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Bernardino de Matos: É hora de partir
Marco Fontolan: A voz de um rio
Marco Fontolan: A poesia
Marco Fontolan: Haicais
Luis Filipe: Retalhos de uma aldeia
Luis Filipe: Mais uma esquina de rua
Luis Filipe: Teu jeito
Luis Filipe: Naturalidades
José Geraldo Martinez: Você é linda
José Geraldo Martinez: Ilusão
José Geraldo Martinez: Dê-me Senhor
Mercília Rodrigues: Amante
Mercília Rodrigues: Ainda o sonho
Márcia Possar - Arritmia
Vera Mussi – Ontem, tanta felicidade
Carmo Vasconcelos – Pudesse eu ser...
É HORA DE PARTIR!
     Bernardino Matos


Uns partindo, outros chegando,
   é a vida em movimento,
mas quando chega o momento,
   de a mala ir arrumando.
   a gente fica escutando,
  a canção de um lamento,
  que açoita o sentimento,
  encabresta aquele afeto,
  que aqueceu nosso teto,
  e deixa a alma chorando.

A gente arruma as lembranças,
 deixa o adeus num cantinho,
   cuida pra que o carinho,
 tão presente nas andanças,
   eivadas de esperanças,
não se amasse com a tristeza,
   não amarrote a leveza,
 de um amor outrora infindo,,
 que aos poucos foi sumindo,
   no trotear das nuanças..

  A gente deixa um espaço,
  onde se guarda a ternura,
bem longe da amargura,
 que deixa aquele mormaço,
que, o tempo, passo a passo,
     com sua sabedoria,
  com o dom de sua magia,,
     o amor vai restaurar,
    um amanhã vai raiar,
   longe desse embaraço.

   E depois de tudo pronto,
   resta somente a partida,
     uma triste despedida,
  onde não vale o confronto,
dá-se à saudade um desconto,
   que se supunha sem fim,
  que não terminasse assim,
 mas se não há mais carinho,
 resta somente um caminho,
    sair sem bater o ponto.

   Se o amor é verdadeiro,
  há uma nesga de ternura,
 não há nódoa de amargura,
e a chama de um candeeiro,
  qual a vela de um veleiro,
traz um clima de aconchego,
   e a réstia de um apego,
 mantém-se frágil e serena,
  o que torna mais amena,
     o acorde do violeiro.


     Fortaleza, 19/05/11
A voz de um rio
      Marco Fontolan*


    Eu nasci numa fonte
Escondida embaixo de árvores
   Frondosas e sombrias
     Ao pé de um morro
 Dentro de uma mata densa
        Escura e fria

   Sou este rio que corre
  Sou este rio que desce
  Sou este rio que avança
    Este rio que passa...
     Este rio que canta.

   Este rio que se alarga
 como parte de um mundo
    falo a voz do tempo
   não penso, não ouço
 Não tenho respostas a dar
   ou perguntas a fazer

     Sou um rio, apenas
      um rio que corre
     um rio que desce.;..
           Um rio,
que some entre a espessa
                                   Mata virgem
                                e depois reaparece!




*Marco Antonio Benassi Fontolan é formado em Direito na USP, pós-graduação em Literatura
Brasileira na PUC e Mackensie. Nasceu na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, SP.
Tem participado de várias antologias, inclusive foi premiado numa antologia de contos, editada
pela Fundação Cassiano Ricardo, de São José Campos.

Obras publicadas: Viajante do Tempo (poemas) e Pedaços de verão e outras histórias (contos).




                                                                                                 Título
A poesia

      Marco Fontolan

   A poesia está em tudo
    Nos instantes do dia
     Na chuva que cai
        Na ventania.
   Em jardins inacessíveis
   Em brejos lamacentos
     Em toda as coisas

     A poesia está no ar
    A poesia está no mar
   E mesmo que um dia.,
Nem venha a ser mais escrita
Ainda assim, sempre existirá.

     A poesia é invisível




                                Título
Haicais

     Marco Fontolan

      Luzes na neblina
da estrada que cruza a serra
      num dia de maio

     Colheita de frutos
  de um cajueiro em flor...
     - imagem tropical

    Dezembro chegando
 dias contagiantes, alegres
    - festas e presentes

   Dezembro chegando
 chuvas de verão, intensas
    - Natal se aproxima

  Cesta com várias frutas
  sobre a mesa da família
     - no final do ano

     Tempo de colheita
 de certas frutas tropicais,
  - caminho entre os pés

  Mangas caem pelo chão
  num dezembro radiante
   - muitas festas virão
No final do ano
frutas, frutas... muitas frutas
      trabalho, colheita

     em uma esquina
 grande ipê, deslumbrante
    - embeleza tudo...

     Na mata fechada
  uma embaúba surge...
   - folhas prateadas...

        a lua caminha
     sobre uma rodovia
      - onde tudo corre

  no jardim, um jasmim
 perfuma a noite no verão
     - intenso aroma...

     Maracujá em flor
   lá no meio do quintal
      - aroma e sabor

  Num canto do quintal
mangas despencam do pé
   - sobre o gramado

       canta o sabiá
entre as árvores do quintal
    como antigamente.




                                  Título
RETALHOS DE UMA ALDEIA
                                  Luis da Mota Filipe*




Aqui…
Onde o bom dia baila de boca em boca numa dança natural, as manhãs brindam-nos com
a pureza das gotas de orvalho.
Há cheiro a campos viçosos e a perfumes que vivem nos estendais de roupa sempre que
se encontram povoados.
Os beirais acolhem sinfonias, anunciando a estação dos amores.
O toque do sino na torre é o orientador fiel para os que andam mimando as suas
fazendas.

Diariamente, em cada morada, fumegam iguarias saloias compondo buchas, merendas e
ceias.
Postigos gastos são enfeitados com a brancura da arte rendilhada.
O rossio, o mirante, a sociedade, o chafariz, o rio e o poço, são os padrinhos briosos de
algumas ruas e largos.
Enquanto os pátios namoram com as travessas e os becos cobiçam as ladeiras, bancos
improvisados, aquecidos pelo sol, servem de palco aos temas da vida alheia.
Agosto é mês de branquear casas e muros, para que possam combinar com a pureza dos
jardins de fé que se carregam aos ombros.
Neste canto saboreia-se a tranquilidade, respirando-se das marcas seculares.
Nesta terra que beija o céu, os dias morrem mais depressa e as noites nascem mais
cedo.
Na aldeia, todos são primos e primas. Os sorrisos e as lágrimas são comunitários,
partilham-se dores e alegrias.
Não se fantasiam sentimentos. Tudo é mais autêntico e a vida brota… ao sabor dos
versos apinhados de rimas de verdades.




* (Anços – Montelavar – Sintra - Portugal)

In:geoGRAFIA do Silêncio, Edium Editores, 2010.




                                                                                Título
MAIS UMA ESQUINA DE RUA

                                     Luis da Mota Filipe*

No palco turvado das madrugadas enganosas, o cenário é avesso à cor da esperança.
Naquela esquina de rua, passos de provocação abafam o medo.
As bonecas trajam vestes enaltecendo os seus contornos,

há movimentos ensaiados que adivinham a acção relâmpago.
Os pássaros surgem agrestes num cântico de devaneio,
pousando impacientes seus venenos poluidores.
Há vestígios que o líquido mais puro não branqueia nem apaga.
Quando as manhãs surgem sombrias nos corpos exaustos,
lacrimosos rios fluem pelo deserto.

A sede de amar é maior que a vergonha.


Só este desejo,
vai suavizando o seu divórcio da felicidade.


*(Anços – Montelavar – Sintra – Portugal)

In “geoGRAFIA do Silêncio”, Ed.Edium Editores, 2010.




                                                                                    Título
TEU JEITO

        Teu falar cativante,

       Teu cheiro agradável,

       Teu olhar ternurento,

        Teu toque delicado,

      Teu abraço envolvente,

          Teu beijo doce,

      Teu amar encantador,

       Teu ser maravilhoso,

    Tua presença… desejada

            ambicionada

               amada



        Luis da Mota Filipe

(Anços – Montelavar – Sintra – Portugal)




                                           Título
NATURALIDADES


Meus versos são os gritos de esperança
   Percorrendo um mundo de magia
 Frases que se embalam numa dança
    Lembrando o valor da ecologia

   Rimas são natureza em alvorada
     Cores da vida mais bela e sã
   Gotas de um orvalho à chegada
   Dum dia que começa na manhã

    Tantas palavras que eu invento
   São as inspirações do momento
   Com as quais me apetece brincar

     Histórias mil, feitas ao vento
      Entre alegria e o lamento
    Onde o ambiente eu vou amar




         Luis da Mota Filipe




                                         Título
VOCÊ É LINDA!

              José Geraldo Martinez


            Tu és tão linda senhora...
            Não consegues enxergar?
        A doçura que tens quando sorris,
     a meiguice que transborda em teu olhar...

           Tu és incrivelmente linda!
         Ainda que sem te arrumares...
          E nem te percebes, senhora,
      quando no espelho a te contemplares?

          Traços que mostram uma vida
           marcada de lutas vencidas?
       Os sonhos que eu te entrego no colo,
        que me foram de eterna guarida...

                Quando te vestes...
            Arrancas-me ainda arrepio!
             E teu cheiro de absinto...
        Apura-me o instinto esta loba no cio!

           Tuas mãos quando me tocam...
       Meus pecados invocam, amada minha!
E, ao teu gozo, entrego-te ao céu, mulher que amo...
             Com minha alma inteirinha!
Não percebes a tua sensualidade?
     O poder que ainda tens nas mãos?
Quando me vês, ainda submisso a teus encantos,
        resignado e tal qual um cão?

               Não confias em ti?
       Na leveza que carregas no coração.
      Teu corpo, nem me lembro, esqueci...
Vejo além da carne que me entregas com paixão!

              Mulher, tu és linda!
             Tanto, tanto, tanto...
  A mim seja sempre bem-vinda, que o tempo
                    ainda
      não conseguiu roubar teu encanto!

                 09/05/2011




                                                 Título
ILUSÃO....

         José Geraldo Martinez



      Espera-me que não demoro!
       Sou uma ilusão qualquer...
Destas que não buscam um rosto ou colo,
     de quem na verdade as quiser!

Desde que não me percam, um dia chego...
     Com vestes de sua imaginação!
   Por favor, não me cobrem realidade,
            sou apenas ilusão!

  Deixarei meu rosto vocês esculpirem...
       E até meus lábios beijarem!
  Terei a cor dos olhos como quiserem,
      os cabelos como gostarem...

 Serei alto, baixo, mediano, não importa!
          Gordo, magro, careca...
  Um tipo que as agradam com certeza
      e suas fantasias emprestam!

     Serei poeta, bombeiro, policial,
            um super herói...
         Um personagem casual
    que, no virtual, seu libido constrói!
Levarei-as nos braços gentilmente...
  E dançaremos o quanto desejarem!
Cantaremos noite a dentro alegremente,
     melodias com lindos luares...

      Faremos amor a bel prazer,
   onde nossas mentes nos levarem!
 No carro, no mar, no rio, no banheiro...
         Em todos os lugares!

Sou a fantasia amiga do(as) sonhadores...
       Não me cobrem a realidade!
          Sou pueril, efêmera...
      Tenho o corpo da irrealidade!

      Sou de alguns as lágrimas e
         de outros a saudade...
    Vento nas mãos que me apertam,
    daqueles que buscam a verdade!


               12/5/2011



 Sou nada, sou tudo ao mesmo tempo...
   Sem mim? Morreriam os sonhos!
              ( Martinez)

       martinez.ata@terra.com.br




                                            Título
DÊ-ME, SENHOR...

                               José Geraldo Martinez



                              Dê-me, Senhor, uma mulher
                     cuja fé consiga transformar-me inteiramente!
E que me faça levantar dos tombos e, com meus próprios pés, no aprendizado seguir em
                                          frente.
                                 Uma mulher de Deus...
                         Com resignação e sentimentos puros!
                       Que eu farei com ela levantarem os ateus,
                           incrédulos, ao Pai, tão obscuros...
                         Dê-me, Senhor, uma mulher bendita!
                     Eu gritarei ao mundo teus ensinamentos e de
                              minha fé, também contrita...
                      Levantarei os pecadores num só momento!
                        Dê-me, Senhor, uma mulher de verdade,
                        que as bainhas não terão mais espadas!
                            Os conflitos estarão terminados,
                          na força viva desta mulher amada...
                     Dê-me, Senhor, uma mulher à Tua imagem e
                             deste espelho serei cópia fiel!
                        Quando nesta terra em pueril passagem
                  possa nos receber ao teu lado, com glória ao céu...
                       Dê-me, Senhor, uma mulher companheira,
                                  uma profeta poderosa!
                         Serei capaz de enfrentar os canhões,
                      tombar os soldados com buquês de rosas...
                     Hei de edificar os teus santuários destruídos,
                                 o nosso mundo perdido!
                 Dê-me, Senhor, uma mulher que eu ame o suficiente,
para me deixar mais perto de Ti.

                      19/5/2011

"Inspirado no belíssimo texto de Oswald Chambers. "




Leia o texto a seguir que o Poeta citou e se inspirou...
                   é belo demais....

         (colaboração da poeta Vera Mussi)




     "Dê-me um homem de Deus - um homem,
          Cuja fé seja mestre de sua mente,
       E eu removerei todas as transgressões
         E abençoarei toda a humanidade.
      Dê-me um homem de Deus - um homem,
      Cuja língua seja tocada com fogo do céu,
    E eu incendiarei os corações mais impuros,
    Com grande determinação e desejos puros.
      Dê-me um homem de Deus - um homem,
          Um profeta poderoso do Senhor,
             E eu lhe darei paz na Terra,
    Conquistada com oração e não com espada.
      Dê-me um homem de Deus - um homem,
                 fiel à visão recebida,
     E eu edificarei seus santuários quebrados,
     E conduzirei as nações aos seus joelhos."
                 (Oswald Chambers)




                                                           Título
AMANTE

           Mercília Rodrigues


    Cubro meu pudor com teu abraço,
     em noite de sensatez tão pouca!
   Encontro ainda calor no teu abraço...
Sinto teus beijos atrevidos em minha boca.

   Meu corpo responde a teu carinho,
 no aconchego sedutor de teus cabelos.
    Deixo fluir a chama de mansinho,
   evoluindo no ardor de teus apelos!

 Loucos! Loucos de paixão em desatino!
  Param as horas... Silencia o mundo .
   Dois corpos enlaçados no carinho
     inebriados de prazer profundo.

     Somos um no vivido desvario.
      Abandono, então todo pudor.
   Entrego-me completa, corpo em cio
   meu ser que responde ao teu calor!

     Arranca de mim esta entrega!
   Nada sei, pois a paixão me cega.
    Toma-me o corpo que te quer...
Neste momento sou amante, sou mulher!
Owner: Eme Paiva
                    Moderadoras: Anna Peralva, Marilda Ternura, Eliana (Shir)




                                   Midi: Aranjuez Mon Amour
                                  Tube: Nikita e Site Laumidia

                               Arte e formatação Marilda Ternura




Mercília Rodrigues nasceu no mês de junho em Monte Alto (São Paulo).

Sendo a pequenina de uma família de cinco filhos cresceu na vila, no campo. Rodeada
pela simplicidade das pessoas e o carinho dos seus. Sonhadora, conheceu José casou e
com ele teve um casal de filhos.

A menina ficou nas lembranças do passado... Nascia uma nova mulher, ave mãe
protegendo e educando as crias num ninho de amor e ternura.
Atualmente reside em Araçatuba. Licenciada em Português exerceu o magistério por
aproximadamente trinta anos. Hoje se dedica à poesia almejando a ampliação cultural e
troca de conhecimento entre amigos.

Seus poetas preferidos: Drummond, Fernando Pessoa, Cecília Meirelles e Ferreira Gullar.
Mercília é a essência pura da poesia, tem o dom de fazer com a gente embarque em seus
versos e voe ao encontro dos seus sonhos...

Tal encontro só é possível pelo lirismo poético, pela sensibilidade exposta em seu estilo
singular de poetar.

Ela conhece profundamente as variações e movimentos de cada palavra, pois escreve
com a alma!


                                        Anna Peralva




                                                                                            Título
AINDA O SONHO

         Mercília Rodrigues


    Fujo de conflito e inutilidades.
  Teimosa sou com a vida e acredito
   no hoje pleno de possibilidades,
 num amanhã abrindo portas, bendito!


 Abraço o tempo sem qualquer tristeza
e arrumo em sonhos a mala de viagem.
    Olho pra o futuro com a certeza
   de levar esperança na bagagem.


  Se me veem como maluca? Beleza!
Quero olhar até o universo com coragem
   e ter gratidão pela sua grandeza!


Sei que, no final de sonhos em viagem,
    haveremos de ver, com sutileza,
 os que puseram sonhos na bagagem!



      mercilia.rodrigues@terra.com.br




                                         Título
Arritmia

             Márcia Possar*


   E foi assim, com um pé na estrela.
           Foi querendo sê-la
   que entreguei-me à sua parecença.

Deixei-me cintilar de seu brilho trepidante,
 para, quem sabe, ou até que pudesse,
       me ver volível desse acaso,
        que foi dos meus acasos
        o maior e mais excedível.

            Quis-me pauta
      para conter-te em dó maior.
        Quis-me versos e odes.
          Quis-me leve, solta,
    para que, ainda que em prelúdio,
  pudesses ouvir-me dos teus acordes.

          Fiz-me brilho e calor,
      fiz-me música e fiz-me musa
  para ouvir-te em declaração de amor!
    E ouvi teu canto... Meu encanto...
 Recanto de insensatez em noite de lua,
onde me quiseste nua e eu... Quis-me tua!
Rua escura cheia de madrugadas,
                    cheia de loucura,
          para sempre e inteira das tuas baladas.

                      Chamadas...
            Foram as marcas da falta de ritmo
              daquela minha estrela louca.
                 Centelha falta de mim,
                  que me fazia cismar.
                  Que me fazia pouca,
                  para tanto desvairar,
           como se o que de anuência em mim,
                  não me fosse bastar.

                 E foi assim que eu parti.
                     Foi nessa trama,
             que o meu drama virou poesia.
                    Foi nessa arritmia
            que chamei e ainda chamo por ti...



                *****************************




*Nasceu em Santo André (Grande ABC Paulista) - SP no dia 30 de
setembro de 1957, atualmente mora na Cidade de Uberaba - MG.




                                                                 Título
Ontem, tanta felicidade
              Vera Mussi


   Tudo muda em função do passado,
             tão recente !
       O inesperado, a cada dia,
 alavanca nossas escolhas do presente
          Repleto de magia...

       O ontem não nos pertence
   É a presença da "vontade ausente"
         É nuvem passageira...
     transformando o momento em
   pensamento "sem eira nem beira..."

         O sentimento ignora
              ( joga fora)
     as lembranças de outrora...
    Agora, a emoção é estrangeira!

  Da razão, é simples a consequência
  Fala-se de um Amor - ominisciente!!
     Na cor azul da transparência...
     O coração continua reluzente

As escolhas entre o Eu e o Tu, imanentes
   repelem o "Nós"- em contradição...
         Uma "vontade ausente"
      é o fruto do adeus consciente,
         à voz da ilusão amante.
A divergência entre o segredo e os fatos
                 É gritante!
       Vence o enredo dos boatos...
               Impertinentes!
        Foram sonhos inadimplentes
           Verdades incoerentes.

          Ontem, tanta felicidade!
       Hoje, nos caminhos distantes,
        morre a saudade de antes...




"Bem que eu quis te ofertar meu destino, meu sonho,
   minha vida, e até mesmo esta efêmera glória
que desperdiço a cantar nos versos que componho...
  Nada quiseste...E assim, os sonhos que viviam,
  se ontem, puderam ser um começo de história,
   hoje, são dois caminhos que se distanciam..."
                J.G.de Araujo Jorge




                                                      Título
PUDESSE EU SER...
               Carmo Vasconcelos

                    Pudesse eu ser...
                A concha onde abrigas
              pérolas de palavras inúteis
                  O cofre onde ocultas
            jóias de pensamentos calados
                A ânfora onde derramas
              cristais de lágrimas antigas

                  Pudesse eu ser...
                    Faísca e fogo
           na lenha húmida dos teus olhos
                      Sol e Lua
            na sombra difusa do teu corpo
                     Verde e água
               na aridez do teu deserto

                 Pudesse eu dizer...
                    Pertenço-te!

                          ***
(In "Geometrias Intemporais" - publicado em Maio/2000)

    Publicado no Recanto das Letras em 08/04/2005
                 Código do texto: T10392




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  • 1. Bernardino de Matos: É hora de partir Marco Fontolan: A voz de um rio Marco Fontolan: A poesia Marco Fontolan: Haicais Luis Filipe: Retalhos de uma aldeia Luis Filipe: Mais uma esquina de rua Luis Filipe: Teu jeito Luis Filipe: Naturalidades José Geraldo Martinez: Você é linda José Geraldo Martinez: Ilusão José Geraldo Martinez: Dê-me Senhor Mercília Rodrigues: Amante Mercília Rodrigues: Ainda o sonho Márcia Possar - Arritmia Vera Mussi – Ontem, tanta felicidade Carmo Vasconcelos – Pudesse eu ser...
  • 2. É HORA DE PARTIR! Bernardino Matos Uns partindo, outros chegando, é a vida em movimento, mas quando chega o momento, de a mala ir arrumando. a gente fica escutando, a canção de um lamento, que açoita o sentimento, encabresta aquele afeto, que aqueceu nosso teto, e deixa a alma chorando. A gente arruma as lembranças, deixa o adeus num cantinho, cuida pra que o carinho, tão presente nas andanças, eivadas de esperanças, não se amasse com a tristeza, não amarrote a leveza, de um amor outrora infindo,, que aos poucos foi sumindo, no trotear das nuanças.. A gente deixa um espaço, onde se guarda a ternura,
  • 3. bem longe da amargura, que deixa aquele mormaço, que, o tempo, passo a passo, com sua sabedoria, com o dom de sua magia,, o amor vai restaurar, um amanhã vai raiar, longe desse embaraço. E depois de tudo pronto, resta somente a partida, uma triste despedida, onde não vale o confronto, dá-se à saudade um desconto, que se supunha sem fim, que não terminasse assim, mas se não há mais carinho, resta somente um caminho, sair sem bater o ponto. Se o amor é verdadeiro, há uma nesga de ternura, não há nódoa de amargura, e a chama de um candeeiro, qual a vela de um veleiro, traz um clima de aconchego, e a réstia de um apego, mantém-se frágil e serena, o que torna mais amena, o acorde do violeiro. Fortaleza, 19/05/11
  • 4. A voz de um rio Marco Fontolan* Eu nasci numa fonte Escondida embaixo de árvores Frondosas e sombrias Ao pé de um morro Dentro de uma mata densa Escura e fria Sou este rio que corre Sou este rio que desce Sou este rio que avança Este rio que passa... Este rio que canta. Este rio que se alarga como parte de um mundo falo a voz do tempo não penso, não ouço Não tenho respostas a dar ou perguntas a fazer Sou um rio, apenas um rio que corre um rio que desce.;.. Um rio,
  • 5. que some entre a espessa Mata virgem e depois reaparece! *Marco Antonio Benassi Fontolan é formado em Direito na USP, pós-graduação em Literatura Brasileira na PUC e Mackensie. Nasceu na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, SP. Tem participado de várias antologias, inclusive foi premiado numa antologia de contos, editada pela Fundação Cassiano Ricardo, de São José Campos. Obras publicadas: Viajante do Tempo (poemas) e Pedaços de verão e outras histórias (contos). Título
  • 6. A poesia Marco Fontolan A poesia está em tudo Nos instantes do dia Na chuva que cai Na ventania. Em jardins inacessíveis Em brejos lamacentos Em toda as coisas A poesia está no ar A poesia está no mar E mesmo que um dia., Nem venha a ser mais escrita Ainda assim, sempre existirá. A poesia é invisível Título
  • 7. Haicais Marco Fontolan Luzes na neblina da estrada que cruza a serra num dia de maio Colheita de frutos de um cajueiro em flor... - imagem tropical Dezembro chegando dias contagiantes, alegres - festas e presentes Dezembro chegando chuvas de verão, intensas - Natal se aproxima Cesta com várias frutas sobre a mesa da família - no final do ano Tempo de colheita de certas frutas tropicais, - caminho entre os pés Mangas caem pelo chão num dezembro radiante - muitas festas virão
  • 8. No final do ano frutas, frutas... muitas frutas trabalho, colheita em uma esquina grande ipê, deslumbrante - embeleza tudo... Na mata fechada uma embaúba surge... - folhas prateadas... a lua caminha sobre uma rodovia - onde tudo corre no jardim, um jasmim perfuma a noite no verão - intenso aroma... Maracujá em flor lá no meio do quintal - aroma e sabor Num canto do quintal mangas despencam do pé - sobre o gramado canta o sabiá entre as árvores do quintal como antigamente. Título
  • 9. RETALHOS DE UMA ALDEIA Luis da Mota Filipe* Aqui… Onde o bom dia baila de boca em boca numa dança natural, as manhãs brindam-nos com a pureza das gotas de orvalho. Há cheiro a campos viçosos e a perfumes que vivem nos estendais de roupa sempre que se encontram povoados. Os beirais acolhem sinfonias, anunciando a estação dos amores. O toque do sino na torre é o orientador fiel para os que andam mimando as suas fazendas. Diariamente, em cada morada, fumegam iguarias saloias compondo buchas, merendas e ceias. Postigos gastos são enfeitados com a brancura da arte rendilhada. O rossio, o mirante, a sociedade, o chafariz, o rio e o poço, são os padrinhos briosos de algumas ruas e largos. Enquanto os pátios namoram com as travessas e os becos cobiçam as ladeiras, bancos improvisados, aquecidos pelo sol, servem de palco aos temas da vida alheia. Agosto é mês de branquear casas e muros, para que possam combinar com a pureza dos jardins de fé que se carregam aos ombros.
  • 10. Neste canto saboreia-se a tranquilidade, respirando-se das marcas seculares. Nesta terra que beija o céu, os dias morrem mais depressa e as noites nascem mais cedo. Na aldeia, todos são primos e primas. Os sorrisos e as lágrimas são comunitários, partilham-se dores e alegrias. Não se fantasiam sentimentos. Tudo é mais autêntico e a vida brota… ao sabor dos versos apinhados de rimas de verdades. * (Anços – Montelavar – Sintra - Portugal) In:geoGRAFIA do Silêncio, Edium Editores, 2010. Título
  • 11. MAIS UMA ESQUINA DE RUA Luis da Mota Filipe* No palco turvado das madrugadas enganosas, o cenário é avesso à cor da esperança. Naquela esquina de rua, passos de provocação abafam o medo. As bonecas trajam vestes enaltecendo os seus contornos, há movimentos ensaiados que adivinham a acção relâmpago. Os pássaros surgem agrestes num cântico de devaneio, pousando impacientes seus venenos poluidores. Há vestígios que o líquido mais puro não branqueia nem apaga. Quando as manhãs surgem sombrias nos corpos exaustos, lacrimosos rios fluem pelo deserto. A sede de amar é maior que a vergonha. Só este desejo, vai suavizando o seu divórcio da felicidade. *(Anços – Montelavar – Sintra – Portugal) In “geoGRAFIA do Silêncio”, Ed.Edium Editores, 2010. Título
  • 12. TEU JEITO Teu falar cativante, Teu cheiro agradável, Teu olhar ternurento, Teu toque delicado, Teu abraço envolvente, Teu beijo doce, Teu amar encantador, Teu ser maravilhoso, Tua presença… desejada ambicionada amada Luis da Mota Filipe (Anços – Montelavar – Sintra – Portugal) Título
  • 13. NATURALIDADES Meus versos são os gritos de esperança Percorrendo um mundo de magia Frases que se embalam numa dança Lembrando o valor da ecologia Rimas são natureza em alvorada Cores da vida mais bela e sã Gotas de um orvalho à chegada Dum dia que começa na manhã Tantas palavras que eu invento São as inspirações do momento Com as quais me apetece brincar Histórias mil, feitas ao vento Entre alegria e o lamento Onde o ambiente eu vou amar Luis da Mota Filipe Título
  • 14. VOCÊ É LINDA! José Geraldo Martinez Tu és tão linda senhora... Não consegues enxergar? A doçura que tens quando sorris, a meiguice que transborda em teu olhar... Tu és incrivelmente linda! Ainda que sem te arrumares... E nem te percebes, senhora, quando no espelho a te contemplares? Traços que mostram uma vida marcada de lutas vencidas? Os sonhos que eu te entrego no colo, que me foram de eterna guarida... Quando te vestes... Arrancas-me ainda arrepio! E teu cheiro de absinto... Apura-me o instinto esta loba no cio! Tuas mãos quando me tocam... Meus pecados invocam, amada minha! E, ao teu gozo, entrego-te ao céu, mulher que amo... Com minha alma inteirinha!
  • 15. Não percebes a tua sensualidade? O poder que ainda tens nas mãos? Quando me vês, ainda submisso a teus encantos, resignado e tal qual um cão? Não confias em ti? Na leveza que carregas no coração. Teu corpo, nem me lembro, esqueci... Vejo além da carne que me entregas com paixão! Mulher, tu és linda! Tanto, tanto, tanto... A mim seja sempre bem-vinda, que o tempo ainda não conseguiu roubar teu encanto! 09/05/2011 Título
  • 16. ILUSÃO.... José Geraldo Martinez Espera-me que não demoro! Sou uma ilusão qualquer... Destas que não buscam um rosto ou colo, de quem na verdade as quiser! Desde que não me percam, um dia chego... Com vestes de sua imaginação! Por favor, não me cobrem realidade, sou apenas ilusão! Deixarei meu rosto vocês esculpirem... E até meus lábios beijarem! Terei a cor dos olhos como quiserem, os cabelos como gostarem... Serei alto, baixo, mediano, não importa! Gordo, magro, careca... Um tipo que as agradam com certeza e suas fantasias emprestam! Serei poeta, bombeiro, policial, um super herói... Um personagem casual que, no virtual, seu libido constrói!
  • 17. Levarei-as nos braços gentilmente... E dançaremos o quanto desejarem! Cantaremos noite a dentro alegremente, melodias com lindos luares... Faremos amor a bel prazer, onde nossas mentes nos levarem! No carro, no mar, no rio, no banheiro... Em todos os lugares! Sou a fantasia amiga do(as) sonhadores... Não me cobrem a realidade! Sou pueril, efêmera... Tenho o corpo da irrealidade! Sou de alguns as lágrimas e de outros a saudade... Vento nas mãos que me apertam, daqueles que buscam a verdade! 12/5/2011 Sou nada, sou tudo ao mesmo tempo... Sem mim? Morreriam os sonhos! ( Martinez) martinez.ata@terra.com.br Título
  • 18. DÊ-ME, SENHOR... José Geraldo Martinez Dê-me, Senhor, uma mulher cuja fé consiga transformar-me inteiramente! E que me faça levantar dos tombos e, com meus próprios pés, no aprendizado seguir em frente. Uma mulher de Deus... Com resignação e sentimentos puros! Que eu farei com ela levantarem os ateus, incrédulos, ao Pai, tão obscuros... Dê-me, Senhor, uma mulher bendita! Eu gritarei ao mundo teus ensinamentos e de minha fé, também contrita... Levantarei os pecadores num só momento! Dê-me, Senhor, uma mulher de verdade, que as bainhas não terão mais espadas! Os conflitos estarão terminados, na força viva desta mulher amada... Dê-me, Senhor, uma mulher à Tua imagem e deste espelho serei cópia fiel! Quando nesta terra em pueril passagem possa nos receber ao teu lado, com glória ao céu... Dê-me, Senhor, uma mulher companheira, uma profeta poderosa! Serei capaz de enfrentar os canhões, tombar os soldados com buquês de rosas... Hei de edificar os teus santuários destruídos, o nosso mundo perdido! Dê-me, Senhor, uma mulher que eu ame o suficiente,
  • 19. para me deixar mais perto de Ti. 19/5/2011 "Inspirado no belíssimo texto de Oswald Chambers. " Leia o texto a seguir que o Poeta citou e se inspirou... é belo demais.... (colaboração da poeta Vera Mussi) "Dê-me um homem de Deus - um homem, Cuja fé seja mestre de sua mente, E eu removerei todas as transgressões E abençoarei toda a humanidade. Dê-me um homem de Deus - um homem, Cuja língua seja tocada com fogo do céu, E eu incendiarei os corações mais impuros, Com grande determinação e desejos puros. Dê-me um homem de Deus - um homem, Um profeta poderoso do Senhor, E eu lhe darei paz na Terra, Conquistada com oração e não com espada. Dê-me um homem de Deus - um homem, fiel à visão recebida, E eu edificarei seus santuários quebrados, E conduzirei as nações aos seus joelhos." (Oswald Chambers) Título
  • 20. AMANTE Mercília Rodrigues Cubro meu pudor com teu abraço, em noite de sensatez tão pouca! Encontro ainda calor no teu abraço... Sinto teus beijos atrevidos em minha boca. Meu corpo responde a teu carinho, no aconchego sedutor de teus cabelos. Deixo fluir a chama de mansinho, evoluindo no ardor de teus apelos! Loucos! Loucos de paixão em desatino! Param as horas... Silencia o mundo . Dois corpos enlaçados no carinho inebriados de prazer profundo. Somos um no vivido desvario. Abandono, então todo pudor. Entrego-me completa, corpo em cio meu ser que responde ao teu calor! Arranca de mim esta entrega! Nada sei, pois a paixão me cega. Toma-me o corpo que te quer... Neste momento sou amante, sou mulher!
  • 21. Owner: Eme Paiva Moderadoras: Anna Peralva, Marilda Ternura, Eliana (Shir) Midi: Aranjuez Mon Amour Tube: Nikita e Site Laumidia Arte e formatação Marilda Ternura Mercília Rodrigues nasceu no mês de junho em Monte Alto (São Paulo). Sendo a pequenina de uma família de cinco filhos cresceu na vila, no campo. Rodeada pela simplicidade das pessoas e o carinho dos seus. Sonhadora, conheceu José casou e com ele teve um casal de filhos. A menina ficou nas lembranças do passado... Nascia uma nova mulher, ave mãe protegendo e educando as crias num ninho de amor e ternura. Atualmente reside em Araçatuba. Licenciada em Português exerceu o magistério por aproximadamente trinta anos. Hoje se dedica à poesia almejando a ampliação cultural e troca de conhecimento entre amigos. Seus poetas preferidos: Drummond, Fernando Pessoa, Cecília Meirelles e Ferreira Gullar. Mercília é a essência pura da poesia, tem o dom de fazer com a gente embarque em seus versos e voe ao encontro dos seus sonhos... Tal encontro só é possível pelo lirismo poético, pela sensibilidade exposta em seu estilo singular de poetar. Ela conhece profundamente as variações e movimentos de cada palavra, pois escreve com a alma! Anna Peralva Título
  • 22. AINDA O SONHO Mercília Rodrigues Fujo de conflito e inutilidades. Teimosa sou com a vida e acredito no hoje pleno de possibilidades, num amanhã abrindo portas, bendito! Abraço o tempo sem qualquer tristeza e arrumo em sonhos a mala de viagem. Olho pra o futuro com a certeza de levar esperança na bagagem. Se me veem como maluca? Beleza! Quero olhar até o universo com coragem e ter gratidão pela sua grandeza! Sei que, no final de sonhos em viagem, haveremos de ver, com sutileza, os que puseram sonhos na bagagem! mercilia.rodrigues@terra.com.br Título
  • 23. Arritmia Márcia Possar* E foi assim, com um pé na estrela. Foi querendo sê-la que entreguei-me à sua parecença. Deixei-me cintilar de seu brilho trepidante, para, quem sabe, ou até que pudesse, me ver volível desse acaso, que foi dos meus acasos o maior e mais excedível. Quis-me pauta para conter-te em dó maior. Quis-me versos e odes. Quis-me leve, solta, para que, ainda que em prelúdio, pudesses ouvir-me dos teus acordes. Fiz-me brilho e calor, fiz-me música e fiz-me musa para ouvir-te em declaração de amor! E ouvi teu canto... Meu encanto... Recanto de insensatez em noite de lua, onde me quiseste nua e eu... Quis-me tua!
  • 24. Rua escura cheia de madrugadas, cheia de loucura, para sempre e inteira das tuas baladas. Chamadas... Foram as marcas da falta de ritmo daquela minha estrela louca. Centelha falta de mim, que me fazia cismar. Que me fazia pouca, para tanto desvairar, como se o que de anuência em mim, não me fosse bastar. E foi assim que eu parti. Foi nessa trama, que o meu drama virou poesia. Foi nessa arritmia que chamei e ainda chamo por ti... ***************************** *Nasceu em Santo André (Grande ABC Paulista) - SP no dia 30 de setembro de 1957, atualmente mora na Cidade de Uberaba - MG. Título
  • 25. Ontem, tanta felicidade Vera Mussi Tudo muda em função do passado, tão recente ! O inesperado, a cada dia, alavanca nossas escolhas do presente Repleto de magia... O ontem não nos pertence É a presença da "vontade ausente" É nuvem passageira... transformando o momento em pensamento "sem eira nem beira..." O sentimento ignora ( joga fora) as lembranças de outrora... Agora, a emoção é estrangeira! Da razão, é simples a consequência Fala-se de um Amor - ominisciente!! Na cor azul da transparência... O coração continua reluzente As escolhas entre o Eu e o Tu, imanentes repelem o "Nós"- em contradição... Uma "vontade ausente" é o fruto do adeus consciente, à voz da ilusão amante.
  • 26. A divergência entre o segredo e os fatos É gritante! Vence o enredo dos boatos... Impertinentes! Foram sonhos inadimplentes Verdades incoerentes. Ontem, tanta felicidade! Hoje, nos caminhos distantes, morre a saudade de antes... "Bem que eu quis te ofertar meu destino, meu sonho, minha vida, e até mesmo esta efêmera glória que desperdiço a cantar nos versos que componho... Nada quiseste...E assim, os sonhos que viviam, se ontem, puderam ser um começo de história, hoje, são dois caminhos que se distanciam..." J.G.de Araujo Jorge Título
  • 27. PUDESSE EU SER... Carmo Vasconcelos Pudesse eu ser... A concha onde abrigas pérolas de palavras inúteis O cofre onde ocultas jóias de pensamentos calados A ânfora onde derramas cristais de lágrimas antigas Pudesse eu ser... Faísca e fogo na lenha húmida dos teus olhos Sol e Lua na sombra difusa do teu corpo Verde e água na aridez do teu deserto Pudesse eu dizer... Pertenço-te! *** (In "Geometrias Intemporais" - publicado em Maio/2000) Publicado no Recanto das Letras em 08/04/2005 Código do texto: T10392 Título