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Relações entre o conhecimento fonológico da criança e a escrita inicial.   [email_address]
Vício na fala Para dizerem milho, dizem mio  Para melhor, dizem mió  Para pior, pió  Para telha, dizem teia  Para telhado, dizem teiado  E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade
Reflexões sobre a natureza da relação fala- escrita    ponto de vista teórico, epistemológico e lingüístico (BIBER 1995), além dos aspectos histórico, antropológico e cognitivo.  Um dos aspectos teóricos nucleares é o que diz respeito à visão  não-dicotômica  da relação fala-escrita.
Equívoco da dicotomia:   FALA   ESCRITA cultura oral cultura letrada pensamento concreto pensamento abstrato vinculação contextual descontextualização implicitude explicitude caoticidade regularidade instabilidade estabilidade
A escrita não é uma representação da fala, mas sofre influência desta A escrita não consegue representar alguns fenômenos da oralidade, como a prosódia, a gestualidade, ... Escrita alfabética vai além da representação alfabética e se serve de uma enorme quantidade de outros elementos representacionais o que nos conduz ao letramento
oralidade  x letramento: relação entre práticas sociais fala x escrita: relação entre formas lingüísticas
Marcuschi (1999): a oralidade e a escrita não são formas diferentes de acesso aos fenômenos mentais e extra-mentais.  São duas formas de exposição, mas não dois sistemas cognitivos paralelos. Escrita    representação complementar com relativa autonomia semiológica e não cognitiva Fala e escrita - alguns aspectos lingüísticos comuns.
LÍNGUA FALA    ESCRITA
Marcuschi (2000): as línguas desenvolvem-se primeiramente na forma oral, naturalmente adquiridas e, posteriormente, desenvolve-se a escrita.
O oral e o escrito Sistema oral    aquisição natural Sistema de escrita    aprendizagem consciente
Internalização inconsciente do conhecimento fonético-fonológico: Padrões entoacionais e acento. Emergência gradual dos fonemas e aplicação das regras de distribuição, incluindo as silábicas e as determinadas pelo contexto. Emergência gradual das regras morfofonêmicas.  Pelandré (2005, p. 101) O desenvolvimento da LO
Escrita Escrita    tornar consciente alguns conhecimentos da fala já internalizados, como a segmentação em sílabas    instrução formal (ensino)
LP – vogal = base Primeiros estágios: AEO (caderno), OA (bola) Sensibilidade para os constituintes fonológicos Sílaba = entidade sonora
Desenvolvimento fonológico    domínio da escrita e leitura.   Produções escritas de crianças - manifestação inconsciente de aspectos fonológicos (no nível segmental e silábico), na relação fonográfica que subjaz ao sistema de escrita.
Experiência da oralidade - interferência na escrita. Regras fonológicas que constituem a variação dialetal
Apoio na oralidade - escrita “colada” na oralidade (ABAURRE, 1999), pode-se postular, equivocadamente, que a escrita depende radicalmente da fala.  Por outro lado, pode-se acreditar que a escrita está totalmente distante e imune à interferência da fala, considerando-se distintas sob todos os aspectos.
Possibilidade de “vazamento” do oral para o escrito (ABAURRE, 2006) desencadeado pela própria constituição fonológica. Abaurre (1988): na escrita inicial - características fonéticas segmentais das variedades lingüísticas. Ex.: denti, mioca
Período inicial de aquisição da escrita:  As crianças ainda não conseguem discernir que a escrita tem seus recursos específicos e não costuma representar as diferentes variações utilizadas pelos falantes.
Assim como na fala, a escrita busca simplificar Hofman e Norris (1989), Varella (1993):  Processos fonológicos    escrita     retorno a incorreções já superadas na fala.
Fonologia: definição e interface com outros níveis lingüísticos  Importância do conhecimento fonológico na aquisição do funcionamento do sistema de uma língua. Hipóteses acerca do desenvolvimento da escrita baseada no desenvolvimento fonológico Consciência fonológica e desenvolvimento da escrita
Olhar sobre  os  dados  de  escrita  inicial     índices  que  ao  serem  interpretados  são  capazes  de  revelar  aspectos  do conhecimento lingüístico das crianças.  Não se desconsidera  o  fato  de  ser  o  processo  de  aquisição  LO  distinto  daquele  de aprendizagem da escrita, mas pensamos ser possível estabelecer conexões entre ambos (Abaurre 1988, 1991; Cunha e Miranda, 2006 e Miranda 2006; 2007) O que a fonologia pode nos dizer?
Confrontar  esses  dados com  aqueles  obtidos  em  trabalhos  sobre  aquisição  da  fonologia.  Vínculo  estreito  entre  esses  campos  de  investigação A criança,  durante  o  processo  de  aquisição  do  sistema  de  escrita,  tende  a confrontá-lo  com  outro  de  natureza  semelhante,  a  linguagem  oral -  o conhecimento  que  possui  sobre  a  gramática  de  sua  língua  materna.
Hipóteses acerca do desenvolvimento da escrita baseada no desenvolvimento fonológico
- Conhecimentos fonológicos: aquisição e variação fonológica no nível segmental e sua influência escrita   estruturas silábicas organização prosódica
Unidade fonológica (segmento) x apropriação da escrita Aquisição e variação fonológica no nível segmental e sua influência escrita
Lamprecht: 4:0    aquisição segmental e de todas as estruturas silábicas concluídas exceto pelo  onset  complexo. Wertzner (1994) observou que o os encontros consonantais com /r/ foram dominados aos 4:1 anos e os com o /l/ aos 5:7 anos.
Vogais: a > i,u > e, o >      (Bonilha) Oclusivas e nasais: p,t,k > b,d > g, m,n >      (Freitas) Fricativas: v,f > z,s >      (Oliveira) Líquidas: l  >     > r (Mezzomo e Ribas)
Conhecimentos sobre aspectos fonéticos de diferentes variedades da língua
 
Variação sociolingüística regional IMEISA (‘imensa’) MOREINO (‘morrendo’) TXIABO (‘diabo’) BESU (‘berço’) APARISEU (‘apareceu’)  (ABAURRE, 2001) VEIX (‘vez)
Arquifonema /R/ - sofre alofonia, manifestando-se, foneticamente, como:                                     
Bortoni-Ricardo (2005): Erros decorrentes da transposição dos hábitos da fala para a escrita. 2. Erros decorrentes da interferência de regras fonológicas categóricas no dialeto. 3. Erros decorrentes da interferência de regras fonológicas variáveis graduais. 4. Erros decorrentes da interferência de regras fonológicas variáveis descontinuas.  1. Erros decorrentes da própria natureza arbitrária do sistema de convenções da escrita
Possibilidades de interferência da fala na escrita Dificuldades na segmentação Problemas na escrita de ditongos Problemas na escrita das vogais nasalizadas por consoante nasal Dificuldades em escrever diante de variedades dialetais (imeiso, veix, teim, txia) Supressão da coda /R/ em posição final (cantar ~ cantá) Elevação das vogais médias postônicas finais e das pretônicas (iscova, mucegu)
A sílaba como constituinte fundamental para a aquisição da fonologia; Erros de escrita relacionados à representação de constituintes silábicos
A SÍLABA ONSET (Ataque, cabeça ou margem inicial) NÚCLEO CODA (margem final) (N)  (C) (G) V (G) (C)  (C)
Onset complexo C1 – plosiva ou fricativa  C2 – [l] ou [r] fr uta,  pr ato,  pl anta, ... Exceção: Vl – Vladimir (empréstimos) Tl – atlas (derivados do latim) Vr – vridu (interna à palavra é possível    livro)
Coda /S/ - /pa S ta/ /R/- /to R to/ /L/ - /bo L sa/ /N/- /ka N to/
 
O problema da sílaba complexa CV – estrutura canônica ou não-marcada BOCA, SAPO, JACARE CVC – sílaba travada (coda) GOSOT (gostou), SUTO (susto), QUATO (quarto), ATADI (à tarde), ESETARGA (estragar), TARADI (tarde) CCV – onset complexo GADI (grande), FORESTA (floresta), BANCO  (branco),  SEPER (sempre)
 
A hierarquia de  constituintes silábicos  aqui assumida permite descrever os dados de maneira a que se possam sistematicamente relacionar as vacilações das crianças à necessidade de identificar e  representar ,  na  escrita,  segmentos  em posições de sílabas com  estrutura mais complexa .
P. gostaria que você marcasse as sílabas das palavras dessa lista. Entendeu? C.  BO/NE/CA  (C. marca a palavra, mas não a lê.) Pesq. O que está  escrito aí? C.:  pe-te-ca. Peteca . VE / LH / O  (C. não lê a palavra.) Pesq.: Você tem certeza de que é assim? C.: É. Tem duas letras. Só a última que tem uma? Pesq.: E o que tem ter duas letras? C. A sílaba. Tem que ter duas letras. Pesq.: Por quê? C.: Porque é assim que eu aprendi.
A hierarquia prosódica e a segmentação na escrita inicial
Escritas iniciais -  percepção de domínios prosódicos   Sílaba (AEO) Pé (derre pente) Palavra fonológica (bomdia) Sintagma entoacional (elaficocotete) Enunciado (ocoelhoviumatrelacadete)
Que hipóteses fazem as crianças sobre a segmentação  da escrita? Muitas  vezes,  por  trás  das  escolhas  de  segmentação, está sua  percepção  de  determinados  domínios  da hierarquia prosódica a partir da qual se organiza a fala (cf. Nespor & Vogel, 1986).
Fonologia métrica e prosódica Fonologia métrica - explica a aplicação do(s) acento(s) das línguas ou as relações de proeminência nas seqüências. Fonologia prosódica - estudo da entoação das línguas e dos constituintes prosódicos (= constituintes fonológicos): sílaba, pé, palavra prosódica, sintagma fonológico, sint. entoacional e enunciado. Ambas pretendem dar conta de aspectos supra-segmentais.
Pé    seqüência de duas sílabas, uma forte e outra fraca. O acento deriva dessa estrutura. A propriedade rítmica  se explica pela existência dos pés: cada sílaba forte corresponde a um pé e as sílabas fracas intercaladas correspondem à parte não-acentuada de um pé.
Relações entre os constituintes prosódicos e a escrita.
Sensibilidade à percepção do sintagma fonológico (um dos domínios da hierarquia prosódica).  Vários são os dados encontrados em corpora  de escritas iniciais que refletem a percepção de domínios prosódicos nos quais se organiza a cadeia da fala.
ABAURRE (2001) o que podem indicar esses dados sobre as representações fonológicas já construídas ou em construção pelas crianças nessa fase de desenvolvimento?  Seria razoável afirmar que antes de entrarem em contato com a escrita alfabética os falantes de uma língua não analisam ainda as sílabas em segmentos, percebendo-as e produzindo-as holisticamente?
Observação de dados da escrita inicial    identificação de indícios reveladores daquilo que pode estar por trás de algumas das hipóteses iniciais de escrita:  a sensibilidade para unidades fônicas representativas de vários níveis internos ao componente  fonológico  das  línguas.
Quanto mais os alunos se tornam conscientes das diferenças entre fala e escrita, menos “erros” ocorrerão em suas produções escritas.
Diferenças relacionadas ao sexo, idade e escolaridade.  Fenômenos fonológicos    intervenção a partir de regras dirigidas em relação à escrita Importância das instruções lingüísticas formais explícitas: evidenciar e sistematizar detalhes lingüísticos
Atuação terapêutica    direta, explícita Erros de apoio na oralidade – instruções que destaquem os aspectos notacionais que diferenciam as variações na fala e a representação gráfica das palavras: Ex.:  cadeira ~ cadera escola ~ iscola dente ~ denti mentira ~ mitira
Problemas de segmentação – instruções que destaquem a percepção de domínios prosódicos e desenvolver a CP: Ex.: de repente ~ derrepente de repente ~ derre pente ser humano ~ sero mano Texto    frases    palavras    sílabas Segmentar frases e procedimento close.
Problemas na ausência das marcas de nasalidade  Canto > cato Banco > baco Imenso > imeso Explicações sistemáticas acerca dos detalhes linguísticos    não temos consoantes nasais nessa posição, na fala... Apenas a vogal nasalizada  Diferenças fala x escrita
Interface oralidade e escrita Escola - os aprendizes sejam sensibilizados e conscientizados quanto às diferenças que existem entre essas modalidades e quanto às variações, levando-os a refletir sobre os aspectos variacionais, identificando o que é coibido na escrita.
Consciência fonológica e desenvolvimento da escrita
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA Consciência fonológica  leitura/escrita Habilidade de refletir sobre os sons da língua. Fonema x grafema CF X regras ortográficas
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA –  Síntese silábica –  Síntese fonêmica –  Rima / Aliteração –  Segmentação fonêmica  –  Exclusão fonêmica –  Transposição fonêmica
Caminho de duas vias A hierarquia de constituintes silábicos proposta na literatura fonológica permite explicar os dados da escrita inicial, e  os dados da escrita inicial fornecem, por sua vez, evidências para a própria hierarquia proposta pela fonologia.
Ciclo contínuo Fala 1    Escrita 1   Escrita 2   Fala 2     Mary Kato (1986) A Escrita2 e a Fala1 (pré-letramento), se distinguem e se distanciam.  Na Fala1, não há influência da escrita.  A criança procura simular, na fala2, a Escrita2. A Fala2 também influencia a Escrita2, que continua influenciando a Fala2 -  ciclo de simulações contínuas .
ALGUMAS REFLEXÕES ...  Erro gramatical, na prática, não existe, pois, em última análise, o que se condena no uso da língua ou são variantes populares estigmatizadas ou construções pouco freqüentes, mas  possíveis .  São critérios de ordem social e não de natureza estritamente lingüística os que subsistem ao se avaliar uma forma de expressão como errada ou correta;
Sociolingüística LÍNGUA CULTA LÍNGUA VULGAR ESTRATOS LINGÜÍSTICOS
Portanto, o professor não pode dizer simplesmente para o aluno observar os sons da fala, as vogais, as consoantes, e representá-las na escrita por letras. Esse é o primeiro passo, mas não é tudo. Feito isso, o aluno precisa aprender que, se cada um escrevesse do jeito que fala, seria um caos. (CAGLIARI, 1998, p. 354)
BIBLIOGRAFIA ABAURRE, M.B.M. O que revelam os textos espontâneos sobre a representação que faz a criança do objeto escrito?. Em: Kato, M. (org.),  A Concepção da Escrita pela Criança . Campinas: Pontes Editores, 1988, p. 135-142.  ______. Horizontes e limites de um programa de investigação em aquisição da escrita. Em: R. Lamprecht (org.),  Aquisição da Linguagem: questões e análises . Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999, p.167-186. ______.  Dados de aquisição da escrita : considerações a respeito de indícios, hipóteses e provas, Anais do ENAL, PUCRS, 2006.  BORTONI-RICARDO, S. M.  Educação em língua materna : a sociolingüística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.  CAGLIARI, L. C.  Alfabetização e Lingüística . São Paulo: Scipione, 1989. LAMPRECHT, R. R. et al.  Aquisição fonológica do português : perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: ARTMED, 2004.LEMLE, M.  Guia teórico do alfabetizador . São Paulo: Ática, 1987.  MOLLICA, M. C.  A Influência da fala na alfabetização . Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1998. SILVA, M. B. da.  Leitura, ortografia e fonologia . São Paulo: Ática, 1981.  ZORZI, J. L.  Aprender a escrever  - a apropriação do  sistema  ortográfico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

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Conhecimento fonológico e a escrita inicial

  • 1. Relações entre o conhecimento fonológico da criança e a escrita inicial. [email_address]
  • 2. Vício na fala Para dizerem milho, dizem mio  Para melhor, dizem mió  Para pior, pió  Para telha, dizem teia  Para telhado, dizem teiado  E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade
  • 3. Reflexões sobre a natureza da relação fala- escrita  ponto de vista teórico, epistemológico e lingüístico (BIBER 1995), além dos aspectos histórico, antropológico e cognitivo. Um dos aspectos teóricos nucleares é o que diz respeito à visão não-dicotômica da relação fala-escrita.
  • 4. Equívoco da dicotomia: FALA ESCRITA cultura oral cultura letrada pensamento concreto pensamento abstrato vinculação contextual descontextualização implicitude explicitude caoticidade regularidade instabilidade estabilidade
  • 5. A escrita não é uma representação da fala, mas sofre influência desta A escrita não consegue representar alguns fenômenos da oralidade, como a prosódia, a gestualidade, ... Escrita alfabética vai além da representação alfabética e se serve de uma enorme quantidade de outros elementos representacionais o que nos conduz ao letramento
  • 6. oralidade x letramento: relação entre práticas sociais fala x escrita: relação entre formas lingüísticas
  • 7. Marcuschi (1999): a oralidade e a escrita não são formas diferentes de acesso aos fenômenos mentais e extra-mentais. São duas formas de exposição, mas não dois sistemas cognitivos paralelos. Escrita  representação complementar com relativa autonomia semiológica e não cognitiva Fala e escrita - alguns aspectos lingüísticos comuns.
  • 8. LÍNGUA FALA ESCRITA
  • 9. Marcuschi (2000): as línguas desenvolvem-se primeiramente na forma oral, naturalmente adquiridas e, posteriormente, desenvolve-se a escrita.
  • 10. O oral e o escrito Sistema oral  aquisição natural Sistema de escrita  aprendizagem consciente
  • 11. Internalização inconsciente do conhecimento fonético-fonológico: Padrões entoacionais e acento. Emergência gradual dos fonemas e aplicação das regras de distribuição, incluindo as silábicas e as determinadas pelo contexto. Emergência gradual das regras morfofonêmicas. Pelandré (2005, p. 101) O desenvolvimento da LO
  • 12. Escrita Escrita  tornar consciente alguns conhecimentos da fala já internalizados, como a segmentação em sílabas  instrução formal (ensino)
  • 13. LP – vogal = base Primeiros estágios: AEO (caderno), OA (bola) Sensibilidade para os constituintes fonológicos Sílaba = entidade sonora
  • 14. Desenvolvimento fonológico  domínio da escrita e leitura. Produções escritas de crianças - manifestação inconsciente de aspectos fonológicos (no nível segmental e silábico), na relação fonográfica que subjaz ao sistema de escrita.
  • 15. Experiência da oralidade - interferência na escrita. Regras fonológicas que constituem a variação dialetal
  • 16. Apoio na oralidade - escrita “colada” na oralidade (ABAURRE, 1999), pode-se postular, equivocadamente, que a escrita depende radicalmente da fala. Por outro lado, pode-se acreditar que a escrita está totalmente distante e imune à interferência da fala, considerando-se distintas sob todos os aspectos.
  • 17. Possibilidade de “vazamento” do oral para o escrito (ABAURRE, 2006) desencadeado pela própria constituição fonológica. Abaurre (1988): na escrita inicial - características fonéticas segmentais das variedades lingüísticas. Ex.: denti, mioca
  • 18. Período inicial de aquisição da escrita: As crianças ainda não conseguem discernir que a escrita tem seus recursos específicos e não costuma representar as diferentes variações utilizadas pelos falantes.
  • 19. Assim como na fala, a escrita busca simplificar Hofman e Norris (1989), Varella (1993): Processos fonológicos  escrita  retorno a incorreções já superadas na fala.
  • 20. Fonologia: definição e interface com outros níveis lingüísticos Importância do conhecimento fonológico na aquisição do funcionamento do sistema de uma língua. Hipóteses acerca do desenvolvimento da escrita baseada no desenvolvimento fonológico Consciência fonológica e desenvolvimento da escrita
  • 21. Olhar sobre os dados de escrita inicial  índices que ao serem interpretados são capazes de revelar aspectos do conhecimento lingüístico das crianças. Não se desconsidera o fato de ser o processo de aquisição LO distinto daquele de aprendizagem da escrita, mas pensamos ser possível estabelecer conexões entre ambos (Abaurre 1988, 1991; Cunha e Miranda, 2006 e Miranda 2006; 2007) O que a fonologia pode nos dizer?
  • 22. Confrontar esses dados com aqueles obtidos em trabalhos sobre aquisição da fonologia. Vínculo estreito entre esses campos de investigação A criança, durante o processo de aquisição do sistema de escrita, tende a confrontá-lo com outro de natureza semelhante, a linguagem oral - o conhecimento que possui sobre a gramática de sua língua materna.
  • 23. Hipóteses acerca do desenvolvimento da escrita baseada no desenvolvimento fonológico
  • 24. - Conhecimentos fonológicos: aquisição e variação fonológica no nível segmental e sua influência escrita estruturas silábicas organização prosódica
  • 25. Unidade fonológica (segmento) x apropriação da escrita Aquisição e variação fonológica no nível segmental e sua influência escrita
  • 26. Lamprecht: 4:0  aquisição segmental e de todas as estruturas silábicas concluídas exceto pelo onset complexo. Wertzner (1994) observou que o os encontros consonantais com /r/ foram dominados aos 4:1 anos e os com o /l/ aos 5:7 anos.
  • 27. Vogais: a > i,u > e, o >  (Bonilha) Oclusivas e nasais: p,t,k > b,d > g, m,n >  (Freitas) Fricativas: v,f > z,s >  (Oliveira) Líquidas: l >  > r (Mezzomo e Ribas)
  • 28. Conhecimentos sobre aspectos fonéticos de diferentes variedades da língua
  • 29.  
  • 30. Variação sociolingüística regional IMEISA (‘imensa’) MOREINO (‘morrendo’) TXIABO (‘diabo’) BESU (‘berço’) APARISEU (‘apareceu’) (ABAURRE, 2001) VEIX (‘vez)
  • 31. Arquifonema /R/ - sofre alofonia, manifestando-se, foneticamente, como:                
  • 32. Bortoni-Ricardo (2005): Erros decorrentes da transposição dos hábitos da fala para a escrita. 2. Erros decorrentes da interferência de regras fonológicas categóricas no dialeto. 3. Erros decorrentes da interferência de regras fonológicas variáveis graduais. 4. Erros decorrentes da interferência de regras fonológicas variáveis descontinuas. 1. Erros decorrentes da própria natureza arbitrária do sistema de convenções da escrita
  • 33. Possibilidades de interferência da fala na escrita Dificuldades na segmentação Problemas na escrita de ditongos Problemas na escrita das vogais nasalizadas por consoante nasal Dificuldades em escrever diante de variedades dialetais (imeiso, veix, teim, txia) Supressão da coda /R/ em posição final (cantar ~ cantá) Elevação das vogais médias postônicas finais e das pretônicas (iscova, mucegu)
  • 34. A sílaba como constituinte fundamental para a aquisição da fonologia; Erros de escrita relacionados à representação de constituintes silábicos
  • 35. A SÍLABA ONSET (Ataque, cabeça ou margem inicial) NÚCLEO CODA (margem final) (N) (C) (G) V (G) (C) (C)
  • 36. Onset complexo C1 – plosiva ou fricativa C2 – [l] ou [r] fr uta, pr ato, pl anta, ... Exceção: Vl – Vladimir (empréstimos) Tl – atlas (derivados do latim) Vr – vridu (interna à palavra é possível  livro)
  • 37. Coda /S/ - /pa S ta/ /R/- /to R to/ /L/ - /bo L sa/ /N/- /ka N to/
  • 38.  
  • 39. O problema da sílaba complexa CV – estrutura canônica ou não-marcada BOCA, SAPO, JACARE CVC – sílaba travada (coda) GOSOT (gostou), SUTO (susto), QUATO (quarto), ATADI (à tarde), ESETARGA (estragar), TARADI (tarde) CCV – onset complexo GADI (grande), FORESTA (floresta), BANCO (branco), SEPER (sempre)
  • 40.  
  • 41. A hierarquia de constituintes silábicos aqui assumida permite descrever os dados de maneira a que se possam sistematicamente relacionar as vacilações das crianças à necessidade de identificar e representar , na escrita, segmentos em posições de sílabas com estrutura mais complexa .
  • 42. P. gostaria que você marcasse as sílabas das palavras dessa lista. Entendeu? C. BO/NE/CA (C. marca a palavra, mas não a lê.) Pesq. O que está escrito aí? C.: pe-te-ca. Peteca . VE / LH / O (C. não lê a palavra.) Pesq.: Você tem certeza de que é assim? C.: É. Tem duas letras. Só a última que tem uma? Pesq.: E o que tem ter duas letras? C. A sílaba. Tem que ter duas letras. Pesq.: Por quê? C.: Porque é assim que eu aprendi.
  • 43. A hierarquia prosódica e a segmentação na escrita inicial
  • 44. Escritas iniciais - percepção de domínios prosódicos Sílaba (AEO) Pé (derre pente) Palavra fonológica (bomdia) Sintagma entoacional (elaficocotete) Enunciado (ocoelhoviumatrelacadete)
  • 45. Que hipóteses fazem as crianças sobre a segmentação da escrita? Muitas vezes, por trás das escolhas de segmentação, está sua percepção de determinados domínios da hierarquia prosódica a partir da qual se organiza a fala (cf. Nespor & Vogel, 1986).
  • 46. Fonologia métrica e prosódica Fonologia métrica - explica a aplicação do(s) acento(s) das línguas ou as relações de proeminência nas seqüências. Fonologia prosódica - estudo da entoação das línguas e dos constituintes prosódicos (= constituintes fonológicos): sílaba, pé, palavra prosódica, sintagma fonológico, sint. entoacional e enunciado. Ambas pretendem dar conta de aspectos supra-segmentais.
  • 47. Pé  seqüência de duas sílabas, uma forte e outra fraca. O acento deriva dessa estrutura. A propriedade rítmica se explica pela existência dos pés: cada sílaba forte corresponde a um pé e as sílabas fracas intercaladas correspondem à parte não-acentuada de um pé.
  • 48. Relações entre os constituintes prosódicos e a escrita.
  • 49. Sensibilidade à percepção do sintagma fonológico (um dos domínios da hierarquia prosódica). Vários são os dados encontrados em corpora de escritas iniciais que refletem a percepção de domínios prosódicos nos quais se organiza a cadeia da fala.
  • 50. ABAURRE (2001) o que podem indicar esses dados sobre as representações fonológicas já construídas ou em construção pelas crianças nessa fase de desenvolvimento? Seria razoável afirmar que antes de entrarem em contato com a escrita alfabética os falantes de uma língua não analisam ainda as sílabas em segmentos, percebendo-as e produzindo-as holisticamente?
  • 51. Observação de dados da escrita inicial  identificação de indícios reveladores daquilo que pode estar por trás de algumas das hipóteses iniciais de escrita: a sensibilidade para unidades fônicas representativas de vários níveis internos ao componente fonológico das línguas.
  • 52. Quanto mais os alunos se tornam conscientes das diferenças entre fala e escrita, menos “erros” ocorrerão em suas produções escritas.
  • 53. Diferenças relacionadas ao sexo, idade e escolaridade. Fenômenos fonológicos  intervenção a partir de regras dirigidas em relação à escrita Importância das instruções lingüísticas formais explícitas: evidenciar e sistematizar detalhes lingüísticos
  • 54. Atuação terapêutica  direta, explícita Erros de apoio na oralidade – instruções que destaquem os aspectos notacionais que diferenciam as variações na fala e a representação gráfica das palavras: Ex.: cadeira ~ cadera escola ~ iscola dente ~ denti mentira ~ mitira
  • 55. Problemas de segmentação – instruções que destaquem a percepção de domínios prosódicos e desenvolver a CP: Ex.: de repente ~ derrepente de repente ~ derre pente ser humano ~ sero mano Texto  frases  palavras  sílabas Segmentar frases e procedimento close.
  • 56. Problemas na ausência das marcas de nasalidade Canto > cato Banco > baco Imenso > imeso Explicações sistemáticas acerca dos detalhes linguísticos  não temos consoantes nasais nessa posição, na fala... Apenas a vogal nasalizada Diferenças fala x escrita
  • 57. Interface oralidade e escrita Escola - os aprendizes sejam sensibilizados e conscientizados quanto às diferenças que existem entre essas modalidades e quanto às variações, levando-os a refletir sobre os aspectos variacionais, identificando o que é coibido na escrita.
  • 58. Consciência fonológica e desenvolvimento da escrita
  • 59. CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA Consciência fonológica leitura/escrita Habilidade de refletir sobre os sons da língua. Fonema x grafema CF X regras ortográficas
  • 60. CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA – Síntese silábica – Síntese fonêmica – Rima / Aliteração – Segmentação fonêmica – Exclusão fonêmica – Transposição fonêmica
  • 61. Caminho de duas vias A hierarquia de constituintes silábicos proposta na literatura fonológica permite explicar os dados da escrita inicial, e os dados da escrita inicial fornecem, por sua vez, evidências para a própria hierarquia proposta pela fonologia.
  • 62. Ciclo contínuo Fala 1  Escrita 1  Escrita 2  Fala 2  Mary Kato (1986) A Escrita2 e a Fala1 (pré-letramento), se distinguem e se distanciam. Na Fala1, não há influência da escrita. A criança procura simular, na fala2, a Escrita2. A Fala2 também influencia a Escrita2, que continua influenciando a Fala2 - ciclo de simulações contínuas .
  • 63. ALGUMAS REFLEXÕES ... Erro gramatical, na prática, não existe, pois, em última análise, o que se condena no uso da língua ou são variantes populares estigmatizadas ou construções pouco freqüentes, mas possíveis . São critérios de ordem social e não de natureza estritamente lingüística os que subsistem ao se avaliar uma forma de expressão como errada ou correta;
  • 64. Sociolingüística LÍNGUA CULTA LÍNGUA VULGAR ESTRATOS LINGÜÍSTICOS
  • 65. Portanto, o professor não pode dizer simplesmente para o aluno observar os sons da fala, as vogais, as consoantes, e representá-las na escrita por letras. Esse é o primeiro passo, mas não é tudo. Feito isso, o aluno precisa aprender que, se cada um escrevesse do jeito que fala, seria um caos. (CAGLIARI, 1998, p. 354)
  • 66. BIBLIOGRAFIA ABAURRE, M.B.M. O que revelam os textos espontâneos sobre a representação que faz a criança do objeto escrito?. Em: Kato, M. (org.), A Concepção da Escrita pela Criança . Campinas: Pontes Editores, 1988, p. 135-142. ______. Horizontes e limites de um programa de investigação em aquisição da escrita. Em: R. Lamprecht (org.), Aquisição da Linguagem: questões e análises . Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999, p.167-186. ______. Dados de aquisição da escrita : considerações a respeito de indícios, hipóteses e provas, Anais do ENAL, PUCRS, 2006. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna : a sociolingüística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Lingüística . São Paulo: Scipione, 1989. LAMPRECHT, R. R. et al. Aquisição fonológica do português : perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: ARTMED, 2004.LEMLE, M. Guia teórico do alfabetizador . São Paulo: Ática, 1987. MOLLICA, M. C. A Influência da fala na alfabetização . Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1998. SILVA, M. B. da. Leitura, ortografia e fonologia . São Paulo: Ática, 1981. ZORZI, J. L. Aprender a escrever - a apropriação do sistema ortográfico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

Notas do Editor

  • #16: <click> Although sociolinguists have long recognized that identity influences the way individuals speak (e.g. Labov 1963), research examining the linguistic construction of identity typically focuses on single identity categories. However, as scholars in the field of language and gender have pointed out, no one aspect of identity wholly determines any individual’s patterns of speech, as it intersects with other identities such as gender, race, class, and region, as well as other aspects of identity corresponding more closely to cultural practices than to broad demographic categories (Eckert and McConnell-Ginet 1992, Bucholtz et al. 1999). Nonetheless, traditional variationist approaches to identity often take a single identity category as their starting point and investigate the extent to which speakers employ features known to index that identity. Such approaches may fail to recognize how an individual’s multifaceted identity is negotiated through language.