além desta, merecem também destaque as UGRHI 05 (Piracicaba/Capivari/Jundiaí), 02 (Paraíba do Sul), 10 (Sorocaba/ Médio Tietê) e 07 (Baixada Santista), todas vizinhas da bacia do Alto Tietê e que também contam com população expressiva (Figura 2.26). Esse adensamento populacional pode ainda ser verificado na Figura 2.27, que apresenta a distribuição da densidade demográfica dos municípios paulistas. 44
  • 64. FiGura 2. 26 PoPulação do estado de são Paulo Por uGrHi eM 2010 1 ,5 20 19 18 16 14 Milhões de habitantes 12 10 8 08 6 5, 4 99 85 66 45 48 1, 23 1, 11 2 1, 1, 1, 67 75 72 67 51 1, 48 45 1, 33 36 37 28 22 06 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0 6 5 2 10 7 13 9 15 4 19 14 8 17 16 22 21 11 20 12 3 18 1 UGRHI Fonte: IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 2. 27 densidade deMoGráFica dos MunicíPios do estado de são Paulo eM 2010 Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) 45
  • 65. Apesar da maior população entre todos estados, se analisarmos a evolução do crescimento da população paulista, podemos identificar uma diminuição gradual da taxa geométrica de crescimento populacional do Estado entre 1980/1991 e 2000/2010, como visto na Figura 2.28. FiGura 2. 28 taxa GeoMétrica de cresciMento PoPulacional do estado de são Paulo entre 1980/1991 e 2000/2010 % ao ano 2,5 2,1 2,0 1,8 1,5 1,1 1,0 0,5 0,0 1980/1991 1991/2000 2000/2010 Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) Para avaliar as condições de vida da população, tomamos como referência o Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), calculado pela Fundação SEADE. Inspirado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e com alguns aperfeiçoamentos, o IPRS considera variáveis de três dimensões: riqueza municipal, longevidade e escolaridade. O resultado em cada uma delas é um número entre zero e 100, que por sua vez, corresponde a um determinado nível de qualidade (baixo, médio ou alto). A Tabela 2.8 mostra os parâmetros que compõe o IPRS em cada dimensão considerada e a contribuição de cada um deles no valor final. tabela 2. 8 ParâMetros coMPonentes do iPrs contribuição para o dimensão componentes indicador Consumo anual de energia elétrica residencial 44% Consumo anual de energia elétrica no comércio, agricultura e nos serviços 23% Riqueza Rendimento médio do emprego formal 19% Valor adicionado fiscal per capita 14% Taxa de mortalidade perinatal 30% Taxa de mortalidade infantil 30% Longevidade Taxa de mortalidade de pessoas de 15 a 39 anos 20% Taxa de mortalidade de pessoas de 60 anos e mais 20% Porcentagem de pessoas de 15 a 17 anos que concluíram o ensino fundamental 36% Porcentagem de pessoas de 15 a 17 anos com pelo menos quatro anos de estudo 8% Escolaridade Porcentagem de pessoas de 18 a 19 anos que concluíram o ensino médio 36% Taxa de atendimento à pré-escola entre crianças de 5 a 6 anos 20% Fonte: SEADE (2011) 46
  • 66. A Tabela 2.9 mostra os indicadores sintéticos das três dimensões do IPRS em 2002, 2004, 2006 e 2008, para o Estado de São Paulo. Podemos observar uma melhora nas três dimensões que compõe o índice para o período analisado. tabela 2. 9 indicadores sintéticos do iPrs do estado de são Paulo de 2002 a 2008 diMensão 2002 2004 2006 2008 Riqueza 50 (alto) 52 (alto) 55 (alto) 58 (alto) Longevidade 67 (médio) 70 (médio) 72 (médio) 73 (médio) Escolaridade 52 (médio) 54 (médio) 65 (médio) 68 (médio) Fonte: SEADE (2011), elaborado por SMA/CPLA (2011) As Figuras 2.29, 2.30 e 2.31 mostram a distribuição desses indicadores nos municípios paulistas para o ano de 2008. Podemos constatar que a riqueza está concentrada nas regiões mais populosas, enquanto os melhores índices de escolaridade estão concentrados mais a oeste do Estado e os de longevidade nas regiões central e norte. FiGura 2. 29 distribuição do indicador de riQueza Por MunicíPio eM 2008 Fonte: SEADE (2011), elaborado por SMA/CPLA (2011) 47
  • 67. FiGura 2. 30 distribuição do indicador de lonGevidade Por MunicíPio eM 2008 Fonte: SEADE (2011), elaborado por SMA/CPLA (2011) FiGura 2. 31 distribuição do indicador de escolaridade Por MunicíPio eM 2008 Fonte: SEADE (2011), elaborado por SMA/CPLA (2011) 48
  • 68. Com relação à questão habitacional, utilizamos aqui o conceito de déficit habitacional, que está ligado direta- mente às deficiências do estoque de moradias. Compreende tanto aquelas moradias sem condições de serem ha- bitadas devido à precariedade das construções ou em virtude de terem sofrido desgaste da estrutura física e que devem ser repostas, como também aspectos relacionados à necessidade de incremento do estoque, decorrente da coabitação familiar ou da moradia em locais destinados a fins não residenciais. O indicador de déficit habitacional expressa a quantidade de novas unidades domiciliares necessárias para com- portar a população urbana existente nos municípios, revelando as contradições e disparidades sociais existentes. Segundo dados do Ministério das Cidades (2010a), o Estado de São Paulo apresentou, em 2008, um déficit de 1.062.366 moradias, sendo que quase a metade (48,12%) se encontra na Região Metropolitana de São Paulo. Se compararmos com o número verificado para o Brasil (5.572.313 moradias), constatamos que o déficit habitacio- nal do Estado de São Paulo representa pouco mais de 19% do total observado para o país. 2.2.2 dinâmica econômica O Estado de São Paulo apresentou, em 2008, um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 1 trilhão (preços correntes), o que representa 33,1% de tudo que foi produzido no país no mesmo ano. A Figura 2.32 mostra a distribuição percentual, por setor da economia, do valor adicionado do Estado de São Paulo em 2008, que totalizou R$ 826.580,00. Vale frisar que o valor adicionado equivale ao PIB menos os impostos sobre produtos líquidos de subsídios. FiGura 2. 32 distribuição do valor adicionado do estado de são Paulo Por setor da econoMia eM 2008 1,4% 29,5% Agropecuária Indústria Serviços 69,0% Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: Consideramos aqui a atividade de construção civil um subsetor da indústria enquanto o setor de comércio e da administração pública inseridos no setor de serviços. Podemos observar que o setor de serviços responde pela maior parcela do valor adicionado, 69%, e é responsável por 50% dos empregos formais no Estado (Tabela 2.10). 49
  • 69. tabela 2. 10 distribuição do eMPreGo ForMal no estado de são Paulo Por setor da econoMia eM 2009 agropecuária comércio construção civil indústria serviços total número de vínculos 372.451 2.322.390 566.575 2.714.326 6.103.389 12.079.131 empregatícios Parcela do total 3,08 19,23 4,69 22,47 50,53 100,00 (%) Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: O número de empregos apresentado refere-se, em uma determinada data, ao total de vínculos empregatícios remunerados, efetivamente ocupados por trabalhadores com carteira de trabalho assinada (regime da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT), estatutários (funcionários públicos) e trabal- hadores avulsos, temporários e outros, desde que formalmente contratados, informados pelos estabelecimentos quando da elaboração da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, do Ministério do Trabalho. A Figura 2.33 mostra o rendimento médio mensal por setor da economia no Estado de São Paulo em 2009. Podemos observar que a indústria é responsável maior rendimento médio, seguido do setor de serviços, muito pela exigência de maior qualificação por parte dos trabalhadores. FiGura 2. 33 rendiMento Médio Mensal Por setor da econoMia no estado de são Paulo eM 2009 2.500,00 2.076,16 2.000,00 1.885,02 1.500,00 1.400,71 1.296,69 Reais (R$) 1.000,00 930,66 500,00 0,00 Agropecuária Comércio Construção Indústria Serviços Civil Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) Dentro do setor de serviços, vale destacar a atividade turística do Estado de São Paulo, que é um dos principais destinos turísticos do Brasil. Com 645 municípios e imensa diversidade cultural, paisagística e de atrativos, é o Estado que mais emite e recebe turistas no país. Dados de 2006 revelam que o Estado recebeu 29% do fluxo turístico doméstico brasileiro, sendo também responsável pela emissão de 41% dos turistas para as outras unida- des da federação. Dos 30 destinos turísticos brasileiros mais visitados pela população, cinco estão em São Paulo: Praia Grande, Ubatuba, Caraguatatuba, Santos e a capital São Paulo (SELT/FIPE, 2008). 50
  • 70. Contando com três aeroportos internacionais e com o maior porto brasileiro, São Paulo é a porta de entrada para 47% dos turistas estrangeiros que visitam o país. Desse total, 99% chegam por via aérea e 1% por via marítima. Além disso, o Estado possui o maior parque hoteleiro do Brasil, concentrando mais de 20% dos estabelecimentos hoteleiros do país. De acordo com a FIPE (2006), os destinos mais visitados de São Paulo são: a capital, Praia Grande, Ubatuba, Santos, Guarujá, Aparecida, Caraguatatuba, Itanhaém, Peruíbe e Mongaguá. Podemos obser- var dessa relação uma nítida preferência pelos destinos do litoral paulista. A cidade de São Paulo é o principal destino de negócios do Brasil e da América Latina (FIPE, 2006), recebendo cinco milhões de turistas/ano em feiras, convenções, entre outros. O turismo de negócios também é representa- tivo em cidades como Campinas, Bauru, Santo André, Santos, Sorocaba, Ribeirão Preto, entre outras. A maior parte dos turistas que visita os destinos paulistas é proveniente do próprio Estado de São Paulo (74%), seguido pelos estados vizinhos de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro (FIPE, 2006). Ainda com o objetivo de caracterizar a dinâmica econômica do Estado, podemos verificar na Figura 2.34, a par- ticipação de alguns setores no consumo energético final de São Paulo em 2009. Observamos, neste ano, um consumo energético da ordem de 58.146 x 103 toe (tonne of oil equivalent ou tone- lada equivalente de petróleo), com um aumento de aproximadamente 0,5% em relação ao ano anterior. A maior parte do consumo se deu no setor industrial (27.085 x 103 toe) e de transportes (19.040 x 103 toe) que, juntos, representaram quase 80% do consumo energético final. Porém, vale destacar o recuo de 0,7% observado no consumo do setor industrial em relação ao ano anterior, reflexo da crise econômica ocorrida no período. O setor de transportes apresentou um aumento no consumo de energia final de 1,5%, enquanto os setores comercial e residencial cresceram 3,4% e 3,0% respectivamente. FiGura 2. 34 ParticiPação dos setores no consuMo enerGético Final do estado de são Paulo eM 2009 5,6% 7,9% Setor Energé co 3,8% Residencial 1,8% 1,6% Comercial Público Agropecuário 46,5% Transportes 32,8% Industrial Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Vale ressaltar a participação expressiva do modal rodoviário no consumo energético final do Estado, repre- sentando 86% do consumo do setor de transportes e 28% do consumo total, considerando todos setores consumidores. A Figura 2.35 que segue mostra a evolução da intensidade energética de 2005 a 2009. A intensidade energética é um indicador que expressa a quantidade de energia empregada para produzir cada unidade de PIB de uma região, estado ou país. Tendo em mente que o consumo energético traz impactos ao meio ambiente, seja pela exploração de recursos naturais ou pela geração de resíduos e efluentes, economias de alta intensidade energética andam na contramão do desenvolvimento sustentável. 51
  • 71. FiGura 2. 35 intensidade enerGética no estado de são Paulo de 2005 a 2009 0,075 0,071 0,071 0,071 0,071 R$ 0,070 10³ toe/ 106 0,070 0,065 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Verifica-se que a intensidade energética no Estado de São Paulo vem se mantendo constante ao longo dos úl- timos anos, indicando que o aumento do Produto Interno Bruto estadual tem sido proporcional ao aumento do consumo de energia, sendo necessária, desta forma, a adoção de medidas mais eficientes no uso da energia para desacoplar o crescimento econômico do consumo energético, possibilitando, assim, a diminuição da intensidade energética no Estado. 2.2.3 dinâmica de uso e ocupação do solo Quando se analisa o conjunto das UGRHI agrupadas por meio de suas vocações socioeconômicas (Figura 2.2), percebe-se que a relação entre a distribuição espacial da população e a área ocupada pelo grupo dessas UGRHI é muito desigual. Isso se dá conforme todo o histórico de uso e ocupação do território paulista, especialmente desde o início do processo de industrialização brasileiro, concentrado primeiramente na cidade de São Paulo. Como definido na Lei Estadual nº 9.034/94, que dispõe sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos, as UGRHI estão divididas em quatro categorias de vocação: agropecuária, em industrialização, industrial e conservação. Como se verifica na Figura 2.36, 73% de toda a população do Estado se encontra nas UGRHI de vocação indus- trial, evidenciando um grande adensamento demográfico nessas áreas, já que as bacias com essa vocação ocupam tão somente 20% de todo o território. Delas fazem parte as três regiões metropolitanas paulistas e muitas cidades de elevada relevância econômica. O contrário acontece nas UGRHI de vocação agropecuária. Com 42% da área do Estado, possuem somente 11% de toda a população. Já as UGRHI com vocação conservacionista ocupam 17% do território e contam com 3,5% da população. Atenção especial merece o grupo das UGRHI que estão em processo de transição socioeconômica, ou seja, em industrialização. Ocupam uma quinta parte (21%) da área do Estado e 12% da população. Entretanto, as trans- formações e o crescimento econômico que vêm ocorrendo nessas bacias certamente levarão a um incremento significativo da população ao longo dos próximos anos, especialmente nas zonas urbanas. 52
  • 72. FiGura 2. 36 Percentual de área e PoPulação Por vocação das uGrHi no estado de são Paulo eM 2010 População Área 80% 73,0% 60% 42,1% 40% 19,8% 21,0% 20% 17,1% 12,2% 11,3% 3,5% 0% Industrial Em Agropecuária Conservação industrialização Fonte: São Paulo (2005) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) áreas urbanas Nas últimas décadas, houve no Estado de São Paulo a priorização do modal rodoviário em detrimento da fer- rovia, ocasionando o surgimento de uma densa malha viária, o que impulsionou a localização dos principais eixos industriais para novas áreas próximas às rodovias. O cenário econômico mais recente, associado a um planejamento governamental que priorizou a descentraliza- ção econômica, resultou em uma refuncionalização do território do ponto de vista da ocupação urbana. Além da já existente Região Metropolitana de São Paulo, passaram a existir as Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista. Entre estas três regiões formou-se um corredor de cidades de médio porte, altamente urbanizadas e dotadas de importantes parques industriais, estabelecendo-se fluxos de pessoas, mercadorias e serviços. As rela ões de ç complementaridade urbana destas cidades, bem como suas relações econômicas e institucionais, fazem com que vários autores e instituições passem a trabalhar com o conceito da Macrometrópole Paulista, destacada na Figura 2.37 e detalhada mais adiante. Outra relação importante de complementaridade urbana está em curso na região urbano-industrial do Vale do Paraíba, que, com o avanço do processo de conurbação entre as cidades da região, contribui para configurar, no futuro, uma megalópole – espaço urbano contínuo entre as metrópoles do Rio de Janeiro e São Paulo. De forma complementar à análise dos principais vetores de desenvolvimento urbano do Estado, faz-se necessário o entendimento da rede urbana paulista. Nesse sentido, baseado em critérios da Fundação SEADE (2006) e da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano –EMPLASA (2008), consideramos aqui três classificações para as regiões urbanizadas do Estado: regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e centros urbanos. De acordo com a Constituição da República, “os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir re- giões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (Constituição art.25 § 03). 53
  • 73. Em São Paulo, existem três regiões metropolitanas legalmente instituídas: a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP); a Região Metropolitana de Campinas (RMC) e a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS). Além destas, consideramos que existem ainda, oito aglomerações urbanas – sem normas específicas que as criam – e 10 centros urbanos, municípios que funcionam como pólos regionais, como pode ser visto na Tabela 2.11 e na Figura 2.37. tabela 2. 11 reGiões MetroPolitanas, aGloMerações urbanas e centros urbanos reGionais do estado de são Paulo número de regiões Metropolitanas Municípios municípios Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Cajamar, Caieiras, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapevi, Itaquaquecetuba, Itapecerica da Serra, Jandira, Juquitiba, São Paulo 39 Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Isabel, Santana de Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, São Paulo, Suzano, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista. Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Campinas 19 Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínea, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio da Posse, Sumaré, Valinhos, Vinhedo. Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Monguaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos, Baixada Santista 9 São Vicente. número de aglomerações urbanas Municípios municípios Aparecida, Caçapava, Guaratinguetá, Jacareí, Pindamonhangaba, Potim, Roseira, São São José dos Campos 10 José dos Campos, Taubaté e Tremembé. Atibaia, Bragança Paulista, Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Itu, Itupeva, Jarinu, Sorocaba-Jundiaí 13 Jundiaí, Louveira, Porto Feliz, Salto, Sorocaba e Várzea Paulista. Araras, Conchal, Cordeirópolis, Estiva Gerbi, Iracemápolis, Leme, Limeira, Mogi- Piracicaba-Limeira 12 Guaçu, Moji-Mirim, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes. Barrinha, Cravinhos, Dumont, Guatapará, Pradópolis, Ribeirão Preto, Serrana, Ribeirão Preto 8 Sertãzinho. Araraquara-São Carlos 5 Américo Brasiliense, Araraquara, Gavião Peixoto, Ibaté e São Carlos. São José do Rio Preto 3 Bady Bassit , Mirassol e São José do Rio Preto. Bauru 4 Agudos, Bauru, Lençóis Paulista e Pederneiras. Araçatuba 2 Araçatuba e Birigui. número de centros urbanos Municípios municípios Barretos, Botucatu, Catanduva, Franca, Itapetininga, Jaú, Marília, Ourinhos, 10 Presidente Prudente, Tatuí. Fonte: SEADE (2006) e EMPLASA (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010) 54
  • 74. FiGura 2. 37 reGiões MetroPolitanas, aGloMerações urbanas e centros urbanos reGionais do estado de são Paulo Fonte: SEADE (2006) e EMPLASA (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010) Em 2010, segundo o IBGE (2010a), o conjunto das três regiões metropolitanas concentrava quase 60% da popula ão ç do Estado, sendo que, somente a Região Metropolitana de São Paulo concentrava 48%. As regiões metropolitanas da Baixada Santista e de Campinas concentravam, respectivamente, 4% e 7% da população (Tabela 2.12). tabela 2. 12 – PoPulação e área das áreas urbanas do estado de são Paulo eM 2010 unidade População (hab) % área (km²) % regiões Metropolitanas São Paulo 19.672.582 47,7% 7.943,82 3,2% Campinas 2.798.477 6,8% 3.645,67 1,5% Baixada Santista 1.663.082 4,0% 2.422,78 1,0% aglomerações urbanas São José dos Campos 1.566.592 3,8% 4.525,32 1,8% Sorocaba-Jundiaí 1.867.230 4,5% 4.041,61 1,6% Piracicaba-Limeira 1.359.475 3,3% 5.415,83 2,2% Ribeirão Preto 846.803 2,0% 2.327,53 0,9% Araraquara-São Carlos 500.327 1,2% 2.803,57 1,1% São José do Rio Preto 476.849 1,2% 784,70 0,3% Bauru 481.555 1,2% 3.174,12 1,3% Araçatuba 290.340 0,7% 1.697,96 0,7% centros urbanos Total 1.581.894 3,8% 8.978,99 3,6% estado de são Paulo 41.252.160 100,00% 248.209,43 100,00% Fonte: SEADE (2010c) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) 55
  • 75. Como já visto anteriormente, o panorama de ocupação do território paulista evidencia algumas discrepâncias regionais. Apesar de concentrar expressivos 60% da população, as três regiões metropolitanas ocupam juntas, somente 6% do território do Estado. Se considerarmos, ainda, todos os municípios tipicamente urbanos citados acima, observamos mais de 80% da população paulista vivendo nesses municípios, que ocupam uma área de apenas 19% de todo território. Desse perfil resulta, portanto, uma grande concentração demográfica em poucas áreas do Estado. Especificamente abordando a distribuição espacial do uso do solo urbano no Estado de São Paulo, um estudo organizado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU/USP (REIS, 2006) indica que, entre 1970 e 1990, houve a formação de um eixo entre as regiões metropolitanas do Estado, além de outros eixos ligando a RMSP a Sorocaba e ao Vale do Paraíba, em direção ao Rio de Janeiro. Diante disso, conjuntos de cidades de médio porte, como no Vale do Paraíba e no entorno de Campinas, passam a ser organizados de modo integra o, como uma área metropolitana. d A mudança no padrão do tecido urbano torna-se evidente principalmente nestas regiões do Estado, com a ace- leração do processo de ocupação, o aumento da demanda por espaços e equipamentos urbanos e a consequente elevação dos preços da terra edificável, causando a formação de áreas periféricas, de início com os subúrbios e depois com áreas desconexas dos núcleos principais. A maior concentração populacional acompanha os eixos da Rodovia Anhanguera (SP-330) e da antiga Com- panhia Paulista de Estradas de Ferro, sendo que a urbanização deste vetor apresenta, em maior escala, os novos padrões de grande dispersão4. Já no eixo do Vale do Paraíba, a mancha urbanizada desenvolveu-se ao longo da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), tendo como centros as cidades de São José dos Campos e Taubaté. A Bai- xada Santista também apresenta elevado grau de urbanização e adensamento populacional. A grande concentração urbana se define, de acordo com o estudo da FAU/USP, como um “Sistema Integrado de Regiões Metropolitanas” e envolve, além das regiões metropolitanas oficiais, as regiões adjacentes de São Jose dos Campos, de Sorocaba e Itu, de Jundiaí, de Piracicaba, Limeira e Rio Claro, de Mogi Mirim e Mogi-Guaçu e de Atibaia. Caminhando no mesmo sentido, a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (EMPLASA, 2008), como subsídio ao planejamento territorial do Estado, definiu a Macrométropole Paulista, que nada mais é do que a conformação das Regiões Metropolitanas de São Paulo, de Campinas e da Baixada Santista, juntamente com os Aglomerados Urbanos de Piracicaba-Limeira, de São José dos Campos e de Sorocaba-Jundiaí, abrangen- do um total 102 municípios. A Figura 2.38 mostra a Macrometrópole Paulista e as regiões que a compõe. 4 Entende-se por novos padrões de dispersão urbana áreas de ocupação residenciais voltadas ao lazer que se consolidam como núcleos de habitação permanente, configurando-se simultaneamente bairros industriais e complexos comerciais, atrelados a essa nova configuração. Esse fenômeno pode ser chamado de urbanização difusa ou dispersa. 56
  • 76. FiGura 2. 38 a MacroMétroPole Paulista e suas reGiões constitutivas Fonte: EMPLASA (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010) A importância desta macrometrópole é confirmada quando observamos que a mesma abriga 70% da população paulista em apenas 11% do território e produz cerca de 80% do PIB estadual (EMPLASA, 2008). Desta forma, fica ainda mais evidente a distribuição desigual da população paulista em seu território, no qual, como podemos observar na Figura 2.39, mais de 80% de sua população vive em municípios tipicamente urbanos, que somados, ocupam uma área de pouco menos de 20% do total do Estado. 57
  • 77. FiGura 2. 39 Percentual de PoPulação e área da MacroMetróPole Paulista e do restante do estado eM 2010 População Área 100% 80,8% 80% 70,1% 60% 40% 19,7% 20% 11,3% 6,3% 4,3% 3,8% 3,6% 0% Macrometrópole Demais Centros Urbanos Restante do Aglomerados Estado Urbanos Fonte: SEADE (2010c) e IBGE (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) Confirmando a tendência de concentração populacional e de uso urbano do solo no entorno das regiões me- tropolitanas, e da dispersão urbana ao longo dos eixos viários que partem da capital rumo a outros centros im- portantes do Estado, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (MIRANDA et al, 2005) realizou um estudo, integrando dados do IBGE (Censo 2000) com informações obtidas por meio da interpretação de imagens de satélite (LANDSAT 2000-2001), mapeando as áreas efetivamente urbanizadas em todo o país. Neste estudo, estimativas realizadas para o ano de 2020 (MIRANDA et al, 2005) apontam que a tendência de elevada con entração populacional permanecerá nas áreas do entorno das regiões metropolitanas e aglomerações c próximas a elas, consolidando, desta forma, a região da Macrometrópole Paulista. áreas rurais O setor primário da economia, ou seja, o setor ligado diretamente às atividades rurais é vigoroso e participa de modo importante na economia estadual. Para a maioria dos municípios paulistas, as atividades ligadas à agrope- cuária e à silvicultura são as principais. Esses municípios, embora espalhados por todo o território do Estado, se localizam principalmente no interior, nas UGRHI com vocação agropecuária. De acordo com a metodologia adotada pelo IBGE, apresentada no trabalho “Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil”, publicado em 1999 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), são con- siderados rurais, todos aqueles municípios com população de até 50 mil habitantes, independentemente de sua densidade demográfica, ou com população entre 50 e 100 mil habitantes e densidade demográfica abaixo de 80 hab/km², e que, ainda, se localizem fora das regiões metropolitanas e aglomerados urbanos. No Estado de São Paulo, os municípios rurais somam 488, mais de 75% do total de municípios existentes. Estes ocupam 76% da área do Estado e concentram o grosso das atividades agropecuárias paulista. Contudo, vale frisar, que alguns municípios considerados rurais de acordo com os critérios descritos acima, não apre- sentam suas atividades econômicas ligadas exclusiva ou predominantemente ao setor primário da economia. Esses municípios têm potencial para a conservação e para o setor terciário da economia, como o turismo, e se localizam, sobretudo, nas UGRHI de vocação conservacionista (Litoral Norte, Mantiqueira, Ribeira de Iguape/Litoral Sul e Alto Paranapanema). 58
  • 78. Cana-de-açúcar e pastagens: a predominância no uso do solo A predominância na ocupação e uso do solo no Estado de São Paulo se dá pela cultura canavieira e pelas pastagens, predominantemente do gado bovino, como pode ser observado na Figura 2.40. FiGura 2. 40 PrinciPais usos do solo aGrícola no estado de são Paulo eM 2008 22,1% Cana-de-açúcar Pastagem 36,2% Laranja Café Soja Eucalipto Pinus 2,7% 29,0% Milho 0,6% 3,5% Outros usos 3,0% 1,6% 0,9% Fonte: São Paulo (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010) Ao longo da última década, a cana-de-açúcar tem crescido cada vez mais e ocupado áreas de pastagens, principalmen- te. De acordo com dados do Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo (LUPA) 2007/2008 (SÃO PAULO, 2008), de 1995/1996 até 2007/2008, houve um significativo recuo das áreas de pastagens e um incremento dos canaviais em seu lugar. Esse avanço se dá principalmente em direção ao Oeste Paulista. No período, as pas agens declinaram em 2,2 milhões de hectares (recuaram de 51% para 40% das áreas totais t rurais). As dedicadas a lavouras temporárias (incluindo a cana-de-açúcar) aumenta am, no mesmo período, em r 1,1 milhão de hectares (evoluíram de 23% para 33% do todo do solo rural). As demais atividades mantiveram-se em mesmas proporções de ocupação, em relação ao todo utilizado nos anos 90. Segundo as mesmas fontes, no período, as Unidades de Produção Agrícola (UPA) que cultivavam a cana cres- ceram de 70.111 unidades para 99.799 unidades. Um acréscimo de 42,3%. Sua área plantada aumentou de 2.886.313 ha para 5.497.139 ha, um aumento de 90,5%. Quanto às pastagens, as UPA que se dedicaram à criação de bovinos representaram 62,3% do todo, em 1996/1997, com média de 73 cabeças de gado por UPA. Em 2007/2008, as Unidades com pastagens para cria- ção bovina decresceram para 14,7% do todo, com média de 121 cabeças por UPA. Como se vê, registrou-se um aumento importante da produtividade em sua atividade, na busca por melhor utilizar espaços disponíveis cada vez mais exíguos. Embora a cana-de-açúcar e as pastagens ocupem de modo majoritário a área total do Estado, se destacam tam- bém as produções de laranja, café, soja, milho e a silvicultura, notadamente o eucalipto e pinus. cobertura vegetal natural As alterações da área de cobertura vegetal nativa, à medida que ilustram a dinâmica de uso dos recursos naturais e, de maneira geral, das atividades antrópicas, acabam refletindo os padrões de evolução do uso e ocupação do solo numa determinada região. 59
  • 79. No Estado de São Paulo, a cobertura de florestas nativas já chegou a ocupar mais de 80% de seu território, de- caindo progressivamente até a década de 90 quando começou a apresentar uma tendência de recuperação. De acordo com os dados do Inventário Florestal de Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2005 (KRONKA et al, 2005), para o período de 1962 a 1992, os remanescentes de vegetação natural tiveram um decréscimo de 46,9%, retomando o seu crescimento entre 1992 e 2001, quando observa-se um acréscimo de 3,8%, demonstran- do uma estabilização da taxa de desmatamento. Ainda segundo Kronka et al (2005), a área total dos remanescentes de vegetação contabilizou, em 2001, 3.457.301 hectares, ou 13,9% da área total do Estado. Já conforme o Inventário Florestal de Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2008/2009, elaborado pelo Instituto Florestal (IF, 2010), o Estado conta hoje com 4.343.718 hectares de cobertura vegetal nativa, correspondendo a 17,5% de sua superfície. É importante ressaltar que as metodologias utilizadas ao longo dos anos, desde 1962 até 2009, foram diferentes, portanto, o que se pretende aqui, é mostrar apenas a tendência da taxa de desmatamento no Estado e não com- parar as áreas de cobertura vegetal em valores absolutos. Ainda, como exemplo, podemos destacar que a variação observada entre 2001 e 2009, se deve, principalmente, ao fato de o novo mapa de cobertura vegetal ter sido produzido com imagens de satélite de alta resolução, o que determinou a descoberta de novos remanescentes florestais que não podiam ser vistos no mapeamento anterior. A Figura 2.41 que segue mostra a evolução da área de cobertura vegetal nativa ao longo dos anos, indicando também o percentual em relação à área total do Estado para os anos considerados. FiGura 2. 41 evolução da área cobertura veGetal nativa no estado de são Paulo Área de cobertura vegetal na�va 8,0 29,3% 7,0 6,0 Milhões de hectares 5,0 17,7% 17,5% 4,0 13,9% 13,4% 3,0 2,0 1,0 0,0 1962 1971/1973 1990/1992 2000/2001 2008/2009 Fonte: Kronka et al (2005) e IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Destes remanescentes, observa-se a predominância das matas e capoeiras (vegetação florestal atlântica em processo de regeneração), dispostas principalmente no contínuo da Serra do Mar. Os outros ecossistemas encontrados são: o Cerrado; os ecossistemas costeiros (restinga e manguezais); e a vegetação de várzea. Do Cerrado, que já ocupou 14% da superfície do Estado, resta hoje aproximadamente 1%, fato que compromete severamente sua sustentabilidade futura e que levou o Governo a promulgar, em 2009, a Lei Estadual 13.550/09, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Cerrado no Estado. 60
  • 80. Ainda segundo dados do Inventário Florestal de Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2008/2009 (IF, 2010), pode-se constatar que a vegetação remanescente está distribuída de forma heterogênea e se concentra nas áreas de maior declividade. Os maiores remanescentes são encontrados nas escarpas da Serra do Mar, no Litoral, no Vale do Ribeira, e nas Unidades de Conservação administradas pelo poder público. Já no interior do Estado, muito em função do processo histórico de ocupação do território, verifica-se a diminuição dos índices de cobertura vegetal natural e o aumento da fragmentação dos remanescentes. A Figura 2.42 mostra os remanescentes de vegetação natural existentes no Estado divididos por tipo de vegetação, os quais são descritos com mais detalhes no Capítulo 3 (item 3.6) deste documento. FiGura 2. 42 reManescentes de veGetação natural do estado de são Paulo eM 2008/2009 Fonte: IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) referências EMPRESA PAULISTA DE PLANEJAMENTO METROPOLITANO S.A. – EMPLASA. Macrometrópole Paulista – Indica- dores 2008. São Paulo: EMPLASA, 2008. FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS – FIPE. Relatório Final do Turismo. São Paulo: FIPE, 2006. FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS. 2011. Disponível em: <http://www.seade.sp.gov.br>. Acesso em: fev. 2011. FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. Informações dos municípios paulistas. 2010c. Dis- ponível em: <http://www.seade.sp.gov.br>. Acesso em: nov.2010. FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. CDHU, Subsídios à Elaboração do Plano Habi- tacional do Governo do Estado de São Paulo. Relatório técnico. São Paulo, 2006. 61
  • 81. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo Demográfico. 2010a. Disponível em <http:// www.ibge.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. INSTITUTO FLORESTAL – IF. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2008/2009. Dados forne- cidos não publicados. São Paulo, 2010. KRONKA, F. J. N. et al. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2005. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente/Instituto Florestal. Imprensa Oficial, 2005. MINISTÉRIO DAS CIDADES – MCidades. Déficit Habitacional 2008. 2010a. Disponível em <http://www.cidades.gov.br>. Acesso em: jan. 2011. MIRANDA, E. E; GOMES, E. G; GUIMARÃES, M. Mapeamento e estimativa da área urbanizada do Brasil com base em imagens orbitais e modelos estatísticos. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2005. Disponível em: <http://www.urban- izacao.cnpm.embrapa.br>. Acesso em: nov.2010. REIS, N. G. Notas sobre a Urbanização Dispersa e Novas Formas de Tecido Urbano. Laboratório de Estudos sobre Urbanização, Arquitetura e Preservação. FAU - USP/FAPESP. São Paulo, 2006. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Instituto de Econo- mia Agrícola. Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo - LUPA 2007/2008. São Paulo: SAA/CATI/IEA, 2008. Disponível em: <http://www.cati.sp.gov.br/projetolupa>. Acesso em: nov. 2010. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento. DAEE. Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007. 2005. São Paulo, 2005. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Saneamento e Energia. Balanço Energético do Estado de São Paulo 2010: Ano Base 2009. São Paulo: SSE/SP, 2010. SECRETARIA DE ESPORTES, LAZER E TURISMO DO ESTADO DE SÃO PAULO / FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS – SELT/FIPE. Caracterização da demanda turística do Estado de São Paulo. Relatório de Pes- quisa, não publicado. São Paulo, 2008. 62
  • 82. 3 diagnóstico ambiental do estado de são Paulo 63
  • 83. 64
  • 84. 3.1 recursos Hídricos O Brasil destaca-se no cenário mundial pela grande descarga de água doce dos seus rios, cuja produção hídrica, 178 mil m³/s e mais 73 mil m³/s da Amazônia internacional, representa 53% da produção de água doce do continente sul-americano (334 mil m³/s) e 12% do total mundial (1.488 milhões de m³/s), segundo Rebouças (2006). O Brasil apresenta uma rede hidrográfica densa, com grandes bacias continentais (Amazonas, Paraná, Paraguai, São Francisco, entre outras), além de pequenas bacias litorâneas. Existem, ainda, grandes reservatórios de água, como os aquíferos subterrâneos. No entanto, permanece o problema da distribuição. Existem, de um lado, regiões populosas, como os grandes centros urbanos, nos quais há muita gente para pouca água, e de outro, regiões de baixa ou baixíssima densidade demográfica, como a Amazônia e o Centro-Oeste, com fartura de recursos e pouca infraestrutura de utilização. Assim, os problemas de abastecimento no Brasil decorrem, fundamentalmente, da combinação do crescimento exagerado das demandas localizadas e da degradação da qualidade das águas (REBOUÇAS, 2006). A desigualdade na distribuição e nos graus de utilização da água levou a uma definição de regras para o seu uso, com o intuito de mediar possíveis conflitos através de uma política de gestão integrada das águas. Entre os instrumentos desta política, podemos citar a implementação da Lei de Águas, de 1997, além da criação da Agência Nacional de Águas em 2000. A aqui chamada ‘gestão integrada’, se refere à necessidade de garantir o abastecimento atual sem comprometer o uso da água pelas gerações futuras, além de promover a utilização adequada e racional pelos múltiplos usos – abastecimento público, irrigação, geração de energia elétrica, transporte aquaviário, entre outros. A desigualdade na distribuição da água, presente em território nacional, se repete em diferente escala no território paulista. No Estado de São Paulo, o volume anual de chuva atinge um valor em torno de 10.840 m³/s, sendo que 29% se transformam em escoamento superficial, representando uma disponibilidade hídrica superficial de cerca de 3.120 m³/s (SÃO PAULO, 2005). Isto significa que, de maneira geral, há água em abundância. No entanto, quando se analisa a distribuição da água associada à concentração populacional, existem regiões pouco populosas com alta disponibilidade hídrica e regiões populosas com grande demanda e pouca disponibilidade de água, levando à necessidade de transferências de águas entre bacias. Para fins de planejamento e gestão dos recursos hídricos, o Estado de São Paulo está dividido em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI). O princípio básico que norteia esta divisão é a utilização da bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão. Cada UGRHI, por sua vez, é representada politicamente por um comitê de bacia, responsável pela gestão, de forma descentralizada e compartilhada, dos recursos hídricos na sua área de atuação, exceto as UGRHI Aguapeí e Peixe, que escolheram formar um único comitê. A Figura 3.1 apresenta um mapa com a divisão do Estado em UGRHI. 65
  • 85. FiGura 3. 1 unidades de GerenciaMento de recursos Hídricos do estado de são Paulo Fonte: São Paulo (2005), elaborado por SMA/CPLA (2010) A questão da água no Estado de São Paulo não representa uma situação homogênea, seja do ponto de vista da distribuição, como também de seus usos e conflitos. No Estado de São Paulo, quanto a demanda por água, pode-se dividir o Estado em duas grandes áreas: 1) o setor mais a leste, onde está situada a “Macrometrópole Paulista”, composta pelas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, bem como pelos Aglomerados Urbanos de São José dos Campos, Sorocaba/Jundiaí e Piracicaba/Limeira e; 2) o restante do Estado, que possui, em sua maioria, extensas áreas agrícolas e um padrão de urbanização mais disperso, contando com a presença de alguns grandes centros urbanos, como Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Bauru, Presidente Prudente e Araçatuba. Como já visto no Capítulo 2 (item 2.2.3) a Macrometrópole Paulista é composta por 102 municípios, detém 70% da população do Estado, responde por 80% do seu PIB e contempla áreas das UGRHI: 02 (Paraíba do Sul), 05 (Piracicaba/Capivari/Jundiaí), 06 (Alto Tietê), 07 (Baixada Santista), 09 (Mogi-Guaçu) e 10 (Sorocaba/Médio Tietê). Por ser a região mais industrializada e urbanizada do Estado, é grande consumidora de água, sendo de extrema importância a gestão integrada dos recursos hídricos. 3.1.1 águas subterrâneas Segundo o Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007, publicado pelo Governo do Estado de São Paulo em 2005, em pelo menos 2/3 do Estado, o potencial explotável dos mananciais subterrâneos é muito bom, devido à existência de importantes aquíferos de extensão regional e local. Mesmo nas áreas menos favoráveis do ponto de vista hidrogeológico, quando as demandas são compatíveis com vazões menores, o suprimento 66
  • 86. de pequenas comunidades, propriedades rurais e pequenas indústrias com água subterrânea pode ser atraente. Em virtude da abundância e qualidade de suas águas (que dispensam tratamentos custosos), baixo custo de extração, grau de deterioração da qualidade das águas superficiais (cujo uso vem exigindo investimentos cada vez maiores), as águas subterrâneas vêm adquirindo um crescente valor econômico, sendo amplamente utilizadas para abastecimento público e industrial. Segundo Iritani e Ezaki (2008), as águas subterrâneas no Estado de São Paulo se distribuem pelos diferentes aquíferos existentes no território, os quais se distinguem por suas características hidrogeológicas, como por exemplo tipo de rocha e forma de circulação da água. No Estado, podemos reunir os aquíferos em dois grandes grupos: os Aquíferos Sedimentares e os Fraturados, cujas áreas de afloramento podem ser vistas na Figura 3.2. O grupo dos Aquíferos Sedimentares é aquele constituído por sedimentos depositados pela ação dos rios, vento e mar, onde a água circula pelos poros existentes entre os grãos. No Estado de São Paulo destacam-se, pela produção de água, os Aquíferos Guarani, Bauru, Taubaté, São Paulo e Tubarão (IRITANI e EZAKI, 2008). O grupo dos Aquíferos Fraturados reúne aqueles formados por rochas ígneas e metamórficas. As rochas ígneas são formadas pelo resfriamento do magma, sendo o granito o mais comum. Os gnaisses, xistos, quartzitos e metacalcários são exemplos de rochas metamórficas, geradas quando rochas ígneas ou sedimentares forma submetidas a mudanças significativas de temperatura e pressão. São rochas maciças e compactas, não apresentando espaços vazios entre os minerais, sendo que, a água circula pelas fraturas formadas durante e após o resfriamento. No Estado de São Paulo destacam-se os Aquiferos Serra Geral e o Cristalino(IRITANI e EZAKI, 2008). FiGura 3. 2 unidades aQuiFeras do estado de são Paulo Fonte: DAEE, IG, IPT e CPRM (2007), elaborado por SMA/CPLA (2010) 67
  • 87. Quanto a qualidade das águas subterrâneas, a CETESB, em 2010, publicou o “Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo: 2007-2009”, que apresenta os resultados do monitoramento da rede de qualidade das águas subterrâneas para o triênio 2007-2009. Segundo o relatório, o período de 2007 a 2009 não apresentou mudança significativa na qualidade das águas subterrâneas em relação ao período anteriormente analisado, durante os anos de 2004 a 2006. Os parâmetros nitrato, crômio, fluoreto e bário continuam apresentando desconformidades em maior número, além dos parâmetros microbiológicos, coliformes totais e bactérias heterotróficas, que ocorreram de forma sistemática em todas as UGRHI. Em 2009, foi instituído o Indicador de Potabilidade das Águas Subterrâneas (IPAS), que representa o percentual das amostras de águas subterrâneas coletadas em conformidade com os padrões de potabilidade e de aceitação ao consumo humano da Portaria do Ministério da Saúde nº 518/04. Em 2010, o IPAS foi publicado no Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas (CETESB, 2010a), onde foi detalhado para as UGRHI e para os aquíferos do Estado de São Paulo. O indicador foi divido em três classes que indicam a qualidade das águas subterrâneas: Ruim (0 – 33%), Regular (33,1 – 67%) e Boa (67,1 – 100%). A Tabela 3.1 apresenta o Indicador de Potabilidade de Água Subterrânea, de 2006 a 2009, por UGRHI e para o Estado de São Paulo, com indicação da substância que possui concentração acima do padrão de potabilidade do Ministério da Saúde. 68
  • 88. tabela 3. 1 indicador de Potabilidade das áGuas subterrâneas Por uGrHi de 2007 a 2009 2007 2008 2009 uGrHi iPas Parâmetros em iPas Parâmetros em iPas Parâmetros em (%) não conformidade (%) não conformidade (%) não conformidade ferro, manganês, 02 – Paraíba do sul 62,5 bário, ferro, manganês 78,6 ferro, manganês 62,5 bactérias heterotróficas, coliformes totais 04 – Pardo 91,7 manganês, bactérias heterotróficas 90,9 alumínio 90,9 alumínio, manganês fluoreto, manganês, fluoreto, manganês, 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 79,2 fluoreto, manganês, coliformes totais 70,8 bactérias heterotróficas, 75,0 coliformes totais coliformes totais alumínio, chumbo, ferro,fluoreto, alumínio, crômio, ferro, fluoreto, manganês, nitrato, bactérias alumínio, ferro, fluoreto, manganês, nitrato, 06 – alto tietê 62,2 manganês, nitrato, coliformes totais, 56,3 79,5 heterotróficas e bactérias heterotróficas, coliformes totais bactérias heterotróficas coliformes totais 08 – sapucaí/grande 100,0 - 100,0 - 91,7 bactérias heterotróficas ferro, bactérias heterotróficas, bactérias heterotróficas, 09 – Mogi-Guaçu 82,6 ferro, manganês, coliformes totais 83,3 87,5 coliformes totais coliformes totais, Escherichia coli arsênio, manganês, arsênio, ferro, fluoreto, arsênio, fluoreto, manganês, 10 – sorocaba/Médio tietê 65,0 78,9 nitrogênio amoniacal, sódio, bactérias 65,0 manganês, sódio, sódio, bactérias heterotróficas heterotróficas bactérias heterotróficas 12 – baixo Pardo/Grande 100,0 - 100,0 - 87,5 bactérias heterotróficas 13 – tietê /Jacaré 81,5 alumínio 84,0 ferro, bactérias hetotróficas 85,7 bactérias heterotróficas 14 – alto Paranapanema 62,5 alumínio, coliformes totais 85,7 nitrogênio amoniacal 100,0 - 15 – turvo/Grande 80,0 alumínio, ferro 100,0 - 100,0 - 16 – tietê /batalha 84,6 crômio, coliformes totais 81,8 crômio, bactérias heterotróficas 75,0 crômio, ferro, nitrato 17 – Médio Paranapanema 100,0 - 83,3 bário 100,0 - 18 – são José dos dourados 76,5 crômio 50,0 crômio, nitrato 62,5 crômio, Escherichia coli nitrato, coliformes totais, 19 – baixo tietê 83,3 nitrato 75,0 58,3 nitrato, coliformes totais bactérias heterotróficas alumínio, bário, nitrato, coliformes bário, nitrato, 20 – aguapeí 71,4 92,9 bário, crômio, coliformes totais 81,5 totais coliformes totais crômio, nitrato, 21 – Peixe 73,1 crômio, nitrato, coliformes totais 69,2 crômio, coliformes totais 65,4 bactérias heterotróficas 22 – Pontal do Paranapanema 90,0 alumínio, coliformes totais 90,0 ferro 100,0 - estado de são Paulo 77,7 79,7 80,1 Fonte: CETESB (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) 69
  • 89. No Estado de São Paulo, o IPAS passou de 86,9% em 2006 para 80,1% em 2009 e apesar desse índice apre- sentar queda, de acordo com a CETESB (2010a), as águas subterrâneas do Estado de São Paulo ainda são classificadas como de boa qualidade. As UGRHI 02 (Paraíba do Sul), 06 (Alto Tietê), 10 (Sorocaba/Médio Tietê) e 18 (São José dos Dourados) apresentaram qualidade regular em dois dos três anos monitorados e as UGRHI 14 (Alto Paranapanema), 19 (Baixo Tietê) e 21 (Peixe) apresentaram qualidade regular em um dos três anos. As demais apresentaram boa qualidade nos três anos. As UGRHI 19 e 21 apresentam a tendência de piora da qualidade das águas subterrâneas, demonstrando elevadas concentrações de crômio e nitrato. Quanto aos aquíferos, os menores valores do IPAS foram registrados nos aquíferos Pré-Cambriano (Cristalino), São Paulo, Taubaté e Bauru. A pior situação foi encontrada no Aquífero São Paulo em 2008, com qualidade ruim das águas, no entanto em 2007 e 2009 as águas apresentaram boa qualidade (Tabela 3.2). As águas dos Aquífero Pré-Cambriano e Taubaté apresentaram qualidade regular em dois, dos três anos monitorados. Nos demais aquíferos a qualidade permaneceu boa durante o triênio. Para o Aquífero Bauru o indicador mostra boa qualidade das águas apesar das elevadas concentrações de nitrato e crômio detectadas. tabela 3. 2 indicador de Potabilidade das áGuas subterrâneas Por aQuiFeros de 2007 a 2009 2007 2008 2009 aquiferos Parâmetros Parâmetros Parâmetros iPas (%) iPas (%) iPas (%) desconformes desconformes desconformes alumínio, bário, bário, crômio, ferro, bário, crômio, nitrato, crômio, ferro, nitrato, coliformes bactérias heteotróficas, bauru 76,7 80,0 77,6 nitrato, coliformes totais, bactérias coliformes totais, totais heterotróficas Escherichia coli alumínio, coliformes bactérias serra Geral 91,7 92,0 89,3 bactérias heterotróficas totais heterotróficas alumínio, alumínio, nitrogênio alumínio, ferro, Guarani 92,3 manganês, bactérias 91,9 amoniacal, bactérias 90,2 manganês, nitrato, heterotróficas heterotróficas bactérias heterotróficas manganês, alumínio, fluoreto, sódio, nitrogênio tubarão 67,9 manganês, sódio, 85,2 82,1 fluoreto, manganês, sódio amoniacal, coliformes totais coliformes totais alumínio, arsênio, alumínio, arsênio, arsênio, ferro, fluoreto, Pré- chumbo, ferro, chumbo, ferro, manganês, nitrato, fluoreto, manganês, fluoreto, manganês, 60,0 56,9 67,8 bactérias heterotrofias, nitrato, bactérias nitrato, bactérias cambriano coliformes totais, heterotróficas, heterotróficas, Escherichia coli coliformes totais coliformes totais ferro, coliformes totais, taubaté 66,7 bário, ferro 90,9 ferro 66,7 bactérias heterotróficas alumínio, ferro, ferro, manganês, manganês, coliformes são Paulo 75,0 ferro, manganês 28,6 bactérias 87,5 totais, bactérias heterotróficas heterotróficas estado de 77,7 79,7 80,1 são Paulo Fonte: CETESB (2010a), elaborado por SMA/CPLA (2010) O Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas, triênio 2007 a 2009, (CETESB, 2010a) ainda destaca: a tendência de aumento do nitrato, principalmente no Aquífero Bauru, que é utilizado para abastecimento público de água e como solução alternativa de abastecimento na região oeste do Estado; a presença de crômio em concentrações acima do padrão de potabilidade, principalmente em relação às UGRHI 16 (Tietê/Batalha), 70
  • 90. 18 (São José dos Dourados) e 21 (Peixe); concentrações de bário acima do valor máximo permitido nos aquíferos livres Bauru e Guarani, nas UGRHI 13 (Tietê/Jacaré), 17 (Médio Paranapanema) e 20 (Aguapeí); desconformidades para fluoreto nos aquíferos Tubarão, na UGRHI 10 (Sorocaba/Médio Tietê) e no Pré- Cambriano, nas UGRHI 05 (PCJ) e 06 (Alto Tietê). Verificou-se ainda que os parâmetros alumínio e ferro ultrapassaram os valores de intervenção definidos com base no padrão de aceitação para consumo humano da Portaria nº 518/04 do Ministério da Saúde, porém a maioria dessas ocorrências não ultrapassaram os valores de investigação da Resolução CONAMA nº 420/09, que foram derivados com base em risco à saúde humana. Esses valores foram ultrapassados nos pontos de monitoramento dos municípios de Bananal e Lindóia, no Aquífero Pré-Cambriano, e Guarulhos, no Aquífero São Paulo. Quanto as desconformidades dos parâmetros microbiológicos, verificadas sistematicamente em todas as UGRHI, destacou-se que podem estar associadas aos sistemas de tratamento de esgotos nas áreas próximas aos pontos monitorados e à deficiência sanitária dos perímetros de proteção dos poços. Das ações realizadas pelo Estado para melhorar a qualidade das águas subterrâneas podemos destacar: o Projeto Ambiental Estratégico (PAE) Aquíferos e o projeto “ Padrões de Ocupação Urbana e Contaminação por Nitrato nas Águas Subterrâneas do Sistema Aquífero Bauru, Centro-Oeste do Estado de São Paulo”. O PAE Aquíferos, desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, tem como objetivo promover a proteção dos aquíferos do Estado de São Paulo identificando as áreas críticas e sensíveis em termos de qualidade e quantidade. Como ações já realizadas, podemos citar: a implementação da rede de monitoramento integrada de qualidade e quantidade das águas subterrâneas, realizada em conjunto entre a CETESB e o DAEE; a proposição de norma para áreas de alta vulnerabilidade de aquíferos à poluição; a proposição do anteprojeto de lei específica da Área de Proteção e Recuperação de Mananciais (APRM) do Aquífero Guarani; a criação de um sistema integrado de gestão para a regionalização de diretrizes de utilização e proteção das águas subterrâneas nas bacias do leste do Estado; e difusão de informações sobre as águas subterrâneas do Estado, bem como a realização de capacitações de agentes técnicos envolvidos na gestão de recursos hídricos subterrâneos. Já o projeto “Padrões de Ocupação Urbana e Contaminação por Nitrato nas Águas Subterrâneas do Sistema Aquífero Bauru, Centro-Oeste do Estado de São Paulo”, desenvolvido pelo Instituto Geológico, tem como objetivo principal avaliar as tendências de incremento nas concentrações de nitrato nas águas subterrâneas, ao longo do tempo e espaço, frente aos padrões de ocupação urbana dos municípios da região de estudo. As atividades previstas compreendem o cadastro das fontes potenciais de contaminação (fossas sépticas e negras, fugas das redes de esgoto), dos poços tubulares e/ou cacimbas, coleta de amostras de água subterrânea para análises físico–químicas, químicas e isótopos estáveis, elaboração de mapas de uso e ocupação do solo e estimativas das cargas potenciais de nitrato. Acredita-se que os resultados deste estudo possam definir relações entre as densidades de ocupação e saneamento e as concentrações de nitrato, bem como estabelecer critérios e recomendações que permitam nortear os poderes públicos na elaboração de programas de proteção dos aquíferos no Estado de São Paulo. 3.1.2 águas superficiais e litorâneas A poluição das águas superficiais no Estado de São Paulo se deve a diversas fontes, dentre as quais se destacam os efluentes domésticos, os efluentes industriais e os deflúvios superficiais, urbano e rural, guardando uma relação direta com o uso e a ocupação do solo. Além disso, o desenvolvimento alavanca um crescimento populacional que pode requerer alocações de água incompatíveis com as disponibilidades locais, trazendo a necessidade de transferências de água entre UGRHI vizinhas (SÃO PAULO, 2005). 71
  • 91. A avaliação da situação dos recursos hídricos é apresentada por meio de uma série de indicadores, que dizem respeito tanto à qualidade da água quanto à disponibilidade hídrica e sua respectiva demanda. No Estado de São Paulo, a CETESB é responsável pelo acompanhamento da qualidade dos rios e reservatórios, por meio das análises de variáveis físicas, químicas e biológicas tanto da água quanto do sedimento. O intenso uso da água e a conseqüente poluição gerada contribuem para agravar sua escassez e provocam, como consequência, a necessidade crescente do acompanhamento das alterações de sua qualidade. Assim, a informação sobre a qualidade da água é necessária para que se conheça a situação dos corpos hídricos com relação aos impac- tos antrópicos na bacia hidrográfica, sendo essencial para que se planeje sua ocupação e para que seja exercido o devido controle sobre os impactos (BRAGA et al, 2006). No Estado de São Paulo, a CETESB opera desde 1974 a rede de monitoramento de águas superficiais, com o objetivo de avaliar a evolução da qualidade das águas superficiais do Estado, subsidiando, desta forma, as toma- das de decisão relativas ao tema. Em 2010, a CETESB publicou o “ Relatório de Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo 2009”. Nessa publicação são apresentados diversos índices que proporcionam uma visão geral da qualidade da água do Estado de São Paulo. Os principais indicadores utilizados e que serão apresentados aqui são: • Índice de Qualidade de Água (IQA); • Índice de Qualidade de Água para fins de Abastecimento Público (IAP); • Índice de Estado Trófico (IET); • Índice de Qualidade de Água para proteção da Vida Aquática (IVA) e; • Índice de Balneabilidade (IB). A Tabela 3.3 apresenta as variáveis analisadas em cada um dos índices considerados. tabela 3. 3 variáveis Medidas nos índices de Qualidade de áGua índice variáveis de qualidade Temperatura, pH, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Coliformes Termotolerantes, Nitrogênio iQa Total, Fósforo Total, Resíduos Totais e Turbidez. Temperatura, pH, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Coliformes Termotolerantes, Nitrogênio Total, Fósforo Total, Resíduos Totais e Turbidez, Ferro Dissolvido, Manganês, Alumínio Dissolvido, Cobre Dissolvido, iaP Zinco, Potencial de Formação de Trihalometanos, Número de Células de Cianobactérias (Ambiente Lêntico), Cádmio, Chumbo, Cromo Total, Mercúrio e Níquel. iet Clorofila a e Fósforo Total. Oxigênio Dissolvido, pH, Toxicidade, Cobre, Zinco, Chumbo, Cromo, Mercúrio, Níquel, Cádmio, Surfactantes, Fenóis, iva Clorofila a e Fósforo Total. ib Coliforme Termotolerante ou E. coli. Fonte: CETESB (2010b) índice de Qualidade de água (iQa) Para o cálculo do IQA são consideradas variáveis de qualidade que indicam o lançamento de efluentes sanitários nos corpos d’água, fornecendo uma visão geral sobre as condições de qualidade das águas superficiais. O índice é calculado através de uma fórmula matemática, podendo variar de zero a 100 e, em função do valor obtido, o IQA pode ser classificado em cinco classes de qualidade da água, como pode ser visto na Tabela 3.4. 72
  • 92. tabela 3. 4 classes do iQa intervalo Qualidade das águas iQa ≤ 19 Péssima 19 < iQa ≤ 36 ruim 36 < iQa ≤ 51 regular 51 < iQa ≤ 79 boa 79 < iQa ≤ 100 ótima Fonte: CETESB (2010b) Em 2009, foi possível o cálculo do IQA para todos os 338 pontos da rede básica da CETESB. A Figura 3.3 apresenta o a distribuição percentual anual dos pontos de amostragem enquadrados nas classes do IQA para o Estado de São Paulo no período de 2004 a 2009. Vale frisar que para este gráfico foi considerado o conjunto de pontos onde foi possível o cálculo do IQA para todos os anos (2004 a 2009), totalizando-se, assim, 181 pontos. FiGura 3. 3 distribuição Percentual do iQa no estado de são Paulo de 2004 a 2009 Péssima Ruim Regular Boa Ó ma 100% 9 9 10 9 13 10 90% 80% 70% 54 56 53 53 60% 59 52 50% 40% 30% 18 21 16 14 18 20 20% 10 13 12 14 12 10% 13 6 5 6 6 6 3 0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010b) A distribuição de qualidade do IQA apresentou uma pequena variação ao longo dos cinco anos analisados, mas com predomínio desse índice na categoria Boa. A Tabela 3.5 apresenta a distribuição percentual do IQA por UGRHI em 2009. Considerando a média anual do IQA, 54% dos corpos d’água do Estado de São Paulo foram enquadrados na categoria Boa em 2009. Enquan- to 15% dos pontos monitorados foram classificados nas categorias Ruim e Péssima. 73
  • 93. tabela 3. 5 distribuição Percentual do iQa Por uGrHi eM 2009 número de % de pontos em cada faixa de qualidade uGrHi pontos de amostragem Péssima ruim regular boa ótima 01 – Mantiqueira 2 100 02 – Paraíba do sul 19 16 63 21 03 – litoral norte 30 17 73 10 04 – Pardo 4 100 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 80 4 21 44 31 06 – alto tietê 48 13 31 13 38 6 07– baixada santista 15 13 87 08 – sapucaí/Grande 13 15 77 8 09 – Mogi-Guaçu 39 5 33 62 10 – sorocaba/Médio tietê 21 14 33 43 10 11 – ribeira de iguape/litoral sul 10 20 80 12 – baixo Pardo/Grande 2 100 13 – tietê/Jacaré 7 14 86 14 – alto Paranapanema 8 88 12 15 – turvo/Grande 10 30 30 40 16 – tietê/batalha 4 75 25 17 – Médio Paranapanema 3 100 18 – são José dos dourados 1 100 19 – baixo tietê 8 50 50 20 – aguapeí 6 100 21 – Peixe 3 34 33 33 22 – Pontal do Paranapanema 5 20 20 60 estado de são Paulo 338 3 12 24 54 7 Fonte: CETESB (2010b) Observa-se que as UGRHI 05 – Piracicaba/Capivari/Jundiaí e 6 – Alto Tietê foram as únicas que apresenta- ram corpos d’água na categoria Péssima, com 4% e 13%, respectivamente. Além disso, apresentaram, juntamente com as UGRHI 09 (Mogi-Guaçu), 10 (Sorocaba/Médio Tietê), 15 (Turvo/Grande) e 22 (Pontal do Paranapa- nema), porcentagens na categoria Ruim. Ressalta-se que as UGRHI 05 e 06 são intensamente industrializadas e possuem elevada densidade populacional, a UGRHI 10 também tem grande atividade industrial, porém em menor escala se comparada ao PCJ e ao Alto Tietê. Já a UGRHI 09 se encontra em fase de industrialização, apresentando alguma atividade industrial importante, porém também conta com atividade agrícola expressiva, enquanto nas UGRHI 15 e 22 predomina a atividade agropecuária e uma baixa densidade populacional. Por outro lado, em 2009, as UGRHI 01 (Mantiqueira), 04 (Pardo), 12 (Baixo Pardo/Grande), 14 (Alto Pa- ranapanema), 16 (Tietê/Batalha), 17 (Médio Paranapanema), 18 (São José dos Dourados), 19 (Baixo Tietê) e 20 (Aguapeí) apresentaram 100% dos pontos monitorados na categoria Boa. Dessas, as UGRHI 01 e 14 têm vocação para conservação, as UGRHI 04 e 12 são consideradas em industrialização e as demais, agropecuárias. A Figura 3.4 apresenta a distribuição dos pontos de monitoramento do Estado, enquadrados nas classes do IQA, em 2009. 74
  • 94. FiGura 3. 4 distribuição dos Pontos de MonitoraMento enQuadrados nas classes do iQa no estado de são Paulo eM 2009 Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) 75
  • 95. índice de Qualidade de água para fins de abastecimento Público (iaP) O IAP avalia, além das variáveis consideradas no IQA, as substâncias tóxicas e as variáveis que afetam a quali- dade organoléptica5 da água, advindas, principalmente, de fontes difusas. O índice é calculado através de uma fórmula matemática, podendo variar de zero a 100 e, em função do valor obtido, o IAP pode ser classificado em cinco classes de qualidade da água, como pode ser visto na Tabela 3.6. tabela 3. 6 classes do iaP intervalo Qualidade das águas iaP ≤ 19 Péssima 19 < iaP ≤ 36 ruim 36 < iaP ≤ 51 regular 51 < iaP ≤ 79 boa 79 < iaP ≤ 100 ótima Fonte: CETESB (2010b) Ressalta-se que o IAP é calculado somente em quatro meses (dos seis em que os mananciais são monitorados), devido à análise do potencial de formação de trihalometanos, uma das variáveis do indicador, ser realizada com essa freqüência. Além disso, vale também destacar que o IAP é calculado apenas nos pontos onde existem cap- tações de água para abastecimento público. Em 2009, a CETESB calculou o IAP para 65 pontos de monitora- mento da rede básica. A Figura 3.5 apresenta a distribuição percentual anual dos pontos de amostragem enquadrados nas classes do IAP para o Estado de São Paulo no período de 2004 a 2009. Neste gráfico foram considerados apenas os 32 pontos de captação em que foi possível o cálculo do índice para todos os anos avaliados (2004 a 2009). FiGura 3. 5 distribuição Percentual do iaP no estado de são Paulo de 2004 a 2009 Péssima Ruim Regular Boa Ó ma 100% 3 3 3 6 3 90% 31 25 80% 41 41 47 41 70% 60% 38 50% 41 40% 31 16 38 34 30% 20% 25 28 19 19 10% 13 13 9 6 6 9 6 6 0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010b) 5 Características organolépticas são as variáveis que afetam o odor, o sabor e a cor das águas. 76
  • 96. Observa-se que em 2007 e 2009, a categoria Ruim representa 25% e 28% dos pontos monitorados respectiva- mente, correspondendo as maiores porcentagens dessa categoria no período. Verificou-se, ainda, que em 2009, houve uma queda considerável do percentual de pontos enquadrados na categoria Boa, com apenas 25% dos pontos neste ano. Vale destacar que o IAP é fortemente influenciado pelo potencial de formação de Trihalometanos. Essa variável está associada à carga difusa, principalmente a parcela associada ao arraste de material vegetal. Essas substâncias húmicas são responsáveis pela formação de compostos organoclorados leves (como por exemplo, clorofórmio) durante o processo de cloração da água, os chamados Trihalometanos. Portanto, para a avaliação do IAP do manancial em relação à quantidade de precursores de Trihalometanos, deve-se considerar o potencial de forma- ção desses compostos. Em 2009, o índice pluviométrico do Estado de São Paulo foi elevado, colaborando para a elevação da média anual do potencial de formação de Trihalometanos, contribuindo, desta forma, para a piora na média anual do IAP no mesmo ano. A Tabela 3.7 apresenta a distribuição percentual do IAP por UGRHI em 2009. Considerando a média anual do IAP, verificamos que 34% dos pontos de amostragem do Estado foram classificados na categoria Ruim e 9% na Péssima. A classe Regular representou 31% dos pontos. Observa-se que a UGRHI 03 – Litoral Norte se destaca por apresentar todos os seus pontos de amostragem nas classes Ótima e Boa, respectivamente, 25% e 75%. Destaca-se ainda a UGRHI 02 – Paraíba do Sul, com 75% dos pontos de amostragem nas classes Ótima e Boa. Por outro lado, as UGRHI com os maiores números de pontos de amostragem, UGRHI 05 (PCJ) e 06 (Alto Tie- tê), apresentaram, respectivamente 48% e 36% dos pontos de amostragem nas classes Ruim e Péssima. Destaca-se também que a UGRHI 10 – Sorocaba/MédioTietê não registrou nenhum ponto nas classes Ótima e Boa. Vale ressaltar ainda, que das UGRHI monitoradas, quatro apresentam apenas um ponto de amostragem, a 09 – Mogi-Guaçu (Regular), a 13 – Tietê/Jacaré (Ruim), a 15 – Turvo/Grande (Boa), e a 16 – Tietê/Batalha (Regular). tabela 3. 7 distribuição Percentual do iaP Por uGrHi eM 2009 número de % de pontos em cada faixa de qualidade uGrHi pontos de amostragem Péssima ruim regular boa ótima 02 – Paraíba do sul 8 25 37 37 03 – litoral norte 4 75 25 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 21 9 38 48 5 06 – alto tietê 11 9 27 36 27 07– baixada santista 3 67 33 09 – Mogi-Guaçu 1 100 10 – sorocaba/Médio tietê 5 20 60 20 13 – tietê/Jacaré 1 100 15 – turvo/Grande 1 100 16 – tietê/batalha 1 100 17 – Médio Paranapanema 2 50 50 19 – baixo tietê 3 33 33 33 20 – aguapeí 2 50 50 21 – Peixe 2 50 50 estado de são Paulo 65 9 34 31 20 6 Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) 77
  • 97. De acordo com a CETESB (2010b), a maior parte dos pontos de amostragem do IAP não apresenta tendência de melhora ou piora, sendo que dos 65 pontos de captação monitorados, um ponto localizado na UGRHI 02 apresentou tendência de melhora, devido ao aumento do volume operacional do Reservatório de Santa Branca e regime das vazões do Rio Paraíba do Sul efetuada de forma programada e mais criteriosa, que aumentaram a capacidade de diluição dos lançamentos, e, outro ponto localizado na mesma UGRHI, apresentou tendência de piora, devido principalmente ao aumento populacional dos municípios de Taubaté e Tremembé, sem tratamento dos esgotos sanitários, visto que, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Areão/SABESP que trata 100% dos esgotos coletados dos dois municípios somente entrou em operação em março de 2010. A Figura 3.6 apresenta a distribuição dos pontos de monitoramento do Estado, enquadrados nas classes do IAP, em 2009. 78
  • 98. FiGura 3. 6 distribuição dos Pontos de MonitoraMento enQuadrados nas classes do iaP no estado de são Paulo eM 2009 Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) 79
  • 99. índice de estado trófico (iet) O Índice de Estado Trófico classifica os corpos d’água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas ou ao aumento da infestação de macrófitas aquáticas. Para o cálculo do IET, são consideradas as variáveis Clorofila a e/ou Fósforo Total. Este índice é calculado para todos os pontos da rede básica. A Tabela 3.8 apresenta a distribuição das classes do IET. tabela 3. 8 classes do iet intervalo classe iet > 67,5 Hipereutrófico 63,5 < iet ≤ 67,5 supereutrófico 59,5 < iet ≤ 63,5 eutrófico 52,5 < iet ≤ 59,5 Mesotrófico 47,5 < iet ≤ 52,5 oligotrófico iet ≤ 47,5 ultraoligotrófico Fonte: CETESB (2010b) Em 2009, o IET foi calculado pela CETESB com os valores de Fósforo Total e Clorofila a em 73 pontos e somente com Fósforo Total em 269 pontos, totalizando, assim, 341 pontos de amostragem no Estado de São Paulo. A Figura 3.7 apresenta o a distribuição percentual anual dos pontos de amostragem enquadrados nas classes do IET para o Estado de São Paulo no período de 2004 a 2009. Ressalta-se que neste histórico foram considerados apenas os pontos enquadrados nas classes especial, 1, 2 e 3, que, segundo a legislação, dentre outras destinações prevê a proteção da vida aquática. Observa-se no gráfico uma tendência de aumento na eutrofização em 2009, sendo que neste ano, 44% dos pontos avaliados ficaram entre Eutróficos e Hipereutróficos. FiGura 3. 7 distribuição Percentual do iet no estado de são Paulo de 2004 a 2009 Hipereutrófico Supereutrófico Eutrófico Mesotrófico Oligotrófico Ultraoligotrófico 100% 3 9 7 5 8 6 90% 20 14 15 80% 25 24 34 70% 60% 35 42 46 50% 39 41 40% 33 18 30% 17 17 20% 14 15 15 9 17 10% 11 12 9 10 5 12 2 2 5 6 0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010b) 80
  • 100. A Tabela 3.9 apresenta a distribuição percentual dos valores médios anuais do IET, por UGRHI no Estado de São Paulo, em 2009. Podemos verificar que a maioria dos corpos d’água apresentou condição média anual Mesotrófica. tabela 3. 9 distribuição Percentual do iet Por uGrHi eM 2009 número de % de pontos em cada classe uGrHi pontos de amostragem Hipereutrófico supereutrófico eutrófico Mesotrófico oligotrófico ultraoligotrófico 01 – Mantiqueira 2 100 02 – Paraíba do sul 19 32 26 42 03 – litoral norte 30 3 3 23 70 04 – Pardo 4 75 25 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 80 41 36 11 8 1 3 06 – alto tietê 49 33 14 12 33 6 2 07– baixada santista 15 13 7 60 13 7 08 – sapucaí/Grande 13 31 61 7 09 – Mogi-Guaçu 38 3 13 42 37 3 3 10 – sorocaba/Médio tietê 21 19 19 29 24 9 11 – ribeira de iguape/litoral sul 10 20 10 60 10 12 – baixo Pardo/Grande 2 50 50 13 – tietê/Jacaré 7 14 29 57 14 – alto Paranapanema 8 14 72 14 15 – turvo/Grande 13 8 15 23 46 8 16 – tietê/batalha 4 25 50 25 17 – Médio Paranapanema 3 33 33 33 18 – são José dos dourados 1 100 19 – baixo tietê 8 12 50 25 12 20 – aguapeí 6 17 33 50 21 – Peixe 3 33 67 22 – Pontal do Paranapanema 5 20 20 20 40 estado de são Paulo 341 17 16 16 32 14 5 Fonte: CETESB (2010b) De acordo com a CETESB (2010b), destaca-se uma diminuição no número de ambientes nas condições de baixa trofia (Ultraoligotrófica e Oligotrófica) e um aumento no número de pontos com condições de alta trofia (Eutrófico a Hipereutrófico). Essa alteração direciona-se a uma piora na qualidade em alguns dos corpos d’água monitorados, bem como à introdução de novos pontos na rede de monitoramento, que se enquadraram nas categorias indicadoras de pior qualidade. Apenas a UGRHI 01 – Mantiqueira apresentou, em relação a 2008, uma ligeira melhora no estado trófico, enquanto a UGRHI 04 – Pardo, 07 – Baixada Santista, 08 – Sapucaí/Grande, 09 – Mogi-Guaçu, 13 – Tietê/Jacaré, 20 – Aguapeí, 21 – Peixe e 22 – Pontal do Paranapanema apresentaram aumento no grau de trofia. Dentre essas, as do Mogi-Guaçu e Aguapeí destacaram-se devido a um aumento significativo de pontos classificados como eutrofizados. A Figura 3.8 apresenta a distribuição dos pontos de monitoramento do Estado, enquadrados nas classes do IET, em 2009. 81
  • 101. 82 FiGura 3. 8 distribuição dos Pontos de MonitoraMento enQuadrados nas classes do iet no estado de são Paulo eM 2009 Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)
  • 102. índice de Qualidade de água para proteção da vida aquática (iva) O IVA avalia a qualidade da água para fins de proteção da vida aquática, incluindo as variáveis essenciais para os organismos aquáticos (oxigênio dissolvido, pH e toxidade), bem como as substâncias tóxicas e as variáveis do IET (clorofila a e fósforo total). Em função do valor obtido em seu cálculo, o IVA pode ser classificado em cinco classes de qualidade da água, como pode ser visto na Tabela 3.10. tabela 3. 10 classes do iva intervalo Qualidade das águas iva ≥ 6,8 Péssima 4,6 ≤ iva ≤ 6,7 ruim 3,4 ≤ iva ≤ 4,5 regular 2,6 ≤ iva ≤ 3,3 boa iva ≤ 2,5 ótima Fonte: CETESB (2010b) A Figura 3.9 apresenta a distribuição percentual anual dos pontos de amostragem enquadrados nas classes do IVA para o Estado de São Paulo no período de 2004 a 2009. Ressalta-se que em 2009, foram realizadas alte- rações na metodologia de cálculo do IVA, relativas aos níveis de Substâncias Tóxicas (ST), com o objetivo de se adequar aos padrões de qualidade de água da legislação brasileira (Resolução CONAMA nº 357/05). Por este motivo, os valores do IVA para os anos anteriores foram recalculados com base nas adequações metodológicas adotadas a partir de 2009. Para o gráfico abaixo, foram selecionados 145 pontos que possibilitaram calcular o índice para todo o período analisado (2004 a 2009). FiGura 3. 9 distribuição Percentual do iva no estado de são Paulo de 2004 a 2009 Péssima Ruim Regular Boa Ó ma 100% 4 3 5 4 7 11 90% 23 23 21 23 80% 21 26 70% 60% 39 42 39 37 35 50% 32 40% 30% 19 21 26 25 20% 26 22 10% 12 14 11 9 12 8 0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010b) 83
  • 103. Ao longo do período, podemos observar que a soma das categorias Péssima e Ruim mantiveram-se entre 30 e 40%. Quanto às categorias Ótima e Boa, com exceção do ano de 2008, que somadas representam um valor de 37%, os demais anos apresentam 26 a 28% dos pontos classificados nessas duas categorias. Observa-se ainda, que a categoria Regular foi a que mais enquadrou os pontos de monitoramento ao longo do período, com valores ente 32 e 42%. A Tabela 3.11 apresenta a distribuição percentual da média anual do IVA nos 170 pontos de monitorados no Estado de São Paulo em 2009, agrupados por UGRHI. tabela 3. 11 distribuição Percentual do iva Por uGrHi eM 2009 número de % de pontos em cada faixa de qualidade uGrHi pontos de amostragem Péssima ruim regular boa ótima 01 – Mantiqueira 1 100 02 – Paraíba do sul 17 6 29 47 18 03 – litoral norte 7 14 14 43 29 04 – Pardo 4 75 25 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 24 29 42 17 8 4 06 – alto tietê 30 13 37 37 10 3 07– baixada santista 5 40 40 20 08 – sapucaí/Grande 3 33 33 33 09 – Mogi-Guaçu 6 33 50 17 10 – sorocaba/Médio tietê 16 25 38 25 13 11 – ribeira de iguape/litoral sul 8 38 13 38 13 12 – baixo Pardo/Grande 2 100 13 – tietê/Jacaré 6 50 50 14 – alto Paranapanema 7 29 14 43 14 15 – turvo/Grande 6 17 17 67 16 – tietê/batalha 4 50 25 25 17 – Médio Paranapanema 3 33 67 18 – são José dos dourados 1 100 19 – baixo tietê 7 57 29 14 20 – aguapeí 6 33 67 21 – Peixe 3 33 67 22 – Pontal do Paranapanema 4 25 25 50 estado de são Paulo 170 11 29 33 19 8 Fonte: CETESB (2010b) Podemos verificar que 29% e 11% dos pontos monitorados foram classificados nas categorias Ruim e Péssima, respectivamente. Enquanto as categorias Ótima e Boa representaram no período 27% dos pontos (8% e 19% respectivamente). Destaca-se ainda os cursos d’ água classificados como Regular, que representaram 33% dos pontos monitorados no Estado de São Paulo em 2009. 84
  • 104. As UGRHI 04 (Pardo), 12 (Baixo Pardo/Grande) e 17 (Médio Paranapanema) apresentaram as melhores con- dições de qualidade de água para proteção da vida aquática, com 100% dos pontos de amostragem classificados nas categorias Ótima e Boa. Vale ressaltar que essas UGRHI apresentam pouco pontos de monitoramentos (4, 2 e 3 pontos, respectivamente). As UGRHI 05 (PCJ), 06 (Alto Tietê), 07 (Baixada Santista), 10 (Sorocaba/Médio Tietê) e 16 (Tietê/Batalha) se destacaram por apresentar mais de 50% de seus pontos monitorados classificados como Ruim e Péssimo, oferecendo as piores condições de qualidade de água para a proteção da vida aquática. A UGRHI 07 apresentou o maior percentual de pontos de amostragem enquadrados na categoria Ruim e Péssima, com 80%, seguida pelas UGRHI 05 e 10, que apresentaram, respectivamente, 71% e 63% dos pontos classificados nas categorias Ruim e Péssima. No entanto, vale ressaltar que na UGRHI 06 o IVA não é calculado para boa parte de seus cursos d’água, visto que os mesmos, segundo a legislação vigente, não precisam atender ao uso de proteção da vida aquática, como é o caso dos rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros. Ainda, é importante frisar que essas bacias, por vocação, são definidas como industriais. A UGRHI 15 (Turvo/Grande) também merece atenção quanto à qualidade da água, visto que apresentou 67% dos pontos monitorados classificados como Regular e o restante como Ruim e Péssimo. A UGRHI 01 (Mantiqueira), apesar de contar apenas com um ponto de monitoramento e se tratar de uma área com vocação para conservação, apresentou baixa qualidade da água para a proteção da vida aquática. A Figura 3.10 apresenta a distribuição dos pontos de monitoramento do Estado, enquadrados nas classes do IVA, em 2009. 85
  • 105. 86 FiGura 3. 10 distribuição dos Pontos de MonitoraMento enQuadrados nas classes do iva no estado de são Paulo eM 2009 Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010)
  • 106. balneabilidade de praias Com relação à balneabilidade das praias do Estado de São Paulo, as mesmas podem ser classificadas em Pró- prias ou Impróprias, sendo que, as praias próprias ainda podem ser enquadradas como Excelente, Muito Boa ou Satisfatória. A classificação das praias é obtida a partir das análises de concentração de Escherichia coli e Coliformes Termoto- lerantes (para água doce) e Enterococos (para água salina), tendo como objetivo avaliar as condições da qualidade da água no que tange às atividades de recreação de contato primário, levando em consideração praias litorâneas e de reservatórios. A Tabela 3.12 indica, para os parâmetros analisados, os limites de concentração permitidos para cada categoria, de acordo com a Resolução CONAMA 274/00. tabela 3. 12 ParâMetros Para classiFicação anual das Praias litorâneas e de reservatórios coliformes termotolerantes categoria escherichia coli (uFc/100ml) enterococos (uFc/100ml) (uFc/100ml) Máximo de 250 em 80% ou Máximo de 200 em 80% ou Máximo de 25 em 80% ou mais excelente mais tempo mais tempo tempo Máximo de 500 em 80% ou Máximo de 400 em 80% ou Máximo de 50 em 80% ou mais Própria Muito boa mais tempo mais tempo tempo Máximo de 1.000 em 80% ou Máximo de 800 em 80% ou Máximo de 100 em 80% ou satisfatória mais tempo mais tempo mais tempo Superior a 1.000 em mais de Superior a 800 em mais de Superior a 1.000 em mais de 20% do tempo 20% do tempo 20% do tempo imprópria Maior que 2.500 na última Maior que 2.000 na última Maior que 400 na última medição medição medição Fonte: CETESB (2010c) Nota: UFC (Unidade Formadora de Colônia) contagem de unidades formadoras de colônia em placas obtidas pela técnica de membrana filtrante. Com base nos dados obtidos do monitoramento semanal e com o objetivo de apresentar a tendência da qualida- de das praias de modo mais global, a CETESB definiu critérios para uma qualificação anual das praias do Esta- do, que se constitui na síntese da distribuição das classificações obtidas pelas praias no período correspondente às 52 semanas do ano. De acordo com a CETESB (2010c), baseada em critérios estatísticos, a qualificação anual expressa não apenas a qualidade mais recente apresentada pelas praias, mas a qualidade que a praia apresenta com mais constância ao longo do ano. A Tabela 3.13 apresenta os critérios definidos para a qualificação anual, com base nos dados de monitoramento semanal. tabela 3. 13 critérios Para deterMinação da Qualidade anual das Praias coM aMostraGeM seManal balneabilidade das Praias critérios Péssima Praias classificadas como IMPRóPRIAS em mais de 50% do tempo ruim Praias classificadas como IMPRóPRIAS entre 25% e 50% do tempo regular Praias classificadas como IMPRÒPRIAS em até 25% do tempo boa Praias Próprias em 100% do tempo, exceto quando classificadas como EXCELENTES ótima Praias classificadas como EXCELENTES em 100% do tempo Fonte: CETESB (2010c) 87
  • 107. De modo semelhante, para as praias litorâneas com amostragem mensal, foi estabelecida uma qualificação anual baseando-se na concentração de Enterococos obtida em cada amostragem. Os critérios para essas praias estão descritos na Tabela 3.14. tabela 3. 14 critérios Para deterMinação da Qualidade anual das Praias coM aMostraGeM Mensal balneabilidade das Praias critérios Péssima Concentração de Enterococos superior a 100 UFC/100 mL em mais de 50% do ano ruim Concentração de Enterococos superior a 100 UFC/100 mL em entre 30% e 50% do ano regular Concentração de Enterococos superior a 100 UFC/100 mL em entre 20% e 30% do ano boa Concentração de Enterococos superior a 100 UFC/100 mL em até 20% do ano ótima Concentração de Enterococos até 25 UFC/100 mL em pelo menos 80% do ano Fonte: CETESB (2010c) Praias litorâneas Segundo a CETESB (2010c), as praias a serem monitoradas e seus pontos de amostragem são definidas con- siderando diversos fatores que influem na sua balneabilidade. Esses pontos são selecionados em função da fre- quência de banhistas, da fisiografia da praia e dos riscos de poluição que possam existir. Deste modo, as praias que fazem parte da rede de monitoramento de balneabilidade, possuem frequência elevada de banhistas, além da ocorrência de adensamento urbano próximo, o que pode representar uma possível fonte de poluição fecal. Em 2009 foram monitorados 155 pontos ao longo do litoral paulista. A Tabela 3.15 apresenta as proporções de praias litorâneas próprias em 100% do ano (referente às categorias Ótima e Boa), no Estado de São Paulo, entre 2004 e 2009. tabela 3. 15 ProPorção de Praias litorâneas PróPrias eM 100% do ano no estado de são Paulo de 2004 a 2009 Proporção de praias próprias em 100% do ano uGrHi 2004 2005 2006 2007 2008 2009 uGrHi 03 – litoral norte 48% 54% 52% 49% 40% 46% uGrHi 07 – baixada santista 8% 18% 1% 24% 0% 18% uGrHi 11 – ribeira de iguape/litoral sul 83% 100% 40% 80% 80% 60% estado de são Paulo 33% 40% 30% 38% 24% 34% Fonte: CETESB (2010c) Observa-se que em 2009 houve um aumento na proporção de praias litorâneas próprias em 100% do ano para o Estado, com 34%, com destaque para as praias da Baixada Santista, que passou de 0% de praias próprias em 2008 para 18% em 2009, com 31% das praias apresentando melhora em sua qualidade. Analisando as condições de balneabilidade das praias do litoral paulista em 2009, podemos verificar que 34% das praias permaneceram próprias o ano todo (classificações anuais Ótima e Boa), enquanto aquelas com situação mais crítica, classificadas como Ruim e Péssima, representaram 18% e 10%, respectivamente e, ainda, 38% das praias foram classificadas como Regular (Figura 3.11). 88
  • 108. FiGura 3. 11 distribuição da balneabilidade das Praias litorâneas no estado de são Paulo eM 2009 6% 10% Péssima 28% 18% Ruim Regular Boa Ó ma 38% Fonte: CETESB (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) A Figura 3.12 apresenta a classificação anual das praias para o Litoral Norte, Baixada Santista e Litoral Sul. FiGura 3. 12 distribuição da balneabilidade das Praias litorâneas Por uGrHi eM 2009 Fonte: CETESB (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) 89
  • 109. No Litoral Norte 11% das praias foram classificadas como Ótima e 36% como Boa. Dentre as que estiveram impróprias em alguma ocasião a maioria (35%) foi classificada como Regular. No Litoral Sul, 60% das praias apresentaram classificação anual Boa e 40% classificadas como Regular. A Figura 3.13 apresenta a classificação anual das praias por municípios. FiGura 3. 13 distribuição da balneabilidade das Praias litorâneas Por MunicíPio eM 2009 Péssima Ruim Regular Boa Ó ma 100% 8 20 15 20 90% 23 27 33 80% 46 50 70% 57 20 27 38 50 67 60% 38 89 90 50% 100 100 40% 64 39 41 67 30% 60 27 47 50 20% 43 42 33 10% 7 4 10 7 11 9 10 5 3 0% e o á a ba e ém e á de a a os a ão íb tã u el uj og ub nt p id tu ag nt ru ua an ab ba ha ar pr ce at s ta Sa gu Pe Gr Ig r Gu ba Cu Ilh om Vi n Ub Be ua Ita on Se ia o aC ag Sã M a o Pr r Ilh Sã Ca Fonte: CETESB (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) Notas: 1) ubatão, embora não possua praia litorânea, integra o Programa de Balneabilidade da CETESB com análise mensal de um ponto localizado C no Rio Perequê, onde há grande frequência de banhistas nos finais de semana e feriados prolongados, visitantes do Parque Ecológico do Perequê. 2) Litoral Sul é formado por três municípios; Iguape, Ilha Comprida e Cananéia, no entanto o município de Cananéia não possui praia com O face para o oceano. As 13 praias da região localizam-se principalmente nos canais que o separam de Ilha Comprida e de sua parte continental. De acordo com a CETESB (2010c), as principais pressões negativas sobre as condições de banho são: a) o crescimento populacional desordenado dos municípios litorâneos (acima da média do Estado), que fomenta a situação inadequada de infraestrutura de saneamento; b) ligações clandestinas de esgotos nas galerias pluviais, bem como ligações de águas pluviais na rede pública coletora de esgotos; c) loteamentos clandestinos e ocupação irregular às margens dos rios litorâneos, que muitas vezes se situam em Áreas de Proteção Permanente e, onde não é permitida a implantação de redes de esgoto; d) água de chuva contaminada pelos poluentes carreados da lavagem superficial do solo e de cursos d’água poluídos e da atmosfera (poluição difusa). Praias de água doce Em 2009, foram monitoradas 30 praias de água doce, localizadas nas UGRHI 02 (Paraíba do Sul), 05 (PCJ), 06 (Alto Tietê), 09 (Mogi-Guaçu), 10 (Sorocaba/Médio Tietê), 13 (Tietê/Jacaré) e 16 (Tietê/Batalha), locali- zadas principalmente nas regiões urbanizadas. As praias inseridas nos reservatórios urbanos (Billings e Guara- piranga) possuem monitoramento com frequência semanal de amostragem, pois são mais afetadas pelas fontes 90
  • 110. de poluição. As demais praias possuem frequência mensal, pois apresentam, de um modo geral, condição boa para o banho, além de estarem mais afastadas das áreas urbanas (CETESB, 2010b). Os resultados do índice de balneabilidade das 30 praias, agrupados por UGRHI, encontram-se na Tabela 3.16. tabela 3. 16 balneabilidade das Praias de reservatórios Por uGrHi eM 2009 uGrHi reservatório/rio Praia/local de amostragem balneabilidade Braço do Rio Palmital Prainha de Redenção da Serra ótima 2 Ribeirão Grande À montante do bar do Edmundo Ruim Rio Piracuama Reino das Águas Claras Péssima Reservatório Cachoeira Praia da Tulipa ótima Praia no Condomínio Novo Horizonte ótima Reservatório Jacareí/Jaguari Praia da Serrinha ótima 5 Praia do Utinga ótima Rio Atibainha Praia do Lavapés ótima Rod. D. Pedro II ótima Praia do Sol (Marina Guarapiranga) Regular Bairro do Crispim Regular Marina Guaraci Regular Reservatório Guarapiranga Guarujapiranga (Restaurante Interlagos) Regular Praia do Hidroavião (Prainha do Jardim Represa) Ruim Praia do Aracati (Bairro Miami Paulista) Regular Prainha em frente à ETE Ruim 6 Clube Prainha Taiti Regular Reservatório Rio Grande Prainha do Parque Municipal Regular Próxima ao Zôo do Parque Municipal ótima Clube de Campo do Sind. dos Metalurg. do ABC ótima No Pier do Acampamento do Instituto de Engenharia Regular Reservatório Billings Próxima à entrada da ECOVIAS Regular Parque Imigrantes Regular Rio Mogi Guaçu Cachoeira de Emas Péssima 9 Lago Euclides Morelli Praia em frente à Rua Ver. Carlos Ranini, N° 336 Ruim Clube ACM de Sorocaba ótima 10 Reservatório Itupararanga Prainha do Piratuba ótima Rio Tietê Prainha de Igaraçu do Tietê ótima 13 Reservatório Promissão Praia Municipal de Arealva ótima 16 Córrego do Esgotão Em frente à Praia do Munic. de Sabino Ruim Fonte: CETESB (2010b) Mortandade de peixes A ocorrência de episódios de mortandade de peixes indica um elevado estresse no corpo hídrico, e, de forma geral, estão associados às alterações da qualidade da água e, apesar de nem sempre ser possível identificar suas causas, o seu registro consiste num bom indicador da suscetibilidade do corpo hídrico em relação às fontes de poluição existentes na bacia. 91
  • 111. Em 2009, no Estado de São Paulo, foram registradas 124 reclamações, feitas pela população, de ocorrências de mortandade de peixes e/ou outros organismos aquáticos. A evolução no número de registros de reclamações de ocorrências de mortandades de peixes no período de 2005 a 2009 pode ser visto na Figura 3.14. Podemos verificar que, embora houve um aumento no número de reclama- ções desde 2007, o número de registros, em 2009, foi 60% inferior ao número de registros de 2006. FiGura 3. 14 núMero de reGistros de reclaMações de Mortandade de Peixes no estado de são Paulo de 2005 a 2009 250 203 Número de registros de reclamações 200 150 154 121 124 100 111 50 0 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) A Tabela 3.17 apresenta o número de reclamações de casos de mortandade de peixes recebidas pelas Agências Ambientais da CETESB, por UGRHI, em 2009. Vale frisar que algumas ocorrências geram mais de um registro de reclamação, portanto, o número apresentado não corresponde exatamente ao de ocorrências de mortandades de peixes. 92
  • 112. tabela 3. 17 núMero de reGistros de reclaMações de Mortandade de Peixes Por uGrHi eM 2009 uGrHi vocação registros 01 – Mantiqueira Conservação 1 02 – Paraíba do sul Industrial 9 03 – litoral norte Conservação 2 04 – Pardo Em industrialização 3 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí Industrial 30 06 – alto tietê Industrial 8 07– baixada santista Industrial 2 08 – sapucaí/Grande Em industrialização 1 09 – Mogi-Guaçu Em industrialização 7 10 – sorocaba/Médio tietê Industrial 18 11 – ribeira de iguape/litoral sul Conservação 1 12 – baixo Pardo/Grande Em industrialização 1 13 – tietê/Jacaré Em industrialização 8 14 – alto Paranapanema Conservação 2 15 – turvo/Grande Agropecuária 9 16 – tietê/batalha Agropecuária 6 17 – Médio Paranapanema Agropecuária 3 18 – são José dos dourados Agropecuária 3 19 – baixo tietê Agropecuária 8 20 – aguapeí Agropecuária 1 21 – Peixe Agropecuária 0 22 – Pontal do Paranapanema Agropecuária 1 estado de são Paulo - 124 Fonte: CETESB (2010b) As bacias do Piracicaba/Capivari/Jundiaí (UGRHI 05) e do Sorocaba/Médio Tietê (UGRHI 10), ambas de vocação industrial, tiveram novamente o maior número de reclamações em 2009, mantendo a tendência apresen- tada desde 2005. Essas bacias foram responsáveis, respectivamente, por 24% e 14% dos registros de reclamações de ocorrências de mortandades de peixes feitas ao longo do ano. Ainda, apesar do número total de registros ter variado pouco em relação a 2008, a parcela devida a essas duas ba- cias aumentou, sendo que as ocorrências em ambas representaram, em 2009, quase 40% de todas as reclamações de mortandades de peixes registradas no Estado de São Paulo (Figura 3.15). As UGRHI 02 (Paraíba do Sul) e 15 (Turvo/Grande) vêm logo a seguir, cada uma responsável por 7% dos registros de reclamações, seguidas pelas UGRHI 06 (Alto Tietê) e 19 (Baixo Tietê), cada uma concentrando aproximadamente 6% dos registros. Podemos constatar também que as bacias industriais concentraram mais da metade (54%) do número total de reclamações de mortandades de peixes recebidas pelas Agências Ambientais da CETESB durante 2009 (Figura 3.15) e, ainda, que as UGRHI com vocação agropecuária apresentaram um número de registros (30) maior do que o das UGRHI em industrialização (20), assim como ocorreu em 2008. 93
  • 113. FiGura 3. 15 distribuição do núMero de reGistros de reclaMações de Mortandade de Peixes Por vocação das uGrHi eM 2009 5% 54% 25% Industrial Em industrialização Agropecuária Conservação 16% Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) As mortandades atendidas durante 2009 foram, assim como em 2008 e 2006, decorrentes principalmente da presença de contaminantes na água. As ocorrências desse tipo superaram os eventos resultantes da depleção de oxigênio dissolvido e de florações de algas e cianobactérias potencialmente tóxicas. O menor número de registros, em 2009, ocorreu em fevereiro, enquanto que novembro manteve-se como o de maior número de reclamações registradas, sendo que ambos fazem parte do período chuvoso. A entrada de con- taminantes nos corpos d’água pode ter acontecido devido ao arraste causado pela água precipitada que escorre nas adjacências, até atingir o ambiente aquático. Dessa maneira, a matéria orgânica e/ou contaminantes deposi- tados nos solos são carreados, podendo causar contaminação de córregos, rios e/ou reservatórios. No período chuvoso foram registradas 52% das reclamações de mortandades no Estado, contra 48% no período de estiagem. 3.1.3 uso da água Com o objetivo de apresentar as principais características do uso da água no Estado, são apresentados a seguir os dados de disponibilidade e demanda hídrica por UGRHI e para o Estado de São Paulo. A disponibilidade hídrica superficial é calculada com base na variável Q 7,10 , ou seja, a vazão mínima de sete dias consecutivos, com período de retorno de 10 anos e, a disponibilidade hídrica subterrânea, é calculada pela reserva de águas explotá- veis que são armazenadas nos poros e fissuras das rochas pelas quais se movem lentamente. Quanto à demanda de água, os valores são apresentados quanto a sua origem (superficial ou subterrânea) e quan- to seu uso (urbano, industrial, rural e outros). Os valores expressos são levantados através do volume de água outorgado junto ao Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE). Vale ressaltar ainda que os dados referentes aos anos de 2007 e 2008, obtidos junto ao banco de dados de outorga do DAEE, foram submetidos a uma nova metodologia de análise, o que justifica valores diferenciados entre os apresentados no Relatório de Qualidade Ambiental 2010. 94
  • 114. A Tabela 3.18 apresenta a disponibilidade hídrica por UGRHI do Estado de São Paulo. tabela 3. 18 disPonibilidade Hídrica Por uGrHi disponibilidade hídrica (m³/s) uGrHi vazão mínima reservas explotáveis disponibilidade total superficial (Q7,10) de água subterrânea 01 – Mantiqueira 7 3 10 02 – Paraíba do sul 72 21 93 03 – litoral norte 27 12 39 04 – Pardo 30 14 44 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 43 22 65 06 – alto tietê 20 11 31 07– baixada santista 38 20 58 08 – sapucaí/Grande 28 18 46 09 – Mogi-Guaçu 48 24 72 10 – sorocaba/Médio tietê 22 17 39 11 – ribeira de iguape/litoral sul 162 67 229 12 – baixo Pardo/Grande 21 10 31 13 – tietê/Jacaré 40 10 50 14 – alto Paranapanema 84 30 114 15 – turvo/Grande 26 13 39 16 – tietê/batalha 31 9 40 17 – Médio Paranapanema 65 17 82 18 – são José dos dourados 12 4 16 19 – baixo tietê 27 9 36 20 – aguapeí 28 13 41 21 – Peixe 29 9 38 22 – Pontal do Paranapanema 34 13 47 estado de são Paulo 893 366 1259 Fonte: SMA/CRHi (2010) 95
  • 115. A Tabela 3.19 apresenta a demanda de água por origem e tipos de usos para o ano de 2008. tabela 3. 19 deManda de áGua Por uGrHi eM 2008 demanda de água (m³/s) uGrHi origem tipo de uso total superficial subterrânea urbano industrial rural outros 01 – Mantiqueira 0,67 0,00 0,01 0,00 0,65 0,02 0,68 02 – Paraíba do sul 11,08 2,94 5,14 3,08 5,72 0,07 14,02 03 – litoral norte 1,22 0,18 0,81 0,01 0,50 0,08 1,40 04 – Pardo 8,79 4,74 4,45 4,25 4,77 0,07 13,53 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 71,88 9,22 55,92 14,31 1,83 9,05 81,10 06 – alto tietê 50,80 3,83 20,21 23,41 0,78 10,23 54,63 07– baixada santista 18,17 0,04 10,33 7,84 0,02 0,02 18,21 08 – sapucaí/Grande 4,36 0,74 0,79 0,66 3,50 0,15 5,10 09 – Mogi-Guaçu 16,57 2,29 2,76 7,30 8,72 0,08 18,86 10 – sorocaba/Médio tietê 11,29 1,09 4,82 4,15 3,33 0,07 12,39 11 – ribeira de iguape/litoral sul 3,06 0,07 0,15 2,17 0,81 0,00 3,13 12 – baixo Pardo/Grande 11,05 1,28 1,57 1,91 8,68 0,17 12,32 13 – tietê/Jacaré 19,57 4,66 3,21 6,73 14,20 0,09 24,23 14 – alto Paranapanema 9,83 0,13 0,30 2,99 6,62 0,05 9,96 15 – turvo/Grande 12,64 4,08 3,40 4,73 8,55 0,04 16,72 16 – tietê/batalha 6,92 1,55 0,88 1,03 6,56 0,00 8,47 17 – Médio Paranapanema 7,54 0,48 0,31 2,51 5,19 0,01 8,02 18 – são José dos dourados 4,95 0,21 0,11 0,45 4,60 0,00 5,16 19 – baixo tietê 3,61 0,70 0,66 2,61 1,02 0,00 4,30 20 – aguapeí 2,31 1,09 0,53 1,42 1,41 0,04 3,40 21 – Peixe 1,63 0,55 0,57 1,08 0,53 0,00 2,18 22 – Pontal do Paranapanema 0,64 0,73 0,70 0,54 0,13 0,00 1,37 estado de são Paulo 278,59 40,59 118,78 92,03 88,12 20,25 319,18 Fonte: SMA/CRHi (2010) 96
  • 116. Observa-se que a demanda urbana predomina nas UGRHI 03 (Litoral Norte), 05 (PCJ), 07 (Baixada Santista), 10 (Sorocaba/Médio Tietê) e 22 (Pontal do Paranapanema). Enquanto a demanda industrial se destacou nas UGRHI 06 (Alto Tietê), 11 (Ribeira de Iguape/Litoral Sul) e 19 (Baixo Tietê). Vale ressaltar que na UGRHI 06 também se destaca o uso urbano com valores muito próximos ao uso industrial, enquanto a demanda urbana foi de 20 m³/s, a demanda industrial foi de 23 m³/s. Nas demais UGRHI predomina o uso rural. Ainda vale ressaltar que a UGRHI 02 (Paraíba do Sul) apresenta valores de demanda rural muito próximo a demanda urbana, algo em torno de 5 m³/s. A Figura 3.16 apresenta a distribuição da demanda de água por tipo de uso para as UGRHI do Estado, em 2008. FiGura 3. 16 distribuição da deManda de áGua Quanto ao uso Por uGrHi eM 2008 Fonte: SMA/CRHi (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Constatamos também, no Estado, a maior demanda para o uso urbano da água (37%). Em seguida se destaca o uso industrial (29%) e o rural (28%), como pode ser visto na Figura 3.17. Quanto à origem da água, podemos observar que o Estado de São Paulo apresenta maior demanda de água superficial, com 279 m³/s, o que corres- ponde a 87% da demanda total em 2008. 97
  • 117. FiGura 3. 17 distribuição da deManda de áGua do estado de são Paulo Quanto ao uso eM 2008 6% 37% Urbano 28% Industrial Rural Outros 29% Fonte: SMA/CRHi (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) A Tabela 3.21 traz o balanço hídrico das UGRHI do Estado, apresentando a relação entre a demanda e dis- ponibilidade hídrica das bacias e classificando-as quanto a sua criticidade, conforme os critérios expostos na Tabela 3.20. tabela 3. 20 valores de reFerência Para balanço Hídrico balanço Hídrico estado Maior que 50% crítico entre 31 e 50% atenção até 30% bom Fonte: SMA/CRHi (2010) 98
  • 118. tabela 3. 21 balanço Hídrico Por uGrHi eM 2007 e 2008 demanda/ disponibilidade demanda total (m³/s) uGrHi disponibilidade (%) hídrica total (m³/s) 2007 2008 2007 2008 01 – Mantiqueira 10 0,68 0,68 6,77 6,77 02 – Paraíba do sul 93 12,79 14,02 13,75 15,07 03 – litoral norte 39 0,68 1,40 1,74 3,59 04 – Pardo 44 10,56 13,53 23,99 30,75 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 65 78,94 81,10 121,44 124,77 06 – alto tietê 31 49,10 54,63 158,37 176,23 07– baixada santista 58 18,17 18,21 31,33 31,40 08 – sapucaí/Grande 46 4,80 5,10 10,43 11,10 09 – Mogi-Guaçu 72 18,87 18,86 26,21 26,20 10 – sorocaba/Médio tietê 39 10,47 12,39 26,84 31,76 11 – ribeira de iguape/litoral sul 229 1,95 3,13 0,85 1,37 12 – baixo Pardo/Grande 31 11,52 12,32 37,16 39,76 13 – tietê/Jacaré 50 16,19 24,23 32,38 48,46 14 – alto Paranapanema 114 6,78 9,96 5,94 8,74 15 – turvo/Grande 39 14,89 16,72 38,18 42,86 16 – tietê/batalha 40 7,97 8,47 19,93 21,17 17 – Médio Paranapanema 82 6,26 8,02 7,63 9,77 18 – são José dos dourados 16 4,99 5,16 31,20 32,23 19 – baixo tietê 36 3,12 4,30 8,66 11,95 20 – aguapeí 41 3,35 3,40 8,16 8,30 21 – Peixe 38 1,61 2,18 4,24 5,74 22 – Pontal do Paranapanema 47 0,83 1,37 1,77 2,91 estado de são Paulo 1259 284,50 319,18 22,60 25,35 Fonte: SMA/CRHi (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Podemos observar que a UGRHI 05 (PCJ) e 06 (Alto Tietê) se destacam como as mais críticas quanto à relação demanda e disponibilidade hídrica. Verifica-se, ainda, um aumento na demanda de água dessas UGRHI de 2007 para 2008. Na UGRHI 05 essa criticidade ocorre principalmente devido à superexploração das águas superficiais. Esta situação decorre das altas taxas de urbanização e industrialização da região e da transposição de águas para a UGRHI 06, através do Sistema Cantareira. Podemos verificar que quase 70% da demanda de água da UGRHI 05 é destinada para o uso urbano. Com relação à UGRHI 06, podemos constatar que a mesma tem o maior nível de criticidade do Estado, visto que sua disponibilidade hídrica total é de 31 m³/s, enquanto sua demanda, em 2008, foi de aproximadamente 55 m³/s. Como já visto, para suprir esta demanda, ocorre a transposição de águas da UGRHI 05 para o Sistema Cantareira, que , por sua vez, abastece a bacia do Alto Tietê. Os principais usos da água na bacia são para abas- tecimento industrial e urbano. Já quanto ao balanço hídrico da UGRHI 04 (Pardo) 10 (Sorocaba/Médio Tietê), observamos que em 2007, a relação entre demanda e disponibilidade hídrica foi considerada boa, no entanto, em 2008 essa relação entrou em estado de atenção. Verificou-se nessas UGRHI um grande aumento na demanda de água, principalmente para o uso industrial. 99
  • 119. Para as UGRHI 12 (Baixo Pardo/Grande) e 13 (Tietê/Jacaré), tanto em 2007 como em 2008, o balanço hídrico permaneceu em níveis de atenção. Destaca-se que na UGRHI 13 houve um elevado aumento da demanda total em relação a 2008, com destaque para o uso rural, que em 2007 era de 7 m³/s e em 2008 foi para 14 m³/s. A demanda total dessa UGRHI aumentou de 16 m³/s em 2007 para 24 m³/s em 2008. Outras UGRHI que merecem destaque por estarem em níveis de atenção são as UGRHI 07 (Baixada Santista), 15 (Turvo/Grande) e 18 (São José dos Dourados), que em 2008 também apresentaram aumento nos valores de demanda total. Destaca-se na Baixada Santista a alta demanda por águas superficiais, principalmente na alta temporada, quando o abastecimento de água é insuficiente. Já o balanço hídrico das demais UGRHI do Estado são considerados bons. Entretanto deve-se atentar ao au- mento da demanda de água da UGRHI 02 (Paraíba do Sul), principalmente em função da demanda urbana, na UGRHI 14 (Alto Paranapanema), com um aumento considerável na demanda total que passou de 7 m³/s em 2007 para 10 m³/s em 2008, com aumento principalmente nos usos industriais e rurais. É importante ainda res- saltar que se deve atentar para o consumo de água para uso urbano durante o verão, principalmente nas UGRHI litorâneas, devido à grande presença de turistas. referências BRAGA, B.; PORTO, M.; TUCCI, C.E.M. Monitoramento de quantidade e qualidade das águas. In: Rebouças, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. Águas doces no Brasil: Capital ecológico, uso e conservação. 3. ed. São Paulo: Escrituras, 2006. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo: 2007 - 2009. 2010a. São Paulo: CETESB, 2010. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo 2009. 2010b. São Paulo: CETESB, 2010. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo 2009. 2010c. São Paulo: CETESB, 2010. DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA – DAEE, INSTITUTO GEOLÓGICO – IG, INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – IPT, SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL – CPRM. Mapa de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo. CD-ROM. 2007. IRITANI, M. A; EZAKI, S. As águas subterrâneas do Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA, 2008. REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. Águas doces no Brasil: Capital ecológico, uso e conservação. 3. ed. São Paulo: Es- crituras, 2006. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento. DAEE. Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007. São Paulo, 2005. SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SMA/SP. Coordenadoria de Recursos Hídricos. Da- dos fornecidos. São Paulo: SMA/CRHi, 2010. 100
  • 120. 3.2 recursos Pesqueiros A pesca vem sendo praticada desde os primórdios da humanidade, garantindo a sobrevivência dos povos ao lon- go dos milênios. Nos últimos séculos adquiriu caráter comercial com o desenvolvimento de técnicas de captura de larga escala, mas continua sendo fonte de subsistência para inúmeras comunidades que praticam a atividade de forma artesanal, repassando o conhecimento de seus antepassados às novas gerações. No Estado de São Paulo a pesca é praticada no ambiente marinho, ao longo da costa, e no continente, basicamen- te em áreas represadas e em trechos livres de grandes rios. Esta atividade serve como fonte de renda e alimento de populações ribeirinhas, e, em alguns casos, acaba sendo a única oportunidade de emprego para determinados grupos de indivíduos e para a população excluída. Segundo a Lei Estadual nº 11.165/02, que institui o Código de Pesca e Aquicultura do Estado, a atividade pes- queira pode ser definida como: profissional, quando o pescador a tem como sua atividade econômica principal, seja ela realizada de maneira artesanal6, em pequena escala7 ou em grande escala8 e; amadora, aquela praticada com finalidades de turismo, lazer ou desporto, não podendo o seu produto ser comercializado ou industrializa- do, incluindo-se nesta categoria os Pesque-Pagues. Estima-se, para o litoral paulista, a existência de cerca de 9.200 pescadores artesanais, sendo por volta de 2.700 pescadores na Baixada Santista, 2.350 no Litoral Norte e 4.150 no Litoral Sul (DA SILVA E LOPES, 2010), o que demonstra a importância social da atividade. Não é possível fazer uma estimativa confiável a respeito dos pescadores continentais. Um problema que acompanha a pesca e que é capaz de inviabilizá-la, caso não seja bem gerenciado, é a sobrepes- ca. Existem dois tipos de sobrepesca: a sobrepesca de recrutamento e a sobrepesca de crescimento. O primeiro se dá quando ocorre uma redução significativa do número de indivíduos em idade de reprodução. Este tipo de sobrepesca pode conduzir um determinado estoque à extinção e é mais frequente entre espécies caracterizadas por um baixo crescimento depois da maturação sexual. As pescarias sobre pequenos pelágicos (sardinha, arenque, anchoveta e chicharro) são muito sujeitas à sobrepesca de recrutamento. O segundo tipo de sobrepesca ocorre quando indivíduos mais jovens são progressivamente capturados em uma situação em que não há sobrepesca de recrutamento. Nesse caso, a ameaça à reprodução do estoque é imposta pela retirada dos membros que atingirão idade de reprodução. Tal variedade de sobrepesca é mais comum em peixes que apresentam crescimento considerável, mesmo depois de maduros sexualmente (tubarão, grandes lin- guados, etc.). Para se evitar o problema da sobrepesca e da perda da biodiversidade marinha em geral (com todas as suas con- sequências), há a necessidade de uma gestão mais integrada e inovadora dos recursos marinhos. Uma forma que têm se mostrado eficiente na gestão dos recursos costeiros e marinhos mundiais é a criação das Áreas Marinhas Protegidas, ou como foram legalmente instituídas no Estado de São Paulo, as Áreas de Proteção Ambiental (APA) Marinhas. As três APA Marinhas de São Paulo (Figura 3.18), a saber, Litoral Norte, Litoral Centro e Litoral Sul, protegem um total aproximado de 1.123.108 ha da costa paulista e buscam disciplinar, de forma participativa, o uso e exploração dos recursos marinhos como forma de proteção da biodiversidade para as gerações presentes e futuras. 6 A pesca artesanal é aquela praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma, em regime de economia familiar ou em regime de parceria com outros pescadores, com finalidade comercial. 7 A pesca de pequena escala é praticada por pessoa física ou jurídica, através de pescadores profissionais, empregados ou em regime de parceria, utilizando embarcações de pequeno porte, tendo por finalidade comercializar o produto. 8 A pesca empresarial ou de grande escala é a praticada por pessoa física ou jurídica, através de pescadores profissionais, empregados ou em regime de parceria, utilizando embarcações de médio ou grande porte, tendo por finalidade a comercialização do produto. 101
  • 121. FiGura 3. 18 áreas de Proteção aMbiental MarinHas do estado de são Paulo Fonte SMA/CPLA (2010) 3.2.1 Pesca continental A pesca profissional continental é realizada principalmente nas bacias dos rios Grande, Paraná e Paranapanema. Alguns pontos críticos para a realização desta atividade podem ser destacados: leis e portarias pouco claras; carência de políticas públicas de incentivo à implantação de entrepostos pesqueiros com infraestrutura mínima para limpeza, processamento e comercialização; falta de organização associativa e apoio insuficiente das colônias de pescadores às comunidades de pescadores artesanais profissionais; ausência de cadastramento do número de pescadores artesanais profissionais efetivos junto às colônias de pescadores; baixo aproveitamento dos resíduos produzidos no processamento do pescado; e falta de uma política para resolução de conflitos entre pesca profis- sional e amadora. As espécies mais capturadas segundo o Levantamento da Pesca Profissional Continental no Estado de São Paulo em 2008 (VERMULM JR et al., 2010) foram o Curimbatá e a Traíra no rio Paranapanema; o Acará e a Piapara no rio Paraná; e, o Mandi e a Corvina no rio Grande. No total foram capturadas cerca de 380 toneladas de pescado dos quais cerca de 70% provêm do rio Paraná. A Figura 3.19 que se segue ilustra a evolução do pescado capturado nos três rios ao longo dos anos. Apesar do pico observado no início da década, nota-se a tendência de queda na captura do pescado ao longo da série histó- rica. Isto se deve aos pontos críticos mencionados anteriormente e que, de forma geral, dizem respeito à gestão da atividade pesqueira continental. Uma melhor eficiência na gestão desses recursos pode assegurar a sustenta- bilidade dos estoques em longo prazo. 102
  • 122. FiGura 3. 19 Produção da Pesca ProFissional continental no estado de são Paulo de 1997 a 2008 Rio Grande Rio Paraná Rio Paranapanema 800 700 600 Toneladas 500 400 270,6 300 200 68,5 100 45,8 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2007 2008 Fonte: Vermulm et al (2010) 3.2.2 Pesca marinha A pesca extrativista marinha se desenvolve em todo o litoral paulista. Cada região, o Litoral Norte com seus recortes e pequenas baías, a Baixada Santista com suas características metropolitanas, e o Litoral Sul com o Complexo Estuarino-Lagunar Iguape-Cananéia-Ilha Comprida, apresenta suas próprias especificidades, que vão determinar o tipo da pesca, as técnicas utilizadas, as espécies e a quantidade capturada. De acordo com o Relatório Estatístico do Ministério da Pesca 2008/2009, o Estado de São Paulo pro- duziu cerca de 27,5 mil toneladas de pescado a partir da pesca extrativa marinha, ocupando o sexto lugar na produção nacional de pescado. A Figura 3.20 ilustra a evolução da pesca extrativa marinha de 2003 a 2009. Nota-se uma volta aos patamares de produção de 2003 e 2004 após um breve período de aumento na produção de 2005 a 2008. 103
  • 123. FiGura 3. 20 Produção da Pesca extrativa MarinHa no estado de são Paulo de 2003 a 2009 36.000 33.771 34.000 33.087 32.000 33.379 30.000 Toneladas 27.702 28.000 27.561 26.000 27.256 24.000 23.824 22.000 20.000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura (2010) Para o ano de 2010, a partir do “Informe da Produção Pesqueira Marinha e Estuarina do Estado de São Paulo” publicada pelo Instituto de Pesca em setembro de 2010, tem-se a estimativa preliminar da produção pesqueira entre Janeiro e Setembro, que gira em torno de 14.600 toneladas de pescado desembarcado. Desse total, 63% corresponde à produção da Baixada Santista, com Santos/Guarujá como o maior produtor; 20% corresponde à produção do Litoral Sul, com Cananéia como principal município produtor; e 17% corresponde à produção do Litoral Norte, tendo Ubatuba como maior produtor. As espécies mais capturadas foram, respectivamente, a Corvina, a Sardinha-verdadeira e o Camarão-sete-barbas. As duas primeiras espécies encontram-se na Lista de Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo (Decreto Estadual nº 53.494/08), na categoria sobreexplotadas. Uma descrição mais detalhada da estruturação da pesca extrativa marinha no litoral paulista, com a descrição dos atores envolvidos e propostas de fortalecimento, pode ser vista no Plano de Extensão Rural e Pesqueira para o Litoral Paulista, por Silva e Graça Lopes (2010), publicado pelo Instituto de Pesca. 3.2.3 aquicultura O crescimento da população, a urbanização e o aumento da renda per capita fizeram com que o consumo mun- dial de pescado mais do que triplicasse nos últimos quarenta anos, passando de 28 milhões de toneladas, em 1961, para 96 milhões em 2001. A aqüicultura, seja ela praticada em água doce ou água salgada, consiste numa possibilidade sustentável (desde que realizada dentro da capacidade de suporte do ambiente) de produção de pescados. Pode ser usada para pro- dução de peixes (tilápias, carpas, trutas, pacus, piaparas, etc.), moluscos, ostras, mexilhões, camarões, algas e rãs. Sua grande diferença em relação à pesca extrativa é que os organismos não são extraídos a esmo da natureza, embora em algumas formas de produção, como as ostras, seja necessário a extração da natureza para o posterior cultivo. Para muitos cultivos é possível realizar todo o processo em criadouros (viveiros, tanques-rede, etc.), o que diminui o impacto às comunidades naturais pela retirada desenfreada de organismos, permitindo que retomem seu equilíbrio natural. 104
  • 124. Porém, embora a aquicultura alivie a pressão sobre os estoques pesqueiros, marinhos e continentais, esta ati- vidade, caso não seja executada de acordo com os parâmetros estabelecidos pela legislação ambiental, também pode gerar impactos, que vão desde a destruição de mangues e de outras formas de vegetação nativa (para a instalação dos tanques de criação), até conflitos pelo uso da água e a poluição orgânica de rios e estuários (descarte de efluentes). É por isso que, para a sustentabilidade do setor, a aquicultura necessita de uma gestão apropriada das suas inte- rações com o ambiente durante as ações de planejamento e implementação (FAO, 2006). A Figura 3.21 abaixo apresenta uma comparação da evolução da produção do pescado pela pesca e aqüicultura, marinha e continental. Observando-se os números da pesca continental e marinha, vê-se a tendência de estagna- ção na produção nos últimos anos. Isso vem ocorrendo com os estoques pesqueiros do mundo todo. FiGura 3. 21 Produção da Pesca e aQuicultura no estado de são Paulo de 2003 a 2009 Pesca marinha Pesca con nental Aquicultura marinha Aquicultura con nental 45.000 38.503 40.000 35.000 Toneladas 30.000 25.000 27.561 20.000 15.000 10.495 10.000 5.000 143 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura (2010) Como já comentado, nota-se a estagnação ou queda de produção nas pescas continental e marinha, uma aquicul- tura marinha (ou maricultura) incipiente e sub-explorada, e, um crescente aumento na produção da aquicultura continental, que veio a ser responsável pela maior quantidade de pescado produzido no Estado em 2009, com quase 40 mil toneladas. Devido a esse declínio na produção tradicional do pescado, muitas vezes fruto da sobreexplotação das espécies, que impede a renovação dos estoques naturais, a produção da aquicultura terá um papel crucial nas próximas décadas, na compensação da produção da pesca e da crescente demanda por produtos de organismos aquáticos. Para isso é necessário o estabelecimento de marcos regulatórios, normatização e implementação de boas práticas de produção, além de instrumentos socioeconômicos de incentivo e inclusão. O Instituto de Pesca, vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, tem como um de seus objetivos dar suporte à aquicultura paulista, fornecendo informações e assistência técnica a criadores de organis- mos aquáticos, produtores rurais, prefeituras, instituições governamentais e não governamentais e interessados em geral. Conta com centros de pesquisa na capital, litoral e interior, e, através de seu corpo técnico, realiza visitas a propriedades rurais para avaliação da viabilidade de implantação de projetos aquícolas. 105
  • 125. referências MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA – MPA. Produção Pesqueira e Aquícola. Estatística 2008 e 2009. Disponível em: <http://www.mpa.gov.br> Acesso em: nov. 2010. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION – FAO. Fisheries Department State of world aquaculture 2006. FAO Fisheries Technical Paper. Rome: FAO, 2006. SILVA, N. J. R. da; Graça Lopes, R. Plano de Extensão Rural e Pesqueira para o Litoral Paulista. Série Relatórios Técnicos n. 44. São Paulo: Instituto de Pesca, 2010. VERMULM JR., H. et al. Levantamento da pesca profissional continental no Estado de São Paulo, 1994 a 2008. Série Relatórios Técnicos. Instituto de Pesca: São Paulo, 2010. 106
  • 126. 3.3 saneamento ambiental De acordo com a Lei Federal nº 11.445/07, que estabelece as diretrizes nacionais e a política federal de sanea- mento, o saneamento básico é composto pelo conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de: abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Os sistemas de abastecimento de água potável envolvem desde a captação da água bruta nos mananciais superfi- ciais ou subterrâneos, passando pelo transporte da mesma até as instalações onde ocorre seu tratamento, visando atender os padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria do Ministério da Saúde nº 518/04, até a reserva- ção e a distribuição da água tratada às ligações prediais e seus respectivos instrumentos de medição. Por sua vez, os sistemas de esgotamento sanitário compreendem desde a coleta do esgoto gerado nos domicílios, seu transporte para as estações de tratamento, nas quais se reduz o potencial poluidor e de geração de agravos à saúde, e o lançamento dos efluentes nas coleções d’água, visando atender aos padrões estabelecidos na legislação federal e estadual. A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos abarcam todas as atividades relacionadas ao gerenciamento dos resíduos sólidos domiciliares e daqueles provenientes dos sistemas de varrição e limpeza dos logradouros públicos, como a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final destes resíduos. Já a drenagem urbana e o manejo de águas pluviais congregam os dispositivos e as ações relativas à coleta e ao transporte das águas pluviais, bem como estruturas para amortecer as cheias e direcionar as águas drenadas de maneira a evitar enchentes, alagamentos e o agravamento de processos erosivos. A concepção de saneamento ambiental amplia o horizonte estabelecido pela Lei Federal nº 11.445/2007, incluindo a gestão de outras categorias de resíduos sólidos, como os provenientes de serviços de saúde e de obras de constru- ção e demolição, como também a identificação e a recuperação de áreas contaminadas, de maneira a promover a manutenção e a melhoria da qualidade ambiental, fator essencial para a qualidade de vida da população. 3.3.1 abastecimento de água Dentre as quatro vertentes do saneamento básico descritas acima, no Brasil, o abastecimento de água potável é a que se encontra mais consolidada. No Estado de São Paulo, o quadro se assemelha ao nacional, e podemos ver hoje todos os municípios paulistas contando com rede de distribuição de água (IBGE, 2010). Entretanto, a oferta deste serviço ainda não atinge a totalidade dos domicílios, conforme dados do Ministério das Cidades (MCidades, 2010b), contidos no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e divulgados na publicação “Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2008”. Segundo a Coordenadoria de Recursos Hídricos (CRHi) da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o Índice de Atendimento de Água (IAA), que representa a porcentagem da população total de cada município efetivamente aten- dida por abastecimento público de água, pode ser classificado em três categorias, como pode ser visto na Tabela 3.22. tabela 3. 22 classes do iaa intervalo abastecimento de água iaa < 50% ruim 50% < iaa < 90% regular iaa > 90% bom Fonte: SMA/CRHi (2010) A Figura 3.22 mostra a distribuição percentual dos municípios do Estado enquadrados nas classes do IAA, por UGRHI e, a Figura 3.23, o mapa dos municípios por classes do IAA, ambos em 2008. 107
  • 127. FiGura 3. 22 distribuição Percentual dos MunicíPios do estado de são Paulo enQuadrados nas classes do iaa Por uGrHi eM 2008 Bom Regular Ruim Sem Dados 100% 11 12 9 12 8 18 17 14 90% 21 4 33 30 5 33 27 29 6 26 32 28 24 26 28 5 80% 9 2 50 3 70% 56 37 33 60% 21 60 26 50% 47 35 41 58 38 39 41 69 57 88 55 55 40% 70 67 67 30% 50 47 44 50 50 20% 41 35 32 34 33 31 26 24 28 10% 21 19 19 24 0% 4 3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 UGRHI Fonte: MCidades (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 23 iaa dos MunicíPios do estado de são Paulo eM 2008 Fonte: MCidades (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) 108
  • 128. Como se observa na Figura 3.22, na maioria das UGRHI, o percentual de municípios que apresentam menos da metade de sua população efetivamente atendida por rede de abastecimento de água não atinge 10%, exceção feita às UGRHI 01 (Mantiqueira) e 11 (Ribeira de Iguape/Litoral Sul). Dentre as UGRHI que apresentaram melhor desempenho, que contam com pelo menos a metade dos municípios enquadrados num nível de atendi- mento bom, encontram-se as UGRHI 03 (Litoral Norte), 07 (Baixada Santista), 09 (Mogi-Guaçu) e 12 (Baixo Pardo/Grande). Vale ressaltar que a análise destes resultados deve levar em conta a expressiva quantidade de municípios que não forneceram dados ao SNIS, uma vez que, em somente quatro das 22 UGRHI do Estado todos os municípios forneceram dados. 3.3.2 esgotamento sanitário Dentre as pressões ambientais advindas dos assentamentos humanos, assume papel de destaque o lançamento de grandes quantidades de matéria orgânica nos corpos d’ água, de maneira difusa ou por meio dos sistemas de esgotamento sanitário. Esse lançamento pode prejudicar a qualidade da água, pois potencializa a atuação de microorganismos que degradam a matéria orgânica, consumindo para isso o oxigênio dissolvido nas águas. A queda nos níveis de oxigênio dissolvido inviabiliza a sobrevivência de grande parte dos organismos que compõe a comunidade aquática, reduzindo assim a biodiversidade nesses ambientes. Para além da perda de biodiversidade, os baixos níveis de oxigênio dissolvido possibilitam a proliferação de microorganismos que sobrevivem em condições de anaerobiose e geram em seus processos metabólicos gases como o metano (CH4) e o gás sulfídrico (H2S), causando maus odores que depreciam a qualidade de vida da população que vive próxima a esses corpos d’ água. Para mensurar a carga orgânica presente em determinado efluente, utilizamos aqui a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que consiste na quantidade de oxigênio dissolvido consumido pelos microorganismos aquáticos na degradação da matéria orgânica, num determinado intervalo de tempo e a uma dada temperatura de incubação. Por convenção, adota-se o período de cinco dias e uma temperatura de 20° C. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da norma NBR 12209:1992, estabelece como parâmetro para projetos de estações de tratamento de esgoto, a contribuição individual de 54 g DBO por habitante por dia, a partir da qual pode ser estimado o aporte de carga orgânica gerado pela população dos municípios. Portanto, a carga orgânica poluidora potencial é a quantidade de matéria orgânica gerada estimada em função da população, ou seja, a quantidade que seria lançada nos corpos d’água caso não houvesse nenhuma forma de tratamento de efluentes. Já a carga orgânica poluidora remanescente apresenta os valores de carga poluidora que efetivamente são lançados nos corpos hídricos após sua coleta e tratamento, quando existente. No Estado de São Paulo em 2009, segundo a CETESB (2010b), a carga orgânica poluidora potencial de origem doméstica foi de 2.090.588 kg DBO/dia. Destes, 1.285.603 kg DBO/dia (61%) foram lançados em corpos d’água. A Figura 3.24 apresenta a carga orgânica remanescente de origem doméstica em valor absoluto (kg DBO/dia), por UGRHI, em 2009. Podemos observar que somente a UGRHI 06 (Alto Tietê) é responsável por aproximadamente 54% (691.659 kg DBO/dia) de toda carga orgânica remanescente do Estado, seguida pela UGRHI 05 (PCJ), que lança nos rios quase 13% (165.704 kg DBO/dia) do total. 109
  • 129. FiGura 3. 24 carGa orGânica Poluidora reManescente Por uGrHi eM 2009 800.000 9 65 1. Carga orgânica remanescente (kg DBO/dia) 69 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 4 70 200.000 5. 16 02 41 .9 42 58 46 42 25 06 100.000 82 .7 17 24 .1 .6 15 3 .4 10 53 12 3 57 10 2 11 6 11 3 9. 4 8 6. 0 0 46 9 .0 9 5 5 5 4 7 5 .1 1 0 .7 96 .0 .9 .9 .6 .2 73 76 83 77 84 62 7. 3. 4. 2. 1. 0 6 5 7 2 9 13 10 15 4 21 19 8 17 14 3 16 11 12 22 20 1 18 UGRHI Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) Importante indicador das condições dos sistemas de esgotamento sanitário, a proporção de carga orgânica po- tencialmente gerada pela população que é removida pelos sistemas de tratamento, reflete a contribuição dos mesmos para a manutenção da qualidade ambiental. Portanto, além do afastamento do esgoto gerado pela po- pulação, um dos principais enfoques das ações de saneamento consiste no tratamento e na consequente redução do potencial poluidor desses efluentes. A Tabela 3.23 apresenta a evolução do percentual de redução de carga orgânica potencial de origem doméstica em cada UGRHI do Estado de São Paulo. 110
  • 130. tabela 3. 23 Percentual de redução de carGa orGânica Por uGrHi de 2006 a 2009 % redução de carga orgânica uGrHi 2006 2007 2008 2009 01 – Mantiqueira 3% 6% 3% 3% 02 – Paraíba do sul 26% 31% 30% 42% 03 – litoral norte 22% 24% 26% 29% 04 – Pardo 42% 49% 58% 68% 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 22% 34% 34% 35% 06 – alto tietê 30% 31% 30% 32% 07– baixada santista 48% 7% 7% 8% 08 – sapucaí/Grande 51% 63% 58% 66% 09 – Mogi-Guaçu 26% 27% 30% 35% 10 – sorocaba/Médio tietê 41% 40% 44% 51% 11 – ribeira de iguape/litoral sul 39% 42% 26% 41% 12 – baixo Pardo/Grande 56% 62% 59% 59% 13 – tietê/Jacaré 27% 31% 29% 40% 14 – alto Paranapanema 62% 59% 58% 65% 15 – turvo/Grande 22% 26% 25% 59% 16 – tietê/batalha 43% 57% 56% 60% 17 – Médio Paranapanema 58% 58% 68% 64% 18 – são José dos dourados 78% 85% 83% 85% 19 – baixo tietê 62% 60% 63% 65% 20 – aguapeí 68% 68% 71% 78% 21 – Peixe 31% 30% 33% 33% 22 – Pontal do Paranapanema 68% 73% 70% 79% estado de são Paulo 33% 34% 34% 39% Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) Podemos observar uma situação crítica nas UGRHI 01 (Mantiqueira) e 07 (Baixada Santista), que apresentaram os piores índices, 3% e 8% respectivamente, e o alto desempenho verificado na UGRHI 18 (São José dos Dourados), que apresentou percentual de redução de 85%, o mais alto entre todas as bacias. Cabe ressaltar que o Decreto Estadual nº 8.468/76, que regulamentou a Lei Estadual nº 997/76, estabeleceu como padrão de emissão para o lançamento de efluentes em corpos d’ água o patamar de 60 mg/L de DBO, sendo, a ultrapassagem desse limite, permitida somente quando a eficiência do sistema de tratamento seja de no mínimo de 80%. A Figura 3.25 apresenta o percentual de redução carga orgânica dividido em faixas, por UGRHI, em 2009. 111
  • 131. FiGura 3. 25 distribuição do Percentual de redução de carGa orGânica Por uGrHi eM 2009 Fonte: CETESB (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) Para aferir a situação dos municípios paulistas quanto ao desempenho de seus sistemas de tratamento de esgotos sanitários, CETESB desenvolveu o Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto do Município (ICTEM). Este indicador tem como objetivo verificar a efetiva remoção da carga orgânica poluidora em relação à carga orgânica po encial gerada pelas populações urbanas dos municípios, sem deixar de observar, entretanto, outros t importantes aspectos relativos ao sistema de tratamento, que vão desde a coleta, o afastamento e o tratamento dos esgotos, até a destinação dada aos lodos gerados nas estações de tratamento e os impactos causados aos corpos hídricos receptores dos efluentes. A Tabela 3.24 mostra os elementos que compõe o indicador e suas respectivas contribuições. tabela 3. 24 coMPosição do icteM elementos do indicador composição (%) Ponderação Coleta 15 1,5 Tratamento e eficiência de remoção 15 1,5 Eficiência global de remoção 65 6,5 Destino adequado de lodos e resíduos de tratamento 2 0,2 Efluente da estação não desenquadra a classe do corpo receptor 3 0,3 total 100 1 Fonte: Novaes; Soares; Neto (2007) Notas: 1) coleta: % da população urbana atendida por rede de esgotos ou sistemas isolados. 2) tratamento e eficiência de remoção: % da população urbana com esgoto tratado. 3) a eficiência global de remoção depende da eficiência unitária das ETE. Se a eficiência global for igual ou maior que 80%, o valor para esse elemento do indicador será de 6,5. 112
  • 132. Em função da nota do ICTEM, que pode variar de zero a dez, os sistemas de esgotamento sanitário dos muni- cípios são classificados em quatro em faixas, como pode ser visto na tabela que segue. tabela 3. 25 classes do icteM intervalo sistema de esgotamento sanitário icteM ≤ 2,5 Péssimo 2,5 < icteM ≤ 5,0 ruim 5,0 < icteM ≤ 7,5 regular 7,5 < icteM ≤ 10,0 bom Fonte: CETESB (2010d) É importante frisar que este indicador foi instituído recentemente no âmbito da CETESB e, em função disto, inexiste uma série histó ica do mesmo. Desse modo, são apresentados na Tabela 3.26 os dados de 2008 e 2009 r por UGRHI e para o Estado de São Paulo. Na sequência, são apresentado dois mapas: um com as notas do ICTEM por UGRHI e outro por município, todos relativos ao dado de 2009. tabela 3. 26 icteM Por uGrHi eM 2008 e 2009 icteM uGrHi 2008 2009 01 – Mantiqueira 1,4 1,4 02 – Paraíba do sul 4,1 5,1 03 – litoral norte 4,2 4,2 04 – Pardo 6,3 7,1 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 4,4 4,6 06 – alto tietê 4,1 4,2 07– baixada santista 1,8 1,9 08 – sapucaí/Grande 6,6 7,2 09 – Mogi-Guaçu 4,0 4,4 10 – sorocaba/Médio tietê 5,1 5,7 11 – ribeira de iguape/litoral sul 5,2 5,2 12 – baixo Pardo/Grande 6,6 6,6 13 – tietê/Jacaré 4,1 5,1 14 – alto Paranapanema 6,5 6,9 15 – turvo/Grande 3,7 6,6 16 – tietê/batalha 6,3 6,8 17 – Médio Paranapanema 7,2 7,4 18 – são José dos dourados 9,7 9,8 19 – baixo tietê 6,8 7,1 20 – aguapeí 7,5 8,1 21 – Peixe 4,4 4,4 22 – Pontal do Paranapanema 7,7 8,4 estado de são Paulo 4,5 4,9 Fonte: CETESB (2010d), elaborado por SMA/CPLA (2010) 113
  • 133. FiGura 3. 26 distribuição do icteM Por uGrHi eM 2009 Fonte: CETESB (2010d), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 27 distribuição do icteM Por MunicíPio eM 2009 Fonte: CETESB (2010d), elaborado por SMA/CPLA (2010) 114
  • 134. Vale destacar as UGRHI 18 (São José dos Dourados), 22 (Pontal do Paranapanema) e 20 (Aguapeí), as únicas que tiveram seus sistemas de esgotamento sanitário classificados como bons em 2009. Em contrapartida pode- mos observar que as UGRHI 01 (Mantiqueira) e 07 (Baixada Santista) apresentaram os piores resultados, e nos dois anos considerados foram enquadradas na categoria Péssima. Ainda merecem atenção as UGRHI 06 (Alto Tietê), 05 (PCJ), 09 (Mogi-Guaçu), 03 (Litoral Norte) e 21 (Peixe), que tiveram seus sistemas de esgotos sanitá- rios classificados como ruins. No caso das UGRHI 06 e 05 a situação é agravada pelo fato de ambas abrangerem grande parte da população do Estado e contarem com forte presença industrial. Para o Estado de São Paulo como um todo, podemos verificar uma melhora do ICTEM de 2008 para 2009, quando o indicador foi de 4,5 para 4,9, se aproximando da categoria Regular, porém ainda muito aquém do de- sejável no âmbito do Estado, deixando clara, desta forma, a necessidade de se avançar na melhoria das condições de esgotamento sanitário nos municípios paulistas. Nesse sentido, a Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (hoje Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos) tem empreendido diversos esforços, dentre os quais se destaca o Programa Estadual de Apoio Técnico à Elaboração dos Planos Municipais e Regionais de Saneamento (PMS), que tem atuado junto às prefeituras municipais com o objetivo de estabelecer o processo de planejamento em saneamento, como pre- coniza a Lei Federal n0 11.445/07. 3.3.3 Manejo de resíduos sólidos Com o objetivo de avaliar a operação dos locais de disposição final de resíduos sólidos domiciliares no território paulista, a CETESB, publica anualmente em seu “Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares” o Ín- dice de Qualidade de Aterro de Resíduos (IQR). Por meio do acompanhamento dos técnicos da Companhia, os aterros sanitários são inspecionados periodicamente, sendo avaliados quanto as suas características locacionais, estruturais e operacionais. A partir desta avaliação é atribuída uma nota para cada município do Estado, que varia de zero a 10 e, em função do valor obtido, as instalações são classificadas em três categorias, como pode ser visto na Tabela 3.27. tabela 3. 27 classes do iQr intervalo aterro sanitário iQr ≤ 6,0 adequado 6,0 < iQr ≤ 8,0 controlado 8,0 < iQr ≤ 10,0 inadequado Fonte: CETESB (2010e) A Tabela 3.28 apresenta a série histórica do IQR médio ponderado pela geração de resíduos, para as UGRHI e para o Estado de São Paulo de 2000 a 2009. Vale citar que as quantidades de Resíduos Sólidos Domicilia- res (RSD) geradas nos municípios foram calculadas com base na população urbana de cada município (censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE) e em índices de produção de resíduos por habitante9. Excetua-se a esta regra o município de São Paulo, para o qual são adotados os volumes diários divulgados oficialmente pelas concessionárias do serviço municipal. 9 Para municípios com população de até 100 mil habitantes considera-se a geração de 0,4 kg/hab.dia, aumentando para 0,5 kg/hab.dia para municípios com população entre 100 mil e 200 mil habitantes, 0,6 kg/hab.dia para municípios entre 200 mil e 500 mil habitantes e 0,7 kg/hab.dia para municípios com população maior que 500 mil habitantes (CETESB, 2010b). 115
  • 135. tabela 3. 28 iQr Por uGrHi de 2000 a 2009 iQr uGrHi 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 01 – Mantiqueira 10,0 9,7 10,0 9,8 9,8 9,8 9,9 9,7 8,3 8,3 02 – Paraíba do sul 7,8 7,8 8,4 8,7 8,5 8,2 8,4 8,9 8,2 9,1 03 – litoral norte 4,6 4,4 4,8 4,7 5,4 5,9 5,7 8,2 9,3 9,3 04 – Pardo 6,5 7,0 7,8 8,1 8,2 7,9 6,6 6,3 8,8 9,4 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 6,9 7,4 7,9 8,5 8,5 8,5 8,4 9,0 8,9 9,1 06 – alto tietê 7,7 8,2 8,3 8,3 8,5 8,9 8,9 9,2 9,3 9,2 07– baixada santista 4,1 4,1 5,7 7,6 8,9 9,0 8,7 9,0 9,3 9,4 08 – sapucaí/Grande 6,4 7,4 7,3 7,4 7,2 6,8 8,9 8,7 8,8 9,4 09 – Mogi-Guaçu 6,4 6,6 6,8 6,7 6,5 7,0 6,4 6,5 8,4 8,5 10 – sorocaba/Médio tietê 6,6 6,7 6,8 7,5 7,5 8,1 8,0 8,2 8,3 8,4 11 – ribeira de iguape/litoral sul 3,0 3,1 3,6 4,7 4,7 5,8 5 4,7 6,7 7,8 12 – baixo Pardo/Grande 6,5 6,6 6,7 6,6 6,8 6,1 7,4 9,0 8,8 9,6 13 – tietê/Jacaré 7,3 7,8 8,0 7,9 7,7 7,8 8,1 7,9 6,6 7,7 14 – alto Paranapanema 4,3 3,7 4,3 4,6 4,4 5,0 4,6 4,1 6,8 8,0 15 – turvo/Grande 6,4 6,2 6,8 6,8 6,8 7,4 7,6 7,9 8,4 9,2 16 – tietê/batalha 6,1 6,4 7,6 6,8 7,2 7,0 6,7 6,6 7,1 8,3 17 – Médio Paranapanema 6,9 7,0 6,8 6,2 5,4 7,8 7,9 7,1 7,8 8,4 18 – são José dos dourados 6,2 7,3 6,8 6,3 6,1 6,4 7,1 6,9 8,7 8,3 19 – baixo tietê 3,7 4,6 6,9 7,8 7,8 8,1 7,8 8,3 9,3 9,4 20 – aguapeí 6,5 7,2 7,6 7,3 7,2 7,6 7,5 7,9 8,1 7,9 21 – Peixe 5,2 4,7 5,5 5,3 3,9 5,1 7,1 6,1 6,9 7,8 22 – Pontal do Paranapanema 4,7 4,4 4,7 4,5 4,2 4,7 4,1 4,5 3,8 4,2 estado de são Paulo 7,1 7,5 7,8 8,0 8,2 8,5 8,5 8,8 8,9 9,0 Fonte: CETESB (2010e), elaborado por SMA/CPLA (2010) Como pode se observar, a operação dos aterros sanitários apresentou significativa melhora na última década, sendo que somente a UGRHI 22 (Pontal do Paranapanema) está enquadrada na categoria Inadequada (Figura 3.28) e, ainda, apenas sete municípios do Estado têm a as instalações que dispõe seus resíduos sólidos domiciliares consideradas inadequadas (Figura 3.29). 116
  • 136. FiGura 3. 28 distribuição do iQr Por uGrHi eM 2009 Fonte: CETESB (2010e), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 29 distribuição do iQr Por MunicíPio eM 2009 Fonte: CETESB (2010e), elaborado por SMA/CPLA (2010) 117
  • 137. Como forma de complementar o IQR e com o objetivo de avaliar não somente a disposição final dos resíduos sólidos domiciliares, mas também a gestão dos resíduos sólidos urbanos como um todo, a equipe da Coorde- nadoria de Planejamento Ambiental (CPLA) da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA) desenvolveu, em 2007, o Índice de Gestão dos Resíduos Sólidos (IGR). Este índice é calculado por uma fórmula matemática, podendo variar entre zero e 10, e é composto pelo IQR, que representa 35% da nota final, pelo Índice de Quali- dade de Usinas de Compostagem (IQC), que representa 5%, e pelo Índice de Qualidade de Gestão de Resíduos Sólidos (IQG), que representa os outros 60% e agrega indicadores de quatro áreas: instrumentos para a política de resíduos sólidos, programas ou ações municipais, coleta e triagem, tratamento e disposição. Da mesma forma que o IQR, foram estabelecidas três categorias para o classificação da qualidade da gestão de resíduos sólidos urbanos dos municípios, conforme Tabela 3.29. tabela 3. 29 classes do iGr intervalo Gestão Municipal iGr ≤ 6,0 ineficiente 6,0 < iGr ≤ 8,0 Mediana 8,0 < iGr ≤ 10,0 eficiente Fonte: SMA/CPLA (2010) A Tabela 3.30 e a Figura 3.30 apresentam os resultados do IGR médio ponderado pela geração de resíduos das UGRHI do Estado de São Paulo. A tabela mostra o valor para os anos de 2007 e 2009, os únicos em que o índice foi calculado, enquanto a figura apresenta o resultado para o ano de 2009. A Figura 3.31 apresenta o IGR, referente ao ano de 2009, para todos os municípios paulistas. Para 2007, a coleta de dados foi realizada por meio da Pesquisa Municipal Unificada, na qual a Fundação Siste- ma Estadual de Análise de Dados (SEADE) enviou questionários para os 645 municípios paulistas, dos quais 543 responderam. Os dados referentes ao ano de 2009 foram obtidos por meio de formulário eletrônico dispo- nibilizado no site da CPLA, sendo que dos 645 municípios do Estado, 555 responderam. 118
  • 138. tabela 3. 30 iGr Por uGrHi eM 2007 e 2009 iGr uGrHi 2007 2009 01 – Mantiqueira 7,8 5,2 02 – Paraíba do sul 7,1 7,5 03 – litoral norte 6,3 7,2 04 – Pardo 5,9 6,8 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 6,7 7,6 06 – alto tietê 7,2 6,8 07– baixada santista 7,3 7,0 08 – sapucaí/Grande 7,2 7,2 09 – Mogi-Guaçu 5,7 6,1 10 – sorocaba/Médio tietê 7,4 7,4 11 – ribeira de iguape/litoral sul 2,8 5,8 12 – baixo Pardo/Grande 7,6 7,5 13 – tietê/Jacaré 4,1 7,0 14 – alto Paranapanema 3,7 6,4 15 – turvo/Grande 5,9 7,5 16 – tietê/batalha 4,9 6,6 17 – Médio Paranapanema 5,9 7,0 18 – são José dos dourados 5,6 6,5 19 – baixo tietê 3 6,8 20 – aguapeí 5,4 6,6 21 – Peixe 2,5 7,0 22 – Pontal do Paranapanema 4,9 4,6 estado de são Paulo 5,7 7,0 Fonte: SMA/CPLA (2010) 119
  • 139. FiGura 3. 30 distribuição do iGr Por uGrHi eM 2009 Fonte: SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 31 distribuição do iGr Por MunicíPio eM 2009 Fonte: SMA/CPLA (2010) 120
  • 140. Como se pode observar, diferentemente da boa condição da maioria das instalações para destinação final dos resíduos sólidos domiciliares municipais, a gestão dos resíduos sólidos urbanos, em grande parte das UGRHI, se encontra em situação mediana, sendo considerada ineficiente em somente três bacias (01 – Mantiqueira, 11 – Ribeira de Iguape/Litoral Sul e 22 – Pontal do Paranapanema). O resultado obtido para o Estado de São Paulo apresentou melhora, passando de condição ineficiente (5,7) em 2007 para mediana (7,0) em 2009. Todavia, a análise dos resultados do IGR deve considerar a forma de obtenção das informações, a qual depende do comprometimento por parte das administrações municipais em fornecer os dados corretos para que possa ser realizada uma avaliação que condiz com a realidade. Vale ainda ressaltar que os valores do IGR apresentados aqui, podem diferir dos resultados divulgados no “Painel da Qualidade Ambiental 2010”, publicação lançada anualmente todo mês de junho pela CPLA, em função de apenas 310 municípios terem respondido o questio- nário até o mês de lançamento da publicação. 3.3.4 drenagem de águas pluviais urbanas A drenagem e o manejo de águas pluviais urbanas constituem a vertente do saneamento que apresenta menor acúmulo de dados e informações, sendo muitas vezes desconhecida pelas próprias municipalidades a distribuição espacial das respectivas redes de drenagem pluvial. Esta deficiência se explica, em parte, pelo fato do setor ter sido incorporado à concepção do saneamento básico muito recentemente, se comparado às outras vertentes. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE (2010b), no Estado de São Paulo o número de municípios com serviço de manejo de águas pluviais passou de 630 em 2000 para 645 em 2008, ou seja, em todos os municípios paulistas foi constatada a existência deste serviço. A Tabela 3.31 apresenta o percentual de municípios que possuem rede de escoamento de águas pluviais subter- râneas ou sistema exclusivamente superficial em cada UGRHI do Estado. Como pode ser observado, metade das bacias apresentam a totalidade dos municípios com rede subterrânea de drenagem de águas pluviais, valendo destacar a UGRHI 18 (São José dos Dourados), que apresenta o maior percentual de municípios que possuem somente estruturas de drenagem superficial, 20%. 121
  • 141. tabela 3. 31 Percentual de MunicíPios coM rede de drenaGeM urbana Por uGrHi eM 2008 % de municípios com rede de drenagem urbana uGrHi rede subterrânea somente rede superficial 01 – Mantiqueira 100% - 02 – Paraíba do sul 97% 3% 03 – litoral norte 100% - 04 – Pardo 100% - 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 100% - 06 – alto tietê 97% 3% 07– baixada santista 100% - 08 – sapucaí/Grande 100% - 09 – Mogi-Guaçu 97% 3% 10 – sorocaba/Médio tietê 97% 3% 11 – ribeira de iguape/litoral sul 100% - 12 – baixo Pardo/Grande 92% 8% 13 – tietê/Jacaré 100% - 14 – alto Paranapanema 100% - 15 – turvo/Grande 94% 6% 16 – tietê/batalha 94% 6% 17 – Médio Paranapanema 98% 2% 18 – são José dos dourados 80% 20% 19 – baixo tietê 95% 5% 20 – aguapeí 100% - 21 – Peixe 100% - 22 – Pontal do Paranapanema 95% 5% estado de são Paulo 97% 3% Fonte: IBGE (2010b), elaborado por SMA/CPLA (2010) referências COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Dados fornecidos. 2010d. São Paulo: CETESB, 2010. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domicili- ares 2009. 2010e. São Paulo: CETESB, 2010. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de Qualidade das Águas Superficiais no Estado de São Paulo 2009. 2010b. São Paulo: CETESB, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. 2010b. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. MINISTÉRIO DAS CIDADES – MCIDADES. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2008. 2010b. Disponível em <http://www.snis.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. NOVAES, A.V.; SOARES, M. S.; LOPES NETO, J. C. Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da População Urbana de Município (ICTEM). Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB. São Paulo, 2007. 122
  • 142. 3.4 solo Este sub-capítulo aborda os problemas ambientais decorrentes da interação entre o meio físico e os processos de apropriação do território e de seus recursos. Esse campo de interação, sob influência do homem como ser social, ocorre em uma estreita faixa que compreende a parte superior da litosfera e a baixa atmosfera, denominada de estrato geográfico (ROSS, 1992). Os indicadores de qualidade ambiental selecionados, referentes ao tema Solos, relacionam-se a três sub-temas: áreas contaminadas, desastres naturais e atividade de mineração, cujas fontes de dados utilizadas neste trabalho são, respectivamente, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM). A ocorrência de contaminação do solo e da água subterrânea relaciona-se ao desconhecimento ou desrespeito aos “procedimentos seguros para o manejo de substâncias perigosas e à ocorrência de acidentes ou vazamentos durante o desenvolvimento dos processos produtivos, de transporte ou de armazenamento de matérias primas e produtos” (CETESB, 2010f ). Os principais processos causadores de acidentes e desastres naturais no Estado de São Paulo são escorrega- mentos de encostas, inundações, erosão acelerada e tempestades (ventos fortes, raios e granizo). O crescente impacto desses tipos de fenômenos naturais relaciona-se, em muitos casos, a um conjunto de fatores rela- cionados ao modelo de desenvolvimento sócio-econômico, tais como gestão inadequada dos recursos natu- rais, crescimento urbano desordenado, normas construtivas obsoletas, estrutura institucional para a gestão de risco deficiente e população pouco preparada para avaliar suas vulnerabilidades e lidar com emergências (BROLLO e FERREIRA 2009). A mineração é uma atividade industrial importante e necessária, embora inerentemente modificadora do meio ambiente ao explorar seus recursos naturais. No contexto do desenvolvimento urbano e industrial, o processo de concentração demográfica expandiu a intensidade de consumo de substâncias minerais, amplamente em- pregadas na produção de equipamentos e obras de infra-estrutura, que servem de base para o estilo de vida da sociedade moderna. Segundo Drew et al. (2002), os agregados naturais (areia, cascalho, rocha para brita), constituem 85% em volume da composição do material utilizado para a construção e manutenção da infra- estrutura urbana e peri-urbana. 3.4.1 áreas contaminadas Uma área contaminada pode ser definida como uma área local ou terreno, onde há comprovadamente poluição ou contaminação, causada por quaisquer substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumula- dos, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural. Nessa área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em subsuperfície nos diferentes compartimentos do ambiente, por exemplo no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para aterrar os terrenos, nas águas subterrâneas ou, de uma forma geral, nas zonas não saturada e saturada, além de poderem concentrar-se nas paredes, nos pisos e nas estruturas de construções. Os poluentes ou contaminantes podem ser transportados a partir desses meios, propagando-se por diferentes vias, como, por exemplo, o ar, o solo ou as águas subterrâneas e superficiais, alterando suas características naturais ou qualidades e determinando impactos negativos e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou em seus arredores (CETESB, 2001). A origem das áreas contaminadas está relacionada ao desconhecimento, em épocas passadas, de procedimentos seguros para o manejo de substâncias perigosas, ao desrespeito a esses procedimentos seguros e à ocorrência de acidentes ou vazamentos durante o desenvolvimento dos processos produtivos, de transporte ou de arma- zenamento de matérias primas e produtos. A existência de uma área contaminada pode gerar problemas, como 123
  • 143. danos à saúde, comprometimento da qualidade dos recursos hídricos, restrições ao uso do solo e danos ao patrimônio público e privado, com a desvalorização das propriedades, além de outros danos ao meio ambiente. (CETESB, 2010f ). Desde 2002, a CETESB passou a divulgar a relação de áreas contaminadas no Estado de São Paulo. A partir de então, o número de áreas cresceu continuamente, de 255 áreas identificadas em maio de 2002, passaram a 2.904 em novembro de 2009 (Figura 3.32). Essa tendência manter-se-á ou aumentará ainda mais nos próximos anos, em decorrência da identificação de antigos passivos ambientais. FiGura 3. 32 núMero de áreas contaMinadas cadastradas no estado de são Paulo de 2002 a 2009 3.500 3.000 2.904 2.500 2.514 2.272 2.000 1.822 1.500 1.596 1.336 1.000 727 500 255 0 mai/02 out/03 nov/04 nov/05 nov/06 nov/07 nov/08 nov/09 Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010) Observa-se que até novembro de 2009 existiam cadastradas 2.904 áreas, enquanto em 2008 esse valor foi de 2.514 áreas, um incremento de 390 novas áreas. A maior parte das áreas cadastradas foram registradas nas re- giões dos pólos de desenvolvimento econômico do Estado, como na UGRHI 06 (Alto Tietê), com 1.335 áreas até novembro de 2009, seguida da UGRHI 05 (Piracicaba/Capivari/Jundiaí), com 435 áreas, da UGRHI 07 (Baixada Santista), com 186 áreas e pela UGRHI 02 (Paraíba do Sul), com 159 áreas. Nos anos anteriores, essa distribuição seguiu a mesma tendência (Tabela 3.32), com exceção da UGRHI 07, que em 2009 apresentou o terceiro maior número de áreas contaminadas, com a descoberta de 85 novas áreas em relação a 2008. 124
  • 144. tabela 3. 32 núMero de áreas contaMinadas cadastradas no estado de são Paulo Por uGrHi de 2005 a 2009 número de áreas contaminadas uGrHi nov/05 nov/06 nov/07 nov/08 nov/09 01 – Mantiqueira 5 5 8 8 8 02 – Paraíba do sul 103 107 145 147 159 03 – litoral norte 27 28 42 51 52 04 – Pardo 17 17 19 19 45 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 225 239 352 380 435 06 – alto tietê 820 961 1.175 1.260 1.335 07– baixada santista 84 96 99 101 186 08 – sapucaí/Grande 18 18 20 25 27 09 – Mogi-Guaçu 20 21 32 37 58 10 – sorocaba/Médio tietê 63 75 92 92 114 11 – ribeira de iguape/litoral sul 15 15 16 27 33 12 – baixo Pardo/Grande 13 17 25 35 45 13 – tietê/Jacaré 48 59 59 70 71 14 – alto Paranapanema 10 10 14 33 70 15 – turvo/Grande 46 57 69 95 123 16 – tietê/batalha 12 20 21 32 37 17 – Médio Paranapanema 17 18 19 24 22 18 – são José dos dourados 5 7 9 15 18 19 – baixo tietê 22 22 22 23 21 20 – aguapeí 7 7 7 9 12 21 – Peixe 9 10 11 15 18 22 – Pontal do Paranapanema 10 13 16 16 15 estado de são Paulo 1.596 1.822 2.272 2.514 2.904 Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010) Podemos verificar um aumento significativo de áreas cadastradas de 2008 para 2009 nas UGRHI 06 – Alto Tietê (75 áreas), 05 – Piracicaba/Capivari/Jundiaí (55 áreas), 14 – Alto Paranapanema (37 áreas), 15 – Turvo/ Grande (28 áreas); 04 – Pardo (26 áreas), 10 – Sorocaba/Médio Tietê (22 áreas) e 09 – Mogi-Guaçu (21 áre- as). Destaca-se que as UGRHI que tiveram o maior incremento no número de áreas contaminadas em relação a 2008 foram as UGRHI 04 e 14: ambas com um aumento superior a 50%, o que contribui para que o Estado apresentasse um crescimento de aproximadamente 16% no número de áreas contaminadas em 2009. Em 2008 podemos observar um crescimento de 11% em relação a 2007. Observa-se ainda que a UGRHI 14 (Alto Paranapanema) foi a que mais registrou aumento no número de áreas contaminadas desde 2005. Enquanto em 2005 esse valor era de 10 áreas em 2009 passou para 70 áreas. Em dire- ção contrária, a UGRHI 18 (São José dos Dourados), no mesmo período, conseguiu reduzir em 4,5% o número de suas áreas contaminadas. Apesar desta informação, não se pode esquecer que a UGRHI 01 (Mantiqueira) se mantém, nesse mesmo intervalo, como o menor número de áreas contaminadas cadastradas, muito em função de sua vocação para conservação. 125
  • 145. Do total de áreas contaminadas registradas até novembro de 2009, 2.279 (78%) estão relacionadas a postos de combustíveis, seguido da atividade industrial com 382 áreas (13%), das atividades comerciais com 123 áreas (4%), das instalações para destinação de resíduos com 96 áreas (3%) e dos casos de acidentes e fonte de contami- nação de origem desconhecida com 24 áreas (1%). Em todas as UGRHI predominam áreas contaminadas por atividades relacionadas a postos de combustíveis, como mostra a Tabela 3.33. È importante destacar que a predominância de áreas contaminadas relacionadas a postos de combustíveis deve- se, em grande parte, à Resolução CONAMA nº 273/00, que estabeleceu a obrigatoriedade de licenciamento para esta atividade, o que permitiu, a partir da avaliação do passivo ambiental, identificar as áreas com problemas de vazamento de combustíveis e desencadeou uma série de procedimentos para sua adequação. tabela 3. 33 núMero de áreas contaMinadas cadastradas no estado de são Paulo Por uGrHi e Por tiPo de atividade eM 2009 atividade uGrHi Postos de acidentes / comercial industrial resíduos total combustíveis desconhecida 01 – Mantiqueira 0 0 0 7 1 8 02 – Paraíba do sul 2 29 2 125 1 159 03 – litoral norte 0 0 4 46 2 52 04 – Pardo 1 1 0 43 0 45 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 25 78 20 309 3 435 06 – alto tietê 55 189 41 1.043 7 1.335 07– baixada santista 13 30 16 127 0 186 08 – sapucaí/Grande 0 2 1 24 0 27 09 – Mogi-Guaçu 4 3 1 49 1 58 10 – sorocaba/Médio tietê 2 23 4 80 5 114 11 – ribeira de iguape/litoral sul 0 5 0 28 0 33 12 – baixo Pardo/Grande 0 0 1 44 0 45 13 – tietê/Jacaré 4 7 5 53 2 71 14 – alto Paranapanema 0 1 0 69 0 70 15 – turvo/Grande 8 4 0 110 1 123 16 – tietê/batalha 1 3 0 33 0 37 17 – Médio Paranapanema 5 1 0 15 1 22 18 – são José dos dourados 0 0 0 18 0 18 19 – baixo tietê 1 1 0 19 0 21 20 – aguapeí 0 0 0 12 0 12 21 – Peixe 2 2 0 14 0 18 22 – Pontal do Paranapanema 0 3 1 11 0 15 estado de são Paulo 123 382 96 2.279 24 2.904 Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010) A Figura 3.33 mostra a distribuição das áreas contaminadas por atividade econômica em novembro de 2009. 126
  • 146. FiGura 3. 33 distribuição das áreas contaMinadas Por atividade eM 2009 3,3% 0,8% 4,2% Postos de Combus veis 13,2% Industrial Comercial Resíduos Acidentes/Fonte Desconhecida 78,5% Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010) Segundo CETESB (2010f ), os principais grupos de contaminantes encontrados nas áreas contaminadas foram: solventes aromáticos, combustíveis líquidos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH), metais e solventes halogenados. Com objetivo de facilitar o gerenciamento das áreas contaminadas, em função do nível das informações ou dos riscos existentes em cada uma, a CETESB classifica as mesmas em quatro classes, que são: 1) área contaminada sob investigação (AI): área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria onde há comprovadamente contaminação, constatada em investigação confirmatória, na qual estão sendo reali- zados procedimentos para determinar a extensão da contaminação e identificar a existência de possíveis receptores, bem como para verificar se há risco à saúde humana. Caso seja constatada a presença de pro- dutos contaminantes (por exemplo, combustível em fase livre), ou quando houver constatação da presen- ça de substâncias, condições ou situações que, de acordo com parâmetros específicos, possam representar perigo, a área também será classificada como AI. 2) área contaminada (AC): área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria, anteriormente classifi- cada como área contaminada sob investigação (AI), na qual, após a realização de avaliação de risco, foram observadas quantidades ou concentrações de matéria em condições que causem ou possam causar danos à saúde humana. A critério da CETESB, uma área poderá ser considerada contaminada (AC), sem a obrigatoriedade de realização de avaliação de risco à saúde humana, quando existir um bem de relevante interesse ambiental a ser protegido. 3) área em processo de monitoramento para reabilitação (AMR): área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria, anteriormente classificada como área contaminada (AC) ou contaminada sob investiga- ção (AI), na qual foram implantadas medidas de intervenção e atingidas as metas de remediação defini- das para a área, ou na qual os resultados da avaliação de risco indicaram que não existe a necessidade da implantação de nenhum tipo de intervenção para que a área seja considerada apta para o uso declarado, estando em curso o monitoramento para encerramento. 4) área reabilitada para o uso declarado (AR): área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria, an- teriormente classificada como área em processo de monitoramento para reabilitação (AMR) que, após a realização do monitoramento para encerramento, for considerada apta para o uso declarado. 127
  • 147. A Figura 3.34 apresenta a evolução da qualidade do solo relacionada a reabilitação das áreas contaminadas em 2008 e 2009. Observa-se um grande aumento na quantidade de áreas comprovadamente contaminadas. FiGura 3. 34 núMero de áreas contaMinadas cadastradas no estado de são Paulo Por status de reabilitação eM 2008 e 2009 2008 2009 3.500 3.000 2.904 2.514 2.500 2.000 1.398 1.396 1.500 1.000 934 819 579 500 95 87 110 0 AI AC AMR AR Total Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: AI: área contaminada sob investigação; AC: área contaminada; AMR: área em processo de monitoramento para reabilitação; AR: área reabilitada para uso declarado. De acordo com a CETESB (2010f ), em novembro de 2009, existiam 110 áreas reabilitadas e 819 em processo de monitoramento para reabilitação, perfazendo 4% e 28%, respectivamente, do total de 2.904 áreas registradas, conforme pode ser observado na Figura 3.35. FiGura 3. 35 distribuição das áreas contaMinadas Por status de reabilitação eM 2009 3,8% 19,9% Contaminada sob inves gação 28,2% Contaminada Em processo de monitoramento para reabilitação Reabilitada 48,1% Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010) 128
  • 148. A Tabela 3.34 apresenta o índice de reabilitação e a distribuição das áreas contaminadas por UGRHI. O índice de reabilitação de áreas contaminadas é a soma das áreas em processo de monitoramento para reabilitação (AMR) e das reabilitadas (AR), sobre o total de áreas contaminadas cadastradas. Podemos observar um índice de reabilitação de áreas contaminadas de 32% para o Estado de São Paulo em 2009. Se compararmos com o valor obtido em 2008 (7,2%), verifica-se uma significativa melhora do indicador. tabela 3. 34 índice de reabilitação e classiFicação das áreas contaMinadas Por uGrHi eM 2009 classificação índice de uGrHi ai ac aMr ar total reabilitação (%) 01 – Mantiqueira 1 3 4 0 8 50,0 02 – Paraíba do sul 37 73 44 5 159 30,8 03 – litoral norte 6 35 10 1 52 21,2 04 – Pardo 16 13 10 6 45 35,6 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 144 162 120 9 435 29,7 06 – alto tietê 194 676 403 62 1.335 34,8 07– baixada santista 21 121 39 5 186 23,7 08 – sapucaí/Grande 10 4 13 0 27 48,1 09 – Mogi-Guaçu 8 32 18 0 58 31,0 10 – sorocaba/Médio tietê 34 42 28 10 114 33,3 11 – ribeira de iguape/litoral sul 12 10 10 1 33 33,3 12 – baixo Pardo/Grande 8 19 18 0 45 40,0 13 – tietê/Jacaré 8 42 19 2 71 29,6 14 – alto Paranapanema 31 28 10 1 70 15,7 15 – turvo/Grande 11 72 36 4 123 32,5 16 – tietê/batalha 5 23 9 0 37 24,3 17 – Médio Paranapanema 3 8 9 2 22 50,0 18 – são José dos dourados 4 6 8 0 18 44,4 19 – baixo tietê 8 7 6 0 21 28,6 20 – aguapeí 5 5 2 0 12 16,7 21 – Peixe 9 6 2 1 18 16,7 22 – Pontal do Paranapanema 4 9 1 1 15 13,3 estado de são Paulo 579 1.396 819 110 2.904 32,0 Fonte: CETESB (2010f), elaborado por SMA/CPLA (2010) Notas: AI: área contaminada sob investigação; AC: área contaminada; AMR: área em processo de monitoramento para reabilitação; AR: área reabilitada para o uso declarado; Índice de Reabilitação = (AMR + AR) /total de áreas) *100 Destaca-se ainda que a CETESB vêm disponibilizando importantes publicações sobre esse tema, como o “Ma- nual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas”, o “ Procedimento para Identificação de Passivos Ambientais em Postos de Combustíveis”, entre outros. Em 2009, o Governo do Estado de São Paulo sancionou a Lei 13.577, que dispõe sobre as diretrizes e procedi- mentos para o gerenciamento de áreas contaminadas no Estado. Essa lei estabelece a obrigatoriedade de atualização continua do cadastro de áreas contaminadas e reabilitadas, determina as condições para a aplicação dos procedi- mentos para o gerenciamento de áreas contaminadas, enfatizando as ações relativas ao processo de identificação e remediação, a seleção das áreas mais importantes, a criação de instrumentos econômicos para financiar a investiga- ção e remediação, além de apoiar as futuras iniciativas para a revitalização de regiões industriais abandonadas. 129
  • 149. Destaca-se também a Resolução CONAMA nº 420/09 que estabelece valores orientadores de qualidade de so- los quanto à presença de substâncias químicas e critérios para o gerenciamento de áreas contaminadas (primeira regulamentação federal específica sobre gerenciamento de áreas contaminadas). 3.4.2 desastres naturais Não há um registro sistemático das ocorrências de desastres no Estado de São Paulo que retratem a extensão dos problemas e suas consequências, o que auxiliaria na eficaz gestão deste tipo de situação. No entanto, o indi- cador do número de acidentes ocorridos, estabelecido por Brollo & Ferreira (2009) permite uma visão ampla dos desastres no Estado de São Paulo. Este indicador foi definido por meio do tratamento de dados do cadastro de vistorias e atendimentos produzido pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC). Assim, para o perí- odo de 2000 a 2010, tem-se registros de vistorias e atendimentos emergenciais relacionados a acidentes diversos, incluindo escorregamentos, erosão, inundação e processos similares (como enchentes, transbordamentos de rios, alagamentos), dentre outros diversos (raios, chuvas fortes, vendavais, desabamentos de casas, etc.). A Tabela 3.35 sintetiza os dados referentes ao ano de 2010, com destaque para o número de atendimentos realiza- dos, tipo de acidentes e tipo de dano causado, em termos de óbitos e pessoas afetadas (desabrigados e desalojados). tabela 3. 35 distribuição dos acidentes relacionados a desastres naturais Por tiPo e conseQuência e Por uGrHi eM 2010 tiPo de acidente tiPo de dano uGrHi a F b c d e G H i J 01 – Mantiqueira 2 2 0 0 0 2 0 0 50 50 02 – Paraíba do sul 25 11 16 0 7 34 12 667 2.221 2.888 03 – litoral norte 7 4 3 1 4 12 1 38 513 551 04 – Pardo 2 0 1 0 1 2 0 4 263 267 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 22 9 14 0 7 30 2 891 1.205 2.096 06 – alto tietê 88 32 60 0 43 135 23 1.188 1.988 3.176 07– baixada santista 14 6 10 0 6 22 0 588 1.442 2.030 08 – sapucaí/Grande 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 09 – Mogi-Guaçu 4 1 3 0 2 6 0 0 0 0 10 – sorocaba/Médio tietê 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 – ribeira de iguape/litoral sul 24 9 16 0 6 31 0 1.197 424 1.621 12 – baixo Pardo/Grande 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 – tietê/Jacaré 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 14 – alto Paranapanema 3 0 3 0 1 4 0 256 321 577 15 – turvo/Grande 2 0 1 1 0 2 4 0 0 0 16 – tietê/batalha 2 0 2 0 1 3 0 0 120 120 17 – Médio Paranapanema 1 0 0 0 1 1 0 72 0 72 18 – são José dos dourados 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 19 – baixo tietê 1 0 1 0 0 1 0 0 4 4 20 – aguapeí 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 21 – Peixe 4 0 0 0 0 0 0 95 7 102 22 – Pontal do Paranapanema 2 0 2 0 0 2 0 0 0 0 estado de são Paulo 204 74 133 2 79 288 42 4.996 8.558 13.554 Fonte: CEDEC (2010) Notas: A: número de atendimentos; B: escorregamento, erosão; C: enchente, inundação, transbordamento, alagamento; D: raios; E: outros (chuvas fortes, vendavais, desabamentos de casas e muros, quedas de árvores e muros, situação de emergência, mortes, remoções, etc); F: nº total de acidentes; G: óbitos; H: desabrigados; I: desalojados; J: pessoas afetadas (desabrigados + desalojados). 130
  • 150. A leitura dos dados deve levar em conta as seguintes definições e ressalvas: • O número de atendimentos realizados em geral é diferente do número total de acidentes, uma vez que numa mesma situação podem ocorrer diversos tipos de acidentes; • Desabrigados são as pessoas que perderam permanentemente suas moradias; • Desalojados são as pessoas que tiveram que deixar suas moradias provisoriamente, até a situação proble- mática se normalizar; • O cadastramento do tipo de acidente, por parte da CEDEC nem sempre segue terminologia padroniza- da. Por exemplo: o termo “escorregamento” aqui empregado é resultante de vários termos utilizados no cadastro, tais como queda de barreira, desabamento de barranco, deslizamento, solapamento, erosão; já “enchente, inundação, transbordamento, alagamento”, embora sejam termos diferentes e tenham gravi- dade diferente, são utilizados de forma geral, por vezes não retratando a realidade do problema; “outros” inclui diversos tipos de acidentes, cadastrados como chuvas fortes, vendavais, desabamentos de casas e muros, ou mesmo casos em que é cadastrada apenas a consequência do acidente, como quedas de árvores e muros, situação de emergência, mortes, remoções, etc; • O registro dos acidentes perfaz apenas quatro meses do ano, os meses de verão (dezembro a março), reconhecidamente com maiores índices pluviométricos no ano e quando é implantada a “Operação Ve- rão” pela CEDEC (SANTORO, 2009). Embora o cadastro de acidentes não registre as ocorrências nos outros oito meses, não significa que eles não aconteçam. Apesar das ressalvas colocadas tem-se um cenário para o Estado e suas UGRHI. Em 2010, ocorreram 204 atendimentos, com o registro de 288 acidentes, dos quais 133 se relacionam a “inundações e similares”, seguidos por 79 registros de “outros”, 74 casos de “escorregamentos” e 2 acidentes por raios. Destacam-se quatro grupos de regiões quanto ao número de acidentes: a) UGRHI 06 (Alto Tietê), com 135 registros; b) UGRHI 02 (Paraíba do Sul), UGRHI 11 (Ribeira de Iguape/Litoral Sul) e UGRHI 05 (PCJ), respectivamente com 34, 31 e 30 re- gistros; c) UGRHI 07 (Baixada Santista) e UGRHI 03 (Litoral Norte), respectivamente com 22 e 12 registros; e d) demais UGHRI, com registros entre 0 e 6. Também é importante conhecer o tipo de dano às pessoas causado pelos acidentes. Em 2010, houve 42 mortes, a maior concentração delas na UGRHI 06 – Alto Tietê e na UGRHI 02 – Paraíba do Sul, respectivamente, com 23 e 12 óbitos; 13.554 pessoas foram afetadas (desabrigadas ou desalojadas), grande parte das quais estão dis- tribuídas por cinco UGRHI: Alto Tietê (3.176 pessoas), Paraíba do Sul (2.888 pessoas), PCJ (2.096 pessoas), Baixada Santista (2.030 pessoas) e Ribeira de Iguape/Litoral Sul (1.921 pessoas). A Tabela 3.36 e as Figuras 3.36 a 3.39 mostram a evolução destes números para o período 2000 a 2010 no Estado. 131
  • 151. 132 tabela 3. 36 distribuição dos acidentes e conseQuências relacionados a desastres naturais Por uGrHi de 2000 a 2010 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 uGrHi óbitos óbitos óbitos óbitos óbitos óbitos óbitos óbitos óbitos óbitos óbitos total acidentes total acidentes total acidentes total acidentes total acidentes total acidentes total acidentes total acidentes total acidentes total acidentes total acidentes pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas pessoas afetadas 01 – Mantiqueira 3 0 0 0 0 0 3 0 30 5 0 0 8 0 30 4 0 1 5 3 16 1 0 37 1 0 5 12 1 454 2 0 50 02 – Paraíba do Sul 8 0 0 15 5 21 26 2 89 14 0 10 24 0 40 36 4 181 51 0 1.259 9 1 59 27 3 2.293 100 3 10.003 34 12 2.888 03 – Litoral Norte 2 0 0 1 1 0 2 0 61 5 1 40 7 0 0 11 0 553 7 0 72 2 0 0 1 1 0 9 2 213 12 1 551 04 – Pardo 1 0 0 0 0 0 9 1 19 7 2 0 13 0 91 12 0 15 4 0 60 12 1 1.042 15 0 951 12 1 10 2 0 267 05 – PCJ 1 0 0 10 9 40 12 0 119 42 10 782 11 0 140 32 4 5.227 47 5 1.636 11 3 472 24 3 175 53 7 9.982 30 2 2.096 06 – Alto Tietê 15 1 0 52 12 73 95 9 408 82 11 671 80 2 508 72 21 2.222 92 8 2.006 31 4 555 48 9 730 89 22 8.300 135 23 3.176 07 – Baixada Santista 11 0 0 1 1 0 4 0 82 9 1 10 19 0 432 18 1 128 16 4 38 5 4 287 6 3 1.391 15 2 6.527 22 0 2.030 08 – Sapucaí/Grande 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 3 1 20 3 0 0 2 0 0 7 1 186 3 2 0 7 1 17 0 0 0 09 – Mogi-Guaçu 1 0 0 1 0 0 5 0 39 6 0 520 12 12 35 4 0 15 5 1 16 9 2 27 2 1 6 6 0 69 6 0 0 10 – Sorocaba/Médio 0 0 0 1 0 62 7 0 10 11 1 20 12 0 234 7 0 4 13 2 152 6 0 312 5 1 0 14 1 42 0 0 0 Tietê 11 – Ribeira de Iguape/ 0 0 0 11 1 77 15 0 420 48 3 1.463 30 2 1.984 28 0 3.612 6 0 209 4 1 159 11 2 10.403 19 2 4.773 31 0 1.621 Litoral Sul 12 – Baixo Pardo/Grande 0 0 0 0 0 0 3 3 0 3 0 0 3 0 0 1 0 0 4 2 521 3 0 175 1 0 0 0 0 0 0 0 0 13 – Tietê/Jacaré 0 0 0 2 3 0 6 1 52 9 0 65 13 1 0 12 0 96 9 1 26 11 2 20 3 1 0 6 0 213 1 0 0 14 – Alto Paranapanema 0 0 0 2 0 17 2 0 0 5 0 8 28 5 1.210 3 0 96 2 0 112 3 0 3 0 0 0 4 3 15 4 0 577 15 – Turvo/Grande 0 0 0 0 0 0 6 0 49 12 0 0 12 0 13 5 1 4 5 0 71 6 1 150 26 0 0 7 3 2 2 4 0 16 – Tietê/Batalha 0 0 0 0 0 0 4 0 0 4 0 0 5 0 0 7 0 15 3 0 0 9 0 181 4 0 40 7 1 52 3 0 120 17 – Médio 0 0 0 2 0 0 1 0 66 7 0 0 2 0 0 4 0 631 7 0 68 3 0 652 1 0 20 4 0 90 1 0 72 Paranapanema 18 – São José dos 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 4 0 112 6 2 67 1 0 15 3 1 0 1 0 0 0 0 0 Dourados 19 – Baixo Tietê 0 0 0 0 0 0 1 0 0 14 0 51 5 1 0 9 10 29 2 0 30 6 0 113 2 4 0 1 0 200 1 0 4 20 – Aguapeí 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 3 1 0 47 0 0 0 3 0 501 0 0 0 21 – Peixe 0 0 0 1 0 0 0 0 0 10 0 10 3 0 0 5 0 15 5 0 14 2 0 9 4 0 5 13 0 135 0 0 102 22 – Pontal do 0 0 0 0 0 0 1 0 0 11 0 75 2 0 0 6 0 208 2 0 11 5 1 80 0 0 0 7 0 60 2 0 0 Paranapanema estado de 42 1 0 99 32 290 204 17 1.444 311 30 3.725 294 24 4.737 283 41 13.164 294 28 6.387 147 21 4.581 187 31 16.019 389 49 41.658 288 42 13.554 são Paulo Fonte: CEDEC (2010)
  • 152. FiGura 3. 36 atendiMentos de Planos Preventivos de deFesa civil relacionados a escorreGaMentos de 2000 a 2010 Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 37 atendiMentos de Planos Preventivos de deFesa civil relacionados a inundações de 2000 a 2010 Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 133
  • 153. FiGura 3. 38 atendiMentos de Planos Preventivos de deFesa civil e núMeros de Pessoas aFetadas de 2000 a 2010 Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 39 atendiMentos de Planos Preventivos de deFesa civil e núMeros de óbitos de 2000 a 2010 Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 134
  • 154. Nesta série histórica de 11 anos verifica-se que houve um aumento substancial no número de acidentes após os dois primeiros anos, mantendo em geral um valor entre 204 e 389 acidentes nos anos posteriores. Apenas nos anos de 2007 e 2008 este número baixou para 147 e 187 respectivamente. Destaca-se o ano de 2009 tanto no número de acidentes (389) quanto no número de óbitos (49) e pessoas afetadas (41.658), cujos valores superam em muito a média do período dos 11 anos. Observa-se que, em termos de número de acidentes, há uma predominância dos mesmos em algumas regiões: UGRHI 06 (Alto Tietê), UGRHI 02 (Paraíba do Sul), UGRHI 11 (Ribeira de Iguape/Litoral Sul) e UGRHI 05 (PCJ). Deve ser destacado que a extensão do dano no caso de acidentes relacionados a inundações é maior que nos outros tipos, levando a um maior número de pessoas afetadas em relação a outros tipos de acidentes. O total para o Estado de São Paulo no período de 2000-2010 atinge 5.016 acidentes, dos quais 1.046 são de escorregamentos, 2.614 são de inundações, 162 são de raios e 1.316 são de outros tipos. Os danos vinculados a estes acidentes no período relacionam-se a 632 óbitos e 211.118 pessoas afetadas. Outro indicador relacionado a Desastres Naturais refere-se à porcentagem de municípios com instrumentos de gestão de risco, os quais incluem: Planos Preventivos de Defesa Civil e Planos de Contingência; Mapeamentos de Áreas de Risco a Escorregamentos, Inundações e Erosão; Planos Municipais de Redução de Risco. No Esta- do de São Paulo, as atividades de identificação, avaliação e gerenciamento de áreas de riscos geológicos tiveram início de forma mais sistemática no verão de 1988/1989, com o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC), específico para escorregamentos nas encostas da Serra do Mar no Estado de São Paulo (SANTORO, 2009). O PPDC é um instrumento capaz de subsidiar as ações preventivas dos poderes públicos municipal e estadu- al, quanto à mitigação de problemas causados pela ocupação em áreas de risco. Este Plano entra em operação anualmente, no período de verão e envolve ações de monitoramento dos índices pluviométricos (chuvas) e da previsão meteorológica, além de vistorias de campo e atendimentos emergenciais. O objetivo principal é evitar a ocorrência de mortes, com a remoção preventiva e temporária da população que ocupa as áreas de risco, antes que os escorregamentos atinjam suas moradias. A partir de 2004, iniciou-se a elaboração de Mapeamentos de Áreas de Risco a Escorregamentos e Inundações (BROLLO et al, 2009), como forma de se conhecer melhor as situ- ações problemáticas e sua localização, possibilitando a implantação de medidas estruturais (como obras) e não estruturais (como educação e monitoramento). Posteriormente passaram a ser elaborados Planos Municipais de Redução de Risco (PMRR), por meio dos quais é possível hierarquizar as necessidades físicas e financeiras para a implantação das medidas estruturais e não estruturais nas áreas de risco. Em 2010, dos municípios do Estado, 23% (101 municípios) apresentam pelo menos algum dos instrumentos de gestão listados (Tabela 3.37). Os Planos Preventivos de Defesa Civil ou Planos de Contingência para escor- regamentos e inundações são desenvolvidos em 114 municípios do Estado (Figura 3.40), distribuídos por 10 UGRHI, onde há uma situação geológico-geotécnica e de uso e ocupação do solo favoráveis à ocorrência de acidentes de escorregamentos e de inundações. Os Mapeamentos de Áreas de Risco a Escorregamentos e Inun- dações foram elaborados em 86 municípios (Figura 3.41), distribuídos por 15 UGRHI. Já os Planos Municipais de Redução de Risco foram elaborados em 11 municípios, distribuídos por seis UGRHI. Verifica-se que há regiões em boa situação quanto a instrumentos de gestão de riscos, como a UGRHI 03 (Litoral Norte), com 100% dos municípios atendidos. Em situação mediana encontram-se quatro regiões, a UGRHI 07 (Baixada Santista), a UGRHI 01 (Mantiqueira), a UGRHI 06 (Alto Tietê) e a UGRHI 02 (Pa- raíba do Sul), respectivamente com 78%, 67%, 65% e 47% dos municípios atendidos. As UGRHI 05 (PCJ), 10 (Sorocaba/Médio Tietê), 09 (Mogi-Guaçu) e 11 (Ribeira de Iguape/Litoral Sul) mostram respectivamen- te 33%, 27%, 24% e 17% dos municípios atendidos, enquanto para as demais regiões o número de municípios atendidos varia entre 0% e 8%. Destaca-se que em relação ao levantamento anterior não houve evolução significativa dos instrumentos de gestão de riscos. 135
  • 155. tabela 3. 37 núMero de MunicíPios coM alGuM instruMentos de Gestão de riscos Por uGrHi eM 2010 uGrHi PPdc MaP PMrr tiG % tiG 01 – Mantiqueira 2 2 1 2 67 02 – Paraíba do sul 14 16 1 16 47 03 – litoral norte 4 4 1 4 100 04 – Pardo 0 1 0 1 4 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 19 11 1 19 33 06 – alto tietê 8 18 5 22 65 07– baixada santista 4 7 2 7 78 08 – sapucaí/Grande 0 0 0 0 0 09 – Mogi-Guaçu 5 7 0 9 24 10 – sorocaba/Médio tietê 9 9 0 9 27 11 – ribeira de iguape/litoral sul 1 4 0 4 17 12 – baixo Pardo/Grande 0 1 0 1 8 13 – tietê/Jacaré 0 1 0 1 3 14 – alto Paranapanema 2 1 0 2 6 15 – turvo/Grande 0 3 0 3 5 16 – tietê/batalha 0 1 0 1 3 17 – Médio Paranapanema 0 0 0 0 0 18 – são José dos dourados 0 0 0 0 0 19 – baixo tietê 0 0 0 0 0 20 – aguapeí 0 0 0 0 0 21 – Peixe 0 0 0 0 0 22 – Pontal do Paranapanema 0 0 0 0 0 estado de são Paulo 68 86 11 101 23 Fonte: CEDEC (2010) Nota: PPDC: número de municípios com Planos Preventivos de Defesa Civil a Escorregamentos; MAP: número de municípios com Mapeamento de Áreas de Risco; PMRR: número de municípios com Planos Municipais de Redução de Risco; TIG: total de municípios com algum instrumento de gestão (Planos Preventivos de Defesa Civil a Escorregamentos e/ou Mapeamento de Áreas de Risco e/ou Planos Municipais de Redução de Risco); % TIG: porcentagem de municípios na UGRHI com algum instrumento de gestão. 136
  • 156. FiGura 3. 40 área de abranGência dos Planos Preventivos de deFesa civil ou Planos de continGência Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 41 MunicíPios coM MaPeaMento de áreas de risco no estado de são Paulo até 2010 Fonte: Instituto Geológico (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 137
  • 157. 3.4.3 Mineração O Estado de São Paulo se destaca como um dos maiores produtores de recursos minerais não-metálicos, com uma produção voltada predominantemente para o consumo interno. Em sua produção se destacam a extração de areias, argilas, pedras britadas, rochas carbonáticas, caulim, rochas fosfáticas e água mineral. A mineração paulis- ta é constituída eminentemente por empresas pequenas e médias, que estão presentes em muitos dos municípios paulistas, dirigidas principalmente à produção de agregados (areia e brita) e de argilas. Os recursos minerais são bens pertencentes à União e representam propriedade distinta do domínio do solo onde estão contidos, sendo classificados como recursos naturais não renováveis. O arcabouço legal que rege as atividades de mineração, concede à União, os poderes de outorga de direitos e sua fiscalização; aos Estados, os poderes de licenciamento ambiental das atividades e sua fiscalização; e aos municípios, dispor sobre os instru- mentos de planejamento e gestão com relação ao uso e ocupação do solo, onde se inserem o aproveitamento racional de seus recursos minerais. Os regimes de exploração e aproveitamento dos recursos minerais no País estão definidos e normatizados no Código de Mineração de 1967 (Decreto-Lei nº 227/67), seu regulamento e legislação correlativa, continuam em vigor com as alterações e as inovações introduzidas por leis supervenientes à promulgação da atual Constituição e suas emendas. O processo de outorga do licenciamento ambiental da atividade de mineração é de competência da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que prevê em casos especiais, assentimento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A Tabela 3.38 e Figura 3.42 apresentam os dados, obtidos junto ao Departamento Nacional de Produção Mine- ral (DNPM), sobre a evolução dos títulos minerários no Estado de São Paulo e no Brasil entre 2002 e 2010, e indicam a posição destacada do Estado no ranking brasileiro quanto ao número de portarias de lavras publicadas no período, com exceção do ano de 2010, em que apresentou apenas 5 portarias publicadas, contribuindo para que o Estado ficasse na 10° colocação. No entanto, observa-se que para o país como um todo ocorreu diminuição das portarias publicadas. tabela 3. 38 núMero de Portarias de lavras Publicadas no estado de são Paulo e no brasil de 2002 a 2010 unidade 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 são Paulo 109 70 80 91 130 73 46 50 5 brasil 220 303 335 389 437 324 268 404 170 sP/br (%) 49,55 23,10 23,88 23,40 29,70 22,50 17,20 12,40 2,90 ranking 1°º 2° 2° 1° 1° 1° 1° 3° 10° Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 138
  • 158. FiGura 3. 42 evolução do núMero de Portarias de lavras Publicadas no estado de são Paulo e no brasil de 2002 a 2010 São Paulo Brasil 500 450 437 400 404 389 350 335 324 300 303 268 250 220 200 170 150 130 109 100 91 73 46 50 50 70 80 5 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) A mineração é uma atividade industrial importante e necessária, embora inerentemente modificadora do meio ambiente ao explorar seus recursos naturais e frequentemente associada às questões sociais, tais como conflitos pelo uso do solo e geração de áreas degradadas. Não existe, ainda, um registro histórico e sistemático dos impactos resultantes da atividade de mineração no Estado de São Paulo que permita sua perfeita caracterização e identificação, seja por meio de sua localização e abrangência, tipo e grau de intensidade, ou mesmo pelo monitoramento das medidas mitigadoras e de recupera- ção ambiental implantadas. De forma indireta, é possível estabelecer um indicador de conflito potencial associa- do à produção mineral, por meio de um instrumento econômico, a Compensação Financeira por Exploração dos Recursos Minerais (CFEM). Através da CFEM pode ser feita uma leitura indireta da vulnerabilidade natural do meio ambiente decorrente da atividade de mineração. A CFEM, instituída pela Lei Federal nº 7.990/89, constitui a participação dos Estados, Distrito Federal, Muni- cípios e órgãos da administração direta da União no resultado da exploração de recursos minerais pelos agentes de produção (empresas). Sua base de cálculo é o valor do faturamento líquido resultante da venda do produto mineral, obtido após a última etapa do processo de beneficiamento adotado e antes de sua transformação indus- trial. O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem a responsabilidade de estabelecer normas e exercer a fiscalização sobre a arrecadação da CFEM. A Tabela 3.39 e as Figuras 3.43 e 3.44 apresentam os dados sobre a evolução do recolhimento da CFEM no Brasil e em São Paulo entre 2004 e 2010. Observa-se que o Estado de São Paulo vem apresentando uma tendência de aumento na arrecadação da CFEM. 139
  • 159. tabela 3. 39 cFeM (eM r$ 1000) do estado de são Paulo e do brasil de 2004 a 2010 unidade 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 são Paulo 8.588 9.293 12.471 15.422 22.474 27.701 37.684 brasil 295.270 405.538 465.128 547.208 857.819 742.067 1.083.142 sP/br (%) 2,91 2,29 2,68 2,82 2,62 3,73 3,48 Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 43 evolução da cFeM no brasil de 2004 a 2010 1.200.000 1.083.142 1.100.000 1.000.000 857.819 900.000 800.000 CFEM (R$ 1000) 700.000 742.067 600.000 500.000 547.208 400.000 465.128 295.270 405.538 300.000 200.000 100.000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 44 evolução da cFeM no estado de são Paulo de 2004 a 2010 40.000 37.684 35.000 30.000 27.638 CFEM (R$ 1000) 25.000 22.474 20.000 15.000 15.422 12.471 10.000 9.293 8.588 5.000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 140
  • 160. A Tabela 3.40 apresenta a evolução da arrecadação da CFEM distribuída por UGRHI no período de 2004 a 2010. Observa-se que, em 2009, a UGRHI com maior arrecadação foi a UGRHI 06 (Alto Tietê), seguida pelas UGRHI 10 (Sorocaba/Médio Tietê), 05 (Piracicaba/Capivari/Jundiaí), 02 (Paraíba do Sul) e 09 (Mogi- Guaçu). Estas são responsáveis pelas maiores produções de agregados (brita e areia) e de argila, insumos fun- damentais para a indústria da construção civil, além de responderem por produções significativas de rochas carbonáticas, caulim, e areia para vidro e fundição. Em 2010 observa-se que o quadro permanece praticamente inalterado, com destaque para o crescimento na arrecadação da UGRHI 11 (Ribeira de Iguape/Litoral Sul), que saltou de um valor de R$ 677.731,13 em 2009, para R$ 3.022.535,01 em 2010, pois passou a considerar em seus cálculos a produção de apatita e carbonatito (fosfatos), calcita e ferro, que é praticada no município de Cajati desde a metade do século passado. 141
  • 161. 142 tabela 3. 40 cFeM (eM r$) do estado de são Paulo Por uGrHi de 2004 a 2010 uGrHi 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 01 – Mantiqueira 1.058,47 600,00 56,18 0,00 0,00 13.316,10 2.442,11 02 – Paraíba do sul 882.836,95 877.327,61 1.343.410,90 1.787.862,26 2.993.839,06 3.151.951,24 4.043.503,92 03 – litoral norte 98.398,21 73.980,44 105.785,47 64.939,45 120.871,80 83.655,12 80.197,88 04 – Pardo 248.569,31 275.911,08 446.842,85 409.729,52 553.670,98 531.280,11 742.276,57 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 1.319.496,05 1.504.940,35 2.102.124,11 2.905.211,78 4.104.552,63 4.404.703,95 5.650.824,17 06 – alto tietê 1.534.296,50 1.528.295,25 2.367.523,38 3.016.937,35 4.915.832,66 7.539.814,88 9.775.814,60 07– baixada santista 266.730,79 296.994,01 453.094,48 402.343,16 719.493,94 956.352,37 1.432.519,86 08 – sapucaí/Grande 36.877,92 43.587,28 83.646,33 117.130,10 175.988,36 176.318,10 244.924,83 09 – Mogi-Guaçu 974.497,07 1.122.086,95 1.125.160,74 1.201.934,39 1.678.985,84 1.559.713,58 2.252.790,85 10 – sorocaba/Médio tietê 1.791.893,81 1.846.376,51 2.307.354,05 2.859.222,82 3.605.252,83 4.469.741,06 5.306.546,76 11 – ribeira de iguape/litoral sul 210.001,12 264.772,36 323.914,57 355.126,33 595.166,48 677.731,13 3.022.535,01 12 – baixo Pardo/Grande 36.857,85 55.958,31 77.424,31 138.096,62 207.556,77 149.195,88 131.209,29 13 – tietê/Jacaré 298.647,07 431.119,57 669.191,84 247.083,16 937.507,19 1.390.023,72 1.372.763,79 14 – alto Paranapanema 436.848,31 526.471,52 555.970,45 584.259,38 769.632,41 868.891,98 1.366.226,14 15 – turvo/Grande 20.430,81 22.190,63 33.044,66 8.420,59 58.989,42 64.332,37 114.495,72 16 – tietê/batalha 63.243,57 60.747,04 64.979,31 32.803,38 158.871,82 135.681,92 388.893,15 17 – Médio Paranapanema 142.884,32 130.744,28 140.873,20 121.799,17 340.052,33 877.885,80 998.943,20 18 – são José dos dourados 16.120,20 15.138,17 14.592,37 18.726,33 37.881,84 64.206,50 65.908,71 19 – baixo tietê 98.818,24 114.431,90 148.480,96 146.889,03 287.957,52 254.032,52 358.566,38 20 – aguapeí 32.551,82 22.572,23 33.284,88 28.008,45 43.395,11 39.404,37 74.605,24 21 – Peixe 17.832,21 12.581,53 16.353,78 17.651,23 26.285,46 31.358,03 41.731,70 22 – Pontal do Paranapanema 58.248,13 66.405,53 57.666,68 51.087,39 116.943,90 189.604,68 216.164,20 Fonte: DNPM (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010)
  • 162. Desta forma, a CFEM pode ser utilizada de forma indireta como um indicador de conflito potencial para essas regiões com maiores valores de contribuição de arrecadação devido à produção mineral. Ao apresentarem uma atividade de mineração mais intensa, que por sua vez tem uma característica inerentemente modificadora do meio físico, podem estar intervindo de forma negativa na qualidade ambiental. Neste relatório de 2010 permanece a recomendação já apresentada em 2009, de que com base nestes dados o Estado poderia iniciar a elaboração de indicadores adequados para a avaliação e monitoramento da atividade de mineração, em especial daqueles relativos à recuperação de áreas degradadas, tanto de natureza qualitativa quanto quantitativa, fundamentais para os órgãos de licenciamento e fiscalização. Por fim, ressalta-se que os recursos da CFEM são distribuídos entre os municípios produtores (65%), os Es- tados (23%) e a União (12%). Essas receitas devem, obrigatoriamente, serem aplicadas em projetos que, direta ou indiretamente, tragam benefícios a comunidade local, na forma de melhoria da infra-estrutura, da qualidade ambiental, da saúde e educação. Assim, a CFEM, além de constituir um indicador do valor da produção mineral em cada um dos municípios mineradores, também pode ser utilizada como um indicador de impacto social da mineração, quando da avaliação de sua aplicação. referências BROLLO, M.J.; FERREIRA, C.J. Indicadores de desastres naturais no Estado de São Paulo. In: Simpósio de Geologia do Sudeste, XI, Águas de São Pedro, SP, 14 a 17/10/2009, Sociedade Brasileira de Geologia. Anais. 2009. BROLLO,M.J.; PRESSINOTTI, M.M.N.; MARCHIORI-FARIA, D.G. Políticas Públicas em Desastres Naturais no Brasil. In: BROLLO, M.J. (Org). O Instituto Geológico na Prevenção de Desastres Naturais. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Manual de gerenciamento de áreas contaminadas. 2001. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relação de áreas contaminadas – Novembro de 2009. 2010f. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. COORDENADORIA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL – CEDEC. Dados fornecidos. São Paulo, 2010. DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL – DNPM. Relatório de Arrecadação da CFEM. 2010. Disponível em <http://www.dnpm.gov.br>. Acesso em: jan. 2011. DREW, L.J.; LANGER, W.H.; SACHS, J.S. Environmentalism and Natural Aggregate Mining. Natural Resources Research, 2002. INSTITUTO GEOLÓGICO – IG. Proposta de Programa Estadual de Gestão de Desastres Naturais e de Redução de Riscos Ge- ológicos. Não publicado. São Paulo, 2010. ROSS, J.L.S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista do Departamento de Geografia, FFLCH/USP, 1992. SANTORO, J. A Atuação do Instituto Geológico em Gerenciamento de Desastres Naturais. In: BROLLO, M.J. (Org). O Instituto Geológico na Prevenção de Desastres Naturais. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. 143
  • 163. 3.5 biodiversidade O Brasil é reconhecidamente o país com a maior diversidade biológica, abrigando entre 15 e 20% do número total de espécies do planeta. Parte dessa riqueza tem sido perdida de forma irreversível (IBGE, 2008). No Estado de São Paulo, a cobertura florestal original, que no passado cobria cerca de 80% do território, esten- de-se hoje por apenas 17,5% deste. Fatores como especulação imobiliária, expansão da fronteira agropecuária, extrativismo ilegal e contaminação do solo, das águas e da atmosfera, vieram a reduzir a cobertura vegetal do Es- tado a fragmentos, muitas vezes de dimensões não significativas e a distâncias não suficientes para manutenção de fluxo gênico, das funções ecológicas e da conservação da biodiversidade. A extensão ocupada pelo bioma Cerrado, a qual correspondia a 14% da superfície do Estado, responde hoje por apenas cerca de 1%. Tal redução compromete severamente a sustentabilidade futura do bioma mencionado. Da Mata Atlântica resta uma área de aproximadamente 12% da cobertura original. Somente na fachada da Serra do Mar e no Vale do Ribeira, áreas onde o relevo garantiu relativa proteção, há remanescentes significativos do bioma (RODRIGUES e BONONI, 2008). Esses fatores favorecem a extinção de espécies (perda de biodiversidade), especialmente daquelas associadas a florestas maduras, as quais necessitam de grandes áreas conservadas e condições específicas para sobreviver. A área de cobertura vegetal total, a área de mata ciliar cadastrada, a área de vegetação autorizada para supressão e de reserva legal averbada, e o número de espécies ameaçadas de extinção, são importantes in- dicadores para o monitoramento e avaliação do estado de conservação da biodiversidade no Estado de São Paulo. No mesmo sentido, informações referentes à gestão de Unidades de Conservação também são de grande importância. 3.5.1 cobertura vegetal total A cobertura vegetal nativa é a principal responsável pelo equilíbrio e manutenção de processos ecológicos essen- ciais dos ecossistemas, sendo um importante componente da biodiversidade e também responsável pela conser- vação desta. No caso do Estado de São Paulo, a vegetação natural sofreu intensa exploração no decorrer de diversos ciclos econômicos e inúmeras pressões das atividades antrópicas, tendo suas áreas diminuídas a fragmentos remanes- centes, dispostos de maneira heterogênea, e a distâncias não suficientes para manutenção de fluxo gênico, das funções ecológicas e da conservação da biodiversidade. As pressões mais relevantes sobre as florestas se desdobram, de maneira geral, em extração de recursos naturais e ocupação econômica das terras cobertas por vegetação. De modo específico, os principais fatores geradores de pressão so re as florestas remanescentes, são, na atualidade do Estado de São Paulo, a atividade agrossilvopasto- b ril e, mais recentemente, as áreas urbanas (IPARDES, 2007). Sendo sensível às pressões antrópicas, a cobertura vegetal representa um importante indicador ambiental, à me- dida que reflete a dinâmica das atividades humanas e seus efeitos sobre seu status de conservação. Desta maneira, apresenta-se a seguir dados atuais da cobertura vegetal nativa do Estado de São Pau- lo, levantados pelo Instituto Florestal, para elaboração do Inventário Florestal do Estado de São Paulo 2008/2009 (IF, 2010). Foram consideradas as seguintes fitofisionomias florestais: 144
  • 164. Floresta Ombrófila Densa É uma formação com vegetação característica de regiões tropicais com temperaturas elevadas (média 25ºC) e com alta precipitação pluviométrica bem distribuída durante o ano (de 0 a 60 dias secos), sem período biologi- camente seco. Esta legenda abrangeu, na sua região de ocorrência, duas categorias de fitofisionomias anteriores, de caráter regional: mata e capoeira. Desta forma a “mata” passou a ser Floresta Ombrófila Densa, dividida nas seguintes categorias, em função de gradientes altitudinais: ­ Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas: 0 a 50 metros; ­ Floresta Ombrófila Densa Submontana: 50 a 500 metros; ­ Floresta Ombrófila Densa Montana: 500 a 1500 metros, e; ­ Floresta Ombrófila Densa Alto­Montana: maior que 1500 metros. Floresta Ombrófila Mista Conhecida como “mata de araucária ou pinheiral”, é encontrada em regiões da Serra da Mantiqueira e na Serra do Mar, sendo dividida nas seguintes categorias em função de gradientes altitudinais, com suas respectivas vegetações secundárias: ­ Floresta Ombrófila Mista Montana: até 1200 metros, e; ­ Floresta Ombrófila Mista Alto­Montana: maior que 1200 metros. Floresta Estacional Semidecidual Este tipo de vegetação se caracteriza pela dupla estacionalidade climática: uma tropical com período de intensas chuvas de verão, seguidas por estiagens acentuadas; outra subtropical sem período seco, e com seca fisiológica provocada pelo inverno, com temperaturas médias inferiores a 15ºC. Savana (Cerrado) Esta legenda corresponde ao chamado cerrado. Segundo o Inventário Florestal 2005 (Kronka et al, 2005), pode ser definido como uma formação cuja fisionomia caracteriza­se por apresentar indivíduos de porte atrofiado, de troncos retorcidos, cobertos por casca espessa e fendilhada, de esgalhamento baixo e copas assimétricas, folhas na maioria grandes e grossas, algumas coriáceas, de caules e ramos encortiçados, com ausência de acúleos e espinhos, bem como de epífitas e lianas. Apresenta três estratos: estrato superior, constituído por árvores esparsas de pequeno porte (4 a 6 metros de altura); estrato intermediário (arbustos de 1 a 3 metros de altura) e estrato inferior, constituído por gramíneas e subarbustos (até 50 cm de altura), pouco denso, deixando espaços onde o solo pode apresentar pouco ou nenhum revestimento. Formações Arbórea/Arbustiva-Herbácea de Terrenos Marinhos Lodosos Esta legenda abrange na sua região de ocorrência a categoria chamada “mangue”, definida como uma fitofisionomia de ambiente salobro, situada na desembocadura de rios e regatos no mar, onde nos solos limosos cresce uma vegetação especializada e adaptada à salinidade das águas. 145
  • 165. Formações Arbórea/Arbustiva-Herbácea sobre Sedimentos Marinhos Recentes Abrange na sua região de ocorrência a categoria chamada “restinga”. Trata-se de vegetação de primeira ocupação (formação pioneira) que ocupa terrenos rejuvenescidos pelas seguidas disposições de areias marinhas nas praias e restingas, com plantas adaptadas aos parâmetros ecológicos do ambiente pioneiro. Formações Arbórea/Arbustiva em Regiões de Várzea Abrange a categoria de vegetação chamada “vegetação de várzea”, uma formação ribeirinha ou ciliar, que ocorre ao longo dos cursos d’água, apresentando um dossel emergente uniforme, estrato dominado e submata. A seguir são apresentados os valores da área remanescente de cada fitofisionomia encontrada no Estado de São Paulo (Tabela 3.41). tabela 3. 41 área de cada cateGoria de veGetação nativa no estado de são Paulo eM 2008/2009 categorias de vegetação/fitofisionomias área (ha) Floresta estacional semidecidual 1.133.015,29 Floresta ombrófila densa 2.506.383,20 Floresta ombrófila Mista 177.953,28 Formação arbórea / arbustiva em região de várzea 293.101,28 Formação arbórea / arbustiva-Herbácea de terrenos Marinhos lodosos (Mangue) 20.622,05 Formação Pioneira arbustiva-Herbácea sobre sedimentos Marinhos recentes (restinga) 2.522,73 savana (cerrado) 218.034,48 Fonte: IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: Valores aproximados calculados por Sistema de Informação Geográfica Levando-se em conta os dados mais atuais, nota-se que o percentual de vegetação nativa do Estado de São Paulo, que ao longo do tempo sempre apresentou tendência de queda, apresenta uma leve recuperação. A Tabela 3.42 a seguir demonstra esta variação nos últimos anos, de acordo com dados do Instituto Florestal, apresentando os percentuais de cobertura vegetal total de cada UGRHI e do Estado de São Paulo, referentes ao ano de 2001 (Kronka et al, 2005) e referentes aos anos de 2008/2009 (IF, 2010). 146
  • 166. tabela 3. 42 área de veGetação nativa Por uGrHi eM 2005 e 2008/2009 ano uGrHi 2005 2008/2009 variação (ha) área (ha) % área (ha) % 01 – Mantiqueira 22.545 33,3% 32.828 51,1% 10.283 02 – Paraíba do sul 292.879 21,0% 370.237 25,8% 77.358 03 – litoral norte 161.784 81,8% 168.915 88,6% 7.131 04 – Pardo 78.430 8,2% 132.581 15,0% 54.151 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 98.661 7,2% 188.788 12,5% 90.127 06 – alto tietê 181.149 27,25 220.658 39,1% 39.509 07– baixada santista 176.504 74,4% 183.992 63,7% 7.488 08 – sapucaí/Grande 65.945 6,6% 98.648 10,9% 32.703 09 – Mogi-Guaçu 77.062 5,9% 134.810 9,2% 57.748 10 – sorocaba/Médio tietê 181.396 15,0% 158.553 13,2% -22.843 11 – ribeira de iguape/litoral sul 1.143.226 66,2% 1.217.167 72,9% 73.941 12 – baixo Pardo/Grande 42.320 6,0% 43.364 6,2% 1.044 13 – tietê/Jacaré 113.603 7,1% 91.356 8,0% -22.247 14 – alto Paranapanema 297.910 14,4% 416.294 18,4% 118.384 15 – turvo/Grande 66.910 3,9% 117.221 7,4% 50.311 16 – tietê/batalha 75.670 6,1% 256.719 19,3% 181.049 17 – Médio Paranapanema 109.251 6,2% 148.112 8,9% 38.861 18 – são José dos dourados 17.116 2,8% 36.001 5,3% 18.885 19 – baixo tietê 74.548 4,0% 109.535 7,2% 34.987 20 – aguapeí 48.337 5,0% 60.735 4,6% 12.398 21 – Peixe 37.851 4,5% 57.117 4,6% 19.266 22 – Pontal do Paranapanema 94.141 7,0% 100.088 8,5% 5.947 estado de são Paulo 3.457.238 13,94% 4.343.718 17,50% 886.417 Fonte: Kronka et al (2005) e IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) É importante ressaltar que estas variações devem-se em grande parte ao fato de o novo levantamento ter uma metodologia diferenciada do levantamento anterior. O Inventário Florestal 2008/2009 foi produzido com ima- gens de satélite de alta resolução, que culminou na descoberta de 184 mil novos fragmentos florestais, represen- tando 445,7 mil hectares de novas pequenas matas que não estavam contabilizadas no mapeamento anterior. Apesar disso, estima-se em 94,9 mil hectares o total de áreas em regeneração, compreendendo em um aumento real da vegetação. A Figura 3.45 mostra o percentual de cobertura vegetal por UGRHI e a Figura 3.46 a distribuição desse percen- tual por município, ambos para o período de 2008/2009. 147
  • 167. FiGura 3. 45 Percentual de cobertura veGetal nativa Por uGrHi eM 2008/2009 100,0 % ,6 90,0 88 80,0 % ,9 72 % 70,0 ,7 63 60,0 % ,1 51 50,0 % ,1 40,0 39 % ,8 30,0 25 % % ,3 19 18,4 ,0% % % % 20,0 15 13,2 2,5 0,9 % % % 1 1 2 9 5 % 10,0 9, 8, 8, 8,0 7,4% ,2% ,2% ,3% % % 7 6 5 4,6 4,6 0,0 3 7 11 1 6 2 10 14 4 5 13 22 8 17 16 12 9 20 21 19 15 18 UGRHI Fonte: IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Podemos observar que os maiores percentuais de vegetação são encontrados nas UGRHI litorâneas, valendo destacar a UGRHI 11 – Ribeira de Iguape/Litoral Sul, que conta com a maior área de vegetação natural, somando mais de 1,2 milhão de hectares ou 28% da área total de vegetação natural encontrada no Estado. FiGura 3. 46 distribuição do Percentual de cobertura veGetal nativa Por MunicíPio eM 2008/2009 Fonte: IF (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 148
  • 168. 3.5.2 Mata Ciliar cadastrada Uma parcela da vegetação natural remanescente está localizada nas margens de rios, córregos, lagos, represas e nascentes. São as chamadas matas ciliares, que atuam como uma proteção aos corpos hídricos. Também são conhecidas como mata de galeria, mata de várzea, vegetação ou floresta ripária. De acordo com o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 4.771/65), as matas ciliares são áreas com status de proteção especial, devido às funções ecológicas e sociais que desempenham, sendo incluídas na categoria de Áreas de Preservação Permanente (APP). Em escala local e regional, as matas ciliares protegem a água e o solo, promovem a estabilidade geológica, preser- vam a paisagem, oferecem abrigo e sustento à fauna, além de funcionarem como barreira à propagação de pragas e doenças das culturas agrícolas. Em escala global, as florestas em crescimento fixam carbono e contribuem para a redução dos gases de efeito estufa. Assim, recuperar as matas ciliares pode significar benefícios em aspectos ambientais, sociais e econômicos. Como forma de assegurar a conservação das Áreas de Preservação Permanente representadas pelas matas cilia- res, foi instituída no âmbito do Projeto Ambiental Estratégico (PAE) Mata Ciliar, por meio da Resolução SMA nº 42/07, a Comunicação de Áreas Ciliares, obrigatória a todas as propriedades maiores que 200 ha, e também o Banco de Áreas para Recuperação (Resolução SMA nº 30/07), onde os proprietários, de forma voluntária, podem realizar o cadastro de áreas ciliares disponíveis para recuperação. A partir do Banco de Áreas (disponível em www.ambiente.sp.gov.br), empresas e pessoas físicas interessadas, podem investir no reflorestamento das áre- as, seja como compensação ambiental, compensação voluntária para emissões de gases de efeito estufa ou mesmo como ação voluntária de responsabilidade social. Os dados sobre a área de mata ciliar cadastrada no Estado de São Paulo fornecem subsídios para a elabo- ração e implantação de projetos de recuperação florestal, bem como a identificação de áreas prioritárias para esse fim. O indicador é constituído pela porcentagem da área de mata ciliar declarada pelos proprietários rurais em relação às áreas totais de suas propriedades junto ao órgão ambiental competente (a Coordenadoria de Bio- diversidade e Recursos Naturais – CBRN). A Tabela 3.43 e a Figura 3.47 apresentam as áreas de mata ciliar declaradas em cada UGRHI até novembro de 2010. A Tabela 3.44 mostra os totais acumulados de área ciliar cadastrada, incluindo também o Banco de Áreas para Recuperação e as áreas cadastradas a partir do Protocolo Agroambiental, referentes aos anos de 2008, 2009 e 2010. O Protocolo Agroambiental, assinado pelos Secretários de Estado do Meio Ambiente e da Agricultura, e pelo presidente da União da Indústria Sucroalcooleira (UNICA), visa premiar as boas práticas do setor sucroalcooleiro através de um certificado de conformidade. Vale ressaltar ainda que o total de área de mata ciliar disponível para recuperação no Estado de São Paulo é estimada em 1 milhão de hectares. 149
  • 169. tabela 3. 43 área de Mata ciliar declarada no estado de são Paulo Por uGrHi até 2010 área das área ciliar declarada uGrHi número de áreas % propriedades (ha) (ha)¹ 01 – Mantiqueira 2 685,5 104,47 15,20% 02 – Paraíba do sul 241 85.871,19 17.277,95 20,10% 03 – litoral norte 0 - - - 04 – Pardo 18 30.323,75 2.212,87 7,30% 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 17 8.714,42 855,48 9,80% 06 – alto tietê 20 21.571,19 3.991,77 18,50% 07– baixada santista 7 3.549,27 405,81 11,40% 08 – sapucaí/Grande 5 4.043,19 324,33 8,00% 09 – Mogi-Guaçu 33 24.136,77 937,64 3,90% 10 – sorocaba/Médio tietê 44 72.132,44 4.891,25 6,80% 11 – ribeira de iguape/litoral sul 13 15.565,33 340,65 2,20% 12 – baixo Pardo/Grande 40 30.262,27 1.422,49 4,70% 13 – tietê/Jacaré 181 221.102,00 12.562,52 5,70% 14 – alto Paranapanema 148 238.982,27 24.779,82 10,40% 15 – turvo/Grande 15 84.464,39 7.058,03 8,40% 16 – tietê/batalha 42 52.654,90 3.700,37 7,00% 17 – Médio Paranapanema 86 122.331,43 6.226,76 5,10% 18 – são José dos dourados 3 3.979,00 460,98 11,60% 19 – baixo tietê 58 260.693,21 24.899,78 9,60% 20/21 – aguapeí/Peixe 25 40.522,05 2.882,88 7,10% 22 – Pontal do Paranapanema 21 43.403,26 1.726,52 4,00% estado de são Paulo 1.019 1.364.987,83 117.062,37 8,60% Fonte: SMA/PAE Mata Ciliar (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: 1 – Até novembro de 2010 tabela 3. 44 área de Mata ciliar cadastrada no estado de são Paulo eM 2008, 2009 e 2010 ano 2008 2009 2010¹ área ciliar cadastrada (ha) 325.838 373.677 378.012 área ciliar disponível (ha) 1.000.000 1.000.000 1.000.000 % de área ciliar cadastrada 32,58% 37,37% 37,80% Fonte: SMA/PAE Mata Ciliar (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: 1 – Até novembro de 2010 150
  • 170. FiGura 3. 47 área de Mata ciliar declarada no estado de são Paulo Por uGrHi até 2010¹ 30 0 8 ,9 ,7 24 24 25 Milhões de hectares 20 8 ,2 17 15 6 ,5 10 12 06 23 7, 6, 89 99 5 4, 70 3, 88 3, 21 2, 73 42 2, 94 86 1, 46 41 1, 34 32 10 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0 19 14 2 13 15 17 10 6 16 20/21 4 22 12 9 5 18 7 11 8 1 UGRHI Fonte: SMA/PAE Mata Ciliar (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: 1 – Até novembro de 2010 3.5.3 supressão de vegetação nativa A supressão de vegetação nativa é inerente ao processo de desenvolvimento econômico e à expansão urbana. A legislação ambiental busca assegurar que esse processo não aconteça de forma desordenada, estabelecendo a fi- gura legal das autorizações para supressão, que são obrigatoriamente vinculadas às compensações e cujos termos são variáveis, sempre correspondendo a valores em área iguais ou maiores que os autorizados. O Projeto Ambiental Estratégico (PAE) Desmatamento Zero busca, no âmbito do Estado de São Paulo, ins- tituir uma moratória para o desmatamento, tornar mais rigoroso o licenciamento e mais efetivas suas medidas mitigadoras, e aprimorar as ações de fiscalização da Polícia Ambiental a fim de garantir a conservação efetiva da biodiversidade. Para alcançar esses objetivos, procurou-se aplicar restrições à concessão de autorizações de supressão de vege- tação nativa e aprimorar os critérios para o licenciamento e para a determinação de medidas compensatórias e mitigadoras, bem como fortalecer o sistema de informações relacionado ao licenciamento, como o georreferen- ciamento das reservas legais averbadas. Com maiores restrições para a permissão da supressão e por meio de uma nova sistemática de fiscalização, es- tabelecida em parceria com a Polícia Militar Ambiental, vem conseguindo-se a diminuição dos montantes de vegetação nativa suprimida, legal e ilegalmente, no Estado. Além disso, por meio de operações de fiscalização do cumprimento dos Termos de Compromisso de Recupera- ção Ambiental (TCRA), vinculados às autorizações expedidas, vem buscando-se assegurar seu cumprimento e, consequentemente, garantir a recuperação florestal. A Figura 3.48 a seguir, mostra a área de vegetação nativa autorizada para supressão no Estado de São Paulo ao longo dos anos, a partir de 1996. Nota-se que 2009 foi o ano com a menor área autorizada para supressão de toda a série histórica. 151
  • 171. FiGura 3. 48 área de veGetação nativa autorizada Para suPressão no estado de são Paulo de 1996 a 2009 12.000 10.865 10.000 8.000 Área (hectares) 6.268 6.000 5.100 5.224 5.290 5.083 4.601 4.751 4.468 3.891 4.000 3.220 2.673 2.636 1.813 2.000 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) É apresentada a seguir, a representatividade (em %) de cada tipo de formação vegetal autorizada para supressão em 2009. O maior percentual diz respeito à vegetação exótica, seguida pela Floresta Ombrófila e as demais ti- pologias da Figura 3.49. FiGura 3. 49 ProPorção dos diversos tiPos de veGetação autorizada Para suPressão eM 2009 0,13% 2,33% Fl. Ombrófila 0,04% 20,71% Fl. Estacional 16,64% Sem vegetação Cerrado Exó ca 10,93% Várzea 26,17% Res nga Campos de al tude 16,44% Manguezal 6,59% Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) No âmbito do PAE Desmatamento Zero, a divisão territorial utilizada é diferente da divisão por UGRHI, adotada neste documento. A divisão utilizada é baseada na localização das Agências Ambientais da CETESB associada à vocação regional. Assim, no âmbito desse projeto, a divisão do Estado se dá em cinco Depar- 152
  • 172. tamentos de Gestão Ambiental: LF – Agronegócio, englobando a região noroeste (Araçatuba); LG – Em Industrialização, englobando a região central e nordeste (Bauru); LJ – Industrial, englobando e Região Me- tropolitana de Campinas; LL – Industrial, englobando a Região Metropolitana de São Paulo mais Cubatão; e LM – Conservação, que engloba a região da Mantiqueira, o Litoral e a parte da bacia do Alto Paranapanema, na região de Avaré. A Figura 3.50 abaixo detalha a área autorizada para supressão (em ha), em cada uma das regiões acima citadas, para o ano de 2009, de acordo com as finalidades. FiGura 3. 50 área autorizada Para suPressão, Por Finalidade e Por diretorias de Gestão aMbiental 450 400 Obras Lineares 350 A v. Agropecuaria Demais finalidades 300 Área (hectares) Graprohab 250 Edificações 200 Rec/ recomposição vegetal 150 Sup. Veg. na va 100 Int. em APP 50 Silvicultura Manejo Florestal 0 Agronegócio Em Industrial - Industrial - Conservação industrialização Campinas São Paulo Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota-se que, em todas as regiões, grande parte da área autorizada diz respeito a obras lineares. A região de Campinas apresentou uma área autorizada significativa relacionada à silvicultura e recomposição vegetal, sendo o município de Jundiaí o que teve a maior área autorizada para supressão. Na região com vocação para conservação fica evidente o predomínio da área autorizada para atividade agrope- cuária, sendo os municípios de Iguape e Registro, no Vale do Ribeira, e Itapetininga e Capão Bonito, no Alto Paranapanema, os principais responsáveis pela área suprimida. Para garantir a recuperação florestal, ao mesmo tempo em que se autoriza a supressão da vegetação, vincu- la-se esta à obrigatoriedade de compensação, cujos termos são inscritos no TCRA. A seguir (Figura 3.51 e 3.52) são apresentados os dados de recuperação florestal, notadamente, das áreas averbadas como Reserva Legal e Área Verde e o total de árvores compromissadas em virtude das autorizações emitidas ao longo do mesmo período. 153
  • 173. FiGura 3. 51 área averbada coMo reserva leGal e área verde no estado de são Paulo de 1996 a 2009 70.000 62.796 60.000 50.000 Área (hectares) 40.000 30.000 22.134 21.427 21.346 16.963 18.236 19.113 20.000 15.128 13.758 11.562 12.107 9.002 10.835 10.000 7.703 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 52 núMero de árvores coMProMissadas no estado de são Paulo de 1996 a 2009 12,00 10,85 10,23 10,00 9,15 8,19 7,95 8,00 Milhões de árvores 7,18 6,00 6,00 6,07 6,00 5,56 5,57 4,00 3,50 3,63 2,83 2,00 0,00 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) A Figura 3.53 a seguir, apresenta a distribuição da área averbada (21.346 ha) em relação à área autorizada para supressão (1.813 ha), no ano de 2009, de acordo com os Departamentos de Gestão Ambiental da CETESB apresentados anteriormente. As regiões em industrialização (região central e nordeste) e com vocação para o agronegócio (região oeste) respondem pela maior parcela da área averbada. 154
  • 174. FiGura 3. 53 coMParativo entre a área autorizada e averbada no estado de são Paulo eM 2009 Área autorizada Área averbada 9.000 8.203 8.000 7.420 7.000 6.000 Área (hectares) 5.000 4.000 2.827 3.000 2.486 2.000 835 1.000 434 128 171 245 412 0 Agronegócio Em Industrial - Industrial - Conservação Industrialização Campinas São Paulo Fonte: SMA/PAE Desmatamento Zero (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Pode-se notar que os valores referentes à recuperação são bem maiores que os referentes à supressão. No entanto, deve-se considerar que uma parcela dos compromissos (TCRA) não é cumprida integralmente, outra parcela é cumprida parcialmente e, além disso, das mudas plantadas, uma parte não se estabelece, o que leva a uma efe- tividade de recuperação inferior ao representado. Para o ano de 2009, as ações de fiscalização confirmam que, dos 10 milhões de mudas compromissadas cerca de quatro milhões, ou 40%, foram plantadas, correspondendo a uma área de 2.761 ha. Nesse contexto, como mostrado anteriormente, o Estado apresentou nos últimos anos um ligeiro aumento de sua cobertura vegetal. 3.5.4 espécies ameaçadas Conforme já visto, o Estado de São Paulo, ora quase todo recoberto pela Mata Atlântica, encontra-se hoje al- tamente fragmentado em virtude dos diversos ciclos de exploração econômica da agricultura e do crescimento urbano e industrial aqui ocorridos. Em decorrência disso, toda a sua rica biodiversidade, seja de plantas, invertebrados ou vertebrados, vem sofrendo uma imensa pressão, principalmente por meio da conversão de habitats, que faz com que os organismos especia- listas, ou seja, menos tolerantes a mudanças no ambiente, pereçam, até que sejam extintos. As conseqüências da extinção de espécies conhecidas ou desconhecidas (cujas propriedades podem ser úteis a sociedade, mas ainda não foram descobertas) são pouco estudadas, inclusive em termos de valoração econômica. Um dos principais instrumentos que permitem o estabelecimento de ações para se combater a perda de biodiver- sidade é a criação das listas de espécies ameaçadas. Os livros vermelhos, como são genericamente designadas tais listas, podem influenciar no desenho das políticas públicas e privadas de ocupação e uso do solo, na definição e priorização de estratégias de conservação e no estabelecimento de medidas que visem reverter o quadro de ame- aça às espécies, além de direcionar a criação de programas de pesquisa e formação de profissionais especializados em biologia da conservação (SÃO PAULO, 2009). 155
  • 175. Sendo as listas de espécies ameaçadas importantes instrumentos para determinação de ações de conservação da biodiversidade, uma avaliação da evolução do grau de ameaça das espécies ao longo do tempo colabora para o monitoramento do status de conservação. Assim, segue a título de comparação, a Tabela 3.45, demonstrando o percentual de espécies da fauna silvestre ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, por grupo taxonômico, a partir dos dados das listas elaboradas pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente em 1998 e 2008. tabela 3. 45 núMero de esPécies de Fauna silvestre aMeaçadas de extinção no estado de são Paulo eM 1998 e 2008 total de táxons total de táxons total de táxons total de táxons conhecidos em conhecidos em Grupo ameaçados de % ameaçados de % são Paulo em são Paulo em extinção em 1998 extinção em 2008 1998 2008 Mamíferos 200 39 19,50% 240 38 15,83% aves 700 142 20,29% 788 171 21,70% répteis 197 33 16,75% 216 33 15,28% anfíbios 180 5 2,78% 226 11 4,87% Peixes de água doce 260 15 5,77% 350 65 18,57% Peixes marinhos 510 19 3,73% 763 118 15,47% total 2.047 253 12,36% 2.583 436 16,88% Fonte: São Paulo (1998) e São Paulo (2008) Nota-se que proporcionalmente o número de espécies ameaçadas aumentou no período, entretanto, deve- se ressaltar a utilização de metodologias diferentes para a elaboração das duas listas, fato que faz com que comparação entre os anos deva ser realizada de forma cautelosa, pois as tendências observadas podem não corresponder à realidade. A partir da elaboração sistemática das listas de espécies ameaçadas e com a manutenção da atual metodologia da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) utilizada para elaboração destas, espera-se poder estabelecer e monitorar a evolução do grau de ameaça dos táxons com maior fidelidade. A “Lista Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado de São Paulo” (Decreto Estadual nº 53.494/08) decorreu de um trabalho em conjunto entre governo, academia e sociedade, onde a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA), seus institutos de pesquisa, como o Instituto de Botânica (IBot), o Instituto Florestal (IF) e a Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (FF), uniu esforços junto à Conservação Internacional - Brasil (CI-Brasil), ao Laboratório de Ecologia da Paisagem (LEPaC) da Universidade de São Paulo (USP), ao Centro de Referência em Informação Am- biental (CRIA) e ao Programa BIOTA, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (BIO- TA/FAPESP), para a realização do Workshop “ Diretrizes para Conservação e Restauração da Biodiversidade do Estado de São Paulo”. Desses esforços surgiram, além da referida lista, uma lista de espécies-alvo (espécies particularmente sensíveis às alterações de seu habitat e que requerem esforços maiores para sua efetiva conservação) e a produção de 27 mapas temáticos, para os diversos grupos taxonômicos, além de três mapas-síntese, com a indicação de áreas para a realização de inventários biológicos e áreas prioritárias para a conservação, por meio da criação de Unidades de Conservação ou de ações de incremento da conectividade. Tais diretrizes foram incorporadas à legislação ambiental estadual como condicionantes para o licenciamento e a compensação de empreendimentos, ou como orientadoras do processo de recuperação de áreas degradadas. 156
  • 176. Já a consolidação da versão atual da “Lista Oficial das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado de São Paulo” (Resolução SMA nº 48/04) se deu após um longo período de trabalho entre 2002 e 2004 e culminou com a realização de um workshop com a participação de mais de 100 especialistas, de onde surgiu a versão final da lista para a publicação. As Figuras 3.54, 3.55 e 3.56 a seguir, apresentam uma síntese da situação das espécies ameaçadas no Estado de São Paulo, por grupo taxonômico e categoria de ameaça, tendo em vista os critérios estabelecidos pela IUCN. Primeiramente serão apresentados os dados para os vertebrados e para os peixes marinhos separadamente, pelos fato destes possuírem categorias de ameaça próprias e, posteriormente, para as espécies vegetais. FiGura 3. 54 esPécies de vertebrados aMeaçados de extinção no estado de são Paulo Por cateGoria de aMeaça Mamíferos Aves Répteis An�bios Peixes de água doce 180 160 140 Número de Espécies 120 100 80 60 40 20 0 Total RE CR EN VU Fonte: São Paulo (2008) Nota: Categorias de ameaça: RE: Regionalmente Extinta; CR: Criticamente em Perigo; EN: Em Perigo; VU: Vulnerável 157
  • 177. FiGura 3. 55 esPécies de Peixes MarinHos aMeaçados no estado de são Paulo Por cateGoria de aMeaça 7 16 Regionalmente Ex nta (RE) 50 Colapsadas (CO) Sobrexplotadas (SE) Ameaçadas de Sobrexplotação (AS) 45 Fonte: São Paulo (2008) FiGura 3. 56 esPécies da Flora aMeaçadas de extinção no estado de são Paulo Presumivelmente Ex nta (EX) 471 393 Presumivelmente Ex nta na Natureza (EW) Em Perigo Crí co (CR) Em Perigo (EN) 14 23 Vulnerável (VU) 184 Fonte: São Paulo (2004) Podemos verificar que do total de espécies da fauna paulista conhecidas, quase 17% encontram-se sob ameaça. Esta situação pode se agravar, uma vez que, para a maior parte do Estado, fora do eixo da Macrometrópole Pau- lista (onde se concentram os grandes centros universitários do Estado), existe um vazio de informações sobre a ocorrência das espécies, conforme ilustra a Figura 3.57, que aponta as áreas prioritárias para a realização de inventários biológicos. O primeiro passo no estabelecimento de uma estratégia de conservação é o conhecimento das espécies ameaçadas e sua distribuição no território. 158
  • 178. FiGura 3. 57 áreas Prioritárias Para elaboração de inventário biolóGico no estado de são Paulo Fonte: Rodrigues, R. R. e Bononi, V. L. R. (2008), elaborado por SMA/CPLA (2010) Uma estratégia que se mostra eficiente na conservação de espécies in situ é a criação de áreas protegidas. 3.5.5 áreas protegidas Tendo em vista a necessidade de proteção dos fragmentos restantes de Mata Atlântica e do Cerrado, e a im- portância da preservação da fauna e da flora, as áreas protegidas surgem como uma das respostas para proteção destes remanescentes e da biodiversidade neles existentes. Dentre as categorias de áreas protegidas, as Unidades de Conservação constituem as que melhor cumprem esta finalidade. A Lei Federal n° 9.985/00 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), definindo Unidade de Conservação como o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdi- cionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. As Unidades de Conservação (UC) são classificadas, de acordo com as características da área e o objetivo de criação pelo qual foram instituídas, como de Proteção Integral, permitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais, ou de Uso Sustentável, com a finalidade de compatibilizar conservação e uso sustentável. A Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (FF) é quem gerencia as Unidades de Conservação do Estado, sendo assim responsável pela gestão de 3.677.813 hectares de áreas protegidas, ou cerca de 15% do território paulista. As noventa e quatro UC estaduais distribuem-se entre diversas categorias, conforme Tabela 3.46. A Figura 3.58 mostra a distribuição espacial dessas unidades no Estado. 159
  • 179. tabela 3. 46 unidades de conservação do estado de são Paulo Por cateGoria categoria Quantidade superfície (ha) Proteção inteGral reserva estadual 1 55 Parque ecológico 2 378 estação ecológica 16 240.528,30 Parque estadual 30 767.681,88 Monumento natural estadual 1 3.297 sub-total 50 1.011.940 uso sustentável Floresta estadual 1 2.230,53 área de Proteção ambiental 30 1.513.267,08 área de Proteção ambiental Marinha 3 1.123.108 reserva extrativista 2 2.790,46 reserva de desenvolvimento sustentável 5 12.778 área de relevante interesse ecológico 3 1.699,02 sub-total 44 2.655.873 total 94 3.667.813 Fonte: Fundação Florestal (2010) FiGura 3. 58 unidades de conservação do estado de são Paulo eM 2010 Fonte SMA/CPLA (2010) Existem ainda no território outras importantes Unidades de Conservação sob gestão federal, como o Parque Nacional da Serra da Bocaina e a Floresta Nacional de Ipanema, e sob gestão dos municípios, espalhados por todo o Estado. Também existem algumas áreas protegidas reconhecidas internacionalmente pela Organização 160
  • 180. das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), como as Reservas da Biosfera da Mata Atlântica e a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo. Todas essas áreas complementam a estrutura de conservação estadual. A importância das Áreas Protegidas para a manutenção de áreas estratégicas e processos ecológicos vitais já foi assinalada anteriormente, porém, a eficácia no cumprimento de suas funções pré-estabelecidas depende da efetividade de manejo das Unidades. Com o objetivo de oferecer um dado que demonstre em que medida as Unidades de Conservação cumprem com seus objetivos de criação e manejo, a Fundação Florestal desenvolveu o Índice de Gestão das Unidades de Con- servação. Esse índice compõe-se da análise de quatro variáveis específicas: Qualidade dos Recursos Protegidos; Gestão; Uso Social e/ou Interação Socioambiental; e Qualidade de Vida da população beneficiária. O cálculo do índice é feito de acordo com metodologia específica denominada EMAP (Efetividade de Ma- nejo de Áreas Protegidas), e a partir da análise destas variáveis é atribuída uma nota de 0 a 100 para cada Unidade de Conservação. As notas correspondem a padrões de qualidade de gestão, conforme a Tabela 3.47 que segue. tabela 3. 47 Padrões de Qualidade do índice de Gestão de unidades de conservação Pontuação Proporção entre situação ótima e o atual do indicador (%) Padrão de Qualidade 1 0-40 Padrão Muito Inferior 2 41-55 Padrão Inferior 3 56-70 Padrão Mediano 4 71-85 Padrão Elevado 5 86-100 Padrão de Excelência Fonte: Fundação Florestal (2010) O índice agrupado para as Unidades de Conservação de Proteção Integral e para as de Uso Sustentável administradas pela Fundação Florestal, referente aos anos de 2008 e 2009, é apresentado na Tabela 3.48. tabela 3. 48 índice de Gestão de unidades de conservação do estado de são Paulo eM 2008 e 2009 2008 2009 unidades de conservação Padrão de Padrão de Pontuação Pontuação Qualidade Qualidade Proteção integral 55 Padrão Inferior 67 Padrão Mediano uso sustentável 49 Padrão Inferior 54 Padrão Inferior Fonte: Fundação Florestal (2010) Observamos que houve uma evolução do Índice de Gestão para as duas categorias de UC. As Unidades de Con- servação de Proteção Integral, em conjunto, apresentaram 67 pontos, passando para um Padrão de Qualidade de Gestão Mediano em 2009. Já as Unidades de Conservação de Uso Sustentável obtiveram 54 pontos, mantendo o mesmo Padrão de Qualidade Inferior de 2008, porém com um aumento na pontuação. Vale ressaltar que as UC de Uso Sustentável, pela sua própria estrutura organizacional, menos restritiva, tendem a ter uma evolução mais lenta da qualidade de gestão. 161
  • 181. referências FUNDAÇÂO PARA A CONSERVAÇÃO E A PRODUÇÃO FLORESTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – FF. Dados for- necidos. São Paulo, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. INSTITUTO FLORESTAL – IF. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2008/2009. Dados forne- cidos não publicados. São Paulo, 2010. INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES. Indicadores ambientais por bacias hidrográficas do Estado do Paraná. Curitiba: IPARDES, 2007. KRONKA, F. J. N. et al. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo 2005. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente/Instituto Florestal. Imprensa Oficial, 2005. RODRIGUES, R. R.; BONONI, V. L. R., orgs. Diretrizes para conservação e restauração da biodiversidade do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica, 2008. SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 48.838, de 4 de fevereiro de 1998. Declara as Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção e as Provavelmente Ameaçadas de Extinção no Estado de São Paulo e dá providências correlatas. Disponível em: <http://www.al.sp.gov. br>. Acesso em: dez. 2010. SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 53.494, de 02 de outubro de 2008. Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas, as Quase Ameaçadas, as Colapsadas, Sobrexplotadas, Ameaçadas de Sobrexplotação e com dados insuficientes para avaliação no Estado de São Paulo. 2008a. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. São Paulo: SMA/FPZSP, 2009. SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Resolução nº48, de 21 de Setembro de 2004. Lista Oficial das Espécies da Flora do Estado de São Paulo Ameaçadas de Extinção. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SMA/SP. Projeto Ambiental Estratégico Desmata- mento Zero. Dados fornecidos. São Paulo: SMA/PAE Desmatamento Zero, 2010. SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO – SMA/SP. Projeto Ambiental Estratégico Mata Ciliar. Dados fornecidos. São Paulo: SMA/PAE Mata Ciliar, 2010. 162
  • 182. 3.6 ar A camada atmosférica foi formada durante o longo processo evolutivo do planeta e é composta por diversos gases, muitos dos quais necessários para os processos de respiração celular e fotossíntese, essenciais para a manu- tenção da vida. Porém, também estão presentes no ar muitos gases e partículas prejudiciais que causam danos à saúde humana e aos recursos naturais, além de prejuízos à economia. Muitos destes gases poluentes são emitidos por fontes naturais como vulcões e incêndios florestais, mas as fontes de poluição do ar que estão em evidência são as de origem antrópica, ou seja, a poluição causada pela ação do homem, principalmente por meio de proces- sos de queima de combustíveis fósseis em veículos automotores e em processos industriais. 3.6.1 Padrões de Qualidade do ar Os Padrões de Qualidade do Ar (PQAr) são limites de concentração de um determinado poluente na atmosfera ambiente, definidos legalmente e adotados pelos órgãos responsáveis pelo controle da poluição do ar para uma determinada região. Embora os padrões sejam ferramentas de gestão da poluição atmosférica, os PQAr são nor- malmente es abelecidos com base em estudos do impacto da poluição na saúde humana. No Brasil, a Resolução t CONAMA nº 003/90, estabeleceu os atuais padrões em vigência no país. A verificação do atendimento dos PQAr se dá exclusivamente pelo monitoramento ambiental. Segundo a Resolução CONAMA nº 003/90, entende-se por poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou característica em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: I – impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; II - inconveniente ao bem-estar público; III - danoso aos materiais, à fauna e flora; IV - prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. A Resolução CONAMA nº 003/90 estabelece ainda, dois tipos de Padrões de Qualidade do Ar (PQAr): pri- mários e secundários. Os padrões primários de qua idade do ar são as concentrações de poluentes que, se ultra- l passadas, poderão afetar a saúde da população, já os padrões secundários de qualidade do ar são as concentrações de poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. A criação dos padrões secundários visou, principalmente, criar mecanismo legal para políticas de prevenção e proteção de áreas prioritárias à preservação, tais como parques e demais áreas de proteção ambiental. A Tabela 3.49 apresenta os poluentes regulamentados, seus PQAr e os respectivos tempos de amostragem fixa- dos pela Resolução CO AMA. N 163
  • 183. tabela 3. 49 Padrões nacionais de Qualidade do ar Poluente tempo de amostragem Padrão primário (μg/m³) Padrão secundário (μg/m³) 24 horas 1 240 150 Partículas totais em suspensão (Pts) MGA2 80 60 24 horas 1 150 100 Fumaça (FMc) MAA3 60 40 24 horas 1 150 150 Partículas inaláveis (MP10) MAA3 50 50 24 horas 1 365 100 dióxido de enxofre (so2) MAA3 80 40 1 hora 1 40000 (35 ppm) 40000 (35 ppm) Monóxido de carbono (co) 8 horas 1 10000 (9 ppm) 10000 (9 ppm) ozônio (o3) 1 hora1 160 160 1 hora 320 190 dióxido de nitrogênio (no2) MAA3 100 100 Fonte: CETESB (2010g) Nota: 1 – Não deve ser excedido mais de uma vez por ano. 2 – Média Geométrica Anual. 3 – Média Aritmética Anual. Os poluentes podem ser classificados em duas categorias: primários e secundários. Os poluentes emitidos di- retamente na atmosfera são classificados como primários, enquanto que os poluentes secundários são aqueles formados na atmosfera por reações químicas envolvendo os poluentes primários. A qualidade do ar é determinada pelos níveis de concentração de certos poluentes, adotados como indicadores universais e escolhidos em função da sua ocorrência e dos efeitos que causam. Os principais poluentes monito- rados são: Material Particulado (MP), Dióxido de Enxofre (SO2), Monóxido de Carbono (CO), Ozônio (O3) e Oxidantes Fotoquímicos, Hidrocarbonetos (HC) e Dióxido de Nitrogênio (NO2). 3.6.2 resultados do monitoramento A CETESB, desde a década de 1970, mantém redes de monitoramento da qualidade do ar no Estado de São Paulo. Estas redes são compostas por diversas estações automáticas, fixas e móveis, que possibilitam o acom- panhamento dos dados em tempo real. Como evolução no processo de monitoramento e disponibilização dos dados, cabe destacar o lançamento, em 2009, do Sistema de Informações da Qualidade do Ar (QUALAR), desenvolvido para proporcionar ao público o acesso direto à base de dados de qualidade do ar como ferramenta para análise dos mesmos. O Estado apresenta regiões com características distintas em termos de fontes de poluição e grau de contamina- ção do ar e que, por este motivo, exigem diferentes formas de monitoramento e controle da poluição. Todavia, em termos gerais, os poluentes que mais comprometeram a qualidade do ar no Estado, em 2009, foram o Material Particulado (MP) e o Ozônio (O3), sendo, portanto, considerados poluentes prioritários para monitoramento e controle. Por sua abrangên ia e importância, foram escolhidos como indicadores da poluição do ar e serão c apresentados neste relatório. Material Particulado (MP) Material Particulado (MP) é o conjunto de poluentes constituído de poeiras, neblina, aerossol, fumaças ou fuligens e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera devido ao seu pequeno 164
  • 184. tamanho. Dentre as principais fontes de emissão estão os processos de combustão incompleta realizada pelos veículos automotores e processos industriais, a ressuspensão da poeira do solo e as reações químicas da atmosfe- ra. O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, sendo que quanto menores as dimensões, maiores os efeitos provocados. As partículas, se inaladas, podem atingir os alvéolos pulmonares ou ficarem retidas no sistema respiratório, além disso, podem causar mal estar, irritação dos olhos, garganta, pele, dor de cabeça, enjôo, bronquite, asma e câncer de pulmão. Como efeitos gerais ao meio ambiente estão os danos à vegetação, diminuição da visibilidade e contaminação do solo. As partículas com diâmetro de até 10 micra (MP10) são denominadas partículas inaláveis, sendo uma das prin- cipais responsáveis pelos danos à saúde humana. Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), em 2009, observou-se uma ligeira redução da concentração deste poluente, que vinha se mantendo estável últimos anos. Nos anos 1990 era notável a redução sistemática na concentração do MP10 em virtude dos programas de emis- são veicular, porém, em anos mais recentes, mesmo com a significativa redução das emissões pelos veículos, o aumento da frota e o comprometimento das condições de tráfego, com menores velocidades e maiores tempos de viagem, vêm forçando a manutenção dos níveis de concentração deste poluente na atmosfera. A evolução da concentração média anual de MP10 em todas as estações fixas da RMSP é apresentada na Figura 3.59 a seguir. Ainda na RMSP, o padrão de qualidade diário de MP10 (150 µg/m³) foi ultrapassado apenas uma vez, na estação de Parelheiros. FiGura 3. 59 concentração Média anual de MP10 na rMsP de 2000 a 2009 Concentrações Médias Anuais PQAr Anual 75 53 51 50 47 50 41 41 39 MP10 ( μg/m³) 37 37 34 25 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010g), elaborado por SMA/CPLA (2010) Situação crítica ocorre no município de Cubatão, muito em função do grande pólo industrial existente. A es- tação localizada na Vila Parisi, área industrial, mostrou que os níveis de material particulado têm se mantido acima dos padrões anuais, apesar da melhora observada de 2008 para 2009. Na região central, as concentra- ções têm se mantido praticamente estáveis, com ligeira queda em 2009 (Figura 3.60). Quanto ao padrão diá- rio, em 2009, ocorreram duas ultrapassagens na estação da Vila Parisi e duas na estação da Vila Mogi, ambas localizadas em Cubatão. 165
  • 185. FiGura 3. 60 concentração Média anual de MP10 eM cubatão de 2000 a 2009 PQAr anual Cubatão Centro Cubatão - V. Parisi 125 108 104 99 93 99 93 91 100 84 88 MP10 ( μg/m³) 68 75 50 39 34 36 37 36 33 33 32 29 25 Ano 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010g), elaborado por SMA/CPLA (2010) Alguns outros municípios do Estado também apresentaram problemas relacionados ao MP10 em 2009, como Santa Gertrudes, onde os níveis de partículas inaláveis foram bem superiores ao padrão anual (50 µg/m³), che- gando a ultrapassar o padrão diário (150 µg/m³) uma vez, devido principalmente ao pólo de indústrias cerâmi- cas existente no local. Não se registrou ultrapas agem do PQAr de MP10 nas demais estações. s ozônio (o3) O Ozônio é o principal produto da mistura de poluentes primários. É formado pelas reações, na presença da luz solar, entre os óxidos de nitrogênio e os compostos orgânicos voláteis que são liberados na queima incompleta e na evaporação de combustíveis e solventes. O ozônio, quando situado na baixa atmosfera, é tóxico e pode causar danos à vegetação. Além disso, a névoa fotoquímica formada pela concentração do Ozônio causa diminuição da visibilidade e prejuízos à saúde. Já o Ozônio da estratosfera, que fica a cerca de 25 km de altitude, tem a impor- tante função de proteger a Terra, como um filtro dos raios ultravioletas emitidos pelo Sol. O Ozônio é um grande motivo de preocupação, pois mesmo que seus precursores sejam emitidos em maior quantidade em áreas urbanas, o vento o transporta para a periferia das cidades e para os centros agrícolas, onde também se pode observar altas concentrações deste poluente. Muitos poluentes atmosféricos têm apresentado quedas significativas em sua concentração, principalmente nas áreas urbanas, porém, o Ozônio tem se comportado de forma diferente e não apresenta reduções significativas em suas concentrações atmosféricas. A produção de Ozônio pelas reações entre os poluentes primários depende também de aspectos meteorológicos, fator que dificulta a ação das medidas de controle. Na RMSP, que apresenta um alto potencial para formação de Ozônio uma vez que há grande emissão de pre- cursores, principalmente de origem veicular, as osci ações observadas no número de ultrapassagem do PQAr se l devem predominantemente às variações meteoro ógicas, que influenciam de forma mais significativa a ocorrência l de altas concentrações se comparadas às pequenas alterações nas quantidades de emissões de poluentes. 166
  • 186. O número de dias em que o PQAr do Ozônio foi violado na RMSP ao longo dos últimos dez anos é apresenta- do na Figura 3.61 que segue. Em 2009 observou-se aumento no número total de ultrapassagens do PQAr com relação a 2008. FiGura 3. 61 núMero de dias de ultraPassaGeM do PQar de ozônio na rMsP 100 89 90 84 80 77 Nº de dias de ultrapassagens do PQAr de O3 73 72 70 62 60 57 51 52 49 50 40 30 20 10 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010g), elaborado por SMA/CPLA (2010) Em 2009, o padrão de qualidade do ar foi violado em 57 dias, totalizando 201 ultrapassagens, das quais 43 exce- deram o nível de atenção nas estações que mediram este poluente. A Figura 3.62 a seguir apresenta a evolução do número de ultrapassagens de Ozônio nas estações localizadas nas diferentes regiões do Estado. Verifica-se, de maneira geral, um comportamento semelhante àquele observado na RMSP, com muitas ultrapassagens do PQAr do Ozônio. 167
  • 187. FiGura 3. 62 núMero de dias de ultraPassaGeM do PQar de ozônio eM outras reGiões São José dos Campos Paulinia Cubatão - Centro Sorocaba 40 39 Nº de dias de ultrapassagens do PQAr de O3 35 30 30 25 21 20 20 19 18 17 14 15 14 15 13 13 12 10 9 9 9 7 8 88 7 7 6 6 6 56 5 6 5 4 4 4 2 22 2 0 0 1 1 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CETESB (2010g), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: Monitoramento sem representatividade anual 3.6.3 Medidas de controle e melhoria da qualidade do ar Tendo em mente que grande parte da poluição do ar se origina do setor de transportes, por meio das emissões dos veículos que utilizam motores de combustão interna, ao longo dos anos foram adotadas diversas medidas de controle visando à melhoria da qualidade do ar. Neste sentido, destaca-se o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE), instituído em âmbito nacional com a exigência de que os veículos e motores novos atendam a limites máximos de emissão, aferidos em ensaios padronizados. Além disso, o programa impõe a certificação de protótipos e proíbe a comercialização de modelos de veículos não homo- logados. A CETESB participou do desenvolvimento das bases técnicas do PROCONVE e é o órgão técnico conveniado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para a homo- logação de veículos no país. Desde a implantação do programa nos anos 90, os limites máximos de emissões para os veículos automotores novos vêm sendo reduzidos progressivamente. Todavia, a diminuição da emissão dos veículos automotores novos por si só não é suficiente, pois não há garantias de que estes limites serão respeitados ao longo do tempo. Sendo assim, a inspeção veicular se torna uma medi- da complementar e essencial para controlar a emissão da frota veicular já existente. A Resolução CONAMA 418/09 dispõe sobre a Implantação de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em uso, considerando que a falta de manutenção ou a manutenção incorreta dos veículos podem ser responsáveis pelo aumento da emissão de poluentes e do consumo de combustíveis. Na capital do Estado de São Paulo a inspeção veicular já é obrigatória e a tendência é que ela seja estendida em breve a outros municípios paulistas. Vale destacar também o Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (PRO- MOT), igualmente instituído em âmbito nacional com o objetivo de promover a redução progressiva das emis- sões veiculares, a exemplo do PROCONVE. A preocupação com este segmento de veículos se justifica ao olhar- mos o expressivo aumento da frota e da contribuição da emissão de alguns poluentes na RMSP. De 1994 a 2009, as motocicletas aumentaram sua contribuição de menos de 2% da emissão total de monóxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos (HC), para cerca de 17% de CO e 10% de HC. 168
  • 188. Ainda, outra ação promovida pela CETESB anualmente é a Operação Inverno, quando são intensificadas as ações de controle sobre as fontes fixas e móveis durante os meses de inverno (maio a setembro), devido à difi- culdade de dispersão de poluentes na atmosfera neste período. Quanto ao controle das fontes móveis, amplia-se a fiscalização da emissão excessiva de fumaça preta (partículas de carbono elementar) proveniente dos veículos automotores à diesel. A fiscalização da emissão de fumaça preta em veículos pesados resultou, em 2009, em mais de 3.000 veículos autuados (CETESB, 2010h). Além da qualidade dos combustíveis, da concepção tecnológica dos motores e de suas condições de manuten- ção, medidas não tecnológicas são essenciais para a melhoria da qualidade do ar nas grandes cidades. As regiões metropolitanas e outras áreas urbanizadas do Estado necessitam da efetiva implementação de uma proposta de ordenamento territorial que minimize a segregação espacial e as diferenças socioeconômicas existentes entre suas diversas regiões, para evitar , assim, movimentos pendulares entre as regiões periféricas e as áreas centrais, por meio de uma melhor distribuição dos empregos e da infraestrutura de serviços. O tráfego urbano deve ser plane- jado e organizado de maneira a aumentar a atratividade do transporte público coletivo, priorizando o uso deste modal, com o objetivo de diminuir o número de deslocamentos motorizados individuais e reduzir as emissões veiculares, melhorando, desta forma, a qualidade do ar nestes locais. referências COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório de Qualidade do Ar no Estado de São Paulo 2009. 2010g. São Paulo: CETESB, 2010. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Relatório Operação Inverno 2009. 2010h. São Paulo: CETESB, 2010. 169
  • 189. 3.7 Mudanças climáticas O debate e os estudos sobre mudanças climáticas estão na ordem do dia. Embora sempre tenham ocorrido varia- ções e mudanças climáticas em escalas de tempo variáveis e decorrentes de causas naturais, no último século, a es- sas causas naturais vieram somar-se aquelas decorrentes da ação humana, em especial o lançamento na atmosfera de grandes quantidades de gases estufa e aerossóis e as mudanças na cobertura do solo – em escala global – com a transformação de áreas florestais em áreas de agricultura e pastagem, afetando os ciclos biogeoquímicos naturais. Em todo o mundo, pesquisadores estudam as muitas variáveis envolvidas com as mudanças climáticas globais, suas causas e consequências, realizando, ainda, projeções de mudanças futuras e criando modelos matemáticos do sistema climático. Desta forma, procuram estabelecer possíveis cenários e seus impactos sobre os sistemas naturais e sobre as muitas dimensões da vida na Terra (FAPESP, 2008). A atmosfera terrestre é uma camada relativamente fina, de gases e material particulado, que envolve a Terra devido à atuação da gravidade. A forma como esses gases se dispõe ao longo da atmosfera e sua interação com o planeta foi determinante para o surgimento e manutenção da vida, processo que pode ser exemplificado pelo chamado efeito estufa. O efeito estufa é um processo natural que ocorre quando a energia emitida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. A radiação solar que chega a Terra é predominantemente com- posta pelo comprimento de onda curta (radiação solar de onda curta), sendo, parte desta radiação, refletida e, a maior parte, absorvida pela superfície. A partir dessa absorção, a superfície passa a emitir energia em um novo comprimento de onda, agora na forma de onda longa. Essa energia emitida passa a ser absorvida por determi- nados gases presentes na atmosfera, os chamados Gases de Efeito Estufa (GEE), como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). Como consequência, o calor fica retido e não é liberado para o espaço, ocorrendo o denominado efeito estufa. O efeito estufa é de vital importância, servindo para manter o planeta aquecido, e as- sim, garantir a manutenção da vida na Terra. O aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera é que tem gerado um desequilíbrio energético no planeta, o que se convencionou chamar de aquecimento global, fenômeno decorrente da intervenção humana nos processos que caracterizam o efeito estufa. Portanto, a atmosfera tem papel primordial e essencial para a vida e o funcionamento de processos físicos e biológicos da Terra, sendo, ainda, responsável por fornecer elementos como o oxigênio, dióxido de carbono e o vapor d’ água. A atmosfera pode ser considerada como constituída principalmente pelo nitrogênio e oxigênio, que ocupam algo em torno de 99% do volume de ar seco e limpo. No entanto, esses dois gases apresentam pouca influência sobre os aspectos climáticos. Gases como o dióxido de carbono (CO2) e o ozônio (O3), que ocorrem em peque- nas concentrações, apresentam influência muito mais decisiva nos processos climáticos existentes. O dióxido de carbono, embora represente apenas 0,03% da atmosfera, apresenta papel primordial no processo de fotossíntese, bem como se destaca por ser um eficiente absorvedor de energia radiante emitida pela Terra, influenciando, desta forma, o fluxo de energia através da atmosfera e fazendo com que a Troposfera (primeira camada da atmosfera) retenha o calor proveniente da superfície terrestre. Vale ressaltar que atualmente existem divergentes visões sobre a influência desse gás na atmosfera. Outro importante gás relacionado ao efeito estufa é o metano (CH4). As principais fontes antropogênicas de geração desse gás são: o cultivo de arroz, devido à condição anaeróbica das áreas alagadas; os animais herbívoros, devido ao processo de digestão; e a ocorrência de depósitos de carvão, óleo e gás natural, em função de liberarem metano para a atmosfera quando escavados ou perfurados. O metano é cerca de trinta vezes mais eficiente que o dióxido de carbono na absorção de radiação infra-vermelha, portanto, mesmo com concentrações menores na atmosfera pode ser mais eficiente na formação do efeito estufa natural. O ozônio (O3) é um gás que tem papel importante na absorção de radiação ultravioleta, sem essa absorção, os seres vivos estariam mais vulneráveis aos efeitos da radiação solar em superfície. Vale destacar que a presença de 170
  • 190. ozônio é primordial na Estratosfera, denominado, portanto, de ozônio estratosférico, no entanto, também pode ser encontrado na Troposfera, onde passa a ser chamado de ozônio troposférico. Na Troposfera esse gás é con- siderado como poluente, formado através da reação entre a presença de luz solar e os óxidos de nitrogênio (NO e NO2), lançados na atmosfera pelos processos de combustão (veicular e industrial), e os compostos orgânicos voláteis, emitidos pelos processos evaporativos, queima incompleta de combustíveis e processos industriais. As atividades realizadas pelo homem, juntamente com as emissões naturais do planeta, provocam um adicio- nal de emissão de gases de efeito estufa. O tipo de desenvolvimento econômico e social iniciado pela revolução industrial contribuiu ao longo dos anos para o aumento da concentração desses gases na atmosfera. A conse- quência disso é o aumento da capacidade de absorção de energia pela atmosfera, que resulta no aquecimento global do planeta. Em 1988, foi criado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que se trata de um grupo aberto a todos os membros das Nações Unidas e da OMM. A função do IPCC consiste em analisar, de forma exaustiva, objetiva, aberta e transparente, a informação científica, técnica e sócio-econômica relevante para entender os processos de risco, que supõe a mudança climática provocada pelas atividades humanas, suas possíveis repercussões e as possibilidades de adaptação e atenuação da mesma. O IPCC não realiza investigação nem controla dados relativos ao clima e outros parâmetros pertinentes, baseia sua analise na literatura científica e técnica existente. Em 2007, foi publicado o 4º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, 2007). De acordo com o IPCC (2007), as concentrações atmosféricas globais de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram bastante em consequência das atividades humanas. No caso do CO2, o au- mento global se deve ao uso de combustíveis fósseis e à mudança no uso da terra, enquanto para o CH4 e o N2O o aumento se dá pela agricultura. O relatório também ressalta que o aquecimento do sistema climático é evidente e pode ser constatado nas observações dos aumentos das temperaturas médias globais do ar e do oceano, do derretimento generalizado da neve e do gelo e da elevação do nível global médio do mar. 3.7.1 Modelos climáticos e cenários do iPcc Marengo (2007) ressalta que a modelagem climática em grande escala consome enormes recursos de informática e financeiros e até mesmo os modelos mais sofisticados são representações aproximadas de um sistema muito complexo, de forma que ainda não são infalíveis na previsão do clima futuro. As ferramentas comumente adotadas para obter e avaliar projeções climáticas passadas e futuras são os modelos de clima, que podem ser: Modelos Globais Atmosféricos (GCM) ou Modelos Globais Acoplados Oceano-Atmosfera (AOGCM). Estes modelos podem simular climas futuros em nível global e regional como resposta a mudanças na concentração de gases de efeito estufa e de aerossóis, no entanto, a habilidade desses modelos em simular climas regionais depende da escala horizontal, chamada também de resolução. De acordo com Marengo (2007), os modelos podem oferecer informações de grande utilidade para escala continental, e considerando a extensão do Brasil, podem ajudar a detectar as características gerais do clima futuro. No entanto, esses modelos não representam bem as mudanças do clima na escala local, tais como as tempestades ou frentes e chuvas, devido a efeitos orográficos e eventos extremos do clima. Para isso, é necessário usar a técnica de downscaling, que consiste na regionalização dos cenários climáticos obtidos por modelos globais usando modelos regionais (downscaling dinâmico) ou funções estatísticas (downscaling empírico ou estatístico) (MARENGO, 2007). As saídas dos modelos globais de clima contêm informações sobre os cenários SRES (Special Report on Emissions Scenarios, ou em português Relatório Especial sobre Cenários de Emissões – RECE), publicado em 2000 pelo IPCC. Os cenários de emissão representam uma visão possível do desenvolvimento futuro de 171
  • 191. emissões de substâncias que têm um efeito radiativo potencial (gases de efeito estufa, aerossóis), baseados numa combinação coerente e internamente consistente de assunções sobre forçamentos controladores, como demografia, desenvolvimento socioeconômico, e mudança na tecnologia, assim como suas interações. Os cenários SRES mostram diferentes cenários futuros de mudanças climáticas, denominados de A1, A2, B1 e B2, cujas principais características são apresentadas na Tabela 3.50. tabela 3. 50 PrinciPais características dos cenários de eMissões ProPostos Pelo iPcc a1 Descreve um mundo futuro de crescimento econômico muito rápido, com a população global atingindo um pico em meados do século e declinando em seguida e a rápida introdução de tecnologias novas e mais eficientes. As principais questões subjacentes são a convergência entre as regiões, a capacitação e o aumento das interações culturais e sociais, com uma redução substancial das diferenças regionais na renda per capita. A família de cenários A1 se desdobra em três grupos que descrevem direções alternativas da mudança tecnológica no sistema energético. Os três grupos A1 distinguem-se por sua ênfase tecnológica: intensiva no uso de combustíveis fósseis (A1F1), fontes energéticas não-fósseis (A1T) ou um equilíbrio entre todas as fontes (A1B) (em que o equilíbrio é definido como não se depender muito de uma determinada fonte de energia, supondo-se que taxas similares de aperfeiçoamento apliquem-se a todas as tecnologias de oferta de energia e uso final). a2 Descreve um mundo muito heterogêneo. O tema subjacente é a auto-suficiência e a preservação das identidades locais. Os padrões de fertilidade entre as regiões convergem muito lentamente, o que acarreta um aumento crescente da população. O desenvolvimento econômico é orientado primeiramente para a região e o crescimento econômico per capita e a mudança tecnológica são mais fragmentados e mais lentos do que nos outros contextos. b1 Descreve um mundo convergente com a mesma população global, que atinge o pico em meados do século e declina em seguida, como no enredo A1, mas com uma mudança rápida nas estruturas econômicas em direção a uma economia de serviços e informação, com reduções da intensidade material e a introdução de tecnologias limpas e eficientes em relação ao uso dos recursos. A ênfase está nas soluções globais para a sustentabilidade econômica, social e ambiental, inclusive a melhoria da eqüidade, mas sem iniciativas adicionais relacionadas com o clima. b2 Descreve um mundo em que a ênfase está nas soluções locais para a sustentabilidade econômica, social e ambiental. É um mundo em que a população global aumenta continuamente, a uma taxa inferior à do A2, com níveis intermediários de desenvolvimento econômico e mudança tecnológica menos rápida e mais diversa do que nos contextos B1 e A1. Fonte: IPCC (2007) A Tabela 3.51 apresenta as estimativas e faixas prováveis para o aquecimento médio global do ar e elevação do nível do mar para seis cenários emissões do SRES, para o final do século XXI (2090-2099) relativos a 1980- 1999, obtidos no 4º Relatório de Avaliação (AR4) do IPCC (2007). 172
  • 192. tabela 3. 51 ProJeção do aQueciMento Médio Global da suPerFície e da elevação do nível do Mar no Final do século xxi Mudança de temperatura (°c em 2090- elevação do nível do mar (m em 2090-2099 relativa a 2099 relativa a 1980-1999) 1 1980-1999 Faixa com base em modelo, excluindo-se as futuras caso Melhor estimativa Faixa provável mudanças dinâmicas rápidas no fluxo de gelo concentrações constantes 0,6 0,3 - 0,9 NA do ano 2000 2 cenário b1 1,8 1,1 - 2,9 0,18 - 0,38 cenário a1t 2,4 1,4 - 3,8 0,20 - 0,45 cenário b2 2,4 1,4 - 3,8 0,20 - 0,43 cenário a1b 2,8 1,7 - 4,4 0,21 - 0,48 cenário a2 3,4 2,0 - 5,4 0,23 - 0,51 cenário a1F1 4,0 2,4 - 6,4 0,26 - 0,59 Fonte: IPCC (2007) Notas: 1 Essas estimativas são avaliadas a partir de uma hierarquia de modelos que abrangem um modelo climático simples, varios Modelos do Sitema Terrestre de Complexidade Intermediária e um grande numero de Modelos de Circulação Geral da Atmosfera-Oceano). 2A composição constante do ano 2000 é derivada apenas a partir de Modelos de Circulação Geral da Atmosfera-Oceano. Para o Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) vem desenvolvendo o modelo regional Eta/ CPTEC para a América do Sul. De acordo com a 2º Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (BRASIL, 2010), o Eta é um modelo atmosférico regional com- pleto usado pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos do Clima (CPTEC) desde 1997, para as previsões do tempo operacionais e sazonais. O modelo foi adaptado a fim de funcionar como um Modelo Climático Regio- nal (MCR), usado para produzir cenários regionalizados de mudança futura do clima para a 2º Comunicação Nacional. No entanto, os aperfeiçoamentos planejados dessa versão do modelo, incluem a vegetação dinâmica e alterações no uso da terra. O INPE também vem elaborando o Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global (MBSCG), com o objetivo de estabelecer um modelo de clima global adequado a projeções de mudança do clima no longo prazo. Esse modelo inclui representações mais realistas de fenômenos que atuam em uma escala de tempo mais ampla: transições mar-gelo, aerossóis e química atmosférica, vegetação dinâmica, variabilidade de CO2 e outras melhorias. Vale frisar que ainda existem várias incertezas nos cenários do IPCC. Uma delas é a estabilização da concentra- ção do CO2 na atmosfera, dentro do ciclo de realimentação clima-carbono. Outra está nas sinergias e antagonis- mos das respostas ambientais e esses efeitos. Aliado a isso, observa-se que ainda existem muitas lacunas a serem resolvidas para uma melhor análise regional das mudanças climáticas, bem como existem diferentes visões sobre como efetivamente as mudanças climáticas poderão atingir as diferentes regiões do país. 3.7.2 o estado de são Paulo e as Mudanças climáticas No Estado de São Paulo, diversas pesquisas vêm sendo elaboradas visando identificar os impactos, vulnerabilidades e adaptações dos diferentes ecossistemas existentes, bem como dos diversos setores, às mudanças climáticas previstas. Em agosto de 2008, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) lançou o Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais, com o objetivo de estimular a pesquisa sobre o tema, articulando as variáveis resultantes da atividade humana com aquelas resultantes de causas naturais. Entretanto, 173
  • 193. antes mesmo da criação do programa, um grande número de pesquisas em mudanças e variações climáticas já vinha sendo realizadas no Brasil e no Estado de São Paulo, com o apoio da FAPESP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de outras agências de fomento nacionais e internacionais. No âmbito da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA/SP) os efeitos das mudanças climáticas também já vêm sendo estudados e discutidos há algum tempo. Em 1995, a SMA estabeleceu para o Estado de São Paulo, por meio da Resolução SMA nº 22/95, o Programa Estadual de Mudanças Climáticas do Estado de São Paulo (PROCLIMA). Esse programa teve sua implementação gradualmente assumida e atualmente coordenada pelo Setor de Clima e Energia (TDSC) da CETESB. Dentre as atividades do PROCLIMA, destacam-se: a colaboração com a esfera federal na divulgação e implementação dos acordos internacionais; a execução do Inventário Nacional de Emissão de Metano gerado por Resíduos, que faz parte da 1º Comunicação Nacional, coordenada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia; participação e representação da CETESB/SMA nas reuniões referentes às Mudanças Climáticas; capacitação de pessoal para prestar assessoria necessária para auxiliar a sociedade a prevenir a emissão de gases de efeito estufa; e a realização de seminários e simpósios para apresentar o problema e discutir tecnologias que possibilitem a redução dos gases de efeito estufa, em especial os gerados por resíduos. Também em 1995 foi instituído o Programa Estadual de Prevenção a Destruição da Camada de Ozônio (PROZONESP), visto a importância da participação de São Paulo no quadro nacional de consumo de Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (SDO), bem como a necessidade de coordenar as ações no Estado na consecução das metas estabelecidas pelo Programa Brasileiro de Eliminação da Produção e Consumo das SDO e o estabelecimento de parcerias com os atores sociais envolvidos. Em resumo, o objeto deste Programa é a contribuição do Governo do Estado de São Paulo, através de sua Secretaria do Meio Ambiente, à prevenção da destruição da Camada de Ozônio. Em 2005, o governo instituiu o Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade, através do Decreto Estadual 49.369/05, o qual é presidido pelo governador, visando conscientizar e mobilizar a sociedade paulista para a discussão e tomada de posição sobre o fenômeno das mudanças climáticas globais, a necessidade da conservação da diversidade biológica do planeta e a promoção da sinergia entre as duas temáticas. Dentre seus objetivos está colaborar com a elaboração de uma Política Estadual de Mudanças Climáticas, ressaltando a importância do tema para o Estado de São Paulo. Dando continuidade às ações ligadas às mudanças climáticas, no dia 9 de novembro de 2009, foi sancionada pelo governador a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), Lei Estadual nº 13.798/09, que tem por objetivo disciplinar as adaptações necessárias aos impactos derivados das mudanças climáticas, bem como contribuir para reduzir a concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera, estabelecendo a redução de 20% das emissões de CO2 até 2020, com base nas emissões de 2005. Com o intuito de regulamentar a Lei Estadual nº 13.798/2009, foi instituído o Decreto Estadual nº 55.947, em 24 de junho de 2010. O decreto, institui a criação do Comitê Gestor da Política Estadual de Mudanças Climáticas, sob a coordenação da Casa Civil, com o objetivo de acompanhar a elaboração e a implementação dos planos e programas instituídos por este decreto; institui o Conselho Estadual de Mudanças Climáticas, de caráter consultivo, com a finalidade de acompanhar a implantação e fiscalizar a execução da PEMC; disciplina a Comunicação Estadual, a Avaliação Ambiental Estratégica e o Zoneamento Ecológico-Econômico, tratados na referida Lei; exige da SMA a apresentação de critérios que definam indicadores de avaliação dos efeitos da aplicação da PEMC; dispõem de um capítulo sobre os Padrões de Desempenho Ambiental e as Contratações Públicas Sustentáveis; de um capítulo sobre o Licenciamento Ambiental e os Padrões de Referência de Emissão; e ainda são previstos os seguintes Planos e Programas: Plano Estadual de Inovação Tecnológica e Clima; Programa Estadual de Construção Civil Sustentável; Plano Estadual de Energia; Plano Estadual de Transporte Sustentável; Plano Estratégico para Ações Emergenciais e Mapeamento de Áreas de Risco; Programa de Educação Ambiental sobre Mudanças Climáticas; Programa de Incentivo Econômico a Prevenção e Adaptação de Mudanças Climáticas e de Crédito e de Economia Verde; Programa de Remanescentes Florestais. 174
  • 194. Outra atribuição definida pela Política Estadual de Mudanças refere-se à elaboração do Inventário das Emissões por Atividades Antrópicas dos Gases de Efeito Estufa. Em 30 de novembro de 2010, a CETESB apresentou o estudo intitulado “1° Relatório de Referência do Estado de São Paulo de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, período de 1990 – 2008”. Elaborado por uma rede composta por instituições especializadas nos setores inventariados, diversos especialistas e coordenado pela CETESB/ SMA, o Inventário Estadual é resultado de uma iniciativa inédita no Brasil, de elaboração de um amplo e detalhado diagnóstico das emissões de gases de efeito estufa do Estado de São Paulo no período 1990-2008 (CETESB, 2010i). O Inventário Estadual foi desenvolvido com apoio da Embaixada Britânica no âmbito do Projeto “Apoio à Política Climática do Estado de São Paulo”, desenvolvido sob a responsabilidade do Programa de Mudanças Climáticas do Estado de São Paulo (PROCLIMA) da CETESB. O Decreto Estadual 55.947/10 prevê a realização de consulta pública e a apreciação dos documentos pelo Comitê Gestor de Mudanças Climáticas. De acordo com decisão tomada pelo Comitê Gestor, após a finalização da consulta pública, o inventário deverá ser apreciado pela instância, antes de ser divulgado oficialmente. De acordo com a CETESB (2010i), o documento adota o mesmo método recomendado pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) para a elaboração de inventários nacionais, com adaptações para adequá-lo às condições objetivas de um governo estadual. Ainda assim, buscou-se seguir fielmente as diretrizes gerais do método, visando à elaboração de um documento cujos resultados sejam comparáveis àqueles obtidos pelos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa. Seguindo a classificação utilizada pelo IPCC, o inventário foi classificado em cinco grandes setores, de acordo com a origem das emissões: energia; processos industriais; uso da terra, mudança no uso da terra e florestas; agropecuária e resíduos. Os Relatórios de Referência do Inventário Estadual de Gases de Efeito Estufa do Estado de São Paulo foram disponibilizados para consulta pública em outubro de 2010, sendo disponibilizados os seguintes relatórios: • Inventário de Emissão de Metano pelo Cultivo de Arroz Irrigado por Inundação do Estado de São Pau- lo, 1990 a 2008; • Inventário de Emissões de Óxido Nitroso pelo Manejo de Dejetos e dos Solos Agrícolas no Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário das Emissões de Gases de Efeito Estufa pela Combustão e Fugitivas de Petróleo no Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário das Emissões de CO2 por queima de combustíveis no Estado de São Paulo, 1990 a 2008: Abordagem de Referência (Top Down); • Inventário das Emissões de Gases de Efeito Estufa associadas ao Transporte Aéreo do Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário das Emissões de Gases de Efeito Estufa associadas ao Transporte Ferroviário do Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário de Emissão Atmosféricas nos Processos Industriais de Alimentos e Bebidas no Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa associadas aos Processos Industriais: Produtos Mine- rais, Produção de Cimento do Estado de São Paulo, 1990 a 2008; 175
  • 195. • Inventário de Emissão dos Gases de Efeito Estufa associados ao Setor de Espumas do Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário de Emissão Atmosféricas dos Gases de Efeito Estufa associadas aos Processos Industriais da Produção de Papel e Celulose do Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário de Emissão dos Gases de Efeito Estufa dos Clorofluorcarbonetos (CFC), Hidrofluorcarbo- netos (HCFC),Hidrofluorcarbonos (HFC), Perfluorcarbonos (PFC) e Hexafluoreto de Enxofre (SF6), no setor de solventes e agentes de limpeza do Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário de Emissão Atmosféricas dos Gases de Efeito Estufa associados aos Processos Industriais do Setor de Vidro no Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário de Emissão dos Gases de Efeito Estufa no Setor de Resíduos e Efluentes do Estado de São Paulo, 1990 a 2008; • Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Setor Uso da Terra, Mudança do uso da Terra e Florestas do Estado de São Paulo, 1994 a 2008. Estes relatórios apresentam o método empregado nas estimativas de cada setor, as premissas e os dados utiliza- dos, e sintetizam os resultados obtidos nos trabalhos desenvolvidos pelas instituições parceiras. Em abril de 2011 está previsto a publicação do Inventário. Além disso, o Estado de São Paulo vem instituindo programas e projetos que tendem a contribuir com a temá- tica de mudanças climáticas, dentre os quais podemos destacar: • Projeto Ambiental Estratégico Mata Ciliar: tem como objetivo promover a recuperação das matas ciliares no Estado, contribuindo para a ampliação da cobertura vegetal de 13,9% para 20% do território estadual. Entre as metas específicas do Projeto estão: delimitar e demarcar 1,7 milhão de hectares de mata ciliar; interditar e proteger 1 milhão de hectares para regeneração natural; replantar e reflorestar 180 mil hectares; fomentar a recuperação e a proteção das principais nascentes em cada município; cumprir o contrato com o Banco Mundial para execução de projetos de restauração de mata ciliar em 15 microbacias e do plano de Educação Ambiental; normatizar critérios e metodologias para recuperação de mata ciliar; e implementar um programa de gestão de produção de sementes e mudas. • Projeto Ambiental Estratégico Etanol Verde: visa, dentre outras ações voltadas à preservação do meio ambiente, eliminar a prática da queima da palha da cana-de-açúcar no Estado através do Protocolo Agro- ambiental Paulista, assinado entre a SMA e os produtores de açúcar e álcool. Pelo menos 90% das usinas paulistas já aderiram ao Protocolo, totalizando 155 unidades, além de 23 associações de fornecedores de cana. Os resultados do Etanol Verde já são extremamente importantes no contexto da produção de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, e a expectativa é de pleno atingimento das metas estabelecidas, com o avanço do fim da queima da palha da cana no Estado. Também houve progressos significativos na preservação e recuperação de matas ciliares, no uso da água no processo industrial e na implementação do inovador zoneamento agroambiental do setor sucroalcooleiro – itens que passaram a compor as dire- trizes técnicas para o licenciamento das usinas. • Projeto Ambiental Estratégico Lixo Mínimo: tem como prioridade promover a minimização dos re- síduos sólidos urbanos por meio do apoio técnico e financeiro aos municípios. Alinhado aos princípios estabelecidos na Política Estadual de Resíduos Sólidos, o projeto busca estimular a adoção de práticas ambientalmente adequadas de reutilização, reciclagem, redução e recuperação de energia e, por fim, a destinação adequada dos rejeitos inaproveitáveis. As metas específicas do Lixo Mínimo são: eliminar, no território do Estado, os aterros em situação inadequada, de acordo com o Índice de Qualidade de 176
  • 196. Aterro de Resíduos (IQR); incentivar a adoção de soluções regionais, por meio de ações integradas dos municípios nas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI); desenvolver e implemen- tar o Índice de Gestão de Resíduos Sólidos (IGR); incentivar a implementação de Programas de Coleta Seletiva, visando à reciclagem; e executar ações de educação ambiental no Estado. • Projeto Ambiental Estratégico Desmatamento Zero: tem como objetivo instituir uma moratória para o desmatamento; tornar mais rigoroso o licenciamento e mais efetivas as medidas mitigadoras; aprimorar as ações de fiscalização da Polícia Ambiental e a punição dos crimes ambientais para garantir a conser- vação da biodiversidade, o projeto se destacou na proposição de novas normas para a atuação do Sistema de Meio Ambiente. • Projeto Ambiental Estratégico São Paulo Amigo da Amazônia: visa desenvolver estratégias para re- duzir a demanda por madeira; intensificar a fiscalização da Polícia Militar Ambiental na entrada de madeira ilegal da Amazônia no território paulista; fiscalizar as madeireiras que comercializam no ata- cado; incentivar o empreendimento de florestas plantadas, bem como valorizar empresas que utilizem madeira sustentável. As principais metas são: implementar ações visando a diminuição da utilização e da comercialização de madeira proveniente da região amazônica; fiscalizar o transporte e o comércio ilegal de madeira de origem nativa. • Projeto Ambiental Estratégico Serra do Mar: tem como objetivo recuperar as áreas ocupadas nas encostas do Parque Estadual da Serra do Mar, eliminando riscos para as precárias moradias; proteger a biodiversidade e a oferta de água, restaurar de áreas degradadas, e implementar projetos de educação ambiental para a população local. Um dos principais parceiros neste projeto é a Secretaria de Habitação/ Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). • Economia Verde: a Secretaria do Meio Ambiente promoveu durante o mês de dezembro de 2010, a primeira Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde (BINEV), com o objetivo de apresen- tar uma proposta de desenvolvimento que busca instituir novos vetores de crescimento econômico, novas fontes de empregabilidade e soluções consistentes para a melhoria da qualidade ambiental de vida no Estado. energia renovável O setor energético é um dos grandes responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, em função de grande parte da energia utilizada no mundo ter como fonte os combustíveis fósseis. A busca por fontes de “energia lim- pa”, ou seja, de baixa emissão de carbono, é um dos grandes desafios na tentativa de minimizar o aquecimento global. No Estado de São Paulo, a Secretaria de Saneamento e Energia divulga anualmente, no Balanço Energé- tico do Estado de São Paulo (BEESP), a composição da matriz energética do Estado, a participação setorial no consumo energético, bem como a estimativa das emissões de dióxido de carbono provenientes do consumo de combustíveis. A Figura 3.63 a seguir, apresenta a participação dos energéticos no consumo final de energia do Estado de São Paulo em 2009. 177
  • 197. FiGura 3. 63 ParticiPação dos enerGéticos no consuMo enerGético Final do estado de são Paulo eM 2009 4% 6% 35% 9% Derivados de Petróleo Biomassa Eletricidade 20% Álcool E lico Gás Natural Outras 26% Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) No ano de 2009, as fontes renováveis de energia, como a biomassa, o etanol e a hidroeletricidade, representaram aproximadamente 57% do total consumido de energia no Estado de São Paulo, fato extremamente importante para a redução das quantidades de CO2 emitidas, uma vez que estas fontes renováveis têm balanço de carbono considerado nulo. A Figura 3.64 a seguir, apresenta a evolução da participação da energia renovável na matriz energética paulista de 1995 a 2009. FiGura 3. 64 ParticiPação renovável na Matriz enerGética do estado de são Paulo de 1995 a 2009 0,60 0,57 0,55 0,54 Par cipação Renovável 0,52 0,50 0,50 0,46 0,49 0,45 0,48 0,44 0,44 0,45 0,46 0,43 0,45 0,45 0,44 0,40 0,35 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Podemos observar que apesar da maior parte da energia utilizada no Estado de São Paulo ser de fonte renovável, os combustíveis fósseis ainda têm relevância na matriz energética, pois aproximadamente 35% do total de ener- 178
  • 198. gia consumida em 2009 tiveram como fonte o petróleo e seus derivados. O setor de transportes, cuja matriz é majoritariamente rodoviária, foi o maior responsável pelo consumo dos combustíveis fósseis, seguido pelo setor industrial. Mesmo com a crescente participação dos combustíveis renováveis na matriz paulista, o diesel ainda é o energético mais consumido no setor de transportes. dióxido de carbono Outro indicador importante refere-se à intensidade de emissão de dióxido de carbono, que relaciona o Produto Interno Bruto do Estado de São Paulo com a emissão de CO2 proveniente do uso energético. Esse indicador tem apresentado queda contínua nos últimos anos, como consequência do aumento da participação da “energia limpa” na matriz energética. A Figura 3.65 a seguir, apresenta a evolução da intensidade de emissão de carbono, de 1995 a 2009. FiGura 3. 65 intensidade de eMissão de carbono no estado de são Paulo de 1995 a 2009 0,14 0,12 0,114 0,114 0,116 0,107 0,103 0,111 0,101 0,097 0,10 t CO2/R$ 0,103 0,094 0,102 0,091 0,090 0,086 0,08 0,081 0,06 0,04 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Quanto às emissões de CO2, o setor de transportes foi responsável por mais da metade das emissões, superando a soma das emissões de todos os outros setores. De forma evidente, o modal rodoviário respondeu pela expres- siva maioria das emissões do setor. A seguir são apresentadas as participações dos setores na emissão de dióxido de carbono (Figura 3.66) e mais a frente o detalhamento das emissões do setor de transportes (Figura 3.67). 179
  • 199. FiGura 3. 66 ParticiPação dos setores na eMissão de co2 do estado de são Paulo eM 2009 0,92% 3,13% 3,10% 0,64% Transportes 5,66% 56,82% Industrial Residencial Agropecuário Energé co 29,73% Comercial Público Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 67 eMissão de co2 no setor de transPortes no estado de são Paulo eM 2009 3,61% 1,20% 13,38% 81,81% Rodoviário Aéreo Hidroviário Ferroviário Fonte: São Paulo (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) referências BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Coordenação-Geral de Mudanças Globais de Clima, 2010. 2º Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Brasília: MCT, 2010. COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Consulta Pública dos Relatórios de Referência para o Inven- tário Estadual de Gases de Efeito Estufa do Estado de São Paulo. 2010i. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br>. Acesso em: dez.2010. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO – FAPESP. Contribuições da pesquisa paulista para o conhecimento sobre mudanças climáticas (1992-2008). São Paulo: FAPESP, 2008. MARENGO, J. A. Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Biodiversidade: Caracterização do Clima Atual e Definição das Alterações Climáticas para o Território Brasileiro ao longo do Século XXI. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2007. PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇAS DO CLIMA – IPCC. Sumário para os formuladores de políti- cas. Contribuição do Grupo de Trabalho I para o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima. IPCC: 2007. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Saneamento e Energia. Balanço Energético do Estado de São Paulo 2010: Ano Base 2009. São Paulo: SSE/SP, 2010. 180
  • 200. 3.8 saúde e Meio ambiente A área da Saúde Ambiental abre novos caminhos para pesquisas e estudos e possibilita a consolidação de ligações e parcerias entre os campos da saúde e meio ambiente, seus profissionais e as instituições de governo responsáveis pela elaboração de políticas públicas relacionadas ao tema. A melhor compreensão da relação entre saúde e meio ambiente, seus determinantes populacionais, suas implicações na análise da situação sanitária e ambiental, no desenvolvimento de políticas, entre outros campos da nossa sociedade, fez com que o tema passasse a incorporar outras dimensões, quer sejam da saúde ou do meio ambiente, extrapolando os campos de conhecimento e demandando dos poderes públicos soluções que tenham como ponto de partida a interação dos conhecimentos anteriormente estabelecidos para estas ciências. Gouveia (1999), já apontava o distanciamento dos temas saúde e meio ambiente, mostrando que a dissociação destas áreas seria prejudicial tanto a uma quanto à outra, pois: “(...) a separação conceitual, e até prática, entre meio ambiente e saúde precisa ser revertida. Enquanto as políticas de saúde, os recursos e as instituições da área têm se concentrado principalmente no tratamento (...) as políticas e os movimentos ambientais se distanciaram dos temas relacionados à saúde. É preciso, portanto, uma reincorporação das questões do meio ambiente nas políticas de saúde e a integração dos objetivos da saúde ambiental numa ampla estratégia de desenvolvimento sustentável.” Mais recentemente, Freitas e Porto (2006) apontaram para a necessidade de aproximação entre as políticas sanitárias e ambientais, salientando a necessidade imperiosa de ultrapassarmos a cisão entre estas áreas para não nos prendermos ao retrocesso que a falta deste diálogo causa na solução de problemas que afligem a sociedade em sua totalidade: “Não há dúvida de que os problemas relacionados à sustentabilidade ambiental e de saúde estão relacionadas ao processo histórico e social, como procuramos demonstrar. Porém, o que se constata (...) é a predominância de abordagens que tendem a restringir a saúde aos seus aspectos biológicos e o ambiente aos seus aspectos biofísicos.” As respostas necessárias a problemas como as desigualdades socioambientais, a degradação ambiental ou os impactos resultantes destas sobre a saúde de grupos populacionais, derivados de um modelo hegemônico de desenvolvimento lesivo que não considera aspectos demográficos, de saúde ou de utilização de recursos naturais, só podem ser superadas com ações integradoras e de viés interdisciplinar, ou seja, ações do campo da saúde ambiental. Como uma boa e feliz coincidência, dez anos após a publicação do primeiro texto citado ocorre a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA), em Brasília no mês de dezembro de 2009, iniciativa conjunta dos Ministérios das Cidades, da Saúde e do Meio Ambiente que visava, entre outras metas, a diminuição das consequências decorrentes das três dimensões de vulnerabilidades entre a saúde e o meio ambiente, conforme visto na Tabela 3.52. tabela 3. 52 diMensões das vulnerabilidades entre saúde e Meio aMbiente vulnerabilidade Problemas acarretados Saneamento ambiental inadequado Prevalência de problemas de saúde pública Impactos negativos na saúde da população, em função da industrialização e Modelo de desenvolvimento urbanização acelerada e da ocupação desordenada da terra Fenômenos ambientais de escala global Impacto na saúde decorrente do aquecimento da Terra gerado pela mudança do clima Fonte: CNSA (2010) 181
  • 201. Dentre os resultados da 1ª CNSA destaca-se a idéia da criação de uma Política Nacional de Saúde Ambiental, que paute os investimentos, ações e programas (intersetoriais) para a área, atentando para as possíveis relações entre os fatores ambientais e a saúde. A 1ª CNSA propôs, ainda, uma série de diretrizes e ações que apontam para a necessidade de uma maior articulação entre as áreas de saúde, de meio ambiente e de infraestrutura, para que, desta forma, possa se iniciar um processo efetivo de construção de políticas públicas na área da saúde am- biental. O Estado de São Paulo participou ativamente do processo de construção da 1ª CNSA com a realização da 1ª Conferência Estadual de Saúde Ambiental (CESA), realizada no mês de outubro de 2009, e que mobilizou aproximadamente 2.000 pessoas. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente foi parte ativa neste processo des- locando recursos financeiros e humanos para a realização da conferência e, ainda, sendo coorganizadora junto à Secretaria de Estado da Saúde, na etapa estadual. Os 98 delegados eleitos pela 1ª CESA levaram para a etapa nacional da conferência seis diretrizes, aqui resumidas: • Garantia e aperfeiçoamento do controle social do Sistema Único de Saúde (SUS); • Estabelecimento de uma política de saúde ambiental nas três esferas de governo; • Estabelecimento de estratégias de educação visando o desenvolvimento sustentável; • Priorização de políticas integradas de saúde e meio ambiente para recuperação e preservação de recursos hídricos; • Promoção de políticas públicas que combatam o aquecimento global; e • Definição de prioridades visando a eliminação da exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais. A cada uma destas diretrizes, se relacionam duas ações estratégicas que possibilitam a implementação das mes- mas. A 1ª CESA foi mais um passo na direção do estreitamento entre as políticas públicas de saúde e meio ambiente no Estado de São Paulo, colocando na ordem do dia as lições preconizadas há mais de dez anos, que indicavam o melhor caminho para o campo da saúde ambiental. 3.8.1 Mortalidade infantil A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) – óbitos de menores de 1 ano por 1.000 nascidos vivos – é considerada, tradicionalmente, como um dos mais sensíveis indicadores de saúde e também das condições socioeconômicas e ambientais da população. Mede o risco que tem um nascido vivo de morrer antes de completar um ano de vida, fato que está ligado às condições de habitação, saneamento, nutrição, educação e também de assistência à saúde, principalmente ao pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. No Estado de São Paulo, verificou-se na última década uma queda acentuada da Taxa de Mortalidade Infantil, indicando o esforço por parte do governo para a minoração do problema. A redução é notada quando observa- mos (Tabela 3.53) a evolução da TMI para o Estado de São Paulo desde 2004 (14,25 por mil nascidos vivos) até 2009 (12,48 por mil nascidos vivos), período em que pudemos verificar um decréscimo de 12%. A redução da TMI em São Paulo é ressaltada pelo fato da queda também ter ocorrido no índice de óbitos infantis, um de- créscimo da ordem de 16% entre 2004 e 2009, indicando o acerto da política de saúde para a prevenção e queda das taxas de mortalidade nos períodos do pré e pós-natal. Para que a mortalidade infantil em São Paulo continue em redução gradativa e contínua é extremamente importante que o trabalho do Governo do Estado, em parce- ria com as prefeituras, se mantenha, especialmente em relação ao aprimoramento das medidas de assistência à gestação e ao parto. 182
  • 202. tabela 3. 53 taxa de Mortalidade inFantil no estado de são Paulo de 2004 a 2009 estado de são Paulo 2004 2005 2006 2007 2008 2009 População residente 39.326.776 39.949.487 40.484.029 40.653.736 41.139.672 41.633.802 nascidos vivos 626.804 619.107 604.026 595.509 601.872 598.383 óbitos infantis 8.933 8.323 8.024 7.786 7.561 7.470 tMi (1) 14,25 13,44 13,28 13,07 12,56 12,48 Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: 1 – Nº de óbitos infantis/Nº de nascidos vivos*1000 As Figuras 3.68 e 3.69 mostram respectivamente a evolução do número de óbitos infantis e a Taxa de Mortali- dade Infantil no Estado de São Paulo de 2004 a 2009. FiGura 3. 68 núMero de óbitos inFantis no estado de são Paulo de 2004 a 2009 Número de óbitos infan s 9.500 9.000 8.933 8.500 8.323 8.024 8.000 7.786 7.561 7.470 7.500 7.000 6.500 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) 183
  • 203. FiGura 3. 69 taxa de Mortalidade inFantil no estado de são Paulo de 2004 a 2009 Taxa de Mortalidade Infan l 14,5 14,25 14,0 13,44 13,5 13,28 13,07 13,0 12,56 12,48 12,5 12,0 11,5 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) A seguir (Tabela 3.54), são apresentados os valores da TMI para as 22 UGRHI do Estado de São Paulo em 2009, ressaltando a necessidade de ações específicas para reduzir as diferenças das TMI inter-regionais, com vistas a se alcançar uma situação mais equilibrada nesse indicador. Destaca-se que das 22 UGRHI, 12 delas apresentam taxas menores que a TMI estadual, entre elas a UGRHI 04 (Pardo), que apresenta a menor taxa dentre todas as bacias (9,39 mortes por mil nascidos vivos). Entre as que apresentam as maiores taxas merecem atenção as UGRHI 01 (Mantiqueira) e 07 (Baixada santista), com 23,33 e 18,83 mortes por mil nascidos vivos respectivamente. 184
  • 204. tabela 3. 54 taxa de Mortalidade inFantil Por uGrHi eM 2009 uGrHi População residente nascidos vivos óbitos infantis tMi (1) 01 – Mantiqueira 68.719 986 23 23,33 02 – Paraíba do sul 2.015.719 27.936 354 12,67 03 – litoral norte 274.514 4.336 63 14,53 04 – Pardo 1.083.893 14.375 135 9,39 05 – Piracicaba/capivari/Jundiaí 5.041.586 68.918 745 10,81 06 – alto tietê 19.750.628 306.577 3.780 12,33 07– baixada santista 1.687.096 24.222 456 18,83 08 – sapucaí/Grande 693.425 9.294 144 15,49 09 – Mogi-Guaçu 1.461.515 19.127 235 12,29 10 – sorocaba/Médio tietê 1.861.631 25.534 357 13,98 11 – ribeira de iguape/litoral sul 385.073 5.503 70 12,72 12 – baixo Pardo/Grande 331.989 4.445 46 10,35 13 – tietê/Jacaré 1.511.834 19.035 227 11,93 14 – alto Paranapanema 746.704 10.372 161 15,52 15 – turvo/Grande 1.242.827 14.757 158 10,71 16 – tietê/batalha 513.029 6.268 80 12,76 17 – Médio Paranapanema 683.485 9.132 102 11,17 18 – são José dos dourados 226.467 2.426 27 11,13 19 – baixo tietê 743.489 9.286 115 12,38 20 – aguapeí 365.476 4.323 61 14,11 21 – Peixe 462.940 5.373 64 11,91 22 – Pontal do Paranapanema 481.763 6.087 63 10,35 estado de são Paulo 41.633.802 598.383 7.470 12,48 Fonte: SEADE (2010c), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: 1 – Nº de óbitos infantis/Nº de nascidos vivos*1000 Para uma comparação mais abrangente, apresentamos a seguir (Tabela 3.55) dados sobre a taxa de mortalidade no período pós neonatal10 de diversos países para o ano de 2009, disponibilizados na base de dados do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington. Os dados possibilitam a com- paração das taxas para 187 países e, por meio desta, vê-se que a situação paulista (65º lugar) para esta seleção, se não é confortável quando comparada com outras nações mais desenvolvidas, tem um desempenho mediano se comparado com países de número populacional similar, como a Colômbia (80º lugar) com uma população de aproximadamente 44 milhões de habitantes e a Ucrânia (64º lugar) com uma população aproximada de 45 milhões de habitantes. 10 Compreende a relação entre os óbitos infantis do período de 28 a 364 dias de vida completos, ocorridos e registrados numa determinada unidade geo- gráfica e período de tempo, e os nascidos vivos no mesmo período e localidade, segundo a fórmula: Taxa de Mortalidade Pós Neonatal = Óbitos Infantis de 28 a 364 Dias/Nascidos Vivos*1000. 185
  • 205. tabela 3. 55 Mortalidade no Período Pós neonatal eM diversos Países no ano de 2009 País Mortalidade no período pós neonatal 1 - emirados árabes unidos 0,56 2 - itália 0,78 3 - islândia 0,80 4 - eslovênia 0,85 5 - Finlândia 0,86 6 - suécia 0,89 7 - chipre 0,91 8 - luxemburgo 0,91 9 - singapura 0,92 10 - Portugal 0,99 42 - chile 2,27 64 – ucrânia 3,72 65 - estado de são Paulo 3,81 69 - argentina 3,96 75 - uruguai 4,61 80 - colômbia 5,33 81 - venezuela 5,64 94 - Paraguai 7,61 101 - brasil 8,55 103 – Peru 8,58 116 - equador 11,47 135 - bolívia 17,59 Fonte: IHME (2010) 3.8.2 Mortalidade por doenças de veiculação hídrica O modelo de crescimento econômico brasileiro tem gerado grandes concentrações de renda e de infraestrutura, tendo como consequência, significativos segmentos da sociedade se distanciando de um nível de qualidade de vida satisfatório, decorrendo, daí, a ocorrência de diversas doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado. Alguns dos impactos causados na saúde humana pela poluição da água, bem como pelos efeitos de condições de moradia inadequada e da falta de acesso aos serviços básicos de saneamento, sobretudo nas áreas metropolitanas, podem levar a situações de descontrole sanitário, ocasionando surtos de doenças de veiculação hídrica. No Estado de São Paulo, apesar dos avanços nos serviços de saneamento (abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos sanitários, manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas) observados no Estado de São Paulo, a ocorrência de doenças de veiculação hídrica continua sendo um indicador indireto da inexistência e/ou baixa eficiência destes serviços. Podemos observar na Tabela 3.57 e na Figura 3.71 que a mortalidade por doenças de veiculação hídrica no Estado de São Paulo vêm se mantendo num mesmo nível desde 2005. Os dados de morbidade hospitalar oriundos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS), gerido pelo Ministério da Saúde (MS), em conjunto com as Secretarias Estaduais de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde, têm se mostrado como a melhor fonte para se compreender a extensão do problema (LIBANIO et al., 2005). Podemos observar na Tabela 3.56 e na Figura 3.70 que o valor gasto pelo 186
  • 206. SUS com internações devido a doenças de veiculação hídrica no Estado de São Paulo em 2009, apresentou uma leve queda em relação ao ano de 2006. Porém, vale ressaltar que de janeiro a novembro de 2010, o valor gasto já tinha ultrapassado o montante de 2009 e somava pouco mais de R$ 13 milhões. tabela 3. 56 Gasto de Morbidade coM doenças de veiculação Hídrica no estado de são Paulo de 2006 a 2009 doença 2006 2007 2008 2009 diarréia e gastroenterite R$ 5.475.054,72 R$ 4.816.787,71 R$ 5.657.754,48 R$ 5.740.712,49 outras doenças inf. intestinais R$ 5.196.663,73 R$ 4.804.257,97 R$ 3.129.188,76 R$ 3.058.389,36 leptospirose R$ 354.198,05 R$ 430.109,84 R$ 423.223,38 R$ 517.853,21 Hepatite aguda b R$ 137.685,41 R$ 128.660,48 R$ 333.271,20 R$ 162.453,24 outras hepatites virais R$ 511.196,76 R$ 538.719,73 R$ 563.534,57 R$ 576.076,48 leishmaniose R$ 119.141,75 R$ 108.628,97 R$ 168.283,73 R$ 143.279,74 esquistossomose R$ 27.615,10 R$ 30.075,05 R$ 23.882,75 R$ 39.428,73 outras helmintíases R$ 103.011,79 R$ 106.903,82 R$ 223.309,40 R$122.893,66 outras doenças inf. e parasitárias R$3.136.072,70 R$ 3.166.198,79 R$ 2.476.604,92 R$ 2.150.102,93 total r$15.060.640,01 r$14.130.342,36 r$ 12.999.053,19 r$12.511.189,84 Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: Valor total = Valor referente as Autorização de Internação Hospitalar (AIH) pagas no período, na unidade monetária da época. FiGura 3. 70 evolução do Gasto de Morbidade coM doenças de veiculação Hídrica no estado de são Paulo de 2006 a 2009 Gasto com morbidade de doenças de veículação hídrica 16,0 15,1 15,0 14,1 Milhões de Reais (R$) 14,0 13,0 13,0 12,5 12,0 11,0 10,0 2006 2007 2008 2009 Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 187
  • 207. tabela 3. 57 Mortalidade Por doenças de veiculação Hídrica no estado de são Paulo de 2005 a 2009 doença 2005 2006 2007 2008 2009 diarréia e gastroenterite 587 727 660 664 504 outras doenças inf. intestinais 24 34 44 59 87 leptospirose 47 75 79 58 69 Hepatite viral 883 835 856 855 924 leishmaniose 14 16 13 23 17 esquistossomose 76 85 83 72 87 outras helmintíases 19 8 4 7 4 outras doenças inf. e parasitárias 266 280 259 267 261 total 1.916 2.060 1.998 2.005 1.953 Fonte: SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 71 evolução da Mortalidade Por doenças de veiculação Hídrica no estado de são Paulo de 2005 a 2009 Mortalidade por doenças de veículação hídrica 2.100 2.060 2.050 1.998 2.005 2.000 1.953 1.950 1.916 1.900 1.850 1.800 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 3.8.3 Mortalidade por doenças do aparelho respiratório Um dos efeitos da poluição atmosférica na saúde da população é o aumento de internações hospitalares por doenças respiratórias em direta correlação com a queda da qualidade do ar. As alterações ocorridas no país e no Estado de São Paulo nas últimas décadas do século XX e no início do século XXI forçou os sistemas de saúde e de meio ambiente a repensarem a forma de gerir novos problemas, pois, segundo Caiaffa (2008): (...) o impacto do surgimento das cidades contemporâneas nos últimos cinqüenta anos, tal como ocorreu anteriormente na Europa, interligou-se à profunda mudança do perfil demográfico do país, com declínio do coeficiente de mortalidade geral, redução da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida e conseqüente modificação do perfil epidemiológico. (...). Assim, de forma cosmopolita, o viver na cidade pode ser benéfico, conhecido como a “vantagem do urbano”, ou pode ser nocivo, conhecido como a “penalidade do urbano”. (...) Nesta direção, o conceito de saúde deveria incorporar o cotidiano dos indivíduos vivendo nas cidades, sob a ótica ampliada de que o estudo individualizado dos fatores determinantes na saúde e suas conseqüências, antes reducionista, não pode ignorar as relações de interdependência que existem entre o indivíduo e o meio físico, social e político onde ele vive e se insere. 188
  • 208. O nível de poluentes atmosféricos, o número de internações hospitalares – morbidade – de crianças (aqui compreendidas na faixa de menos de um ano a nove anos) e de idosos (na faixa etária de 60 anos ou mais), os valores no orçamento da saúde pública gastos com o tratamento destas afecções e os óbitos decorrentes das doenças respiratórias no Estado de São Paulo, serão tratados neste tópico. Vale ressaltar que os grupos etários escolhidos (crianças e idosos) são os que apresentam maior suscetibilidade aos efeitos da poluição atmosférica no aparelho respiratório (MARTINS, 2002). A análise dos dados de internação para a faixa etária de menos de um ano a nove anos indica a manutenção do que é visto há tempos: o aumento das internações coincide com os períodos em que a dispersão dos poluentes é mais prejudicada (Outono, Inverno e início da Primavera), com a queda abrupta nos meses em que a temperatura alcança valores mais altos, conforme indicam a Tabela 3.58 e a Figura 3.72, que apresentam o número de internações ao longo de 2009 para duas das doenças do aparelho respiratório mais constatadas em crianças, Pneumonia e Asma. tabela 3. 58 núMero de internações HosPitalares Por doenças no aParelHo resPiratório no estado de são Paulo eM 2009 (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos) doença Jan Fev Mar abr Mai Jun Jul ago set out nov dez Pneumonia 2.508 2.416 4.064 6.153 7.282 6.210 6.247 5.649 5.450 4.858 4.446 3.663 asma 500 594 1.129 1.146 1.215 1.047 915 765 875 743 748 692 Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 72 evolução do núMero de internações HosPitalares Por doenças no aParelHo resPiratório no estado de são Paulo eM 2009 (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos) Pneumonia Asma 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Ao exercer enorme pressão sobre os serviços de saúde estas duas afecções elevam igualmente os gastos de internações. Vê-se, pelos dados levantados junto ao Ministério da Saúde (MS), que o aumento dos gastos é constante para este grupo etário (Tabela 3.59). 189
  • 209. tabela 3. 59 Gasto de Morbidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009 (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos) doença 2006 2007 2008 2009 Pneumonia e asma R$ 38.323.609,35 R$ 40.106.881,86 R$ 46.744.490,14 R$ 55.986.210,33 Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: Valor total = Valor referente as Autorização de Internação Hospitalar (AIH) pagas no período, na unidade monetária da época. Pela Tabela 3.60 e pela Figura 3.73, podemos notar uma queda nas mortes ocorridas por doenças no aparelho respiratório para faixa etária de menos de um ano a nove anos, da ordem de 21% entre os anos de 2006 e 2009. tabela 3. 60 Mortalidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009 (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos) restante outras infecções doenças crônicas de doenças ano influenza (gripe) Pneumonia agudas das vias das vias aéreas total do aparelho aéreas inferiores inferiores respiratório 2006 1 523 57 25 222 828 2007 1 493 47 25 189 755 2008 0 417 60 23 157 657 2009 52 427 6 26 139 650 Fonte SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 73 evolução da Mortalidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009 (Faixa etária de Menos de 1 ano a 9 anos) Mortalidade por doenças do aparelho respiratório 900 828 800 755 700 657 650 600 500 2006 2007 2008 2009 Fonte SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) 190
  • 210. Ao abordarmos a outra faixa etária (60 anos ou mais) que é agredida de forma mais severa pela poluição atmos- férica, percebe-se uma elevação nos números, quer seja de gastos com internações ou de mortalidade por doenças respiratórias. Esse fato, aliado à forte correlação entre a mortalidade de idosos e as doenças do aparelho respira- tório (DAUMAS, 2004), demonstra que ações que incorram na diminuição destes índices devem ser tomadas com a máxima urgência. A Figura 3.74 mostra, para algumas das doenças mais constatadas em idosos, a evolução do número de internações por doenças do aparelho respiratório na última década. O aumento de 15% no numero de internações, de 2001 para 2009, demonstra cabalmente como tem sido afetada a saúde da população idosa por conta da poluição atmosférica. FiGura 3. 74 evolução do núMero de internações HosPitalares Por doenças no aParelHo resPiratório no estado de são Paulo eM 2009 (Faixa etária de 60 anos ou Mais) Pneumonia, Bronquite, Enfisema e outras doenças pulmonares crônicas e outras doenças do aparelho respiratório 68.000 65.988 66.000 64.000 62.000 61.011 60.000 58.000 57.154 56.000 2001 2005 2009 Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Quando analisamos os custos de morbidade para um grupo de doenças respiratórias agravadas pela poluição atmosférica, acabamos também estimando o impacto econômico da poluição do ar na saúde da parcela da popu- lação estudada e, a partir disso, percebemos a necessidade premente de se traçar uma estratégia conjunta entre ações que permeiem tanto a área da saúde como a de meio ambiente. O crescimento dos gastos, assim como a do número internações hospitalares, é constante, e pode ser visto na Tabela 3.61 que segue. tabela 3. 61 Gasto de Morbidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009 (Faixa etária de 60 anos ou Mais) doença 2006 2007 2008 2009 Pneumonia, bronquite, enfisema e outras doenças pulmonares crônicas e outras doenças R$ 42.770.044,45 R$ 52.780.485,72 R$ 61.727.488,28 R$ 78.786.115,72 do aparelho respiratório Fonte: MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) Nota: Valor total = Valor referente as Autorização de Internação Hospitalar (AIH) pagas no período, na unidade monetária da época. 191
  • 211. A Tabela 3.62 e a Figura 3.75 mostram a evolução da mortalidade por doenças do aparelho respiratório em idosos, de 2006 a 2009. tabela 3. 62 Mortalidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009 (Faixa etária de 60 anos ou Mais) restante outras infecções doenças crônicas de doenças ano influenza (gripe) Pneumonia agudas das vias das vias aéreas total do aparelho aéreas inferiores inferiores respiratório 2006 8 9.448 13 8.479 3.141 21.089 2007 21 10.403 11 8.368 3.004 21.807 2008 10 11.203 15 8.287 2.953 22.468 2009 52 13.348 33 7.828 3.153 24.414 Fonte SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) FiGura 3. 75 evolução da Mortalidade Por doenças do aParelHo resPiratório no estado de são Paulo de 2006 a 2009 (Faixa etária de 60 anos ou Mais) Mortalidade por doenças do aparelho respiratório 25.000 24.414 24.000 23.000 22.468 22.000 21.807 21.000 21.089 20.000 2006 2007 2008 2009 Fonte SEADE (2010c) e MS (2010), elaborado por SMA/CPLA (2010) O aumento de 16% no número de óbitos de idosos verificado no período indica uma situação preocupante, merecendo maior atenção por parte do poder público, principalmente se pensarmos no processo de transição demográfica pelo qual o Estado de São Paulo passará, onde, a partir de 2025, está previsto para suas populações mais idosas ultrapassarem as mais jovens. referências CAIAFFA, W. T. et al . Saúde urbana: “a cidade é uma estranha senhora, que hoje sorri e amanhã te devora”. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro,  v. 13,  n. 6, dez.  2008. CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE AMBIENTAL – CNSA. Resumo Executivo da 1° Conferência Nacional de Saúde Ambiental. Brasília, 2010. 192
  • 212. DAUMAS, R. P; MENDONCA, G. A. S; LEON, A. P. Poluição do ar e mortalidade em idosos no Município do Rio de Janeiro: análise de série temporal. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 20,  n. 1, fev.  2004. FREITAS, C.M; PORTO, M.F. Saúde, ambiente e sustentabilidade. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2006. FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. Informações dos Municípios Paulistas. 2010c. Dis- ponível em: <http://www.seade.sp.gov.br>. Acesso em: dez.2010. GOUVEIA, N. Saúde e meio ambiente nas cidades: os desafios da saúde ambiental. Saúde e Sociedade.  São Paulo,  v. 8,  n. 1, fev.  1999. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-901999000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  jan. 2011. INSTITUTE FOR HEALTH METRICS AND EVALUATION – IHME. 2010. Disponível em: <http://www.healthmetricsande- valuation.org/data/2010/child_mortality/child_mortality_IHME_0610.xls>. Acesso em: jan.2011. LIBANIO, P. A. C; CHERNICHARO, C. A. L; NASCIMENTO, N. O. A dimensão da qualidade de água: avaliação da relação entre indicadores sociais, de disponibilidade hídrica, de saneamento e de saúde pública. Eng. Sanitária e Ambiental.  Rio de Janeiro,  v. 10,  n. 3, set.  2005. MARTINS, L. C. et al . Poluição atmosférica e atendimentos por pneumonia e gripe em São Paulo, Brasil. Rev. Saúde Pública,  São Paulo,  v. 36,  n. 1, fev.  2002 .   MINISTÉRIO DA SAÚDE – MS. Informações de Saúde. 2010. Disponível em <http://www.datasus.gov.br>. Acesso em: dez. 2010. 193
  • 213. 194
  • 215. 196
  • 216. Neste capítulo são apresentados cinco textos analíticos. Trata-se de reflexões acerca de temas estratégicos que buscam apre nder as relações entre desenvolvimento e meio ambiente no Estado de São Paulo. É importante e ressaltar que os textos são assinados por especialistas dentro de cada área específica abordada e representam so- mente a opinião destes, não refletindo a posição desta Secretaria do Meio Ambiente, muito menos do Governo do Estado de São Paulo. O primeiro e o segundo texto intitulados respectivamente de “O fortalecimento da segurança alimentar e am- biental no Estado de São Paulo na concepção do novo Código Florestal brasileiro” e “O Código Florestal tem base científica?”, têm como objetivo analisar como a iniciativa de alterar o Código Florestal brasileiro, uma lei estruturante dos esforços do País pela conservação de seus recursos naturais, e em especial de sua mega biodiver- sidade, poderá se tornar, também no Estado de São Paulo, um instrumento na busca pela segurança alimentar, social e ambiental, fazendo ampla a sua atuação por uma melhor qualidade da vida da população. O terceiro texto trata sobre os “Desafios para São Paulo: biodiversidade, bioenergia e biotecnologia”, abordan- do aspectos referentes ao modelo de desenvolvimento do Estado quanto à proteção de sua biodiversidade e à composição de sua matriz energética, no que diz respeito à busca pela sustentabilidade e ao aquecimento global. O quarto texto discorre sobre “A Alcoolquímica no cenário futuro da cana-de-açúcar”, analisando possíveis pro- cessos de produção industrial a partir do cultivo da cana-de-açúcar, além dos até aqui já praticados açúcar, etanol e geração de energia. E, por fim, o quinto texto aborda o tema “Transição demográfica e envelhecimento populacional no Estado de São Paulo”, que trata da inversão da realidade demográfica do Estado, o qual verá, no ano de 2025, suas popu- lações mais idosas ultrapassarem as mais jovens, impondo a necessidade de, desde já, iniciarmos a construção de um Estado mais sofisticado, com infinitamente maior e melhor escolaridade e capaz de prover de respostas satisfatórias suas populações mais bem formadas e, por força de consequência, mais exigentes. 197
  • 217. 4.1 o fortalecimento da segurança alimentar e ambiental no estado de são Paulo na concepção do novo código Florestal brasileiro eduardo Pires castanho Filho11 ambiente institucional e científico A agropecuária desde sempre provoca reflexões às vezes apaixonadas, seja quanto às questões por ela enfrentadas, seja como resolvê-las ou pelo menos equacioná-las. Para que se possam solucionar problemas, são necessários um arcabouço teórico consistente e uma base sócio política estabilizada e democrática, já que os fundamentos de qualquer atividade estão na Lei. Mudanças preconizadas nos marcos regulatórios devem passar por alteração legislativa. E, esse processo, deve ser alvo de ampla consulta e participação da população, notadamente dos setores mais diretamente envolvidos pela norma que se pretende criar ou alterar. Aparentemente uma obviedade, porém, raramente observada. Parte da legislação é feita sem cumprir essa premissa e acaba produzindo leis que prejudicam aqueles que teoricamente deveriam ser favorecidos, atendendo a interesses de grupos articulados politicamente, mas distantes da proble- mática que pretenderam regulamentar. A par desse pano de fundo, outra condição absolutamente necessária, diz respeito ao instrumental conceitual que embasa as discussões que desembocam na elaboração de normas legais e de políticas públicas. Essa base teórica, no caso da agropecuária e do meio rural, deve focar-se em análises científicas, abrangendo não apenas aspectos biológicos, ambientais e agronômicos, mas também econômicos, políticos e sociológicos, além de histó- ricos, culturais, jurídicos e psicológicos, sem esquecer os simbólicos, enfim, toda a “superestrutura”. Esse instrumental complexo precisa converter-se em ferramentas operacionais que dêem sentido às propostas e as convertam em ações capazes de viabilizar a vontade pretensamente expressa nas normas legais. a avaliação ecossistêmica do Milênio (aeM) Atualmente as análises envolvendo a agropecuária, e que lhe conferem um caráter mais abrangente do que as tra- dicionais, derivam da Avaliação Ecossistêmica do Milênio (VICTOR, sd), que foi proposta à Assembléia Geral da ONU em 2000, com o objetivo de “avaliar as consequências que as mudanças nos ecossistemas trazem para o bem-estar humano e as bases científicas das ações necessárias para melhorar a preservação e uso sustentável desses ecossistemas e sua contribuição ao bem-estar humano”. A AEM veio suprir uma necessidade metodoló- gica, ainda que não tenha se proposto a gerar conhecimentos primários, mas a sistematizar, avaliar, sintetizar, interpretar, integrar e divulgar as informações existentes de forma útil e capaz de ser apropriada por parte dos tomadores de decisão e da sociedade. Ao envolver mais de uma milhar de cientistas de quase uma centena de países criou-se um foro privilegiado para o desenvolvimento das avaliações e discussões de alternativas para o futuro do mundo e de humanidade. A metodologia da AEM é inovadora em vários aspectos. Primeiro, porque foca sua avaliação nos bens e serviços dos ecossistemas, justamente onde se situa a interface do meio ambiente com o bem-estar da humanidade. Como bens e serviços ambientais incluem-se desde a água, regulação climática e estética, até oferta de alimentos e segu- 11 Engenheiro agrônomo, pesquisador científico do Instituto de Economia Agrícola (IEA). 198
  • 218. rança alimentar, de modo que todos os fatores que condicionam a vida humana na Terra devem ser analisados12. E, conseqüência lógica, para que os serviços ambientais sejam preservados, os ecossistemas provedores desses atributos precisam igualmente ser perpetuados. Assim, o principal foco desse estudo foi quais os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas, enfatizando que não existe um serviço mais importante do que outro: todos são igualmente imprescindíveis para o atendi- mento do que o estudo se propôs, e todos dependem da perpetuação de seus respectivos ecossistemas. No balanço encerrado em 2005, 60% dos tipos de serviços avaliados apresentaram graus variados de degradação, o que refletiu uma realidade preocupante, que requer esforços para reverter o quadro apresentado, tanto quanto a questão climática, que possui um foro específico. Dentre os serviços que apresentaram ganhos encontravam-se a agricultura, a pecuária, a aquicultura e o se- questro de CO2. As produções madeireiras e de fibras; as regulações de doenças e de água, bem como o turismo e a recreação, mantinham-se ora com ganhos ora com perdas. Todos os demais apresentavam algum grau de degradação. Isso significa, em termos de diretrizes políticas, que os agroecossistemas devem ser mantidos e melhorados e que os ecossistemas que se apresentaram deteriorados precisam ter prioridade na sua melhoria. Um dos principais problemas apontados pela AEM revelou a ausência de mecanismos de mercado para uma série de serviços, o que dificultava a manutenção dos seus ecossistemas, já que vários dos serviços listados têm até uma importância reconhecida pela população, porém, carecem de condições econômicas mínimas de sustentação. Num primeiro momento, portanto, a presença do Estado é indispensável para realocar recursos da sociedade criando e viabilizando mercados não existentes e, assim, assegurar a manutenção e melhoria dos serviços comuns fazendo a articulação entre os benefícios sociais e o mercado. Será preciso também que as instituições envolvidas busquem maior transparência e prestação de contas sobre o desempenho do governo e do setor privado quanto aos objetivos perseguidos. Quanto à tecnologia, é necessário promover aquelas que possibilitem um maior rendimento das culturas sem impactos negativos e, também, promovam a revitalização dos serviços dos ecossistemas através da sua complexificação. É óbvio que novas posturas sociais e comportamentais, como mudanças nos padrões de consumo, são de- sejáveis e isso deve fazer parte de políticas de comunicação e educação, integrando grupos dependentes dos serviços dos ecossistemas. agropecuária paulista e seus serviços Focando a análise no Estado de São Paulo, percebem-se algumas tendências na agropecuária que podem ajudar na proposição de políticas públicas ecossistêmicas e subsidiar a legislação pertinente, notadamente a Legislação Florestal. 12 De acordo com a AEM os serviços ambientais podem ser classificados em quatro blocos: 1) Serviços de abastecimento ou provisão: alimentar (incluindo frutos do mar, caça, culturas agropecuárias, alimentos selvagens e especiarias); água; princípios ativos, recursos genéticos; energia (hídrica, combustíveis de biomassa). 2) Serviços de suporte: intemperismo de rochas e formação de solos; ciclagem e dispersão de nutrientes; dispersão de sementes; reservatório de material genético; produção primária; controle de erosão e sedimentação. 3) Serviços de regulação : seqüestro de carbono e regulação climática; resíduos de decomposição e desintoxicação; purificação e regularização fluxos de água e ar; polinização de culturas; controle biológico de pragas e doenças. 4) Serviços culturais: inspiração intelectual, cultural e espiritual; experiências recreativas (incluindo o ecoturismo); descobertas científicas. (Victor, 2010). 199
  • 219. Os censos agropecuários indicam claramente uma redução no tamanho das propriedades/unidades produtivas (Ppdds/UPAs) e também da área total dedicada às atividades agropecuárias, levando a que determinadas políticas tenham que ser feitas para conjuntos de Ppdds/UPAs e não para cada uma isoladamente, como particularmente é o caso da política ambiental. Esse fenômeno da redução de tamanho teve como uma das consequências um acréscimo nos custos administrativos, o que tem levado muitos proprietários/ produtores rurais a optarem por associações do tipo parceria ou mesmo pelo arrendamento de suas terras para grandes grupos agroindustriais. As exigências burocráticas das legislações sanitária, trabalhista, fiscal e ambiental também contribuem para que os pequenos e médios produtores se afastem da administração direta de seus negócios, tanto pela complexidade das normas quanto pelos custos acarretados no seu cumprimento. No entanto, a produção deverá continuar crescendo em face do aumento da produtividade, que encontrará a principal barreira na relativa escassez de fertilizantes. Novas tecnologias sustentáveis proporcionarão um aumento da agricultura periurbana e uma integração dos agronegócios, entendidos como processo que vai desde o suprimento à produção até o consumidor final. Concomitantemente, surgirão novas oportunidades de investimentos no meio rural, através de novos “produtos”, representados pelos bens e serviços ecossistêmicos derivados do aumento das “áreas naturais”, a chamada “complexificação” dos agroecossistemas em busca de especialização regional. A agropecuária deverá voltar-se cada vez mais para nichos de mercado e recorrer às certificações de produtos e processos produtivos, adotando cada vez mais o conceito de multifuncionalidade. Ao mesmo tempo, conviverá com uma redução contínua de sua população residente e da força de trabalho, que por sua vez, demandará maior qualificação e treinamento contínuo. É importante verificar que independentemente do que de fato possa acontecer, há necessidade de incorporar conceitos novos sobre o papel dos diversos ecossistemas nos processos de atendimento das necessidades humanas. Florestas intactas, silvicultura, agropecuária e terras urbanas têm cada uma seu papel no desenvolvimento. É importante ter muita clareza sobre a convivência entre os vários tipos de uso do solo e os serviços que podem ser gerados de forma harmônica e duradoura, o que qualquer legislação que vise a sustentabilidade precisa levar em conta, e essa deve ser a espinha dorsal das mudanças no Código Florestal. Da complexidade de uma floresta intacta à simplificação de uma monoculltura, ou até mesmo no ambiente urbano, existe toda uma gama de serviços prestados à sociedade cada um com sua importância, algo que, enfatiza- se, tem que ser refletido na legislação setorial. Ao lado disso, a cada dia que passa, maior é a demanda por produtos naturais, orgânicos ou isentos de agrotóxicos e os mercados a eles associados crescem a taxas explosivas. Esses tipos de produção aproximam, via mercado, esses dois papéis modernos do espaço rural e podem proporcionar uma solução importante na questão do emprego, desde que haja uma legislação que os estimule. Na realidade esses processos são basicamente aqueles empregados pelos programas de qualidade. Ou seja, produzir com o máximo aproveitamento possível dos insumos, sem desperdícios, reciclando, poupando energia e matérias primas, aproveitando sub produtos, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Na produção agropecuária e nas cadeias dos agronegócios que lhes são inerentes, os procedimentos são semelhantes e, assim, todo processo de produção deve estar em perfeita sintonia com essas condições, que são básicas para a obtenção de um produto de qualidade e ambientalmente adequado. Não há produção eficiente, dos pontos de vista econômico, social e ambiental, se a base sobre a qual ela se assenta não é adequada: solos erodidos, cursos d’água assoreados, águas poluídas, pastagens degradadas, áreas sem um mínimo de cobertura florestal, cada vez menos permitirão produzir competitivamente. Dessa forma os processos têm que começar por preservar, manter, conservar e melhorar a quantidade e a qualidade dos recursos ambientais existentes na propriedade. 200
  • 220. A expectativa é, portanto, que a produção agropecuária tradicional migre de produtos baseados em agroecossistemas muito simplificados para outros de maior complexidade, capazes de produzir uma gama maior de serviços ecossistêmicos, portanto, maiores benefícios sociais. Esse processo, no entanto, acarreta um custo financeiro inicial maior. É nesse momento que esse diferencial deverá ser objeto de políticas do Poder Público visando financiar a transição e garantir sua continuidade, por que não existe possibilidade disso ser intermediado pelos mecanismos de mercado existentes. Assim, a eliminação de subsídios que promovem o uso excessivo dos serviços de alguns ecossistemas e a transferência desses subsídios para o pagamento de serviços não comercializáveis, fornecidos por eles, deve ser cada vez mais utilizada, aliada ao uso intensificado de ferramentas econômicas e abordagens baseadas no mercado para a gestão dos serviços dos ecossistemas. Aliado a isso, a tendência estrutural de aumento geral do desemprego, impõe a busca de alternativas de postos de trabalho nos setores que tecnologicamente ainda são absorvedores de mão de obra, fato que, numa primeira instância, aponta atualmente para o rural, dentro dessa nova visão. A geração de empregos rurais pode se dar tanto pela produção de bens (alimentos, fibras, insumos energéticos, matérias primas industriais), como pela prestação de serviços ambientais (melhoria da produção de água, conservação de solo, proteção da biodiversidade, estocagem de carbono, estabilização de encostas, turismo, atividades científicas, educativas e recreativas). A pluralidade de leis regulando aspectos específicos das atividades agropecuárias dão uma idéia da necessidade que existe de se absorver os conceitos de serviços ecossistêmicos, visando racionalizar inclusive a economia setorial e estabelecer políticas que tenham o cunho de atendimento das necessidades da sociedade. distorções científicas e técnicas – água e aquecimento Estas considerações se fazem necessárias para esclarecer certos absurdos técnicos que são veiculados de forma muitas vezes leviana e que distorcem a imagem da agropecuária perante as camadas urbanas da população, desprovidas de conhecimento técnico setorial. São questões técnicas tratadas de modo superficial e que chegam a conclusões incorretas e por vezes inverídicas. Tomem-se dois exemplos que são usados constantemente para justificar posturas auto proclamadas como ambientalistas e que vilanizam sistematicamente a agropecuária, desconsiderando seu papel ecossistêmico. São os casos da produção e consumo de água pelas atividades agropecuárias e da sua participação num suposto aquecimento do planeta. O ciclo hidrológico descreve o movimento da água na atmosfera, biosfera e litosfera, como gás, líquido ou sólido. O processo é bastante influenciado pela energia do sol e pela gravidade. Uma das representações do ciclo hidrológico é feita pela equação de balanço hídrico, onde a precipitação é distribuída em evapotranspiração, deflúvio, recarga de água subterrânea e mudança no estoque de água do solo. Verifica-se que a água disponível para utilização fora da evapotranspiração é de perto de 10% da precipitação do local, no prazo de alguns dias. Ora, fazer como algumas manifestações fazem contra a agricultura, dizendo que sem suas atividades a produção de água seria igual à precipitação, pode ser considerada uma desonestidade intelectual. O “consumo” de água pelas plantas é igual à evapotranspiração que é, em síntese, a quantidade de água necessária para as culturas crescerem de forma otimizada e varia de espécie para espécie, assim como varia a quantidade de água necessária para produzir certa quantidade de qualquer produto. É possível aquilatar tanto os consumos como a necessidade de água para formar um quilo de alguns produtos, bem como a demanda de água por hectare e por ano para cada um. Fazendo-se as devidas comparações fica evidente que as atividades agrope- 201
  • 221. cuárias geram um deflúvio ou escoamento que “produz” o volume de água que é utilizado em outras atividades e, diferentemente do que se propaga, esse volume é maior do que em ecossistemas florestais. A diferença é que estes últimos perenizam os fluxos hidrológicos e mantém as reservas subterrâneas intactas ou mesmo crescentes: daí decorre a tão propalada e necessária proteção aos mananciais com ecossistemas florestais. A pecuária, que na visão de alguns seria a grande vilã quanto ao consumo de água, já que para se “fazer” um quilo de carne seriam necessários de 8 a 15 mil litros, dependendo da fonte de informação, acaba sendo a grande produtora de água do meio rural, dada sua baixa produtividade: 120 kg/ha/ano, o que fornece uma “sobra” de mais de 12 milhões de litros/ha/ano, quando num ecossistema florestal essa quantidade fica ao redor de 4milhões de litros, levando em conta todos os processos descritos nos esquemas do ciclo hidrológico. O que é importante reter é que não se pode consumir água além do deflúvio ou dos escoamentos, para que exista abastecimento de água para outros fins. As culturas irrigadas, por exemplo, precisam ser muito bem dimensionadas e gerenciadas para não consumirem todo esse excedente. O consumo superior à disponibilidade é a causa fundamental da “escassez” de água, como por exemplo, na Grande São Paulo, que precisa “importar” o líquido de bacias hidrográficas mais distantes, visto que a demanda de sua população é maior do que a capacidade de suas próprias bacias produzirem para o seu abastecimento hídrico. Esse é um exemplo didático da integração que existe entre serviços ecossistêmicos e necessidade de criarem-se condições de mercado para alguns deles. Da mesma forma desinformação e alarmismo induzem a colocar a agropecuária como responsável por parte crescente de um aquecimento global. O efeito estufa, fenômeno natural e produzido pela História da Terra, tem o CO2 como um agente fundamental, formador de tecidos vegetal e animal- formador da vida, através das pirâmides energéticas e seus níveis tróficos. A agricultura como agente desse processo, porém, não pode expelir mais carbono do que consome, pois integra o ciclo. O próprio desmatamento, sem que haja queima, não contribui para um eventual aumento do teor de CO2 na atmosfera. Por outro lado, é evidente que as atividades agrosilvopastoris são as grandes responsáveis pela absorção do CO2 atmosférico na parte sólida da crosta terrestre, juntamente com os oceanos, já que as florestas nativas intactas estão em homeostase e, portanto, neutras nesse aspecto. Dessa forma, as discussões que atualmente tem por objeto as atividades agropecuárias nem de longe consideram o papel ecossistêmico dessas atividades, gerando uma visão fragmentada e antagônica da realidade, principalmente do meio rural. Além do mais, maior concentração de CO2 contribui para aumentar a produtividade primária nas cadeias tróficas, evidentemente que dentro de certos limites, e, portanto, aumenta a capacidade da Terra em absorver esses gases transformando-os em tecidos vivos (CASTANHO, 2009). A eliminação dos desmatamentos e das queimadas, a adoção de técnicas sustentáveis pela agropecuária, o aumento de produtividade das pastagens, o incremento das áreas florestais, a proteção da biodiversidade e assim por diante, são compromissos que devem ser assumidos porque apontam para um mundo melhor, mais equilibrado e mais sustentável, transitando de ecossistemas simples para os de maior complexidade. Atribuir à agricultura e à pecuária parcela de responsabilidade pela emissão de gases efeito-estufa é desconhecer completamente como se processam essas atividades. E se desconhece mesmo, é só ver o caso do metano: há quem atribua ao gado estabulado, que come comida de humano, melhor performance carbônica do que àquele que come comida de gado e vive nos pastos. Colocar os efeitos de queimadas, no mais das vezes criminosas, como emissão de gases estufa pela pecuária é, no mínimo, leviano. O crescimento das pastagens e a estocagem de carbono, que é feita por elas, não são levadas em consideração e mesmo o metano que já foi 21 vezes mais “nocivo” que o CO2, depois de passar por 6 vezes, hoje é 4, e seu teor diminui na atmosfera. Por esse prisma pouco científico, apenas as florestas nativas tem capacidade de fornecer bens e serviços “bons”. Por essa visão, decorrente de uma ideologização dos problemas oriundos da separação histórica rural-urbana, as atividades humanas são “nocivas” por princípio e precisam ser duramente combatidas ou mesmo eliminadas. 202
  • 222. Está-se criando inclusive uma xenofobiologia, onde tudo que é exótico é ruim e deve ser combatido, não se dando conta que, qualquer introdução de novas espécies, executada com rigor técnico, se configura num aumento de biodiversidade. Agropecuária como reguladora do clima e dos fluxos hidrológicos, além de absorvedora de carbono, acaba sendo ignorada quando se discutem legislações para o setor, impondo- se- lhe medidas restritivas e mesmo coercitivas sem base científica. as mudanças no código Florestal brasileiro Percebe-se, portanto, que enquanto as demandas ambientais mundiais focam em assuntos como mudanças climáticas, descarbonização dos modelos econômicos e outros conceitos além de apenas o PIB para medir desenvolvimento, como os derivados da AEM, aqui no Brasil, ainda se discutem alterações do Código Florestal Brasileiro com conceitos de 45 anos atrás. Nenhuma incorporação dos avanços da ciência ocorridos nessas quase cinco décadas, como os relatados nas análises anteriores, são levados em consideração e muito menos incorporados à legislação quando se debatem mudanças que deveriam estar protegendo os ecossistemas brasileiros. Continuam aferrados a um texto produzido nos idos de 1965, perdendo oportunidade única de colocar a questão em patamares mais modernos e científicos. Essa Lei ordena relações que se dão no mesmo espaço físico, onde convivem a produção privada para o mercado e a produção de outros serviços ecossistêmicos, que são públicos e que deveriam também ser valorados e remunerados. Além disso, nesse mesmo espaço coexistem desde ecossistemas complexos e intocados, até ecossistemas degradados que precisam ser alvo de políticas públicas específicas. Tratar adequadamente esses novos conceitos é o real desafio para os que querem que o Código Florestal atinja seus objetivos ambientais, sociais e econômicos. Não se pode permanecer como atualmente, onde a maior parte dos que são regidos por ele estão na “ilegalidade”. Obstar sua mudança não vai modificar essa situação, muito menos resolver a questão ambiental brasileira no que tange ao espaço rural. Se uma lei em vigor há mais de 45 anos não conseguiu conter a devastação, porque sua manutenção conseguiria? No entanto, a discussão travada, pelo visto, passa longe disso, eivada de uma carga de “ismos” e desqualificações de lado a lado que só leva ao impasse e ao crescimento de animosidades. As vertentes contra ou favoráveis às alterações na legislação dizem querer uma produção sustentável. Para que isso aconteça seria preciso discutir os vários tipos de produtos e serviços derivados dos diferentes ecossistemas e como adequá-los à sustentabilidade e, para isso, o instrumental oferecido pela AEM é precioso. Para haver uma legislação efetiva, devem-se incorporar novos conceitos gestados à luz da ciência, prevendo revisões periódicas para incorporar avanços posteriores. Tais conceitos auxiliariam a resolver os problemas políticos que emergem das responsabilidades de cada agente no processo: os vários tipos de serviços ecossistêmicos prestados e suas gradações sociais; sobre quem recairiam os custos da produção desses serviços, e assim por diante. Em qualquer avaliação ambiental a unidade de análise e intervenção é o ecossistema, e o princípio mais bá- sico o da manutenção da diversidade. Cada ecossistema merece tratamento específico. Assim, para cada caso, o projeto técnico, com as bacias hidrográficas e os biomas como focos de análise, deve ser o instrumento, por excelência da Lei, que deve estabelecer formas de pagamento pelos serviços ecossistêmicos prestados à sociedade e não como é atualmente onde se propõe penalizar o produtor do serviço, na contra mão do que é preconizado pela AEM. 203
  • 223. Uma forma de dar início a uma política pública de pagamentos por serviços ecossistêmicos seria utilizar valores baseados no custo de oportunidade médio das terras do Estado. Fazendo-se uma hipotética evolução para 30 anos, que seria o prazo previsto para a adequação ambiental, esse dispêndio estaria ao redor de R$ 37 milhões no primeiro ano, acumulando quantias semelhantes por ano até que se chegasse ao ponto desejado. No último ano e a partir daí, haveria uma estabilização em torno de R$ 1 bilhão anuais, ou seja, de 2,5 a 3% do valor atual da produção agropecuária estadual, volume perfeitamente absorvível pelo atual sistema de impostos vigente no Estado, representando não mais do que 30% do ICMS arrecadado no setor rural. Hoje na legislação os aspectos mais controversos dizem respeito a dois conceitos: Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL). Na concepção original do Código, essas áreas eram complementares e podiam ser superpostas já que suas funções eram a proteção dos recursos naturais. Em 2001, houve uma mudança substancial, criando-se dois tipos de florestas de proteção dentro de uma mesma propriedade, remetendo inclusive a funções estipuladas na Constituição, que são imperativas do Poder Público (CASTANHO, 2009). A Reserva Legal, tal como formulada atualmente, se constitui numa anomalia jurídica e, além disso, técnica, porque ao estabelecer um percentual fixo por propriedade para reserva florestal, não se baseou em nenhuma avaliação lastreada em conceitos científicos ou técnicos. Tais conceituações deveriam indicar que o tamanho de uma reserva florestal deveria ser de um percentual fixo por propriedade, para que os objetivos de conservação, definidos na MP, fossem alcançados. Pelo contrário, esse método leva à extinção de espécies que necessitam grandes territórios para sua manutenção, intensifica a endogamia em áreas pequenas e confinadas, além de favorecer o descontrole populacional pela quebra de cadeias tróficas, com o reaparecimento de epidemias há muito controladas. Além disso, a MP, ao determinar um percentual fixo em cada propriedade, discrimina indivíduos, ao pretender tratar igualmente coisas que são absolutamente desiguais. A mesma unidade de área pode variar em muitos aspectos, além obviamente do tamanho: físicos, químicos, biológicos, climáticos, locacionais, históricos, pela incorporação de tecnologia e capital, pela sua fragilidade ambiental, pela sua rentabilidade, pela exploração técnica e pelo tipo de cultura que é feita, além de vários outros aspectos. impactos socioeconômicos É óbvio que essa regra dos 20%, se aplicada como está, reduzirá a renda e o emprego do setor, principalmente no Estado de São Paulo, no Sudeste e no Sul do País, podendo ter um impacto não desprezível na questão da segurança alimentar. A área para recomposição da reserva legal equivale a mais da metade de toda área estadual ocupada com pasta- gens, que era de 8,07 milhões de hectares em 2008, implicando na redução da área agropecuária paulista (lavou- ras, pastagens e florestas econômicas) dos atuais 20,5 milhões de hectares para 16,4 milhões de hectares. Desses 20,5 milhões de hectares, quase 2,5 milhões são ocupados com florestas de propriedade privada, corresponden- do, grosso modo, à área de preservação permanente existente no Estado de São Paulo, sendo 2 milhões relativas às matas ciliares e meio milhão aos terrenos inclinados e topos de morro. Assim, precisariam ser destinados à reserva legal mais de 4 milhões de hectares. Estimativas dos impactos podem ser feitas pelo valor médio da produção por unidade de área, que em 2008, era de pouco mais de R$ 2.000,00/hectare. Assim, a redução da renda agropecuária bruta paulista atingiria o montante de mais de R$ 8 bilhões, que somados aos custos da recomposição que demandarão no mínimo mais R$ 16 bilhões, atingiriam R$ 24 bilhões, ou seja, 56% da riqueza gerada pela agropecuária paulista em 2008. 204
  • 224. Além disso, essa dualidade de tipos de florestas de proteção não consegue enxergar uma política pública que de fato permitisse que o Estado tivesse uma preservação eficiente, sem desorganizar e penalizar a pro- dução existente13. A sustentabilidade deve nortear esses debates e as propostas de mudança. Não se pode perder essa oportunida- de, correndo o risco de se destruir o que foi construído durante séculos. referências VICTOR, R. Avaliação Ecossistêmica do Milênio - Ecossistemas e bem- estar humano. Instituto Florestal. 56 páginas. Disponível em: <http://www.rbma.org.br/mercadomataatlantica/pdf/sem_ma_serv_amb_18.pdf> Acesso em: ago. 2010. CASTANHO, E. P. “Oportunidades em mudanças na reserva legal”. TD-n°.13/2009. Textos para discussão. Site do IEA, jul. 2009. 13 Este texto foi baseado em trabalhos já publicados, especialmente: “Oportunidades em mudanças na reserva legal”. TD-n°.13/ 2009. Textos para discussão. Site IEA, jul. 2009. “Agricultura e aquecimento global”. Análises e Indicadores do Agronegócio; Site IEA. Vol.5. N°2. 4 p. Fev, 2010. “Aquecimento global, agropecuária e reserva legal” Mercado Futuro. Site de Antonio Reche. Abril , 2010; “Modernizar e tecnificar o Código Florestal”. Análises e Indicadores do Agronegócio; Site IEA. Vol.5. N°6. 3 p. jun. 2010. Em colaboração com Antonio Carlos de Macedo. “Código florestal deve incorporar avanços da ciência”. Mercado Futuro. Site de Antonio Reche. Julho, 2010; “Agropecuária na avaliação do milênio”. TD nº 24/ 2010. 14p. Textos para discussão. Site IEA, outubro. 2010. 205
  • 225. 4.2 o código Florestal tem base científica?14 Jean Paul Metzger15 introdução Existem muitas dúvidas sobre qual foi o embasamento científico que permitiu definir os parâmetros e os critérios da lei 4.771/65 de 15 de Setembro de 1965, mais conhecida como Código Florestal. Dentre estas dúvidas, podemos incluir as bases teóricas que permitiram definir: i) as larguras das Áreas de Preservação Permanente (APP); ii) a extensão das Reservas Legais (RL) nos diferentes biomas brasileiros; iii) a necessidade de se separar RL da APP, e de se manter RL com espécies nativas; e iv) a possibilidade de se agrupar as RL de diferentes proprietários em fragmentos maiores. Neste artigo, eu procuro analisar estas questões, tentando entender se os avanços da ciência nos últimos 45 anos permitem, ou não, sustentar o Código Florestal de 1965 e suas modificações ocorridas posteriormente. Esse trabalho não tem por objetivo fazer uma compilação completa de trabalhos científicos relacionados ao Código Florestal, objetivo esse que demandaria um tempo e esforço muito mais amplo. Dada a minha especialidade, eu vou me limitar à discussão dos quatro pontos acima, para os quais a ecologia tem importantes contribuições. Ademais, eu me ative a trabalhos feitos em ecossistemas brasileiros, para considerar a complexidade e as particularidades destes sistemas. Limitei também a busca a trabalhos com amplo respaldo internacional, dando assim preferência a artigos publicados em revistas científicas internacionais e/ou compilados pelos sistemas Scopus (http://www.scopus.com/) ou ISI Web of Knowledge (http://apps.isiknowledge.com/). Qual a extensão mínima das áreas de Preservação Permanente? O Código Florestal estipula uma série de larguras mínimas de áreas de proteção ao longo de cursos d´água, reservatórios e nascentes. Qual foi a base científica usada para definir que corredores ripários deveriam ter no mínimo 30 m de proteção ao longo de cada margem do rio (além do limite das cheias anuais)? Será que essa largura não deveria variar com a topografia da margem, com o tipo de solo, com o tipo de vegetação, ou com o clima, em particular com a pluviosidade local? A efetividade destas faixas de vegetação remanescente certamente depende de uma série de fatores, dentre eles o tipo de serviço ecossistêmico considerado e a largura de vegetação preservada. Por exemplo, há dados que indicam que larguras de 30 m seriam suficientes para as matas ripárias retirarem da água do lençol freático boa parte dos nitratos vindos dos campos agrícolas (PINAY & DÉCAMPS, 1988). No entanto, dada suas múltiplas funções, incluindo a fixação de solo, proteção de recursos hídricos e conservação de fauna e flora, deve-se pensar na largura mínima suficiente para que esta faixa desempenhe de forma satisfatória todas as suas funções. Por consequência, a definição desta largura no âmbito do Código Florestal deveria respeitar a função mais exigente. Eu não pretendo aqui fazer uma ampla revisão sobre a influência da largura das APP, mas penso que a conservação da biodiversidade possa ser um dos fatores mais limitantes para a definição de larguras mínimas, e por isso foquei minha revisão neste aspecto, dando ênfase ao caso das matas ripárias. 14 Este artigo já foi publicado na Revista “Natureza & Conservação”, volume 8, em julho de 2010. 15 Professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) 206
  • 226. Em termos biológicos, os corredores são reconhecidos como elementos que facilitam o fluxo de indivíduos ao longo da paisagem. Em paisagens fragmentadas, quando o habitat original encontra-se disperso em inúmeros fragmentos, isolando e reduzindo o tamanho das populações nativas, a sobrevivência das espécies depende de suas habilidades de se deslocarem pela paisagem. Nestas condições, os corredores podem ter papel capital, pois muitas espécies não conseguem usar ou cruzar áreas abertas criadas pelo homem, nem quando se trata de áreas muito estreitas como estradas (DEVELEY & STOUFFER, 2001), e a existência de uma continuidade na cobertura vegetacional original é assim essencial. Dentre os benefícios dos corredores, já comprovados por pesquisa no Brasil, estão o aumento da diversidade genética (ALMEIDA VIEIRA & DE CARVALHO, 2008), o aumento da conectividade da paisagem, possibilitando o uso de vários pequenos fragmentos remanescentes de habitat, que isoladamente não sustentariam as populações (AWADE e METZGER, 2008; BOSCOLO et al. 2008; MARTENSEN et al. 2008), a amenização dos efeitos da fragmentação (PARDINI et al. 2005), e o potencial de amenizar os impactos de mudanças climáticas, numa escala temporal mais ampla (MARINI et al. 2009). A importância de florestas ripárias foi evidenciada em diferentes biomas brasileiros, e para diferentes grupos taxonômicos. A maior parte dos estudos foi feita na Floresta Atlântica (METZGER et al. 1997; UEZU et al. 2005; MARINHO-FILHO & VERISSIMO, 2007; KEUROGHLIAN & EATON, 2008; MALTCHIK et al. 2008; MARTENSEN et al. 2008), mas existem dados também para Floresta Amazônica (LIMA & GASCON, 1999; MICHALSKI et al. 2006; LEES & PERES, 2008), Caatinga (MOURA & SCHLINDWEIN, 2009), Pantanal (QUIGLEY & CRAWSHAW, 1992) e Cerrado (TUBELIS et al. 2004). Em relação aos grupos taxonômicos, há dados para árvores (METZGER et al. 1997), anfíbios (LIMA & GASCON, 1999; MALTCHIK et al. 2008), aves (TUBELIS et al. 2004; UEZU et al. 2005; MARTENSEN et al. 2008), grandes mamíferos (QUIGLEY & CRAWSHAW, 1992; MARINHO-FILHO & VERISSIMO, 2007; KEUROGHLIAN & EATON, 2008; LEES & PERES, 2008), pequenos mamíferos (LIMA & GASCON, 1999) e abelhas (MOURA & SCHLINDWEIN, 2009). Não há dúvidas que independentemente do bioma ou do grupo taxonômico considerado, toda paisagem deveria manter corredores ripários, dado os seus benefícios para a conservação das espécies. Os benefícios dos corredores podem estar relacionados à largura, extensão, continuidade e qualidade dos corredores (LAURANCE e LAURANCE, 1999), à topografia e largura das áreas de influência ripária (METZGER et al. 1997), entre outros fatores, mas sem dúvida o fator mais importante é a largura. Esta largura afeta a qualidade do habitat, regulando a área impactada pelos efeitos de borda, i.e. pelas as modificações micro- climáticas e pelo aumento das perturbações que ocorrem nas bordas destes habitats. Em ambiente florestal, há aumento da luminosidade e do ressecamento do ar e do solo, além de um aumento na entrada de espécies invasoras e generalistas (vindas de áreas antrópicas), e de perturbações ocasionais (rajadas de vento, queimadas) que excluem algumas espécies nativas, mais especializadas em sombra, e levam a uma maior mortalidade. Esses efeitos de borda podem variar em extensão em função das espécies e dos processos considerados, e também de acordo com as características físicas do local, em particular com a orientação solar, a latitude e o tipo de matriz de ocupação adjacente, que influenciam na quantidade de radiação solar incidente. De uma forma geral, os efeitos mais intensos ocorrem nos 100 primeiros metros (LAURANCE et al. 2002), o que implica que corredores com menos de 200 m são formados essencialmente por ambientes de borda, altamente perturbados. Assim, alguns autores sugerem que corredores estreitos perderiam parte de sua utilidade, por favorecerem unicamente espécies generalistas, que suportam os efeitos de borda (SANTOS et al. 2008; LOPES et al. 2009). Espécies mais estritamente florestais necessitariam de corredores de pelo menos 200 m de largura (LAURANCE e LAURANCE, 1999; LEES & PERES, 2008). Trabalhos que consideraram a funcionalidade biológica dos corredores em função da largura indicam valores mínimos superiores a 100 m. Na Amazônia, larguras de 140 a 190 m são necessárias para haver certa similaridade entre as comunidades de pequenos mamíferos e de anfíbios de serapilheira entre elementos florestais lineares e 207
  • 227. uma área controle de floresta contínua (LIMA & GASCON, 1999). Ainda na Amazônia, Lee & Peres (2008) recensearam aves e mamíferos em 32 corredores, e observaram que a acumulação de espécies ocorreu até 400 m de largura para os dois grupos. A partir desse conjunto de dados, que devem representar situações encontradas em outras regiões da Amazônia, os autores sugerem que as APP ao longo de rios deveriam manter pelo menos 200 m de área florestada de cada lado do rio para que haja uma plena conservação da biodiversidade. A manutenção de corredores de 60 m (30 m de cada lado do rio), conforme a legislação atual, resultaria na conservação de apenas 60% das espécies locais. No Cerrado, Tubelis et al. (2004) sugerem que as matas de galeria tenham pelos menos 120 m de largura para a devida proteção das aves. Na Mata Atlântica, Metzger et al. (1997, 1998) trabalharam com 15 corredores de mata ripária ao longo do rio Jacaré-Pepira, no interior do estado de São Paulo. Nestes corredores, que variaram de 30 a 650 m de largura, os autores levantaram a diversidade de árvores e arbustos, e puderam observar que apenas 55% delas estava presente em corredores de menos de 50 m, enquanto 80% estava presente em corredores com mais 100 m. Esses dados confirmam que corredores de apenas 30 m têm capacidade muito limitada de manutenção da biodiversidade. Desta forma, o conhecimento científico obtido nestes últimos anos permite não apenas sustentar os valores indicados no Código Florestal de 1965 em relação à extensão das Áreas de Preservação Permanente, mas na realidade indicam a necessidade de expansão destes valores para limiares mínimos de pelos menos 100 m (50 m de cada lado do rio), independentemente do bioma, do grupo taxonômico, do solo ou do tipo de topografia. Qual a quantidade mínima de rl em termos de conservação da biodiversidade? A extensão das Reservas Legais varia entre biomas, sendo mais ampla na Amazônia, e mais restrita em outras regiões do Brasil. Há dados científicos que permitam sustentar os valores de 20, 35 e 80% de RL? O adequado debate dessas questões necessita considerar, antes de mais nada, a função das RL. Apesar de inicialmente essas reservas terem sido planejadas como reservas de “exploração florestal”, elas são hoje em dia consideradas, segundo o Código Florestal, como áreas voltadas ao: [...] uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas (Código Florestal). Trata-se, basicamente, de elementos da paisagem que deveriam promover ou auxiliar a conservação da biodiversidade. Neste âmbito, a definição da extensão das RL poderia ser pautada, teoricamente, em questões relacionadas com Populações Mínimas Viáveis, ou com áreas mínimas para se manter populações viáveis de grande predadores. Infelizmente, as evidências empíricas descartam a existência de um valor único, válido para todas as populações e comunidades, e apontam para áreas muito extensas para se conservar a integridade de um sistema ecológico (SOULÉ & SIMBERLOFF, 1986). Esta literatura é certamente útil para definição das áreas das Unidades de Conservação, mas é de pouco valor no caso das RL. Por outro lado, há um conjunto de dados e teorias, mais recentes, que são de grande valia nesta questão: os limiares de percolação e de fragmentação. O limiar de percolação é a quantidade mínima de habitat necessária numa determinada paisagem para que uma espécie, que não tem capacidade de sair do seu habitat, possa cruzar a paisagem de uma ponta a outra. A teoria da percolação foi desenvolvida inicialmente na física, para solucionar questões sobre a quantidade mínima de material condutor necessário para prover condutividade elétrica, e agora é amplamente utilizada em ecologia para questões de conectividade biológica. Em simulações feitas em computador, foi possível definir o limiar de percolação como sendo de 59,28% em paisagens aleatórias, homogêneas (STAUFFER, 1985). Acima deste valor, o habitat encontra-se ainda mais agrupado, em grandes fragmentos, favorecendo os fluxos biológicos pela paisagem, inclusive de espécies que não se deslocam fora do seu habitat. No limiar, há uma mudança brusca 208
  • 228. na estrutura da paisagem, com redução no tamanho dos fragmentos, aumento no número e no isolamento dos fragmentos, e logo perda repentina da conectividade da paisagem. Isso resulta em paisagens fragmentadas, com baixa capacidade de manter diversidade biológica (METZGER & DÉCAMPS, 1997). Apesar deste valor ter sido definido para paisagens aleatórias, estudos considerando três padrões distintos de fragmentação na Amazônia sustentam a ocorrência de mudanças bruscas em valores próximos a 60% (OLIVEIRA-FILHO & METZGER, 2006). Na realidade, ocorrem mudanças estruturais bruscas em diferentes momentos. Em particular, há uma perda brusca no tamanho médio dos fragmentos por volta de 70 a 80% de habitat remanescente, além do esperado aumento do isolamento, da fragmentação e redução da conectividade para valores intermediários (30 a 60%). Todas essas modificações levam a uma redução na capacidade da paisagem de sustentar diversidade biológica. Esse conjunto de dados indica a necessidade de se manter 60 a 70% do habitat original para que a paisagem tenha uma estrutura adequada para fins de conservação. Valores mais baixos de cobertura nativa ainda poderiam resultar em estruturas favoráveis para conservação, mas isso unicamente no caso de haver forte agregação deste habitat (METZGER, 2001). Porém, como o controle sobre a agregação das RL não é uma tarefa fácil em termos operacionais, esta opção não deveria ser considerada. Na Amazônia, onde temos um vasto patrimônio biológico e genético ainda pouco conhecido, e relativamente conservado, dever-se- ia manter paisagens com pelo menos 60% de cobertura (METZGER, 2002), ou de preferência com mais de 70%, para se evitar os efeitos iniciais da redução brusca do tamanho dos fragmentos. Essas paisagens poderiam permear as Unidades de Conservação e as Terras Indígenas, facilitando desta forma o fluxo de boa parte das espécies entre estas unidades, contribuindo para a conservação da biodiversidade numa escala regional. Se a extensão das APP estiver entre 10 a 20%, como apontam dados preliminares de Miranda et al. (2008), as RL deveriam ser de pelo menos 50%, e preferencialmente mais de 60%. Os valores estipulados atualmente pelo Código Florestal para a Amazônia são um pouco mais altos (80%, incluindo as APP), e podem ser justificados pelo princípio de precaução, dada à imensa riqueza biológica encontrada nestes sistemas, pelo conhecimento ainda restrito sobre os efeitos em longo prazo do desmatamento na Amazônia, e pelas amplas possibilidades de exploração sustentável de produtos florestais. Em outras regiões mais intensamente ocupadas, onde a taxa de conversão de habitat nativo para uso humano foi mais intenso (e.g. na Mata Atlântica, no Cerrado, na Caatinga), esse limiar não poderia ser aplicado, a não ser que se pense em amplas ações de restauração. Porém, nesses casos de maior perda da cobertura nativa, há um outro conjunto de dados, que surgiu nos últimos vinte anos, que permite avaliar a extensão da RL: trata-se do limiar de fragmentação (ANDRÉN, 1994; FAHRIG, 2003). Segundo revisões feitas por esses autores, baseadas essencialmente em espécies de áreas temperadas, existiria um limiar de cobertura de habitat abaixo do qual os efeitos da fragmentação (i.e., da sub-divisão do habitat) se somariam aos efeitos da perda do habitat. Assim, acima deste limiar, que em geral é indicado por volta de 30% de habitat remanescente, os efeitos sobre a redução populacional ou a perda de diversidade biológica seriam principalmente devido à perda do habitat, enquanto que abaixo deste limiar haveria também um efeito forte da distribuição espacial do habitat, em particular de sua sub-divisão. Esse limiar não é unânime e nem sempre há suporte empírico para ele, como têm demonstrados alguns resultados obtidos em zona tropical que relatam efeitos de fragmentação ao longo de todo o processo de perda de habitat (DEVELEY & METZGER, 2006), ou então que indicam que esse limiar pode variar em função do grupo de organismos considerados, em particular em função da sensibilidade deles à perda de habitat (LINDENMAYER & LUCK, 2005). Porém, há claras evidências, inclusive obtidas recentemente no Brasil, que paisagens com menos de 30% de habitat tendem a ter apenas fragmentos pequenos e muito isolados, e suportam por conseqüência comunidades muito empobrecidas, e isso para diferentes grupos taxonômicos (MARTENSEN et al. 2008; METZGER et al. 2009). O limiar de 30% poderia ser considerado, assim, como um limite mínimo de cobertura nativa que uma paisagem intensamente utilizada pelo homem deveria ter, permitindo conciliar uso econômico e conservação biológica. Dado que as estimativas de porcentagem de APP variam para a grande maioria dos estados brasileiros de 10 a 20% do território (MIRANDA et al. 2008), já excluindo as Unidades de Conservação (inclusive as de Uso Sustentável) e Terras Indígenas, o valor de 20% para RL permitiria manter, na maioria dos casos, uma cobertura acima deste limiar. 209
  • 229. Desta forma, a literatura sobre limiares em ecologia sustenta a definição de limites mínimos de RL de 50% ou preferencialmente 60% na Amazônia, e de pelo menos 20% em regiões mais intensamente ocupadas, isso sem incluir as APP nestes percentuais. reserva legal: sua função pode ser mantida com a incorporação das aPP ou com o uso de espécies exóticas? Há fortes pressões para se flexibilizar o Código Florestal, no intuito principal de facilitar a expansão econômica e a regularização de atividades agrícolas, e isso poderia ser obtido por duas formas: i) a inclusão das APP no cômputo das RL; e ii) o uso de espécies de interesse econômico, em geral exóticas, numa parte destas reservas. Mais uma vez, a questão levantada aqui é de saber quais são as bases científicas para essas mudanças. A inclusão das Áreas de Preservação Permanente no cômputo da Reserva Legal já é prevista no Código Florestal, podendo ocorrer para todas as propriedades em áreas florestadas da Amazônia Legal, ou então quando APP e RL somam 50% ou mais da propriedade nas demais regiões do Brasil (ou seja, quando as APP cobrem mais de 30% da propriedade), ou 25% no caso das propriedades pequenas, que são aquela com 30 ou 50 ha, em função da localização no país. A questão é de saber se a inclusão da APP no cômputo da RL pode ser generalizada, ao invés de ocorrer apenas nas três situações mencionadas acima. Esta ampla inclusão é defendida por aqueles que consi- deram insuficientes as áreas disponíveis atualmente para expansão agrícola, urbana ou industrial (MIRANDA et al. 2008). Por outro lado, essa inclusão é rebatida de diversas formas, sendo o argumento mais comum o fato de ca. 3 milhões de km2 serem área mais do que suficiente para a expansão das atividades econômicas, além da existência de amplas áreas já utilizadas, mas que se encontram degradadas, e que deveriam ser alvo de projetos de recuperação para futura exploração. Esses argumentos são sem dúvida pertinentes, porém eu gostaria de acres- centar ao debate uma outra linha de raciocínio, apresentada a seguir. Como dito anteriormente, as RL visam essencialmente à conservação da biodiversidade e ao uso sustentável de recursos naturais, enquanto as APP têm como: [...] função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (artigo primeiro do Código Florestal). As APP basicamente evitam a erosão de terrenos declivosos e a colmatagem dos rios, asseguram os recursos hídricos, propiciam fluxo gênico, e prestam assim serviços ambientais capitais. Certamente essas áreas também contribuem para a conservação da biodiversidade, porém considerá-las equivalentes às RL seria um grande erro. Por se situarem justo adjacentes às áreas ripárias, em terrenos declivosos, ou ainda em restingas, tabuleiros, chapadas, e em áreas elevadas (acima de 1.800 m de altitude), as APP apresentam embasamento geológico e pedológico, clima e dinâmica hidro-geomorfológica distintas daquelas situadas distantes dos rios, em terrenos planos, mais longe das influências marinhas, ou em altitudes mais baixas. Em conseqüência disso, a composição de espécies da flora e da fauna nativa varia enormemente quando se comparam áreas situadas dentro e fora das APP. As evidências mais claras destas variações foram obtidas ao longo dos rios, mostrando, em particular, que a composição arbórea muda em função da distância ao leito do rio, sendo que as diferenças mais bruscas são obtidas nos primeiros 10-20 m (OLIVEIRA-FILHO 1994a,b; METZGER et al. 1997; RODRIGUES & LEITÃO-FILHO, 2004). Ou seja, as APP não protegem as mesmas espécies presentes nas RL, e vice-versa. Em termos de conservação biológica, essas áreas se complementam, pois são biologicamente distintas, e seria um grande erro ecológico considerá-las como equivalentes. Todo planejamento territorial deveria considerar a heterogeneidade biológica, e um dos primeiros passos neste sentido é distinguir RL e APP, mantendo estratégias distintas para a conservação nestas duas situações. 210
  • 230. O segundo mecanismo de flexibilização das RL também já está parcialmente contemplado no Código Florestal, uma vez que em: [...] pequenas propriedades ou de posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas (terceiro parágrafo do artigo 16). O que se discute, mais recentemente, é a ampliação desta flexibilização, permitindo que até 50% da RL possa ser composta por espécies exóticas, como o dendê ou o Eucalipto. Qual seria a efetividade da RL em termos de conser- vação biológica neste caso? Creio que já temos dados concretos para responder essa pergunta, em particular vindos de estudos de sistemas consorciados na Bahia, e de plantações de Eucalipto na Amazônia e na Mata Atlântica. Na região de Ilhéus, um grupo de pesquisadores das Universidades Estaduais de Campinas, São Paulo e Santa Cruz estudou o valor, em termos de conservação, de um sistema denominado “cabruca”, que são plantações de cacau som- breadas por um dossel de mata (FARIA et al. 2006, 2007; PARDINI et al. 2009). A principal conclusão que esses pesquisadores chegaram é que o valor da cabruca depende do contexto no qual ela se encontra. Em paisagens pre- dominantemente florestais, com amplas extensões de florestas maduras (ca. 50%), e também com presença de man- chas de florestas secundárias (16%) e áreas produtivas florestadas (no caso, cabrucas, que cobrem 6% da paisagem, e seringais), as cabrucas conseguem manter uma parcela considerável das comunidades estudadas (samambaia, sapos, lagartos, morcegos e aves). No entanto, em outra paisagem vizinha, na qual as cabrucas dominam a paisagem (ca. 82%), e os remanescentes florestais são reduzidos (ca. 5%) e fragmentados, estes sistemas são extremamente emprobrecidos, e mantêm uma parcela pequena da biodiversidade regional (FARIA et al. 2006, 2007). Ou seja, a ocorrência ou manutenção da fauna e flora nativa em cabrucas depende da existência de uma fonte de espécie próxima relativamente extensa. Isso significa que em paisagens predominantemente florestais, tais quais as que se quer conservar na Amazônia, sistemas similares ao das cabrucas poderiam ser considerados como boas alternativas de uso sustentável de recursos naturais em parte da RL (sendo que a extensão destas áreas deve ser estudada com cuidado). No entanto, em outras regiões do Brasil, onde a vegetação nativa já está consideravelmente reduzida e fragmentada, RL formadas por sistemas que intercalam espécies plantadas de interesse econômico com espécies nativas teriam reduzido valor conservacionista, e esta opção deveria ser evitada. No caso das plantações de espécies de uso comercial, em geral exóticas, como o Eucalipto, a situação é distinta. Estudos promovidos no Rio Grande do Sul mostram que estas monoculturas arbóreas podem conter parte da biota nativa, porém isso depende fortemente do tipo de manejo da plantação, e em particular da manutenção da regeneração de espécies nativas no sub-bosque, e da ligação das áreas plantadas com fontes de espécies na- tivas próximas (FONSECA et al. 2009). Infelizmente, a grande maioria dos reflorestamentos comerciais não segue essas regras. Num dos mais completos estudos sobre esses reflorestamentos feitos no país, no projeto Jarí (Amazônia), Barlow et al. (2007a, b) mostraram, para diferentes grupos taxonômicos, haver baixa similaridade de espécies entre florestas nativas maduras e áreas de reflorestamento, deixando claro o limitado valor destas plantações em conservar espécies nativas. Logo, independentemente da cobertura florestal remanes ente na paisagem, não é aconselhável a substituição de c RL de espécies nativas por plantações homogêneas de espécies exóticas. Por outro lado, sistemas consorciados de espécies nativas e de interesse econômico podem ser opções interessantes para parte das RL da Amazônia, num contexto de ampla cobertura florestal nativa. Ademais, a fusão de APP e RL seria temerária em termos biológicos simplesmente porque estas têm funções e composições de espécies distintas, e desempenham assim papeis complementares em termos de conservação da biodiversidade. devemos manter pequenos fragmentos de vegetação nativa sob forma de rl? O valor de pequenos fragmentos de RL para a conservação da biodiversidade vem sendo questionado, levando a propostas de não mais contabilizar essas reservas por propriedade, mas sim por bacia hidrográfica ou mesmo por bioma, de forma a agrupar essas áreas em fragmentos maiores, e assim aumentar seu valor biológico. Esse 211
  • 231. mecanismo é conhecido como “regime de condomínio”, e já foi inserido no Código Florestal. Essa opção de agregação das RL tem respaldo em ampla discussão ocorrida nas décadas de 1970 e 1980, que considerava duas opções principais de conservação: um único fragmento grande, ou vários pequenos fragmentos de área equivalente ao fragmento grande (em Inglês, “Single Large or Several Small”, comumente denominada de SLOSS; (SIMBERLOFF & ABELE, 1976, 1982; DIAMOND, 1975, 1976). Apesar desta questão não considerar fatores essenciais para uma devida comparação, em particular o tamanho dos fragmentos pequenos e o grau de isolamento entre eles, a discussão evidenciou que muitos fragmentos pequenos podem abrigar mais espécies do que um fragmento grande, por representarem áreas com características distintas, e logo com composições menos similares. Por outro lado, um fragmento grande é a melhor opção em termos de manutenção das espécies por longo prazo, pois fragmentos grandes contêm em geral populações maiores, que são assim mais resistentes a flutuações ambientais, demográficas ou genéticas (SHAFFER, 1987), além de serem menos impactados pelos efeitos de borda. Enfim, estratégias de conservação que permitam manter as espécies em longo prazo devem dar prioridade a grandes fragmentos, o que sustentaria a proposta de agregação de RL de diferentes propriedades numa única área. Os benefícios desta estratégia dependem também da representatividade biológica da rede de RL, e da manutenção de paisagens permeáveis entre os grandes núcleos de conservação da biodiversidade, que são as Unidades de Conservação de proteção integral. Ou seja, a efetividade do agrupamento de RL em fragmentos grandes depende destes fragmentos representarem comunidades biológicas similares àquelas que estariam presentes nos pequenos fragmentos de RL. Caso isso não ocorra, há grandes riscos de extinção de espécies características das áreas mais propícias para uso econômico, mantendo apenas a biota de áreas menos propícias ao uso (e.g., solos pobres ou pedregosos, ou terrenos em áreas íngremes). Em casos extremos, se a compensação puder ser feita em qualquer região de um mesmo bioma, pode haver extinção das espécies presentes na Mata Atlântica da Bahia, e manutenção apenas daquelas presentes na Serra do Mar. Esta situação certamente não seria desejável, uma vez que estas áreas não são equivalentes, pois possuem condições ambientais e histórias evolutivas distintas, e logo têm composições de espécies distintas, sendo ambas relevantes em termos de conservação. Ademais, a concentração excessiva de RL numa única região, mesmo que situada em áreas biologicamente equivalentes, poderia levar a existência de desertos biológicos, formados por amplas monoculturas em paisagens homogêneas. Por exemplo, se ao invés de termos duas paisagens com 30% de vegetação nativa, tivermos uma de 50 e outra de 10%, a paisagem de 10% será formada unicamente por fragmentos muito isolados, e poderá ser uma importante barreira para movimentação das espécies em escala regional. Esta situação não é desejável em termos biológicos, nem em termos econômicos, uma vez que as RL têm importante papel no funcionamento da paisagem. Em particular, as RL propiciam importantes serviços ambientais, como o controle de pragas, e aumento da polinização e da produtividade de algumas culturas (DE MARCO & COELHO, 2004). Ademais, são as RL que permitem que a cobertura de vegetação nativa da paisagem fique acima dos limiares ecológicos citados anteriormente, protegendo assim parte da biota nativa, e favorecendo os fluxos biológicos entre Unidades de Conservação. Mesmo fragmentos muito pequenos podem ser importantes neste sentido. O exemplo mais claro é o da Mata Atlântica, onde fragmentos com menos de 50 ha representam um terço da cobertura florestal do bioma, e desempenham papel fundamental na redução do isolamento entre grandes fragmentos (RIBEIRO et al. 2009). Desta forma, o “regime de condomínio” é salutar para a manutenção ou a criação de grandes fragmentos, formados pela agregação de diversas RL particulares, porém é necessária a existência de um mecanismo que limite o uso deste recurso, para não criar paisagens depauperadas de vegetação, principalmente em áreas planas, onde as APP são também menos extensas. É possível estabelecer um limite percentual de áreas de RL em condomínio, e/ou limitar o uso deste mecanismo a bacias hidrográficas de extensão geográfica intermediárias, da ordem de 10 a 50 mil ha. Nesta situação, há menores chances de haver grandes disparidades de cobertura vegetacional, e ao mesmo tempo aumenta a representatividade da heterogeneidade ambiental, criando-se assim redes de RL biologicamente complementares, com maior diversidade biológica. 212
  • 232. conclusões Contrariamente ao que se tem dito, o estado das pesquisas atuais oferece forte sustentação para critérios e parâmetros definidos pelo Código Florestal, sendo que em alguns casos haveria necessidade de expansão da área de conservação definida por esses critérios, em particular na definição das Áreas de Preservação Permanente. A literatura científica levantada mostra ainda que as recentes propostas de alteração deste Código, em particular alterando a extensão ou as regras de uso das Reservas Legais, podem trazer graves prejuízos ao patrimônio biológico e genético brasileiro. Os dados aqui apresentados, que retratam avanços recentes da ciência na área de ecologia e conservação, deveriam ser considerados em qualquer discussão sobre modificação do Código Florestal, e na procura da melhor configuração de nossas paisagens, que permita maximizar os serviços ecossistêmicos e o potencial de conservação da biodiversidade da biota nativa, sem prejudicar o desenvolvimento econômico nacional. agradecimentos Agradeço as edições e sugestões prestadas por Roberto Varjabedian e Alexandre Igari numa versão preliminar deste artigo. referências ALMEIDA VIEIRA F & DE CARVALHO D, 2008. Genetic structure of an insect-pollinated and bird-dispersed tropical tree in vegetation fragments and corridors: Implications for conservation. Biodiversity and Conservation, 17:2305-2321. ANDRÉN H, 1994. Effects of habitat fragmentation on birds and mammals in landscapes with different proportions of suitable habitat: a review. Oikos, 71:355-366. AWADE M & METZGER JP, 2008. Using gap-crossing capacity to evaluate functional connectivity of two Atlantic rainforest birds and their response to fragmentation. Austral Ecology, 33:863-871. BARLOW J. et al., 2007a. Quantifying the biodiversity value of tropical primary, secondary, and plantation forests. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 104:18555-18560. BARLOW J et al., 2007b. The value of primary, secondary and plantation forests for Amazonian birds. Biological Conservation, 136:212-231. BOSCOLO D et al., 2008. Importance of inter-habitat gaps and stepping-stones for lesser woodcreepers (Xiphorhynchus fuscus) in the Atlantic Forest, Brazil. Biotropica, 40:273-276. DE MARCO JR. P & COELHO FM, 2004. Services performed by the ecosystem: Forest remnants influence agricultural cultures’ pol- lination and production. Biodiversity and Conservation, 13:1245-1255. DEVELEY PF & STOUFFER PC, 2001. Effects of roads on movements by understory birds in mixed-species flocks in Central Ama- zonian Brazil. Conservation Biology, 15:1416-1422. DEVELEY PF & METZGER JP, 2006. Emerging threats to birds in Brazilian Atlantic forests: the roles of forest loss and configuration in a severely fragmented ecosystem. In Laurance WF and Peres CA. (eds.). Emerging Threats to Tropical Forests. Chicago: University of Chicago Press. p. 269-290. DIAMOND JM, 1975. The island dilemma: lessons of modern biogeographic studies for design of natural reserves. Biological Conserva- tion, 7:129-145. DIAMOND JM, 1976. Island biogeography and conservation: strategy and limitations. Science, 193:1027-1029. FAHRIG L, 2003. Effects of habitat fragmentation on biodiversity. Annual Review of Ecology, Evolution and Systematic, 34:487-515. FARIA D et al., 2006. Bat and bird assemblages from forests and shade cacao plantations in two contrasting landscapes in the Atlantic Forest of southern Bahia, Brazil. Biodiversity and Conservation, 15:587-612. FARIA D et al., 2007. Ferns, frogs, lizards, birds and bats in forest fragments and shade cacao plantations in two contrasting landscapes in the Atlantic forest, Brazil. Biodiversity and Conservation, 16:2335-2357. FONSECA CR et al., 2009. Towards an ecologically sustainable forestry in the Atlantic Forest. Biological Conservation, 142:1209-1219. KEUROGHLIAN A & EATON DP, 2008. Importance of rare habitats and riparian zones in a tropical forest fragment: Preferential use by Tayassu pecari, a wide-ranging frugivore. Journal of Zoology, 275:283-293. 213
  • 233. LAURANCE SG & LAURANCE WF, 1999. Tropical wildlife corridors: Use of linear rainforest remnants by arboreal mammals. Biological Conservation, 91:231-239. LAURANCE WF et al., 2002. Ecosystem decay of Amazonian forest fragments: a 22-year investigation. Conservation Biology, 16:605-618. LEES AC & PERES CA, 2008. Conservation value of remnant riparian forest corridors of varying quality for Amazonian birds and mammals. Conservation Biology, 22:439-449. LIMA MG & GASCON C, 1999. The conservation value of linear forest remnants in central Amazonia. Biological Conservation, 91:241-247. LINDENMAYER DB & Luck G, 2005. Synthesis: Thresholds in conservation and management. Biological Conservation, 124:351-354. LOPES AV et al., 2009. Long-term erosion of tree reproductive trait diversity in edge-dominated Atlantic forest fragments. Biological Conservation, 142:1154-1165. MALTCHIK L et al., 2008. Dynamics of the terrestrial amphibian assemblage in a flooded riparian forest fragment in a Neotropical region in the south of Brazil. Brazilian Journal of Biology, 68:763-769. MARINHO-FILHO J & VERISSIMO EW, 1997. The rediscovery of Callicebus personatus barbarabrownae in northeastern Brazil with a new western limit for its distribution. Primates, 38:429-433. MARINI MA et al., 2009. Predicted climate-driven bird distribution changes and forecasted conservation conflicts in a neotropical savanna. Conservation Biology, 23:1558-1567. MARTENSEN AC, PIMENTEL RG & METZGER JP, 2008. Relative effects of fragment size and connectivity on bird community in the Atlantic Rain Forest: Implications for conservation. Biological Conservation, 141:2184-2192. METZGER JP, 2001. Effects of deforestation pattern and private nature reserves on the forest conservation in settlement areas of the Brazilian Amazon. Biota Neotropica. Avaliable from: http://www.biotaneotropica.org.br/v1n12. METZGER JP, 2002. Bases biológicas para definição de Reservas Legais. Ciência Hoje, 31:183-184. METZGER JP & DÉCAMPS H, 1997. The structural connectivity threshold: an hypothesis in conservation biology at the landscape scale. Acta Ecologica, 18:1-12. METZGER JP, BERNACCI LC & GOLDENBERG R, 1997. Pattern of tree species diversity in riparian forest fragments with differ- ent widths (SE Brazil). Plant Ecology, 133:135-152. METZGER JP, GOLDENBERG R & BERNACCI LC, 1998. Diversidade e estrutura de fragmentos de mata de várzea e de mata mesófila semidecídua submontana do rio Jacaré-Pepira (SP). Revista Brasileira de Botânica, 21:321-330. METZGER JP et al., 2009. Time-lag in biological responses to landscape changes in a highly dynamic Atlantic forest region. Biological Conservation, 142:1166-1177. MICHALSKI F et al., 2006. Human-wildlife conflicts in a fragmented Amazon an forest landscape: Determinants of large felid depre- dation on livestock. Animal Conservation, 9:179-188. MIRANDA EE et al., 2008. Alcance Territorial da Legislação Ambiental e Indigenista. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite. [cited 2010 March 8]. Available from:http://www.alcance.cnpm.embrapa.br.Acesso em: 8 mar. 2010. MOURA DC & SCHLINDWEIN C, 2009. The gallery forests of the São Francisco river as corridors for euglossine bees (Hymenop- tera: Apidae) from tropical rainforests. Neotropical Entomology, 38:281-284. OLIVEIRA-FILHO FJB & METZGER JP, 2006. Thresholds in landscape structure for three common deforestation patterns in the Brazilian Amazon. Landscape Ecology, 21:1061-1073. OLIVEIRA-FILHO AT et al., 1994a. Differentiation of streamside and upland vegetation in an area of montane semideciduous forest in southeastern brazil. Flora,189:287-305. OLIVEIRA-FILHO AT et al., 1994b. Effects of soils and topography on the distribution of tree species in a tropical riverine forest in south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 10:483-508. PARDINI R et al., 2005. The role of forest structure, fragment size and corridors in maintaining small mammal abundance and diversity in an Atlantic forest landscape. Biological Conservation, 124:253-266. PARDINI R et al., 2009. The challenge of maintaining Atlantic forest biodiversity: a multi-taxa conservation assessment of specialist and generalist species in an agro-forestry mosaic in southern Bahia. Biological Conservation, 142:1178-1190. PINAY G & DÁCAMPS H, 1988. The role of riparian woods in regulating nitrogen fluxes between the alluvial aquifer and surface water: a conceptual model. Regulated Rivers - Research & Management, 2:507-516. QUIGLEY HB & CRAWSHAW J, 1992. A conservation plan for the jaguar Panthera onca in the Pantanal region of Brazil. Biological Conservation, 61:149-157. RIBEIRO MC et al., 2009. Brazilian Atlantic forest: how much is left and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, 142:1141-1153 214
  • 234. RODRIGUES RR & LEITÃO-FILHO HF, 2004. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. 3 ed. São Paulo: EDUSP/FAPESP. SANTOS BA et al., 2008. Drastic erosion in functional attributes of tree assemblages in Atlantic forest fragments of northeastern Brazil. Biological Conservation, 141:249-260. SHAFFER M, 1987. Minimum viable populations: coping with uncertainty. In Soulé ME (ed.). Viable Populations for Conservation. Cambridge: Cambridge University Press. p. 69-86. SIMBERLOFF D & ABELE LG, 1976. Island biogeography theory and conservation practice. Science, 191:285-286. SIMBERLOFF D & ABELE LG, 1982. Refuge design and island biogeography theory: effects of fragmentation. American Naturalist, 120:41-50. SOULÉ ME & SIMBERLOFF D, 1986. What do genetics and ecology tell us about the design of nature reserves? Biological Conserva- tion, 35:19-40. STAUFFER D, 1985. Introduction to percolation theory. London: Taylor & Francis. TUBELIS DP, COWLING A & DONNELLY C, 2004. Landscape supplementation in adjacent savannas and its implications for the design of corridors for forest birds in the central Cerrado, Brazil. Biological Conservation, 118:353-364. UEZU A, METZGER JP & VIELLIARD JM, 2005. Effects of structural and functional connectivity and patch size on the abundance of seven Atlantic Forest bird species. Biological Conservation, 123:507-519. 215
  • 235. 4.3 desafios para são Paulo: biodiversidade, bioenergia e biotecnologia oswaldo lucon16 introdução Ao final da primeira década do século XXI, o Estado de São Paulo se encontra diante de grandes desafios, dentre os quais estão os impactos ambientais, a competitividade econômica e a incusão social. Nesse contexto, mútuos benefícios podem ser obtidos através do trinômio biodiversidade, bioenergia e biotecnologia. Em termos de proteção da biodiversidade, o Estado precisa recuperar áreas que foram degradadas, garantindo ainda que a o capital natural existente resista à pressão pela conversão de florestas e cerrados em áreas agrícolas, de pecuária, industriais e urbanas. A bioenergia, garantidora de uma considerável parcela de fontes renováveis na matriz paulista, contribuiu no passado para esses impactos e hoje precisa assegurar ao governo, mercados e sociedade civil, que cumpre com os crescentes requisitos de sustentabilidade. A opção energética, além de contribuir de maneira efetiva para combater os problemas causados pelo aquecimento global, representa fonte de receitas para a economia do Estado, o que, como tal, requer ganhos de escala e produtividade. Uma possível solução para esses desafios está na biotecnologia, que pode ajudar a preservar espécies nativas e desenvolver alternativas economicamente mais produtivas. biodiversidade No Estado de São Paulo a área coberta por florestas nativas caiu de 85% em 1500 para 13% em 2000. Cerca de 60% dos remanescentes de floresta nativa estão na Serra do Mar e Vale do Ribeira. Destes, 50% estão em parques estaduais. FiGura 4. 1 MaPa dos reManescentes Florestais do estado de são Paulo Legenda Cidades Rios e represas Mata Atlântica 1 - São José do Rio Preto Cerrado 2 - Ribeirão Preto Área urbana 3 - Campinas Rodovia 4 - São Paulo Fonte: Instituto Florestal 5 - Santos Fonte: BIOTA-FAPESP (sd) 16 Assessor Técnico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA/SP). 216
  • 236. Considerado o país da megadiversidade, o Brasil possui a maior diversidade biológica do planeta, com alto índice de espécies endêmicas. Esta diversidade biológica é muito expressiva tanto em relação às potencialidades genéticas como em relação ao número de espécies e de ecossistemas (MMA, 1998). A preocupação internacional sobre a conservação da biodiversidade tem como principal marco a elaboração da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio de Janeiro, em junho de 1992. Dentre as complexas questões tratadas na CDB estão: (i) tratar a diversidade biológica em toda a sua amplitude; (ii) tratar da conservação da diversidade biológica, da utilização sustentável de seus componentes, e da repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos; (iii) incluir todas as formas diferentes de manejo da diversidade biológica; (iv) Contemplar os principais instrumentos para subsidiar o planejamento do uso e gerenciamento da diversidade biológica. O objetivo principal da CDB é preservar a biodiversidade, bem como o uso sustentável de seus componentes e fomentar a repartição dos benefícios oriundos da utilização dos recursos genéticos. Em outubro de 2010 ocorreu a 10.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, a COP 10, em Nagoya, no Japão. Em paralelo ocorreu a MOP 5, reunião do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança. A relação entre biodiversidade e biotecnologia é o foco deste protocolo, já que é importante assegurar que o desenvolvimento da biotecnologia não traga danos à biodiversidade. Na MOP 5, as partes discutiram um regime de responsabilidade e compensação por danos que organismos geneticamente modificados vivos (OVMs) possam causar à biodiversidade (LIMA, 2010). Quanto maior o desmatamento, maiores serão os impactos sobre a biodiversidade. Um tema bastante polêmico com fortes impactos na biodiversidade é a alteração do Código Florestal (Lei 4.771/1965), em discussão no Congresso Nacional. Consideradas necessárias por parte dos agricultores e um retrocesso pelos ambientalistas, as mudanças incluem (i) uma moratória para atividades agropecuárias existentes em áreas desmatadas até 22.07.2008; (ii) um “direito adquirido” de proprietários que comprovarem que foi respeitado o índice de reserva legal em vigor na época da abertura da área, ficando dispensados da sua recomposição ou compensação; (iii) a manutenção das atividades agropecuárias e florestais consolidadas em APPs, Reserva Legal e Áreas de Uso Restrito até que União, Estados e Municípios elaborem programas de regularização ambiental – PRA´s, que devem considerar o ZEE (Zoneamento Ecológico Econômico), os Planos de Recursos Hídricos e estudos técnicos e científicos de órgãos oficiais de pesquisa, além de outras condicionantes relativas aos aspectos socioambientais e econômicos; (iv) se fundamentado nesses critérios, o PRA poderá regularizar até 100% das atividades consolidadas nas APPs, desde que não ocorram novos desmatamentos; deverão ser estabelecidas, inclusive, medidas mitigadoras e formas de compensação; (v) a alteração de áreas de preservação permanente (APPs), criando-se uma faixa para cursos d’água de menos de cinco metros de largura, cuja faixa mínima de proteção deverá ser de 15 metros, ao invés dos atuais 30 metros; (vi) dispensa da faixa de proteção (que varia de 30 a 100 metros) as acumulações de água - açudes, lagoas e represas - com área inferior a um hectare; (vii) permissão ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água sem o excesso de restrições da norma atual; (viii) mantidos os percentuais de Reserva Legal da atual legislação (20% em SP), poderá ser feito o cômputo da APP na Reserva, desde que não ocorram novos desmatamentos, que a APP esteja conservada ou em regeneração e o proprietário tenha feito o cadastro ambiental; (ix) as propriedades com áreas de até quatro módulos fiscais, a chamada pequena propriedade, ficam desobrigadas da recomposição florestal ou compensação ambiental; (x) as propriedades com área acima de quatro módulos fiscais também terão direito à isenção até esse limite, mas ficam obrigadas a regularizar a Reserva Legal sobre a área excedente; será permitido o cômputo das APPs, o que beneficia principalmente as médias propriedades; (xi) a recomposição na propriedade tem prazo de 20 anos (1/10 a cada dois anos), podendo ser utilizadas espécies exóticas intercaladas com nativas, em até 50%; (xii) para a compensação da Reserva Legal, será possível a utilização de arrendamento (por meio de servidão ambiental, fora da bacia hidrográfica e do Estado – onde localizar-se a propriedade – desde que no mesmo Bioma), ou aquisição de Cota de Reserva Ambiental (título que representa vegetação nativa sob regime de servidão ambiental, de Reserva Particular do Patrimônio Natural ou Reserva Legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais estabelecidos na lei) ou doação ao Poder Público (de área localizada no 217
  • 237. interior de Unidade de Conservação, pendente de regularização fundiária ou contribuição para Fundo Público, que tenha essa finalidade); (xiii) o Programa de Recuperação Ambiental (PRA) poderá regularizar as atividades rurais consolidadas em Áreas de Proteção Permanente (sempre exigida uma forma de compensação, por critérios fixados quando da edição do PRA) ou de Reserva Legal (onde o PRA poderá ou não exigir uma compensação; se necessária, essa compensação poderá ser feita por recomposição na propriedade em 20 anos, por regeneração natural ou por compensação via aquisição de Cota de Reserva Ambiental)(AGÊNCIA CÂMARA, 2010). biotecnologia O agronegócio de cana-de-açúcar movimentou em 2008 R$ 40 bilhões, sendo metade da safra destinada à fabricação de etanol, o que faz do Brasil o segundo maior produtor do combustível no mundo. O primeiro lugar cabe aos Estados Unidos, que extraem etanol de milho a poder de pesados subsídios. Dois terços da produção nacional estão no Estado de São Paulo. Avalia-se que o Brasil precisará dobrar sua produção num horizonte de 5 a 7 anos se quiser suprir as demandas locais e internacionais do combustível, o que exigirá a construção de novas usinas, o crescimento das áreas plantadas, melhorias no manejo e, principalmente, ganhos de produtividade (MARQUES, 2009). O rendimento da cana-de-açúcar pode ser aumentado localmente por meio do aprimoramento do manejo e do aumento de insumos, além da utilização de abordagens genéticas tradicionais voltadas para a otimização da resistência a doenças e o incremento do armazenamento de sacarose. Contudo, para se atingirem maiores rendimentos, será necessário o uso das abordagens genômicas de alto desempenho. Para se ter uma idéia, o limite teórico máximo de rendimento da cana é de cerca de 220 toneladas por hectare por ano, o teto de rendimento atual é de 100 toneladas por hectare e a produção comercial atual é de cerca de 70 toneladas anuais por hectare. O teto de rendimento, por sua vez, é estabelecido por gargalos fisiológicos: características da cultura, fenologia e características da arquitetura da célula, os obstáculos que se podem superar com as novas ferramentas da genômica (FAPESP, 2009). Em São Paulo, a pesquisa para a bioenergia da FAPESP tem um orçamento previsto de R$100 milhões no período 2008-2013 (Marques, 2009), tendo sido aplicados R$65 milhões até o final de 2010 (FAPESP, 2010) bioenergia Desde o final dos anos 1970, o Estado foi o grande laboratório do Programa do Álcool, com sua produção em larga escala de cana-de-açúcar, com a adaptação dos veículos às misturas obrigatórias de etanol com gasolina, com a expansão da produção automobilística para suprir um grande mercado consumidor, com a adequação da logística e da infraestrutura ao novo combustível. O fator que motivou essa transição não era originariamente ambiental, mas a segurança energética em face da crise do petróleo. Havia, também, interesses por parte da agricultura local em garantir seus mercados. Os ganhos ambientais surgiram imediatamente no ar das grandes idades, tanto com a eliminação do chumbo tetraetila da gasolina quanto com a redução considerável de emissões de material particulado de óxidos de enxofre e monóxido de carbono. A produção de açúcar e álcool, bastante tradicional, viu-se impulsionada pela necessidade de ganhos de escala e de adequação à legislação ambiental e trabalhista. Eram freqüentes na imprensa as denúncias de contaminação de cursos d´água com lançamentos de vinhaça, de queimadas sem controle e de condições sub-humanas de trabalho dos “bóias-frias”. No início da década de 1990, um novo fator ambiental foi agregado em favor da bioenergia e de outras fontes renováveis: a possibilidade de mitigação das emissões dos gases de efeito estufa. O bioetanol, como substituto da gasolina, reincorpora o carbono que foi emitido para a atmosfera. O bagaço da cana, subproduto da moagem, pode ser aproveitado em caldeiras de alta pressão para gerar eletricidade. Os benefícios do combustível renovável passaram a ser quantificados em toneladas de CO2 evitado. As montadoras nacionais de automóveis, que já produziam o carro a álcool, aceleraram no meio da década de 2000 o desenvolvimento da tecnologia de motores e sistemas flexíveis , que podem utilizar qualquer mistura de gasolina ou de etanol. O etanol de cana, produzido 218
  • 238. com alta eficiência, oferece consideráveis ganhos ambientais. Contudo, alguns de seus impactos negativos ainda geram questionamentos. Estes incluem, em nível local, a poluição do ar causada pela queima da palha da cana. Em nível global, tem-se principalmente a perda de biodiversidade devida à monocultura. A legislação ambiental e as iniciativas voluntárias evoluíram bastante nesse sentido, reduzindo a queima da palha e promovendo o reuso da água, dentre outras boas práticas. Apesar dos avanços voluntários pontuais, a questão da recomposição das matas nativas ainda não está equacionada. Dezenas de iniciativas de certificação ambiental da produção de etanol visam explicitamente minimizar esses impactos. Algumas, de maneira implícita, são utilizadas para proteger a agricultura local de países de clima temperado, fortemente subsidiada e sem condições de competitividade em livres mercados. Análises complexas, baseadas em modelagens com premissas questionáveis, buscam estabelecer relações de causa e efeito entre a produção de etanol em regiões como São Paulo e o desmatamento na Amazônia. Independentemente do mérito, as questões entre comércio internacional e mudanças climáticas ainda não apresentaram um nível de convergência satisfatório, que aplique critérios considerados fortes e eqüitativos. Tampouco se nota no contexto global uma regulação sobre os combustíveis fósseis proporcional ao dano que causam ao ambiente. o petróleo do pré-sal, a segurança energética e o aquecimento global Com a descoberta do petróleo na camada pré-sal, o Brasil está diante de uma importante opção, com reflexos no longo prazo: a dependência econômica do petróleo e a infraestrutura direcionada para atividades econômicas intensivas em emissões de carbono. Os recursos obtidos pela União com a renda do petróleo do pré-sal serão destinados ao Novo Fundo Social (NFS), que realizará investimentos no Brasil e no exterior com o objetivo de evitar a chamada “doença holandesa”, quando o excessivo ingresso de moeda estrangeira gera forte apreciação cambial, enfraquecendo o setor industrial. De acordo com o governo federal, a implantação deste fundo será articulada com uma política industrial voltada as áreas de petróleo e gás natural, criando uma cadeia de fornecedores de bens e serviços nas indústrias de petróleo, refino e petroquímico. Parte das receitas oriundas dos investimentos do fundo irá retornar à União, que aplicará os recursos em programas de combate à pobreza, em inovação científica e tecnológica e em educação (VEJA ON-LINE, 2009). Considerável parcela dos impactos ambientais globais provém do uso de petróleo e de outros combustíveis de origem fóssil. O suprimento de petróleo é visto por muitos como praticamente um sinônimo de segurança energética, uma vez que os setores convencionais da economia se apóiam na utilização especialmente de seus derivados para a produção de eletricidade, para grande parte da indústria e para o ramo de serviços, como o transporte rodoviário de pessoas e cargas. Muitos países são dependentes de importações de petróleo. A economia de diversos outros está apoiada na produção desse energético para exportação. A opção de explorar petróleo de altas profundidades era vista pelo Presidente Obama (EUA) como uma forma de se obter a garantia do suprimento de energia, até que o desastre na plataforma de extração Deepwater Horizon, no Golfo do México se tornou um importante precedente para se avaliarem impactos ambientais da exploração de petróleo em altas profundidades. O Brasil, obrigatoriamente, terá de prestar atenção nas lições do desastre. O país extrai do oceano 90% do petróleo que produz, em 826 poços marítimos, 200 deles em águas profundas. A exploração e o transporte de petróleo já provocaram vários acidentes no litoral brasileiro, dentre os quais o vazamento na refinaria Duque de Caxias na Baía de Guanabara no ano 2000, o incêndio da plataforma de Enchova na Bacia de Campos em 1984 e a explosão da plataforma P-36, também nessa Bacia em 2001 (SALVADOR e COSTA, 2010). 219
  • 239. Outros impactos ambientais incluem os da prospecção sísmica do petróleo, que utiliza tecnologia semelhante ao sonar de baleias e golfinhos. Suspeita-se que o encalhe de golfinhos e baleias nas praias pode ter relação com os pulsos sonoros disparados pelos navios de sísmica. Tartarugas também poderiam ser afetadas, desviando-se de suas rotas de migração. Algumas evidências sugerem que a atividade tenha ainda efeitos negativos sobre a pesca comercial, por afugentar os peixes, além de possivelmente alterar seus padrões de acasalamento e desova (CHRISTANTE, 2009). Além dos problemas intrínsecos ao consumo de combustíveis fósseis – especialmente o aquecimento global e a poluição do ar local (o diesel brasileiro é um dos piores do mundo em termos de qualidade) - os hidrocarbonetos do pré-sal possuem um alto teor de CO2, que será despejado na atmosfera ou, com consideráveis custos energéticos e econômicos, em parte separado e reinjetado no próprio reservatório. Os investimentos nessa tecnologia e em toda a infraestrutura da cadeia desse petróleo representam derivações – com consideráveis riscos de insucesso - do que poderia ser investido em eficiência energética e em fontes renováveis de energia (CHRISTANTE, 2009). A exploração do petróleo da camada pré-sal prevê investimentos de algo entre 150 e 600 bilhões de dólares para retirar petróleo de profundidades acima de 7 km. Ainda não estão totalmente superados os desafios tecnológicos para explorar esse petróleo e existe a chance de a rocha-reservatório, que armazena o petróleo e os gás em seus poros, não se prestar à produção em larga escala a longo prazo. Além disso, há o receio de que a alta concentração de dióxido de carbono presente no petróleo do local possa danificar as instalações. (VEJA ON-LINE, 2009) as políticas climáticas nacional e paulista Em relação às mudanças climáticas, os compromissos assumidos internacionalmente pelo Brasil prevêem a redução de emissões de gases de efeito estufa principalmente no setor de mudança no uso da terra – basicamente o desmatamento evitado. Isso é muito importante, uma vez que esse é o setor predominante em termos de emissões nacionais, além de uma urgente questão quanto à proteção da biodiversidade. Entretanto o setor Energia prevê um vigoroso aumento nas emissões. O governo federal se comprometeu com uma meta de redução voluntária baseada num cenário tendencial de crescimento para 2020. Sobre o total projetado de crescimento para 2020, são 2,7 bilhões de toneladas de CO2 equivalente. seriam emitidos, conforme apontado na Tabela 4.1. Considerando esse total a proposta de redução varia entre 36,1% a 38,9%. A redução de 36,1% a 38,9% do cenário tendencial de 2020 equivale a uma meta de redução que varia de 25 a 21,5% das emissões de 2020, sobre os níveis de 2005. tabela 4. 1 ProPosta brasileira de redução de eMissões levada à conFerência de coPenHaGue eM 2009 emissões redução das emissões emissões % de redução das total a ser emitido no cenário emissões em 2005 em 2007 emissões em relação em 2020 (milhões de tendencial de (milhões de tco2 setores (milhões (milhões ao cenário de 2020 tco2 equivalente) 2020 (milhões equivalente) de tco2 de tco2 de tco2 equivalente) equivalente) equivalente) Mínima Máxima Mínima Máxima Mínimo Máximo agropecuária 487 479 627 133 166 21,21% 26,48% 494 461 indústria e 86 60 92 8 10 8,70% 10,87% 84 82 resíduos energia 362 381 901 166 207 18,42% 22,97% 735 694 desmatamento 1268 770 1084 669 669 61,72% 61,72% 415 415 total 2203 1690 2703 976 1052 36,11% 38,92% 1728 1652 Fonte: Brasil (2009) 220
  • 240. Considerando o total de emissões previsto para 2020 com a redução cumprida no ano, haveria um aumento considerável da emissão dos setores de indústrias e resíduos, bem como de energia. Apenas no setor de energia significa um aumento entre 82,1% e 92,9%, com a meta sendo cumprida, tendo como base o cenário tendencial de 2020. Isto significa que o crescimento da emissão do setor energético será de aproximadamente 6% ao ano. Numa primeira análise, pode-se entender que as emissões energéticas serão “compensadas” pelo desmatamento que deverá ser contido. Entretanto, enquanto as emissões mitigadas pelo desmatamento são contabilizadas uma única vez, as que provêm do consumo de energia se refletem durante décadas, devido às decisões tomadas sobre a infraestrutura. Grandes obras de infraestrutura são realizadas principalmente com recursos da União. A concentração de receitas e investimentos também está na esfera federal. Políticas nacionais prevêem o aumento nas emissões de gases de efeito estufa no setor de energia, conseqüência de uma maior produção de eletricidade por termelétricas, pela exploração do petróleo da camada pré-sal na costa e pelos massivos investimentos em infraestrutura de transporte e de produção baseada nos modelos tradicionais. Também muitas das decisões que afetam São Paulo partem da União por disposição constitucional. Podem-se citar a qualidade de combustíveis, padrões de eficiência de produtos (em especial veículos), regulação de produção e consumo, legislação de trânsito e boa parte da ambiental. Metade das emissões de gases de efeito estufa do Estado de São Paulo – cerca de 80 milhões de toneladas de CO2 provêm do Setor Energia. No Estado, a Lei 13.798/2009 prevê como meta a redução global de 20% (vinte por cento) das emissões de dióxido de carbono relativas a 2005 até 2020. A meta é absoluta – e não baseada em projeções tendenciais. tabela 4. 2 eMissões (MilHões de toneladas) do estado de são Paulo eM 2005, resultados PreliMinares total de Gases de efeito estufa em co2 2005 somente co2 equivalente energia 81,22 79,79 uso do solo, mudança no uso do solo e florestas 13,16 13,16 resíduos 9,37 0,02 agropecuária 28,61 0,40 indústria 11,10 3,98 total 143.46 97.36 Fonte: CETESB/PROCLIMA (2010) A adoção de uma lei prevendo a descarbonização da economia paulista possui diversos fatores motivantes: a manutenção e incremento da competitividade econômica, a geração de empregos em uma economia baseada em produtos de alto valor agregado, a proteção do sistema climático global, a conservação da biodiversidade e a preservação de outros recursos naturais através das gerações. A urgência da ação paulista tem por base o objetivo final da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - e de quaisquer instrumentos jurídicos com ela relacionados que adote a Conferência das Partes – que é o de “alcançar a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem- se naturalmente à mudança do clima, que assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável”. O aquecimento global é hoje um fenômeno bastante conhecido. Para combatê-lo é necessário primeiro atacar suas causas, reduzindo as emissões dos gases de efeito estufa. Isto deve ser feito com a máxima urgência, porque o sistema climático da Terra é dinâmico e a capacidade dos ecossistemas em se adaptar a essa realidade é limitada e está se esgotando. Para se emitir menos gases estufa é preciso, intrinsicamente, consumir menos e melhor, adotando-se padrões eficientes e sustentáveis 221
  • 241. que reduzam a pressão sobre os recursos naturais. Deve-se ter em conta sempre a inércia dos sistemas humanos e naturais: novas políticas e tecnologias levam tempo para serem postas em prática. Leva ainda mais tempo para os sistemas naturais assimilarem seus impactos benéficos (Figura 4.2). FiGura 4. 2 MitiGação de iMPactos aMbientais neGativos: escala de teMPo Para os eFeitos de uMa nova tecnoloGia “business Inércia dos as usual”: impactos sistemas sem as humanos Tecnologias medidas impactos Impactos cumulativos mitigados Inércia dos Acordos sistemas naturais: clima, seres vivos, correntes etc. Reconhecimento Metas intrínsecas Impactos desejáveis Tempo Fonte: Goldemberg e Lucon (2009) conclusões São Paulo e o Brasil estão diante de uma importante opção quanto ao seu futuro energético, ambiental, social e econômico. De um lado, estão as energias renováveis e a eficiência energética. De outro, a exploração do petróleo e a infraestrutura produtiva carbono-intensiva. É uma aposta considerável, ainda que ambas as alternativas tenham como pano de fundo o desenvolvimento do país. As trajetórias e compromissos do estado e do país são conflitantes no que se refere às emissões de gases de efeito estufa e isso precisa ser equacionado o quanto antes, preferencialmente em favor da proteção do sistema climático global e da biodiversidade. Dentre as alternativas para mitigar as emissões, já se tem o uso sustentável da bioenergia, com o auxílio da biotecnologia. A proteção da biodiversidade depende da mitigação de diversos impactos, tanto reduzindo-se o consumo de combustíveis fósseis quanto respeitando-se as fronteiras dos ecossistemas. Muitas dessas medidas estão na esfera de competência da União, o que torna ainda mais difícil a tarefa para o Estado de São Paulo. referências AGÊNCIA CÂMARA (2010). Comissão aprova reforma do Código Florestal. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/agencia/ noticias/MEIO-AMBIENTE/149459-COMISSAO-APROVA-REFORMA-DO-CODIGO-FLORESTAL.html>. BEESP (2008). Balanço Energético do Estado de São Paulo. Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.energia.sp.gov.br/balanco_energetico.htm> BEN (2008) Balanço Energético Nacional (Brazilian Energy Balance). Ministério de Minas e Energia. Disponível em: <http://www. mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=1432&pageId=14131> 222
  • 242. BIOTA-FAPESP (sd). Biodiversidade do Estado de São Paulo: Cores e Sombras. Disponível em: <http://www.biota.org.br/expobio/ Biota.pdf> BRASIL (2009). Cenários para Oferta Brasileira de Mitigação de Emissões. São Paulo, 13 de Novembro 2009. MMA MAPA MME MF MDIC MCT MRE Casa Civil. Disponível em: <http://www.forumclima.pr.gov.br/arquivos/File/CenariosparaOfertaBrasileira- deMitiga.pdf> CETESB-PROCLIMA (2010). Consulta Pública dos Relatórios de Referência para o Inventário Estadual de Gases de Efeito Estufa do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/geesp/consulta.asp> CHRISTANTE L (2009). Exploração de petróleo no pré-sal traz dilemas na era da crise climática. Unesp Ciência, Ano 1, nº 3. FAPESP (2009). Além do limite. Disponível em: <http://www.agencia.fapesp.br/materia/10242/especiais/alem-do-limite.htm>. FAPESP (2009). Bioen – Brazilian Research on Bioenergy. Disponível em: <http://www.fapesp.br/publicacoes/pasta_bioen_ jun2010.pdf>. FAPESP (2010). Cientistas pedem mais pesquisas em energia. Planeta Sustentável. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril. com.br/noticias/energia-limpa-renovavel-incentivo-pesquisa-matriz-energetica-brasil-606763.shtml>. GOLDEMBERG J e LUCON O (2009). Energia, meio ambiente e desenvolvimento, 3ª. ed., Edusp. INSTITUTO FLORESTAL – IF. Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente / Instituto Florestal. Imprensa Oficial, 2005. LIMA, R (2010). Biodiversidade e biotecnologia. O Estado de São Paulo, 10 de julho de 2010. MARQUES F (2008). Vias para avançar como líder do etanol. Pesquisa FAPESP 149, Julho. Disponível em: <http://revistapesquisa. fapesp.br/?art=3574&bd=1&pg=1>. MMA (1998). Relatório Nacional para a Convenção sobre a Diversidade Biológica. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídri- cos e da Amazônia Legal. SALVADOR A e COSTA N (2010). As lições do abismo. Veja n. 2167. VEJA ON-LINE (2009). Pré-sal, perguntas e respostas. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respos- tas/pre-sal/index.shtml> 223
  • 243. 4.4 a alcoolquímica no cenário futuro da cana-de-açúcar alfred szwarc17 introdução Referência internacional no uso de etanol como combustível automotivo, o Brasil tem se notabilizado por desen- volver, em larga escala, a experiência mais bem sucedida no mundo de substituição de combustíveis fósseis por uma fonte de energia mais limpa e renovável. O etanol, juntamente com o bagaço da cana, largamente utilizado para geração de energia térmica e elétrica, representa 18,1% da oferta interna de energia, o que qualifica a cana- de-açúcar como a segunda maior fonte de energia na matriz energética nacional18. Pelo fato do país ser tecnologicamente avançado na produção de etanol, e por estar continuamente expandindo a sua produção em bases competitivas com os derivados do petróleo, possui condições para diversificar e ampliar a gama de aplicações do produto. Uma das principais alternativas é o desenvolvimento da alcoolquímica, que se baseia na utilização do etanol (álcool etílico) como matéria-prima para a fabricação de produtos químicos com amplo uso industrial como eteno, butadieno, acetaldeído, acetona, ácido acético, acetato de etila e etileno glicol, entre outros. A alcoolquímica não é exatamente uma novidade, havendo registros de sua utilização em escala comercial no país desde a década de 1940. A Rhodia, por exemplo, introduziu o uso do etanol em sua cadeia produtiva em 1944. Até a inauguração das centrais petroquímicas na década de 1970, empresas como a Salgema, Union Carbide, Eletrocloro, Solvay e Companhia Alcoolquímica Nacional utilizaram o etanol como matéria prima para fabricar eteno, insumo fundamental para a produção de importantes polímeros como o polietileno e o PVC. Além dessas empresas, a Companhia Pernambucana de Borracha Sintética, também utilizando a rota do etanol, produziu butadieno, base de seus produtos. Somente nos anos setenta, depois de implantada a alcoolquímica no país, é que surgiu a indústria petroquímica, possibilitando uma enorme oferta de derivados de petróleo e de gás natural a preços mais atrativos que o etanol, o que afetou significativamente a sua competitividade, particularmente na produção de eteno. Contudo, as crises mundiais de fornecimento de petróleo ocorridas em 1973 e em 1979, que elevaram substancialmente o preço de seus derivados, deram à alcoolquímica novo fôlego, possibilitando a sua expansão até meados da década de 1980. Posteriormente, com a queda nos preços do petróleo e a eliminação de subsídios para o etanol, a alcoolquímica perdeu novamente atratividade. Mais recentemente, o ciclo de aumento nos preços do petróleo registrado a partir de 2004, e que atingiu o pico de 148 dólares o barril em 2008, trouxe novamente à tona o interesse pela alcoolquímica. Outras razões também vieram contribuir para o seu renascimento, sendo a questão ambiental um fator estratégico. A preocupação com a poluição e o aquecimento global tem estimulado a utilização de processos industriais mais eficientes e menos impactantes, especialmente em termos de emissão de substâncias intensificadoras do efeito estufa. Além disso, a exaustão das reservas conhecidas de petróleo, e o fato de que a exploração das grandes reservas que vem sendo descobertas envolve maiores riscos ambientais e custos mais elevados, tem incentivado a indústria química a diversificar as suas fontes de matérias primas e buscar alternativas de origem renovável. 17 Engenheiro Mecânico, M.Sc. em Engenharia Ambiental e Especialista em Bicombustíveis. É diretor da ADS tecnologia e desenvolvimento sustentável e consultor técnico da UNICA (União da Indústria da Cana-de-açúcar). 18 Ano-base 2009, Ministério de Minas e Energia e Empresa de Pesquisa Energética, 2010. 224
  • 244. consolidação da alcoolquímica Em 2007, quando os investimentos na indústria da cana-de-açúcar não paravam de se multiplicar, três projetos importantes na área da alcoolquímica foram anunciados, sendo dois voltados para a produção de polietileno e um para a produção de PVC. O interesse pelo polietileno é justificado por se tratar do plástico mais utilizado no mundo (indústria automobilística, de cosméticos, de embalagens, brinquedos, higiene, limpeza etc.) e, por conseguinte, apresentar altas taxas de crescimento. Como o polietileno produzido a partir do etanol tem características e propriedades idênticas às do produto de origem fóssil, pode ser utilizado nas mesmas aplicações. Quanto ao PVC, trata-se de um tipo de plástico largamente utilizado na construção civil e no saneamento básico, mas também com importantes aplicações em outras áreas como na medicina, indústria automobilística, embalagens, brinquedos etc. Analogamente ao que acontece com o polietileno, o PVC fabricado com matéria prima derivada de etanol apresenta a mesma versatilidade e características do produto de origem fóssil. Projetos anunciados em 2007 e seu estágio atual: A Braskem, gigante brasileira do setor petroquímico, desenvolveu um projeto de alcoolquímica para a produção de 200 mil toneladas anuais de polietileno. Por ocasião do anúncio do projeto a direção da empresa previu que uma parcela de sua clientela estaria disposta a pagar um prêmio pelo produto por este ser produzido a partir da cana-de-açúcar, uma matéria-prima renovável e sustentável. A fábrica da Braskem, instalada no Rio Grande do Sul, foi inaugurada em 2010 e torna a empresa líder mundial na produção de bioplásticos, frequentemente tam- bém chamados “plásticos verdes”. O volume de etanol necessário para atender a produção é de aproximadamente 450 de milhões de litros por ano. Estimativas de ciclo de vida feitas pela empresa indicam que, desde a origem da matéria prima no canavial até a fabricação do polietileno, cada tonelada de bioplástico produzido está relacio- nada à fixação de 2.0 a 2,5 toneladas de gás carbônico (CO2) da atmosfera pela biomassa. O cálculo tem como premissa que a cana-de-açúcar utilizada na produção do etanol necessário para o processo industrial absorve 7,4 toneladas de CO2 por meio da fotossíntese ao longo de seu ciclo de crescimento, enquanto que a produção do po- lietileno emite 4,9 toneladas de CO2 por tonelada. Em uma prova de confiança no etanol, a Braskem desenvolveu um processo para a produção em larga escala de polipropileno. Esse produto é o segundo plástico mais utilizado no mundo e, devido às suas características de elevada resistência a impactos e facilidade de moldagem é bastante utilizado na produção de autopeças, gabinetes de eletrodomésticos, componentes de ferramentas etc. A intenção declarada pela empresa é de estabelecer uma produção inicial de 30 mil toneladas por ano, que tem previsão de chegar ao mercado em 2013. A fabricante estima que cada tonelada de polipropileno produzida deve apresentar, no ciclo de vida, um impacto na emissão de CO2 equivalente à estimada para o polietileno. A Dow Chemical, maior empresa química dos EUA e maior produtora mundial de polietileno, anunciou um projeto ambicioso visando a produção de 350 mil toneladas anuais de polietileno, em um complexo industrial a ser construído em Minas Gerais. A empresa chegou a contratar o fornecimento anual de 700 milhões de litros de etanol, todavia a crise financeira global de 2008 e dificuldades com parceiros afetaram o andamento do projeto, que teve o seu desenvolvimento interrompido. Com a melhoria do cenário econômico e crescimento do mercado de plásticos a Dow informou, em dezembro de 2010, que estava retomando o projeto. A Solvay Indupa, tradicional fabricante belga de produtos químicos, anunciou a intenção de construir uma plan- ta industrial em Santo André, SP, para a fabricação de 60 mil toneladas anuais de eteno, destinadas à produção de PVC. Para isso a empresa fechou um contrato para o fornecimento de 150 milhões de litros de etanol por ano. Da mesma forma que a Dow, a Solvay também interrompeu o projeto por conta da crise financeira global, mas já anunciou a sua retomada. Além dos projetos mencionados, existem outros que vem sendo desenvolvidos há tempos. A Braskem produz o ETBE, um aditivo para a gasolina que tem cerca de 40% de sua formulação derivada de etanol e que é destinado exclusivamente para exportação. A unidade de ETBE consome cerca de 150 milhões de litros por ano de etanol. Outro caso é o da Rhodia: a empresa produz de 15% a 20% de seus produtos pela rota do etanol, consumindo 225
  • 245. cerca de 500 milhões de litros por ano, o que a torna uma das principais consumidoras industriais do produto. Além disso, fechou contrato com a Sipchem, petroquímica da Arábia Saudita, para prover a tecnologia de fa- bricação de acetato de etila usando a rota do etanol e, a partir de 2013, quando deve ser iniciada a produção, irá fornecer 70 milhões de litros de etanol por ano. Em 2010, a Coca-Cola lançou no Brasil as garrafas denominadas “PlantBottle”, utilizadas nos EUA e no Ca- nadá desde 2009. Consideradas pela fabricante de bebidas como um passo positivo em direção da sustenta- bilidade, são produzidas de bio-PET, plástico que apresenta as mesmas propriedades que o PET tradicional, mas que contêm na sua composição até 30% de eteno derivado de etanol, substituindo parcialmente o eteno de origem fóssil. Embora o bio-PET seja atualmente importado, a Coca-Cola vem trabalhando com seus fornecedores para que o produto seja produzido no Brasil e demonstra expectativas de que a fração de eteno que compõe o bio-PET seja, em futuro próximo, 100% derivada de etanol. A tendência de crescimento no uso do bio-PET é significativa e vem ganhando atenção internacional. A Petrobras assinou no começo de 2011 um contrato de 10 anos para o fornecimento anual de 143 milhões de litros de etanol para a produção de bio-PET em Taiwan. Um projeto inovador de produção de plástico a partir do açúcar da cana vem sendo conduzido na Usina da Pedra, em Ribeirão Preto (SP), onde uma unidade piloto produz, desde 2002, cerca de 60 toneladas por ano de PHB. Embora não utilize o etanol como matéria prima, mas o açúcar, a origem da matéria prima é a mesma. O PHB, além de ser de origem renovável é 100% biodegradável, o que agrega valor ao produto. Embora ainda te- nha custo elevado e aplicação limitada, praticamente toda a produção é exportada para os EUA, Japão e Europa. Uma nova planta industrial, com produção de 10 mil toneladas por ano, está prevista para entrar em operação nos próximos anos. Os diversos processos que vem sendo desenvolvidos na área da alcoolquímica requerem investimentos em ino- vação tecnológica na busca por novas aplicações, aumento do rendimento industrial, melhor eficiência energética e maior competitividade comercial. Além desses investimentos, que geram conhecimento científico e know-how, também são necessários investimentos adicionais nas novas unidades industriais. Para que todo esse esforço possa ser traduzido em sucesso, as empresas que utilizam ou pretendem utilizar a alcoolquímica tem que estar seguras quanto ao fornecimento do etanol e à competitividade do produto no longo prazo. Previsibilidade no fornecimento de etanol é uma palavra-chave e requer contratos de fornecimento por 10 anos ou mais. A questão dos preços do etanol em relação às matérias primas de origem fóssil é, certamente, um fator crítico para a con- solidação da alcoolquímica e requer uma nova abordagem, que valorize as externalidades ambientais e sociais positivas relacionadas com a produção e utilização do etanol. Perspectivas para o setor sucroalcooleiro A consolidação da alcoolquímica abre novas perspectivas para o setor sucroalcooleiro. De acordo com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), o mercado de etanol para as indústrias químicas e farmacêuti- cas movimenta no país um volume superior a 1,5 bilhão de litros por ano, que pode dobrar em alguns anos. Essa expectativa tem levado diversas empresas do setor a rever suas estratégias de produção e comercializa- ção com vistas a aumentar sua participação nesse mercado, que representa de 5% a 10% da sua produção de etanol. Como o uso automotivo do etanol deve continuar a se expandir, as empresas do setor interessadas na alcoolquímica precisarão investir no aumento da capacidade produtiva. Esse aumento tende a acontecer principalmente nas regiões em que é possível o aproveitamento de terras ociosas e degradadas, principalmente nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No estado de São Paulo, dada a limitação de dis- ponibilidade de terras para expansão agrícola e considerando os custos elevados dessas terras, o crescimento da produção irá requerer, em grande parte dos casos, mudanças tecnológicas que possibilitem aumento de produtividade agrícola e industrial. 226
  • 246. A necessidade de aumento da produção para suprir as necessidades do mercado tem estimulado a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico visando o aproveitamento total da biomassa da cana. Esse esforço de inovação aponta para uma nova configuração do setor no futuro e representa um avanço significativo em relação ao estágio atual, baseado essencialmente no aproveitamento da sacarose para a produção de açúcar e de etanol e no uso energético do bagaço. A transformação das tradicionais “usinas de açúcar integradas com as destilarias anexas” em “biorrefinarias” é o caminho que se apresenta. A biorrefinaria pode ser definida como um complexo agroindustrial integrado onde a produção e aproveitamento da biomassa são maximizados, resultando em diversos produtos e energia. O concei- to é similar ao adotado nas refinarias de petróleo, onde são produzidos, de forma integrada e otimizada, diversos produtos para várias aplicações. Uma melhor eficiência produtiva poderá ser traduzida também em benefícios ambientais do uso de novas variedades de cana; de métodos mais avançados de plantio, formação do canavial e colheita; do processamento integral da biomassa; do reaproveitamento do uso da água e da redução de geração de resíduos, de efluentes líquidos e de emissões atmosféricas. A geração de energia em uma biorrefinaria pode ser incrementada por meio da produção de biogás a partir da vinhaça e outros resíduos orgânicos disponíveis, complementando as necessidades energéticas da planta indus- trial ou sendo usado como combustível em motores estacionários, máquinas agrícolas e veículos de transporte. A crescente mecanização da colheita da cana-de-açúcar e o consequente abandono da queima da palha da cana no campo (prática adotada para facilitar o corte manual, mas que gera emissão indesejável de poluentes atmos- féricos), disponibiliza uma grande quantidade de biomassa que, se adequadamente aproveitada, perde o estigma de material indesejável e ganha o status de subproduto com valor econômico. Atualmente algumas empresas do setor sucroalcooleiro já estão gradualmente incorporando a palha no bagaço para uso como combustível nas caldeiras, todavia, uma biorrefinaria poderá dar utilização mais nobre a esse resíduo, pelo menos em parte, por meio das rotas tecnológicas mencionadas a seguir. Uma rota tecnológica fundamental para a biorrefinaria do futuro é a hidrólise, que possibilita a conversão da celulose e da hemi-celulose existentes no bagaço e na palha da cana em açúcares, que posteriormente poderão ser transformados em diversos produtos como etanol, butanol e moléculas de hidrocarbonetos (caso do farneseno, já apelidado de “diesel da cana”). Essa rota também possibilita a utilização da lignina existente na biomassa para a geração de energia ou como matéria prima para várias aplicações (espumas fenólicas, tratamento de efluentes para remoção de metais pesados etc.). Outra rota tecnológica chave é a gaseificação da biomassa, para a produção de gás de síntese (gás rico em monóxido de carbono e hidrogênio), que pode ser convertido por meio de reatores catalíticos em uma ampla gama de produtos. Embora nenhuma dessas rotas ainda esteja suficientemente desenvolvida para aplicação comercial, importantes avanços já foram feitos possibilitando a construção de unidades-piloto e operação experimental. A hidrólise vem sendo pesquisada no Brasil por diversas universidades e instituições científicas, destacando-se os trabalhos de- senvolvidos pelo Centro de Tecnologia Canavieira - CTC e por algumas empresas, como a Dedini, a Petrobras e a Oxiteno. A gaseificação do bagaço e da palha tem recebido menos atenção, muito em função dos elevados custos de desenvolvimento dessa tecnologia e carência de pesquisadores na área. Dos estudos em andamento pode-se destacar o projeto do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT. As duas rotas tecnológicas, alcançada a etapa de viabilidade comercial, possibilitam significativo aumento da pro- dutividade na produção de etanol, que pode inclusive vir a dobrar. Essa perspectiva tem implicações econômicas e ambientais positivas, uma vez que as necessidades de aumento contínuo de produção poderão ser feitas sem que seja necessário aumento proporcional de terras, insumos e equipamentos agrícolas, incrementando dessa forma a capacidade do etanol em contribuir para a mitigação dos gases de efeito estufa. 227
  • 247. considerações finais A alcoolquímica representa uma grande oportunidade de negócios para a indústria da cana-de-açúcar, entretan- to enfrenta o desafio da competição com os derivados de petróleo e o gás natural. Pesa a favor da alcoolquímica a possibilidade de efetivos ganhos ambientais em relação à petroquímica, principalmente quanto à redução de gases de efeito estufa. Além disso, a alcoolquímica é uma alternativa tecnicamente viável para suprir um mercado que apresenta demanda crescente por produtos fabricados de forma sustentável. Muitas das unidades produtoras de açúcar e etanol existentes no país, especialmente as instaladas no estado de São Paulo, já se encontram em um estágio que permite classificá-las como precursoras das biorrefinarias, pois tem na inovação tecnológica importante ferramenta para o crescimento da produção. É perfeitamente possível que em futuro próximo seja possível processar a totalidade da biomassa existente na cana-de-açúcar e, dessa forma, aumentar a produção de etanol, inclusive contemplando o abastecimento da alcoolquímica. Outros pro- dutos, alguns novos no mercado, caso do “diesel de cana”, que apresenta diversas vantagens técnicas e ambientais em relação ao diesel derivado de petróleo, também poderão ser viabilizados. 228
  • 248. 4.5 transição demográfica e envelhecimento populacional no estado de são Paulo carlos eugenio de carvalho Ferreira19 bernadette cunha Waldvogel20 O fenômeno do envelhecimento populacional vem atingindo praticamente todos os países do mundo, com maior ou menor intensidade, e constitui processo sem paralelo na história da humanidade. O decréscimo da fecundidade observado na população mundial, acompanhado de aumento contínuo da longevidade, determinou importante retração nos ritmos de crescimento demográfico e rápido processo de envelhecimento populacio- nal. Segundo o relatório sobre envelhecimento populacional das Nações Unidas de 2007 (World Population Ageing), aproximadamente 600 milhões de pessoas possuíam mais de 60 anos, em 2000, no conjunto da po- pulação mundial, devendo alcançar 2 bilhões em 2050. Essa projeção indica, portanto, que a população idosa mundial poderá triplicar de volume em um espaço de 50 anos. Na atualidade, esse segmento cresce a uma taxa de 2,6% ao ano, enquanto a população total aumenta 1,1% anualmente. A tendência é de que, até meados do século, a população idosa continue crescendo em ritmo superior ao das demais faixas etárias. FiGura 4. 3 PoPulação Mundial de 60 anos e Mais (1950/2050) Em milhões 2.500 1.968 2.000 1.500 1.193 1.000 609 500 350 205 0 1950 1975 2000 2025 2050 Fonte: United Nations Uma população envelhece quando o aumento da proporção de idosos (pessoas com mais de 60 anos) está as- sociado ao decréscimo da proporção de crianças (menores de 15 anos). A queda da fecundidade é o principal fator determinante desse processo de redução progressiva do ritmo de crescimento dos nascimentos, enquanto 19 Economista, Mestre em Demografia (Louvain, Bélgica), Doutor em Saúde Pública (USP). Coordenador da Divisão de Projeções Populacionais da Fundação Seade 20 Estatística, Mestre em Demografia (Cedeplar/UFMG), Doutora em Saúde Pública (USP). Gerente de Indicadores e Estudos de População da Fundação Seade. 229
  • 249. o dos idosos permanece crescente, estando relacionado ao aumento da longevidade e do volume das gerações mais antigas. Desta forma, a estrutura etária da população se altera radicalmente e a forma piramidal, geralmente utilizada para representar a distribuição por idade de uma população, vai perdendo sua forma original com o progressivo estreitamento da base. a transição demográfica no estado de são Paulo O processo de transição demográfica da população brasileira e, mais especificamente, da paulista, contempla a queda acentuada da fecundidade para níveis inferiores ao da reposição e o aumento progressivo da esperança de vida ao nascer. No Estado de São Paulo, a diminuição da fecundidade foi contínua de 1983 até o início dos anos 1990, quando ocorreu uma relativa estabilização. A partir de 2000, a redução tem sido sistemática, como se pode observar na Figura 4.4. FiGura 4. 4 taxa de Fecundidade (1) no estado de são Paulo (1980-2009) N. médio de filhos 3,7 3,5 3,3 3,1 2,9 2,7 2,5 2,3 2,1 1,9 1,7 1,5 19 0 19 1 19 2 19 3 84 19 5 19 6 19 7 88 19 9 19 0 19 1 92 19 3 19 4 95 19 6 19 7 19 8 20 9 00 20 1 20 2 03 20 4 20 5 20 6 07 20 8 09 8 8 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 9 9 0 0 0 0 0 0 19 19 19 19 19 20 20 20 Fonte: Fundação Seade Nota: (1) Número médio de filhos por mulher Assim, a taxa de fecundidade do Estado de São Paulo, elaborada com base nas informações do Registro Civil produzidas na Fundação Seade, passou de 3,4 filhos em média por mulher, no início da década de 1980, para cerca de 2,3 filhos, nos anos 1990. Os indicadores para a década seguinte indicam que a fecundidade reduziu- se consideravelmente, passando a valores inferiores ao nível de reposição (2,1 filhos por mulher) até alcançar o mínimo de 1,7 filho, em 2007, que permanece até 2009. A tendência da fecundidade alterou significativamente a evolução do número de nascidos vivos no Estado de São Paulo, no período de 1970 a 2009, como mostra a Figura 4.5. Nesse período, os nascimentos no Estado alcançaram um volume máximo em 1982 (772 mil nascidos vivos), passando a diminuir até o início dos anos 1990, quando ocorreu uma recuperação relativa, mas sem chegar ao nível máximo registrado anteriormente. A primeira década do novo século apresentou decréscimo sistemático do número de nascidos vivos, atingindo 598 mil em 2009. 230
  • 250. A tendência de queda do número de nascimentos em São Paulo determina a formação de gerações cada vez menores, que reproduzem uma população jovem decrescente ao longo do tempo. FiGura 4. 5 nascidos vivos no estado de são Paulo (1970-2009) Em mil 800 750 700 650 600 550 500 450 400 73 85 06 97 79 82 88 94 00 70 91 09 76 03 19 19 19 19 19 19 19 19 19 19 20 20 20 20 Fonte: Fundação Seade A evolução do indicador sintético de nível da mortalidade – a esperança de vida ao nascer – no período 1940- 2009, indica progresso contínuo na luta contra a mortalidade e nítido aumento da vida média da população paulista (Tabela 4.3). Os maiores ganhos de esperança de vida foram registrados entre 1940 e 1960, como resultado da redução da incidência e da letalidade de muitas doenças infecciosas e parasitárias responsáveis pela elevada frequência de mortes evitáveis, sobretudo na população infantil. Durante a década de 1970, as intervenções governamentais na área da saúde pública, com ênfase na expansão da rede de água e esgoto e de serviços básicos, resultaram na diminuição das taxas de mortalidade e no aumento da esperança de vida em várias regiões do país e, mais especificamente, no Estado de São Paulo. Na década de 1980, manteve-se a tendência de redução da mortalidade em São Paulo, principalmente da infan- til, o que representou contribuição importante para o crescimento da esperança de vida ao nascer. Entretanto, intensificou-se o aumento da mortalidade masculina precoce por acidentes e violências, principalmente na faixa etária de 15 a 39 anos, o que se refletiu negativamente no cômputo da vida média, reduzindo-se assim os ganhos em esperança de vida. O início do novo século veio acompanhado de redução significativa das causas violentas, com reflexos positivos importantes sobre a esperança de vida paulista. Cabe destacar, nesse processo de transição da mortalidade, a tendência de aumento da esperança de vida aos 60 anos de idade, que reflete maior longevidade da população e contribui, por sua vez, para o processo de envelhe- cimento demográfico. 231
  • 251. tabela 4. 3 esPerança de vida ao nascer e aos 60 anos no estado de são Paulo (1940-2009) esperança de vida (em anos) anos ao nascer aos 60 anos 1940 45,4 13,3 1960 60,0 15,8 1980 66,7 17,5 2000 71,6 19,6 2005 73,7 20,2 2009 74,4 20,5 Fonte: Fundação Seade A queda da fecundidade, que resultou na diminuição dos nascimentos e na redução acentuada do crescimento vegetativo, teve impacto significativo sobre a evolução das taxas de crescimento populacional do Estado, que apresentaram ritmo decrescente (Tabela 4.4). Entre 1970 e 1980, a taxa de crescimento era de 3,51% ao ano e foi se reduzindo até atingir 1,10% ao ano na última década (2000-2010). Embora o saldo migratório para o Estado de São Paulo, que já foi elevado no passado, tenha também diminuído, é a redução do crescimento vegetativo que responde fundamentalmente pela retração do ritmo de crescimento demográfico no Estado. tabela 4. 4 evolução da PoPulação do estado de são Paulo (1970-2010) crescimento taxa anual de anos População absoluto anual crescimento (%) 1970 17.670.013 728.323 3,51 1980 24.953.238 589.367 2,12 1991 31.436.273 615.345 1,82 2000 36.974.378 427.778 1,10 2010 41.252.160 - - Fonte: Fundação Seade e IBGE Em síntese, o rápido processo de transição demográfica no Estado de São Paulo introduziu mudanças signifi- cativas nos padrões e tendências populacionais. A fase de população eminentemente jovem associada a elevadas taxas de crescimento populacional está sendo substituída por um perfil etário cada vez mais envelhecido e asso- ciado a baixas taxas de crescimento demográfico. Se a diminuição do ritmo de crescimento demográfico reduz pressões em diversos setores da sociedade e con- templa o planejamento com maior fôlego para realizações almejadas, as tendências do novo perfil etário da po- pulação alertam para o fato de que as demandas sociais no âmago da sociedade paulista estão paulatinamente se alterando e pendendo para o segmento mais idoso da população. as transformações na estrutura etária paulista A evolução da pirâmide etária do Estado de São Paulo, entre 1950 e 2050, deixa evidente o impacto do processo de envelhecimento e as profundas mudanças que estão em andamento na composição por idade da população. No passado, a estrutura por idade da população se assemelhava a uma pirâmide com base muito ampla, que representava os mais jovens, e cúspide estreita, onde se concentravam as idades mais avançadas. O processo de envelhecimento demográfico vem distorcendo a forma tradicional da pirâmide, como pode ser visto na Figura 4.6, que apresenta as pirâmides de 1950 a 2050. 232
  • 252. FiGura 4. 6 PirâMides etárias da PoPulação residente, Por sexo, no estado de são Paulo (1950-2050) Homens Mulheres 75 e + 70 a 74 1950 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 05 a 09 % 00 a 04 % 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Homens Mulheres 75 e + 70 a 74 65 a 69 2000 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 05 a 09 % 00 a 04 % 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Homens Mulheres 75 e + 70 a 74 65 a 69 2050 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 05 a 09 % 00 a 04 % 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fonte: Fundação Seade e IBGE Em 1950, a base da pirâmide da população do Estado de São Paulo, representada pelo grupo de 0 a 4 anos, corresponde à maior participação relativa no total da população. Os grupos etários subsequentes reduzem sua participação à medida que as idades avançam, delineando, assim, a forma clássica de uma pirâmide. 233
  • 253. Já em 2000, o traçado geométrico apresenta mutações em consequência do estreitamento da base da pirâmide e do alargamento das faixas etárias mais avançadas. A queda da fecundidade e a consequente redução do número de nascimentos no Estado, durante a década de 1980, foi impactante na estrutura etária da população paulista, ao reduzir drasticamente a participação da população jovem. Por outro lado, os grupos etários que estão chegando ao topo da pirâmide pertencem a gerações crescentes devido à elevada fecundidade no passado e também por se beneficiarem de maior longevidade. As projeções demográficas para 2050 indicam profunda transformação na estrutura etária da população. A geometria da figura deixa de ser a da pirâmide tradicional, passando a exibir uma figura que se parece com uma pirâmide invertida, em que a base tornou-se mais estreita do que o topo. Isso significa dizer que, ao contrário do que acontecia em 1950, as faixas etárias, a partir da base, vão aumentando sua participação em relação ao total da população. Esses três momentos da demografia paulista mostram a trajetória do processo de envelhecimento e o novo retrato da população, em que a idade mediana, que era de 20,7 anos em 1950, passa a 27,5 anos em 2000 e, possivelmente, atingirá 45,2 anos em 2050. A profunda transformação no padrão etário da população paulista fica evidente ao se considerar que, enquanto em 2010 a metade da população paulista tem menos de 32 anos de idade, no horizonte de 40 anos a metade da população paulista terá mais de 45 anos. Tal panorama interfere em todas as dimensões da vida e terá profundo impacto nas demandas de todos os setores da sociedade, tais como educação, saúde, previdência social, etc. evolução das populações de jovens e idosos em são Paulo As projeções demográficas produzidas pela Fundação Seade para o Estado de São Paulo indicam que, em 2025, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos deverá ultrapassar o número de jovens com idade até 14 anos. Trata-se de situação singular na história da população paulista, diretamente resultante de duas tendências populacionais opostas: decréscimo dos efetivos mais jovens e contínuo aumento dos contingentes mais idosos. A Figura 4.7 apresenta essa tendência histórica e indica que o ponto de encontro das duas curvas, em 2025, se dará com um contingente de 8,6 milhões de indivíduos, se os parâmetros da projeção ocorrerem exatamente como esperado. 234
  • 254. FiGura 4. 7 PoPulação JoveM e idosa no estado de são Paulo (1950-2050) População 16.000.000 14.000.000 12.000.000 10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Jovem (0 a 14 anos) Idosa (60 anos e +) Fonte: Fundação Seade e IBGE A evolução populacional no período de 1950 a 2050 torna evidente o impacto das transformações que ocorrem na estrutura etária da população paulista e a transferência progressiva da participação dos jovens para os idosos, em relação à população total. O segmento populacional com menos de 14 anos de idade era composto, em 1950, por 3,5 milhões de crianças. Esse número cresceu até 2000, quando atingiu um total de 9,7 milhões. A partir deste ano, as projeções indicam decréscimo do número de crianças, em decorrência do nascimento de gerações cada vez menores, devendo atin- gir 6,6 milhões em 2050. Em 1950, a população paulista acima de 60 anos de idade era de 402 mil pessoas e a projeção para 2050 indica um efetivo de 14,7 milhões, ou seja, aumento de mais de 36 vezes em cem anos. Vale ressaltar que em 2010 o contingente jovem era o dobro do idoso, mas em 2050 a relação se inverterá e o segmento idoso será duas vezes maior. Estas cifras tornam-se ainda mais realistas quando se considera que a geração formada pelas pessoas com mais de 60 anos, em 2050, já existe, podendo ser identificada no recenseamento de 2010 como a população com mais de 20 anos de idade. Evidentemente, em 2050, o censo contará os sobreviventes dessa geração, que permaneceram residindo no Estado, e os eventuais imigrantes da mesma faixa etária. As relações entre os segmentos populacionais em idade predominantemente inativa e aqueles em idade potencialmente ativa sofrerão alterações importantes, como é possível intuir com as tendências das razões de dependência. 235
  • 255. evolução das razões de dependência A razão de dependência é um indicador da participação da população potencialmente inativa, em relação à população potencialmente produtiva. Foi convencionada a utilização da soma dos menores de 15 anos e dos maiores de 60 anos para relacionar com a população potencialmente produtiva de 15 a 59 anos de idade. A evolução da razão de dependência, para o período 1950 a 2050, está representada no Gráfico 6 e mostra três fases distintas: • de 1950 a 1970, quando os níveis da dependência situavam-se em patamar elevado, em torno de 75%, e o peso concentrava-se na população jovem (0 a 14 anos); • de 1980 a 2010, em que os níveis de dependência se reduzem sistematicamente; • de 2010 a 2050, em que a razão de dependência tenderá a aumentar, em função do crescimento da po- pulação idosa, atingindo, próximo de 2050, os mesmos patamares elevados já registrados anteriormente, entre 1959 e 1970. FiGura 4. 8 razão de dePendência no estado de são Paulo (1950-2050) % 100 90 80 70 60 50 40 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Fonte: Fundação Seade e IBGE O gráfico da evolução da razão de dependência também demonstra que os menores níveis de dependência, du- rante o processo de transição demográfica paulista, situam-se entre 2000 e 2020, com valores próximos de 50%. Esse período caracteriza-se pelo fato de o segmento jovem se reduzir significativamente e o dos idosos, que vem crescendo, ainda não atingir volumes mais expressivos. Trata-se de situação singular durante o processo de transição demográfica, denominada “janela demográfica de oportunidades” ou “ bônus demográfico”, por refletir uma conjuntura demográfica favorável ao processo de desen- 236
  • 256. volvimento socioeconômico. As pressões determinadas pelas necessidades dos segmentos inativos da população seriam relativamente menores e haveria, portanto, mais fôlego na sociedade para investimentos visando o desen- volvimento e adaptação à nova realidade demográfica que já começa a se delinear. considerações finais As análises prospectivas apresentadas indicam que, diante das tendências de declínio da fecundidade e da morta- lidade, a população do Estado de São Paulo continuará em rápido processo de envelhecimento, o que acarretará importantes transformações na vida econômica, cultural, lazer, saúde, na organização das cidades, etc. Por outro lado, a diminuição das taxas de crescimento populacional trará, sem dúvida, um efeito redutor de pressões sobre diversos setores do planejamento, como educação, meio ambiente, habitação, etc., permitindo o maior aperfeiçoamento e a realocação de recursos na sociedade. A rápida queda da fecundidade tem relação direta com a redução da demanda por vagas no ensino fundamental, gerando maior fôlego para a melhoria da qualidade da educação, ampliação da cobertura do ensino médio e pro- fissionalizante e cursos voltados para adultos e idosos. As modificações na estrutura etária vão introduzir profundas alterações no perfil de morbidade da população. As doenças de natureza crônico-degenerativa, mais frequentes nas pessoas idosas, ganham peso relativo cada vez maior e demandam recursos mais especializados e mais sofisticados, além de um tempo de internação hospitalar, em média, mais prolongado. Setores, como o da geriatria e da gerontologia, entre outros, tendem a desempenhar papel crucial nesse novo contexto sociodemográfico. Os veículos, as vias públicas, os semáforos de pedestres, as vias de acesso, os equipamentos urbanos em geral, passarão necessariamente por adaptações, que já acontecem e que tendem a se intensificar no futuro. A transição de um perfil populacional jovem com elevadas taxas de crescimento para uma população com idade média mais avançada e baixa taxa de crescimento afetará diretamente o consumo da população. Seja na residên- cia, no trabalho ou no lazer, novas demandas serão geradas com implicações diretas no planejamento e na pro- dução de bens e serviços. A estrutura do consumo, portanto, sofrerá importantes alterações em sua composição, em decorrência das novas ponderações demográficas. No mercado de trabalho, a permanência prolongada do trabalhador com mais idade poderá ser uma nova ten- dência que se relaciona, por um lado, com os maiores níveis de instrução e especialização da força de trabalho e, por outro, com os incentivos legais e a elevação dos limites da idade para aposentadoria. No âmbito da previdência social, a relação entre contribuintes e aposentados sofre pressões tanto do processo de envelhecimento demográfico como da persistência do desemprego e da informalidade no mercado de trabalho. O crescimento rápido da população de aposentados, que tem origem na proporção crescente de pessoas entrando em aposentadoria e no maior tempo de permanência desfrutando do benefício, relaciona-se tanto com o novo padrão demográfico como com as características do mercado de trabalho. A dinâmica desses fatores interfere diretamente na relação almejada entre contribuintes e aposentados. Em síntese, as transformações demográficas previstas para as próximas décadas indicam a necessidade de redi- mensionamento das demandas em praticamente todos os setores da sociedade, visando realocação de recursos e equilíbrio entre gerações. 237
  • 257. Esta revista foi impressa em papel fabricado com madeira de reflorestamento certificado com o selo do FSC (Conselho de Manejo Florestal) e de outras fontes controladas. A certificação segue padrões internacionais de controles ambientais e sociais. © Fontes Mistas Grupo de produto proveniente de florestas bem manejadas e fontes controladas FSC www.fsc.org cert no. SW-COC-000000 © 1996 Forest Stewardship Council secretaria do Meio ambiente Av. Professor Frederico Hermann Jr., 345 05459-900 - São Paulo – SP Fone: (11) 3133-3000 www.ambiente.sp.gov.br info@cetesbnet.sp.gov.br disque ambiente 0800 113560
  • 258. MEIO AMBIENTE PAULISTA QUA L I DA D E A M B I E N TA L R E L AT Ó R I O 2 0 1 1 ISBN 978-85-86624-91-9 SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE